Repositório RCAAP
Políticas públicas de cultura no estado de São Paulo: uma análise do Legislativo Paulista (2001-2016)
A dissertação tem como objetivo geral identificar o papel da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) na produção de políticas públicas de cultura para seus representados no período de 2001 a 2016. Os objetivos específicos foram: 1) analisar a conduta legislativa sobre o tema cultura; 2) transferir ao estudo quais são as ações e os pensamentos sobre cultura; 3) identificar como o termo cultura, aparece nas iniciativas parlamentares relacionadas à política pública e 4) analisar a contribuição de cada legislatura no desenvolvimento da cultura no Estado de São Paulo. A abordagem foi desenvolvida fundamentada na discussão do conceito de cultura a partir dos autores dos Estudos Culturais (WILLIAMS, 1969; 1989; 2007; THOMPSON, 1998; BAPTISTA, 2009; HALL, 2003; CEVASCO, 2003). Foram selecionadas um total de 341 iniciativas legislativas, das quais foram destacadas para a análise 231 que possuíam relação com a cultura e 40 que especificamente fomentam políticas públicas de cultura, tal como abordado neste estudo. Foram entregues 93 questionários para os gabinetes/mandatos dos deputados para serem respondidos sobre o tema, sendo que 29 foram respondidos e subsidiaram a análise. A metodologia utilizada foi a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009) com enfoque na interpretação dos dados. A hipótese sugerida foi que a ALESP, por meio de seus legisladores, faz políticas públicas de cultura para o Estado de São Paulo, porém, a partir da análise dos resultados, essa hipótese não foi confirmada. Como resultados podem-se destacar a consideração que existe uma deficiência na representatividade da população do estado de São Paulo na ALESP e que a cultura não é prioridade para os deputados paulistas
2022-12-06T14:53:37Z
Tatiana Lima Sarmento Panosso
Políticas públicas para cultura: concepção, monitoramento e avaliação
A presente dissertação consiste em um estudo sobre políticas públicas de cultura. A atuação do Estado sobre esse campo deve envolver desde a concepção e formulação da política até a avaliação dos impactos. Contudo, não se identifica no campo da gestão pública uma cultura de avaliação para as políticas culturais. Os Estudos Culturais contribuíram para a definição da cultura como objeto de pesquisa e investigação no universo acadêmico, bem como para a análise de suas dimensões e das relações sociais envolvidas nas experiências em cultura. A partir desse enfoque é possível tratar da ação do Poder Público na concretização de políticas especificamente voltadas à Cultura, sob a perspectiva de sua relevância nos processos de desenvolvimento humano e de protagonismo social e democrático. A criação do primeiro órgão público voltado exclusivamente à concepção, formulação e definição de políticas públicas para cultura foi o Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, fato que marca historicamente a organização das ações do Estado em torno desse campo. A implementação de uma política pública requer esforços próprios ao seu objeto, tais como a produção de dados, diagnósticos, acompanhamento e avaliação. A Teoria dos Indicadores permite tratar desse processo e sustentar a relevância de sistemas de monitoramento e avaliação também para o campo da cultura. A investigação de iniciativas já em curso e de alguns casos concretos se faz relevante à medida que se discute a propriedade e pertinência de se criarem indicadores culturais. Para a avaliação das políticas públicas são necessários indicadores de eficiência, eficácia e efetividade. Em conclusão, a matriz de avaliação proposta serve como exercício prático para avaliação de uma política pública para Cultura
2022-12-06T14:53:37Z
Ana Flávia Cabral Souza Leite
Difusão da cultura brasileira no exterior : a Divisão de Operações de Difusão Cultural do Itamaraty no governo Lula
Nesta dissertação, investiga-se a difusão da cultura brasileira no exterior durante o período 2003-2010. Para isso, foi escolhida como objeto de pesquisa a Divisão de Operações de Difusão Cultural (DODC) do Itamaraty, principal órgão governamental responsável pela diplomacia cultural. Foram analisados os Atos Bilaterais de Cooperação Cultural assinados entre o Brasil e terceiros países, assim como os Programas de Difusão Cultural de 22 postos brasileiros no exterior, relacionando-os às políticas externa e cultural implementadas durante a gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O trabalho inclui a compilação de 220 documentos referentes ao Programa de Difusão Cultural, disponibilizada em CD ou por meio do link: http://bit.ly/PDC_YVES_FINZETTO
