Repositório RCAAP
Subconjunctival hemorrhage as an initial manifestation of an orbital vascular malformation
The present case report will describe an acute unexpected presentation of a venous lymphatic malformation of the orbit in a healthy 35-year-old female, without coagulation disorders or orbital trauma history and with a history of airplane travel 7 days before. The patient had an acute subconjunctival hemorrhage associated with periorbital ecchymosis, which begun 4 before. The orbital and cranioencephalic magnetic resonance (OCMR) imaging revealed an intraconal orbital lesion inferomedial to the optic nerve with venous congestion suggestive of a venous lymphatic malformation. The proposed treatment approach was non-interventive, with clinical observation and sequential OCMR. At last observation, the patient had no relevant ophthalmologic symptoms and no significant alterations.
2019
Vieira, Maria João Lopes, Nádia Arruda, Henrique Martins, Joana Sousa, João Paulo Castro
Perfil da Transplantação de Córnea do Centro Hospitalar São João entre 2011 e 2018
Objetivo: As técnicas de Queratoplastia Lamelar (KL) permitem a substituição seletiva das camadas de córnea alteradas. A KL associa-se a menos complicações, menor taxa de rejeição e melhores resultados funcionais. O Centro Hospitalar de São João (CHSJ) iniciou a realização de KL em 2009. O objetivo deste trabalho é avaliar a evolução das técnicas cirúrgicas e principais indicações para transplante de Córnea no CHSJ nos últimos 8 anos. Material e Métodos: Análise retrospetiva de todos os pacientes submetidos a transplante de Córnea no CHSJ entre 2011 e 2018. Foram analisadas variáveis demográficas, indicação cirúrgica e tipo de transplante realizado. Resultados: Foram incluídos 1075 olhos nesta análise. Em 2011, 99,3% dos transplantes realizados foram Queratoplastias Penetrantes (KP). A percentagem de KL foi aumentando progressivamente, especialmente depois de 2015. Em 2017 realizaram-se 25% de KL, e, em 2018, 40,9% dos transplantes realizados foram KL. Em 2018, 23,9% foram Descemet’s stripping automated endothelial keratoplasty (DSAEK), 11,4% Descemet membrane endothelial keratoplasty (DMEK) e 5,7% Deep anterior lamellar keratoplasty (DALK)). As principais indicações cirúrgicas foram a patologia endotelial, queratocone e falência de enxerto prévio. Relativamente às ténicas de KL, as principais indicações cirúrgicas foram a patologia endotelial e queratocone, verificando-se um aumento de transplantes por falência de enxerto prévio. Conclusões: O uso de KL no CHSJ tem aumentado progressivamente em detrimento de KP, principalmente desde 2015. Tendo em conta os bons resultados funcionais e baixo número de complicações, a KL deve ser a primeira opção para o tratamento de patologia lamelar seletiva da córnea.
2020
Godinho, Gonçalo Madeira, Carolina Pinheiro-Costa, João Torrão, Luís Moreira, Raúl Falcão-Reis, Fernando
Editorial
No summary/description provided
Achados oftalmológicos de adenomas da hipófise: uma série de 100 casos
Resumo Objetivo: Os adenomas da hipófise (AH) correspondem a 10-15% de todos os tumores intracranianos, e são geralmente tumores benignos indolentes, associados a um amplo espectro de manifestações clínicas. O nosso objetivo foi caracterizar os achados oftalmológicos e a utilidade do exame oftalmológico multimodal, no contexto dos AH. Métodos: série de casos retrospectiva, incluindo 100 doentes com AH. Foi feita a revisão dos processos clínicos, e extraídas as seguintes variáveis: dados demográficos, sintomas de apresentação, atividade hormonal, e eficácia e segurança das várias modalidades terapêuticas. O exame oftalmológico foi registado anualmente até 5 anos de seguimento, incluindo: acuidade visual (AV), campos visuais (CV), resposta pupilar (RP), motilidade ocular, e espessura da camada de fibras nervosas (CFN) na tomografia de coerência ótica (OCT). Resultados: A idade média à altura do diagnóstico foi de 52 anos [11-85]. Quarenta e sete doentes eram do género feminino. O seguimento médio foi de 47±38 meses. Atividade hormonal estava presente em 42.7% dos casos (sobretudo produção de prolactina), e 48.3% estavam associados com ≥1 défice hormonal. Os sintomas de apresentação mais frequentes foram defeitos AV/CV (n=30), cefaleia (n=29) e fadiga (n=13). A AV média na baseline foi de 0.8±0.3. RP anormal foi encontrada em 25 doentes, e 6 apresentavam defeitos oculomotores. Defeitos de CV respeitantes do meridiano vertical ocurreram em 49 doentes, dos quais 20 (40.8%) reportaram inicialmente perturbações visuais. A espessura da CFN baseline estava reduzida em 37% (>90% com atrofia temporal). A progressão tumoral imagiológica foi acompanhada por deterioração do exame oftalmológico (função visual e/ou OCT) em 50% dos casos. Conclusão: Apesar de os sintomas oftalmológicos serem comuns no contexto de AH, frequentemente o doente não tem percepção destas perturbações visuais. Colaboração com o oftalmologista acrescenta valor à gestão destes doentes.
