Repositório RCAAP
Estrutura organizacional e das tomadas de decisão em Clubes Socioesportivos de São Paulo
As Organizações chamadas de Clubes Sócioesportivos mantém um modelo de administração que as caracteriza, que é a gestão realizada por voluntários e apoiada por gestores profissionais. A literatura aponta que a estrutura organizacional de entidades esportivas é peculiar, especialmente em clubes de futebol, onde persiste a fronteira entre os gestores voluntários que representam o poder executivo e legislativo e os gestores profissionais que são os que controlam e executam o planejamento financeiro e de atividades. No entanto são escassos estudos voltados a Clubes Sócioesportivos. O objetivo do presente estudo foi de identificar, descrever e comparar aspectos do processo de gestão da área de esportes de Clubes Sócioesportivos e analisa-los à luz de teorias e modelos administrativos. A pesquisa teve abordagem qualitativa, sendo realizado estudo de campo junto a seis clubes sócioesportivos da cidade de São Paulo. Para tanto, foram construídos e aplicados dois instrumentos: questionário e entrevista semiestruturada junto aos gestores de esporte das entidades. As informações obtidas foram analisadas comparativamente entre as entidades. Verificou-se que os Clubes utilizam modelos administrativos tradicionais com desenhos organizacionais. O planejamento destas organizações é baseado estritamente no orçamento anual, não havendo um planejamento plurianual ou estratégico. A tomada de decisão tem como alicerce a experiência pessoal do gestor voluntário, apoiada na vivência do gestor profissional. Não foram encontradas técnicas apuradas de tomada de decisão. As decisões mais importantes quanto a administração do Clube mantém um rito de preocupação com as responsabilidades. Os recursos humanos são selecionados pelo gestor profissional com o aval do gestor voluntário mantendo uma linha de contratação coerente e que está voltada a atender as demandas do Clube. Conclui-se que os Clubes estudados apresentam poucos aspectos diferentes do tradicional nas suas administrações, mantém uma estrutura organizacional própria, e os processos de tomada de decisões na área de esportes são fortemente vinculados ao planejamento financeiro
2022-12-06T14:53:37Z
José Arthur Fernandes Barros
Validação de uma estrutura de análise ofensiva no basquetebol baseada no sequenciamento de dinâmicas de criação de espaço
A inferência de estratégias ofensivas em esportes coletivos pode ser realizada a partir da análise dos padrões de jogo observados durante a disputa. Para que isso ocorra, há a necessidade da formalização de classes de comportamentos específicos para a modalidade de forma a discriminar perfis de jogo com base na identificação das ações mais recorrentes. No basquetebol as ações são encadeadas ao longo da posse de bola, sendo que os diferentes tipos de sequências de ações contêm características que os diferenciam e podem influenciar diretamente no desfecho do ataque. Nesse trabalho foi apresentada uma proposta contendo diferentes possibilidades de sequenciamento de dinâmicas ofensivas baseadas em um modelo teórico descrito na literatura. Os procedimentos de validação do sequenciamento de dinâmicas ofensivas e os testes de reprodutibilidade e objetividade realizados junto a técnicos de basquetebol apresentaram valores elevados demonstrando a consistência dos critérios para a elaboração de 27 tipos de concatenações dependentes (Qui-quadrado >0,78). Além disso, a estrutura desenvolvida foi concluída através da aplicação do constructo a jogos de basquetebol da liga profissional Americana (NBA) (28 partidas, dentre as quais 10 partidas do confronto entre Spurs x Thunder, 10 partidas referentes ao confronto entre Heat e Pacers e 8 partidas da disputa envolvendo Heat e Spurs, sendo analisados ambos os ataques em cada confronto, válidos pela temporada regular e na fase de playoffs). Os resultados gerados a partir da análise foram apresentados através de árvores de decisão e grafos de modo a facilitar a visualização dos comportamentos identificados. A árvore de decisão apresentou as ações na sequência exata em que ocorreram nas posses de bola, enquanto os grafos mostraram os encadeamentos mais recorrentes entre duas dinâmicas ofensivas. Assim ambas as técnicas se mostraram complementares e auxiliaram na observação e análise dos perfis de jogo de cada equipe e na realização de inferências acerca de sua estratégia ofensiva. A formalização dos tipos de sequenciamento de ações ofensivas pode auxiliar treinadores e profissionais do basquetebol no desenho de estratégias, análise dos padrões de suas equipes e adversários e estruturação de sessões de treinamento que considerem os comportamentos ofensivos de modo dinâmico e contextualizado dentro de um encadeamento lógico de ações de jogo
