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Avaliação de pacientes assintomáticos com forma crônica da doença de Chagas através da análise do eletrocardiograma dinâmico, ecocardiograma e do peptídeo natriurético tipo B
OBJETIVO: Avaliar pacientes assintomáticos com forma crônica da doença de Chagas em relação a prevalência de arritmias ventriculares, disfunção ventricular esquerda e níveis plasmáticos do peptídeo natriurético tipo B (BNP). MÉTODOS: Avaliação clínica, eletrocardiograma (ECG), índice cardiotorácico (ICT), eletrocardiograma dinâmico, ecocardiograma e dosagem BNP foram realizados em 106 pacientes do Ambulatório de Doença de Chagas, distribuídos em três grupos: GI (50-ECG normal), GIIA (31-ECG com alterações características de doença de Chagas) e GIIB (25-ECG com outras alterações). RESULTADOS: Alterações eletrocardiográficas mais prevalentes no GIIA: bloqueio completo do ramo direito, bloqueio divisional ântero-superior esquerdo (35% cada) e áreas inativas (32%), GIIB: alteração da repolarização inferolateral (28%) e sobrecarga ventricular esquerda (24%). Os valores médios do ICT foram semelhantes (p = 0,383). A prevalência de arritmia ventricular foi maior nos grupos GIIA (77%) e GIIB (75%) do que no GI (46%) (p = 0,002). A disfunção ventricular foi mais prevalente no GIIA (52%) e GIIB (32%) do que no GI (14%) (p = 0,001). A disfunção sistólica foi mais prevalente no GIIA (29%) do que no GIIB (20%) e GI (2%) (p < 0,001). A disfunção diastólica foi mais prevalente no GIIA (42%) e no GIIB (28%) do que no GI (12%) (p = 0,005). Os valores médios do peptídeo natriurético tipo B foram, respectivamente, 30 ± 88 pg/ml no GI, 66 ± 194 no GIIA e 24 ± 82 no GIIB (p = 0,121). CONCLUSÃO: Pacientes assintomáticos com forma crônica da doença de Chagas e ECG alterado têm maior prevalência de arritmias e disfunção ventricular esquerda do que pacientes com ECG normal. Os níveis plasmáticos do BNP foram semelhantes entre os grupos.
2022-12-06T14:00:36Z
Marques,Divina Seila de Oliveira Canesin,Manoel Fernandes Barutta Júnior,Flavio Fuganti,Claudio José Barretto,Antonio Carlos Pereira
Insuficiência cardíaca grave em unidade de terapia intensiva: existe um índice prognóstico ideal?
OBJETIVO: Avaliar a aplicabilidade de três índices prognósticos - APACHE II, SAPS II e Unicamp II, em um subgrupo de pacientes críticos, portadores de insuficiência cardíaca (IC). MÉTODOS: Foram estudados 90 pacientes, sendo 12 do sexo feminino e 78, do sexo masculino, com idade média de 56 (18-83) anos. Os pacientes encontravam-se em classe funcional IV (NYHA) ou choque cardiogênico secundário às cardiomiopatias: dilatada (44%), chagásica (25,5%), isquêmica (18%), hipertensiva (1,1%), hipertrófica (1,1%), alcoólica (1,1%), e secundário às valvopatias já submetidas à correção cirúrgica (7,7%). Para descrever o perfil da amostra, segundo as diversas variáveis em estudo, foram feitas tabelas de freqüência das variáveis categóricas e estatísticas descritivas das variáveis contínuas. Para analisar a relação entre os valores dos índices prognósticos e a evolução para o óbito, foi realizada a análise da curva ROC, calculadas as estatísticas de bondade do ajuste de Hosmer e Lemeshow, assim como a SMR (Standardized Mortality Ratio). RESULTADOS: A análise estatística mostrou baixa sensibilidade, especificidade e acurácia dos três índices prognósticos para os pacientes com IC, tendo sido subestimada a mortalidade nesse grupo. Na IC refratária, a ocorrência de tromboembolismo pulmonar (TEP) foi um fator importante em relação à mortalidade. CONCLUSÃO: Os três índices prognósticos estudados não foram adequados para avaliação dos cardiopatas internados na Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Nos pacientes com IC, o fator TEP foi importante para a descompensação aguda da IC e para a alta mortalidade do grupo. Índices prognósticos para cardiopatas com IC refratária deverão ser propostos, e a discussão sobre anticoagulação nestes pacientes deve ser ampliada.