2022-12-06T14:53:37Z
Yves Carneiro Finzetto
Lugar de memória: um estudo sobre a Vila Romana (SP)
O vertiginoso processo de verticalização da Vila Romana, pertencente ao Distrito da Lapa, região oeste do Município de São Paulo, apaga o que um dia foi um dos bairros industriais mais importantes da cidade. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a constituição da Vila Romana como um lugar de memória em construção na Metrópole Paulistana, a partir da memória coletiva de seus sujeitos, das iniciativas da sociedade civil em prol da preservação de prédios históricos e das múltiplas identidades que constituem este território em profunda modificação. Com base em autores como Halbwachs (1990), Nora (1993) e Hall (1996; 1997; 2001; 2003), foram analisadas 6 escutas de moradores antigos do bairro, amparadas pelo método da história oral, que nos mostram como as experiências individuais e coletivas desses sujeitos contribuem para o entendimento do grupo em um determinado espaço. Percebemos que entender as relações subjetivas entre identidade, memória e território podem ser fundamentais para contribuir com uma participação politica mais efetiva e democrática, dentro do universo das memórias dos moradores desta região de São Paulo
2022-12-06T14:53:37Z
Caroline Nocetti
Escolas Democráticas: a autonomia e o protagonismo juvenil no modelo horizontal da gestão do conhecimento
O presente trabalho busca compreender como ocorre a relação entre a educação democrática e a formação de identidade juvenil no âmbito da autonomia e do protagonismo, por meio da realização de um estudo de caso em uma escola democrática. Buscou-se caracterizar a relação do estudante que se conecta ao aprendizado sem um adulto dominante dirigindo o processo de aprendizado, e como essa liberdade impacta sua vida escolar e a formação de sua identidade autônoma e o protagonista. Interessou conhecer o estudante e sua integral relação com os sistemas simbólicos culturais, possibilitando uma abordagem sobre currículo e sua relação com a construção de identidades juvenis sob a perspectiva dos Estudos Culturais, cujas contribuições de Stuart Hall, importante teórico dos Estudos Culturais que trata das identidades, foram imprescindíveis. Para isso, além da revisão bibliográfica dos principais temas abordados, foi realizada também uma pesquisa experimental com estudantes, corpo docente e estrutura de uma escola da região metropolitana de São Paulo que se assume como escola democrática. Foi também realizada a coleta de uma pequena parte de dados em uma escola tradicional privada na mesma região. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas utilizando a técnica do grupo focal; entrevistas individuais com corpo docente; observações; análise do Projeto Político Pedagógico da escola objeto de estudo; coleta de dados a partir do uso de redações nessa escola e em uma segunda escola, sendo essa de modelo tradicional. No que se refere à análise dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo, de Laurence Bardin, e foram construídas três categorias e um conjunto de indicadores para cada uma delas, que serviram de base para a análise. Os resultados mostram que há indícios de protagonismo e autonomia nos estudantes da escola democrática. O currículo da escola prevê uma série de ferramentas que contribuem para a participação e diálogo. Porém, não é possível afirmar que a autonomia e o protagonismo sejam características exclusivas de estudantes desta escola, conforme visto na comparação entre as redações dos estudantes da escola democrática e da escola tradicional. Outro aspecto importante é a capacidade de construção coletiva destes estudantes, o que sugere que os estudantes desta escola estejam construindo uma identidade que se preocupa com as relações sociais, com o entorno e com a importância da convivência coletiva pautada nas regras e no respeito, uma vez que eles deliberam temas em assembleias e praticam a escuta atenciosa nos diversos campos de diálogo que a escola oferece
2022-12-06T14:53:37Z
Sharlene de Souza Queiroz
