Repositório RCAAP
Motivação Profissional dos Anestesiologistas em Portugal
Introdução: A motivação laboral tem vindo a ganhar um lugar de destaque no desempenho organizacional, com relevo em aspetos como: gestão estratégica, desempenho individual e degrupo, qualidade e sucesso dos resultados. Este estudo pretende aferir a motivação profissional dos anestesiologistas em Portugal e avaliar potenciais diferenças entre os grupos sociodemográficos e profissionais. Material e Métodos: Estudo observacional transversal, descritivo e analítico realizado através de um questionário enviado por correio eletrónico a todos os médicos internos e especialistas em Anestesiologia, inscritos na Sociedade Portuguesa de Anestesiologia. O questionário incluía 16 perguntas de ordem demográfica e profissional e 28 questões relacionadas com motivação laboral. Foi realizada análise descritiva e exploratória dos dados obtidos através do programa SPSS 24.0®. Resultados: Responderam ao inquérito 110 médicos. Os scores médios motivacionais foram sempre iguais ou superiores a 3 em todos os domínios do inquérito. A motivação relativa à Organização do Trabalho foi o domínio com o score mais baixo, sendo que os especialistas apresentaram piores valores comparativamente aos internos (p<0,05). Os anestesiologistas que trabalham em hospitais não universitários, os que têm atividade privada e os solteiros parecem estar mais motivados (p<0,05). Discussão: Os resultados motivacionais podem ser considerados satisfatórios e encorajadores, no entanto é de ter em conta que, provavelmente, foram os profissionais mais motivados que responderam de forma voluntária a este questionário. Conclusão: Os anestesiologistas parecem manter níveis de motivação satisfatórios, embora as questões organizacionais tenham obtido piores scores relativamente aos restantes domínios, sendo esta uma área que merece maior reflexão e melhoria.
2019
Ferreira, Luis Carlos Silva Pedreira, Joana Lanzaro, Camile Bernardino, Ana Bela, M. Lurdes
Desafios anestésicos levantados por uma prótese traqueal e uma fístula na via aérea
Esophageal neoplasm is the seventh cause of death from cancer in the world.1 Malignant tracheoesophageal or bronchoesophageal or, less commonly, esophageal-lung parenchyma fistulas are late developments of advanced cancer of the esophagus, lung or mediastinum.2 The occurrence of an esophago-respiratory malignant fistula is a devastating complication.1 The presence of a respiratory prothesis increases the risk. Its displacement can lead to several complications including total airwaiy obstruction. There are multiple anaesthetic problems presented by patients with respiratory fistulas.3 We describe the anaesthetic management of a 56 year old male patient with a metastatic esophageal cancer diagnosed with a malignant broncho-esophageal fistula and a tracheal prothesis proposed to emergent laparotomy. The anaesthetic management of a patient with an esophago-respiratory malignant fistula is a serious challenge. Our patient had a tracheal prothesis that also raised life-threatening problems during his anaesthetic management. Multipe cares in the perioeprative period were mandatory.
2018
Figueiredo, Eva Silva Lima, Helena Rêgo, Sara Paulo, Liliana Martins, Mafalda
Positive cuff leak test in a patient with post-extubation stridor after total thyroidectomy. How to deal with it?
Thyroid surgery (TS) is the most frequent cause of bilateral vocal cords (VC) palsy. This emergency is rare and can cause post-extubation stridor (PES) by recurrent laryngeal nerve (RLN) section. We report a case of a patient proposed to TS. In the end of an uneventful surgery, qualitative cuff leak test (CLT) was positive. Neverthless, patient was extubated. She started PES two minutes later and was reintubated. Direct laryngoscopy demonstrated adduction of VC and, because she maintained immobility of the glottis, she was tracheostomized for six months. Qualitative and quantitative CLT is a costless easy method that allows us to evaluate the possibility of RLN lesion prior to extubation. Very little is known about the CLT utility on TS, about its importance in high-risk patients and if extubation can be wheighted based on its result. A CLT protocol with a datasheet were created and adapted to TS in our department.
