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Caracterização de Salmonella enterica subespécie enterica sorovar Cholerasuis provenientes de suínos no Brasil
Salmonella Choleraesuis é o agente causador de um quadro septicêmico em suínos que pode apresentar altas taxas de mortalidade nos animais infectados. No presente estudo foram avaliadas 93 estirpes de S. Choleraesuis provenientes de suínos com sinais clínicos de infecção. Foram avaliadas estirpes originadas de sete granjas localizadas nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais obtidas durantes os anos de 2015, 2016 e 2017. As estirpes de Salmonella foram submetidas a reação em cadeia pela polimerase para confirmação do sorovar pela amplificação do gene fliC, em seguida foram caracterizadas quanto ao perfil de resistência a antimicrobianos e a caracterização genotípica pelo polimorfismo do comprimento de fragmentos amplificados (AFLP). A determinação do perfil de resistência a antimicrobianos revelou que as 93 estirpes foram resistentes a penicilina, doxiciclina, sulfadimetoxina, clindamicina, tilosina, tilmicosina e tiamulina, sendo, portanto, todas multirresistentes. Os antimicrobianos com menores taxas de resistência foram cefitiofur (0%), marbofloxacina (1,1%), neomicina (10,8%) e enrofloxacina (18,3%). As estirpes foram discriminadas em 17 perfis de resistência diferentes, o perfil mais frequente reuniu 39 estirpes (42%) resistentes a penicilina, ampicilina, doxiciclina, oxitetraciclina, florfenicol, sulfadimetoxina, gentamicina, tulatromicina, tilosina, tilmicosina, tiamulina e clindamicina. A análise das estirpes pelo AFLP indicou todas as 93 estirpes foram agrupadas em um único perfil com mais de 94% de similaridade. A partir dos dados obtidos é possível verificar que as estirpes de S. Choleraesuis isoladas de suínos apresentaram baixa variabilidade genética e alta frequência de resistência aos antimicrobianos mais usados em suinocultura.
2018
Pedro Henrique Nogueira de Lima Filsner
Desenvolvimento da reação em cadeia pela polimerase para detecção de Actinobaculum suis e caracterização fenotípica e genotípica dos isolados
O Actinobaculum suis é um dos principais micro-organismos relacionados a infecções de trato urinário em fêmeas suínas. As características de crescimento deste agente dificultam o isolamento bacteriano tradicional, o que pode tornar a sua prevalência subestimada. Este estudo teve por objetivos desenvolver a reação em cadeia pela polimerase (PCR) para detecção do A. suis, avaliar a sensibilidade e especificidade desta técnica e comparar seu desempenho com o isolamento bacteriano. Além disso, as cepas isoladas foram caracterizadas através do polimorfismo de comprimento de fragmentos amplificados (AFLP) e submetidas à determinação da concentração inibitória mínima para caracterização dos perfis de susceptibilidade antimicrobiana. Foram analisados 45 suabes prepuciais de machos e 192 urinas de fêmeas suínas provenientes de três granjas. Os resultados indicaram que a PCR desenvolvida foi específica para o A. suis e apresentou limiar de detecção entre 1,0 X 101 UF/mL e 1,0 X 102 UFC/mL. A frequência de A. suis encontrada através da PCR foi de 82,2% (37/45) nos suabes prepuciais e de 8,9% (17/192) nas urinas de fêmeas. No que se refere ao isolamento, nenhuma das amostras de urina foi positiva para o agente, enquanto 31,1% (14/45) dos suabes foram positivos. A partir das amostras positivas isoladas dos suabes prepuciais foram selecionadas 20 cepas de A. suis. Os perfis de susceptibilidade entre estas cepas foram semelhantes, no entanto diferiram dos isolados utilizados como controle e provenientes de uma fêmea com infecção urinária. A técnica de PCR foi mais eficiente que o isolamento na identificação de amostras positivas para A. suis. Através do AFLP com uma única enzima foi possível caracterizar todos os isolados e relacionar os dados obtidos com a origem das cepas e o perfil de resistência. Até o presente não há relatos na literatura de caracterização genotípica de A. suis através do AFLP ou detecção do agente através da PCR.
Caracterização fenotípica e molecular de estirpes de Haemophilus parasuis isoladas de suínos da região Centro-sul do Brasil
Haemophilus parasuis é o agente etiológico da Doença de Glässer, que causa artrite, pneumonia, meningite e poliserosite em suínos e tem assumido grande importância na suinocultura moderna, uma vez que sua ocorrência tem aumentado significativamente nos últimos anos em rebanhos afetados pelo circovirus suíno tipo 2. No presente estudo foram avaliadas 117 amostras de H. parasuis isoladas dentre os anos de 2009 a 2014, isoladas de suínos de diferentes estados do da região Centro-Sul do Brasil. As estirpes foram submetidas à sorotipificação, confirmação do gênero/espécie pela PCR, o perfil de resistência a antimicrobianos foi avaliado através da determinação da concentração inibitória mínima (CIM), foi realizada a caracterização genotípica das amostras por eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) e por sequenciamento de múltiplos sítios (multilocus sequence typing - MLST) e a presença de genes de virulência vtaA foi analisada. Os sorotipos mais frequentes foram: 4 (21,3%), seguido do 5 (12,9%), do 13 (9,4%), do 14 (7,7%) e do sorotipo 1 (1,7%), e em alguns casos mais de um sorotipo foi identificado na mesma granja e até no mesmo animal, resultado este parecido ao encontrado no restante do mundo. Em todas as amostras o gene vtaA estava presente, para alguns antibióticos os índices de resistência foram elevados, como para tilosina (98,29%), danofloxacina (95,72%), sulfadimetoxina (88,03%), penicilina (77,7%) e a multirrestencia atingiu o índice alarmente de 93,16% das estirpes. Foram identificados 67 perfis diferentes no PFGE e das 9 amostras analisadas pelo MLST foram identificados novos STs, até então, não descritos mundialmente. Quando os novos STs foram comparados com os previamente descritos, estas se dispersaram entre as descritas em diferentes países. Neste estudo foi possível observar que as estirpes de H. parasuis brasileiras possuem alta variabilidade, tanto nos sorotipos, perfis de resistência, análises genômicas de PFGE e MLST
2016
Givago Faria Ribeiro da Silva
