Repositório RCAAP
\"Novos modos de vida, novos espaços de morar. Paris, São Paulo, Tokyo. Uma reflexão sobre a habitação contemporânea\".
Diante de similaridades de modos de vida, de indicadores sociais e da própria organização do espaço da habitação contemporânea em três metrópoles do mundo ocidentalizado - Paris, São Paulo e Tokyo -, dois exercícios principais são aqui propostos. O primeiro consiste em entender o processo através do qual áreas urbanas tão distantes umas das outras vão apresentar estas tendências convergentes, iniciado, visivelmente, a partir da chegada a cada uma delas dos efeitos da revolução industrial inglesa. O segundo, em analisar a habitação daí resultante, esboçando critérios de intervenção e delineando mecanismos projetuais que possam auxiliar o seu, conclui-se, necessário redesenho, levando em conta os novos modos de vida de seus habitantes. Trata-se, portanto, de registrar ideias e pensamentos ainda introdutórios, preliminares, mas que rejeitam a comodidade da tábula rasa e a das soluções arquetípicas, preferindo ir esmiuçar o universo infinito e variado da Diversidade.
1998
Marcelo Claudio Tramontano
Estudo sobre a história dos modelos arquitetônicos na antigüidade: origens e características das primeiras maquetes de arquiteto
Este estudo se propõe a identificar dentre os diversos exemplos de modelos arquitetônicos da Antigüidade atualmente conhecidos pela arqueologia e descritos na literatura aqueles que podem ser caracterizados como as primeiras maquetes de arquiteto, isto é, objetos diretamente relacionados ao conhecimento, planejamento e comunicação de conteúdos arquitetônicos. O recuo à Antigüidade se faz necessário na medida em que essa dissertação se propõe a estudar as origens da relação entre modelos tridimensionais e a atividade de arquitetos na cultura ocidental. Em termos cronológicos, este estudo inicia-se cerca de 6.000 anos antes de Cristo e encerra-se no Mundo Romano (séc. V d.C.). Em termos geográficos, este estudo aborda objetos produzidos por culturas do sudeste da Europa neolítica, conjuntos de objetos de culturas do Oriente-Próximo, objetos egípcios, egeanos (cretenses e cicládicos), cipriotas, gregos, villanovianos e romanos. Essa pesquisa conclui que as evidências materiais da existência de maquetes de arquiteto na Antigüidade Clássica são raras e pouco precisas. Alguns objetos no entanto se aproximam dessa caracterização e merecem estudos futuros mais aprofundados, são eles: o conjunto de tijolos miniatura de Tepe Gawra (c. 3500 a.C.); o modelo egípcio de Dashour (1990-1730 a.C.); o modelo minóico de Arkhanes (1.700-1.630 a.C.); os modelos romanos de Óstia (séc. I a.C.), o modelo de templo de Niha (séc. II d.C.), o modelo de teatro de Baalbek (séc. II d.C.), e o modelo de stadium de Villa Adriana (séc. II d.C.).
2003
Artur Simões Rozestraten
Lupa e telescópio: o mutirão em foco. São Paulo, anos 90 e atualidade
Esta dissertação trata do programa de construção de moradias em regime de mutirão com autogestão, em São Paulo na década de 90 e nos dias atuais. Parte de uma reconstituição histórica da institucionalização da autoconstrução ocorrida em meados da década de 70, para analisar a instituição e consolidação do programa em suas várias gerações até os dias atuais. Aprofunda-se nas práticas do trabalho das Assessorias Técnicas, apresentando métodos, mitos e justificando uma relativa \"crise de identidade\". A cena dos anos 90 é apresentada em notas sobre as mudanças na sociedade civil, que ganha decisiva aparência no espaço público, e no Estado, sob o regime democrático e mais permeável a interlocuções. Essas notas cumprem também o objetivo de embasar as críticas ao programa. Quatro conjuntos habitacionais construídos ou em construção foram estudados visando ilustrar os argumentos que, por fim são sistematizados em possibilidades e limites contidos em análises de micro e macro escalas.
Desenho urbano e revitalização na área portuária do Rio de Janeiro: a contribuição do estudo da percepção ambiental
Contribuição sobre a importância e a aplicabilidade dos estudos da percepção ambiental na revitalização da area portuaria do Rio de Janeiro. A primeira parte conceitua e discute o desenho urbano. A segunda parte caracteriza a area de projeto. A terceira parte desenvolve a pesquisa que inclui levantamentos de dados indiretos e diretos, atraves de extensa pesquisa de campo com aplicação de questionarios. A conclusão discute a validade dos resultados e desenvolve propostas gerais para a area de projeto.
