RCAAP Repository
Determinantes do consumo de pescado na população que freqüenta feiras livres do município de Santo André, SP
O objetivo deste estudo foi identificar os determinantes de consumo de peixe na população que freqüenta feiras livres do município de Santo André, SP. Foram entrevistadas 482 pessoas em 49 feiras-livres. Aplicou-se um questionário constituído de questões abertas, semi abertas e fechadas destinadas a identificação e avaliação das características sócio-econômicas, fatores que facilitam e dificultam o consumo de peixe e os aspectos considerados para avaliar o frescor do produto. Foi realizada análise descritiva dos dados e posteriormente foram aplicados testes para verificar associação e linearidade entre as variáveis com o consumo, com nível de significância de 5%. Os fatores que facilitam o consumo de peixe foram: renda, escolaridade completa, forma de apresentação do produto, aquisição em feiras livres, sabor, aparência, firmeza da carne e presença de crianças na família. Já os fatores que limitam o consumo foram: preço e espinhos. A perecibilidade, odor, etnia, proximidade dos pontos de venda da residência e do trabalho, sexo, idade, número de pessoas no lar e aquisição em supermercado não foram características que influenciaram a decisão de compra e consumo de peixe. Os aspectos considerados para avaliar o frescor do peixe foram predominantemente visuais.
2010
Juliana Parreira Vasconcellos
Genetic diversity of avian coronavirus infectious bronchitis detected from commercial poultry in Brazil
Infectious bronchitis virus (IBV) is the causative agent of an economically important disease of poultry. In Brazil this disease causes respiratory, renal and reproductive problems in birds of all ages, despite constant vaccination with the Massachusetts strain H120. This lack of immunological protection is known to be due the genetic variation in the spike glycoprotein of IBV, which is involved in host cell attachment, neutralization and the induction of protective immunity. Brazilian IBV variants resulting of this genetic variation are present since the 80s and this study aimed to epidemiologicaly analyze and molecularly characterize the existing variants during 2010-2015 and perform a bioinformatics analysis of the available sequences of IBV variants in a 40 year period. Of the 453 samples tested, 61.4% were positive for IBV and 75.9% of them were considered variants and were detected in birds of all ages, distributed in all five Brazilian regions. A fragment of 559-566 bp was obtained from 12 isolates, where BR-I was the predominant variant while only one isolate belonged to the BR-II genotype. Bioinformatics analysis of the sequences of 40 years of Brazilian IBV variants was performed and the ratio of non-synonymous substitutions per non-synonymous site (dn) to synonymous substitutions per synonymous site (ds) dN/dS was calculated. It revealed a predominance of codons with non-synonymous substitutions in the first third of the S1 gene and a dN/dS ratio of 0.6757, indicating that this portion of the gene was under negative selection. Additionally prediction of N-glycosilation sites showed that most of the BR-I variants (from 2003 to early 2014) present an extra site at animoacid position 20, while the newest ones lack this feature.Together these results suggest that IBV Brazilian variants had probably suffered drastic mutations in some points between the years 1983 to 2003 and after achieving an antigenic structure effective enough for invasion and replication in their hosts, the selection processes became silent.
2015
Claudia Carranza Chamorro
Pesquisa de coliformes totais, fecais e Salmonella spp em tilápias de pesqueiros da região metropolitana de São Paulo
A principal fonte de escoamento da piscicultura no Brasil, são os pesqueiros comerciais (\"pesque-pagues\"), que recebem cerca de 90% da produção. A tilápia é um dos peixes mais utilizados nestas criações dado a sua rusticidade, fácil manejo, alto rendimento e grande aceitação. É inegável a contribuição que os pesqueiros trazem para a atividade, pois propiciam, além do lazer, uma divulgação do produto, aumento do consumo e até mudanças nos hábitos alimentares. Porém, com a internacionalização dos hábitos alimentares, pratos com peixes crus, típicos da culinária japonesa, tem sido servidos ao consumo nos pesqueiros sem qualquer controle sanitário ou inspeção veterinária. Estes peixes podem contrair uma variada gama de microrganismos em águas poluídas por contaminação fecal tornando o pescado um importante veiculador de agentes patogênicos responsáveis por diversas doenças no homem. O crescimento desordenado deste segmento, oferece portanto, produtos de qualidade duvidosa colocando em risco a saúde do consumidor, sendo indispensável desenvolver o setor buscando a qualidade e segurança do pescado produzido. O presente trabalho pesquisou coliformes totais, fecais e Salmonella spp em tilápias (Oreochromis spp) em 30 pesqueiros da região metropolitana de São Paulo. Foram analisados 180 peixes na época seca e fria, entre os meses de setembro e outubro de 2001; e 180 peixes na época chuvosa e quente, entre fevereiro e março de 2002. Os resultados revelaram que 70% dos pesqueiros estudados apresentaram coliformes fecais e/ou Salmonella spp em desacordo com a legislação, sendo que 63,3% dos pesqueiros apresentaram coliformes fecais, em níveis acima do permitido pela legislação e 20% a presença de Salmonella spp, independentemente do período do ano estudado. Conclui-se portanto que nos pesqueiros estudados foram encontrados peixes contaminados por coliformes fecais e Salmonella spp, com valores em desacordo com a legislação, estando impróprios para o consumo humano direto.