Isolamento e caracterização de Enterococcus faecallis resistentes a vancomicina ou a altas concentrações de aminoglicosídeos provenientes de suínos no Brasil
Agentes causadores de infecções urinárias, endocardites, meningites e septicemias os membros do gênero Enterococcus ganharam grande importância epidemiológica nos últimos anos, já que possuem resistência, tanto intrínseca quanto adquirida, a uma ampla gama de antibióticos. Entre as trinta e seis espécies descritas atualmente, duas recebem maior destaque,E. fecalis e E. faecium devido à alta frequência de multirresistência a antimicrobianos e a sua maior participação nos casos de infecções humanas. Vários estudos tem associado o uso de facilitadores de crescimento em animais de produção com o aumento da frequência de multirresistência em várias espécies de Enterococcus. Diante do exposto, no presente estudo foram avaliadas 245 cepas de Enterococcus faecalis isoladas de 171 suínos comercias quanto ao perfil de resistência a antimicrobianos através da determinação da concentração inibitória mínima e quanto ao perfil genotípico através da eletroforese em campo pulsado. As maiores taxas de resistência observadas foram contra a tilosina (98,7%) e lincomicina (98,7%), seguidas pela tetraciclina (97,1%), eritromicina (96,7%), estreptomicina (96,3%), combinação quinupristinadalfopristina (95,5%), kanamicina (93,8%), gentamicina (85,3%), ciprofloxacina (76,7%) e cloranfenicol (71,8%). Não foram identificadas cepas resistentes a vancomicina e a taxa de resistência a princípios como daptomicina (0,4,%), nitrofurantoína (1,2%) e tigeciclina (1,6%) foi baixa. Através da eletroforese em campo pulsado as cepas foram agrupadas em 109 pulsotipos, não havendo grupamentos diretamente relacionados ao perfil de resistência. As cepas foram agrupadas em maior frequência, de acordo com o animal e a granja de origem. No Brasil, o uso de avoparcina em suinocultura não foi muito intensivo, o que provavelmente não contribuiu para a seleção de cepas resistentes a vancomicina, no entanto, a resistência a altos níveis de gentamicina e estreptomicina é alarmante, e devido à importância destes antimicrobianos no tratamento das infecções humanas por Enterococcus, estes níveis de resistência deveriam ser monitorados em isolados de origem animal e ambiental.
2014
Pedro Henrique Nogueira de Lima Filsner
Pesquisa da ocorrência de cisticercos e estudo histopatológico em amostras de coração bovino comercializado na cidade de São Paulo, SP
O presente trabalho teve por objetivos: 1) analisar corações bovinos obtidos no comércio varejista da cidade de São Paulo pesquisando a presença de cisticercos, a partir da técnica preconizada pelo Artigo 176 do RIISPOA Decreto-Lei 11.691\\1952, da técnica descrita por Santos (1976) e da técnica do fatiamento completo e 2) descrever a forma de apresentação destes quanto aos cortes existentes. Avaliaram-se dois grupos distintos de amostras: aquelas denominadas \"supostamente inspecionadas\", isto é, com identificação do Serviço de Inspeção Federal (SIF) e aquelas denominadas \"não inspecionadas\", ou seja, comercializadas sem identificação de origem nem selo de serviço de inspeção. Foram examinados 100 corações bovinos, sendo 29 \"não inspecionados\" (completamente fechados) e 71 \"supostamente inspecionados\" (com cortes de inspeção). As amostras foram provenientes de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo; 56% da região Oeste, 15% da região Sudeste e 29% de origem desconhecida. Não se identificou cisticercose em nenhuma das amostras, em ambos os grupos; o fatiamento dos corações bovinos é uma forma de avaliar mais minuciosamente o miocárdio em busca de alterações, porém sua utilização é viável para fins específicos de pesquisa devido à demanda de tempo gasto; já a técnica de Santos (1976) pode ser utilizada como complementar ao RIISPOA e pode ser aplicada nos Serviços de Inspeção Sanitária de Carnes; o presente estudo demonstrou que os órgãos considerados \"supostamente inspecionados\" encontravam-se todos isentos de cisticercos e de outras afecções, confirmando que a prática da inspeção veterinária de animais de açougue é eficaz na identificação e reconhecimento de alterações, é possível que o reduzido número de amostras de corações \"não inspecionados\" tenha interferido nos resultados. Sugere-se a realização de mais estudos aplicando-se as técnicas utilizadas neste trabalho avaliando maior número de corações da categoria \"não inspecionados\".
2010
Naassom Almeida Souza Ribeiro
Situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil
Para dar suporte à implementação do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose no Estado do Mato Grosso do Sul, foi realizado um estudo para caracterizar a situação epidemiológica da brucelose bovina. Considerando as características regionais da produção pecuária, foram definidos três estratos a serem estudados no Estado: Pantanal corte, Planalto corte e Planalto leite, esse último subdividido em Bolsão, Campo Grande e Dourados . Em cada estrato foram amostradas aleatoriamente propriedades, e dentro dessas foi escolhido, também de forma aleatória, um número pré-estabelecido de animais, dos quais foi obtida uma amostra de sangue. No total foram amostrados 14.849 animais, provenientes de 1.004 propriedades. Em cada propriedade amostrada foi aplicado um questionário epidemiológico indagando sobre suas características e também sobre a observação de transtornos reprodutivos que poderiam estar associados à infecção brucélica. O teste utilizado foi o do Antígeno Acidificado Tamponado. O rebanho foi considerado positivo se pelo menos um animal fosse reagente à prova sorológica. Para o Estado, a prevalência de focos foi de 41,5% [36,5% - 44,7%]. As prevalências de focos e animais nos estratos foram respectivamente de: 59,0% [52,8% - 64,9%] e 12,6% [9,1% - 17,2%] para o estrato Pantanal corte, 40,6% [35,8% - 45,5%] e 4,5% [2,1% - 9,0%] para o Planalto corte. No estrato Planalto leite, a prevalência de focos foi de 33,1% [28,4% - 38,1%]. Os fatores associados à condição de foco foram: ter ≥ 500 vacas (OR = 2,46 [1,81 - 3,34]), a ocorrência de bezerros fracos (OR = 1,20 [0,87 - 1,65]) e a inseminação artificial (OR = 0,71 [0,50 - 1,01]).