1991
Vicente Eduardo Del Rio
Ambientes para educação infantil: um quebra-cabeça? Contribuição metodológica na avaliação pós-ocupação de edificações e na elaboração de diretrizes para projetos arquitetônicos na área
Numa época na qual meio ambiente e qualidade de vida são temas em evidência, parte do controle sobre as práticas sócioambientais exige regulamentação e fiscalização das iniciativas (públicas e privadas) em áreas que abrangem da medicina à construção civil, passando por alimentação, hábitos individuais, energia, etc. Nesse contexto é necessária especial atenção com a infância, pois a criança representa o próprio futuro/continuidade da sociedade. Assim, sendo a escola um dos principais locais de vivência infantil, a preocupação com sua qualidade ambiental precisa ser redobrada, sobretudo em se tratando de instituições que lidam com menores de 7 anos. No Brasil, a Constituição de 1988 reconheceu a educação infantil como direito da criança entre 0 e 6 anos, tornando-a uma obrigação do Estado delegada ao âmbito municipal, e exigindo que os municípios criem instrumentos de controle adequados. Isso gerou a oportunidade de olhar-se criticamente cada realidade a fim de delimitar-se propostas social e ambientalmente coerentes, tarefa na qual essa tese opta por utilizar a APO. Partindo de um roteiro básico de pesquisa, foram visitadas 41 pré-escolas em Natal-RN e vistoriadas 16. Em 5 destas o trabalho foi aprofundado, envolvendo multi-métodos: entrevistas, análise de behavior settings, observação de comportamento, mapeamento comportamental simplificado, questionários (adultos) e elaboração de desenho-temático (crianças). Os resultados obtidos proporcionaram uma análise acurada do ambiente dessas instituições sob o ponto de vista técnico e a partir da percepção dos usuários. Os dados serviram de base à discussão sobre os espaços educativos para aquela faixa etária, e subsidiaram a indicação de algumas diretrizes visando a futura criação de normas que fiscalizem os empreendimentos existentes em Natal-RN e orientem a elaboração de propostas arquitetônicas adequadas às necessidades da população local.
2002
Gleice Virginia Medeiros de Azambuja Elali
Um olhar pedestre sobre o mobiliário urbano paulistano: Itaim Bibi de 1995 a 2001
Sob o enfoque da percepção ambiental, pretendemos tratar do sistema físico de objetos que pertencem ao entorno do cidadão-pedestre paulistano com suficiente intensidade para sinalizar seu ideário. Nosso intuito foi procurar explicações para as diversas manifestações visíveis nos objetos urbanos banais e próximos à população, mais especificamente em equipamentos e mobiliário urbanos. Escolheu-se o bairro paulistano Itaim Bibi para servir de substrato à pesquisa, com a intenção de verificar o impacto da Operação Urbana Faria Lima. Este pedaço da cidade teve uma formação comum a muitos outros lugares onde processos de reurbanização contribuem com a redução significativa de moradores e conseqüente reflexo nos usos dos espaços públicos de pedestres. Um grupo de perceptores, estudantes de arquitetura, visitou o local; seus registros foram quantificados e analisados quanto à qualidade do ambiente urbano. Tal método, além de conscientizar futuros urbanistas para as necessidades de pedestres, poderá subsidiar ações em prol de melhorias nas vias públicas de circulação, se for de interesse da comunidade local. No empenho de responder à questão até onde a compreensão do pedestre se estende no mundo visual, apresentamos aspectos técnicos (disposições normativas), econômicos, estéticos e culturais (design), sociais (ações de usuários da cidade) e subjetivos (percepção visual).
A obra de Abelardo de Souza
Abelardo Riedy de Souza, arquiteto formado pela E.N.B.A, no Rio de Janeiro em 1932, pertence à geração que transformou os rumos da moderna arquitetura brasileira. Sua vinda à São Paulo na década de 1940, coincide com a acentuação do crescimento da cidade e sua contribuição somada a de outros pioneiros ajudou a provinciana capital paulistana a ingressar no âmbito do modelo moderno e da metropolização. Apresentar uma seleção de projetos, mais ou menos conhecidos, inseridos nos eventos que marcaram cada período e o percurso do arquiteto, de forma a constituir uma coleção representativa de sua obra é o que se pretende no presente trabalho.
2004
Regina Adorno Constantino
Integração das artes no Paraná - 1950 - 1970: a conquista do espaço público
A partir da segunda metade da década de 1940,a arte moderna deixa o confinamento das galerias e ganha as ruas através de sua integração com a arquitetura. Esta pesquisa estuda a relação entre arquitetura moderna e arte no Paraná , no período compreendido entre os anos 1950 e 1970, e sua ação conjunta no sentido de consolidar o projeto moderno no Estado, através do estudo de murais concebidos integrados a obras de arquitetura.