Dinâmica populacional canina no Município de Ibiúna-SP: estudo retrospectivo de 1998 a 2002 referente a animais recolhidos, eutanasiados e adotados
O trabalho foi um estudo retrospectivo da dinâmica populacional canina no Município de Ibiúna no período de 1998 a 2002, onde se objetivou avaliar esta dinâmica populacional em termos de animais recolhidos, eutanasiados e adotados, e sua influência nesta população. Utilizaram-se na análise de dados, informações do Departamento de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Ibiúna -SP. Para informações dos animais adotados foi elaborado um questionário onde foram entrevistados cento e oitenta e seis proprietários de outubro de 2002 a abril de 2003, que adotaram cães no período estudado. Os resultados mostraram que o número de cães recolhidos foi progressivo a cada ano estudado, bem como os animais eliminados. A eutanásia e o recolhimento de cães não foram mecanismos eficientes de controle populacional canino. A razão cão/habitante foi crescente, e esta relação média nos últimos cinco anos foi de 1:3,77. A adoção de cães não resolveu o problema do abandono desses animais. Há necessidade de implantação de medidas de controle populacional mais abrangentes.
2003
Francisco Rafael Martins Soto
Detecção e genotipagem de astrovírus em amostras fecais de aves de produção procedentes de diferentes criações comerciais brasileiras
Os astrovírus são agentes virais associados com enteropatias e infecções extra-intestinais em aves, ocasionando prejuízos no desenvolvimento produtivo e saúde animal. Porém, são escassos os estudos no Brasil que visem a detecção e caracterização deste vírus com maior amplitude. Nesse contexto, detectaram-se e caracterizaram-se cepas de astrovírus a partir de 60 amostras fecais de aves procedentes de diferentes criações comerciais brasileiras (postura, corte e matrizes), mediante o emprego de uma reação PanAstrovírus como triagem inicial, que consistiu numa reação de RT-hemi-nested-PCR, visando a amplificação e posterior sequenciamento de um segmento parcial do gene RdRp (RNA polimerase dependente de RNA) do gene ORF1b, uma região gênica conservada entre todos os astrovírus. Subsequentemente, nas amostras positivas na triagem, realizou-se a amplificação, clonagem e sequenciamento do gene ORF2 codificante do capsídeo viral, analisado mediante análise filogenética. Os dados obtidos demonstraram uma frequência de infecção por astrovírus em 48,3% (29/60) das amostras analisadas. As espécies virais detectadas foram as seguintes: Avastrovírus 2 (Avian Nephritis Virus, ANV) em 72,4% (21/29), Chicken Astrovírus (CAstV) em 6,8% (2/29) e Avastrovírus 1 (Turkey Astrovírus tipo 1, TAstV-1) em 20,8% (6/29) das amostras positivas. O sequenciamento total do gene ORF2 foi possível em oito amostras (8/21) positivas a ANV, em uma amostra (1/6) positiva a TAstV-1 e uma amostra (1/2) positiva para CAstV. A análise deste gene revelou, nas sequências ANV, a presença de três genótipos bem diferenciados, segundo critérios do Astroviridae Study Group, sendo que um deles, agrupou-se dentro do genótipo 5. Além disso, quando analisado com sequências procedentes de outras regiões, as sequências deste estudo formaram seis clusters, dois deles, relacionados com sequências procedentes de Austrália e Reino Unido. O análise do ORF2 em CAstV, revelou também um agrupamento com cepas procedentes do Reino Unido. Já o análise da ORF2 de TAstV-1, revelou divergência genética com cepas isoladas em Estados Unidos, que foram as únicas sequências disponíveis no GenBank. O presente estudo traz a luz vários dados epidemiológicos concernentes aos astrovírus aviário de origem brasileira o que permitirá a realização de outros estudos relacionados a epidemiologia deste vírus, seus possíveis riscos potenciais em saúde pública e a adoção de medidas de controle direcionadas a este agente
2016
Luis Ramiro Luna Espinoza
Sorodiagnóstico, isolamento e genotipagem de Toxoplasma gondii e investigação molecular de outros protozoários pertencentes à família Sarcocystidae em morcegos do estado de São Paulo
Os trabalhos existentes sobre protozoários pertencentes à família Sarcocystidae em morcegos são escassos e desatualizados. No Brasil, a ocorrência de Toxoplasma gondii é bem documentada nas espécies domésticas e no Homem, existindo relatos em diversos hospedeiros selvagens. Mundialmente, existe um grande interesse no conhecimento da variedade genética de T. gondii realizada por meio da Reação em Cadeia pela Polimerase Polimorfismo de Comprimento de Fragmentos de DNA gerados por Enzimas de Restrição (PCR-RFLP). No presente trabalho, objetivou-se pesquisar a frequência de ocorrência de anticorpos anti-T. gondii, isolar e caracterizar molecularmente T. gondii e investigar a presença de coccídios da família Sarcocystidae em morcegos de vida livre no estado de São Paulo. Um total de 1921 morcegos, provenientes de 15 municípios do estado de São Paulo, foi examinado durante o período de março de 2010 a março de 2011. Obteve-se 14,89% (28/188) de positividade para T. gondii na Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI ≥ 16) e 18,61% (35/188) no Teste de Aglutinação Modificado (MAT ≥ 25), com baixa concordância entre as técnicas utilizando o índice Kappa (K=0,046). De um total de 282 bioensaios em camundongos, foram obtidos dois isolados, sendo TgBatBr1 proveniente de Molossus molossus, insetívoro, macho e adulto, e TgBatBr2 proveniente de Desmodus rotundus, hematófago, macho e adulto, ambos causando 100% de mortalidade em camundongos. A genotipagem dos isolados e das amostras primárias de morcegos positivas para T. gondii foi feita por meio da PCR-RFLP com os marcadores SAG1, 5\'3\'SAG2, SAG3, BTUB, GRA6, alt. SAG2, c22-8, c29-2, PK1, Apico, L358 e CS3, revelando os genótipos ToxoDB-RFLP #162 e #19, respectivamente, para os isolados TgBatBr1 e TgBatBr2. Para a investigação molecular dos sarcocistídeos foram utilizados primers que amplificam a região 18S do DNA ribossomal e as amostras positivas foram sequenciadas. A análise de sequências pôde ser realizada em 48 das amostras positivas para Sarcocystidae, encontrando-se 100% de identidade com T. gondii em quatro morcegos e também 100% de identidade com Neospora caninum, Hammondia hammondi, Cystoisospora ohioensis e Frenkelia glareoli em um morcego, respectivamente. Outras 39 amostras apresentaram identidade de 94-98% com outros sarcocistídeos e, provavelmente, devem ser novas espécies. Foi possível a genotipagem de amostras primárias positivas para T. gondii de um morcego insetívoro (Eumops glaucinus), correspondendo ao genótipo #69 e de outro morcego insetívoro (E. glaucinus), apresentando o genótipo #6, que corresponde ao Tipo BrI. Há uma necessidade de se investigar a importância dos morcegos como reservatórios de doenças infecciosas, podendo-se sugerir a inclusão do diagnóstico de T. gondii como diferencial para raiva. Ressalta-se também a importância do compartilhamento dos genótipos de T. gondii dos morcegos com hospedeiros terrestres e dos estudos sobre sarcocistídeos em morcegos, a fim de compreender melhor as relações parasita-hospedeiro.
Um estudo sobre a diversidade molecular dos genes S e HE de Coronavírus bovino (BCoV)
Coronavírus bovino (BCoV) é o agente causador de doença, tanto entérica como respiratória em bovinos, mas até agora existem controvérsias sobre a relação genealógica entre as amostras de BCoV em diferentes tecidos. Neste estudo, amostras de fezes e secreções nasais de 14 vacas de um mesmo rebanho apresentando simultaneamente disenteria epizoótica e doença respiratória foram estudados quanto a presença de BCoV. As amostras virais detectadas tiveram tanto o gene de espícula (S) como o gene hemaglutinina-esterase (HE) parcialmente sequenciados. Para o gene HE, foram obtidas 12 sequências de secreções nasais e 12 de amostras de fezes e para o gene S, foram obtidas 14 sequências de secreções nasais e 12 de amostras de fezes, com 100% de identidade nucleotídica para cada gene para as amostras deste estudo. Estes resultados apresentam algumas divergências com estudos anteriores os quais relatam que linhagens diferentes de BCoV podem ser esperados em casos de disenteria e doença respiratória em vacas, pois linhagens com sequências idênticas dos genes S e HE podem não mostrar diferenças em relação tropismo pelos diferentes tecidos. Sequências completas de duas amostras brasileiras de BCoV mostram que o já descrito padrão filogeográfico baseado no sequenciamento do gene S parcial foi mantido, foram encontradas substituições de aminoácidos específicos.
2013
Sibele Pinheiro de Souza
Chigger mites of Brazilian birds: morphological studies and investigation of the presence of associated pathogens
Brazil has 63 species of chiggers parasitizing different groups of animals. And of these, only 8 species were reported to birds, and one belongs to the genus Apolonia, two from Blankaartia, two from Eutrombicula, one from Neoschoengastia, and two from Parasecia. These mites’ larvae can cause deep and itchy lesions at the bite side, with to intense skin reactions in the host, causing dermatitis popularly known as thrombiculiasis. In several countries, public health departments faced the need for cataloging and knowledge of these mites’ biology as they are considered potential vectors of pathogens. In Brazil, cases of Brazilian Spotted Fever (FMB) diagnosed in São Paulo were associated with these mites because they were found in the disease’s outbreaks. However, its role in the epidemiology of pathogens has not been confirmed. In this study, a type catalog of the UNSM collection was prepared to contain about 1,026 type species. Six species were redescribed, and microscopy images were provided to assist in the description of these species. New locality records and host associations were provided for species B. sinnamaryi, E. alfreddugesi, E. batatas, E. goeldii and E. tinami. Five new species of the genus Eutrombicula have been described. The species E. butatantensis has been re-established as a valid species, and E. ophidica is being synonymized with E. butantanensis. Finally, two different strains of Rickettsia sp. were detected in B. sinnamaryi and E. tinami parasitizing birds in Brazil.