2022-12-06T14:00:36Z
Terzi,Cristina Bueno Lage,Silvia G. Dragosavac,Desanka Terzi,Renato G. G.
Manejo não-farmacológico de pacientes hospitalizados com insuficiência cardíaca em hospital universitário
OBJETIVO: Descrever o manejo não-farmacológico de pacientes internados com insuficiência cardíaca (IC) em um hospital universitário. MÉTODOS: Estudo de coorte longitudinal de pacientes com IC diagnosticados pelo escore de Boston. Durante as 72 horas iniciais de internação, enfermeiras da clínica de IC realizaram entrevistas padronizadas e revisões de prontuários. RESULTADOS: Foram avaliadas 283 internações de 239 pacientes (idade = 64 ± 15 anos), aproximadamente 50% sexo masculino e 37% de etiologia isquêmica. O padrão de prescrição dos diferentes cuidados não-farmacológicos foi restrição de sal em 97%, controle de diurese em 85%, balanço hídrico em 75%, controle de peso em 61% e restrição hídrica em apenas 25% das internações. Embora os cuidados referidos estivessem nas prescrições, freqüentemente não eram realizados pela equipe responsável (p < 0,01 para todas as comparações). O uso irregular dos fármacos prescritos na semana anterior à hospitalização ocorreu em 22% e 21% dos pacientes sem e com re-internações, respectivamente (p = 1,00). Os pacientes com reinternações (n = 38) apresentaram disfunção sistólica grave, mais hospitalizações prévias e tempo prolongado de sintomas de IC, quando comparados aos não-reinternados, além de terem conhecimento mais adequado de aspectos relacionados com autocuidado (todos valores de p < 0,05). Na análise multivariada, apenas tempo de doença sintomática permaneceu como preditor independente de reinternações. CONCLUSÃO: Nossos dados indicam que mesmo em hospital universitário há importantes lacunas relativas à prescrição e realização de medidas não-farmacológicas de autocuidado na IC. Demonstramos que pacientes que reinternam aparentam bom conhecimento da doença; esse achado, entretanto, está relacionado de forma importante com a gravidade e o tempo de evolução da IC.
2022-12-06T14:00:36Z
Rabelo,Eneida R. Aliti,Graziella B. Goldraich,Lívia Domingues,Fernanda B. Clausell,Nadine Rohde,Luis E.
Evolução da onda P do eletrocardiograma após valvoplastia mitral em pacientes portadores de sobrecarga atrial esquerda
OBJETIVO: Investigar potenciais preditores clínicos, ecocardiográficos e/ou hemodinâmicos de regressão de sinais eletrocardiográficos (ECG) de sobrecarga atrial esquerda (SAE) após valvoplastia mitral percutânea (VMP) com sucesso. MÉTODOS: Estudaram-se 24 pacientes (75% do sexo feminino, idade média 37,1 ± 11,9 anos) com estenose mitral moderada a grave, ritmo sinusal (RS) e sinais de SAE no ECG, submetidos a VMP entre 2002 e 2004. Pelo menos seis meses após o procedimento (388,2 ± 192,9 dias), os pacientes retornaram para acompanhamento clínico, eletro e ecocardiográfico. Os pacientes foram divididos em dois grupos: Grupo 1(n = 8; 33,3%), ainda com sinais ECG de SAE, e Grupo 2 (n = 16; 66,6%), com onda P normal. Realizou-se análise multivariada de variáveis clínicas, ECG, ecocardiográficas e hemodinâmicas. RESULTADOS: A área valvar mitral (AVM) aumentou de 1,12 ± 0,15 para 1,9 ± 0,35cm² imediatamente após o procedimento (p< 0,0001), e diminuiu para 1,89 ± 0,41cm² no acompanhamento (p = NS). O diâmetro do átrio esquerdo variou de 4,8 ± 0,29 cm pré-procedimento para 4,28 ± 0,48cm na reavaliação (p = 0,0001). A duração da onda P diminuiu de 0,12 ± 0,01 seg pré-VMP para 0,09 ± 0,02 seg no controle (p = 0,0001). Uma AVM > 1,7 cm² no acompanhamento foi o único preditor independente de onda P normal após VMP (p = 0,02). CONCLUSÃO: Alterações ECG sugestivas de SAE regridem na maioria dos pacientes com estenose mitral e RS submetidos a VMP com sucesso. Uma AVM > 1,7 cm² no controle tardio é preditor independente para essa normalização.