2022-12-06T14:53:37Z
Felipe Luiz Santana
Luzes flamejantes: o Shabat em contos de Mêndele, I. L. Peretz e Scholem Aleihem
A partir dos contos da literatura ídiche clássica que foram traduzidos para o português, Sabá de Shólem Yákov Abramóvitsh, A leitora de Itzhok Leibusch Peretz e O relógio de Scholem Rabinovitch, este trabalho pretende investigar a representação do Shabat no contexto de uma literatura característica do alvorecer da modernidade judaica. O estudo individual de cada conto aprofundar-se-á na análise dos modos de representação de um evento religioso que cada conto apresenta. Para tanto, o conhecimento da biografia de seus autores foi de vital importância para o exame das obras, pois estes imprimiram em seus textos literários os ideais da Haskalá, por meio de seus narradores fidedignos, termo proposto por Wayne C. Booth, na obra A retórica da Ficção (1980), o qual revela a posição ideológica de seus autores implícitos nos contos. Esses autores implícitos uniram com maestria o dicotômico conceito tradição versus modernidade com o propósito de iluminar, a partir de dentro da comunidade do shtetl, o pensamento do judeu simples, visando transformá-lo em um homem moderno. Cientes de sua função social, Abramóvitsh, Peretz e Rabinovitch utilizaram a língua ídiche e a cultura do judeu do Leste europeu para instaurar um novo momento da literatura e cultura ídiche.
2022-12-06T14:53:37Z
Monica de Gouveia
Os 120 anos da vida do homem: uma análise contextual
Através dos números, os homens são capazes de comparar, ordenar, medir e quantificar tudo o que há à sua volta. Além da sua utilização para a matemática, muitos números receberam significados simbólicos. Na Bíblia Hebraica, os números são freqüentes, e possuem diversas funções e significados. Alguns números se destacam, como é o caso do número cento e vinte, utilizado para medidas ou contagens de tempo, espaço (áreas ou territórios), peso, pessoas ou animais. Este número figura no Livro do Gênese (6:3), como medida de tempo, no momento em que um limite de cento e vinte anos é decretado como expectativa máxima de vida do homem uma punição às transgressões do homem, falível e mortal, comparável à expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden (Gn 3:23-24) ou à diversificação das línguas faladas durante o episódio da Torre de Babel (Gn 11:7). Este decreto é estabelecido em uma interpolação de uma narrativa lacônica, aparentemente mitológica, em que seres conhecidos como filhos de Deus se relacionam com as filhas dos homens, dando origem a descendentes conhecidos como gigantes ou heróis. O número cento e vinte está relacionado ao período de cento e vinte anos em que Noé construiu a arca para sobreviver ao dilúvio (Gn 6), aos cento e vinte dias em que Moisés esteve sobre o Monte Sinai em três períodos de quarenta dias cada (Ex 24:12-18, 32:15, 30-31, 34:4, 29), como também ao período de três gerações convencionais de quarenta anos cada, exemplificado pelo pacto de Deus com o povo de Israel: ...guardes todos os Seus estatutos e os Seus preceitos que eu te ordeno tu, teu filho e o filho de teu filho... (Dt 6:2). Assim, apesar de que o número cento e vinte possui uma quantidade enorme de divisores, sua subdivisão em três períodos ou gerações de quarenta anos cada possui um simbolismo que instiga a investigação.
2022-12-06T14:53:37Z
Manu Marcus Hubner
Barbárie virtual: simulacro e espetacularização da notícia em Israel no romance Partes Humanas, de Orly Castel-Bloom
Este projeto de pesquisa propõe-se a analisar a presença da mídia na obra Partes Humanas, da israelense Orly Castel-Bloom. A escritora traz à luz Israel com um cenário apocalíptico, em que cada ser humano só tem olhos para si e vive, em meio a uma atmosfera de caos, a luta por sua sobrevivência. O pânico diário e a insatisfação crônica são as marcas registradas dos diferentes seres humanos que, por extensão, moldam e são moldados pelo cenário fragmentado, nebuloso e trágico em que vivem no país. Nessa obra pós-sionista, os meios de comunicação assumem um papel primordial, pois não se restringem a ser um reflexo dessa sociedade, mas procuram influenciá-la com o que transmitem. Pobreza, violência, guerra e sofrimento estão presentes nas pautas dos meios de comunicação de forma quase cinematográfica. Assim, a mídia contribui para espetacularizar a vida humana.