Perfil eletroforético de rotavírus em amostras fecais diarréicas e após isolamento em cultura de células da linhagem MA104
No presente estudo foi analisado o perfil eletroforético de 15 amostras de rotavírus, sendo 11 de bezerros, 02 de leitões e 02 de criança, que foram cultivadas até a sexta passagem em células da linhagem MA104, com o monitoramento realizado pela técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE). O objetivo foi comparar o perfil eletroforético de amostras fecais e após o isolamento As amostras leitões não revelaram mudanças de migração aparente, mas uma amostra apresentou um segmento adicional entre os segmentos 5 e 6, tanto no material anterior ao cultivo, quanto na amostra isolada. Em relação as amostras de crianças, uma apresentou diferença na velocidade de migração eletroforética. Além disso, uma amostra de bezerro apresentou um segmento adicional entre os segmentos 5 e 6. Estes dados ressaltam a importância da PAGE como uma técnica de triagem de amostras, que podem, posteriormente serem analisadas por técnicas moleculares mais especificas. As mudanças de comportamento na migração eletroforética dos segmentos genômicos do RNA viral podem ser sugestivas de alteração nas propriedades antigênicas, além do fato de que mudanças que ocorreram in vitro poderão, também, ocorrer in vivo.
2006
Thais Lourenço Ferreira
Indução de mutação por uma substância química em cepas de Escherichia coli para a atenuação e o desenvolvimento de vacina contra a colibacilose aviária
A colibacilose aviária caracteriza-se como uma infecção extra-intestinal secundária a outros agentes. É responsável por grandes perdas econômicas na criação de aves comerciais, sendo sua prevenção fundamental para minimizar prejuízos. O objetivo deste estudo foi atenuar cepas virulentas de Escherichia coli aviárias, por indução de mutagênese química. Foram selecionadas nove (09) cepas pertencentes à coleção de cultura do Laboratório de Ornitopatologia da FMVZ-USP. Todas as cepas estudadas foram resistentes à eritromicina, lincomicina, oxaciclina, penicilina, tiamulina e tilmicosin e sensíveis ao ácido nalidíxico, cloranfenicol, ciprofloxacina, colistina, enrofloxacina, florfenicol e gentamicina. Ocorreram resistências nas amostras analisadas de 33,33%, 22,22%, 11,11%, 55,55%, 66,66%, 77,77%, 33,33%, 22,22%, 22,22% e 33,33%, respectivamente, a amoxacilina, a ampicilina, a doxaciclina, a espectiomicina, a estreptomicina, a lincomicina-espectiomicina, a neomicina, a rifampicina, a tetraciclina e ao trimetropin-sulfa. Induziu-se resistência a estreptomicina ou rifampicina ou ácido nalidíxico como marcadores. Não houve o desenvolvimento de resistências a outros antimicrobianos testados, após a exposição a substância mutagênica. Os resultados da amplificação dos genes por PCR, mostraram que todas as cepas foram negativas para papC, cnf e astA e todas foram positivas para iuc e irp2. Duas cepas foram positivas para os genes vat, cinco para iss, quatro para o gene tsh, uma para cvi/cva, duas para sfaI e uma para astA. Após o uso da substância mutagênica duas cepas apresentaram reações negativas para os genes tsh, cvi/cva e sfaI e uma cepa para o gene astA. No teste de AFLP verificaram-se diferenças em similaridade de bandas em oito (08) das nove (09) cepas, quando comparadas com a amostra tratada com a substância mutagênica, sendo que este indice variou de 40% a 96,3%. Embora no teste de patogenicidade em pintinhos de um dia de idade não tenha ocorrido diferenças significativas na mortalidade nos diferentes grupos estudados, houve alteração de patogenicidade em cinco cepas expostas à substância mutagênica. Ocorreram reduções significativas em relação ao escore de lesões quando os grupos foram comparados (p<0,05), indicando atenuação pela substância mutagênica.
Ácaros trombiculídeos (Trombidiformes: Trombiculidae) de pequenos mamíferos dos estados de São Paulo e Paraná: estudos morfológicos e investigação da presença de Rickettsia
Para o Brasil foram reportadas 53 espécies de ácaros trombiculídeos. Destas, 5 espécies parasitam anfíbios, 6 espécies parasitam aves, 4 espécies parasitam répteis, 25 espécies parasitam roedores, 8 espécies parasitam marsupiais e 12 espécies parasitam outros mamíferos (incluindo humanos). Assim que os primeiros casos de Febre Maculosa Brasileira (FMB) foram diagnosticados em São Paulo nos anos 30, os ácaros hematófagos, como os trombiculídeos, foram sugeridos como potenciais vetores. No entanto, o papel desses ácaros na epidemiologia da riquetsiose não foi confirmado. Dessa forma, a situação fragmentária dos registros de ocorrência dos trombiculídeos, sua complexidade taxonômica e a escassez de informações sobre sua participação na epidemiologia de riquétsias, foram os principais motivos que levaram à proposição do presente estudo. Com isso, os ácaros que estão depositados nas coleções acarológicas do Instituto Butantan (IBSP), do Museu de Zoologia da USP (MZUSP) e da FIOCRUZ (CAVAIS-IOC), foram examinados e identificados. Igualmente, aqueles obtidos de roedores e marsupiais coletados em algumas localidades do estado de São Paulo e Paraná foram também identificados, bem como, investigados para a presença de Rickettsia spp. No total, foram identificadas as espécies Arisocerus hertigi, Eutrombicula sp. n., Kymocta brasiliensis, Quadraseta azulae, Q. brasiliensis, Q. mackenziei, Q. mirandae e Trombewingia bakeri. Além do encontro da nova espécie de Eutrombicula sp. n., foi ainda constatado que E. butantanensis e E. alfreddugesi são espécies distintas. As espécies Q. azulae, Q mackenziei e Q. mirandae, são assinaladas pela primeira vez no país. Com excessão de Q. brasiliensis em M. americana, todos os hospedeiros são novos registros para as espécies de ácaros examinados, bem como todas as localidades são novos registros de ocorrência. Assim, o número de espécies de trombiculídeos no Brasil aumentou para 59. Os ácaros investigados para Rickettia foram também preservados em lâminas, como testemunhos. Entretanto, nos espécimes analisados, a presença da bactéria não foi detectada.