2022-12-06T14:00:36Z
Tarastchuk,José Carlos Estival Guérios,Ênio Eduardo Perreto,Sônia Bueno,Ronaldo da Rocha Loures Andrade,Paulo Maurício Piá de Nercolini,Deborah Cristina Pacheco,Álvaro Luiz Aranha Ultramari,Frederico Thomaz Faidiga,Alisson Moço
Caso 5/2006: choque em mulher de 78 anos portadora de cardiomiopatia hipertrófica e fibrilação atrial persistente
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2022-12-06T14:00:36Z
Arteaga,Edmundo Gutierrez,Paulo Sampaio
Tratamento atual da insuficiência cardíaca descompensada
O tratamento de ICD representa um desafio até mesmo para o médico experiente. Os avanços alcançados nas pesquisas propiciaram novas opções de tratamento que estão ajudando a mudar paradigmas. As evidências indicam que novos fármacos como a levosimendana e nesiritida representarão importantes alternativas ou complementos ao tratamento com medicamentos inotrópicos tradicionais, como a dobutamina. O médico responsável pelo tratamento desses pacientes deve aprender a usar as melhores evidências disponíveis para individualizar o tratamento com segurança e eficácia.
2022-12-06T14:00:36Z
Vilas-Boas,Fábio Follath,Ferenc
Nefropatia induzida pelos meios de contraste radiológico após cateterismo cardíaco diagnóstico e terapêutico
No summary/description provided
2022-12-06T14:00:36Z
Ultramari,Frederico Thomaz Bueno,Ronaldo da Rocha Loures Cunha,Cláudio Leinig Pereira da Andrade,Paulo Maurício Piá de Nercolini,Deborah Cristina Tarastchuk,José Carlos Estival Faidiga,Alysson Moço Melnik,Gilberto Guérios,Ênio Eduardo
Estratificação de risco para morte súbita na cardiomiopatia hipertrófica: bases genéticas e clínicas
No summary/description provided
2022-12-06T14:00:36Z
Mattos,Beatriz Piva e
Defeito completo do septo atrioventricular com cianose
Os defeitos do septo atrioventricular total (DSAVT) representam 4% das mal formações cardíacas e acima de 50% dos defeitos observados na síndrome de Down (SD)¹. A apresentação clínica é de insuficiência cardíaca precoce na infância e hipertensão pulmonar por hiperfluxo. Raramente a cianose é observada e sugere hipertensão pulmonar ou associação à tetralogia de Fallot³, dupla via de saída de ventrículo direito², anomalia de Ebstein4, drenagem anômala de cava esquerda persistente em átrio esquerdo (Barbero Marcial, comunicação pessoal). Crianças com SD são particularmente difíceis de avaliação por apresentarem obstrução de vias aéreas superiores, que podem contribuir com o aumento da resistência pulmonar observada no cateterismo cardíaco. A presença de cianose pré-operatória constitui-se um desafio ao tratamento cirúrgico devido ao risco de hipertensão pulmonar irreversível com falência ventricular direita com, a correção dos defeitos intracardíacos.
2022-12-06T14:00:36Z
Tanamati,Carla Suguimoto,Renata Lure Atik,Edmar Copolla,Solange Gimenez Galles,Filomena Regina Aiello,Vera Demarchi Barbero-Marcial,Miguel Lorenzo
Importância da toxicidade pulmonar pela amiodarona no diagnóstico diferencial de paciente com dispnéia em fila para transplante cardíaco
A amiodarona é um antiarrítmico da classe III, amplamente utilizado em arritmias ventriculares¹. Farmacologicamente é classificado como uma drogra ampifílica catiônica, pelos seus constituintes polares e apolares. Nos últimos anos, a amiodarona obteve destaque pelo seu uso em portadores de disfunção ventricular por qualquer etiologia, em especial a chagásica, quando ocorrem arritmias ventriculares². Entretanto, a despeito de seus benefícios hemodinâmicos e eletrofisiológicos, a amiodarona produz efeitos colaterais relevantes, como coloração azulada da pele, fotossensibilidade, disfunção tireoidiana, depósito corneal, neuropatia periférica, supressão da medula óssea, hepatite, bloqueios cardíacos, pneumonites e outros³. Este relato de caso se propõe a abordar uma de suas mais sérias complicações, a toxicidade pulmonar, aqui especialmente descrita como diagnóstico diferencial em um paciente chagásico que aguardava em fila de transplante cardíaco. Pneumonite por amiodarona constitui-se em um importante diagnóstico diferencial entre os pacientes que se apresentam na sala de emergência com dispnéia, quando estes são portadores de insuficiência cardíaca (IC) e estão em uso dessa droga.