2020
Marques, Raquel Esteves Silva, Filipe Simões Fonseca, Ana Cláudia Campos, Fátima
Applicability of the ROPScore as a predictive algorithm for early detection of retinopathy of prematurity
Introduction and purpose: ROPScore is a scoring system that was proposed to predict severe retinopathy of prematurity (ROP) using easily obtainable parameters as predictive variables. The aim of this study is to assess the accuracy of the ROPScore algorithm as a predictor of ROP by the second week of life. Materials and Methods: Retrospective cohort study of 239 preterm infants with a gestational age (GA) ≤ 32 weeks and/or birthweight (BW) ≤ 1500 g. No ROP, any stage of ROP and severe ROP requiring treatment were categorized. ROPScore was calculated in the second week of life using the following parameters: GA, BW, weight by the second week of life, use of oxygen in mechanical ventilation and use of blood transfusions. Sensitivity, specificity and positive (PPV) and negative (NPV) predictive values were calculated. The best cut-offs of the algorithm were calculated and, whenever possible, a sensitivity of 100% was chosen. Results: Mean BW was 1241.6 ± 310.0g and mean GA was 29.8 ± 3.4 weeks. Of the 239 infants, ROP was identified in 101 (42.3%) and 12 (11.9%) had severe ROP requiring treatment. Mean ROPScore was 15.39 ± 1.94 in the any stage of ROP cohort and 17.52 ± 1.80 in the severe ROP cohort. The sensitivity of the algorithm was 96.0% and 100% for any stage of ROP and severe ROP, respectively. NPV was 92.3% and 100% for any stage of ROP and severe ROP, respectively. Conclusion: ROPScore is a simple public domain algorithm that can be applied as early as by the second week of life. It may be used as a reliable screening tool for ROP and optimize examination timings, but further validation is required.
2020
Figueiredo, Ricardo Sarmento, Tiago Morais Garrido, João Nunes Marques, M. Inês Almeida, Teresa Carrasquinho, Sara
Editorial
No summary/description provided
Crescent-shaped anterior lamellar keratoplasty as treatment of corneal perforation in peripheral ulcerative keratitis
Purpose: to raise awareness of potential severe ocular complications associated with autoimmune diseases and to describe the surgical technique of crescent-shaped anterior lamellar keratoplasty to treat a corneal perforation in peripheral ulcerative keratitis. Methods and Materials: Case report. Results: A female patient with 59 years old, with history of longstanding rheumatoid arthritis, presented with redness and photophobia in the right eye. As past ocular history, the patient had a severe keratoconjunctivitis sicca and a corneal ulcer in the right eye. Clinical examination revealed an epithelial defect with a significant inferior corneal thickness decrease. Topical steroids, antibiotics and a therapeutic contact lens were prescribed. One month later, a corneal perforation was observed and a crescent-shaped deep anterior lamellar keratoplasty was then performed. Conclusion: The clinical course of peripheral ulcerative keratitis depends on the associated systemic pathology, being essential a multidisciplinary approach by ophthalmologists and rheumatologists to allow systemic control of the autoimmune disease, avoiding possible complications such as eye perforation.
