Repositório RCAAP
Aspectos epidemiológicos da febre maculosa da Mata Atlântica em um foco endêmico no município de Blumenau, Santa Catarina
O gênero Rickettsia compreende bactérias intracelulares obrigatórias patogênicas e não patogênicas. A principal espécie patogênica no novo mundo é Rickettsia rickettsii transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma. Além de R. rickettsii, outra riquetsiose, causada por Rickettsia parkeri, apresenta sintomatologia branda e foi recentemente descrita causando doença na América do Sul. No Brasil casos clínicos ocasionados por R. parkeri foram notificados na Bahia e em São Paulo. O presente trabalho foi realizado em uma área endêmica para Febre Maculosa na Vila Itoupava, Município de Blumenau, Santa Catarina. Esta área apresenta características de área peri - urbanas inserida em fragmentos de Mata Atlântica. Amostras de sangue de humanos e de cães foram colhidas para pesquisa de anticorpos anti-riquétsias através da reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Os carrapatos removidos dos cães foram identificados e submetidos às técnicas de hemolinfa e shell vial para o isolamento do agente e reação em cadeia pela polimerase (PCR) e sequenciamento de DNA dos isolados obtidos e amostras diretas para a identificação do agente circulante na região. Das 15 amostras de soro humano, 7 foram positivas (46,67%), apresentando sororeatividade de 26,67%, 26,67%, 20%, 40%, 13,34% e 6,67% para R. rickettsii, R. parkeri, R. rhipicephali, R. amblyommii, R. bellii e R. felis, respectivamente. Das 52 amostras de cães 35 foram positivas (67,31%), apresentando sororeatividade de 50%, 57,70%, 44,23%, 48,08%, 25% e 26,93% para R. rickettsii, R. parkeri, Rickettsia rhipicephali, Rickettsia amblyommii, Rickettsia bellii e Rickettsia felis, respectivamente. Dentre os 53 cães pesquisados 21 apresentavam carrapatos, resultando em uma frequência de infestação de 39,62%. Três espécies de carrapatos foram identificadas dentre os 153 coletados, sendo 95 da espécie Amblyomma ovale, 52 Amblyomma aureolatum e 6 Rhipicephalus sanguineus. Após a técnica de hemolinfa e Shell vial, foi realizado com sucesso o isolamento de R. parkeri cepa Mata Atlântica em A. ovale e A. aureolatum e foram caracterizadas pelos genes gltA, ompA, ompB e htrA. Nas amostras diretas de A. ovale e A. aureolatum observou-se, respectivamente, 7,79% e 10% de positividade para ambos os genes gltA e ompA. Os produtos amplificados dos isolados e amostras diretas foram seqüenciadas e apresentaram 100% de similaridade com R. parkeri cepa Mata Atlântica. Foram realizadas análise descritiva, teste de Qui-quadrado, teste exato de Fisher e regressão logística, pelo método forward selection, quando necessários. Os resultados mostraram que a única variável independente significativa foi tempo na mata, sendo que os cães que frequentavam a mata tinham 19,286 mais chances de apresentar sorologia positiva para riquétsias, quando confrontados com cães que não frequentavam a mata. Conclui-se neste trabalho que o agente R. parkeri cepa Mata Atlântica está presente no local estudado e pode ser o provável causador da Febre Maculosa na região. Apenas a variável independente tempo na mata apresentou significância estatística, e de acordo com os resultados desta pesquisa, a alteração exclusiva desta variável poderia reduzir em até 19,28 vezes as chances de um cão se infectar com R. parkeri cepa Mata Atlântica.
2012
Amalia Regina Mar Barbieri
Descrição morfológica e Filogenia de parasitas do gênero Trypanosoma em pequenos mamíferos silvestres do Brasil
Todas as espécies de roedores e marsupiais descritas na literatura são potenciais hospedeiros de diferentes espécies de tripanossomas. Análises filogenéticas baseadas em genes SSU rRNA e gGAPDH tem apoiado a formação de novos clados, mesclando os tripanossomas já descritos com novos. Desde ano de 2011, diversos animais silvestres foram capturados nos diferentes biomas brasileiros (Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Amazônia e Pantanal) para o isolamento de tripanossomatídeos com o objetivo da montagem da Coleção Brasileira de Tripanossomatídeos. Foram obtidos isolados de parasitas do gênero Trypanosoma de pequenos mamíferos silvestres e que apresentaram padrão de crescimento em meios de cultura axênicos e monocamada de células. Os perfis distintos foram apresentados por isolados obtidos de roedores e marsupiais capturados no estado de Mato Grosso nos municípios, de Poconé e Chapada Guimarães. Foi feito o cultivo e manutenção, microscopia de varredura e transmissão dos isolados, associados a análise filogenética. Foram descritas 4 espécies novas de parasitas do gênero Trypanosoma em 10 pequenos mamíferos pertencentes a uma espécie de roedor (Hylaeamys megacephalus) e duas espécies de marsupiais (Phylander opossum e Didelphis albiventris).Os resultados deste estudo ressaltam a descrição de novos tripanossomas brasileiros em pequenos mamíferos, diminuindo as brechas de informação em filogenia e evolução.