Detecção de micoplasmas, bartonelas e vírus da leucemia felina em pequenos felídeos neotropicais mantidos em cativeiro no Refúgio Bela Vista, Foz do Iguaçu
Amostras de sangue total e suabes de orofaringe e conjuntiva foram coletadas de 57 felídeos Neotropicais (1 Leopardus geoffroyi, 17 L. wiedii, 22 L. tigrinus, 14 L. pardalis e 3 Puma yagouaroundi) mantidos em cativeiro no Refúgio Bela Vista, Foz do Iguaçu. Dados clínicos, hemograma e histórico dos animais foram disponibilizados. Materiais clínicos obtidos a partir dos suabes de orofaringe e conjuntiva foram submetidos ao cultivo para Mycoplasma spp em meio específico. DNA do sangue e suabes foram extraídos por meio de um kit comercial e pelo método de fervura, respectivamente. DNA extraído de amostras de sangue foram submetidos à PCR para detecção de Mycoplasma haemofelis (Mhf), Candidatus M. haemominutum (CMhm), DNA proviral do vírus da leucemia felina (FeLV) e Bartonella spp. DNA extraído dos suabes foram submetidos à PCR para detecção de Mollicutes e M. felis. Foi realizada uma análise de associação entre alterações clínicas e a infecção por Bartonella spp e um estudo de fator de risco da infecção por esse microrganismo. Apenas 1 (1,75%) animal foi positivo a reação para Mhf e nenhum foi positivo a reação para CMhm. Dois (3,5%) animais foram positivos a reação para FeLV e 6 (10,52%) foram positivos para Bartonella spp. Não houve co-infecção entre os agentes pesquisados nas amostras de sangue. Foram obtidos 5 (8,77%) isolados de Mycoplasma spp da orofaringe e nenhum de conjuntiva. DNA de Mollicutes foi detectado em 53 (93%) e 27 (47,36%) amostras de orofaringe e conjuntiva, respectivamente. Nenhuma amostra apresentou resultado positivo na detecção de DNA alvo de M. felis. Não houve associação entre as alterações hematológicas (anemia, desidratação, leucocitose, leucopenia, histórico de anemia) e a infecção por Bartonella spp. Machos apresentam maior risco de adquirir bartonelose do que fêmeas. Este é o primeiro relato da presença de DNA proviral de FeLV em L. tigrinus e L. pardalis no sul do aís, de DNA de B. henselae em L. tigrinus, L. pardalis, L. geoffroyii e P. yagouaroundi, e de um estudo de fator de risco associado a infecção por Bartonella spp em felídeos neotropicais.
2008
Ana Marcia de Sá Guimarães
Vírus da bronquite infecciosa das galinhas (IBV): distribuição, diversidade molecular e genealogia a partir de amostras de múltiplos órgãos de diversos tipos de criação do plantel avícola brasileiro
A bronquite infecciosa das galinhas (BIG) é uma doença altamente contagiosa causada por múltiplos genotipos/sorotipos do vírus da bronquite infecciosa das galinhas (IBV), um coronavirus do grupo 3. Embora classicamente associado ao trato respiratório, alguns tipos de IBV têm sido descritos com tropismo pelos rins e pelos tratos reprodutivos e entéricos, o IBV pode ser detectado em diversos tipos de tecidos, e também pode acometer aves de todas as idades. Este estudo tem como objetivo verificar a freqüência do IBV em amostras de diversos órgãos e conteúdo entérico de avós, matrizes, poedeiras comerciais e frangos de corte, genotipar as amostras detectadas e estudar a diversidade molecular entre as amostras brasileiras de IBV. Um total de 844 pools de diversos órgãos e conteúdos entéricos provenientes de 200 lotes de avós, matrizes, poedeiras comerciais e frangos de corte, das regiões Sul, Sudeste, Centro-oeste e Nordeste do Brasil, colhidas durante o período de 2007 a 2009 foram testadas para a presença de IBV com um RT-PCR dirigido à região não traduzida 3′(3′UTR). As aves amostradas apresentaram sinais clínicos compatíveis com a BIG. Todas as amostras de IBV detectadas foram tipificadas utilizando uma RT-PCR dirigida ao gene de espícula do vírus. Dezenove amostras tipificadas como variante foram submetidas ao seqüenciamento parcial da região codificadora da subunidade S1 e à análise genealógica. Considerando os pools de órgãos e de conteúdo entérico, 45,50% foram positivos para a presença de IBV, dos quais, 84,63% pertencem ao genotipo Variante e 9,89% ao sorotipo/genotipo Massachusetts. Considerando os lotes, 73,50% foram positivos para IBV, sendo 77,55% variantes e 6,12% Massachusetts. A análise genealógica revelou quatro linhagens virais, todas agrupadas em um exclusivo grupamento de genotipo brasileiro. Estes resultados demonstram que o IBV está disseminado em todas as regiões avícolas brasileiras, com um predomínio massivo de genotipos não Massachusetts e uma elevada diversidade molecular, que deve ser levada em consideração para desenvolver medidas preventivas contra o IBV.
