RCAAP Repository
Moradia da pobreza: habitação em saúde
A questão habitacional está intimamente ligada aos problemas de saúde pública do povo brasileiro. Este estudo não teve a pretensão de ser abrangente do ponto de vista da análise das relações habitação- saúde. Mas a importância dessas relações constitui-se mundos centros de preocupação do trabalho. Em função disso, a análise apresentada nesta tese se desenrolou em três níveis. Em um primeiro, procurou-se recuperar a evolução histórica das normas e leis que regem o assunto, indicar relações entre moradia e doenças entéricas, habitação e doenças infecciosas, casa e acidentes domésticos, domicílio e saúde mental. Descreveram-se as normas e padrões usuais em diversos países e indicadores que podem ser utilizados na mensuração das condições habitacionais. As características concretas da \"casa adequada\" variam de país para país, de região para região e sobretudo no tempo. Num segundo nível verificaram-se, perante este quadro referencial, quais são as alternativas de moradia da população pobre do Município de São Paulo. Procurou-se observar, para a população paulistana, a evolução dessas alternativas nas últimas décadas e, sobretudo a partir de 1970, como se distribue essa população carente de recursos entre as possibilidades de abrigo que encontra. A um terceiro nível, a análise focalizou apenas uma parcela deste vasto complexo, tratando especificamente do caso das favelas do Município de São Paulo na década de 70. Buscou-se, através de pesquisa específica sobre moradia favelada, entender os mecanismos de produção do espaço construido nas invasões de terra, identificar o perfil atual dos favelados e suas estratégias na obtenção da moradia e caracterizar a favela como um problema de saúde pública.
1983
Suzana Pasternak Taschner
\"Princesa do Sertão\", 21 anos de violência: Feira de Santana-Bahia, 1979-1999;(a transição epidemiológica e a mudança do perfil de mortalidade)
OBJETIVO. Avaliar se, ao longo do tempo, houve alteração da mortalidade por causas externas em Feira de Santana, tendo como objetivos específicos avaliar o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) como fonte de dados e se houve mudança do, tipo de violência. Materiais e Métodos. Estudo descritivo e retrospectivo da mortalidade por causas violentas, no município de Feira de Santana, no período de 1979-1999. Utilizou-se o SIM como fonte da dados para os óbitos. Tendo como base os censos demográficos, foi estimada a população ao longo do tempo por sexo e faixa etária. Utilizou-se a padronização da população, tendo como base sua composição obtida no Censo Demográfico de 2000. Resultados e Discussão. O SIM de Feira de Santana, Bahia, é uma fonte confiável para o estudo das causas externas. Os resultados encontrados permitiram concluir que houve alteração no perfil de mortalidade, com o crescimento da contribuição relativa das causas externas em Feira de Santana, no período de 1979 a 1999. Estas mudanças estão relacionadas à transição demográfica e epidemiológica ocorrida no município. Observou-se o crescimento do número absoluto e da participação dos óbitos por causas externas, esta se deu sobretudo ao declínio do risco de morte por Doenças Infecciosas e Parasitárias, porém não houve um crescimento real de mortalidade por causas externas em Feira de Santana. Ao se padronizar a população, no período de estudo, identificou-se uma tendência de declínio do risco de morte por estas causas, e posterior crescimento, durante a década de 90, atingindo o mesmo patamar do início do estudo. Os resultados encontrados permitiram concluir que houve modificação do perfil das causas externas segundo tipo de violência, grupo etário e sexo em Feira de Santana. Os dados mostraram uma diminuição da ocorrência dos Demais Acidentes e um crescimento real dos acidentes de trânsito e dos homicídios ao longo do estudo. Verificou-se que houve uma mudança da participação dos diferentes tipos de causas externas, observando-se o crescimento dos homicídios a partir de 1992, bem como dos acidentes de trânsito. O crescimento dos homicídios se deu de forma mais expressiva em adolescentes e adultos jovens, verificando-se, ainda, mudança do tipo de agressão praticada, com o aumento do uso de armas de fogo. Os Suicídios representaram uma pequena parcela dos óbitos por causa externa, porém houve um leve crescimento, sendo que o enforcamento é o meio mais freqüentemente utilizado. Conclusões O SIM de Feira de Santana, Bahia, é uma fonte confiável para o estudo das causas externas. Feira de Santana está vivendo um processo de transição epidemiológica e demográfica, sendo as causas externas em seu conjunto, não apresentavam tendência de crescimento ao se padronizar a população, porém houve uma mudança do perfil destas causas de morte com o aumento dos acidentes de trânsito , principalmente entre os idosos e o crescimento dos homicídios nos adolescentes e adultos jovens, com o incremento do uso de armas de fogo.