2022-12-06T14:53:37Z
Clarissa Feder
Shtisel: a ortodoxia judaica chega à televisão
Este trabalho procura mostrar aspectos de dois fenômenos contemporâneos que se entrecruzam e que convergem em Israel: a disseminação e importância das séries televisivas e a visibilidade adquirida pela ortodoxia judaica na sociedade israelenses a partir dos anos 1990. Dessa maneira, a partir da análise de uma série produzida para a televisão israelense, Shtisel, busca-se compreender quais são os mecanismos que operam para que audiências das mais diversas, espalhadas pelo mundo, possam se identificar com um grupo tão específico como a ortodoxia judaica. No decorrer do trabalho, para que também se possa entender o fenômeno da visibilidade da ortodoxia nas telas, analisa-se a expansão de um cinema de comunidade, como aqueles produzidos por e para judeus ortodoxos.
2022-12-06T14:53:37Z
Bruno José Szlak
A extraposição no Hebraico. Um fenômeno linguístico do idioma ou discriminação dos judeus da comunidade oriental.
Esta pesquisa versa sobre a análise morfossintática do fenômeno de extraposição no hebraico. No primeiro capitulo mostro quais são as premissas, as hipóteses e os corpora trabalhados nesta pesquisa. No segundo capítulo, localiza-se a extraposição dentro do sistema morfossintático da língua hebraica revisando o uso da extraposição em diferentes registros do hebraico moderno. Analisei o fenômeno em si, para entender seu uso, formas, regras, nomenclatura e entorno onde a extraposição geralmente aparece. No terceiro capítulo, analiso o livro Shum Gamadim ló Yavohu. Por meio desta análise pude pesquisar a linguagem pobre dos personagens, um idioma comum aos bairros da periferia. Os objetivos da analise do livro são, por um lado, confirmar que o fenômeno de extraposição é espontâneo e cotidiano no hebraico, tanto na linguagem oral como na escrita, e por outro lado, analisar por que este fenômeno é considerado como parte do registro baixo na língua hebraica moderna. No quarto e quinto capítulos, localizei o fenômeno de extraposição no texto bíblico e talmúdico. A Bíblia e o Talmud são as fontes indiscutíveis do judaísmo e constituem o padrão do hebraico para definir o que pertence ou não pertence à língua hebraica do ponto de vista linguístico. Desta maneira consegui demonstrar que o fenômeno de extraposição é parte da língua hebraica desde a época bíblica. No sexto e último capítulo, através da analise da extraposição no árabe e no francês, pude demonstrar que a extraposição é um fenômeno frequente nestas línguas, penetrando no hebraico moderno pelos falantes dessas línguas. Entendendo que estes falantes do árabe e francês foram discriminados pelos nativos do hebraico. O fenômeno de extraposição foi discriminado pelo uso excesivo dos falantes da comunidade judia oriental.
2022-12-06T14:53:37Z
Damián Alejandro Dzienciarsky
A natureza humana e a liberdade no pensamento de S. R. Hirsch
O projeto de pesquisa consiste na análise dos diversos escritos de Samson Raphael Hirsch (1808-1888) a fim de descobrir o sistema de pensamento que sustentou suas diversas posturas controversas, com especial ênfase no tema do livre-arbítrio. Baseando-nos na hipótese de existir um sistema coerente, investigamos a ideia do livre-arbítrio em sua obra e buscamos analisar qual seu grau de consistência no conjunto dos escritos, qual seu grau de coerência interna e qual sua relação com outros temas por ele abordados. De acordo com nossa hipótese, a ideia de liberdade humana sustentada por Hirsch resume-se da seguinte forma: todos os indivíduos encontram-se limitados e determinados tanto pela informação genética quanto pela história pessoal vivida. Entretanto, esses fatores não impõem apenas uma atitude em cada circunstância nova, senão delimitam um contexto de opções. Uma dentre todas as opções é a divina e, portanto, aquela que mais condiz com a essência e a missão da pessoa. Apenas essa opção é escolhida em plena liberdade, sem influências ou determinantes limitadores. Assim, a heteronomia divina se configura, retrospectivamente, como a essência da autonomia humana. Os fatores circunstanciais mencionados são percebidos como ferramentas para o desenvolvimento do propósito divino, que se revela como a realização mais autêntica do indivíduo. Para refletir sobre isso, identificamos alguns tópicos recorrentes (Psicologia e Epistemologia; a Natureza e a Matéria; a História e o Tempo; e a Política). Estes temas acionam a discussão sobre a liberdade em sua obra e, por isso, intitulam os capítulos da presente tese de doutorado. Também confrontamos as percepções de Hirsch com as dos principais autores que se debruçaram sobre o mesmo tema. Revisamos essas ideias à luz das pesquisas sobre Hirsch e, finalmente, no contexto histórico e filosófico no qual ele atuou.