Estudo sobre a participação do cahorro-do-mato (Cerdocyon thous) como hospedeiro definitivo de organismos da sub-família toxoplasmatinae
Neospora caninum e Hammondia heydorni são coccídeos formadores de cistos proximamente relacionados com outros organismos heteroxenos pertencentes ao filo Apicomplexa, como Toxoplasma gondii e Hammondia hammondi. Para saber se o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), um canídeo silvestre comumente encontrado do nordeste da Argentina ao nordeste da América do Sul, pode ser hospedeiro definitivo de N. caninum, exemplares de cachorro-do-mato foram alimentados com tecidos de bovinos e bubalinos naturalmente infectados por N. caninum. As fezes dos cachorros-do-mato foram colhidas e examinadas diariamente para pesquisa de oocistos. No primeiro experimento, masseter e cérebro (peça inteira dos dois órgãos) colhidos de dois bovinos de aproximadamente dois anos de idade, foram picados, misturados e fornecidos às quatro raposas em dois dias consecutivos. Duas raposas eliminaram oocistos sub-esféricos não esporulados medindo 10-13µm no oitavo e nono dias pós-infecção, respectivamente. Uma das raposas eliminou oocistos por cinco e a outra nove dias. Amostras de DNA extraída dos de oocistos de cada dia de eliminação foram analisadas por PCR com primers grupo-específicos PCR-ITS-1 e espécie-especificos Nc5-NPCR. Todas as amostras foram positivas por PCR-HSP-70 e PCR-ITS-1, mas negativas por Nc5-NPCR. A sequência de nucleotídeos PCR-ITS-1 revelou 100% de identidade com seqüências homólogas de H. Heydorni. Concluímos que H. heydorni também utiliza o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) como hospedeiro definitivo. O cachorro-do-mato é usualmente reportado em contato com rebanhos em diversas regiões do Brasil. Então, é razoável inferir que estes carnívoros possam exercer um importante papel nos ciclos silvestre e doméstico da infecção por H. heydorni. Em um segundo experimento, sete exemplares de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) foram alimentados com tecidos de 3 búfalos (Bubalus bubalis) naturalmente infectados por N. caninum. As fezes das raposas foram analisadas 30 dias antes e trinta depois da infecção experimental e nenhuma das raposas eliminou oocistos N. caninum-like nas fezes. Estes resultados sugerem que o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) não é hospedeiro definitivo de N. caninum, entretanto estudos adicionais são necessários.
2009
Luiz Ricardo Paes de Barros Cortez
Avaliação do Teste Cervical Comparativo no diagnóstico imunoalérgico da tuberculose em caprinos (Capra hircus)
O crescimento da caprinocultura no Brasil e a necessidade de controle sanitário dessas criações justificam o estudo de avaliação do teste tuberculinico na espécie caprina. Utilizando os parâmetros de Silva et al. (2006) foram avaliados 600 caprinos procedentes dos Estados de Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Paraíba e São Paulo. Baseados nos valores do Teste Cervical Comparativo (TCC) 60 animais foram selecionados e submetidos a exame clínico, eutanásia e colheita de material para exames microbiológicos, histopatológicos e moleculares. Dos 36 caprinos positivos, 27 (72%) resultaram em isolamento de micobactérias tipificadas como sendo do complexo M. tuberculosis. Foram identificados focos de tuberculose em caprinos nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraíba. Além do isolamento de micobactérias do complexo M. tuberculosis, foram identificados em alguns animais outras bactérias como M. kansasii, M. flavescens, M. avium, complexo M. florentinum M. lentiflavum M. simiae, Corynebacterium pseudotuberculosis e C. bovis. Em um caso houve o isolamento de C. bovis concomitante com micobactéria do complexo M. tuberculosis. As lesões macroscópicas e histopatológicas não diferenciaram a infecção provocada por C. bovis. ou por micobactéria do complexo M. tuberculosis. Os resultados bacteriológicos, histopatológicos e de identificação genética validam a utilização do padrão de interpretação de Silva et al. (2006) no TCC para o diagnóstico da tuberculose em caprinos.
2009
Carlos Augusto Scacchetti de Almeida
Identificação de assinaturas genéticas em região codificadora da menor unidade ribossômica de Cryptosporidium spp: caracterização molecular de amostras de mamíferos e aves
Este trabalho teve como objetivos a identificação de sequências 18S rDNA amplificadas de Cryptosporidium spp. de diversas espécies de hospedeiros e avaliar variabilidade em sequências gênicas deste lócus, com vistas ao desenho de sondas moleculares com melhor eficiência diagnóstica para detecção e identificação deste parasito. Foram coletadas 392 amostras de animais domésticos (bovinos, eqüinos, suínos, ovinos, cães e felinos) de 98 propriedades rurais do município de Teodoro Sampaio, Estado de São Paulo, 474 de aves silvestres de cativeiro de diversas famílias, provenientes de criadouros comerciais do Estado de São Paulo e criadas como estimação, 141 de sagüis de cativeiro do Estado de São Paulo, e 24 de humanos imunodeprimidos provenientes de hospital do município de São Paulo. As amostras foram submetidas a prova coproparasitológica e molecular para detecção e identificação de Cryptosporidium. Alinhamentos múltiplos obtidos de seqüências 18S rDNA de Cryptosporidium spp. determinadas neste estudo e de sequências recuperadas do Genbank foram analisados visualmente para a definição das regiões polimórficas. Após a definição das regiões polimórficas, foram realizadas análises filogenéticas empregando-se separadamente cada uma delas. Pelo exame coproparasitológico foi encontrado positividade em amostras de nove (4,57%) bovinos, três (11,11%) cães, 41 (8,64%) aves silvestres, 13 (9,20%) sagüis e todas as de humanos. As outras espécies de animais domésticos não apresentaram positividade para o