2022-12-06T14:00:36Z
Silva,Christiano Pereira Bacal,Fernando Pires,Philippe Vieira Drager,Luciano F. Souza,Germano Emílio Conceição Fajardo,Ginny Michele G. Demarchi,Léa Maria Macruz F. Bocchi,Edimar Alcides
Variação sazonal de episódios de taquicardia ventricular avaliados por Holter
OBJETIVO: Avaliar a variação sazonal de arritmias ventriculares e sua correlação com a temperatura ambiente em pacientes submetidos à realização de Holter em Porto Alegre, Sul do Brasil. MÉTODOS: Foram avaliados os resultados de Holter de 3.034 pacientes realizados no período de 1996 a 2002. Taquicardia ventricular (TV) foi definida pela presença de três ou mais batimentos ventriculares consecutivos, em freqüência igual ou superior a 100 batimentos por minuto. Foram avaliadas a distribuição do percentual de pacientes com TV entre as estações do ano e sua correlação com a temperatura ambiente. RESULTADOS: A idade média foi 59,2 ± 17,4 anos, com predomínio do sexo feminino (61,9%). A distribuição dos pacientes por estações do ano foi: verão 561 (18,5%), outono 756 (24,9%), inverno 843 (27,8%) e primavera 874 (28,8%). No verão, 52 pacientes apresentaram TV (9,3%), no outono, 39 (5,2%), no inverno, 56 (6,6%) e, na primavera, 60 (6,9%) (p = 0,035). Houve aumento relativo de 40% na proporção de pacientes com TV no verão em relação ao inverno. Houve tendência de aumento da proporção de pacientes com TV com o aumento da temperatura (r = 0,57; p = 0,052). CONCLUSÃO: A ocorrência de TV apresenta variação sazonal no Sul do Brasil, com maior proporção de episódios ocorrendo durante o verão. Existe tendência de associação entre aumento da temperatura e TV.
2022-12-06T14:00:36Z
Pimentel,Maurício Grüdtner,Letícia Zimerman,Leandro I.
Critério de obesidade central em população brasileira: impacto sobre a síndrome metabólica
OBJETIVO: Identificar e propor os melhores pontos de corte da circunferência da cintura (CCp) para diagnosticar obesidade central numa população brasileira; compará-los àqueles recomendados pelo ATPIII (CC-ATPIII) e estimar diferenças nas prevalências da síndrome metabólica (SM) usando os dois critérios. MÉTODOS: Estudo transversal, realizado em subgrupo populacional de 1.439 adultos, Salvador, Brasil. Foram construídas curvas ROC da circunferência da cintura (CC) para identificar diabete melito (DM) e obesidade. Valores >60% da sensibilidade e da especificidade da curva ROC e mais próximos entre si foram usados para definir o CCp. A prevalência da SM foi estimada pelos CCp e pelos CC-ATPIII. RESULTADOS: As 829 mulheres compuseram 57,7% da amostra. Os CCp selecionados foram 84 cm para mulheres e 88 cm para homens. Esses pontos detectaram DM com sensibilidade de 68,7% e 70%, respectivamente, e especificidade de 66,2% e 68,3%. Para obesidade, a sensibilidade e a especificidade foram 79,8% e 77,6% nas mulheres, e 64,3% e 71,6% nos homens. Pelos CC-ATPIII, 88 cm (mulheres) e 102 para (homens), as sensibilidades foram de 53,3% e 26,5%, para diagnosticar DM. Para obesidade, a sensibilidade foi 66,5% (mulheres) e 28,6% (homens). A prevalência da SM, pelos CCp foi 23,7%, IC 95% (21,6 - 25,9) e pelos CC-ATPIII de 19,0%, IC 95% (17,1- 20,9), 1,2 vezes maior pelo CCP. CONCLUSÃO: As CC-ATPIII foram inapropriados e subestimam a prevalência da SM nessa população, particularmente entre os homens. Sugerimos que os pontos de corte da CC de >84 cm nas mulheres e > 88 cm nos homens sejam testados em outras populações brasileiras.