2022-12-06T14:53:37Z
Ruben Gerardo Sternschein
A figura do judeu nas obras de Jorge Amado: Suor e Tenda dos milagres
A dissertação propõe-se a analisar a presença de personagens judias nos romances de Jorge Amado, especificamente em Suor e Tenda dos Milagres, ambos do período modernista da literatura brasileira, abarcando, entretanto, momentos distintos da vida política e literária do autor, o qual sendo comunista foi perseguido e vigiado por seus ideais e aspirações políticas, também em momentos distintos da História. Embora os romances sejam do mesmo período, as narrativas desenrolam-se pontualmente durante o governado de Getúlio Vargas, de 1930 a 1945, detendo-se especificamente nas décadas de 20 a 30, momentos destacados pela perseguição aos comunistas e judeus, justificandose, então, a escolha do autor e dos dois romances. Além da Era Vargas, abrange-se o período da Ditatura Militar, visto que o romance Tenda dos Milagres foi publicado em 1969, sendo este o tempo presente da narrativa, tendo como passado e pano de fundo o governo Vargas. O objetivo da pesquisa foi verificar se há distinção no tratamento aos judeus, independente da época, tanto do ponto de vista do autor em relação à forma como se relaciona, escreve e os enxerga, como das personagens que compõem suas obras. Assim, as figuras judias foram contrapostas a outros não nacionais como os estrangeiros e imigrantes, visando a distinguir se estes recebem tratamento diferenciado do elemento judaico. Esta distinção entre estrangeiros e imigrantes também é um foco de estudo e análise e se dá devido a forma com que eles aparecem na literatura, ora como elemento embranquecedor, ora como mão-de-obra, ora como indesejado, por exemplo. O método de trabalho contemplou duas frentes: o levantamento e análise da figura do estrangeiro e do imigrante, judeu ou não, em diversas obras de Jorge Amado, mas especificamente nos dois romances em questão e a comparação entre representação e apresentação referentes à personagem judia nas obras específicas, visto que cada uma delas foi composta e publicada em períodos diferentes da História do Brasil e da sociedade baiana da época. Como resultados, são apresentadas e confrontadas as análises dos dois romances, bem como suas personagens e o contexto histórico-político-social das narrativas, chegando-se à conclusão de que há distinção de tratamento ao judeu, em comparação com outros elementos estrangeiros e imigrantes analisados; para chegar à este resultado, foram formuladas diversas perguntas que subjazem à pesquisa, como, por exemplo: em que medida o estrangeiro é discriminado, já que ocupa a posição do outro, do diferente? Em que medida se discriminam os judeus no Brasil, como herança do colonialismo português? Como eles são discriminados no período da Era Vargas e da Ditadura Militar? Os estrangeiros em geral recebem um tratamento semelhante, nos diversos textos literários?
2022-12-06T14:53:37Z
Kátia Giovana Costa Lima
Diálogos da arquitetura no Cairo entre os séculos X e XIII: a sinagoga de Ben Ezrá e o contexto da cidade islâmica
Nos estudos sobre as cidades islâmicas, poucos são os que tratam dos edifícios que pertencem a outros grupos confessionais que não o dos muçulmanos, no sentido de analisá-los como agentes na evolução da configuração urbana das cidades que estiveram sob governo islâmico. Os estudos existentes sobre esses edifícios seguem sempre uma orientação em analisá-los dentro de seus próprios elementos, ou seja, um edifício cristão ou judaico dentro do seu próprio contexto que é o de servir a sua própria comunidade confessional. A tese mostra que a sinagoga é um elemento que também constrói e participa da dinâmica da cidade, e seu estudo auxilia tanto na compreensão da urbe árabe-islâmica, como também no entendimento da dinâmica da sociedade entre os séculos X-XIII. Ao analisar a Sinagoga de Ben Ezrá localizada no Cairo portanto no contexto da cidade islâmica e não apenas sob seus aspectos estéticos ou estilísticos, busca entender como o edifício dialoga com a cidade no sentido da construção de suas territorialidades. E também, no sentido inverso: como a cidade e um tipo de linguagem islâmica dialogam com o edifício judaico. A grande extensão geográfica conquistada pelo Islã produziu uma multiplicidade de formas e empréstimos e, ao mesmo tempo, devido à facilidade de ir e vir das pessoas e as novas conquistas, forjou-se uma certa unificação na linguagem. As trocas e as assimilações não só foram e são inevitáveis, como fazem parte das relações e convívio entre os grupos em qualquer momento. A Sinagoga de Ben Ezrá foi desde a sua fundação, um elemento organizador do espaço urbano ao seu redor, organizador da distribuição dos habitantes ligados à comunidade judaica, não apenas da comunidade rabínica da palestina mas das outras comunidades judaicas babilônica e caraíta, entre os séculos X ao XIII. E desempenhou um papel de articulador de multiterritorialidades. Esta análise vem ampliar o conhecimento acerca desse edifício, e principalmente, das relações entre as comunidades judaica, islâmica e cristã entre a conquista fatímida do Egito (969 E.C.) e o fim da dinastia aiúbida (1254 E.C.)