2020
Costa, Sónia Torres Costa, João Pinheiro Figueira, Luís Reis, Fernando Falcão
Long term results of non-penetrating deep sclerectomy with Esnoper V-2000 implant in a tertiary center of Ophthalmology
Introduction: Nonpenetrating deep sclerectomy (NPDS) is one of the surgical procedures used for lowering intraocular pressure (IOP) in patients with uncontrolled open-angle glaucoma. This surgery can be enhanced with the use of antimetabolites as well as implants - devices that are placed to facilitate the aqueous outflow by maintaining the virtual space created after removing the deep scleral flap. The purpose of this study was to report the long-term efficacy and safety of NPDS with adjunctive mitomycin C (MMC) and a nonabsorbable hydroxyethyl methacrylate implant (Esnoper V-2000) in our institution. Methods: This is a retrospective study. Inclusion criteria were: adjunctive use of MMC and Esnoper V2000; follow-up time post-NPDS≥24 months; absence of additional glaucoma surgery within the first 24 months post-NPDS. Of 55 NPDS surgeries performed between April 2013 and January 2017 in our institution, 39 eyes (35 patients) met the inclusion criteria. Primary outcome was surgical success, defined as IOP at last follow-up observation ≤18mmHg and IOP reduction rate (IOP-RR)≥20%, either with (relative) or without (absolute) need of IOP-lowering drugs, and without additional surgery. Secondary outcomes were change in number of antihypertensive drugs, Nd:YAG goniopuncture (Nd:YAG GP) rate, and need for additional glaucoma surgery. Results: Mean patient age at NPDS was 69.0 (±11.3) years. Mean pre-NPDS IOP was 21.6 (±6.0) mmHg on median 4 (1) IOP-lowering drugs. Mean follow-up time post-NPDS was 40.3 (±14.2) months. Median IOP at 2-years (M24) and last-follow-up was 14.0 (6.0) mmHg, on a median number of 1 (2) IOP-lowering drugs. Statistically significant reductions in median IOP and IOP-lowering drugs were observed at M24 and at last follow-up compared to baseline (p<0.001). Success rate at M24 was 61.5% (25.6% relative and 35.9% absolute success) and 56.4% at last follow-up. Nd:YAG GP rate was 35.9%, performed at a mean time of 14.4 (±6.5) months post-NPDS. Two eyes (5.1%) needed additional glaucoma surgery after M24. Conclusions: In our study, NPDS with adjunctive MMC and Esnoper V-2000 resulted in a significant reduction in IOP and number of IOP-lowering drugs over the long term, with a relatively high surgical success rate. Our patients could possibly benefit from a higher rate of Nd:YAG GP which was lower than reported in other studies. The need for additional glaucoma surgery is low in NPDS eyes.
2020
Xavier, Catarina Coelho, Nuno Moura Vieira, Miguel Boncquet Gomes, Teresa Reina, Maria Lisboa, João
Retinopatia da Prematuridade numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais de referência nacional
Introdução e Objetivo: A retinopatia da prematuridade é uma patologia vasoproliferativa que afeta o recém-nascido prematuro. O objetivo deste trabalho consistiu em analisar os principais fatores de risco da patologia numa unidade de cuidados intensivos neonatais de referência a nível nacional. Material e Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu todos os recém-nascidos com idade gestacional <32 semanas e/ou peso gestacional ≤ 1500g admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do Hospital de Santa Maria de janeiro de 2015 a dezembro de 2017. Determinámos a incidência e analisámos os principais factores de risco associados ao desenvolvimento da doença. Resultados: Incluímos 144 recém-nascidos, 42% desenvolveram retinopatia da prematuridade. A doença foi simétrica em 95% dos casos. O estadio 2 foi o mais frequente (50%) e as zonas II e III as mais envolvidas (98%). A maioria não apresentou doença pré-plus/plus (93%). Um doente teve doença agressiva posterior. O tratamento com laser/antiangiogénicos foi necessário em 10%. Demonstrou-se relação da patologia com os seguintes factores de risco (p<0.05): muito baixo peso ao nascer, menor idade gestacional, hemorragia intracraniana, persistência do canal arterial, displasia broncopulmonar, uso de surfactante/ibuprofeno/concentrado eritrocitário, trombocitopenia, necessidade de transfusão plasmática, sépsis e presença de infeção materna durante gravidez. Discussão: A incidência da patologia foi superior a 1/3 na população de recém-nascidos estudada sendo vários os fatores associados ao seu desenvolvimento. Conclusão: O rastreio oftalmológico e o tratamento precoce das lesões são essenciais para evitar o desenvolvimento de sequelas oftalmológicas.