2003
Rosely Cabral de Carvalho
Tuberculose humana causada pelo Mycobacterium bovis: considerações gerais e a importância dos reservatórios animais
Visando conhecer os dados epidemiológicos, a etiologia, patogenia, recursos diagnósticos, mecanismos de transmissão, tratamento, prevenção e controle da tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis no homem, bovinos e reservatórios animais, realizou-se essa revisão bibliográfica para rever a situação da tuberculose humana causada por essa micobactéria, em termos mundiais, uma vez que os dados disponíveis no Brasil são precários. Constatou-se a grande preocupação de que a pandemia HIV/AIDS aumente o número de casos de tuberculose humana causada por M.bovis, a exemplo do que ocorreu nos casos de tuberculose humana por M.tuberculosis. Analisou-se detalhadamente os principais reservatórios animais de M. bovis existentes, com destaque àqueles de maior importância na transmissão da tuberculose humana e animal devida a este agente. Verificou-se os mecanismos de transmissão conhecidos em sua cadeia de hospedeiros, uma das mais amplas entre todos os patógenos existentes. Constatou-se os avanços das técnicas diagnósticas no campo da biologia molecular, visando uma melhor discriminação das cepas de M.bovis e M.tuberculosis. Foram abordados os problemas causados por tratamentos inadequados com drogas antituberculosas, os quais podem induzir o aparecimento de cepas multidroga-resistentes. Evidenciou-se uma urgente necessidade de maiores pesquisas sobre o desempenho de testes diagnósticos usados nos programas de controle e também para as questões de vacinação e quimioterapia. A efetiva colaboração entre a tríade microbiologistas médicos e veterinários e profissionais de saúde pública, torna-se essencial para a investigação dessa micobactéria de importância histórica e contemporânea. Existe, portanto, a necessidade de uma política de aporte de recursos materiais, humanos e financeiros, que envolvam uma cooperação internacional de órgãos vinculados à saúde pública, corroborando as recomendações da Organização Mundial da Saúde, divulgadas em Genebra em 1993
1998
Regina Maura Cabral de Melo Abrahão
Revisão taxonômica e filogenia da Seção Myzorhynchella de Anopheles (Nyssorhynchus) (Diptera: Culicidae)
Anopheles é o gênero da família Culicidae mais estudado devido sua importância médica. Atualmente o gênero Anopheles compreende 472 espécies válidas que estão divididas em sete subgêneros. Os principais vetores de plasmódio da Malária no Brasil pertencem ao subgênero Nyssorhynchus, que inclui 39 espécies oficialmente reconhecidas e um número crescente de complexos de espécies crípticas que estão distribuídas em três Seções: Myzorhynchella, Albimanus e Argyritarsis. Atualmente a Seção Myzorhynchella é formada por seis espécies: An. lutzii, An. parvus, An. nigritarsis, An. guarani, An. antunesi e An. pristinus. Para o desenvolvimento da análise morfológica, observou-se material-tipo depositado em diferentes coleções, espécimes depositados na coleção entomológica da FSP/USP, além de outros obtidos em coletas realizadas durante o presente estudo em diferentes localidades do Brasil. As análises moleculares foram desenvolvidas a partir de espécimes obtidos nas coletas. Revisão taxonômica da Seção Myzorhynchella é apresentada, incluindo-se descrições de quatro novas espécies e redescrições das demais, informações sobre bionomia, importância médica, caracterização molecular, distribuição geográfica, estado de preservação do material-tipo, além de chaves de identificação de adultos, larva de quarto estádio e genitália masculina. Os resultados das análises filogenéticas utilizando sequências de ITS2, COI e Catalase indicam a existência de pelo menos doze espécies dentro da Seção Myzorhynchella, os espécimes que vêm sendo identificados como An. antunesi constitui um complexo formado por possíveis cinco espécies e aqueles de An. parvus e An. pristinus também podem representar complexos de espécies. As sequências de ITS2 podem ser utilizadas como marcador diagnóstico para espécies da Seção Myzorhynchella. Contudo, o estudo ainda demonstra que pouco se conhece sobre a diversidade de espécies de Anopheles que ocorrem em ambientes onde a malária ocorre em baixa endemicidade. Pelo número de espécies novas encontradas e pela escassez de trabalhos com espécies da Seção, fica evidente a necessidade de mais estudos.
"Observações ecológicas de Aedes albopictus (Diptera: Culicidae) em áreas de proteção ambiental e urbana da periferia na Grande São Paulo"
RESUMO Urbinatti PR. Observações ecológicas de Ae. albopictus (Diptera: Culicidae) em áreas de proteção ambiental e urbana na periferia da Grande São Paulo. São Paulo; 2004. [Tese de Doutorado Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo]. Objetivos. Contribuir para o conhecimento da ecologia de uma população de Ae. albopictus em área de proteção ambiental e urbanizada. Métodos. Para avaliar aspectos da infestação desse culicídeo, escolheram-se duas áreas próximas, o Parque Ecológico do Tietê (PET), em área de proteção ambiental, (ambientes 1 e 2) e outra antrópica, Jardins São Francisco e Piratininga (ambientes 1 e 2), na Zona Leste da Capital. A primeira etapa da pesquisa foi desenvolvida no PET, de abril de 2001 a março de 2002 e a segunda foi nos Jardins São Francisco e Piratininga, de abril de 2002 a março de 2003. Com a finalidade de medir e comparar a infestação de Ae. albopictus entre os dois ambientes do PET e Jardins, utilizaram-se, 10 larvitrampas e 10 ovitrampas, sendo instaladas no peridomicílio e com monitoramento quinzenal no PET e a cada dez dias nos Jardins. Foram efetuadas coletas de amostras de água para análise de parâmetros físicos e químicos e de fauna associada. Resultados. Ae. albopictus foi à espécie mais freqüente em relação as demais coletadas, nos criadouros naturais e artificiais, correspondendo a 97,70 % e 92,50 % do total de imaturos, respectivamente no PET, Jardins São Francisco e Piratininga. Observou-se que os índices de densidade e positividade das ovitrampas e larvitrampas, no PET apresentaram valores elevados quando comparados aos Jardins São Francisco e Piratininga. Verificou-se correlação positiva significante entre a densidade de larvas e pupas de Ae. albopictus coletada em larvitrampas e as temperaturas ambiente e da água nos pneus nas duas áreas. Observou-se diferença estatisticamente significante entre a densidade de larvas de Ae. albopictus nas larvitrampas dos ambientes 1 e 2 do PET e Jardins, na presença e ausência de fauna associada.Conclusões. A presença freqüente de Ae. albopictus tanto em áreas de proteção ambiental como em alterada, reforça a evidência de sua ampla valência ecológica em colonizar ecótopos naturais e artificiais. Diante deste comportamento e aliado a competência e capacidade vetora, espera-se que os resultados dessa pesquisa possam fornecer informações que possibilitem subsidiar ações de controle caso esse mosquito represente ameaças à Saúde Pública. Descritores: Aedes albopictus, vetor, imaturos, ovitrampa, larvitrampa, urbanização
2004
Paulo Roberto Urbinatti
Mofo nos domicílios dos recém-nascidos de uma coorte na cidade de São Paulo, Brasil - Projeto Chiado