2018
Paulo, Liliana Borges Silva, Eva Rêgo, Sara Lima, Maria Helena Carreira, Cláudia Costa, Gisela
Anestesia para cirurgia major da coluna no adulto
Introdução - A cirurgia da coluna evoluiu, nas últimas duas décadas, para uma multidisciplinariedade de áreas médicas, incluindo neurocirurgia, ortopedia, medicina da dor e neurorradiologia. A patologia da coluna é vasta e engloba doentes cada vez mais idosos e com mais comorbilidades, ao mesmo tempo que existem várias técnicas cirúrgicas às quais o anestesiologista tem de se adaptar. Material e Métodos - Foi realizada uma revisão compreensiva nas bases de dados Medline, Embase e Cochrane, utilizando as seguintes palavras-chave: anestesia, cirurgia da coluna, lesão cervical, neuromonitorização, perda de visão perioperatória e trauma vértebro-medular. Resultados - As principais complicações da cirurgia da coluna são: paralisia, hemorragia massiva, infeção, relacionadas com o posicionamento, complicações respiratórias no pós-operatório e dor crónica. Alguns dos aspetos que o anestesiologista tem de ter em conta incluem, a abordagem da via aérea, monitorização e fármacos, posicionamento do doente, técnicas poupadoras de sangue e possíveis complicações. Discussão e Conclusões - Os resultados bem-sucedidos após cirurgia major da coluna vertebral dependem de uma técnica anestésica apropriada e considerada. A incidência de complicações pode ser reduzida pela atenção aos detalhes e uma boa compreensão das especificidades cirúrgicas.
Midazolam - friend or foe
Neste artigo de opinião discute-se um possível efeito hiperalgésico do midazolam. (não é necessário resumo)
Burnout ou o sonho médico roubado?
Fonte e destino de mensagens transformadoras, em muito, geradas por uma actividade económica e política intensas e suportando a responsabilidade duma intervenção social reconhecidamente significativa e de grande visibilidade, o Médico tornou-se um alvo fácil e manipulável. O autor procura trazer para a consciência o Médico enquanto fruto dum processo de individuação único inspirado no sofrimento humano e numa responsabilidade singular que passa incólume entre os apelos seculares duma sociedade em transformação. Manter a Dignidade duma missão única na sua relação com os outros seres humanos e com a própria Natureza é resgatar o sonho que a Medicina não pode perder. E isso, mais uma vez, está nas mãos dos médicos e apenas dos médicos.
Primeiro Encontro Nacional de Internos de Anestesiologia - ENIA‘18
No summary/description provided
Teaching Anaesthesia Residents Advanced Airway Skills:
The correct teaching of technical skills is fundamental to ensure patient safety. According to the Practice Guidelines for Management of Difficult Airway from the ASA, an awake intubation with a flexible bronchoscope should be attempted first, whenever a difficult airway is anticipated. Therefore, trainees should be autonomous in the successful use of a fiberoptic bronchoscope when faced with difficult airway management. This paper describes an educational proposal for teaching fibreoptic intubation to trainees. Such a strategy can be used in hospitals that do resident training. A few conceptual frameworks behind this strategy will be discussed first, followed by an instructional checklist to guide the trainee in the procedure, without risking patient safety.
Abordagem Anestésica de um Doente com Síndrome de Brugada em Contexto Urgente
A síndrome de Brugada consiste numa alteração da condução cardíaca que é responsável por até 20% dos casos de morte súbita. É essencial que os anestesiologistas estejam familiarizados com esta entidade, de modo a garantir a segurança destes doentes no peri-operatório. Atualmente não existem recomendações para a utilização preferencial de anestesia geral ou loco-regional. No entanto, sabe-se que alguns agentes anestésicos estão associados a alterações do segmento ST e podem aumentar o risco de arritmias. Na abordagem a estes doentes é essencial considerar cuidadosamente o efeito de cada fármaco antes da sua administração. Devem também existir planos de atuação em caso de complicações, como em qualquer doente submetido a um procedimento anestésico. Este caso foca os desafios com que o anestesiologista se depara ao abordar doentes com síndrome de Brugada, particularmente em situação de urgência; e considera as diferentes abordagens possíveis de maneira a minimizar o seu risco no peri-operatório.