2020
Lopes, Patrícia José Figueiredo Teixeira, Filipa Santo, Rita Espírito Sousa, Filipa Caiado Rosa, Rita
RE Neuropatia óptica isquémica anterior não arterítica: do perfil do doente à eficácia da corticoterapia – estudo retrospetivo
Caro Editor, Gostaria de fazer alguns comentários ao interessante artigo de Costa ST et al., “Neuropatia isquémica anterior (NOIA)…” publicada na Oftalmologia julho-setembro, 43 (3), 25-31, onde se conclui que os esteroides não foram úteis no tratamento da NOIA e que a sua utilização em prática clínica no tratamento da NOIA é de difícil justificação. 1 – Na apresentação apenas 18,2% dos doentes tinham alterações dos campos visuais e 34,8% defeito pupilar aferente relativo (DPAR). Estes números são bastante inferiores aos descritos por Hayreth em que 38% possuiam ligeiros a moderados deficits campimétricos e 43% deficits graves.1 2 – Não foram feitos comentários sobre se os esteroides foram efetuados antes ou após 2 semanas do evento primário. Como se sabe, os processos de apoptose são iniciais e o prognóstico pode envolver este parâmetro.1 Por outro lado, pode não ser indiferente ter utilizado uma megadose seguida de “desmame” ou apenas uma baixa dose oral contínua, porque como refere Hayreh, o melhor método será “atacar em força no início e depois afrouxar”.2 3 – Os três grupos comparativos foram constituídos por amostras pequenas e desequilibradas quanto ao número. Isso implica que as diferenças na acuidade visual (AV) para serem estatisticamente significativas numa comparação a três teriam que ter uma magnitude considerável. O método escolhido tende a subvalorizar pequenos ganhos. Não teria sido preferível ter calculado uma odds ratio para cada um dos grupos, calculado para o valor tendência de uma recuperação para números significativamente altos extrapolados dos valores obtidos? Um procedimento adaptado do princípio utilizado para eventos raros, como as endoftalmites.3 Ou, caso não fosse possível, utilizar apenas dois grupos, i.e., esteroides versus não esteroides? Por outro lado, utilizou-se o critério de mediana da AV e não a média. A mediana fornece-nos um critério de identificação melhor para a amostra, uma vez que não é desviada, como a média, pelos valores extremos (outliers). No entanto, tende a não valorizar a variação que acontece nesses valores extremos e isso pode ter importância clínica, embora não possua importância estatística. 4 – A polémica continua entre os diferentes grupos representativos que estudam esta entidade4 e motivou uma “Editor’s choice” na AAO (https://www.aao.org/editors-choice/are-steroids-effective-in-nonarteritic-anterior-is), em que muito justamente se refere que neste momento nada mais há para diminuir os processos de apoptose que os esteroides, embora os inibidores das caspases possam eventualmente abrir novas possibilidades. Concluindo, a utilização ou não utilização de esteroides na NOIA parecem opções legítimas, embora exista evidência de que a utilização de esteroides antes de decorrerem duas semanas da apresentação pode ser benéfica em alguns casos. Adicionalmente, o prognóstico envolve recuperação dos campos visuais e não apenas da AV.
Resposta do Autor - Neuropatia óptica isquémica anterior não arterítica: do perfil do doente à eficácia da corticoterapia – estudo retrospetivo
Caro Editor, Gostaríamos de agradecer o interesse no nosso trabalho, no qual, retrospetivamente, descrevemos o perfil dos doentes com neuropatia óptica isquémica não arterítica (NOIA-NA) e o impacto da corticoterapia oral na AV destes doentes. O nosso estudo representa uma análise retrospetiva baseada em dados do “mundo real”, motivo pelo qual, está associado a muitos vieses que não podem ser controlados como é possível nos ensaios clínicos. No entanto, apesar de todas as limitações inerentes, estes estudos são uma base importante para a realização de ensaios clínicos controlados e, por isso, a sua importância na prática clínica diária não deve ser desvalorizada.No nosso estudo, a presença de DPAR foi identificada em 34,8%. Em 15,2% doentes, os reflexos pupilares eram normais. Como foi referido, pela natureza retrospetiva do estudo, em 33 casos, os registos clínicos não permitiram concluir sobre a pesquisa e respectiva normalidade dos reflexos pupilares. Foram identificados defeitos campimétricos em apenas 18,2% dos doentes. Este resultado refere-se à noção subjetiva de perda de campo visual descrita pelos doentes aquando da avaliação inicial no serviço de urgência. Certamente, a percentagem de doentes com alterações dos campos visuais avaliada de forma objetiva nas consultas de seguimento é superior e semelhante à reportada noutros estudos. A dose de corticoide oral foi de 1mg/dia com desmame gradual. Relativamente ao período desde o diagnóstico de NOIA-NA até início da corticoterapia, verificou-se haver uma grande variabilidade. Alguns doentes iniciaram tratamento aquando do diagnóstico, enquanto que outros iniciaram corticoterapia oral apenas na consulta de seguimento que poderia ser 1 mês ou mais depois do diagnóstico.A acuidade visual foi apresentada segundo a mediana e não a média devido ao pequeno número da amostra e à distribuição não normal.Nos últimos anos, várias publicações tentam esclarecer o papel da corticoterapia como tratamento na NOIA-NA. A maior parte dos estudos é de natureza retrospetiva e inclui um pequeno número de doentes, não havendo resultados consensuais.Em 2018, Saxena et al publicaram um estudo prospectivo e randomizado, onde foram comparados dois grupos de doentes (1 grupo com 19 doentes submetido a corticoterapia oral e 1 grupo controlo com outros 19 doentes – sem tratamento). Os autores constataram que a acuidade visual do grupo de doentes submetido a corticoterapia oral não melhorava de forma estatisticamente significativa aos 6 meses. Neste trabalho apenas analisamos a acuidade visual como parâmetro funcional, uma vez que não dispúnhamos de dados suficientes relativamente aos campos visuais. No entanto, como foi sugerido, as alterações dos campos visuais são, sem dúvida, um aspeto importante na avaliação da evolução destes doentes.Mais uma vez, agradecemos o espírito critico e construtivo com o qual foi feito um comentário ao nosso artigo, assim como a oportunidade de continuar a discussão nesta área cinzenta da Oftalmologia que é o melhor tratamento na NOIA-NA. Salientamos que o nosso trabalho enaltece sobretudo a necessidade de ensaios clínicos prospetivos que analisem parâmetros funcionais e estruturais, de modo a obter uma conclusão baseada na evidência sobre a eficácia dos corticosteroides e o respetivo regime terapêutico no tratamento da NOIA-NA.