2015
Fernando de Castro Jacinavicius
Xenodiagnóstico em gatos domésticos (Felis catus) naturalmente infectados por Leishmania infantum
O papel dos gatos na transmissão de leishmaniose visceral (LV) tem ganhado espaço desde a primeira evidência da transmissibilidade de Leishmania infantum para flebotomíneos através de xenodiagnóstico. Com o objetivo de ampliar os estudos sobre o papel destes animais no ciclo de transmissão da LV em áreas urbanas, quatro gatos naturalmente infectados por L. infantum, diagnosticados através de RIFI, ELISA e PCR com sequenciamento 100% compatível com L. infantum, foram avaliados quanto à presença de sinais clínicos e alterações hematológicas e submetidos a xenodiagnóstico. Dos quatro animais positivos, todos apresentavam sinais clínicos compatíveis com a doença e alterações hematológicas, três apresentaram parasitológico positivo, com a presença de amastigotas em medula óssea e/ou linfonodo. Um total de 203 flebotomíneos foram expostos para alimentação nos 4 gatos, resultando em 100% das fêmeas ingurgitadas. Ensaios parasitológico e molecular foram realizados para avaliar a presença de L. infantum no intestino dos flebotomíneos. Dez fêmeas de Lu. longipalpis (4,9%) foram positivas no ensaio parasitológico de um dos gatos e 17 (8,4%) fêmeas alimentadas em dois gatos resultaram na amplificação de DNA de L. infantum, o que evidencia que gatos naturalmente infectados são competentes em transmitir L. infantum ao vetor.
Uso do geoprocessamento na identificação de áreas de risco para infestação humana pelo Amblyomma cajennense (Acari: Ixodidae) no Município de Piracicaba, SP
Utilizou-se técnicas de geoprocessamento e imagens geradas pelo Sistema Landsat 7 - ETM+, para identificar áreas favoráveis ao crescimento das populações de Amblyomma cajennense e, conseqüentemente, o risco de infestação humana pelo carrapato no Município de Piracicaba, São Paulo, Brasil. As imagens de satélite permitiram determinar os valores de temperatura e do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) que, em associação com as variáveis, densidade de eqüinos e modelo preditivo de distribuição de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), foram utilizadas para construir um modelo de risco multivariado identificando assim áreas favoráveis ao crescimento de populações do carrapato. Verificou-se que a população humana exposta às regiões altamente desfavoráveis ou desfavoráveis ao crescimento de populações de A. cajennense é de, no mínimo, 70,14% podendo chegar a 96,16%. Por outro lado, de 0,04% a 15,23% da população está exposta a áreas favoráveis ou altamente favoráveis ao longo do ano.
2006
Patricia Marques Ferreira
Análise descritiva quantitativa (ADQ) e teste de aceitabilidade na avaliação do frescor da tainha (Mugil Liza, Valenciennes, 1836)
Diante da importância que o pescado representa como fonte de alimento, e do potencial do Brasil na produção deste, faz-se importante a determinação de métodos de análise que possam fornecer informações seguras sobre seu grau de frescor e que sejam aplicáveis à rotina de inspeção desses produtos. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar sensorialmente a tainha (Mugil liza) comercializada na CEAGESP de São Paulo, através da Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) e teste de Aceitabilidade, além de determinar os parâmetros sensoriais que podem ser utilizados na avaliação de frescor deste pescado. Através da ADQ, os resultados mostraram que os principais atributos que correlacionam com a avaliação global do frescor foram \"pigmentação característica\", \"delineamento da pupila\" e \"odor característico\", o que indica que estas são características importantes a serem utilizadas para avaliação de frescor de tainha. Entretanto, para os consumidores, os atributos \"aparência\", \"aroma\" e \"firmeza\" são os mais importantes na caracterização de frescor desta espécie. Os dados da ADQ e do teste de aceitabilidade não se correlacionaram significativamente, desta forma, a análise sensorial pode ser uma ferramenta muito útil na avaliação de frescor, desde que utilizado uma equipe previamente treinada.