2006
Josilena Maria Zanello Gonçalves
A rede urbana das minas coloniais: na urdidura do tempo e do espaço
A rede urbana das Minas coloniais, se entendida apenas sob a lógica administrativa e política da Coroa Portuguesa, expressa as estratégias com as quais se intentou conduzir processos ora de centralização ora descentralização do poder, o que se evidencia no contexto em que foram forjados seus principais pólos, basicamente sua cidade e suas vilas. No entanto, ela se revela muito mais complexa e dinâmica na imbricada dialética entre urbano e sertão, na qual ganham importância outros núcleos, pela sua localização estratégica; outras atividades produtivas que não a mineração; os espaços produzidos na subversão da ordem vigente - os dos motins, dos quilombos, do contrabando - e, até, as práticas de gestão das questões cotidianas, que não podiam aguardar a intervenção de uma administração ou justiça muitas vezes geograficamente tão distantes. E, nesse sentido, no complexo mundo colonial, onde ora as ações do Estado, da Igreja e de particulares confluíam em interesses comuns, ora se opunham em acirrados conflitos, seria reducionismo relacionar o fenômeno da urbanização em Minas apenas ao papel de alguns pólos mais destacados. Exige, ao contrário, considerar uma série de articulações expressas na organização dos espaços macro e microrregionais e nas relações de dependência, hierarquia, função e especialização de seus assentamentos humanos e que conformam um sistema integrado de maior amplitude que é a rede urbana. Se o que distinguiu e conferiu um caráter especial ao processo de urbanização em Minas foi, por um lado, o seu impacto na estrutura económica e territorial da América Portuguesa, com o deslocamento do eixo económico-administrativo para o centro-sul e o desenvolvimento de articulações com regiões distantes, integrando mercados, ampliando fronteiras e fortalecendo a unidade territorial interna; por outro lado, no interior da capitania, as peculiaridades dessa urbanização revelavam-se nas formas como a população ocupou um território de vasta extensão, distribuindo-se em aglomerações de características diversas, articuladas segundo uma estrutura hierárquica dinâmica e complexa. A expressão espacial desses processos é evidenciada no amplo corpus documental constituído pela cartografia produzida no século XVIII e nas primeiras décadas do XIX que, comparada, cotejada e confrontada com outros registros documentais e estudos diversos, possibilitou-nos reconstruir uma geografia do que foi a rede urbana das Minas coloniais, abordando tanto suas articulações macrorregionais, quanto os processos que caracterizaram a formação de seus assentamentos humanos e de sua rede urbana, o que buscamos expressar no título desta tese: A rede urbana das Minas coloniais. Já no sub-título - na urdidura do tempo e do espaço - buscamos sintetizar o caminho trilhado no processo de recomposição de suas expressões espaciais, explorando os sentidos diversos do termo urdidura, esse conjunto de fios a partir dos quais se constrói a trama. Além da intenção de entrelaçar os fios do tempo no espaço - aspectos que a análise da cartografia da América Portuguesa e das Minas Gerais no período colonial buscou privilegiar - expressa ainda a marcha da constituição de sua rede urbana, em suas dimensões micro e macrorregionais, com a abertura e expansão dos caminhos, no ponto e alinhave da constituição dos assentamentos humanos. O sentido de trama também nos remeteu aos conluios e ardis, aos descaminhos do ouro, enfim, às expressões de uma subversão da ordem vigente, que conferiram complexidade e dinâmica às formas diversas do processo de construção da rede urbana colonial mineira. O delineamento de tais questões se refletiu na definição dos recortes temporal e espacial adotados. O recorte temporal de referência - de fins do século XVII, quando das primeiras notícias da descoberta do ouro nas Minas, até a Independência - apresenta as conveniências de abarcar tanto os primórdios da constituição da rede urbana mineira quanto os processos que resultaram em suas diversas reestruturações. Quanto ao recorte espacial, a tarefa de recomposição das expressões espaciais da rede urbana colonial mineira impôs a consideração de todo o território da Capitania de Minas Gerais, tendo como referências suas delineações presentes em fins do período em tela, cujos limites ainda não eram de todo precisos e inequívocos e, tal como avançamos e retroagimos no tempo, analogamente também o fizemos com relação ao espaço. Buscando, assim, compreender o processo de urbanização nas Minas coloniais, por meio da especialização das narrativas históricas, esta tese conjuga duas linguagens em estreita articulação, a escrita e a cartográfica, o que nos permitiu melhor espacializar não só as diacronias como as sincronias.