2020
Costa, Sónia Torres Faria, Olinda Falcão-Reis, Fernando
Angiografia Fluoresceínica na Retinopatia da Prematuridade: um ano de experiência
Joana Roque1, Susana Henriques1, Ana Sofia Lopes1, Mafalda Mota2, Graça Pires3, Susana Teixeira3, Isabel Prieto4 Objectivo: Avaliar o papel da angiografia fluoresceínica (AF) no diagnóstico e seguimento de prematuros com Retinopatia da Prematuridade (ROP) com necessidade de tratamento (ROP grave). Materiais e métodos: Revisão retrospectiva das imagens de retinografia e AF obtidas com RetCam dos casos de ROP grave estudados com estas modalidades diagnósticas no nosso hospital, entre Agosto de 2018 e Agosto de 2019. Resultados: Realizou-se AF em 26 olhos de 13 prematuros com ROP grave. Em 7 prematuros (54%), a angiografia foi realizada no dia do tratamento (laserterapia: n=12; injecção anti-VEGF: n=1). Este exame evidenciou profundas alterações vasculares retinianas, sobretudo na interface retina vascular-avascular, sendo evidente a exsudação a partir de zonas de neovascularização. Nas restantes 6 crianças (46%), a AF foi realizada durante o período de follow-up (idades: 6 meses a 9 anos), após o tratamento da ROP com fotocoagulação LASER (n=5), vitrectomia+LASER (n=1) ou injecção de bevacizumab (n=6). Dos olhos tratados com injecção intravítrea, 2 desenvolveram recidiva da doença com evidente exsudação periférica na AF, e foram consequentemente submetidos a ablação LASER da retina avascular; nos restantes, a doença não recidivou, evidenciando-se angiograficamente extensas áreas de retina periférica avascular. De modo global, a AF mostrou grande variedade nos padrões de circulação retiniana e de preenchimento coroideu, sendo os achados mais frequentes: a ramificação anómala ao nível das pequenas arteríolas (100%) e os shunts arteriovenosos (69%). Conclusão: A AF permitiu uma melhor caracterização e documentação das anomalias vasculares nos diferentes casos de ROP, apesar de não ter contribuído de forma determinante para a decisão terapêutica tomada. Palavras-chave: Retinopatia da prematuridade, angiografia, RetCam, fotocoagulação LASER, anti-VEGF
2020
Roque, Joana Henriques, Susana Lopes, Ana Sofia Mota, Mafalda Pires, Graça Teixeira, Susana Prieto, Isabel
Em Defesa da COESO
No summary/description provided
Práticas de Rastreio e Tratamento da Retinopatia da Prematuridade em Portugal
OBJETIVOS: O rastreio e tratamento da retinopatia da prematuridade (ROP) varia significa-tivamente entre unidades hospitalares. O objetivo deste estudo é sintetizar as práticas atuais no rastreio, diagnóstico e tratamento da ROP em Portugal, MATERIAL E MÉTODOS: Os oftalmologistas portugueses com prática no rastreio de ROP foram con-vidados a preencher um questionário online anónimo relacionado com o rastreio, tratamento e aplicação da telemedicina (n=26). RESULTADOS:A maioria dos participantes rastreia ROP se ≤ 32 semanas de idade gestacional ou ≤ 1500 g de peso ao nascimento ou um estado clínico instável, iniciando às 4 semanas de idade cronológica ou 31 semanas de idade gestacional, utilizando fenilefrina a 2,5% + tropicamida a 0,5% e com oftalmoscopia indire-ta. Após o diagnóstico de ROP tipo 1, o tratamento é realizado pelo próprio inquirido em 46,2% dos casos. O tratamento inicial para ROP tipo 1 é injeção intravítrea de anti-VEGF se ROP zona I ou fotocoagulação laser se ROP zona II em 65,2%. A maioria não reportou complicações secundárias ao laser ou à injeção de anti-VEGF. A maioria reconhece a utilidade da telemedicina no rastreio da ROP, com a aplicação de um sistema ocular digital, realizado por oftalmologistas e revisto num centro especializado. CONCLUSÃO:A maioria dos oftalmologistas inquiridos utilizam um critério mais inclusivo de idade gestacional para rastrear ROP, utilizando mais frequentemente oftalmoscopia binocular indireta. O tipo de tratamento da ROP tipo 1 está dependente da zona de ROP na maioria dos casos. O rastreio por telemedicina é uma opção viável para a maioria dos inquiridos.