Introdução - Alguns tipos de fungos, como o mofo, são de fundamental importância médica, principalmente por produzirem toxinas nocivas à saúde dos humanos. São frequentemente encontrados no interior dos domicílios quando há condição favorável, como umidade e temperatura adequada. Vários estudos relataram associação entre mofo e doenças alérgicas ou respiratórias em crianças. Objetivos - Descrever as características dos domicílios dos recém-nascidos incluídos em um estudo de coorte na cidade de São Paulo e identificar as possíveis associações com o desenvolvimento de mofo visível nas superfícies (paredes, piso e teto). Métodos - Este trabalho faz parte de uma coorte de recém-nascidos com início em 2003 e término em 2007, denominada PROJETO CHIADO. Participaram do estudo 378 domicílios. Entrevistadores fizeram visitas nestas residências para coletar dados referentes às características dos domicílios (tipo de cobertura, tipo de forro, idade da construção) e condições intra-domiciliares (ventilação, aglomeração, incidência solar, temperatura, presença de umidade, presença de mofo). Foram realizadas análises descritivas e análises bivariável e multivariável (regressão logística) para identificar possíveis associações entre as características dos domicílios e a presença de mofo. Resultados Foi encontrado mofo visível na maioria dos domicílios visitados (66 por cento), sendo 28 por cento no quarto da criança e 38 por cento em outros cômodos. Foi relatada umidade em aproximadamente metade dos domicílios (47 por cento) e ventilação regular, ruim ou péssima em 42 por cento. Foram identificadas associações positivas entre a presença de mofo no quarto da criança e ventilação ruim ou péssima (OR=2,14; IC95 por cento:1,05-4,38), falta de incidência solar no verão (OR=3,84; IC95 por cento:1,59-9,28) e aglomeração de quatro ou mais pessoas no quarto da criança (OR=2,09; IC95 por cento:1,24-3,50). Por outro lado, os tipos construtivos apresentaram associação inversa com o mofo (OR=0,41; IC95 por cento: 0,17-1,01) para cobertura com telha de cerâmica e forro de madeira ou cobertura com fibrocimento e forro de concreto e OR=0,40; IC95 por cento: 0,18-0,90 para cobertura com telha de cerâmica e forro de concreto. Conclusão Ventilação precária, falta de incidência solar no domicílio durante o verão e aglomeração de pessoas no domicílio propiciam o desenvolvimento de mofo enquanto que os tipos construtivos com coberturas feitas com materiais de maior densidade protegem os domicílios contra o desenvolvimento de mofo. A partir do conhecimento das características dos domicílios, é possível realizar intervenções para evitar o crescimento do mofo
Relações morfométricas e genética populacional de Culex quinquefasciatus (Diptera: Culicidae)
Objetivo. Culex (Culex) quinquefasciatus Say 1823 tem distribuição expansiva em aglomerados humanos e é vetor em ciclos de transmissão de agentes patogênicos, como filarídeos e arbovírus. Taxonomicamente, essa espécie está dentro do subgrupo pipiens, cuja principal característica é a similaridade morfológica dos seus integrantes. Este estudo objetivou caracterizar genética e morfologicamente espécies Cx. quinquefasciatus de dez localidades brasileiras e da região da bacia do Prata, na Argentina. Métodos. Para análises morfológicas foram utilizados valores morfométricos das veias alares de fêmeas e a razão DV/D do edeago, na genitália de machos adultos. Para testes genéticos foram sequenciados os genes mitocondriais cox1 e nd4, clonados fragmentos do segundo espaçador ribossomal ITS2 e analisado o padrão de bandas eletroforéticas do segundo intron do lócus da Acetilcolinesterase (ace2). Resultados. A forma das veias alares de fêmeas agrega dois principais grupos, um com mosquitos do Brasil e outro de La Plata, tendo este último maior variança interna. Esses dados estão relacionados à distribuição encontrada no fragmento ace2, que indica La Plata como área de hibridação entre Cx. quinquefasciatus e Cx. pipiens. Os valores de tamanho da asa apresentam três principais agrupamentos. Um deles em áreas ao norte do Brasil, outro no sudeste e sul, e outro na Argentina. O mesmo ocorre com a razão DV/D da genitália masculina. Os dados de sequências de bases do gene cox1 apresentam polimorfismos, com baixa diversidade e agrupamento populacional na região Sul do Brasil. Os SNPs encontrados são silenciosos, pois não apresentam modificação na estrutura da proteína produzida. O gene nd4 é idêntico em todas as amostras. Esses fragmentos sugerem características de homoplasmia em Cx. quinquefasciatus. O espaçador ITS2 mostrou variedade de polimorfismos, por eventos intra-genômicos de inserção, deleção, translocação e transição de bases. Porém, esses eventos são sincrônicos em populações de diferentes áreas geográficas; assim como, mostra pouca variação nas estruturas dos transcritos RNAr. Por outro lado, os dados ITS2 apontam a segregação de um trinucleotídeo GTC, em mosquitos de La Plata, caracterizando essa área como de isolamento geográfico de mosquitos do complexo pipiens. Conclusão. A espécie Cx. quinquefasciatus possui baixa diversidade genética e morfológica, duas linhagens mitocondriais no Brasil e mosquitos de origem híbrida com Cx. pipiens na Bacia do Prata, na Argentina
2011
Sirlei Antunes de Morais
O impacto de algumas causas básicas de morte na esperança de vida de residentes em Salvador e São Paulo - 1996
Objetivo. Avaliar e analisar o impacto de algumas causas básicas de morte na esperança de vida dos residentes nos Municípios de Salvador (BA) e São Paulo (SP), em 1996. Métodos. Trata-se de um estudo ecológico descritivo, utilizando dados oficiais secundários e estimativas. Através de um corte transversal, avaliou-se o impacto de diferentes grupos de causas de óbito na esperança de vida por meio de tábuas de vida de múltiplo decremento. Resultados. As esperanças de vida ao nascer (EVN) para as populações masculinas de ambos os municípios (64,10 anos, em Salvador e 63,39 anos, em São Paulo) ficaram abaixo das EVN das mulheres (70,33 anos, em Salvador e 73,92 anos, em São Paulo). Doenças de caráter transmissível têm uma influência maior nas primeiras idades, as causas externas (CE), principalmente entre os homens, nas idades intermediárias, e, nas idades mais avançadas, destacam-se as doenças do aparelho circulatório (DAC). Na faixa etária economicamente ativa, predominam as DAC seguidas das CE para os homens e, com relação ao sexo feminino, as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) em conjunto com as doenças do aparelho respiratório (DAR - provavelmente um fenômeno associado à Aids) assumem um papel significativo na mortalidade das duas capitais para a faixa do adulto jovem e as neoplasias constituem a segunda causa de óbito entre mulheres de 40 anos e mais, permitindo, assim, um diferencial entre os sexos. Por ordem de importância, atuaram, no sexo masculino, as DAC, as CE, as neoplasias, as DAR e, por fim, as DIP, em ambos os municípios estudados. No sexo feminino, a ordenação foi: DAC, as neoplasias, as DAR, as DIP e, por fim, as CE. Conclusão. As disparidades sociais entre as duas capitais interferem, primeiro, em um nível estrutural que vai desde a oferta e qualidade dos serviços oferecidos à população até o nível de informação que estes serviços conseguem gerar. O sub-registro de óbitos, na Bahia e no Nordeste, é um bom exemplo de como isso pode prejudicar análises mais detalhadas.