2020
Juliana Isabel Giuli da Silva Ferreira
Caracterização molecular de Sarcocystis spp. em aves silvestres de diversas classes taxonômicas: relações entre Sarcocystis falcatula, Sarcocystis neurona e organismos correlacionados prevalentes no Brasil
Sarcocystis são parasitos coccidios intracelulares caracterizados por um ciclo de vida obrigatório em dois hospedeiros. Multiplicação assexuada do parasito ocorre em hospedeiros intermediários, geralmente onívoros, com formação de cistos na musculatura. A fase sexual, com formação de oocistos/esporocistos, ocorre no intestino delgado de hospedeiros definitivos, geralmente carnívoros. Mais de 30 espécies de Sarcocystis são reconhecidas em aves e algumas delas, como S. falcatula e S. calchasi, podem ser patogênicas para hospedeiros aberrantes. Em aves que atuam como hospedeiros intermediários, a infecção ocorre pela ingestão de alimentos ou água contaminados com esporocistos. Aves que atuam como hospedeiros definitivos se infectam pelo consumo de tecidos contendo cistos. Poucos estudos em sarcocistose aviária têm sido realizados na América do Sul. No presente estudo, investigamos a presença de coccidios formadores de cistos na musculatura de aves silvestres coletadas pela Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Gestão da Fauna Selvagem (DEPAVE-3) no estado de São Paulo, Brasil. Amostras de músculo peitoral de 400 aves pertencentes a 103 espécies foram submetidas a extração e amplificação de DNA pela nPCR-ITS1 direcionada à sequência do primeiro espaço transcrito interno do DNA ribossômico para triagem das amostras. Estes primers permitem a detecção de uma ampla diversidade de organismos pertencentes a família Sarcocystidae, pois hibridizam em regiões conservadas dos genes codificadores de DNA ribossômico 18S e 5.8S. Em amostras positivas na nPCR-ITS1, outros fragmentos gênicos foram amplificados por PCR. Amostras relacionadas com S. falcatula foram caracterizadas com sequências gênicas codificadoras de antígenos de superfície (SAGs) e nas demais amostras, genes mais conservados como citocromo c oxidase subunidade I (COX1) e a fração do gene do DNA ribossômico (18S rDNA) foram amplificados. Os produtos amplificados foram sequenciados, em todos os casos. Com esta metodologia, 36 amostras positivas na nPCR-ITS1, foram relacionadas com S. falcatula, das quais 28 foram identificadas como S. falcatula (10 Piciformes, 8 Psittaciformes, 5 Columbiformes, 2 Accipitriformes, 1 Anseriformes, 1 Passeriformes, 1 Strigiformes), 7 como Sarcocystis sp. ex Cacicus haemorrhous (6 Passeriformes, 1 Piciformes), e uma como Sarcocystis sp. ex Guira guira (1 Cuculiforme). As duas últimas espécies são inéditas. Dez amostras de outros Sarcocystídeos também foram amplificadas na nPCR-ITS1, das quais uma foi identificada como S. halieti (1 Accipitriformes), seis como Toxoplasma gondii (3 Pelecaniformes, 2 Falconiformes, 1 Columbiformes), uma como Sarcocystis sp. ex Coragyps atratus (1 Cathartiformes) e uma como Atoxoplasma sp. ex Icterus jamacaii (1 Passeriformes). As duas últimas espécies são inéditas. Este estudo é a primeira pesquisa extensiva em aves silvestres no Brasil para espécies de Sarcocistídeos, relatando pela primeira vez infecção natural com S. falcatula em 14 espécies incluindo a Ordem Piciformes e mostrando a ampla diversidade de hospedeiros intermediários da América do Sul para Sarcocystis spp.
2019
Horwald Alexander Bedoya Llano
Mastite subclínica em rebanhos ovinos e elaboração de tratamento homeopático para prevenção e controle destas doenças
Temos presenciado um crescimento expressivo da ovinocultura de corte nos últimos anos. Algumas doenças de grande importância econômica tem sido motivo de estudos, não apenas pelo impacto econômico que representam, mas também para a saúde do animal e do homem. Com a crescente preocupação com resíduos de medicamentos pesticidas nos produtos de origem animal, perda da qualidade do leite e conseqüente baixo ganho de peso dos borregos de corte, os sistemas orgânicos de produção vem ganhando espaço. Sabe-se que a mastite subclínica é uma das responsáveis pelo baixo rendimento de carcaça na ovinocultura de corte. Neste experimento, optou-se por realizar tratamento com medicamento homeopático (Phytolaca decandra) das ovelhas com tetos diagnosticados com CMT 2+ e 3+, sem sinais de mastite clínica. Dois lotes de ovelhas com mastite subclínica foram usados. Um lote controle que recebeu placebo e o lote tratado que recebeu remédio homeopático duas vezes ao dia junto ao concentrado a partir da quarta semana do parto (de lactação). Foram colhidas duas amostras de cada tetos com mastite subclínica no início do experimento (30 dias do parto) e a cada 15 dias até o desmame quando os borregos tinham aproximadamente 60 - 65 dias de vida. Das amostras colhidas, uma seguiu para identificação do agente microbiológico e outra para a contagem de células somáticas (CCS). Ao final do estudo não houve diferença estatisticamente significativa entre as CCSs da secreção láctea quando comparadas antes e depois do tratamento homeopático no mesmo grupo, bem como quando comparou-se ambos os grupos (tratados e placebo). Porém observou- se que o grupo tratados apresentou redução significativa (P<0,05) nos isolados das amostras com Staphylococcus spp. e aumento significativo de amostras sem crescimento bacterianos (negativas) e ganho de peso estatisticamente significante (P<0,05) quando comparado ao grupo placebo.