2006
Fernanda Borges de Moraes
Os rios e o desenho urbano da cidade: proposta de projeto para a orla fluvial da Grande São Paulo
Essa é uma proposta de Reestruturação do ambiente da orla fluvial da Metrópole de São Paulo que apresenta idéias de projeto para integração, urbanística, entre os rios e o desenho da cidade. A idéia essencial desse projeto é a de uma cidade desenhada pelas águas dos canais e lagos dos rios. A pintura de Benedito Calixto, de 1892, Inundação da Várzea do Carmo, mostra um largo espelho dágua, no pé da colina histórica da cidade, que é o rio Tamanduateí ocupando seu leito maior. Esse desenho de observação dos lagos, dos aterrados que ligavam as duas margens, do mercado, do porto e de um arvoredo beira-rio surge a cidade imaginada: porto e parque fluvial. Aterrados, barragens, diques, eclusas e canais navegáveis constróem essa geografia inventada. Uma Amsterdã na Várzea do Carmo. Uma Holanda projetada ao longo da orla fluvial da bacia do Alto Tietê. Idéias opostas prevaleceram. Em apenas cem anos, durante o processo acelerado e descontrolado de industrialização e expansão urbana, os leitos maiores dos rios foram aterrados e ocupados pela cidade. Os argumentos sanitaristas e hidráulicos fundamentaram o verdadeiro objetivo que era lotear e vender as várzeas. O imenso logradouro público, espaço ideal para o Parque Linear Metropolitano foi privatizado e os rios canalizados desprezando-se a navegação fluvial. A metrópole construída pela especulação imobiliária e a precariedade da infra-estrutura urbana transformaram os rios da cidade em canais de esgoto, confinados entre avenidas que têm o caráter de rodovias urbanas. Esse conceito de canalização de rios e construção de avenidas de fundo de vale, iniciado com a proposta de um Plano de Avenidas, apresentada em 1930 por Prestes Maia, se espalho e está impregnada, ainda hoje, nas administrações públicas, agora com a justificativa, contraditória, de controle das enchentes e circulação de automóveis. Idéias de um urbanísmo rodoviário contrário aos ideais de um urbanismo humanista, preocupado com a qualidade da estrutura ambiental urbana. Para esse urbanismo rodoviarista, pedestres e ciclistas não existem; metrô, parques e áreas verdes, equipamentos sociais e habitação social não são prioritários. Três idéias orientam o desenho proposto para reestruturar a orla fluvial: portos, parques e habitação. Cidade-Porto fluvial: sistema hidroviário da Grande São Paulo; Cidade-Parque fluvial: parques beira-rio densamente arborizados; Bulevar-habitacional fluvial: avenidas densamente arborizadas com largos conjuntos de edifícios de apartamentos, implantados ao longo da orla, com calçadas cobertas, comércio e serviços no térreo; e pontes-estação, porto, estação de metrô e praça de equipamentos sociais, modulando a orla com pontes de equipamentos públicos e torres de escritórios. Cidade das várzeas, Cidade-Parque/Porto Fluvial imaginada a partir de uma idéia de cidade desenhada, estruturada, pelo contorno dos espelhos dágua da rede de lagos e canais navegáveis dos rios da bacia Alto Tietê na Grande São Paulo.
1999
Alexandre Carlos Penha Delijaicov
Duas tipologias habitacionais: o Conjunto Ana Rosa e o Edifício Copan: contexto e análise de dois projetos realizados em São Paulo na década de 1950
Essa dissertação tem como tema dois projetos para habitação coletiva desenvolvidos em São Paulo durante a década de 1950. A análise de cada experiência buscou responder à questão habitacional da cidade, num contexto de decisivas transformações urbanas ocorridas na metrópole paulista. A primeira análise refere-se ao Conjunto Ana Rosa, localizado na Vila Mariana e projetado entre 1950 e 1960, por diversos arquitetos (Abelardo de Souza, Plínio Croce, Roberto Aflalo, Eduardo Kneese de Mello e Salvador Cândia, entre outros). O segundo projeto analisado é o Edifício Copan, localizado na região central da cidade e projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1951. À situação urbana bastante distinta dos dois projetos, corresponde o desenvolvimento de tipologias habitacionais também diversas, o que contribuiu para a reflexão sobre as propostas de ocupação urbana contidas em cada projeto. Os exemplos se inserem num importante conjunto de obras produzidas pela arquitetura moderna brasileira nesse período. A análise possibilitou ainda estabelecer um contraponto entre essas propostas e o padrão de edificação habitacional determinada pela Legislação de Uso e Ocupação do Solo vigente em São Paulo há três décadas (aprovada em 1972, tendo sofrido alterações significativas em 1973).