Tipos de tabaco e bebidas alcoólicas e câncer de cabeça e pescoço
Introdução. Fatores de risco para agravos à saúde se alteram no tempo e no espaço. No que diz respeito ao câncer de cabeça e pescoço (CCP), as associações com tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas estão bem estabelecidas. Dados da literatura sugerem que os tipos mais prevalentes de tabaco e álcool numa população estão associados a riscos mais elevados de câncer. No Brasil, poucos estudos epidemiológicos investigaram o efeito de distintos tipos de tabaco e álcool no CCP. Objetivo. Mensurar a razão probabilística de risco para CCP por tipos de tabaco e álcool no consumo não exclusivo (uso de mais de um tipo de tabaco ou bebida alcoólica) e consumo exclusivo (uso de apenas um tipo de tabaco ou bebida alcoólica). Métodos. O presente estudo têm origem em três projetos multicêntricos: Latino-Americano, conduzido de 03/1999 a 12/2001; Genoma Clínico do Câncer realizado de 07/2000 a 08/2011; e o Temático Marcadores de Agressividade em Tumores de Cabeça e Pescoço (GENCAPO), conduzido de 07/2011 a 06/2015. Assim, constituiu-se um estudo caso-controle com dados provenientes de hospitais do Estado de São Paulo. Os casos foram diagnosticados com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço, confirmados histologicamente. Os controles, pacientes com outras doenças que não câncer, foram selecionados em alguns dos hospitais de procedência dos casos. Tanto os casos quanto os controles foram entrevistados por meio de questionários com informações sobre características e hábitos, bem como dados sobre educação e história ocupacional. As associações entre as variáveis tipo de tabaco e tipo de bebidas alcoólicas com CCP, foram estimadas pelo odds ratio (OR) e respectivo intervalo de 95% de confiança (IC 95%) via regressão logística não-condicional, ajustados pelas variáveis de confusão: sexo (feminino, masculino), idade (< 50 anos, 50-59 anos e ≥ 60 anos), escolaridade (superior, intermediário, analfabeto), ocupação (manual qualificado, manual não qualificado e outros), estudos multicêntricos (Latino-Americano, Genoma Clínico do Câncer e GENCAPO), tabagismo (maços-anos total: Nunca fumaram, <20 maços-ano, ≥ 20 e < 40 maços-anos e ≥ 40 maços-anos, para ajuste do efeito do álcool) e consumo de etanol total (Nunca beberam, ≤ 100 Kg, > 100 e ≤ 900 e > 900 kg, para ajuste do efeito do tabaco). Resultados. Os riscos decorrentes do tabagismo foram mais expressivos para hipofaringe particularmente, no padrão não-exclusivo e consumo ≥ 40 maços-ano OR 36,1 (IC95%11,1-117,6); para orofaringe, laringe e cavidade oral, os riscos foram, respectivamente: OR 16,1 (IC95%10,4-24,9); OR 14,2 (IC95% 9,6-21,0); OR 7,4 (IC95% 5,6-10,0). Na condição de consumo exclusivo, para a mesma categoria ≥ 40 maços-ano para cigarro industrializado, os riscos foram discretamente menos intensos: OR 31,9 (IC95% 9,7-104,3); OR 15,4 (IC95% 9,9-24,0); OR 13,1 (IC95% 8,8-19,5) OR 7,1 (IC95% 5,3-9,6), respectivamente, para hipofaringe, orofaringe, laringe e cavidade oral. No consumo de álcool, foram observadas maiores associações de CCP com as bebidas destiladas. Na condição de consumo exclusivo, para orofaringe o nível de consumo de destilados ≥ 2000 Kg induziu OR 39,1 (IC 95% 12,7-121,8) em comparação aos que nunca beberam. O uso simultâneo de tabaco e álcool fez aumentar sensivelmente o risco de CCP: OR 10,5 (IC95% 8,5-13,0). Conclusões. Entre os tabagistas com o padrão não-exclusivo de consumo, os maiores riscos foram observados para hipofaringe. Entre os consumidores de bebidas alcoólicas, os destilados conferiram maiores riscos nos dois padrões de consumo. No consumo de cerveja e vinho, as diferenças na intensidade das associações com CCP tornaram-se evidentes apenas nas categorias de maior consumo.