2022-12-06T14:00:36Z
Barbosa,Paulo José Bastos Lessa,Ínes Almeida Filho,Naomar de Magalhães,Lucélia Batista N. Cunha Araújo,Jenny
Indicação de cintilografia de perfusão do miocárdio para a detecção de doença arterial coronariana, baseada em evidências ergométricas e clínico-epidemiológicas
OBJETIVO: Avaliar quando se devem realizar exames de cintilografia de perfusão do miocárdio (CPM), baseando-se em informações objetivas obtidas do teste ergométrico e da análise dos fatores clínico-epidemiológicos para doença arterial coronária (DAC). MÉTODOS: Foram submetidos a CPM 2.100 pacientes que foram classificados segundo o resultado da cintilografia, do escore de Duke e de escore clínico-epidemiológico, baseado em Framingham. Os pacientes com cintilografia positiva foram acompanhados a fim de definir se os resultados eram verdadeiros positivos. Foram utilizadas receiver operating characteristic (ROC) curvas para definir a eficiência e os melhores pontos de corte dos escores de Duke e clínico-epidemiológico, na seleção dos pacientes que deveriam ser submetidos a cintilografia. RESULTADOS: Observou-se que, restringindo a solicitação da cintilografia a pacientes com escore de Duke abaixo de 7,5 e/ou escore clínico-epidemiológico acima de 4, deixaríamos de realizar cerca de 50% dos exames com riscos mínimos de perda de diagnóstico. CONCLUSÃO: A utilização do escore de Duke e de escore clínico-epidemiológico para orientar a solicitação da CPM pode diminuir expressivamente o número de exames desnecessários.
2022-12-06T14:00:36Z
Duarte,Paulo Schiavom Mastrocolla,Luiz Eduardo Sampaio,Célia Regina E. P. S. Rossi,João Manoel Smanio,Paola Emanuela Martins,Luiz Roberto Fernandes Pereira,Júlio César Rodrigues
Agenesia isolada da artéria pulmonar direita ou esquerda: avaliação da evolução natural e a longo prazo, após intervenção corretiva
OBJETIVO: Agenesia da artéria pulmonar, direita ou esquerda, rara como anomalia isolada, foi relatada em 119 casos desde 1978. Apresenta-se clinicamente com hipertensão pulmonar (HP) na infância e com hemoptise no adulto. Intervenções como reconstrução arterial pulmonar e lobectomia foram realizadas em 17% dos casos. Analisamos quatro destes casos, sendo dois em evolução natural e dois com regressão da HP, após longo tempo da correção operatória. MÉTODOS: Quatro crianças, três do sexo masculino, com 22,10 e 35 meses de idade e uma do sexo feminino com 20 meses, com insuficiência cardíaca direita (ICD) e cianose na primeira e ICD na segunda e cansaço aos esforços nas outras duas. Todas tinham sinais de HP, sobrecarga ventricular direita no ECG e cardiomegalia. Cateterismo cardíaco mostrou pressões sistêmicas na artéria pulmonar contralateral na agenesia à direita em três e na agenesia à esquerda em um caso. RESULTADOS: Restabelecimento cirúrgico da continuidade arterial pulmonar foi possível em dois casos, na criança de 22 e na de 10 meses de idade, pela interposição de Goretex de diâmetro de 7 mm entre as artérias pulmonares até o hilo pulmonar contralateral hipoplásico. Houve regressão dos sinais de HP em período imediato e tardio, com 7 e 2,5 anos de idade respectivamente. A relação das pressões entre os ventrículos direito e esquerdo era de 30 e 40%, nos dois casos. A perfusão pulmonar aumentou de 8 para 44% e de 8 para 23%, nos dois casos. O mesmo procedimento foi programado para os outros pacientes. CONCLUSÃO: Esta técnica se torna a operação de escolha para casos similares, raramente descritos na literatura, mesmo em presença de acentuada HP e hipoplasia arterial pulmonar contralateral.
2022-12-06T14:00:36Z
Atik,Edmar Tanamati,Carla Kajita,Luiz Barbero-Marcial,Miguel
Características do transplante cardíaco neonatal e infantil
OBJETIVO: Relatar as características do transplante cardíaco neonatal e pediátrico em crianças portadoras de cardiopatias complexas e cardiomiopatias retratarias à terapêutica convencional. O presente trabalho mostra a experiência de três anos e meio deste procedimento no Instituto do Coração HC-FMUSP. MÉTODOS: A metodologia empregada consistiu-se na técnica cirúrgica nos casos de cardiopatias congênitas, critérios de indicação para o transplante e viabilidade do doador, manuseio pós-operatório, imunosupressão, prevenção e tratamento de potenciais complicações. RESULTADOS: De novembro de 1992 a junho de 1996, 14 crianças foram transplantadas com idade de 12 dias a seis anos (média de 2,2 anos); 57% do sexo masculino; peso de 3,5 kg a 17,8 kg (média de 10,3 kg). Os doadores tinham de 21 dias a dez anos de idade(média de 4,4 anos); 80% do sexo masculino; peso variando de 3,8 a 20 kg (média de 14,3 kg). A sobrevida foi de 85,7% (2 óbitos em 14 pacientes). O tempo de seguimento foi de um mês a três anos e seis meses (média de 16 meses). As principais complicações foram hipertensão arterial sistêmica, rejeição aguda e infecção. O número de rejeições por paciente foi de 3,5 episódios e de infecção foi de 3,3 episódios. CONCLUSÃO: O transplante cardíaco consistiu-se em promissora opção terapêutica com sobrevida de 85,7% a médio prazo.