John Ruskin e o desenho no Brasil
O assunto principal do critico de arte inglês do século XIX John Ruskin foi uma teoria da percepção cujo objetivo era o ensino do desenho para a sociedade industrial. No século XIX o ensino do desenho era considerado uma politica industrial, e no Brasil não foi diferente. A vinda da família real ao país deflagrou o nosso primeiro projeto de industrialização com base no ensino do desenho. A Missão Francesa veio fundar aqui duas escolas, uma para as artes liberais e outra para as artes Mecânicas. O Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro foi fundado em 1886 pelo arquiteto Joaquim Bethencourt da Silva. Rui Barbosa foi sócio honorário do Liceu e leitor de John Ruskin. Muitas das idéias de Ruskin estão presentes no método de ensino do desenho no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
2005
Claudio Silveira Amaral
MAM: museu para a metrópole
Este estudo examina as atividades iniciais do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em face das questões culturais paulistanas no segundo pós-guerra, trazendo à tona a contribuição de personagens normalmente colocados num segundo plano quando da descrição freqüente do perído auroreal da entidade: os arquitetos e intelectuais envolvidos em tal tarefa. A escolha busca tirar do foco a análise do Museu como uma entidade única e estelar, para inserí-lo numa trama de vários acontecimentos e instituições, propiciadas pelos agentes participantes e pela possibilidade de diálogo motivada por sua localização física: o centro da Paulicéia no final dos anos 1940 e em grande parte da década seguinte, investigando as relações entre o espaço cultural da cidade e o MAM construção de um projeto moderno pela via institucional.
Proteção e fomento da vegetação no município de São Paulo: possibilidades, alcance e conflitos
O município de São Paulo localiza-se em terrenos de uma bacia sedimentar de relevo colinoso, cercada por morros e serras do embasamento cristalino e drenada por 3.200km de cursos dágua. Sobre esses terrenos pouco férteis, a exceção das várzeas, desenvolvia-se uma vegetação diversa, formada por matas de terra firme1 e de galeria; brejos e campos naturais. Essa cobertura vegetal vem seguindo um processo contínuo de redução, de fragmentação e de alteração da sua composição florística. Figura cada vez mais como elemento periférico ou como enclave do tecido urbano, diminuindo a sua capacidade de auto-sustentação e de sustentação de fauna expressiva e diminuindo o contato diário das pessoas com elementos e processos naturais. Tal processo dá-se a despeito de um conjunto de normas legais federais, estaduais e municipais e de acordos internacionais, que buscam preservar porções significativas dessa vegetação e que criaram possibilidades para a inserção e a manutenção da vegetação no tecido urbano e, por conseqüência, para que mais natureza permeie esse tecido. Comparando-se estudos realizados de 1911 a 2002 observa-se uma simplificação da composição da vegetação e uma grande redução na sua extensão, embora fragmentos significativos possam ser encontrados. A eficácia da legislação não foi ampla, mas pontual. Fatores de diferentes ordens, como estrutura e organização da Administração Pública inadequadas para a efetivação dos instrumentos de proteção e fomento adotados pela legislação; falta de capacitação para atividades específicas e falta de responsabilização por danos ao meio ambiente dos servidores públicos; conflitos oriundos de diferentes interpretações da legislação e falta de interesse da Administração Pública para sanar tais conflitos contribuem para a ineficácia da legislação. As evidências apontam, no entanto, que tais fatores são causas secundarias, a causa primeira para a não materialização plena das possibilidades de inserção e manutenção da vegetação no tecido urbano é o conflito com os interesses do setor imobiliário ou das frações desse setor comprometidas unicamente com o maior lucratividade dos seus empreendimentos. Os insucessos da proteção e do fomento da vegetação resultam de um embate desigual e mal sucedido com os interesses do setor imobiliário no processo de construção do espaço urbano. A desestruturação dos órgãos da Administração Pública e os conflitos entre esses órgãos não são casuais nem estão desconectados; são conseqüências da prevalência dos interesses do setor imobiliário, ou de frações deste, sobre os interesses públicos, que impedem a plena materialização das potencialidades da legislação de proteção e fomento da vegetação. 1 A Prof. Dra. Marisa Bitencourt, por ocasião da defesa desta tese, alertou para o uso indevido do termo mata de terra firme, restrito a formações vegetais da floresta amazônica.