O discurso e a prática da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo: análise dos convênios celebrados pela pasta
A presente pesquisa compara o discurso da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo com o que a pasta de fato executa, ou seja, sua prática. A análise do discurso é feita com base na visão de cultura da secretaria e em seu entendimento acerca do termo política cultural. Este conteúdo é expresso em documento elaborado pela própria secretaria e na minuta do Plano Estadual de Cultura de São Paulo. Já a prática é analisada por meio de uma das políticas desenvolvidas pelo órgão: os convênios, instrumentos celebrados entre órgãos da Administração Pública ou entre estes e entidades sem fins lucrativos, visando a realização de projetos de vontade mútua e interesse público. Um importante mecanismo de fomento à cultura, no entanto, pouco discutido. São estudados os convênios firmados durante o período de um governo, 2011 a 2014, incluindo os instrumentos resultados de emenda parlamentar, portanto, de origem no Poder Legislativo, e os de escolha direta da secretaria, Poder Executivo. Especificamente, busca-se entender o que é um convênio; o perfil dos projetos conveniados; os valores investidos em projetos culturais, por meio de convênios; a distribuição dos convênios no estado; quais são as entidades e prefeituras conveniadas; quem são os deputados que destinam emendas parlamentares para a cultura etc. A análise permite observar a distância entre a teoria e a prática do órgão de cultura, uma vez que o estudo dos convênios demonstrou a ausência de uma política cultural definida, democrática e transparente; além da utilização da cultura, prioritariamente, como instrumento para se alcançar outros fins, diferentes dos expostos pela pasta em seu discurso. Distância grande é observada, também, em relação ao que a secretaria diz e faz e os anseios da sociedade civil, expressos por meio do plano de cultura. Enquanto a pasta tem a cultura como meio, a sociedade tem a cultura como fim. Além disso, o que a sociedade deseja, portanto, o que é de interesse público, não se faz presente, de maneira representativa, nos convênios celebrados.
2022-12-06T14:53:37Z
Bárbara Rodarte de Paula
Jornalismo, telenovela e cultura na coluna Helena Silveira Vê TV (1970-1984)
Entre 1970 e 1984, a jornalista e escritora Helena Silveira dedicou-se à crítica televisiva nas colunas Helena Silveira Vê TV e Videonário, publicadas no jornal Folha de S.Paulo. A dissertação pretende resgatar essa produção jornalística, observando-a a partir do instrumental teórico dos estudos culturais. O primeiro capítulo trata dos conceitos de experiência e estrutura de sentimento, além de se referir a trabalhos dos estudos culturais acerca da experiência da televisão. O segundo capítulo apresenta um perfil da jornalista Helena Silveira e os diferentes momentos de sua atuação na empresa Folha da Manhã entre as décadas de 1940 e 1980. O terceiro capítulo procura refletir sobre a natureza da crítica televisiva, com destaque para o modo particular como Helena Silveira a desenvolveu, fazendo uso de um tom próximo da crônica. O quarto capítulo avalia como, no âmbito da crítica de TV, é possível reconhecer a promoção do prestígio da telenovela, sua fixação como produto capaz de produzir identificações e prazer. O quinto capítulo procura resgatar uma dimensão política latente em muitos textos em que Helena Silveira dialogou com o clima de expectativas e esperanças da chamada abertura política, considerando a importância da TV no contexto de redemocratização do país
2022-12-06T14:53:37Z
Pedro Paulo da Silva
A Festa do Coco das comunidades quilombolas paraibanas Ipiranga e Gurugi: acontecimentos e corponegociações