2010
Roberto Mangieri Junior
Pesquisa de Carrapatos e Riquétsias no Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Itutinga - Pillões, São Paulo
As riquétsias são pesquisadas por muitos grupos em diversas regiões do mundo, pois podem infectar os humanos e animais. No período de julho de 2008 a junho de 2009 no Núcleo Itutinga Pilões, localizado no Parque Estadual da Serra do Mar, foram realizadas coletas mensais de carrapatos (455 adultos, 1939 ninfas e 46 bolos de larvas) distribuídas por seis trilhas distintas. No presente estudo constatou-se a existência de cerca de treze espécies de carrapatos no local (A. aureolatum, A. brasiliense, A. dubitatum, A. fuscum, A. incisum, A. longirostre, A. naponense, A. nodosum, A. ovale, Ixodes aragaoi, Ixodes loricatus. Haemaphysalis juxtakochi e Riphicephalus sanguineus) As espécies de maior expressão foram: A. incisum, frequentemente presente em antas, seguido por H. juxtakochi e A. ovale. Encontramos R. parkeri , R. belliie R. amblyommii. Em A. ovale infectados com a R. parkeri, tivemos uma prevalência de 11,7% para o ambiente e 15,3% para os carrapatos coletados em hospedeiros cães. O R. sanguineus que se coalimentou com A. ovale em cães também estava infectado com R. parkeri. Podemos concluir que indivíduos que freqüentem a região onde encontramos o A. ovale infectado pode adquirir bactérias do Grupo Febre Maculosa.
2010
Guilherme Sakae Sabatini
Associação da técnica de cultivo em camada delgada contendo ágar Middlebrook 7H11 Modificado com a Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) para identificação precoce de Mycobacterium bovis em órgãos de bovinos e bubalinos oriundos de abatedouros comerciais
A técnica de cultivo em camada delgada contendo ágar Middlebrook 7H11 modificado foi comparada com o cultivo padrão em meio de Stonebrink, visando avaliar a sensibilidade e o tempo de detecção de Mycobacterium bovis em órgãos de bovinos e bubalinos oriundos de abatedouros comerciais. Posteriormente, a PCR foi utilizada para a confirmação do crescimento observado nos cultivos, bem como a coloração de Ziehl-Neelsen na pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes. As 49 amostras testadas foram descontaminadas pelo método tradicional de Petroff e trabalhadas em duas etapas. Na primeira, todas foram semeadas nas placas contendo o meio de Middlebrook 7H11 em camada delgada e nos tubos contendo o meio de Stonebrink, e as colônias observadas macroscopicamente em ambos os meios foram submetidas à PCR. Na segunda, 10 amostras cultivadas na primeira etapa foram submetidas a novo cultivo, somente em camada delgada, para observação do crescimento microscópico das colônias e também analisadas pela PCR. Os resultados obtidos demonstraram que: 1) a técnica de cultivo de Mycobacterium bovis em camada delgada no meio de Middlebrook 7H11 modificado em amostras de órgãos de bovinos e bubalinos mostrou-se viável quando comparada ao cultivo clássico no meio de Stonebrink, reduzindo o tempo de isolamento e podendo ser utilizada de forma complementar aos métodos tradicionais de diagnóstico da tuberculose bovina; 2) foi possível a identificação precoce do crescimento das micobactérias em camada delgada (entre 12º e 25º dia de crescimento) quando comparadas ao Stonebrink; 3) a PCR mostrou-se uma ferramenta complementar à somatória das técnicas de descontaminação de Petroff, coloração de Ziehl-Neelsen e cultivo em camada delgada na confirmação do diagnóstico de presença de micobactérias em amostras de órgãos de bovinos e bubalinos.
2010
Tatiana Reis do Rosário
Caracterização de amostras de Erysipelothrix spp. isoladas de suínos nos últimos 30 anos
Erysipelothrix rhusiopathiae é um importante patógeno em suinocultura e apesar do uso freqüente de vacinas contra o mesmo na maior parte das propriedades produtoras do país, a ocorrência de quadros clínicos da infecção tem sido amplamente observada e diagnosticada. Tendo em vista o ressurgimento deste agente como causa de prejuízos econômicos para a indústria suinícola nacional e seu potencial risco à saúde pública, este estudo teve como objetivo caracterizar 151 amostras de Erysipelothrix spp. isoladas de suínos nos útlimos 30 anos por meio de sorotipagem, determinação da susceptibilidade antimicrobiana, AFLP e PFGE. Dentre os 151 isolados, 139 foram classificados em 18 sorotipos diferentes (1a, 1b, 2a, 2b, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 15, 17, 19, 21, 24 e 25), sendo que o sorotipo 2b foi o mais freqüente. Os perfis de susceptibilidade antimicrobiana foram muito semelhantes entre os isolados, o que impossibilitou a subtipagem dos isolados de Erysipelothrix spp. pelos testes de sensibilidade. Dentre os primers testados no AFLP, o HI-G foi o mais adequado à tipagem molecular de Erysipelothrix spp. Apesar do AFLP/HI-G e da PFGE apresentarem o mesmo índice discriminatório (0,98), a PFGE apresentou melhor relação com os dados epidemiológicos que o AFLP/HI-G, tendo em conta os agrupamentos por ela gerados. Independente da técnica molecular empregada, não foi observado a discriminação entre isolados recentes e históricos, bem como um padrão epidemiológico fixo de agrupamento dos mesmos. Contudo, o AFLP/HI-G pode ser uma alternativa interessante para diferenciar as espécies de Erysipelothrix, assim como a PFGE tem grande potencial para agrupar isolados deste gênero de acordo com os sorotipos.