2021
Vieira, Maria João Miranda, Vasco Parreira, Ricardo Maia, Sofia Caiado, Filipa Menéres, Pedro Sousa, João Paulo
Utilização de Dispositivos Eletrónicos e Consequências Visuais nas Crianças e Adolescentes Durante o Confinamento Motivado pela Pandemia SARS-CoV-2
Introdução: Com a crescente utilização de dispositivos eletrónicos pelas crianças, levantam-se questões quanto aos efeitos deletérios na emetropização. O confinamento motivado pela pandemia SARS-CoV-2 levou ao aumento do uso de ecrãs pelas crianças em idade escolar. Neste trabalho pretende-se caracterizar o uso de ecrãs nesta faixa etária e avaliar o seu impacto nos sintomas oftalmológicos durante o período de confinamento. Material e Métodos: Estudo observacional retrospetivo. Foi aplicado um questionário online elaborado pelos investigadores. A população alvo compreendeu crianças dos 6 aos 16 anos, residentes em meio urbano, das áreas de influência do local de trabalho dos investigadores. A análise estatística foi processada no Excel e SPSS. Resultados: Quatrocentas dezassete respostas foram incluídas no estudo. Constatou-se que, antes do confinamento, 57,1% das crianças utilizavam ecrãs por <2 Das crianças, 42,4% perderam 2 a 4 horas de atividades ao ar livre por semana. Apresentaram sintomas de astenopia, 56,1%. Dos sintomáticos, 49,1% referiram agravamento dos mesmos durante o confinamento. Verificou-se associação entre presença de sintomas oftalmológicos e a duração de exposição >2 horas/dia (p=0,002), erro refrativo (p=0,04) e o aumento de idade dos participantes (p<0,001). O agravamento dos sintomas no confinamento foi associado ao aumento de 4 horas/dia de exposição (p=0,02) e perda de >4 horas/semana de atividades ao ar livre (p=0,001). Conclusão: É fundamental o estudo contínuo de possíveis consequências na saúde visual das crianças em idade escolar de forma a regular o uso seguro dos ecrãs.
2021
Baptista, Margarida Martinho, Mariana Portela, Mariana Picoto, Maria Portelinha, Joana
Morphological Predictors of Short-Term Response to Intravitreal Bevacizumab in Macular Edema Due to Retinal Vein Occlusion
INTRODUCTION: Our purpose was to identify morphological predictive factors of short-term macular functional and anatomical outcomes after monthly intravitreal bevacizumab for the treatment of macular edema (ME) due to central (CRVO) and branch retinal vein occlusion (BRVO). METhODS: Retrospective study of patients with ME secondary to CRVO or BRVO under monthly treatment with intravitreal injections of bevacizumab. Only treatment naïve patients, with center-involved ME of ≥305 μm in women and ≥320 μm in men on baseline Spectral-domain OCT (SD-OCT) (Heidelberg Spectralis OCT; Heidelberg Engineering, Heidelberg, Germany) were included. Resolution of ME was defined as central macular thickness (CMT) less than 300 μm, no subretinal and no intraretinal fluid. Demographic and clinical parameters, best-corrected visual acuity (BCVA) in ETDRS logarithmic scale and SD-OCT images were reviewed at baseline and at 4 months. SD-OCT morphologic features in the central 1.0-mm diameter circle were checked for disorganization of the retinal inner layers (DRIL), ellipsoid zone (EZ) and external limiting membrane (ELM) disruption, presence and location of intraretinal hyperreflective foci (HRF) cysts, subretinal and intraretinal fluid, and vitreoretinal interface status. RESULTS: The study enrolled 61 eyes of 61 patients, 29 (47.5%) with CRVO and 32 (52.5%) with BRVO. At 4 months, patients had received a mean number of 3.2±2.7 bevacizumab injections. Mean BCVA was 32±27 ETDRS letters at baseline and improved to 44±27 at 4 months (p<0.001). BCVA improvement was similar in CRVO and BRVO eyes (p=0.68). A greater BCVA improvement was