2018
Suely Aparecida Kfouri Sakaguti
Análise das condições de operação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) nos municípios paulistas
Introdução: O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é uma importante ferramenta no apoio às ações da vigilância epidemiológica, sendo capaz de fornecer informações necessárias para o planejamento e intervenções em saúde. Com a descentralização da gestão dos serviços de saúde, as ações de vigilância epidemiológica foram colocadas sob responsabilidade dos municípios, que contam com distintos graus de capacidade administrativa. Objetivo: Analisar as condições de operação do SINAN nos municípios paulistas, segundo o porte populacional, em relação à infraestrutura, processo e apoio institucional. Métodos: Foi aplicado questionário eletrônico para 644 responsáveis pela vigilância epidemiológica, em 2017. Os dados foram analisados segundo porte populacional dos municípios: pequenos (<30.000 habitantes), médios (30.001-200.000) e grandes (>200.000) e por meio de estatística descritiva, com medidas de distribuição e de tendência central; teste de qui-quadrado e ANOVA foram utilizados na comparação entre os grupos. Resultados: Obteve-se 63,2% de retorno. Nos municípios pequenos, os responsáveis são mulheres (88,5%), jovens com <40 anos (60,2%); formação superior (88,3%), experiência com o SINAN <=9 anos (70,3%); com vínculo efetivo (56,4%); as equipes contam com <=2 profissionais (49,6%) receberam capacitação (75,9%) e apoio técnico do GVE (98,1%) para trabalhar com o SINAN; apresentam maior proporção de alta dificuldade em capacitação (16,9%) junto com os municípios médios (16,8%), e avaliam o preenchimento das fichas como bom (59,8%). Os municípios médios apresentam o perfil profissional e tempo de experiência com SINAN semelhante aos pequenos; com mais pós-graduados (47,7%); equipe com 3-6 membros; receberam mais capacitação (79,6%) em relação aos demais grupos. Receberam apoio técnico do GVE (91,2%); apresentam maior proporção de alta dificuldade no item fluxo de retorno (22,1%), como os grandes municípios (21,4%); avaliam o preenchimento das fichas como razoável (48,7%). Nos grandes municípios, predominou o responsável técnico com idade >=50 anos (60,7%) e mais pós-graduados (75,0%); maior número de efetivos (64,3%); profissionais com mais experiência no SINAN; 80,0% possuem >=11 funcionários; receberam capacitação (71,4%) e apoio do GVE (64,3%) para trabalhar com o SINAN em menor proporção que os demais; apresentam maior proporção de alta dificuldade com recursos humanos e avaliam o preenchimento das fichas como razoável (48,7%). Conclusões: O SINAN está implantado nos municípios paulistas, bem consolidado nos municípios grandes, porém os pequenos precisam de medidas de apoio que diminuam a disparidade entre os municípios: políticas e estratégias que estimulem a estabilidade profissional, bem como investimentos na capacitação profissional, aprimoramento dos recursos tecnológicos, avaliações periódicas do SINAN, além de incentivos financeiros voltados para gestão do SINAN.
2018
Keler Wertz Schender de Lima
Mortalidade por causas externas em mulheres de 10 a 49 anos, nas capitais brasileiras
Acidentes e violências estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade, sendo seu aumento visto como um sério problema de Saúde Pública. Está em segundo lugar no Brasil, como causa de morte e, embora a maior proporção esteja entre homens jovens, observa-se crescimento dessa causa entre as mulheres. O objetivo deste trabalho é estudar óbitos por causas externas de mulheres de 10 a 49 anos, nas capitais brasileiras, no primeiro semestre de 2002, com base no Estudo de Mortalidade de Mulheres de 10 a 49 anos - Projeto \"Gravidez, Parto e Puerpério\" de Laurenti e colaboradores. Foram a terceira causa de morte nessa população, com taxa de mortalidade igual a 16,2 por 100.000 mulheres. Homicídios, acidentes de transporte e suicídios foram os principais tipos. Arma de fogo foi o meio mais utilizado nos homicídios; os acidentes de transporte ocorreram principalmente por atropelamento e, nos suicídios, predominou o uso de pesticidas e drogas. Em 43,4% dos suicídios, houve referência familiar a algum tipo de transtorno mental, verificando-se a depressão em 71% desses casos. Mortes por causas externas de mulheres durante o ciclo gravídico puerperal ampliado (ocorridas durante a gravidez ou até 364 dias após o seu término) representaram 6,7% do total de óbitos, sendo 57,3% por homicídio e 28,9% por suicídio, valores proporcionalmente maiores em relação às demais mulheres. Nos casos de suicídio, a depressão foi referida em 50% entre grávidas e 60% entre puérperas. Os resultados mostram aspectos importantes e indicam caminhos a serem seguidos para uma reversão desse quadro.
2005
Tâmara Régia Tôrres de Melo Ribeiro
Fatores de risco para nascimentos pré-termo no município de Londrina, PR
Introdução: Nascimento de pré-termo é o que ocorre com menos de 37 semanas completas de gestação, e é tido como um dos principais fatores de risco de morbimortalidade neonatal. Sua etiologia é complexa e envolve inúmeros fatores. Objetivo: Identificar os fatores de risco associados aos nascimentos pré-termo. Método: Estudo populacional tipo caso-controle. Foram estudados nascidos vivos hospitalares de mães residentes em Londrina (PR) entre junho de 2006 e março de 2007. Os casos foram 328 nascimentos com idade gestacional inferior a 37 semanas (pré-termo) e os controles uma amostra (369) representativa de nascimentos com 37 semanas ou mais de idade gestacional. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas com as mães no hospital e dos prontuários da mãe e do recém nascido. As variáveis estudadas foram agrupadas em cinco blocos, representando diferentes níveis de hierarquia: características socioeconômicas; características pré-concepcionais e historia reprodutiva materna; condições da gestação; agravos maternos na gestação e características fetais. Foi realizada análise de regressão logística múltipla hierarquizada. Resultados: No modelo final foi identificada associação estatisticamente significante (P<0,05) ao nascimento pré-termo para as seguintes categorias de variáveis: no bloco 1 o local de moradia em favela (OR=1,80; IC 95%:1,02-3,19) e a baixa idade (16 a 29 anos) do chefe da família(1,57; 1,15-2,13); no bloco 2 as mães com IMC<19kg/m2-magras (2,12; 1,40-3,21) ou IMC >= 30 kg/m2 - obesas (1,96; 1,04-3,70), com nascimento anterior pré-termo (3,04; 1,83-5,05) e que realizaram tratamento para engravidar (8,28; 2,70-25,41); no bloco 3 as mães com companheiro há menos de 2 anos (1,44; 1,03-2,00), que relataram preocupações na gestação (1,52; 1,05-2,21), que consumiram bebida alcoólica semanalmente (2,52; 1,19-5,36) e que receberam assistência pré-natal inadequada (3,57; 1,48-8,58), praticar caminhada na gestação foi um fator protetor (0,48; 0,33-0,70); no bloco 4 as mães que apresentaram sangramento (5,19; 2,54-10,60), infecção do trato genital (2,96; 1,09-7,99), alteração do volume amniótico (5,82; 2,32-14,56), hipertensão arterial com eclampsia (8,67; 4,09-18,37) e sem eclampsia (1,9; 1,01-3,61) e internação na gestação (5,55; 2,86-10,77); no bloco 5 apenas gestação gemelar foi fortemente identificada como risco (20,10; 4,44-90,99). Conclusão: Condições socioeconômicas desfavoráveis juntamente com características biológicas maternas, intercorrências da gestação e condições psicossociais adversas constituem-se em risco para nascimentos pré-termo. O aprimoramento da qualidade da atenção pré-natal, incluindo a identificação destes fatores na gestação pode reduzir a prematuridade.