2022-12-06T14:53:37Z
Lygia Ferreira Rocco
Neo-Ortodoxia: Rabino Schimshon Raphael Hirsch e o modelo \'Torá Im Derech Eretz\'
O objetivo principal desta dissertação é estudar a figura do Rabino Shimshon Raphael Hirsch (1808 1888), de Frankfurt, um grande mestre e líder de gerações para segmentos importantes do Judaísmo dentro do contexto histórico em que ele viveu, analisando seu impacto e legado para as futuras gerações, principalmente dentro da Ortodoxia Judaica. Esta era uma época em que a Haskalá provocava profundas mudanças na sociedade judaica, dando os primeiros passos para a criação do Movimento Reformista. Assim, entre outros objetivos deste estudo, tem destaque entender quais foram as inovações introduzidas pelo Rabino Hirsch dentro da Ortodoxia? Quais aspectos o diferenciam da Ortodoxia tradicional, transformando-o num dos principais protagonistas da Neo-Ortodoxia? Quais impactos e mudanças o novo modelo imprimiu ao sistema educacional judaico alemão e europeu? Quais as diferenças entre o modelo de Frankfurt e o modelo de Berlim, este último encabeçado pelo Rabino Azriel Hildesheimer? Outras questões analisadas dizem respeito ao modelo Torá Im Derech Eretz, que pretendia formar um sistema educacional, contemplando os estudos judaicos tradicionais e a formação secular, possibilitando aos seus seguidores uma integração plena na sociedade moderna, e se mantendo fiel às leis e normas religiosas tradicionais do Judaísmo. Quem são os herdeiros ideológicos deste movimento? Qual o legado histórico e relevância deste modelo para a sociedade judaica moderna?
2022-12-06T14:53:37Z
Saul Paves
O Talmud babilônico e o estabelecimento da lei: uma exposição dos métodos hermenêuticos empregados pelos sábios amoraítas
Esta dissertação destaca os métodos de interpretação usados pelos sábios amoraítas para interpretar a Torá e definir a lei religiosa judaica. Este trabalho visa a entender como o texto da Torá serve como base para discussões legais por parte dos sábios e, por consequência, entender que abordagens tais sábios usavam para explicar e esclarecer os significados obscuros do texto bíblico. Para tanto, procedeu-se a um estudo sobre o desenvolvimento da Torá Oral no judaísmo rabínico e a uma análise crítica das obras clássicas da Torá Oral, a saber, a Mishná e o Talmud, sempre tendo como pano de fundo o texto da Torá Escrita. A pesquisa mostra como a aplicação dos métodos hermenêuticos por parte dos sábios amoraítas é, até certo ponto, altamente subjetiva e como isso ajudou a definir a lei religiosa judaica que é seguida até hoje por judeus ortodoxos.