Avaliação da transmissão horizontal e descrição da patogenia em leitões experimentalmente infectados com Circovírus suíno 2
Circovírus suíno 2 (PCV2) é responsável pelas doenças associadas ao circovírus suíno (PCVAD do inglês Porcine circovirus associated disease) que engloba várias condições clínicas. Acomete suínos nas principais áreas produtoras do mundo causando grandes prejuízos. A situação acerca do conhecimento acerca da complexa patogenia e os múltiplos fatores de risco permitem compreender apenas em parte o verdadeiro impacto das PCVADs em suínos, sendo este um conhecimento mais amplo e dependente de resultados obtidos com infecções experimentais. Os objetivos do presente trabalho foram: i) verificar a infectividade do isolado brasileiro de PCV2 em animais infectados experimentalmente; ii) verificar a transmissão horizontal do isolado brasileiro de PCV2 em animais infectados experimentalmente; iii) avaliar a patologia do isolado brasileiro nos animais infectados experimentalmente; e iv) avaliar a resposta imune humoral nos animais infectados experimentalmente com o isolado brasileiro. Foram utilizados nove leitões divididos em três grupos com três animais cada: i) G1 animais inoculados por via intra-nasal, com aproximadamente 49 dias de idade; ii) G2 animais não inoculados mantidos na mesma baia que os G1; e iii) GC animais controle. Amostras de soro, suabes (nasal e fecal) e dados de desempenho foram coletados semanalmente. Amostras de tecidos foram coletadas durante a necropsia, aos 42 dias após a inoculação (dpi). Os animais do GC foram acompanhados até 140 dias de idade. A infecção pelo PCV2 foi avaliada através da descrição das manifestações clínicas, alterações anatômicas e histológicas, quantificação do DNA de PCV2 nas amostras de soro, suabes e tecidos e detecção de anticorpo anti-PCV2 no soro. As técnicas utilizadas foram coloração de tecido pela Hematoxilina-Eosina (HE), reação em cadeia pela polimerase quantitativa (PCRq), imunohistoquímica (IHQ) e ELISA ( do inglês enzyme-linked imunossorbente assay). Os resultados demonstraram que o isolado brasileiro induziu infecção subclínica nos animais inoculados (G1), demonstrado através da detecção de baixa carga de DNA viral nos tecido e soros, ausência de sinais clínicos e achados histopatológicos característicos de PCVAD, além da ausência de soroconversão nos três animais inoculados. A transmissão horizontal foi demonstrada, pois em um animal contactante (G2) foi recuperado o DNA de PCV2 em vários tecidos. No entanto, a ausência de soroconversão, não permitiu avaliar a resposta imune humoral nos diferentes grupos (G1 e G2). Fatores como idade dos animais no momento da inoculação (49 dias), via de inoculação, inóculo e ausência de co-agentes podem ter contribuído para o desencadeamento dos resultados observados.
Padronização de uma reação em cadeia pela polimerase em nested (nested-PCR) para detecção e diferenciação das espécies de Cryptosporidium spp e caracterização molecular de Cryptosporidium isolados de roedores sinantrópicos
Cryptosporidium spp são protozoários cosmopolita que acometem peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos. Mais de 20 espécies são reconhecidas dentro deste gênero. Os roedores, grupos de organismos abundantes e ubíquos, têm sido considerados reservatórios de Cryptosporidium para humanos e animais de produção. As seqüências codificadoras da menor unidade ribossômica (18S rRNA) de Cryptosporidium spp caracterizam-se por intercalações entre regiões conservadas e polimórficas ao longo dos seus 1700 pares de bases. O objetivo deste estudo foi desenhar primers específicos para o gene 18S rRNA, potencialmente capazes de amplificar qualquer espécie ou genótipo de Cryptosporidium spp. e avaliar os atributos diagnósticos da nested-PCR baseadas em tais sondas. O desenho dos primers foi realizado de forma a amplificar um segmento de menor dimensão possível para se maximizar a sensibilidade do ensaio molecular e preservando o potencial discriminatório das seqüências amplificadas. A nestedPCR padronizada neste estudo (nPCR-SH) foi comparada com outro ensaio similar que vem sendo largamente utilizado para detecção e identificação de Cryptosporidium spp. no mundo todo (nPCR-XIAO). Também se objetivou caracterizar molecularmente amostras de Cryptosporidum spp. isoladas de roedores sinantrópicos, empregando-se estas sondas e sondas moleculares direcionadas. Foram capturados 45 roedores em áreas públicas da região urbana da cidade de Umuarama, Paraná. As amostras foram submetidas a três provas moleculares, sendo duas direcionadas ao gene18S rRNA (nPCR-SH e nPCR-XIAO) e outra, ao gene codificador da actina. A nPCR-SH foi testada com as amostras de Cryptosporidum parvum, Cryptosporidum andersoni, Cryptosporidum meleagridis, Cryptosporidum hominis, Cryptosporidum canis, Cryptosporidum serpentis e todas foram positivas. Dezesseis amostras de roedores foram positivas para a nPCR-SH, seis pela nPCR-XIAO e cinco pela nPCR dirigida ao gene codificador da actina. O sequenciamento dos fragmentos amplificados possibilitou a identificação de Cryptosporidum muris em três amostras de Rattus rattus, e dois novos genótipos de Cryptosporidium, os genótipos rato II e III. Genótipo rato II foi encontrado em uma amostra de Mus musculus e o genótipo III em doze amostras, sendo cinco Rattus rattus e sete Mus musculus. Os resultados deste estudo demonstraram que os primers desenhados para detecção do Cryptosporidium spp em amostras de fezes foram mais eficientes em amplificar regiões que permitem a distinção entre as espécies do parasito do que aqueles usados na PCR-XIAO. Nas amostras estudadas não foram encontrados genótipos ou espécies de Cryptosporidium que podem ser transmitidos a outras espécies como os zoonóticos, o que sugere que a importância destes animais na transmissão zoonótica de criptosporidiose é pouco relevante.