Nesta dissertação discuto a Festa do Coco e a prática do coco de roda, realizadas todo último sábado de cada mês pelas comunidades quilombolas Ipiranga e Gurugi, pertencentes ao município paraibano do Conde. Tive como objetivo evidenciar as transformações ocorridas na Festa do Coco e na brincadeira de coco de roda durante o período de visitas, entre julho de 2013 e maio de 2016, a partir da análise dos acontecimentos registrados nos diários de campo escritos por mim. No decorrer das primeiras visitas realizadas, levantei a hipótese de que a Festa do Coco não é um espaço de reprodução de uma prática realizada no passado, mas um espaço de produção de acontecimentos e de criação de outras formas de negociação entre os corpos participantes. Uma das perguntas que mais me interessavam era entender o que fazia com que diferentes pessoas, moradoras do quilombo ou não, vindas de diferentes locais da Paraíba e do Brasil, desejassem estar na festa, mesmo esta acontecendo em um barracão pequeno, dentro da comunidade quilombola Ipiranga, e sem nenhum apelo midiático sobre o evento. Os procedimentos de pesquisa delinearam-se no processo de realização da mesma: assumi, para o trabalho de campo, uma participação observante, por meio da qual pude ser mais uma brincante da festa e me deixar ser levada pelas suas linhas de força, seus fluxos. A cada festa eu escrevia diários de campo, focando-me nas experiências vividas e percebidas durante a festa. Minhas apostas teóricas se deram nos registros das filosofias da diferença, e em especial no registro deleuziano-guattariano, e da Antropologia da Performance, que discutem as práticas coletivas num registro do acontecimento, da performance e da criação. Esta dissertação traz então o conceito deleuziano de acontecimento como um dos conceitos chave para entender as transformações ocorridas nas festas e o interesse dos visitantes que procuram a festa: produzir acontecimentos. O participante da festa deseja estabelecer agenciamentos, formas de se conectar, de se relacionar com outros corpos e gerar novidade, criar. Dentre esses agenciamentos, a corponegociação se dá como um dos mais significativos. O conceito, criado por mim para esta pesquisa, surge através da brincadeira realizada no centro da roda de coco, onde o corpo negocia e cria sem o uso da produção verbal; o improviso é gerado pela contaminação dos diferentes repertórios de movimentos
2022-12-06T14:53:37Z
Peticia Carvalho de Moraes
Por uma práxis do fazer socioeducativo: reflexões sobre o movimento de (re)construção metodológica da UAMA-Paranoá e suas contribuições para a política de atendimento em meio aberto no DF
Este estudo apresenta e traz reflexões sobre o movimento de (re)construção metodológica do atendimento socioeducativo feito com adolescentes e jovens em cumprimento das medidas de prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida na Unidade de Atendimento em Meio Aberto (UAMA) do Paranoá. Para tanto, realizou-se entre 2016 e 2018 uma pesquisa etnográfica de natureza interpretativa crítica, por meio de observação participante e entrevistas semiestruturadas, além de revisão bibliográfica. Para a análise dos dados obtidos, a categoria utilizada foi a práxis, segundo a qual o trabalho (ação humana) é determinado pelo contexto material, histórico e cultural em que é realizado, ao mesmo tempo que também o modifica, em uma relação dialética entre indivíduo e sociedade e subjetividade e objetividade. No caso do Sistema Socioeducativo do DF, esse contexto expressa um conjunto de contradições inerentes às \"questões sociais\", raciais e criminais, relacionadas entre si e próprias das relações de produção do estado capitalista. Tais questões, na verdade, que estão na gênese da política pública da socioeducação no Brasil, atravessaram o último século e fazem parte das instituições que a operam. Essas, por sua vez, são marcadas hegemonicamente por culturas e práticas que impõem ao cotidiano das(os) profissionais a racionalização de processos de trabalho que tende a naturalizar as contradições das questões sociais, raciais e criminais por meio da burocracia. É, então, pela práxis que enfrentamentos a esses contextos contraditórios e burocráticos são possíveis. Isso exige, no caso das(os) trabalhadoras(es) da política socioeducativa, uma compreensão reflexiva, teórica e crítica sobre a realidade, a fim de orientar novas práticas. E também lhes gera, por consequência, novos processos de subjetivação. Assim, durante a pesquisa, coloquei em diálogo as observações que fiz e as reflexões das(os) participantes sobre suas práticas na UAMA-Paranoá, com elementos estruturantes do contexto histórico, material e cultural do cotidiano de trabalho em que estavam inseridas(os). Como consequência, compreendeu-se que a (re)construção metodológica que realizavam estava implicada num movimento contra-hegemônico e propositivo que se optou por chamar de práxis do fazer socioeducativo. Esse movimento partiu da mudança da cultura de atendimento dispensada aos(às) adolescentes, jovens e famílias, mas foi além e apontou para possibilidades de enfrentamento à cultura punitivista e desumanizante do Sistema Socioeducativo, herança do sistema penal que, em especial para as medidas de meio aberto, pode ser verificada pela burocratização das relações humanas