parasita no exame coproparasitológico. Nos bovinos foi encontrado o Cryptosporidium Andersoni, em cães o Cryptosporidium canis, em sagüis o Cryptosporidium parvum e em humanos, C. parvum, Cryptosporidium hominis, Cryptosporidium felis e C. canis. Dentre as amostras de aves nenhuma foi identificada como Cryptosporidium meleagridis. As amostras de curiós (Oryzoborus angolensis) foram classificadas como Cryptosporidium galli, com exceção de uma, identificada como Cryptosporidium baileyi. C. galli foi encontrado também em um Sabiá Laranjeira (Turdus rufiventris), um Picharro (Saltator similis), dois canários e um Pintassilgo (C. carduelis). C. baileyi foi encontrado em um pintassilgo (Carduelis carduelis) um Pichochó (Sporophila frontalis), um Galo da Campina (Paroaria dominicana) e dois Canários (Sicalis flaveola). Pelos resultados, duas regiões polimórficas em sequência 18S rDNA de Cryptosporidium spp. (denominadas regiões 1 e 3) permitiram discriminar as diferentes espécies neste gênero de parasita, podendo ser utilizadas isoladamente como marcadores moleculares para identificação molecular dentro deste gênero. Saguis (Chalitrix spp.) de cativeiro são espécies susceptíveis a infecção por Cryptosporidium parvum apresentando-se como um hospedeiro de importância epidemiológica para esta zoonose. Curiós (O. angolensis) de cativeiro são espécies susceptíveis a infecção por Cryptosporidium galli apresentando-se como hospedeiro de importância epidemiológica para esta espécie de parasito. A não detecção de Cryptosporidium parvum em animais domésticos na região de Teodoro Sampaio, Estado de São Paulo, mostra uma condição sanitária favorável, já que este agente é causador de importante zoonose. A presença de espécies de Cryptosporidium spp. adaptadas a animais domésticos (como o C. felis e o C. canis) em humanos na cidade de São Paulo mostra que estes animais podem desempenhar importante papel na cadeia epidemiológica da criptosporidiose humana.
Caracterização espacial da brucelose bovina no Estado do Tocantins
Para dar suporte à implantação do PNCEBT no Estado do Tocantins, foi realizado um estudo para caracterizar a situação epidemiológica da doença, entre fevereiro de 2002 e agosto de 2003. O Estado foi divido em seis áreas com características produtivas homogêneas (circuitos produtores). Para cada área, foi calculada uma amostragem simples aleatória de 300 propriedades, com o objetivo de estimar a prevalência de focos de brucelose além da prevalência de fêmeas bovinas adultas soropositivas. Para isso, foram amostradas de 10 a 15 vacas com idade superior a dois anos em cada propriedade. Um total de 20.908 soros foi obtido de 1.842 propriedades. Verificou-se uma prevalência de focos de brucelose (propriedades com, ao menos, um animal positivo) de 21,22% [19,33;23,11] e uma prevalência de fêmeas bovinas adultas soropositivas de 4,43% [3,57;5,29] para o Estado. Quando considerados os circuitos produtores, observou-se que os circuitos 1, 2, 3 e 5 tiveram prevalências de focos significativamente maiores que os demais, respectivamente 16,01% [12,08;20,61], 37,63% [32,08;43,43], 26,38% [21,54;31,69] e 29,26% [24,26;34,66]. Nos circuitos 4 e 6, as prevalências foram 5,84% [3,50;9,08] e 8,57% [5,72;12,23], respectivamente. Em cada propriedade, foi aplicado um questionário epidemiológico, com o objetivo de avaliar o grau de associação de possíveis fatores de risco a doença. A análise dos fatores de risco teve como resultado: rebanho de bovinos fêmeas > 24 meses acima de 120 animais (OR=2.00); vacinar contra brucelose ou vacinar fêmeas de qualquer idade (OR=0.37); presença de piquetes de parição (OR=0.72); exploração de leite (OR=0.63) e abate de reprodutores na fazenda (OR=1.52).
Perfil de eliminação de agentes infecciosos envolvidos em rinite na espécie suína
As doenças respiratórias estão entre as maiores causas de prejuízo para a indústria suinícola, seja pelo retardo no crescimento e ganho de peso, mortalidade de animais ou pelos gastos com vacinas, medicamentos e assistência veterinária. Neste contexto os quadros de rinite têm apresentado uma contribuição significativa. O presente estudo propõe a determinação dos perfis de eliminação de agentes envolvidos em rinite nos suínos avaliando diferentes faixas etárias em nove propriedades de ciclo completo com histórico de lesão em cornetos e que utilizem diferentes formas de prevenção e controle destas manifestações. Foram avaliados suabes de tonsilas de 12 animais, nas seguintes faixas etárias: matrizes, leitões de 20, 40 e 60 dias, suínos de 90, 110 e 140 dias, totalizando 84 animais por propriedade e 756 amostras em todo o estudo. As amostras foram submetidas à pesquisa de P. multocida tipo capsular A e D, gene codificador de toxina dermonecrótica de P. multocida, B. bronchiseptica e cytomegalovirus suíno através da reação em cadeia pela polimerase (PCR). Apesar do histórico de lesões em corneto em todas as propriedades apenas um animal foi positivo para presença de P. multocida tipo A e todos foram negativos para a presença do gene codificador da toxina dermonecrótica. Dentre os 756 animais 22 (2,9%) foram positivos para presença de B. bronchiseptica e 198 (26,1%) para detecção cytomegalovirus suíno. A presença B. bronchiseptica apresentou associação estatisticamente significativa com as fases de maternidade e terminação. A maior freqüência de cytomegalovirus suíno apresentou associação estatisticamente significativa com a fase de creche. Observaram-se matrizes eliminando B. bronchiseptica nos três tipos de granjas avaliadas, indicando que a fêmeas tem participação ativa na infecção dos leitões pelo agente. O mesmo não foi detectado na disseminação do cytomegalovirus suíno. Maiores estudos devem ser realizados para esclarecer a baixa eliminação de P. multocida e o verdadeiro impacto do cytomegalovirus nos rebanhos suínos.