Padronização de uma Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) para detecção do herpesvírus equino tipo 1 em tecidos incluídos em parafina
O Herpesvírus equino tipo -1 (EHV-1) pertence ao gênero Varicellovírus da subfamília Alphaherpesvirinae pertencente à Família Herpesviridae. É um vírus envelopado, de DNA linear fita dupla, composto por 76 genes distintos. O EHV-1 é responsável por grandes prejuízos econômicos na equinocultura mundial. Responsável por doença neonatal fatal, mieloencefalopatia, rinopneumonite e abortamento, encontra-se amplamente distribuído pela população equina do território nacional. O objetivo do presente estudo foi o de padronizar uma reação em cadeia pela polimerase (PCR) para detecção do EHV-1 em tecidos incluídos em parafina a fim de permitir estudos retrospectivos em arquivos de amostras histopatológicas. Assim, foram inoculados experimentalmente 12 camundongos com 21 dias de idade da linhagem CH3/Rockfeller com três diferentes isolados de EHV-1, dois provenientes da Argentina e um do Brasil. Esses animais foram observados por quatro dias e, após sacrifício por sobre dose de uma associação de ketamina e xilazina, foram submetidos à necropsia e colhidos o pulmão e sistema nervoso central (SNC). Os órgãos colhidos foram divididos em duas partes aproximadamente iguais: uma mantida a -20ºC até processamento e a outra fixada em formalina 10% tamponada e posteriormente incluída em parafina. A extração foi realizada com nove fragmentos contínuos de 4µm cada, a partir do protocolo de extração com proteinase K/ fenol/ clorofórmio. Foi realizada avaliação da sensibilidade analítica da PCR com oito diluições na base 10 para os três isolados utilizados. A amplificação do DNA viral foi realizada utilizando primers direcionados para a ORF64. A fim de descartar a eventual presença de inibidores da reação de PCR e assegurar a adequada extração de DNA, foram incluídos primers direcionados para o gene da beta-actina. A PCR mostrou-se capaz de amplificar DNA viral alvo numa diluição de até 10-5, sendo positiva entre 10-1 a 10-2 DICT50/25µL. Com a PCR padronizada, foi possível detectar o DNA do EHV-1 em: a) 100% (12/12) das amostras de pulmão congeladas e 100% (12/12) das amostras de pulmão incluídas em parafina; b) em 91% (11/12) das amostras de SNC congeladas e 41% (5/12) das amostras de SNC incluídas em parafina. A aplicação da PCR padronizada em uma coleção de amostras incluídas em parafina do Laboratório de Anatomia Patológica do IB/SP, colhidas de cinco casos de abortamento em equinos, revelou que o DNA do EHV-1 foi detectado em: a) um caso em que originalmente foi possível isolar o EHV-1; b) em 4/4 amostras que revelaram-se originalmente negativas. Com base nos resultados obtidos, foi possível concluir que a PCR padronizada teve bom desempenho na detecção de DNA viral em amostras incluídas em parafina de animais experimentalmente infectados e, provavelmente, uma sensibilidade diagnóstica mais elevada que os métodos utilizados para o diagnóstico do EHV-1 na coleção de amostras de equino testada.
2011
Camila Oliveira do Prado
Ocorrência de anticorpos contra o EHV dos tipos 1 e 4 em animais vacinados e não vacinados do Estado de São Paulo
Os herpesvírus equinos do tipo 1 (EHV-1) e do tipo 4 (EHV-4) são considerados os principais agentes infecciosos para a espécie equina. Dentre as doenças causadas por estes agentes, destacam-se a rinopneumonite em animais jovens, o abortamento em fêmeas no terço final da gestação, a mortalidade perinatal em potros e a mieloencefalopatia. Estudos anteriores relatam ampla disseminação do EHV-1 na população eqüina no Estado de São Paulo, entretanto a ocorrência de infecção pelo EHV-4 não possui registro. Devido à similaridade antigênica entre os dois tipos virais, a diferenciação pelos métodos de sorodiagnóstico tradicionais, como a Soroneutralização e a Reação de Fixação de Complemento, não é possível. Assim, este trabalho avaliou, pela primeira vez no Estado de São Paulo, através de um teste de ELISA indireto que emprega uma região da glicoproteína G para diferenciar o EHV-1 do EHV-4 (iELISAgG),a presença de anticorpos específicos para os dois tipos de herpesvírus equino em 512 animais de 20 municípios de 8 mesoregiões do Estado de São Paulo, dentre equinos, muares e asininos, de ambos os sexos, diferentes faixas etárias, vacinados e não vacinados. As mesmas amostras foram testadas para o EHV através do teste de soroneutralização, tradicionalmente empregado para a pesquisa de anticorpos contra o vírus. Os resultados obtidos com a soroneutralização revelam 205/512 (40,03%) animais soropositivos. Através do teste de ELISA obteve-se 3/512 (0,59%) animais positivos para o EHV-1, 347/512 (67,77%) animais positivos para o EHV-4 e 108/512 (21,09%) animais positivos para ambos. O grupo de animais não vacinados apresentou 127/352 (36,07%) soropositivos pelo teste de soroneutralização; enquanto 4/352 (1,14%) foram positivos para o EHV-1, 237/352 (67,33%) foram positivos para o EHV-4 e 69/352 (19,6%) foram positivos para ambos, pelo teste de ELISA. O grupo de animais vacinados apresentou 78/160 (48,75%) soropositivos pelo teste de soroneutralização; enquanto 1/160 (0,63%) foram positivos para o EHV-1, 112/160 (70%) foram positivos para o EHV-4 e 37/160 (23,13%) foram positivos para ambos, pelo teste de ELISA. Os resultados sugerem baixa circulação de EHV-1 e alta circulação de EHV-4, de acordo com os resultados encontrados nos animais não vacinados. A análise de correlação entre os dois testes empregados mostrou baixa concordância.