2011
Sheila Oliveira de Souza Silva
Análise de fatores que contribuíram para a guarda responsável ou abandono de cães e gatos em área de São Paulo/SP
Procurou-se avaliar os fatores que contribuíram para o abandono ou guarda responsável de cães e gatos no bairro Vargem Grande no município de São Paulo/SP, entre 2005 e 2008. Foi constatado que fatores como idade e porte dos animais, preocupação com a saúde, a permissão para o animal permanecer dentro do domicílio e a aquisição de outro animal nos últimos 12 meses foram associados ao abandono de cães. A quantidade de gatos estudados não permitiu uma avaliação confiável dos fatores. Estes dados podem ser utilizados no momento da compra ou adoção de um animal, prevenindo um futuro abandono.
2012
João Paulo Marques D'Andretta
Caracterização de circuitos pecuários com base em redes de movimentação de animais
Uma rede é um conjunto de nós conectados entre si através de um conjunto de arestas. Redes podem representar qualquer conjunto de objetos que possuam relações entre si. Comunidades são conjuntos de nós relacionados de uma maneira significativa, provavelmente compartilhando propriedades e/ou atuando de forma similar dentro de uma rede. Quando a análise de redes é aplicada ao estudo de padrões de movimentação animal, as unidades epidemiológicas de interesse (propriedades, estabelecimentos, municípios, estados, países, etc) são representadas como nós, enquanto a movimentação animal entre elas é representada através das arestas de uma rede. Descobrir a estrutura de uma rede, e portanto as preferências e rotas comerciais, pode ser útil para um pesquisador ou gestor de saúde animal. Foi implementado um algoritmo de detecção de comunidades para encontrar grupos de propriedades que é consistente com a definição de circuito pecuário, assumindo que uma comunidade é um grupo de nós (fazendas, abatedouros) no qual um animal vai mais provavelmente permanecer durante sua vida. Este algoritmo foi aplicado na rede interna de movimentação animal de 2007 do Estado do Mato Grosso. Esse banco de dados contém informação sobre 87.899 propriedades e 521.431 movimentações durante o ano, totalizando 15.844.779 de animais movimentados. O algoritmo de detecção de comunidades encontrou uma partição da rede que mostra um claro padrão geográfico e comercial, duas importantes características para aplicações em medicina veterinária preventiva, além de possuir uma interpretação clara e significativa em redes de comércio onde ligações se estabelecem a partir da escolha dos nós envolvidos.
2012
José Henrique de Hildebrand e Grisi Filho
Vigilância epidemiológica dos vírus da influenza aviária em aves migratórias na região costeira da Amazônia
Os vírus da influenza aviária, ou vírus da influenza A, podem acometer inúmeras espécies de aves e mamíferos, e são conhecidos pelos relevantes impactos gerados na economia e Saúde Pública. As aves pertencentes às ordens Anseriformes (patos, marrecos e cisnes) e Charadriiformes (maçaricos, gaivotas e trinta-réis) são consideradas reservatórios, sendo que o comportamento migratório de muitas destas espécies pode favorecer a disseminação viral entre países. Existem poucos estudos sobre a circulação dos vírus da influenza aviária na América do Sul, dificultando a compreensão da ecologia e epidemiologia destes patógenos no Brasil. Este trabalho tem como objetivo monitorar as aves migratórias, em áreas de descanso e invernada na região Amazônica brasileira, por meio da detecção e caracterização dos vírus da influenza A. Através de seis expedições científicas ao norte do estado do Pará entre 2008 e 2010 foram colhidos swabs orotraqueais e cloacais de 1093 aves silvestres, principalmente Anseriformes e Charadriiformes. Pela técnica de Real time RT-PCR, nove aves foram positivas: 2 Actitis macularius, 4 Arenaria interpres, 1 Calidris pusilla, 1 Charadrius semipalmatus e 1 Dendrocygna viduata. Destas, o isolamento viral foi realizado com sucesso a partir das amostras de três Arenaria interpres, corroborando estudos que demonstram uma elevada prevalência do vírus da influenza A nesta espécie. As reações de inibição da hemaglutinação e de inibição da neuraminidase revelaram tratar-se do subtipo viral H11N9, considerado de baixa patogenicidade e relativamente comum nestas aves. O sequenciamento genético indicou estreita relação filogenética entre as estirpes virais deste estudo e aquelas isoladas na América do Norte, evidenciando um vínculo epidemiológico entre estas populações. Assim, é essencial a contínua vigilância epidemiológica dos vírus da influenza aviária em aves silvestres nesta região, visando a obtenção de informações sobre a prevalência do vírus, subtipos circulantes e suas características patogênicas, para subsidiar medidas apropriadas de prevenção e controle caso ocorram surtos no país.