Avaliação da microbiota bacteriana e fúngica presente na cloaca de jabutis (Geochelone carbonaria) criados em domicílio e análise do potencial risco a saúde humana
Os médicos veterinários que trabalham com répteis frequentemente são indagados pelos proprietários sobre os tipos de doenças que estes animais podem transmitir, bem como sobre as medidas profiláticas que devem ser implementadas para prevenir a transmissão de doenças. Desta forma, o conhecimento sobre os patógenos que estes animais albergam passa a ser importante para orientação dos proprietários quanto aos cuidados adequados que devem ser adotados com estes animais. Os microrganismos que compõem a microbiota podem se tornar patogênicos para seus hospedeiros quando os mesmos encontram-se debilitados, bem como a eliminação contínua destes microrganismos (pelas fezes, por exemplo) por répteis aparentemente saudáveis ou mesmo doentes, pode representar um importante problema para pessoas que tenham contato com eles. Crianças, idosos e indivíduos imunossuprimidos ou imunocomprometidos são bastante suscetíveis às infecções após manipulação de répteis criados como pet. Considerando-se que os répteis participam de forma crescente do mercado de animais criados como pet, suas características microbiológicas devem ser pesquisadas, visando evitar que eles adoeçam ou venham a óbito devido à ocorrência de doenças infecciosas e não transmitam zoonoses para aqueles que os manipulam. Este trabalho teve como objetivos o estudo da microbiota bacteriana e fúngica presente na cloaca de jabutis (Geochelone carbonária) criados em domicílio e análise do potencial risco a saúde humana. Foram realizados exames microbiológicos de swabs de cloaca de 100 jabutis-piranga visando a pesquisa de bactérias aeróbias, anaeróbias facultativas e fungos filamentosos e leveduras. Foram isolados 18 gêneros de bactérias, 06 gêneros de leveduras e 03 gêneros de fungos filamentosos. Os gêneros de microrganismos isolados com maior freqüência foram: Escherichia sp. (67%), Klebsiella spp. (54%), Bacillus spp. (42%), Candida spp. (42%), Citrobacter spp. (33%), Staphylococcus spp. (29%), Corynebacterium spp. (15%) e Aeromonas spp. (15%), dentre outros com menor freqüência. A freqüência de isolamentos de E. coli (67%) foi semelhante à de Klebsiella spp. (54%) e maior (P<0,05) do que as frequências de isolamentos de todos os outros microrganismos. Todos os microrganismos isolados podem representar risco para a saúde humana, devendo-se atentar para os cuidados com répteis criados como animais pet, particularmente quanto aos aspectos de higiene relacionados aos mesmos, visando assim a prevenção destes riscos.
2009
Carlos Alexandre Pessoa
Profilaxia e controle da raiva dos herbívoros domésticos no Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil, no período de 1997 - 2007
No Estado de São Paulo, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária CDA, Unidade da Administração Direta, subordinada à Secretaria Estadual da Agricultura, foi criada em 1998. Subseqüentemente a elevada freqüência de surtos de raiva paralítica em herbívoros na parte leste do Estado, incluindo as regiões do Vale do Paraíba e Grande São Paulo, entre 1999 e 2001, obrigou mudanças nas estratégias de controle para a doença, que vinha sendo adotada anteriormente no Estado. Em 2001, a vacinação dos herbívoros domésticos foi declarada obrigatória nas regiões sobre a circunscrição dos Escritórios de Defesa Agropecuária EDAs, localizados nas áreas classificadas como áreas epidêmicas e endêmicas para a raiva e com o reforço das medidas de controle direto contra o Desmodus rotundus, morcegos vampiros, utilizando redes de neblina e vampiricidas (pasta nticoagulante), além do registro e do georreferenciamento para a localização dos abrigos, nas regiões estratégicas em ordem contrária a progressão da doença, causando a redução da população de morcegos vampiros e da circulação viral. Neste estudo, foi considerado o número de herbívoros com raiva com confirmação laboratorial e de acordo com o ano de ocorrência, espécie animal, distribuição por EDAs e por Municípios, providenciados pelo Instituto Pasteur de São Paulo. Com respeito à data de 2001, as porcentagens de vacinação, foram agrupadas sem as divisões por EDAs, devido à ausência de dados. A partir de 2002, os dados foram divididos por EDAs, onde a vacinação foi declarada obrigatória e os dados foram discriminados entre estabelecimentos que vacinaram e herbívoros vacinados contra raiva. O número de morcegos vampiros capturados agrupados por EDAs. Analisando as tendências, indicando os estabelecimentos que vacinaram, herbívoros vacinados contra raiva e a quantidade de morcegos vampiros capturados, foi observado um decréscimo nos casos de raiva em 90% ou mais e com estes resultados, concluiu-se que para o controle da raiva nos herbívoros, as medidas adotadas devem ser focadas, primeiramente na vacinação das espécies alvo e no bom planejamento e organização das medidas de controle diretamente nos principais reservatórios de Desmodus rotundus.