Uso do sistema de vigilância epidemiológica na avaliação e monitoramento do programa de controle da tuberculose
Objetivo No contexto do Sistema Único de Saúde, é importante adotar novas formas de aproveitamento dos sistemas de informação existentes. Dados da vigilância ade doenças de notificação compulsória podem ser úteis na gestão de programas de saúde. Este estudo teve como objetivo rever indicadores e elaborar novas maneiras de avaliar e monitorar o desempenho de municípios no controle da tuberculose. Método - A partir de dados coletados na rotina de vigilância da tuberculose, foram construídos indicadores sintéticos de desempenho de um conjunto de municípios, referentes à busca de casos, diagnóstico e tratamento da doença. A confiabilidade dos indicadores foi testadas pela estatística Alpha de Cronbach. Também foi feita a análise de agrupamento dos municípios à luz desses dois quesitos e elaborada uma carta de avaliação comparativa do desempenho. Resultados Para os indicadores parciais comparativos de qualidade do diagnóstico e do tratamento, foram obtidos Alphas em torno de 70% e de 60%, respectivamente, sendo considerados aceitáveis. Para avaliação da busca de casos, o Alpha foi considerado insuficiente. Foi também construído o indicador sintético escalar ITB, com Alpha = 6756 segundo local de atendimento e 6392 por município de residência. A carta de avaliação, mostrando o desempenho do município relativo aos demais, pode ser especialmente útil para os gestores municipais, enquanto a análise de agrupamento facilita a gestão em âmbito estadual e federal. Conclusão É possível aproveitar dados do sistema de vigilância para construir indicadores escalares multidimensionais e instrumentos voltados para a gestão do desempenho dos municípios no Programa de Controle da Tuberculose.
2004
Laedi Alves Rodrigues dos Santos
Fatores associados à recidiva, ao abandono e ao óbito no retratamento da tuberculose pulmonar
RESUMO Objetivo: Investigar fatores associados à recidiva, retratamento por abandono e óbito entre retratados por abandono para pacientes com TB pulmonar, de ambos os sexos, maiores que treze anos, residentes em área periférica do município de São Paulo. Material e Métodos: Estudos de caso-controle não pareado aninhado a uma coorte prospectiva de pacientes com TB pulmonar confirmada por cultura, selecionados entre 2001 e 2002 e acompanhados até 2006. Os casos foram pacientes que apresentaram recidivas, retratamento por abandono e óbito entre retratados por abandono; os controles foram pacientes com cura sem retratamento. Os dados foram obtidos mediante aplicação de questionários estruturados aplicados à época do ingresso no estudo e por entrevista domiciliar em 2004 e 2006, complementados por informação da Vigilância de TB. Na investigação dos fatores associados à recidiva, ao retratamento por abandono e óbito entre retratados por abandono, esses três desfechos foram tomados como variáveis dependentes e como variáveis independentes, as exposições de interesse. As odds ratio (OR) brutas e ajustadas foram estimadas com os respectivos intervalos de 95% de confiança pela regressão logística multivariada não condicional. A importância das variáveis para o modelo final foi avaliada através do teste da razão de verossimilhança, utilizando-se p<0,05. Resultados: As variáveis associadas à recidiva e ajustadas para sexo e idade independentemente das demais foram: co-infecção com HIV (OR=9,3; IC95%= 1,6 - 54,1), contato domiciliar prévio (OR= 2,2; IC95% = 0,8 - 6,2), caso de TB no domicílio após o paciente (OR= 3,8; IC95%= 1,2 - 12,8); diabetes (OR=1,6; IC95%= 0,3 - 7,7), MDR (OR=15,5; IC95%= 1,2 - 200,5). As variáveis associadas ao retratamento por abandono ajustadas para sexo e idade independentes das demais variáveis foram: TBMDR (OR=38,7; IC95%= 2,9 - 515,3), co-infecção com HIV (OR=24,8; IC95%= 3,8 - 163,0), história de alcoolismo (OR= 4,2; IC95%=1,1 - 17,5) e internação por complicações de TB (OR= 7,2; IC95% =2,5 - 21,0). As variáveis associadas ao óbito entre retratados por abandono ajustadas para sexo e idade independente das demais e foram: TBMDR (OR=152,4; IC95%= 9,8 - 237,4), co-infecção com HIV (OR=29,0; IC95%=7,1 -1 19,1), alcoolismo (OR=11,8; IC95%=1,3-102,8) e regime prisional (OR=5,0; IC95%= 1,0-25,8). Conclusões: Os resultados apresentados apontam grupos de maior risco para retratamento por TB por recidiva, abandono de tratamento e óbito que devem ser considerados no aperfeiçoamento do DOTS em nosso país.