2022-12-06T14:53:37Z
Juliana Duarte Arraes
Território, cidadania cultural e o direito à cidade: a experiência do Programa VAI
A presente pesquisa trata de examinar uma política pública concebida no âmbito legislativo, na Câmara Municipal dos Vereadores do Município de São Paulo, entre 2001 e 2002, com expressiva participação juvenil e da sociedade civil. Originou a Lei 13.540/2003 e o Decreto 43.823/2003, que instituíram uma política pública por meio de um programa cultural batizado de Programa VAI, implantado a partir dos anos de 2004 na Secretaria Municipal de Cultura, na Gestão de Marta Suplicy. Em seus mais de dez anos de implantação, Programa VAI passou por tranformações importantes em seus métodos e execuções, em decorrência de seus gestores, metodologias compartilhadas entre eles e a comissão de seleção no decorrer da execução dos projetos. Dados estes que demonstram positivamente, um processo de implantação da política pública com efetiva participação dos contemplados e não contemplados no edital. O programa trouxe também outros aspectos externos ao curso de sua implantação, que são cruciais para compreender um arranjo possível da democracia cultural pelo viés do território, onde muitas populações das periferias paulistanas e cidades de fronteira das mesmas estão vivenciando processos da tão almejada cidadania cultural. A participação política dos jovens e também as ações intergeracionais são responsáveis pelas mobilizações e reivindicações relacionadas aos direitos culturais via pressões e diálogos com o Estado. Por fim, territórios complexos e reveladores se observados por meio do seu cotidiano, suas práticas culturais coletivas, em suas potências de deslocar a cartografia cultural da cidade, invertendo fluxos de poderes pelas ações afirmativas, artísticas, culturais e identitárias para garantirem o direito à cidade
2022-12-06T14:53:37Z
Ana Paula do Val
Impressões sobre o teatro: um estudo sobre lazer em Paraisópolis na cidade de São Paulo
O objetivo deste estudo foi investigar em que medida as impressões que os sujeitos têm do teatro influenciam no seu hábito de frequentar espetáculos teatrais. O trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo realizada com dois grupos, um de moradores de Paraisópolis, comunidade da Zona Sul de São Paulo SP, onde há oferta gratuita de espetáculos teatrais; e outro de moradores da Região Metropolitana São Paulo, com um perfil socioeconômico mais alto, no intuito de evidenciar o que há de diferente nas opiniões de cada grupo. A pesquisa partiu da hipótese, que foi confirmada em grande medida, de que a imagem que as pessoas têm do teatro determina o interesse de frequentar. Para a maioria dos entrevistados, o teatro é visto como uma atividade elitizada, tanto do ponto de vista intelectual quanto econômico, ainda que nem todos concordem que essa imagem seja verdadeira. Essa impressão, acreditamos, exclui grande parte da população do grupo de frequentadores assíduos, pois está relacionada à identidade, que não geraria um sentimento de pertencimento ao universo do teatro, a priori. Essa distância é agravada pela questão do hábito, considerando o contexto social em que os entrevistados estão inseridos e o histórico familiar. Por outro lado, o teatro foi unanimemente considerado importante, e a principal razão é sua contribuição para o desenvolvimento tanto intelectual quanto emocional dos espectadores. Esses fatores nos levaram a concluir que há uma ideologia arraigada que tem grande participação na criação dessa imagem mental do teatro, pois para muitos entrevistados o teatro é algo interessante, divertido, a pessoa gostaria de ir mais, porém, por algum motivo pouco palpável, não vai. Como possíveis caminhos para estreitar as relações entre público e teatro, os entrevistados trouxeram a questão da importância da educação e especificamente da formação artística como fator fomentador da apropriação da fruição artística. Outro destaque foi a falta de uma divulgação efetiva, que em geral, nem informa, e muito menos incita o sujeito para que se torne espectador. A base para a estruturação do estudo e a análise dos dados teve teóricos ligados aos Estudos Culturais, campo no qual a pesquisa está inserida, ao Teatro, além de referências de outras áreas de estudo como a Sociologia, Sociologia do Lazer, Educação e Mediação Cultural. Assim, a pesquisa buscou colaborar tanto no ambiente acadêmico, quanto com artistas e gestores culturais para a construção de uma relação significativa dessa população com a arte teatral