2019
Ribeiro, Maria Viegas Cunha, Ana Sofia Damas, Ana Margarida Rodrigues, Idalina
Mecanismo da Circulação Extracorpórea e Eventos Neurológicos em Cirurgia Cardíaca
Introdução: As complicações neurológicas após cirurgia cardíaca são, a seguir às complicações cardíacas, as principais responsáveis pela grande morbimortalidade que ainda se observa neste tipo de cirurgia. No entanto, ainda se desconhecem quais os mecanismos subjacentes e medidas de prevenção eficazes. A circulação extracorpórea, foi, desde o início da sua utilização, apontada como a principal responsável. O objetivo deste artigo é descrever o desenvolvimento e mecanismo da circulação extracorpórea e as principais complicações neurológicas associadas à cirurgia cardíaca, incluindo mecanismos fisiopatológicos e possíveis medidas de prevenção. Material e Métodos: Revisão de literatura sobre a evolução da circulação extracorpórea, do seu papel fundamental para cirurgia cardiovascular e das complicações neurológicas associadas à cirurgia cardíaca. Resultados: O processo de desenvolvimento e aplicação da circulação extracorpórea foi um avanço fundamental que permitiu a cirurgia de coração aberto, considerada como um dos avanços clínicos mais importantes da medicina do século XX. Desde o início da sua aplicação, que a incidência de complicações neurológicas foi alvo de preocupação e de tentativas da sua diminuição. Atualmente, sabe-se que a sua ocorrência está relacionada com a cirurgia cardíaca em si e não apenas com a circulação extracorpórea, tendo uma etiologia multifatorial. As complicações incluem o acidente vascular cerebral, alterações neuropsiquiátricas e neuropatias periféricas. Discussão e Conclusão: A circulação extracorpórea progrediu a passos firmes e seguros ao longo destas últimas décadas, desde a sua conceção por Gibbon, em 1953. Apesar da sua evolução e de todos os procedimentos efetuados na tentativa de minorar as complicações, atualmente, continua a existir um risco significativo, durante a cirurgia cardíaca, de surgirem efeitos neurológicos adversos. São, por isso, indispensáveis mais estudos para que se possa descrever, com mais certeza, quais os mecanismos subjacentes a estas complicações, para assim melhorar todo o cuidado perioperatório do doente. Atualmente, um dos focos, é o possível papel genético na fisiopatologia das lesões. Este risco evidencia, ainda, a importância da aplicação de medidas de prevenção e do papel fundamental do cirurgião, anestesiologista e perfusionistas e do trabalho em equipa, uma vez que estas complicações neurológicas podem ter resultados catastróficos.
Rocurónio: Um Caso de Duração de Ação Invulgar
A elevada variabilidade de duração de ação dos relaxantes neuromusculares não-despolarizantes é já conhecida e contribui para a considerável incidência de bloqueio neuromuscular residual com as suas múltiplas consequências deletérias. Reportamos um caso de duração invulgarmente longa de bloqueio num doente idoso, sem antecedentes pessoais relevantes, durante cirurgia laparoscópica ilustrando a relevância de monitorização neuromuscular objetiva para uma recuperação adequada e segura dos doentes, discutindo os fatores que podem potenciar a duração de ação do rocurónio.
2019
Portela, Inês Jacob, Miguel Monteiro, Catarina Silva, Paula Lares, Ana
Intraoperative Hypercapnia in Transanal Minimally Invasive Surgery
Transanal minimally invasive surgery (TAMIS) was first described in 2015 and allows resection of early stage malignant rectal lesions or more advanced lesions when the patients are clinically unable to undergo more aggressive surgery. We report a case of hypercapnia during TAMIS presumably related to gas leak from the rectum cavity and absorption into the arterial blood. Although the patient was treated conservatively and showed no clinical consequences of the events described, this report highlight the need for awareness about the gas leak as a possible complications related to this techniques and need for closer monitoring as these might result in immediate or delayed respiratory failure.