2008
Patricia Ferreira de Paula
Equivalência de mensuração e operacional da versão brasileira do Physical Activity Checklist Interview em crianças
Introdução: Há escassez de questionários que permitam a aferição de atividade física em crianças brasileiras. O Physical Activity Checklist Interview (PACI), desenvolvido em crianças americanas, permite aferir atividade física do dia anterior. Seguindo procedimento de adaptação transcultural, o PACI foi adaptado à cultura brasileira com apreciação das equivalências conceitual, de itens e semântica, resultando na versão em português denominada Lista de Atividades Físicas (LAF). Objetivos: i) identificar questionários para aferição de atividade física em crianças; ii) avaliar as equivalências de mensuração e operacional do LAF. Métodos: Tese composta por três manuscritos. O primeiro apresenta revisão sistemática de questionários de aferição de atividade física para uso em crianças publicados nas bases PubMed, LILACS e SportDiscus no período de 1993 a 2006. O segundo avalia a confiabilidade do LAF utilizando dados de 83 escolares da Escola de Aplicação da USP (EAUSP) com idade entre 7 e 10 anos. Utilizaram-se nas análises os coeficientes de correlação intraclasse (CCI) e de concordância de Lin, e a estratégia de Bland & Altman. O último manuscrito avalia a validade, por meio da correlação entre os dados provenientes do LAF e os de acelerômetros, e a equivalência operacional do LAF, por meio de dados relativos à aplicação do instrumento, e inclui 118 escolares de 7 a 10 anos da EAUSP. Resultados: Manuscrito 1: dezoito questionários que preencheram os critérios de elegibilidade foram descritos segundo suas características, forma de quantificação da atividade física, propriedades psicométricas e aspectos operacionais. Manuscrito 2: pela análise de confiabilidade, observou-se que os índices de atividade física do LAF apresentaram limite inferior do CCI entre 0,84 a 0,96. A precisão e acurácia em relação à concordância perfeita variaram, respectivamente, de 0,83 a 0,97 e de 0,99 a 1. Manuscrito 3: Os valores de correlação entre os resultados provenientes do questionário e do acelerômetro variaram de 0,34 a 0,40. O LAF superestimou o tempo em ativade física moderada a vigorosa quando comparado ao acelerômetro. A duração média da entrevista foi de 24 minutos (desvio padrão = 5 min) e o item da entrevista com pior resultado foi a habilidade em estimar tempo (ruim ou regular em 24,8 por cento das entrevistas). Conclusões: O PACI, identificado a partir de revisão sistemática da literatura, é apresentado de modo adaptado à cultura brasileira seguindo modelo de adaptação transcultural que resultou na Lista de Atividades Físicas - LAF. A utilização do instrumento em estudos epidemiológicos, no entanto, deve ser vista com cautela
Análise de denúncias de excesso de cães e gatos no município de São Paulo no período de 2006 a 2015
Introdução: O acúmulo de animais tem sido considerado um distúrbio mental caracterizado pela manutenção de um número excessivo de animais em condições inadequadas de criação e de ausência de discernimento desta situação. É um complexo problema de saúde pública com sérias implicações no bem-estar humano, animal e no entorno, porém com poucas pesquisas e dados científicos no Brasil e no mundo. A identificação de situações de excesso de cães e gatos submetidos a maus tratos pode contribuir para o planejamento de estudos futuros para o melhor conhecimento dos casos de acúmulo desses animais. Objetivo: Descrever casos de excesso de cães e gatos notificados no município de São Paulo e propor instrumento de avaliação técnica de inspeção de residências com presença destes animais. Método: Estudo descritivo de denúncias por excesso de cães e gatos do Sistema de Atendimento ao Cidadão SAC no município de São Paulo no período de 2006 a 2015. Foram incluídas as denúncias identificadas com mais de 10 animais ou cujo conteúdo permitisse concluir por excesso de animais. Foram descritas a quantidade e razão por 100.000 habitantes de denúncias, as providências adotadas e o tempo de resposta por ano, por espécie segundo a unidade responsável. Foi feita uma análise crítica das informações contidas no SAC e proposto um instrumento de vistoria de residências com animais, construído com base nos resultados obtidos, em revisão da literatura e nos instrumentos utilizados pelo Centro de Controle de Zoonoses e pela Supervisão de Vigilância em Saúde da Vila Maria de São Paulo. Resultados: Do total de 72.819 denúncias de maus tratos a cães e gatos realizadas no período, 7.293 foram referentes a excesso de animais, sendo 5.283 de cães e 2.010 de gatos. Cães apresentaram 72,4 por cento de denúncias de excesso, porém em relação ao total de denúncias de condições inadequadas de criação, o excesso de cães 10 representa apenas 7,8 por cento enquanto que para gatos esse valor é 39,8 por cento . Dentre as denúncias de excesso, 50 por cento foram confirmadas na vistoria. Quanto à conclusão, 85 por cento foram identificadas como serviço efetuado, sendo que destas, aproximadamente 35 por cento foram consideradas procedentes e 14 por cento resolvidas, independentemente da espécie. Em relação ao tempo de resposta dado ao munícipe, por espécie, a conclusão serviço efetuado e falta informação foram preenchidos em sua maioria no primeiro mês, enquanto que solicitação cancelada e serviço indeferido levaram mais de um ano para serem preenchidos. O instrumento de vistoria proposto permite obter informações sobre os indivíduos que possuem animais, de seus animais e do ambiente e pode contribuir para planejamento de estudos futuros. Conclusão: O número de casos denunciados de excesso de animais no município de São Paulo é grande, com maior ocorrência de excesso de cães. As denúncias apresentaram baixa resolutividade. As informações disponíveis apresentam problemas tanto na qualidade de informação como pela dificuldade em recuperá-las, uma vez que não são padronizadas. O instrumento de vistoria proposto pode contribuir para a obtenção de informações necessárias para melhorar o conhecimento sobre acumuladores e propiciar ações de prevenção e promoção da saúde e um melhor atendimento intersetorial
2017
Valéria Gentil de Tommaso
Estudo de populações domiciliadas de Panstrongylus megistus de diferentes regiões geográficas brasileiras com possíveis diferenças do metabolismo energético através de determinações enzimáticas e isoenzimáticas
Foi estudado o comportamento bioquímico energético de populações domiciliadas de Panstrongylus megistus de quatro regiões geográficas brasileiras (Região Tropical Atlântica, Região Floresta de Inclusão, Região do Agreste e Região da Caatinga), através dos seguintes parâmetros do metabolismo energético: Proteinas, Glicose, Deidrogenase láctica, Creatino-quinase e respectivas isoenzimas. Os espécimens foram mantidos em jejum de O a 90 dias. Foram observadas diferenças de metabolismo energético entre populações de duas regiões: Tropical Atlântica (Grupo I) Floresta de Inclusão (Grupo II)