correlated with a worse baseline value (r=-0.45, p<0.001). CMT reduced significantly from 592 ± 223 μm at baseline to 327 ±117 μm after loading dose (p<0.001) and twenty-three (37.7%) patients presented a complete resolution of ME at the 4th month timeline. The number of eyes with ME resolution were similar between those with CRVO and BRVO (p=0.590). The BCVA at the 4th-month follow-up was significantly lower in patients who presented at baseline with DRIL (39±27 vs 64±17 ETDRS letters, p=0.006), disrupted EZ (40±26 vs 64±21 ETDRS letters, p=0.016) and disrupted ELM (40±2 vs 64±20 6 ETDRS letters, p=0.016). Patients who presented DRIL at baseline have less 25.1 letters in BCVA at 4-months than patients who did not (95% confidence interval [CI] 8.1 – 42.3; p=0.004). Similarly, EZ and EML disruption predicted a decrease of 24.5 letters in final BCVA comparing to patients with integrity of these layers (EZ 95% CI 5.6 – 43.5; p=0.010 MLE 95% CI 5.6 – 43.5; p=0.010). None of the analyzed baseline morphological factors were predictive of ME resolution. However, absence of DRIL (p=0.003), presence of HRF in the inner retinal layers (p<0.001) and preserved EZ (p=0.030) and ELM (p=0.004) were significantly more frequent among those with ME resolution. CONCLUSION: Intravitreal injection of bevacizumab for ME due to CRVO and BRVO resulted in a significant functional and anatomical improvement. In our study, patients with DRIL and disrupted EZ and ELM at baseline presented a significant lower BCVA at the end of the follow-up. Identification of baseline biomarkers for ME poor response to anti-VEGF will enable disease stratification and prognosis and improve treatment decisions.
2022
Madeira, Carolina Moleiro, Ana Godinho, Gonçalo Penas, Susana Pedrosa, Catarina Falcão, Manuel Brandão, Elisete Falcão-Reis, Fernando Beato, João
Anterior Surface Measurements Correlation and Agreement Between Rotational Scheimpflug and Placido Disc-based Devices in Primary Eyes
PURPOSE: To evaluate the inter-device agreement between Placido -based topography (Topolyzer Vario, WaveLight, Alcon Laboratories, Inc., Ft Worth, Texas, USA) and rotational Scheimpflug tomography (Oculyzer II, WaveLight, Alcon Laboratories, Inc., Ft Worth, Texas, USA) for measuring anterior corneal surface parameters. METHODS: Fifty eyes from 50 subjects with no ocular disease were included in this study. The main outcome measurements were keratometric readings and anterior surface irregularity metrics derived from Fourier analysis (decentration, decentration axis and irregularity). Inter-device correlation and agreement between the two devices were assessed. RESULTS:No statistically significant differences were detected among the parameters obtained by both devices (paired t test; p > 0.05). The 95% LoA between instruments were within the clinically relevant margins of discrepancy for the keratometric parameters. Seven (14%) and five (10%) eyes presented a difference greater than 0.5 D for the flat meridian (K1) and steep meridian (K2) parameters, respectively. Regarding corneal astigmatism, only three eyes (6%) presented a difference greater than 0.5 D between both devices. All the parameters selected from the Fourier analysis showed a lower level of correlation and a more extensive range of LoA compared to the keratometric variables. CONCLUSION: Placido topography and Scheimpflug tomography showed good correlation and agreement for keratometric measurements, including corneal astigmatism. Based on the data derived from the Fourier analysis, the results recommend caution when selecting the data to plan the topography-guided customized ablation, especially in primary eyes, which calls for prospective studies, possibly using simulated models.