2014
Renata Ferreira Hurtado
Avaliação de métodos diretos e indiretos de diagnóstico da brucelose em cães naturalmente infectados
Foram comparados procedimentos laboratoriais diretos e indiretos aplicados ao diagnóstico da brucelose canina causada por Brucella canis. Foram examinados 196 cães, os quais foram classificados em infectados, suspeitos e não infectados, de acordo com resultados obtidos no cultivo microbiológico em amostras de sangue, sêmen e swab vaginal, no exame clínico e de acordo com dados epidemiológicos. Os resultados obtidos nos exames laboratoriais foram correlacionados com os resultados dos exames clínicos. As técnicas laboratoriais empregadas foram soroaglutinação rápida (SAR), soroaglutinação rápida com emprego do 2-mercaptoetanol (SAR-2ME), imunodifusão em gel de ágar (IDGA), cultivo microbiológico e PCR em amostras de sangue, sêmen e swab vaginal. Foram observados 41,83% de positivos pela SAR, 14,28% pela SAR-2ME, 28,14% pela IDGA, 32,14% pela hemocultura, 19,6% pelo cultivo microbiológico de sêmen, 4,82% pelo cultivo microbiológico de swab vaginal, 33,16% pela PCR em sangue, 33,33% pela PCR em sêmen e 26,89% pela PCR em swab vaginal. Os valores de sensibilidade das provas de SAR, SAR-2ME, IDGA, PCR em sangue e PCR em swab vaginal foram respectivamente de 81,25%; 42,18%; 75%; 89,06% e 54%. A especificidade dos métodos de SAR, SAR-2ME, IDGA, PCR em sangue e PCR em swab vaginal foram respectivamente de 81,25%; 100%; 100%; 97,21% e 97,14%. Nos cães machos, as proporções de resultados positivos diagnosticados pelo cultivo microbiológico de sêmen foram semelhantes às observadas pelos demais métodos de diagnóstico utilizados. As proporções de resultados positivos obtidos pelas técnicas de SAR, SAR-2ME, IDGA, hemocultura, PCR em sangue e cultivo de swab vaginal foram maiores dentre os animais que apresentaram sinais clínicos sugestivos de brucelose. Não houve associação entre a presença de sinais clínicos de brucelose e resultados positivos pelo cultivo microbiológico de sêmen e PCR em amostras de sêmen e swab vaginal.
Detecção da infecção de rotavírus e levantamento soroepidemiológico de alguns patógenos com potencial zoonótico em avestruzes (Struthio camelus) no Estado do Paraná
A criação industrial de avestruzes no Brasil tem crescido nos últimos anos, mas avestruzes podem ser reservatórios de agentes com potencial zoonótico, como é o caso do vírus da influenza, rotavírus, vírus da encefalomielite eqüina do leste (EEEV) e do oeste (WEEV), salmonela, leptospira e micoplasma. O objetivo deste trabalho foi detectar rotavírus nas fezes de filhotes, anticorpos contra rotavírus, EEEV e WEEV, influenza A , leptospira, salmonela e micoplasma a partir do soro de reprodutores e efetuar o isolamento de Salmonella sp. a partir de de suabe cloacal. Para a detecção de rotavírus nas fezes utilizaram-se as técnicas de PAGE, isolamento viral e genotipagem pela RT-PCR. As técnicas de contraimunoeletroosmoforese, soroneutralização em cultura de células, inibição da hemaglutinação e aglutinação em placa foram utilizadas nos levantamentos sorológicos e a cultura bacteriológica foi utilizada para detecção de Salmonella spp. em suabes de cloaca. Rotavírus do grupo A com genotipos G[6], G[10], P[1] e P[7] foram detectados nas fezes de avestruzes e anticorpos anti-rotavírus em 10 amostras (10/182) de soros colhidos de avestruzes reprodutores. Foram detectados anticorpos para vários sorovares de Leptospira spp. (19/128), Salmonella pullorum (17/182), Mycoplasma gallisepticum (17/182) e Mycoplasma synoviae (47/182). Não foram detectados anticorpos anti-EEEV e WEEV e anti-vírus da Influenza A H3, bem como amostras de Salmonella spp. em suabes de cloaca. Estes resultados permitem sugerir o papel do avestruz na cadeia epidemiológica das rotaviroses e da leptospirose e dão bases para o aprimoramento sanitário do plantel brasileiro desta ave.
Coronavírus em codornas: ocorrência, diversidade molecular e estudo do papel epidemiológico das codornas como reservatório para a bronquite infecciosa das galinhas
Este estudo teve como objetivo pesquisar a ocorrência e diversidade molecular de coronavírus aviários em codornas e galinhas criadas nas mesmas propriedades e determinar o papel epidemiológico das codornas na bronquite infecciosa das galinhas (BIG). Para isso, foram coletados em granjas localizadas no estado de São Paulo e Espírito Santo pools de aparelho reprodutivo, pulmões, rins, traquéia e conteúdo entérico de codornas e galinhas com histórico de manifestações clínicas compatíveis com BIG. Estas amostras foram testadas para coronavírus aviário mediante uma semi-nested RT-PCR dirigida a região não-traduzida 3 (3´UTR) e as amostras positivas foram submetidas a RT-PCR do gene codificador da proteína RNA-polimerase RNA-dependente (RdRp) e duas RT-PCR, incluindo uma tipo multiplex dirigidas a proteína de espícula S do vírus da BIG, para genotipagem. Amplicons ou fragmentos amplificados da 3\'UTR (a partir de amostras de codorna) foram clonados e sequenciados. Outras duas RT-PCR foram utilizadas para detecção de metapneumovírus aviário (aMPV) e o vírus da doença de Newcastle (NDV). Coronavírus aviários foram encontrados em todos os tipos de amostras estudadas em galinhas e codornas criadas nas mesmas propriedades, sendo que aMPV subtipo B foi encontrado em galinhas e o NDV não foi encontrado em nenhuma amostras. Todos os coronavírus aviários encontrados, foram classificados como variantes pela multiplex RT-PCR, não sendo entretanto, obtidas sequências de DNA para o gene S. Com base em sequências de DNA para os genes codificadores da proteína RdRp e da região 3´UTR pode-se demonstrar que as codornas estudadas apresentaram o coronavírus aviário identificados como próximo àqueles relacionados à bronquite infecciosa das galinhas, havendo diversidade molecular filogeográfica para os vírus de codornas. Desta forma, sugere-se que as codornas podem servir como reservatórios para coronavírus aviários onde haja criações em proximidade com outras espécies aviárias.