2005
Carlos Alberto da Silva Filho
Geometrias simbólicas: espaço, arquitetura e tradição clássicas, estudo de história da teoria da arquitetura e do urbanismo
Escopo: estudo das implicacoes do processo de racionalizacao do espaco no transcurso dos seculos xvi ao xviii, sobre os principios da arquitetura e do urbanismo. Sumario: inquiricao dos principios esteticos do espaco matematico articulada com o estudo de diferentes ordens de - estesia metrica - (simetria antiga e moderna, proporcionalidade, dimensionamento e regularidade, rigorismo perspectivo etc). Atendo-se particularmente a literatura artistica, o trabalho historiciza persceptivas que, da renascenca as luzes, balizam a reflexao estetica sobre o espaco: symmetria, proportio, eurhythmia, analogia etc. Demarcando as significacoes em jogo na sintaxe espacial da forma (numerologia mistica, quantificacao etc.) E seus niveis diversos de interacao, a pesquisa revisa hipotese e paradigmas consolidados na historiografia
1995
Mario Henrique Simao D\'Agostino
A arquitetura de Álvaro Siza: três estudos de caso
Este estudo tenta compreender algumas das principais contribuições da obra de Álvaro Siza para a disciplina da Arquitetura. Observando que seus trabalhos não partem de regras preestabelecidas tampouco fixam uma linguagem, verifica que o sentido de sua arquitetura não deve ser compreendido dentro das classificações habituais. Recorre, então, aos próprios edifícios para reconhecer os termos para uma interpretação mais ampla e, a título de aproximação, analisa três de suas obras singulares - Casa de Chá da Boa Nova (1958-63), Banco Borges & Irmão III (1978-86) e Centro Galego de Arte Contemporânea (1988-93) - mediante diversas hipóteses de leitura: forma e programa, composição espacial e luz, estrutura e construção, etc. Considerando cada obra como parcela do próprio contexto, constata que é no confronto com a realidade da cultura e da sociedade como um processo de constantes mudanças, onde construção e destruição vão se justapondo ou sobrepondo através dos tempos, que Siza elabora seu método, (re)descobre modelos, (re)interpreta técnicas, assimila influências e acaba, com obras que contrariam a \"pureza\" que se acostumou esperar da arquitetura \"moderna\", sugerindo a possibilidade de uma continuidade criativa da história e até mesmo estabelecendo os limites de sua transformação.
2002
Luciano Margotto Soares
Arquitetura moderna e o alojamento universitário: leitura de projetos
Essa dissertação é composta por duas partes: a intitulada Arquitetura Moderna e o Alojamento Universitário, que é basicamente uma seqüência de análises sobre protótipos da Arquitetura Moderna e sobre alguns alojamentos universitários concebidos dentro do ideário similar; e a segunda parte, denominada Seleção de Textos sobre Arquitetura Moderna, que é o resultado de pesquisa sobre o conjunto das idéias que nortearam a Arquitetura Moderna, tendo servido de referência para as análises da primeira parte da dissertação. A Seleção de Textos sobre Arquitetura Moderna é apresentada subdividida em blocos, cujos temas foram identificados em manifestos, programas, depoimentos e obras teóricas. Dentre esses blocos temáticos podem ser citados: a arquitetura como expressão de sua época, a forma associada à função, a arquitetura a serviço de novas classes sociais, a industrialização na arquitetura, a continuidade espacial, e a inter-relação entre a arquitetura e o urbanismo. Na primeira parte da dissertação são comentados os projetos e os movimentos estéticos que configuraram a Arquitetura Moderna na Europa e nos Estados Unidos no período do final do século XIX até os anos vinte, inclusive, e a repercussão dessas idéias e modelos no Brasil a partir de 1930. Estão dispostos em blocos, de acordo com a natureza de sua contribuição à Arquitetura Moderna: I) Programa, II) Espaço, III) Formas proporções, materiais, cores, e IV) Técnica. Num quinto bloco são analisados os alojamentos universitários selecionados, buscando-se verificar em que medida estes sintetizam os princípios teóricos e o repertório concreto da Arquitetura Moderna.