Fatores de risco associados a mortalidade infantil em Cotia e Vargem Grande Paulista, sp, 1984-1985: uma proposta de instrumentos preditivos
Estudou-se a aplicação do conceito de \"risco\" na área materno-infantil, partindo da proposta da Organização Mundial de Saúde relativa ao \"enfoque de risco\" na organização dos serviços de saúde. O estudo concentrou-se mais no desenvolvimento de instrumentos de identificação de grupos de alto risco de óbito infantil, seja no período neonatal, seja no período pós-neonatal. O trabalho baseou-se em um estudo de caso-controle, onde o grupo de casos correspondeu a óbitos registrados de menores de um ano de idade, ocorridos nos anos de 1984 e 1985, de pais residentes nos municípios de Cotia e Vargem Grande Paulista, totalizando 149 óbitos (casos). O grupo controle foi formado por uma amostra probabilística de 216 crianças nascidas em 1984, filhas de pais residentes em Cotia e Vargem Grande Paulista e que sobreviveram ao primeiro ano de vida. As mães de ambos os grupos responderam a um questionário, através de entrevistas domiciliárias para a identificação de variáveis independentes associadas ao óbito infantil. As variáveis que mostraram associação estatisticamente significante foram então agrupadas de forma a constituírem quatro escalas de risco: a primeira para uso em pré-natal, a segunda para uso por ocasião do parto, a terceira para uso no período neonatal e a quarta para uso em puericultura após o período neonatal. As variáveis participaram nas escalas ponderadas pelos valores das razões dos produtos cruzados. As escalas apresentam diferentes pontos de corte e a cada um deles corresponde uma dada sensibilidade, especificidade e poder preditivo. As características específicas do sistema de saúde nos municípios estudados e a tendência de alguns indicadores de saúde infantil nesta área indicam a oportunidade e o potencial da aplicação da estratégia de enfoque de risco no setor materno-infantil. Os instrumentos preditivos propostos neste estudo são possivelmente adequados a esta estratégia, uma vez que foram desenvolvidos a partir dos dados locais. No entanto, a sua efetiva utilidade só poderá ser melhor avaliada após sua aplicação em um programa concreto de atenção materno-infantil, baseado no enfoque de risco.
1989
Chester Luiz Galvao Cesar
Uso de serviços segundo a posse de plano privado de saúde no município de São Paulo
Introdução - O sistema de saúde brasileiro é composto por um segmento público universal e por um segmento privado. Grande parte da população do município de São Paulo está coberta por planos privado de saúde, porém existem poucos estudos locais explorando a influência desse fator no uso dos serviços de saúde. O estudo de unidades geográficas menores permite um melhor entendimento da realidade local. Objetivo Analisar o uso dos serviços de saúde segundo a posse de plano privado de saúde no município de São Paulo. Métodos - Estudo transversal com base nos dados obtidos no Inquérito de Saúde no Município de São Paulo de 2008. Analisamos o uso de serviços na resolução das condições agudas de saúde, no acompanhamento de doenças crônicas, no rastreamento de neoplasias e na hospitalização. Primeiro realizamos uma análise descritiva dos dados, com estimativa das prevalências. Então, verificamos a associação de cada um dos desfechos com a posse de plano privado de saúde, por meio da regressão logística múltipla, com ajuste para variáveis demográficas, socioeconômicas e da condição de saúde, estimando o Odds Ratio. Resultados As pessoas sem plano privado de saúde apresentaram maior chance de uso de serviços de urgência e emergência. As pessoas com plano apresentaram maior chance de uso de serviços ambulatoriais, de acompanhamento da hipertensão arterial sistêmica, de rastreamento de neoplasias e de hospitalização. Conclusões A posse de plano privado de saúde determinou diferenças no uso dos serviços de saúde no município de São Paulo, havendo iniquidades relacionadas às condições socioeconômicas.
Comparação de métodos para estimativa de gordura corporal em escolares de 7 a 10 anos
Introdução: A obesidade, determinada pelo acúmulo de gordura corporal (GC), apresenta prevalência elevada em crianças de todo o mundo e está relacionada ao risco de doenças crônicas não transmissíveis, portanto sua identificação precoce torna-se necessária. A GC pode ser identificada por métodos válidos, como a absortometria de Raios X de dupla energia (DEXA), além da bioimpedância elétrica (BIA) e das dobras cutâneas, sendo os dois últimos mais factíveis em estudos epidemiológicos. Existem outras medidas simples e de baixo custo, como o índice de massa corpórea (IMC) e o perímetro da cintura (PC), com uso na identificação de GC em crianças ainda não consolidado. Objetivo: Comparar métodos de aferição da GC, utilizando dados de um estudo transversal com escolares de 7 a 10 anos. Métodos: A amostra incluiu 217 escolares, com média de idade de 9,2 anos e desvio padrão (dp) de 1,0 ano. Foram tomadas medidas da estatura (cm), peso (kg), PC (cm), perímetro braquial (cm), dobras cutâneas tricipital, bicipital, subescapular e suprailíaca (mm) e resistência e reactância (ohms) pela BIA. Foi estimado o por cento GC pela BIA e calculados a soma de dobras cutâneas e os indicadores IMC, RCE (razão cintura/estatura) e AGB (área de gordura do braço). A análise estatística para a comparação dos métodos foi realizada utilizando diagramas de dispersão, o cálculo do coeficiente de correlação momento-produto de Pearson e a estratégia de Bland e Altman (1986), com reparametrização dos valores em escores z. Resultados: A comparação dos indicadores antropométricos (IMC, PC, RCE e AGB) com o por cento GC pela BIA e com a soma de dobras cutâneas evidenciou, no segundo caso, forte correlação linear (r>0,90) e concordância, com limites de concordância inferiores a 1 dp na relação entre IMC, PC ou AGB e a soma de dobras cutâneas. Os resultados sugerem que as medidas se situam no mesmo espaço de aferição, existindo a possibilidade de serem intercambiáveis na população estudada. Conclusão: Os resultados indicaram que IMC, PC, RCE e AGB podem ser utilizados na classificação de escolares de 7 a 10 anos segundo a GC. Entretanto, a RCE não foi melhor que o PC isolado e a AGB é uma medida de difícil interpretação. Assim, sugere-se especialmente o uso do IMC ou do PC, considerando que ambos são semelhantes ao classificar crianças e apresentam como vantagens a facilidade de obtenção, inocuidade e baixo custo.
2014
Natália Sanchez Oliveira