2022-12-06T14:53:37Z
Diego Raigorodsky
Os primórdios da fonética e da fonologia na literatura hebraica medieval na Andaluzia em uma \"nova\" leitura da Messorá por Abū Zakariyaʾ Yaḥya Ibn Dāwūd Ḥayyūdj Alfesi
Abū Zakariyaʾ Ibn Dāwūd Ḥayyūdj nasceu em Fez, Marrocos, e viveu em Córdoba, Andaluzia, entre os anos 960 e 1010 A.D. Ḥayyūdj ganhou o título de \"grande gramático\" por desvendar o mistério dos verbos fracos. Até então, palavras difíceis eram solucionadas por métodos comparativos (Seʿádia Gaʾon e Yehudá Ben Quraish); ou eram associadas à raízes, atualmente reconhecidas como compostas por três letras diferentes, à mesma raiz reduzida a duas letras ou até uma (Menaḥem, Dunash e David Alfesi). Prima facie, as teorias de Ḥayyūdj emergiram a partir de estudos gramaticais que se iniciaram como um continuum dos sábios tardios da Messorá. Porém, o presente trabalho pretende mostrar a conexão que havia entre Ḥayyūdj e a Messorá, que não foi tratada nos trabalhos acadêmicos consultados. Por isso, espera-se preencher essa lacuna existente na literatura explorando os contextos histórico, gramatical e massorético nos quais Ḥayyūdj estava inserido. Consequentemente perceber-se-á como Ḥayyūdj superou seus antecessores. No decorrer da exposição discute-se como o Texto Bíblico foi veiculado em dois canais paralelos (escrito e oral) e por tradições diferentes (judaicas babilônicas, tiberienses, israelense e Andaluz). Desmembra-se o Texto Massorético em três camadas: Texto Consonantal, sinais massoréticos e anotações massoréticas. Apresenta-se um modelo triangular no qual as anotações massoréticas (qere–ketiv) encontram-se no topo para harmonizar entre o Texto Consonantal e os sinais massoréticos. Analisa-se, diacronicamente, segundo a fonologia gerativa, a profundidade da escrita do Texto Massorético abrangendo a visão dos massoretas tiberienses (produtores) e dos andaluzes (consumidores). Discute-se a afinidade entre a Messorá, as teorias gramaticais anteriores e Ḥayyūdj. Mostra-se que Ḥayyūdj foi o primeiro gramático, fora dos círculos massoréticos, que interpretou os qere–ketiv marcados nas marginais dos códices massoréticos. Discute-se como Ḥayyūdj solucionou as contradições existentes entre as vogais massoréticas e as vogais do Texto Consonantal. Mais especificamente mostra-se como as teorias de Ḥayyūdj permearam os planos ortográfico, fonético, fonológico, melismático e morfológico da gramática. Na ortografia, as formas plenas e defectivas seriam equivalentes; no plano fonético, qamats e pataḥ, tseire e segol e por fim, ḥolam e ḥataf-qamats seriam pares de fones iguais; no plano fonológico, o qamats diferentemente do pataḥ, tseire diferentemente do segol, e ḥolam diferentemente do ḥataf-qamats seriam seguidos por uma espécie de arquifonema amorfo inspirado na Messorá e nas letras de prolongação do árabe: o sākin layyin traduzido para o português como \"repouso frágil\"; no plano melismático, as vogais massoréticas precederiam os melismas; no plano morfológico, o hebraico seria enquadrado no modelo estrutural das línguas semíticas. Em suma, mostra-se que com base no sākin layyin, Ḥayyūdj abandonou o modelo mental arraigado em seus antecessores para desenvolver teorias sólidas que solucionariam o problema dos verbos fracos e que simultaneamente traria harmonia entre o Texto Massorético e a tradição oral andaluza.
2022-12-06T14:53:37Z
Fabio Faldini
Sabedoria na Bíblia hebraica: uma breve introdução ao gênero literário sapiencial
O conceito de sabedoria bíblica como corpus, tema ou estilo costuma ser aplicado livremente à leitura da Bíblia Hebraica. Ao mesmo tempo, estudiosos admitem a falta de precisão para a eleição daquilo que deveria ou não compor um tema ou estilo sapiencial, tanto para a análise do texto bíblico quanto para os estudos comparados. Este trabalho apresenta uma breve introdução às abordagens acadêmicas que pretenderam reconhecer a sabedoria bíblica como um gênero literário, enfatizando suas peculiaridades em termos de forma e conteúdo a fim de distingui-la de outros discursos encontrados na Bíblia Hebraica. Além disso, a pesquisa também expõe como os estudos comparados aplicaram os conceitos elaborados por biblistas para a compreensão da sabedoria no Antigo Oriente Médio.
2022-12-06T14:53:37Z
Felipe Silva Carmo
Judaísmo messiânico no Brasil e seus instrumentos de legitimação: e reinvenção do judaísmo ou uma nova religião?