1997
Neyde Angela Joppert Cabral
Fatores determinantes do retábulo e sua morfologia na Cidade do Salvador
A presente tese toma por base o contexto internacional em nível cognitivo, no qual se desenvolveu a História da Arte Brasileira nos primeiros séculos, com a intermediação lusitana. Procura identificar o processo interativo deslocado territorialmente, mas que, por isso mesmo, dadas as contingências locais, tornou possível novas interpretações e adaptações. A prática artística progressivamente se estabilizou no Brasil-Colônia a partir do século XVI, cumprindo o itinerário que encontra na mentalidade e no conhecimento do homem pós-renascentista a base que viria a orientar os séculos imediatamente subseqüentes. Portanto, a Reforma Católica refletiu a capacitação do sistema, conforme se tornara indispensável à organização social que, partindo do vínculo com a cultura preexistente do medievo ao Renascimento, instituísse os parâmetros que os renovados fatores requeriam. Estabeleceu-se um modelo de sociedade de conotação metafísicoteológica, e por conseqüência hierárquica, onde o culto religioso aglutinava os vários aspectos da sua estrutura. Distinguimos aí a íntima relação entre a \"ecclesia\" e a \"civitas\" pois a igreja e a cidade coordenavam de modo substancialmente unitário os diversos polos de interesse que por essa razão se tornam indissociáveis. A fundação da Cidade do Salvador, cabeça do Brasil, se configura como uma oportunidade única a serviço da compreensão de um contexto projetado e realizado como ponte interligando terras até então completamente desconhecidas entre si. Os primeiros capítulos buscam conseqüentemente traçar as diretrizes do vínculo existente entre a \"ecclesia\" e a \"civitas\" no qual se situa e se expressa o amadurecimento técnico VIII das formas de fazer, sempre no âmbito ao qual a pesquisa se direciona: o dos fatores determinantes do retábulo - produto de uma religiosidade já delineada no tempo. A Igreja, em direta conexão com o Estado português, assume ao lado deste a função de elemento dinamizador, concentrando em si, com maior relevo e as sucessivas construções realizadas, a concretização do esquema urbanístico previamente traçado. Torna-se, assim, principal incentivadora da formação profissionalizante com a importância especial que assume a construção e decoração dos templos. O pensamento teórico- prático e religioso formava um corpus unitário desde a capacitação advinda da metrópole. A execução do projeto de fundação da Cidade do Salvador evidencia na problemática construtiva a conexão com os vários aspectos do caráter rudimentar dos meios à disposição. A arquitetura, a concepção urbana e os retábulos das igrejas são constitutivos da atuação de conceitos transferidos e adaptados, porém, interligados pela necessidade de fixar no novo território d\'além mar a sede de um programa só realizável com o aperfeiçoamento técnico, quando não com a transferência do próprio material como a pedra lavrada a compor fachadas e portadas. Numerosos artesãos portugueses se transferiram para o Brasil. No ambiente franciscano instituiu-se uma verdadeira escola de realizadores, inclusive itinerante, para atender à demanda da Ordem particularmente no Nordeste. Entre os jesuítas, muitos dos artistas responsáveis pela igreja do Colégio, em Salvador, aprenderam o ofício na Companhia. Aprendizado este que teve porém como ponto de partida, necessariamente, a mão-de-obra importada e a contribuição fundamental de especialistas vindos do reino. No campo de atuação laica conclui-se que na Península Ibérica se reflete a valorização do artista pré-anunciada por Cennino Cennini e depois teorizada nos tratados de Leon Battista Alberti e Leonardo da Vinci, IX ganhando ulterior impulso na disputa sobre o \"Primado\" das artes. Mas, o artista fazendo parte de uma elite, nunca pôde prescindir dos \"oficiais mecânicos\" quando do \"conceito\" se passa à fase executiva. Permanece- lhes vinculado o universo da execução técnica. Os preceitos estabelecidos pela Contra-Reforma, tornam-se determinantes na mentalidade que orienta a criação artística; têm continuidade nos seus exegetas e encontram aplicação rigorosa nas \"Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia\". Enquanto que toda a formação da consciência construtiva tem por referência direta as concepções teóricas dos tratadistas cuja incidência revela-se determinante em todo o longo período analisado, justificando muitos dos aspectos da arquitetura e da talha barroca. A partir de indicações bibliográficas contidas na \"Literatura Artística\", obra de Julius von Schlosser Magnino, buscamos fornecer um quadro da repercussão a partir do século XVI das \"Medidas do Romano\" de Diego de Sagredo. O qual com uma série de normas não encontradas nos textos em geral e nem evidenciadas pelas ruínas, quer na Itália quer na Península Ibérica, organizou um tratado de grande difusão sobretudo entre os oficiais mecânicos. Publicada em sua primeira edição em Toledo, 1526, a obra que, conforme o seu título