Qualidade do bacalhau salgado seco comercializado em temperatura ambiente e refrigerado
O comércio varejista brasileiro expõe o bacalhau salgado seco inteiro ou porcionado sem refrigeração. Esta condição, tradicionalmente aceita pelos consumidores, contraria as especificações do fabricante de manter o produto sob refrigeração, o que frequentemente gera conflitos entre as autoridades sanitárias e o comércio. Perante este fato, o presente estudo avaliou parâmetros microbiológicos e físico-químicos de 56 amostras de bacalhau obtidas no município de São Paulo, armazenadas sob refrigeração (0 a 5ºC) e em temperatura ambiente (20ºC a 25ºC), nos tempos zero, sete e 14 dias de armazenamento. As amostras foram agrupadas em 4 categorias: A-amostras refrigeradas não manipuladas e B, C e D manipuladas, respectivamente, com zero, 7 e 14 dias de armazenamento em temperatura ambiente. A temperatura ambiente variou de 20,5 a 23,5ºC e a umidade relativa do ar de 52,5 a 67%. Pesquisaram-se: Staphylococcus coagulase positiva, Clostridium sulfito redutores, coliformes totais e termotolerantes, Salmonella spp, bolores, leveduras e bactérias halofílicas. As análises físico-químicas realizadas foram: umidade, pH, atividade de água (Aa) e resíduo mineral fixo. Não houve diferenças nos resultados obtidos entre as 4 categorias e estes apresentaram-se dentro dos limites estabelecidos pela legislação brasileira. Com relação às análises físico-químicas também não houve diferença estatística entre as 4 categorias. Os valores médios obtidos, por categoria, foram: A: 54,9% de umidade; Aa=0,748; pH=6.0; B: 54,0% de umidade; Aa=0,749; pH=6.0; C: 49,1% de umidade; Aa=0,749; pH=6.0 e para a categoria D: 50,7% de umidade; Aa=0,748; pH=6.0 e 21,6% de resíduo mineral fixo. Todos os valores de umidade encontrados estavam acima do padrão (45%); os valores de pH obtidos estavam de acordo com o padrão (6 a 7) e os valores de resíduo mineral fixo contemplaram a legislação vigente (mín. 10%). Com relação à Aa, os valores sugerem que esta é uma importante barreira para o desenvolvimento microbiano e, embora não haja padrão para este parâmetro, julga-se necessário determinar um valor referência como limite máximo. Conclui-se que, nas condições do presente estudo, o comércio do bacalhau salgado seco mantido sob refrigeração ou em temperatura ambiente por 14 dias oferece as mesmas condições de segurança sanitária para o consumidor.
Ocorrência e caracterização de rotavírus em frangos de corte, poedeiras e matrizes de criações comerciais brasileiras
Os rotavírus estão entre os principais causadores de diarreia em humanos e animais, inclusive em mamíferos e aves. Os sintomas da doença geralmente incluem diarreia e depressão, aumento da mortalidade, e \"runting and stunting syndrome\", caracterizado principalmente por perda de peso, também tem sido atribuído a infecções por rotavírus em aves. O capsídeo externo da partícula viral é formado pelas proteínas estruturais VP4 e VP7 que possuem antígenos de neutralização baseados nos quais os rotavírus são classificados em genotipos P e G, respectivamente. O capsídeo intermediário é formado pela VP6 que define os grupos de rotavírus de A-G de acordo com a reatividade de anticorpos ou sequenciamento nucleotídico desta proteína. A proteína não estrutural NSP5 está envolvida no processo de replicação viral, sendo essencial para a formação dos viroplasmas. Este estudo teve o objetivo de pesquisar a frequência de ocorrência de rotavírus dos grupos A e D, em amostras fecais de aves de diferentes criações comerciais brasileiras, seguida da caracterização dos genotipos P e G, dos rotavírus do grupo A, através de sequenciamento nucleotídico. Para isso, 111 pools de amostras fecais foram processados através das técnicas de ELISA, PAGE e RT-PCR (NSP5), resultando em 43 (38,73%) amostras positivas pelas três técnicas. Definiram-se os genotipos G5, G8 e G11 através de RT-PCR (VP7) e o genotipo G19 após reação de RT-PCR seguida de sequenciamento nucleotídico. Definiu-se ainda o genotipo P[31] a partir do sequenciamento de amostras positivas por RT-PCR (VP4). Das 111 amostras processadas por RT-PCR visando o gene codificador da VP6, obtiveram-se 4 sequências que confirmaram tratar-se de rotavírus do grupo D. Os genotipos G5, G8 e G11 estão relacionados a surtos em bovinos e suínos, enquanto que os genotipos G19 e P[31] estão descritos em aves. Conclui-se que os rotavírus encontram-se amplamente disseminados nas criações comerciais brasileiras devido à elevada frequência da ocorrência e que existe a possibilidade de transmissão interespécie.
2013
Laila Andreia Rodrigues Beserra
Enriquecimento seletivo para pesquisa de Mycobacterium bovis em leite e queijo
O Mycobacterium bovis causa a tuberculose bovina, doença zoonótica que propaga, provavelmente com baixa prevalência, em todo o território nacional e pode ser transmitida pelo leite. A adoção sistemática da pasteurização do leite contribuiu para a redução dos casos humanos da doença, mas em alguns países, como o Brasil, é comum o consumo de leite cru e de seus derivados, o que pode contribuir para ocorrência de casos humanos. A participação desse agente nos atuais índices de tuberculose humana, cujo principal agente é o M. tuberculosis, é pouco investigada, mas acredita-se que seja maior do que parece. As razões que contribuem para isso incluem o fato do tratamento humano ser o mesmo independentemente do agente,e as dificuldades e alto custo de distinguir as espécies. O método de diagnóstico \"gold standard\" em laboratório para Mycobacterium bovis em amostras clínicas é o isolamento do agente em meios como Stonebrink-Leslie ou similares. A riqueza em nutrientes dos meios, mais o lento metabolismo deste agente e o alto grau de contaminantes das amostras torna imprescindível o uso de descontaminantes que, via de regra, são tóxicos para o agente, dificultando o isolamento em amostras com níveis baixos do patógeno; cenário provável no caso do leite devido à mistura com o leite de animais sadios. Mas, a despeito de constituir-se uma importante zoonose transmitida pelo leite, não existe uma metodologia oficial para detecção desse agente em alimentos lácteos. Esses fatos justificam um estudo para avaliar o desempenho de meios líquidos, já utilizados em caros sistemas automatizados para detecção de micobactérias, como alternativa para um enriquecimento seletivo do M. bovis em amostras lácteas. Assim, amostras de leite integral esterilizado e de queijo tipo parmesão foram contaminadas com 10 a 100 UFC/ml ou g de M. bovis AN5 e enriquecidas em dois meios líquidos seletivos (MGIT e MGIT modificado), foram analisados nos dias 0, 7, 14, 21, 24, 28 e 32, mantidas em estufa a 37°C. Nessas datas, uma alíquota foi semeada em meio Stonebrink-Leslie e incubada a 37°C por 60 dias. No leite, houve crescimento exacerbado do M. bovis principalmente no MGIT modificado. No queijo, não foi possível isolar M. bovis de nenhuma amostra em MGIT modificado, devido à contaminação excessiva que deteriorou o meio de cultura. O MGIT modificado foi mais eficaz como enriquecimento para o Mycobacterium bovis, mas foi menos seletivo que o MGIT. Estudos futuros devem concentrar a investigação da curva de crescimento do agente na primeira semana de enriquecimento.