Essa tese teve como objetivo estudar o judaísmo messiânico no Brasil, abordando seu histórico desde o seu surgimento na Inglaterra até a sua chegada ao Brasil em meados do século XX, além das suas estratégias de legitimação através de seus rituais e da sua interpretação da Bíblia Cristã, particularmente das Cartas de Paulo de Tarso. Foram pesquisadas as diversas sinagogas judaico-messiânicas brasileiras, assim como as suas associações representativas. O questionamento essencial desse trabalho é procurar compreender o lugar do judaísmo messiânico dentro do atual panorama religioso brasileiro
2022-12-06T14:53:37Z
Deborah Hornblas Travassos
Kaminos de Leche i Miel: um olhar sobre os modos, os costumes e a memória de mulheres da comunidade sefaradita de São Paulo
O presente estudo descreve o relato de mulheres da comunidade sefaradita de São Paulo a respeito de sua trajetória familiar, memória e prática do idioma judeu-espanhol e da cultura em seu entorno. Herança de uma tradição milenar cujas origens remontam à presença judaica na Península Ibérica sob o Império Islâmico, foi um dos poucos elementos carregados na bagagem após a expulsão dos judeus sefaraditas pelos Reis Católicos em 1492. Esta cultura se solidificou na nova pátria sob o Império Otomano na região dos Bálcãs e Turquia e foi transmitida através das gerações predominantemente no ambiente doméstico, guardando forte relação com o universo feminino, que distante da prática religiosa formal em hebraico criou seu próprio sistema de ritos na língua vernácula judaica. Enfrentando uma segunda diáspora após a derrocada do Império e principalmente após a Segunda Guerra Mundial, uma parte desta população estabeleceu-se na cidade de São Paulo, constituindo uma minoria dentre a comunidade judaica local. A fim de praticar o idioma e os costumes de seus antecessores, um grupo de mulheres se reuniu mensalmente entre os anos de 1992 e 2013, mantendo viva esta memória e preservando seu legado para as novas gerações
2022-12-06T14:53:37Z
Rafaela Barkay
O marranismo e a poesia de João Pinto Delgado, autor de \'À saída de Lisboa\'
O presente trabalho configura uma abordagem de um subtipo do corpus da literatura da diáspora sefaradita ocidental. Trata-se de obras escritas em espanhol e português por autores de origem judia, mas que viveram como cristãos nominais por duas ou mais gerações, em função da perseguição inquisitorial. Uma vez reinseridos no judaísmo, teria sido imperativo aos ditos conversos ressignificar sua identidade. Para o fazerem, estes se serviram, entre outros instrumentos, da literatura. Neste sentido, o poema A La Salida de Lisboa, escrito em espanhol na Holanda do século XVII pelo português João Pinto Delgado, teria constituído uma ferramenta na busca pela reconstrução da identidade judaica do autor, como de seus pares. Tal reconstrução não se daria sem que fossem eliciados elementos próprios à cultura ibérica inquisitorial, incluindo as noções de nobreza e pureza de sangue, identificáveis na obra.
2022-12-06T14:53:37Z
André Luiz Bacci
A serpente na narrativa de Gênesis 3: interpretações e tradições judaicas na Antiguidade
Na Bíblia Hebraica, a narrativa de Gênesis 3 apresenta a queda da humanidade por intermédio da tentação da serpente. A pesquisa tem como objetivo o aprofundamento do estudo do papel da serpente em um episódio que representa, segundo a Bíblia, o início da história humana. Nossa análise foi conduzida levando em conta a literatura judaica da Antiguidade, por meio dos documentos não rabínicos. Estudamos, então, a figura da serpente e a narrativa da \"Queda\" presente no livro pseudoepígrafo de Jubileus, no livro deuterocanônico de Sabedoria, nas obras do filósofo Fìlon e do historiador Josefo, além dos livros da literatura apocalíptica Apocalipse de Abraão, 2 Henoc e 3 Baruc, e das recensões de Vida de Adão e Eva. Assim, apresentamos um conjunto de interpretações judaicas sobre a serpente de Gn 3, para uma melhor compreensão dos fundamentos das tradições correlatas à essa figura que permeia o imaginário da humanidade até os dias atuais. A figura da serpente foi interpretada de diversas maneiras ao longo do tempo, ora como animal e ora como o próprio Satan, o Adversário de Deus. Mapeamos essas diferentes perspectivas e apresentamos algumas considerações gerais sobre o contexto na qual foram tecidas.