2022-12-06T14:00:36Z
Barbero-Marcial,Miguel Azeka,Estela Camargo,Paulo Roberto Jatene,Marcelo B Riso,Arlindo Auler Júnior,José Otávio C Soares,José Monteiro,Cristina Uip,Davi Camargo,Luis Santos,Sílvia Coelho,Verônica Atik,Edmar Ebaid,Munir Jatene,Adib D
Revascularização transmiocárdica a laser
A doença coronária aterosclerótica apresenta situações em que as técnicas cirúrgicas habituais ou as realizadas em laboratórios de hemodinâmica não são passíveis de utilização. São pacientes portadores de comprometimento grave e difuso das artérias coronárias, mas ainda com preservação da viabilidade miocárdica e que evoluem com importante sintomatologia anginosa, apesar da terapêutica clínica adequada. Técnicas de endarterectomia são preconizadas em algumas situações, porém com resultados trans e pós-operatórios muitas vezes desfavoráveis. Em outras ocasiões pode, inclusive, ser necessária a indicação de transplante cardíaco. Para este grupo de pacientes uma nova abordagem vem sendo desenvolvida a partir dos estudos do Dr. Mirhoseini, com a confecção de vários túneis transmiocárdicos com o uso de raios laser de CO2 de alta potência (850 watts). Os autores relatam sua experiência clínica inicial no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com a utilização da Revascularização Transmiocárdica a laser (Heart Laser) no período de abril de 1995 a fevereiro de 1996. Foram operados 11 pacientes com essa técnica (em um deles foi utilizada revascularização associada), sendo a média de idades de 68 anos. Sete deles eram casos de reoperações. Desses pacientes, 9 encontravam-se em grupo funcional IV. Houve 2 óbitos no período pós-operatório, ambos em pacientes com idade superior a 80 anos. Sete pacientes foram avaliados com 3 meses de pós-operatório, mostrando melhora clínica e maior tolerância a esforços. Em 4 pacientes foi realizado mapeamento cardíaco com isótopos e, em 1, houve melhora da perfusão. Os resultados, embora promissores, ainda requerem uma avaliação mais prolongada em um maior grupo de pacientes, para que sua utilização seja melhor estabelecida.
2022-12-06T14:00:36Z
Galantier,Maurício Moreira,Geisha Barbosa Bub,Rolf Francisco Galantier,João Buffolo,Ênio Carvalho,Antônio Carlos Armaganijan,Dikran Féher,Jozef
Artéria radial na ampliação do uso de enxertos arteriais para revascularização do miocárdio: considerações anatômicas e tática cirúrgica
A artéria radial (AR) foi estudada sob o ponto de vista anatômico, histológico, imunohistoquímico e ultramicroscópico. Paralelamente, foram analisados os resultados de seu emprego na revascularização do miocárdio de 269 pacientes. No total, 319 artérias coronárias foram revascularizadas pela AR. Houve predomínio do sexo masculino (80,7%) e da raça branca (93,7%). A artéria torácica interna esquerda (ATIe) foi empregada em 246 pacientes. Outros 17 já haviam sido previamente revascularizados com a ATIe, perfazendo um total de 97,8%. A artéria torácica interna direita (ATId) foi empregada em 59 (21,9%) pacientes, a artéria gastroepiplóica direita (AGEd) em 17 (6,3%) pacientes e em 161 (59,8%) foram também realizadas 1 a 4 pontes de veia safena. A média de enxertos por paciente foi de 3,4. Não houve complicações isquémicas ou infecciosas no membro em que a AR foi retirada. Os estudos imuno-histoquímicos e ultramicroscópicos permitiram observar o grande espessamento da membrana limitante elástica interna da AR e o predomínio de fibras colágenas sobre as elásticas na camada média. As principais complicações pósoperatórias foram a fibrilação atrial em 21 (7,8%) pacientes, insuficiência respiratória em 21 (7,8%), alterações no ECG e/ou elevação de