Comparação entre meios de cultura e condições de incubação para o primo isolamento de Mycobacterium bovis de bovinos brasileiros
Considerando que os meios de cultura e as condições de incubação são os principais fatores para o sucesso do primo isolamento, além do método de descontaminação, quatro meios de cultura e três condições de incubação foram investigados. Noventa e sete amostras de lesões granulomatosas foram submetidas ao método de descontaminação com cloreto de 1-hexadecilpiridinio (HPC) a 1,5%, e semeadas em dois meios a base de ovo, Stonebrink e Löwenstein-Jensen com piruvato de sódio, e em dois meios a base de ágar, B83 e Middlebrook 7H11. Cada meio foi incubado a 37ºC por 90 dias em três condições de incubação, atmosfera com 10% de CO2, atmosfera normal e atmosfera com suposta tensão de CO2 obtida pela queima do algodão hidrófobo e fechamento do tubo com rolha de cortiça. O tipo de condição de incubação utilizado teve influência nos meios a base de ovo apenas no inicio da incubação (30 dias), mas nenhuma nos meios a base de ágar. A incubação em atmosfera com 10% de CO2 diminuiu o tempo de aparecimento da primeira colônia e aumentou o número de UFC. O meio B83 foi mais rápido no aparecimento das colônias e teve o maior sucesso de isolamento aos 30 dias, mas não houve diferença com os meios Stonebrink e Löwenstein-Jensen com piruvato, no sucesso de isolamento e número de UFC aos 60 e 90 dias. De acordo com os dados, em sete oportunidades houve isolamento de M. bovis apenas no meio de Stonebrink e em quatro apenas no B83, assim, sugere-se a utilização desses dois meios de cultura em paralelo, incubados em atmosfera com acréscimo de CO2
Pesquisa de Mycobacterium spp. em queijos minas meia cura obtidos em feiras-livres da cidade de São Paulo
O gênero Mycobacterium spp. compreende microrganismos saprófitas e patogênicos de interesse em saúde animal e humana. A espécie M. bovis, que causa tuberculose nos animais, é excretada através do leite de bovinos infectados e tem no consumo de leite cru e seus derivados uma importante via de transmissão para o homem, causando uma doença tão grave quanto à causada pelo M. tuberculosis. Como a doença nos animais é endêmica no Brasil e o queijo minas meia cura é normalmente fabricado com leite cru e muito apreciado pelo consumidor paulistano, amostras desse produto, obtidas em feiras-livres, foram analisadas quanto à ocorrência de micobactérias. As amostras foram descontaminadas pelo método HPC 1,5%, semeadas em meio Stonebrink-Leslie (incubadas a 37ºC/90 dias) e as colônias suspeitas, submetidas à reação de PCR TB multiplex e sequenciamento nucleotídico. Em 12% das amostras (16/133) foram isoladas 26 colônias de Mycobacterium spp., tendo sido identificadas 6 espécies, todas ambientais: Mycobacterium fortuitum, M. confluentis, M. elephantis, M. novocastrense, M. sphagni e M. arupense; 7 isolados, no entanto, permaneceram sem caracterização quanto à espécie. O M. fortuitum é um patógeno oportunista importante em saúde pública, sem que haja, entretanto, evidências de transmissão alimentar; o M. novocastrense, M. arupense e M. elephantis também têm sido consideradas espécies com potencial patogênico ao ser humano. Os resultados sugerem, tal como era esperado, que a frequência e a carga inicial de M. bovis em queijo Minas meia cura sejam baixas, mas se deve considerar que a metodologia empregada, por falta de outra específica, não privilegia a detecção em cenário de baixa carga inicial do agente acompanhada por alta carga contaminante. Sugerem também a necessidade de se avaliar a importância da transmissão alimentar de micobactérias não tuberculosas, especialmente para indivíduos imunossuprimidos.
2013
Patrícia Rossi Moriconi
Diversidade, isolamento e filogenia de parasitas do gênero Trypanosoma em vertebrados silvestres da ilha pluvial e Estação Ecológica de Pirapitinga, Minas Gerais
As espécies do gênero Trypanosoma parasitam vertebrados de todas as classes (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e possuem ciclos de vida com alternância entre vertebrados e invertebrados. A maioria das espécies se desenvolve em artrópodes hematófagos, que podem pertencer a diversas ordens e famílias. A maioria das espécies não é patogênica, T. cruzi é a única espécie patogênica para o homem nas Américas. Estudos realizados com algumas espécies de tripanossomas apontam uma grande complexidade do ciclo silvestre. Ressalta-se o fato que existam poucos trabalhos realizados no estado de Minas Gerais em animais silvestres. Até o momento, poucos estudos avaliaram os pequenos mamíferos terrestres e morcegos como reservatórios silvestres destes parasitas neste estado, com ausência de estudos com outros grupos de vertebrados. O presente projeto tem por objetivo principal, o conhecimento da diversidade de parasitas do gênero Trypanosoma em animais silvestres da ilha pluvial e Estação ecológica de Pirapitinga, Minas Gerais através do isolamento, caracterização molecular e estudos filogenéticos com marcadores tradicionais. Foram realizadas duas campanhas de captura nos meses de outubro de 2013 e março de 2014 totalizando 183 pequenos mamíferos terrestres, de 12 espécies pertencentes, a três diferentes Ordens (Calomys callosus, Cerradomys subflavus, Rhipidomys sp., Akodon sp., Hylaemys