2019
Portela, Inês Jacob, Miguel Mulenas, Nídia Lares, Ana
Concentrado de Fibrinogénio na Hemorragia Obstétrica
O fibrinogénio é uma glicoproteína plasmática solúvel. É sintetizado nos hepatócitos e armazenado nas plaquetas, tem uma concentração plasmática entre 2-4,5 g/L, sendo mais alta na gravidez, e uma semivida de 4-7 dias. Funciona como um reagente de fase aguda e é determinante para uma hemóstase eficaz. Na hipofibrinogenemia, congénita ou adquirida, existem três fontes possíveis para a reposição de fibrinogénio: plasma fresco congelado, crioprecipitado e concentrado de fibrinogénio. O concentrado de fibrinogénio tem sido utilizado para o controlo da coagulopatia, contribuindo para a menor utilização de produtos sanguíneos alogénicos na hemorragia major em vários contextos clínicos. A sua administração é uma intervenção hemostática importante e eficaz, sendo considerado um "agente hemostático universal potencial". Durante a gravidez são observadas marcadas alterações na hemóstase. Estas alterações hemostáticas de hipercoagulabilidade são uma preparação fisiológica para as perdas sanguíneas do parto, contudo também propiciam eventos tromboembólicos. A hemorragia obstétrica é a principal causa de morbimortalidade materna, mesmo em países desenvolvidos, sendo, ainda, a causa mais evitável de mortalidade. A hemorragia pós-parto é a sua forma mais frequente. A hemorragia massiva em obstetrícia é um evento crítico que exige uma abordagem interdisciplinar assertiva. A implementação de protocolos de gestão da hemorragia obstétrica, com algoritmos transfusionais, tem conduzido à redução da morbilidade, devendo existir em todas as Unidades Obstétricas. Os vários protocolos diferem na estratégia de ressuscitação hemostática. A diminuição dos níveis plasmáticos de fibrinogénio parece ser um biomarcador na previsão do agravamento da hemorragia pós-parto, pelo que a administração de concentrado de fibrinogénio é uma intervenção hemostática fundamental. Ainda não existe consenso em relação aos trigger e alvo plasmáticos para reposição de fibrinogénio. As Recomendações Portuguesas da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia de 2018 consideram hipofibrinogenemia na hemorragia pós-parto quando: 1) fibrinogénio ≤2,9 g/L; 2) FIBTEM maximum clot firmness ≤18 mm; 3) perdas sanguíneas ≥1,5 L com hemorragia contínua e resultados laboratoriais ainda não disponíveis. A dose inicial recomendada é 25-50 mg/kg, podendo ser necessárias doses adicionais em função da evolução clínica e/ou monitorização laboratorial. A utilização crescente de concentrado de fibrinogénio, associada aos métodos de avaliação da competência hemostática point-ofcare modificou de forma significativa a estratégia terapêutica na hemorragia obstétrica. A correção precoce e dirigida da coagulopatia está associada a redução de componentes sanguíneos transfundidos e das complicações relacionadas. Apesar do papel inquestionável do concentrado de fibrinogénio, algumas questões estão, ainda, por definir para que exista maior precisão na terapêutica da hemorragia obstétrica.
2019
Tavares Ferreira, Cátia Sofia Alves, Cláudia Carvalhas, Joana
Sistema de Notificação de Incidentes em Anestesiologia (SNIA)
.
2018
Alves, Cláudia Mourão, Joana Cordeiro, Lisete Pereira, Luciane Andrade, Nádia Cadilha, Susana
Avaliação Crítica de um Ensaio Clínico Aleatorizado (Parte II): Do Seguimento dos Participantes à Análise de Resultados
.
2018
Sousa-Pinto, Bernardo Azevedo, Luís
Use of RUSH Protocol in the Differential Diagnosis of the Patient in Shock
Trauma geriatric patients have become increasingly common and assessment of these patients presents a unique challenge. In trauma, massive hemorrhage is the main cause of preventable death. We describe a case of an unexpected severe anaphylactic shock in a fisherman victim of a shipwreck. The patient presented in the emergency room with his thigh sliced through with a broken wooden oar, hemodynamically stable. In the operating room to avoid the platelet dysfunction induced by aspirin, a platelet concentrate was administered. 30 minutes into surgery the patient became hypotensive and vasopressor support was initiated with transitory response. RUSH examination excluded hypovolemia, cardiac dysfunction or pneumothorax. A generalized erythema was found and treatment for anaphylaxis was initiated. Anaphylactic shock is rare potentially life-threatening reaction and in anesthetized patients is recognition presents a challenge.Although hemorrhage is the main cause of death in trauma we must be prepared to exclude other causes of shock.