CKMB em 12 (4,5%) pacientes. O balão intra-aórtico foi utilizado em 6 (2,2%) pacientes. O cateterismo no pós-operatório precoce foi realizado em 21 pacientes. Em 1 paciente houve dissecção sem oclusão do óstio da AR pelo cateter, 1 (4,7%) apresentou sinais de espasmo da AR; nos demais a AR encontrava-se pérvia e sem lesões. Houve 6 (2,2%) óbitos hospitalares, sendo 3 por acidente vascular cerebral, 2 por baixo débito cardíaco e 1 paciente teve morte súbita. Nos últimos meses temos visado à revascularização miocárdica com o emprego máximo de enxertos arteriais. Como tática especial usamos a AR para anastomoses seqüenciais com as artérias de parede inferior e lateral do ventrículo esquerdo. A anastomose do coto proximal é realizada na ATIe que, por sua vez, é habitualmente anastomosada ao ramo interventricular anterior (RIA). As artérias AGEd e ATId in situ ou, como enxerto livre, têm complementado o procedimento. Dentre 64 pacientes operados nos últimos 3 meses com a utilização da AR, 62 (96,9%) receberam pelo menos 2 enxertos arteriais, 27 (42,2%) receberam pelo menos 3 enxertos arteriais e 8 (12,5%) pacientes receberam 4 ou 5 enxertos arteriais. Em 29 (45,3%) deles a AR foi anastomosada à ATIe ou ATId. Acreditamos que essa técnica reduza a excessiva pressão conseqüente à anastomose direta da AR na aorta e que o maior fluxo decorrente das anastomoses seqüenciais auxilie na manutenção da perviabilidade da AR. A despeito de considerarmos o enxerto pediculado da ATIe o principal método de revascularização do miocárdio, os resultados preliminares indicam que a AR constitui uma excelente via complementar na busca da revascularização completa do miocárdio com enxertos arteriais.
2022-12-06T14:00:36Z
Dallan,Luís Alberto Oliveira,Sérgio Almeida de Jatene,Fábio B Corso,Ricardo Iglésias,José Carlos R Prates,Nadir Souza,Januário M Verginelli,Geraldo Jatene,Adib D
Revascularização do miocárdio minimamente invasiva
OBJETIVO: Tendência atual em todas as áreas da cirurgia aponta para táticas e técnicas cirúrgicas que tornem o ato operatório cada vez menos invasivo. O objetivo do presente estudo foi avaliar a viabilidade da revascularização do miocárdio através de mínima incisão torácica (minitoracotomia esquerda), sem circulação extracorpórea. CASUÍSTICA E MÉTODOS: De setembro de 1995 a março de 1996, um total de 19 pacientes portadores de lesões isoladas do ramo interventricular anterior (RIA) e/ou diagonal (Dg) foram submetidos a revascularização do miocárdio, tendo, como via de acesso, toracotomia anterior paraesternal esquerda, de aproximadamente 7 cm de extensão, ao nível do 4º espaço intercostal. Através dessa incisão foi dissecada a artéria torácica interna esquerda (ATIE) em extensão suficiente para a realização da anastomose com o RIA efetuada sem circulação extracorpórea. No 2º dia de pós-operatório esses pacientes foram submetidos a arteriografia e eco-Doppler transtorácico da ATIE para verificação das condições do enxerto e da persistência de fluxo pelos ramos intercostais não ligados por ocasião da dissecção parcial da artéria. RESULTADOS: Todos os pacientes tiveram boa evolução pós-operatória. O resultado da ATIE realizado em 16 dos 19 pacientes operados mostrou padrões angiográficos excelentes em 13 deles. Não se demonstrou contrastação dos ramos intercostais não ligados durante a dissecção. O Doppler transtorácico se correlacionou com as condições dos enxertos. CONCLUSÃO: Os resultados iniciais obtidos na revascularização do miocárdio através de minitoracotomia esquerda sugerem ser esta uma boa alternativa tática para portadores de lesão isolada do RIA com excelente resultado estético.