Caracterização funcional de uma provável colagenase de Leptospira interrogans sorovar Copenhageni
A leptospirose é uma zoonose, amplamente difundida pelo mundo, causada por espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira, que colonizam os túbulos renais de animais silvestres e domésticos. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto com água e solo contaminados com a urina de animais infectados que podem ser clinicamente assintomáticos. As leptospiras patogênicas invadem os tecidos do hospedeiro através da penetração da pele lesada ou mucosas da boca, narina e olhos. Logo após ultrapassar as superfícies de contato, as bactérias chegam rapidamente à corrente sanguínea e espalham-se para todos os órgãos causando lesões, principalmente, no fígado e rins onde produzem hemorragia e necrose tecidual. Após a entrada no hospedeiro, a progressão da infecção envolve a adesão das bactérias às células eucarióticas e às proteínas de matriz extracelular seguida pela invasão aos tecidos. Estudos recentes demonstraram que as leptospiras são capazes de se translocarem através das monocamadas celulares, o que poderia ser um mecanismo de evasão do sistema imune e também facilitaria a entrada e saída da corrente sanguínea para infectar órgãos-alvo. O mecanismo envolvido na invasão do patógeno através das barreiras extracelulares não está bem elucidado. Enzimas capazes de degradar proteínas da matriz extracelular poderiam contribuir com a motilidade e quimiotaxia das bactérias durante a invasão. Bactérias patogênicas sintetizam e secretam diferentes tipos de proteases, que atuam degradando colágeno e glicoproteínas entre outras proteínas do hospedeiro. Recentemente, um estudo, utilizando gelatina e caseína como substratos e lisado bacteriano, mostrou haver uma variedade de proteases em Leptospira spp. Análises do genoma indicam a presença de vários genes que codificam prováveis proteases. A comprovação experimental da existência e a caracterização funcional destas proteínas poderão contribuir no entendimento da patogenia da leptospirose. Neste sentido, este trabalho teve como objetivos a clonagem, expressão e caracterização funcional de uma provável colagenase (ColA) de L.interrogans sorovar Copenhageni. As sequências codificantes do domínio de colagenase 1 (D1), do domínio de colagenase 2 (D2) e de ambos os domínios (Full) da ColA foram amplificadas por PCR a partir de DNA genômico de Leptospira e clonadas no vetor de expressão pAE. Os fragmentos D1, D2 e Full da ColA foram expressos em E. coli BL21 - SI e purificados a partir das frações insolúveis por cromatografia de afinidade a níquel. Os fragmentos recombinantes purificados foram utilizados na obtenção dos antissoros policlonais, e as atividades enzimáticas de cada um foram avaliadas. Os antissoros policlonais produzidos em coelho apresentaram elevados níveis de anticorpos detectados por ELISA. Experimentos de Western - blotting demonstraram a presença de proteína ColA em diferentes sorovares patogênicos de Leptospira spp. As proteínas Full e D2 apresentaram atividade catalítica sobre o colágeno desnaturado e sobre peptídeo sintético e atividade hemorrágica em camundongos. Estes resultados indicam que ColA é provavelmente uma proteína de leptospira envolvidas na invasão de tecidos do hospedeiro.
Prevalências e fatores de risco associados à brucelose e à tuberculose bovinas na região de Andradina, Araçatuba, Dracena, Presidente Prudente, Presidente Venceslau e Tupã, do Estado de São Paulo, Brasil
Com o intuito de determinar a prevalência da brucelose e da tuberculose bovinas em rebanhos e em fêmeas em idade reprodutiva, além de estudar os fatores de risco relacionados a ambas as doenças, na região de Andradina, Araçatuba, Dracena, Presidente Prudente, Presidente Venceslau e Tupã, foi realizado um estudo transversal, que envolveu 93 municípios do Estado de São Paulo. Foram amostrados 247 rebanhos, dos quais coletou-se sangue de 2.177 bovídeos para o exame de brucelose e realizou-se a tuberculinização comparada em 3.678 animais. Em relação à brucelose, foram diagnosticados 30 focos, com uma prevalência de propriedades igual a 11,2% [7,9 - 15,6] e de animais 2,7% [1,5 - 4,8]. Segundo a análise de regressão logística, o fator de risco para a brucelose, considerado significante nesta região, são os rebanhos 25% maiores, ou seja, aqueles que têm mais de 23 fêmeas em idade reprodutiva, justificado por uma Razão de Odds de 4,61 [2,06 - 10,34]. A tuberculose apresentou um menor número de focos, iguais a 17, cuja prevalência de propriedades foi de 6,3% [4,0 - 10,0] e a de animais equalizou 0,3% [0,2 - 0,6]. O fator de risco para a tuberculose é a utilização de pasto comum com outras propriedades, cuja Razão de Odds equivale a 3,04 [1,1 - 8,45]. A principal conclusão é que o trânsito de bovídeos entre propriedades deve ser compulsoriamente acompanhado de documento sanitário, ou seja, da Guia de Trânsito Animal, e que esta deve ser emitida somente com a exigência de exames para as duas doenças, independente da finalidade da movimentação dos animais.
2013
Ana Paula Cunha Belchior