2022-12-06T14:53:37Z
Cristiana Gimenes Parada dos Santos
Os novos indicadores educacionais brasileiros: um estudo sobre a Rede Municipal de Ensino de São Paulo
Esta pesquisa toma como objeto de estudo o desempenho escolar nos anos iniciais da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Com base em indicadores educacionais disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), reunimos uma ampla gama de informações sobre as 549 escolas municipais de São Paulo. Como revelaram inúmeras pesquisas, nacionais e internacionais, o desempenho escolar apresenta uma forte associação com o nível socioeconômico das famílias. Sem negligenciar esta dimensão do desempenho escolar, a hipótese trabalhada nesta pesquisa dizia respeito ao peso de outros fatores, descritos na literatura como efeito-escola e efeito-professor. Na primeira etapa do trabalho, procedemos à coleta das estatísticas e examinamos a distribuição dos novos indicadores educacionais (INEP, 2014) na Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Em seguida, recorremos a uma Análise de Componentes Principais (ACP), visando produzir uma representação, à uma só vez, multidimensional e sintética do conjunto das escolas municipais de São Paulo. Como esperado, os resultados evidenciaram, no primeiro eixo, uma correlação entre desempenho escolar e nível socioeconômico das famílias. A segunda componente principal expressa uma correlação que traz à tona a importância dos novos indicadores educacionais para a compreensão dos resultados escolares. As demais componentes principais revelam a contribuição de fatores propriamente escolares para a explicação do êxito escolar
2022-12-06T14:53:37Z
Viviane Aparecida Costa
Publicidade no Brasil: presença americana, jogo político e consagração
Para que se possa, de fato, entender determinado grupo social e sua importância no decorrer da história, é indispensável analisar os contextos que permearam seu desenvolvimento, ressaltando as relações estabelecidas com as instituições sociais e identificando como se dá a consagração entre os pares. É partindo de tal perspectiva que o trabalho aqui proposto teve como objetivo desvendar os mais relevantes aspectos do desenvolvimento de uma poderosa instituição de produção e de transmissão cultural na sociedade brasileira: a publicidade; assim como as relações de poder que importantes profissionais da área desenvolveram. Mais especificamente, buscou-se aqui colocar em pauta a questão da atividade publicitária como campo social ou espaço de interesses e capitais específicos, constituídos a partir da influência dos Estados Unidos, de suas agências e clientes, e se adaptando ao cenário sócio-político brasileiro e às configurações do Regime Militar. Para tal, buscamos reconstruir a emergência de um grupo publicitário hierarquizado, identificando suas instituições de consagração, suas relações políticas e os contextos históricos que contribuíram para a constituição de um habitus. O estudo foi pautado no levantamento de fontes documentais, tais como material de imprensa, anuários publicitários, entrevistas e depoimentos do arquivo do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Também foi executada exploração bibliográfica das relações entre Brasil e Estados Unidos e publicações sobre a trajetória da área em ambos os países, buscando analisar, na perspectiva da sociologia da produção de bens simbólicos, os principais condicionantes da ascensão dos representantes de tal campo e suas relações com a esfera política, sempre dentro de sua tradicional lealdade com o mundo empresarial, no qual se recrutam os anunciantes
2022-12-06T14:53:37Z
Eric Anacleto Ribeiro
Escola e redes sociais: diálogos possíveis, saberes e inversões