2019
de Sousa, Joana Fernandes Duarte, Tiago Almeida, Gonçalo Pereira, Maria
Subcutaneous Cervical Emphysema After Labour Epidural Analgesia:
The authors report a rare case of iatrogenic subcutaneous cervical emphysema after lumbar epidural catheter insertion for labour analgesia. Although lumbar epidural analgesia is the gold standard in labour analgesia, some complications may occur. Subcutaneous emphysema is a rare complication following identification of the epidural space with loss-of-resistance technique with air. Being usually a self-limited condition, the treatment is conservative. Its resolution is dependent on the amount of air trapped and usually resolves in a few days. One way to avoid this complication is the use of saline solution in the loss of resistance technique for identification of the epidural space. If loss of resistance to the injection of air is to be used, it is necessary to adopt some preventive measures.
2019
Rego, Sara Margarida Silva, Carlos Lima, Maria Silva, Eva Silva, Eva Paulo, Liliana Azenha, Marta
Formação Pré e Recém-Graduada em Medicina Intensiva
Reconhecida nos Estados Unidos da América como especialidade médica autónoma nos anos 80, a Medicina Intensiva tem, desde então, assumido um papel cada vez mais relevante a nível dos cuidados médicos hospitalares. Contudo, esta diferenciação não foi acompanhada pela transposição dos seus conhecimentos para a fase pré-graduada da formação médica, resultando em deficiência de competências em cuidados ao doente crítico e em emergência entre os estudantes de Medicina e os jovens médicos. Neste estudo, pretendemos rever, de forma não sistemática, a literatura publicada nos últimos anos relativa à educação médica pré e recém-graduada em Medicina Intensiva. A revisão foi efectuada nas bases de dados das plataformas PubMed, Science Direct e Google Scholar, com incidência em bibliografia publicada nos últimos 18 anos. A carência de competências teóricas e técnicas básicas em Medicina Intensiva existente a nível dos estudantes de Medicina e dos jovens médicos resulta da conjugação de factores históricos e organizacionais inerentes a esta área do conhecimento médico. O desenvolvimento da educação em cuidados ao doente crítico deve ser iniciado cedo e mantido até ao final do curso nas escolas médicas, devendo a Medicina Intensiva competir pelo seu espaço dentro dos currículos pré-graduados actuais sendo, para tal, necessário estudar a situação corrente nas escolas médicas portuguesas e definir um currículo-padrão de competências nacional.
ESRA Educational Grant e Uma Experiência na Irlanda
A European Society of Regional Anaesthesia & Pain Medicine(ESRA) foi criada em 1982 com o objetivo de promover o estudo, a educação e o treino de técnicas de Anestesia Regional (AR) para o tratamento da dor aguda e crónica e encorajar a investigação científica nesta área (1). Para além da realização de congressos, cursos e workshops e da publicação de trabalhos científicos, a ESRA pretende cumprir estes objetivos com a atribuição de duas bolsas de caráter diferente a membros desta sociedade:Research Grant,que visa patrocinar um trabalho de investigação na área da AR e a Educational Grant,que patrocina um estágio na mesma área num dos centros de treino aprovados pela ESRA espalhados pela Europa. Ambas as bolsas dão prioridade a membros provenientes de países com menor capacidade infraestrutural e económica para o treino em AR e/ou medicina da dor (2). Em 2018, duas bolsas de investigação e oito bolsas para estágios foram atribuídas a membros da ESRA e destes últimos, três são internos de Formação Específica portugueses, que puderam escolher de entre 17 centros diferentes o local do seu estágio. Um desses internos sou eu, que com uma bolsa fixa de 4000€, para despesas de viagem, alojamento, alimentação e outras, rumei em direção a Cork, na Irlanda, para três meses de treino intensivo em técnicas de AR no Cork University Hospital(CUH). Estando a frequentar o último ano do Internato de Formação Específica, esta oportunidade constituiu uma mais-valia curricular de valor inestimável. O CUH é um hospital terciário, centro de trauma nível um com mais de 40 especialidades médicas e cirúrgicas e serve uma área direta de 550000 habitantes, abrangendo uma área regional de 1,1 milhões de habitantes para algumas especialidades (3). Anualmente são anestesiados cerca de 2800 doentes submetidos a cirurgia por trauma ortopédico. No Departamento de Anestesiologia do CUH trabalham 29 anestesiologistas consultores e 44 anestesiologistas em treino (4). Sete dos consultores têm treino em AR. A experiência em ecografia vem desde 2006, altura da primeira aquisição de um ecógrafo pelo Departamento de Anestesiologia.