completo já o indica, pretende ser útil \"aos que querem acompanhar as formações das bases, colunas, capitéis e outras peças dos edifícios antigos\" - o tratado de Sagredo seria, conforme concluímos, produto da vontade de vir em socorro a um mundo artesanal perplexo, necessitando-se daquele vínculo com a arquitetura clássica que agora se articulava diversamente, inovando o vocabulário. Os altares do ambiente barroco, muitas vezes, são altares de transição, portanto, a explicação morfológica a eles referente não se enquadra em um esquema formal pré-determinado na sucessão dos estilos, conforme procuramos demonstrar. Escolhemos nos ocupar em primeiro lugar dos retábulos da atual Catedral da Sé, antiga igreja do Colégio dos Jesuítas, que documentam a evolução acontecida no referido contexto. Assim como os principais retábulos da igreja conventual de São Francisco nos indicam a contribuição franciscana e a Basílica da Conceição da Praia por ser uma igreja paroquial, representa o ambiente laico das irmandades religiosas. Destacando alguns tópicos da morfologia do retábulo em Salvador, podemos referir: - o conhecimento dos percursos evolutivos formais e dos trâmites de adesão a novo estilo; - os jesuítas e a evolução da arte da talha luso-brasileira; - os exemplares do maneirismo, ressaltando traços diferenciadores que assinalam a autonomia do retábulo; - o maneirismo de decoração geométrica e o de decoração naturalística; - o altar-mor de transição ao barroco e a passagem ao estilo nacional português nos altares laterais; - a estrutura arquitetônica contrareformista de espaço unitário e a inserção de altares barrocos; - o altar joanino e a influência do barroco italiano; - a \"igreja toda de ouro\" e a conciliação das diferentes fases do barroco; - a demonstração do estilo joanino e do retábulo joanino baiano.
2005
Antonio José Sapucaia de Faria Góis
Arquitetura de Museus
Como toda Dissertação de Mestrado este trabalho não visou chegar a nenhuma comprovação e sim a uma verificação dos requisitos básicos para a criação de um programa adequado dentro das necessidades básicas da nossa cidade na área de museus assim como da Arte Brasileira e suas manifestações artísticas, acarretando um aprofundamento no conhecimento da arquitetura de museus e da arquitetura como um todo, através de uma atualização das correntes arquitetônicas, das novas tecnologias, dos novos materiais e de um novo sistema museológico, evidenciando um novo papel do museu e da arquitetura de museu no mundo atual. Espero ter demonstrado, através dos trabalhos programados realizados entre 1994 e 1995 e da proposta de um museu para a exposição de arte contemporânea no segmento das instalações e propostas interativas realizado entre 1996 e 1997, o conhecimento adquirido e modestamente poder ter contribuído com o aprendizado nesta área. Assim a Dissertação intitulada \"Arquitetura de Museus\" foi dividida em duas partes: Pesquisa e Projeto. A Pesquisa denominada \"Arquitetura de Museus - A Produção Mundial Arquitetônica em Exposição\" foi dividida em quatro partes; 1. \'O Mundo dos Museus\' com uma abordagem evolutiva da história dos museus no mundo. 2. \'O Museu e seus Visitantes\' trata das relações do museu com seu usuário, as partes integrantes do museu e sua estruturação dentro de um programa proposto. 3. \'1970-1995\' apresenta um painel da produção mundial da arquitetura de museus e finalizando com a relação de 15 projetos divididos em 5 áreas, a saber; Reestruturação, Anexos e Ampliações, Projetos Completos, Galerias e projetos. 4. \'Conclusão\' visa salientar os pontos positivos subsequêntes desta corrida arquitetônica e evolução museológica observada nos últimos 25 anos, bem como suas causas. O Projeto derivou da constatação da necessidade de um museu para a cidade de São Paulo dentro dos padrões museológicos atuais e mundial, visando preencher uma lacuna existente no segmento das instalações e artes interativas como modo de expressão artística, além de um espaço urbano destinado à arte como um centro de atividades múltiplas, comerciais educacionais e de lazer. É muito importante destacar que o intuito, tanto da pesquisa como do projeto não foi, em momento nenhum, fixar um paradigma de museu. O que ocorreu, isto sim, foi a verificação da possibilidade de idealidade de um museu para com o seu programa, seu tema e seu caráter previamente propostos.
1998
Cristiana Serrão Casellato
\"Desenhando a bacia ambiental: subsídios para o planejamento das águas doces metropolitan(izad)as\".
O presente trabalho discute a gestão das águas doces metropolitanizadas brasileiras, tendo como áreas de atenção as Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte e São Paulo. É apresentada uma unidade para planejamento ambiental estratégico -- a bacia ambiental. Uma unidade de conformação morfológica dinâmica definida pelos indicadores sociais e ecológicos sob a premissa da sustentabilidade do desenvolvimento. Pretende-se uma participação diferenciada de todos os segmentos sociais no processo de gestão.