O presente estudo teve como objetivo analisar as possibilidades das redes sociais da Internet, a partir dos usos e aplicações feitos por alunos e professores. Partindo da observação e análise das relações e interações, desenvolvidas nos grupos virtuais das redes sociais Facebook e WhatsApp, buscou-se verificar se as redes sociais na Internet possibilitaria uma inversão da hierarquia do saber e, se a presença de professores e alunos nesses grupos possibilitaria aquilo que o educador Paulo Freire denominou de educação dialógica. Ao longo da pesquisa foram observados grupos no Facebook, criados por alunos ou professores. A partir disso, foram observados os diálogos, a quantidade e os tipos de postagens, além da participação dos atores sociais envolvidos. Em seguida, comparou-se os grupos do Facebook, com os usos do aplicativo WhatsApp no qual alunos do ensino médio criaram grupos específicos para elaboração de uma atividade da disciplina de sociologia. A pesquisa concluiu que, não é possível afirmar uma inversão da hierarquia do saber, mas, sobretudo, relações de troca, onde, por meio das interações via grupos do Facebook, alunos e professores compartilhavam, em sua maioria, questões ligadas ao cotidiano vivenciadas no dia a dia. Sobre as possibilidades de uma dialogia no sentido proposto por Paulo Freire, a pesquisa apontou que no caso da utilização do WhatsApp, para elaboração de um trabalho em grupo, algumas práticas se mostraram satisfatórias, apresentando caminhos possíveis, porém, a dialogia presente nas redes sociais da Internet, ainda depende do trabalho desenvolvido em sala de aula no espaço off-line
2022-12-06T14:53:37Z
Alexandre Ramos dos Santos
Caracterizando o imaginário belga acerca da imigração congolesa: uma análise a partir do jornal Le Soir
Fazendo uso da teoria da interseccionalidade, a presente pesquisa objetiva caracterizar, através da interpretação da narrativa construída pelo jornal Le Soir sobre a comunidade congolesa em Bruxelas, o imaginário belga acerca dos fluxos migratórios entre a atual República Democrática do Congo e a Bélgica contemporânea, durante o lapso temporal compreendido entre 1989 e 2000. Neste esforço, dentro do período estabelecido, foi possível identificar as levas migratórias de congoleses e sua relação com os diferentes contextos políticos e econômicos do país africano; ficaram visíveis, também, uma realidade de falta de interseccionalidade nas políticas públicas, de abusos, por parte das autoridades, de insuficiência, por parte das instituições, e de estranhamento e exotização, por parte do belga, de forma geral, ante a comunidade imigrante congolesa e também africana presente no país
2022-12-06T14:53:37Z
Felipe Antonio Honorato
Agora é para alfabetizar, sim ou não? : análise dos discursos especializados sobre a idade certa para iniciar a alfabetização no contexto da ampliação do ensino fundamental para nove anos
Esta pesquisa tem como objetivo efetuar uma análise dos discursos especializados sobre as relações entre a infância e a cultura escolar letrada a partir da perspectiva de Michel Foucault. Mais precisamente, busca-se examinar os discursos sobre a idade mais adequada para o início do processo de alfabetização, que marca a passagem da educação infantil para o ensino fundamental. O interesse pelo tema justifica-se tendo em vista a recente ampliação do ensino fundamental para nove anos, com a antecipação do ingresso no primeiro ano, que passou a ocorrer aos seis anos e não mais aos sete anos de idade. Esse fato gerou uma série de discussões pedagógicas acerca das consequências dessa mudança para as crianças de seis anos, que anteriormente frequentavam a educação infantil e passaram a frequentar o ensino fundamental. A partir do estudo de documentos oficiais e revistas pedagógicas destinados à formação docente, pretende-se identificar os argumentos mobilizados nos discursos para a defesa de uma idade mais indicada para o início do processo de alfabetização. A análise evidenciou que os discursos sobre o tema caracterizam a educação infantil e o ensino fundamental como duas culturas escolares distintas. A educação infantil é concebida como uma etapa da escolarização que tem como propósito favorecer o desenvolvimento infantil espontâneo, de modo que todo aprendizado realizado nessa etapa, inclusive o da leitura e da escrita, deve partir do interesse e da curiosidade das próprias crianças. O ensino fundamental, por sua vez, destina-se à formação do estudante por meio do ensino sistemático das disciplinas escolares definidas no currículo.