Determinação da concentração inibitória mínima de antibióticos contra ureaplasmas isolados de bovinos pela inibição de crescimento e citometria de fluxo.
Os Mollicutes causam doenças em várias espécies animais de importância econômica, inclusive em bovinos. Neste estudo, foi avaliada por concentração inibitória mínima (CIM) e citometria de fluxo, a atividade de oito agentes antibacterianos (enrofloxacina, ciprofloxacina, gentamicina, claritromicina, cloranfenicol, oxitetraclina, tiamulina e tilosina) contra Ureaplasma diversum. Foram analisadas 24 amostras de isolados de campo oriundas da mucosa genital de fêmeas bovinas. As amostras foram confirmadas por crescimento em caldo, placa e por PCR. Os inóculos foram submetidos à analise de suscetibilidade aos antibióticos pelo método da microdiluição em microplaca e posteriormente analisados pelo citômetro de fluxo a fim de avaliar a atividade antimicrobiana nas células. A claritromicina apresentou os maiores índices de inibição in vitro, sendo a gentamicina considerada o antibiótico de menor espectro de ação nesse estudo. De acordo com as análises do citômetro, a gentamicina apresentou o menor número de células viáveis enquanto a tiamulina apresentou o maior número. Embora haja resultados destoantes entre as técnicas utilizadas, o citômetro de fluxo pode ser utilizado como uma boa ferramenta para auxiliar a avaliação da suscetibilidade desses microrganismos a antibióticos.
2012
Denise Jaqueto de Barros Pinheiro
Marcadores moleculares para a patogenia de vírus da raiva: relação entre períodos de incubação, carga viral e os genes codificadores das proteínas virais P e L
A raiva é uma doença aguda, progressiva e infecciosa do sistema nervoso central de mamíferos, causada pelo vírus da raiva (RABV). Embora possa ser prevenida por vacina, continua sendo um grave problema de saúde pública, além de ser responsável pela morte de seres humanos e muitos outros animais, incluindo os de interesse econômico. Este estudo teve como objetivo avaliar a relação entre polimorfismos dos genes que codificam as proteínas P e L de amostras de RABV pertencentes a variantes antigênicas 2 e 3 e períodos de incubação e títulos em camundongos. Para isso, foram selecionadas amostras isoladas de diferentes reservatórios de raiva de mamíferos das Ordens Carnivora e Chiroptera e amostras de bovinos, de áreas endêmicas para o vírus da raiva. As sequências obtidas foram utilizadas para a construção de árvores filogenéticas para procurar os padrões de segregação de linhagens. Os resultados mostraram que não houve marcadores ou polimorfismos que explicam as variações nos períodos de incubação e de letalidade entre cepas pertencentes a variantes antigênicas 2 e 3. Esta informação pode ser usada para discussões sobre a importância de reservatórios de raiva, a dinâmica do vírus da manutenção e evolução das diferentes formas desta zoonose entre os animais infectados, contribuindo para um estudo mais aprofundado sobre a busca de marcadores moleculares para patogênese.
2014
Willian de Oliveira Fahl
Pesquisa de anticorpos inibidores da hemaglutinação contra o vírus da influenza equina (subtipos: H7N7 e H3N8) em equídeos provenientes do Estado de São Paulo
Os vírus da Influenza Equina (EIV) (H3N8 e H7N7) pertencem à família Orthomyxoviridae, gênero Influenza A. Apesar de existirem poucos relatos de infecção humana pelo EIV, é conhecido o risco zoonótico e infecção interespécies. Serviços de vigilância epidemiológica da OIE e WHO informam que o subtipo H3N8 é isolado de surtos que ocorrem mundialmente, enquanto o subtipo H7N7, menos patogênico, não é isolado desde 1980, sendo então considerado um vírus extinto. Embora o EIV seja endêmico em nosso meio, há poucos trabalhos nacionais que tenham versado sobre a avaliação atual de anticorpos (Ac) anti-EIV presentes nos equídeos do Estado de São Paulo, o que motivou a realização do presente estudo. Os objetivos do presente trabalho foram: 1) avaliar a ação de diferentes tratamentos de soro descritos pela OIE e WHO para a remoção de inibidores inespecíficos da hemaglutinação em soros de 10 equinos vacinados (H3N8 A/Equi/Kentucky/1/1997), sendo eles: a) TPH: tripsina, metaperiodato de potássio seguido de adsorção de hemácias; b) KH: kaolin 20% seguido de adsorção de hemácias; e c) RDEH: RDE seguido de adsorção de hemácias; 2) avaliar a presença de Ac contra os vírus H3N8 e H7N7, em 84 equídeos não vacinados do Estado de São Paulo; 3) comparar a frequência de Ac contra H3N8 entre equídeos amostrados do estado de SP e de um painel de soros de equídeos do município de Mossoró - RN, região onde não há estudos sobre a circulação do EIV. Constatou-se que não houve diferença estatística entre os tratamentos de soro para a remoção de inibidores inespecíficos da hemaglutinação (p>0,05; confiança de 95%), todavia o tratamento RDEH apresentou resultados mais consistentes, corroborando a recomendação da OIE e da WHO de utilizar preferencialmente este tratamento. O perfil sorológico dos animais amostrados de SP sugere que circule o subtipo H3N8 e que o subtipo H7N7 circule de forma subclínica nos equídeos, o que é sustentado por outros trabalhos realizados no Brasil. Há evidências no Brasil sobre a detecção de anticorpos em equinos contra o subtipo H7N7, mesmo não havendo o isolamento deste no mundo desde 1980. No painel de soros do RN, onde a espécie Equus asinus era maioria, verificou-se a igualdade estatística entre as frequências de Equus caballus e Equus asinus positivos no teste de HI para o subtipo H3N8 (p>0,05; confiança de 95%), dado inédito em nosso meio. A frequência dos equídeos positivos no teste de HI para o subtipo H3N8 foi estatisticamente maior (p<0,05; confiança de 95%) em SP do que em RN.