2022-12-06T14:00:36Z
Teles,Carlos A Buffolo,Ênio Petrizzo,Antônia Ribeiro,Expedito Silva,Lélio A Mathias Jr,Wilson
Experiência cirúrgica inicial com a operação de Ross (auto-enxerto pulmonar)
FUNDAMENTO: Em decorrência dos excelentes resultados tardios observados com a operação de Ross, sua utilização tem sido cada vez mais freqüente em vários Centros de todo o mundo. OBJETIVO: Relatar a experiência cirúrgica inicial com essa operação em nosso meio. CASUÍSTICA E MÉTODOS: De maio/95 a fevereiro/96,24 pacientes com média de idades de 28,3 anos foram submetidos à operação de Ross pelo método de substituição do segmento proximal da aorta ascendente. Para a reconstrução da via de saída do ventrículo direito, foram utilizados 17 homoenxertos pulmonares e 7 homoenxertos aórticos preservados em solução de antibióticos. Em todos os pacientes foram realizados ecocardiograma bidimensional com Doppler e cateterismo cardíaco no pós-operatório imediato, para avaliar a função ventricular e desempenho hemodinâmico dos auto e homoenxertos utilizados. Três pacientes com evolução clínica superior a seis meses realizaram novo ecocardiograma. RESULTADOS: A mortalidade hospitalar foi de 4%. Os sobreviventes tiveram alta hospitalar em ritmo sinusal e sem sopro diastólico de insuficiência aórtica. O desempenho hemodinâmico dos auto-enxertos foi muito satisfatório, com baixos gradientes de pico (4,0 ± 1,3 mmHg pelo ecocardiograma e 2,8 ± 1,2 mmHg pelo cateterismo). Vinte e um pacientes apresentaram auto-enxertos suficientes e/ou com insuficiência trivial, e 2 pacientes tiveram insuficiência leve. Nenhum paciente teve insuficiência moderada ou importante. Os gradientes de pico dos homoenxertos também foram baixos (3,0 ± 0,9 mmHg pelo ecocardiograma e 4,3 ± 1,4 mmHg pelo cateterismo) e apenas 2 apresentaram insuficiência leve. Houve significativa redução das dimensões sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo no pós-operatório imediato, assim como da massa ventricular esquerda. Após um tempo médio de seguimento clínico de 5,1 meses (1-9 meses), todos os pacientes encontram-se em classe funcional I e livres de eventos. Três pacientes, com tempo de evolução superior a seis meses, realizaram ecocardiograma, que demonstrou normalização da função e massa ventricular, assim como manutenção do adequado desempenho hemodinâmico dos enxertos. CONCLUSÕES: A operação de Ross pode ser realizada em nosso meio com baixa mortalidade e resultados satisfatórios a curto prazo. Acreditamos que será amplamente empregada.
2022-12-06T14:00:36Z
Costa,Francisco Diniz Affonso da Poffo,Robinson Gaspar,Rogério Abuchaim,Décio Cavalet Soarer Melo,Rubem Sualete de Quintaneiro,Valdemir Sallum,Fábio Said Faraco,Djalma Luís Costa,Iseu Affonso da
Proteção farmacológica da medula espinal isquémica
Estudou-se a ação protetora da quetamina (30mg/kg, EV) e da clorpromazina (2mg/kg, EV), sobre a medula espinal de ratos Wistar, submetida à isquemia de 30 min, por oclusão da aorta torácica, seguida de reperfusão. Em 70 animais, com peso médio de 380g, divididos em 7 grupos iguais, obtiveram-se os seguintes resultados porcentuais referentes à integral recuperação sensitivo-motora: 1) "Sham-operation": 100%; 2) isquemia-reperfusão: 0%; 3) quetamina, 1 min antes da isquemia: 30%; 4) quetamina, 10 min antes da isquemia: 50%; 5) clorpromazina, 1 min antes da isquemia: 50%; 6) clorpromazina, 1 min antes da reperfusão: 10%; 7) quetamina + clorpromazina, 1 min antes da isquemia: 60%. Tanto a quetamina quanto a clorpromazina protegeram parte dos animais cuja medula espinal fora submetida à isquemia-reperfusão. Contudo, ao se comparar os animais protegidos, as diferenças de resultados só alcançaram significância estatística entre os grupos 6 e 7. O estudo histológico, por microscopia óptica, confirmou a ação protetora de ambos os agentes farmacológicos. A perfusão do espaço subaracnóideo dos animais cuja medula espinal fora submetida à isquemia-reperfusão demonstrou quantidade excessiva dos aminoácidos neuroexcitadores, L-aspartato e L-glutamato.
2022-12-06T14:00:36Z
Sader,Albert Amin Coutinho Netto,Joaquim Lachat,João José Roselino,José Eduardo de Salles Ballerini,Flávio José