2022-12-06T14:53:37Z
Christiane Tavares Ferreira da Silva
Próximos e distantes: um estudo sobre as percepções e atitudes da comunidade judaica paulista em relação ao Estado de Israel (2006-2010)
Contradizendo os pressupostos iniciais do sionismo, após pouco mais de 60 anos da fundação do Estado de Israel, a vida judaica na diáspora não findou, e foram desenvolvidos novos padrões de relacionamento entre as comunidades judaicas e o Estado de Israel. O presente trabalho analisa percepções e atitudes da comunidade judaica de São Paulo. Buscou-se verificar o modo como esta comunidade elabora, confere significado simbólico e prático e mantém o vínculo à distância com Israel por meio de suas principais instituições. Para isso, foram analisadas notícias, editoriais e artigos do jornal Tribuna Judaica ao logo de um período de cinco anos de janeiro de 2006 a dezembro de 2010. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dirigentes das entidades judaicas mais importantes e com representantes do Estado de Israel. Verificamos que os vínculos entre a comunidade judaica de São Paulo e o Estado de Israel são organizados e mantidos por um núcleo institucional relativamente pequeno, e reforçados por representantes do governo israelense que, periodicamente, visitam o Brasil. Para a comunidade judaica de São Paulo, viagens a Israel de curta ou longa duração também são importantes na aproximação com o país. Constatamos ainda que o vínculo com o Estado de Israel tornou-se parte indissociável da identidade da maioria dos judeus. Porém, verificamos que a percepção comunitária sobre o Estado de Israel é marcadamente idealizada, mítica, e anacrônica. Idealizada e mítica, pois está distante da realidade empírica apresentada em pesquisas desenvolvidas por historiadores, sociólogos, antropólogos, cientistas políticos e jornalistas daquele país. Anacrônico, pois a sociedade israelense é concebida como aquela de outrora, pré-quebra de consensos do sionismo hegemônico, formulado e cristalizado pelas elites ashkenazitas até a década de 1990. Disputas e conflitos internos, notadamente étnicos e religiosos, cada vez mais acirrados, são minimizados, assim como a herança dos judeus de origem oriental, de outros imigrantes judeus e não judeus e da população árabe nativa na formação da identidade israelense atual. Podemos destacar também que, apesar de o Brasil não apresentar tradição antissemita, o fato de grande parte dos membros da comunidade judaica brasileira atual serem refugiados ou descendentes de refugiados, isto é, marcados por memórias de perseguição e fuga no passado, como o é também a própria história judaica, faz com que o presente seja encarado com desconfiança e incerteza. O Estado de Israel é visto como um porto seguro contra o antissemitismo e, portanto, sua defesa nos fóruns políticos e diplomáticos locais adquire contornos de uma luta pela sobrevivência individual (de cada judeu) e coletiva (do povo judeu), não importando se os judeus estão na diáspora ou no Estado de Israel. Finalmente, percebemos que se, por um lado, a comunidade judaica possui laços fraternos com o Estado de Israel, por outro, não deixa de desenvolver sentimentos nacionalistas em relação ao Brasil ou de se integrar no sistema de poder local.
2022-12-06T14:53:37Z
Daniel Douek
O processo de canonização da Bíblia Hebraica: sua história, critérios e consequências
O presente trabalho pretende traçar o percurso diacrônico da formação e da fixação do cânon da Bíblia Hebraica, dando especial atenção às teorias e hipóteses que, no passado, foram aventadas e, modernamente, rechaçadas e substituídas por outras. A hipótese tradicional acerca da formação do cânon da Bíblia Hebraica de acordo com a qual três estágios diferentes poderiam ser destacados ao longo do processo que culminou na formação da antologia sagrada dos judeus, de forma que cada um deles equivaleria ao momento de canonização de uma das três seções em que se divide a Bíblia Hebraica (Lei, Profetas e Escritos) será apresentada, assim como as críticas modernas que diversos pesquisadores têm dirigido contra ela, propondo novas formas de entendermos a gênese do cânon bíblico. Esta dissertação trata, pois, dos escritos que viriam a compor o corpo canônico de textos que ficaria conhecido, na tradição judaica, como Tanakh ou, na cristã, como Antigo (Primeiro) Testamento. Não faz parte de nosso escopo o estudo de outros cânones sagrados, mesmo aqueles que, de maneira evidente, tenham se originado a partir do cânon judaico. O processo através do qual certos livros, em detrimento de outros, foram incorporados à compilação de escritos sagrados será evidenciado, e a existência de variações entre os cânones de diferentes grupos religiosos não será discutida, embora a sua menção seja necessária. Dado o crescente desenvolvimento dos estudos bíblicos, faz-se necessário que, de maneira semelhante, os estudos de base adolesçam, isto é, que também se desenvolvam os metaestudos da Bíblia, cujo objetivo precípuo não é lê-la ou interpretá-la, mas se debruçar sobre a sua forma final e explicitar os processos e os mecanismos que a fizeram ter a configuração com que chegou a nós. Por fim, as consequências hermenêuticas advindas do fechamento do cânon da Bíblia Hebraica serão apresentadas.
2022-12-06T14:53:37Z
André Galvão Soares