megacephalus, Delomys sp., Oligoryzomys sp., Didelphis albiventris, Micoreus sp., Gracilinanus agilis, Monodelphis domestica e Cabassous unicinctus, a espécie mais abundante foi Calomys sp, capturados com pitfalls e Shermann. Foram capturados 57 indivíduos de morcegos, com o auxilio de redes de neblina, de seis diferentes espécies (Glossophaga soricina, Artibeus sp., Platyrrhinus sp., Noctilio albiventris, Myotis sp., Choeronicus minor), a espécie mais abundante foi Glossophaga soricina. Todos os quirópteros foram negativos para tripanossomatídeos e dentre os pequenos mamíferos somente oito exemplares da espécie Monodelphis domestica foram positivas para o parasita, porém foram estabelecidas nove culturas (um dos animais estava parasitado por duas espécies de tripanossomas). Os isolados de M. domestica foram identificados como T. cruzi e uma nova espécie com morfologia distinta, mas agrupada nas filogenias com SSU rDNA e gGAPDH no Clado Lagartos/ Cobras. Esta nova espécie foi denominada T. gennarii. Os anuros e répteis foram capturados através de busca ativa e foram capturados 14 indivíduos de repteis pertencentes a 6 espécies e 88 indivíduos de anuros pertencentes a 4 espécies. Do total de anuros capturados 7 (7,95%) apresentaram hemocultura positivas e 2 (2,27%) de Leptodactylus latrans foram estabelecidas e criopreservadas com morfologia compatível a parasitas do gênero Trypanosoma. Filogenias baseadas em SSU rDNA segregou os isolados do Cerrado em um novo grupo denominado AN05 e a inclusão destes isolados evidenciaram um outro grupo, AN06 compostos de isolados obtidos de flebotomíneos.
2015
Juliana Isabel Giuli da Silva Ferreira
Isolamento e caracterização biológica e genotípica de Toxoplasma gondii em animais selvagens do Brasil
Toxoplasma gondii é um protozoário formador de cistos capaz de infectar diversas espécies de aves e mamíferos domésticos e selvagens, incluindo o homem. Apesar de evidências sorológicas da infecção por T. gondii em animais selvagens, pouco se sabe sobre o papel da vida selvagem na cadeia epidemiológica e tampouco a susceptibilidade das variadas espécies a este parasito. O presente trabalho consistiu no isolamento e caracterização genotípica de T. gondii de tecidos de animais selvagens, de vida livre e de cativeiro, provenientes de diversas localidades do Brasil e na detecção sorológica de anticorpos contra o parasito nas amostras em que foi possível obter o soro. A sorologia foi realizada em 54 amostras de soros de aves e mamíferos de várias espécies por meio do Teste de Aglutinação Modificado (MAT). Deste total, 18 amostras (cinco de aves e 13 de mamíferos) foram positivas para anticorpos anti-T. gondii. Para o isolamento do parasito foi realizado o bioensaio em camundongos. Homogenados de coração e cérebro de cada um dos animais foram submetidos à digestão péptica e inoculados em grupos de cinco camundongos. Tecidos dos camundongos que vinham à óbito eram examinados para constatar a presença de formas de T. gondii. Seis semanas após inoculação, foi colhido sangue dos camundongos para a realização de testes sorológicos (MAT) para detecção de anticorpos anti-T. gondii e dois meses após a inoculação estes animais foram submetidos à eutanásia para a procura por cistos teciduais do parasito. Por meio desta prova biológica foi possível isolar T. gondii em 18 animais selvagens (16 de diversas espécies de mamíferos e duas de aves) provenientes de diferentes localidades. T. gondii foi isolado em uma coruja-buraqueira (Athene cunicularia), um pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus), um gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), um lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), uma mucura (Didelphis marsupialis), uma paca (Cuniculus paca), três queixadas (Tayassu pecari), uma raposa-do-campo (Pseudalopex etulus), três tamanduás-mirim (Tamandua tetradactyla), três tatus-galinha (Dasypus novemcinctus) e dois tatuspeba (Eufractus sexcinctus). Dezesseis dos 18 isolados obtidos foram letais para 100% dos camundongos infectados. O isolado de um tatu-peba não causou mortalidade em camundongos e o isolado da coruja-buraqueira causou 50% de mortalidade. A caracterização genotípica dos isolados foi realizada pela técnica de PCR/RFLP utilizando 12 marcadores genotípicos. As amostras primárias dos tecidos provenientes dos animais selvagens que foram positivas na PCR de triagem também foram submetidas à caracterização genotípica. Por meio da PCR/RFLP foi possível obter o genótipo completo de 22 amostras, 15 delas provenientes de isolados e sete de amostras primárias de tecidos. Dos 18 isolados obtidos através do bioensaio, em três (tatu-peba, coruja-buraqueira e mucura) não foi possível obter a caracterização completa de todos os 12 marcadores utilizados. Pela análise das 22 amostras caracterizadas foram observados 17 genótipos diferentes, sendo que 13 deles são inéditos. A mortalidade de camundongos infectados foi comparada com a ocorrência dos diferentes alelos no marcador CS3 nos 15 genótipos provenientes de isolados, dos quais, sete apresentaram o alelo tipo I, seis o alelo tipo II e os alelos u-1 e u-3 foram encontrados em um isolado cada. Todos os isolados apresentaram 100% de mortalidade para os camundongos infectados.
2012
Sérgio Netto Vitaliano