2021
Faria-Correia, F. Ribeiro, Sara Lopes, Bernardo T. Salomão, Marcella Q. Ambrósio Jr., Renato
Comparação entre Segmentação Automática do Disco Ótico por SD-OCT e Retinografia Stereo
INTRODUÇÃO : O rácio estimado entre os diâmetros verticais ou horizontais do disco com a escavação do mesmo (rácio escavação/disco – E/D), é uma das formas clássicas de presumir o dano neurológico glaucomatoso, sendo o hallmark histórico no diagnóstico e avaliação da progressão da doença. O objetivo deste estudo é comparar a avaliação automática dos parâmetros planimétricos do disco ótico por tomografia de coerência ótica de domínio espectral (SD-OCT), com a avaliação tradicional feita com recurso a retinografia por dois médicos com níveis de experiência diferentes. MÉTODOS: Estudo observacional e transversal onde incluímos 64 olhos de doentes seguidos em consulta de glaucoma e suspeita de glaucoma (incluindo hipertensão ocular), e que realizaram retinografia estereoscópica e avaliação por SD-OCT no mesmo dia. Excluímos doentes com opacidades de meios que dificultassem a aquisição de imagens. Foi pedido a 2 avaliadores, 1 médico oftalmologista especialista em glaucoma (G1 – gold standard), e 1 médico interno de formação específica em Oftalmologia (G2), que classificassem, de forma cega, cada par stereo de retinografia em relação ao rácio E/D vertical e horizontal, entre outros parâmetros qualitativos do disco. Foi analisada a correlação entre ambos, e ainda com o OCT. RESULTADOS: O avaliador G1 diferiu de G2 em média 0,05±0,09 (amplitude -0,19-0,22) (p=0,05) e 0,08±0,11 (amplitude -0,27-0,31) (p<0,01) na vertical e horizontal, respetivamente, resultando num coeficiente de correlação Bom (0,82 e 0,81). Já em relação ao OCT, G1 e G2 diferiram em média 0,07(±0,01)/0,13(±0,02)/ e 0,03(±0,02)/0,06(±0,02), sendo que todas estas diferenças são estatisticamente significativas (p<0,01), à exceção do rácio E/D na vertical entre G2 e OCT (p-value 0,06). Contudo, a correlação entre G1 e o OCT foi superior àquela registada entre G2 e o OCT (0,92 e 0,82 vs 0,79 e 0,77). Quando avaliada a correlação mista entre G1 e G2 com o OCT, esta foi Excelente (0,91) para o rácio vertical, e Boa (0,83) para o rácio horizontal. A diferença de classificação entre G1 e o OCT não se correlaciona nem com a área do disco (B=0,16, p=0,15, 95%IC[-0,09-0,01], nem com a atrofia peripapilar ((B=-0,02, p=0,31, 95%IC[-0,07-0,02]. CONCLUSÃO: No nosso estudo obtivemos uma boa correlação na análise do disco ótico entre um jovem oftalmologista e um médico com maior experiência, reafirmando a importância deste sinal clássico na prática clínica. O OCT obteve também uma boa reprodutibilidade, numa possível aplicabilidade crescente na telemedicina. Contudo, a avaliação humana mantém a sua relevância clínica, pois é mais sensível a discos anómalos e permite uma análise qualitativa do disco.
2022
Simão, Jorge Raimundo, Miguel Pereira, Pedro Faria, Pedro Moura Pereira, José Neto, Joaquim
Tratamento com Anti-VEGF e Atrofia Macular: Uma Revisão
Desde a introdução dos anti-VEGF como abordagem terapêutica para a degenerescência macular da idade neovascular que estes se têm mantido como único tratamento manifestamente eficaz no combate à progressão da doença. A possibilidade de um maior desenvolvimento de atrofia macular nos olhos dos doentes tratados, porém, tem vindo a ser levantada. Atualmente, é ainda difícil estabelecer com segurança se a atrofia macular verificada neste contexto se deve, efetivamente, aos fármacos anti-VEGF, se, por outro lado, traduz somente a progressão natural da degenerescência macular da idade. Com a elaboração deste trabalho, pretendeu-se avaliar os resultados dos principais estudos publicados sobre a temática e perceber a validade das principais hipóteses explicativas para a associação encontrada. Efetuou-se, para tal, uma pesquisa na base de dados online PubMed, selecionando-se os estudos de maior relevância. Posteriormente, procedeu-se a uma análise comparativa dos mesmos. A obtenção de uma resposta inequívoca não foi conseguida. Perceberam-se as limitações ao confronto dos diferentes estudos e exploraram-se os fatores envolvidos em potenciais conclusões discrepantes. Contudo, tornou-se claro que a evidência mais atual atesta a segurança dos fármacos anti-VEGF. A sua utilização é fortemente encorajada no contexto da degenerescência macular da idade neovascular, e os potenciais riscos envolvidos são largamente suplantados pelos seus benefícios.
2021
Tavares, Samuel de Oliveira Ferreira Beja Cachulo Damasceno, Maria da Luz Martins da Silva, Rufino
Ankyloblepharon filiforme adnatum: case report and literature review
Ankyloblepharon filiforme adnatum (AFA) is a rare condition defined by a partial or complete fusion of eyelids, which can lead to privation amblyopia. A female new born was referred for ophthalmological examination at her fourth day of life due to the presence of bilateral tissue adhesions between upper and lower eyelid. The obstetric history was unremarkable, except for an advanced maternal age. The baby underwent surgical excision of the bands at the level of each eyelid margin, without complications. Neonatal examination of the new born was normal, without systemic alterations or another eye abnormality. Ankyloblepharon filiform adnatum can be associated with systemic syndromes and the treatment should be performed as soon as the diagnosis is done.
2021
Pereira Vieira, Maria João Campos, Sónia Carvalheira, Fausto Arruda, Henrique Martins, Joana Sousa, João