Estudo do complexo Amblyomma cajennense no Brasil
Trabalhos recentes de genética, morfologia e biologia conduzidos nas Américas, demostraram que Amblyomma cajennense é um complexo de pelo menos seis espécies distintas, cada espécie associada a uma área biogeográfica. Neste contexto, o presente estudo conduzido no Brasil realizou análises morfológicas e moleculares de carrapatos adultos, previamente identificados como A. cajennense e depositados nas coleções de carrapatos Coleção Nacional de Carrapatos, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, e na Coleção Acarológica do Instituto Butantan do Instituto Butantan de São Paulo. Amostras adicionais de carrapatos foram obtidos através de trabalhos de campo. Os carrapatos foram coletados em vida livre, animais domésticos (equinos, suínos) e silvestres atropelados (anta, tamanduá), durante três expedições de coleta, sendo uma no nordeste do país entre os municípios de Bequimão/MA e Estrela do Norte/GO; uma no noroeste do país entre os municípios de Presidente Médici/RO e Vila Bela da Santíssima Trindade/MT; e uma terceira no centro-norte do país entre os municípios de Sinop/MT e Cuiabá/MT. Os resultados morfológicos e moleculares obtidos demonstraram a ocorrência de pelo menos duas espécies distintas de carrapatos (A. cajennense sensu stricto e Amblyomma sculptum) do complexo A. cajennense ocorrendo no território nacional. De modo geral, a distribuição da espécie A. cajennense s. s. está confirmada no Brasil em três estados da região Norte (Pará, Rondônia e Tocantins), em um estado da região Nordeste (Maranhão) e do Centro-Oeste (Mato Grosso). Salienta-se um único encontro de uma fêmea de A. cajennense s. s. em uma propriedade rural do município de Porangatu, no extremo norte do estado de Goiás, na divisa com o estado de Tocantins. A ocorrência de A. sculptum está confirmada nos seguintes estados brasileiros da região Norte: Pará, Rondônia e Tocantins; Nordeste: Bahia, Maranhão, Pernambuco e Piauí; Centro-Oeste: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo; e Sul: Paraná. Estes dados indicam que o papel de cada uma destas espécies na transmissão de patógenos deve ser reavaliado de acordo com seu novo status taxonômico.
2014
Thiago Fernandes Martins
Diversidade molecular e evolução in vitro de coronavírus canino (CCoV)
O coronavírus canino (CCoV) causa gastroenterite em cães jovens, podendo ser letal, sobretudo quando há coinfecção com parvovírus canino (CPV). Os objetivos do presente projeto foram investigar a presença de CCoV e CPV em amostras fecais de cães jovens; estudar a diversidade molecular das amostras de CCoV com base em sequenciamento parcial dos genes M, S, 3b e N, incluindo amostras vacinais, e estudar a evolução in vitro de CCoV em células A72 de fibroma canino. Foram detectados 40,17% (47/117) animais positivos para CCoV e 13,68% (16/117) para CPV. Estudos filogenéticos demonstraram que oito amostras foram classificadas como CCoV-II, vinte e cinco como CCoV-I. Análises para o gene M destacaram alta identidade de CCoV-I com amostras de coronavírus da peritonite infecciosa felina (PIF) e uma possível amostra pantrópica foi demonstrada pela análise do gene S. O gene do nucleocapsídeo de CCoV é altamente conservado entre os tipos I e tipo II, com uma resolução mais baixa em relação a árvores para os genes M e S. Amostras dos tipos I e II apresentam um polimorfismo baixo para o gene 3b, sem marcadores estáveis para diferenciação dos tipos de CCoV. Uma amostra de CCoV-II putativamente pantrópica foi isolada em células A72, resultando em efeito citopático no 5o dia da 5a passagem. No estudo evolutivo, a amostra vacinal CCV 1-71 e nove passagens desta em células A72 foram submetidas a amplificação parcial e clonagem molecular do gene S seguida de sequenciamento de DNA. Os resultados mostraram mutações não silenciosas, silenciosas e três deleções de aminoácidos, mas nenhuma mutação compartilhada entre as diversas passagens. Amostras vacinais de CCoV-II adaptadas em células podem ser altamente geneticamente estáveis após passagens em série em uma mesma linhagem celular, acumulando substituições de nucleotídeos principalmente sinônimas no gene S devido a relação célula - hospedeiro estável. Estes resultados de epidemiologia molecular e processos evolutivos de CCoV podem servir para uma melhor compreensão da virologia básica e ser base de dados para estudos em outros coronavírus
2015
Iracema Nunes de Barros