2022-12-06T14:53:37Z
Andressa Caroline Francisco Leme
Produção de sentidos na balança: as relações entre ciência, mídia e cotidiano nos discursos de obesidade
A busca pela perfeição, pelo belo, pelo correto, pelo equilíbrio são objetos de desejo há muito perseguidos. Nossa pretensão foi entender como são produzidos os sentidos de obesidade pelas relações discursivas da ciência, da mídia e das conversas do cotidiano. Acreditamos que há uma relevância do debate da dinâmica dos conceitos, entendendo-os como formas simbólicas e seus múltiplos significados históricos. Há uma polissemia no sentido de obesidade e isto cria dispositivos de poder, disciplina e controle que se encarregam de examinar, marcar, corrigir e, eventualmente, punir o sujeito com essa característica, estabelecendo uma definição hegemônica de normalidade para classificação positiva e negativa dos comportamentos. Esse processo cria marcas nas subjetividades uma vez que o sujeito que possui alguma característica considerada anormal deva ser corrigido. Analisamos as práticas de significação que engendram diferentes formas de narração da obesidade. O aporte dos Estudos Culturais contribuiu para enxergarmos o surgimento de uma nova categoria social e uma nova identidade cultural: os obesos. Consideramos que tal grupo é classificado como desviante na dinâmica hegemônica cultural, na qual os discursos científicos e culturais balizam a sua representação social. Investigamos a construção discursiva de obesidade, principalmente, inferindo nas questões e falas recorrentes, argumentos, no dito e não dito, no repetitivo. Afirmamos que existe um discurso disciplinador do corpo na sociedade atual e que várias estratégias são elaboradas para responsabilizar as pessoas sobre seus corpos. Realizamos um estudo em três níveis: primeiro, buscamos entender o discurso científico de obesidade, analisando artigos de revisão em duas bases de publicações científicas, o Scielo BR e o Portal da Capes; em seguida, investigamos o programa televisivo Bem Estar, da Rede Globo; por último, tentamos compreender como são produzidos os discursos no cotidiano, realizando um diário de campo e registrando as conversas espontâneas que presenciamos ao acaso no metro, em restaurantes, na praia e outros locais públicos e privados. Da ciência, podemos inferir que os discursos são construídos a partir de um modelo biomédico cartesiano e determinista construído no século XVIII que acompanha um projeto de formação de crenças e verdades para que a ciência ocupe um papel importante nos discursos de outras áreas como a comunicação, o judiciário e as políticas públicas. A mídia se utiliza dos discursos competentes do modelo biomédico para criar uma representação social polarizada de tipos ideais de obesos: aquele que sofre todas as consequências negativas por ser gordo e aquele que mudou a vida para melhor depois que emagreceu. As conversas do cotidiano contribuíram para entendermos as negociações discursivas existentes na sociedade. Mesmo com as relações de poder e a hegemonia cultural de um grupo, os sujeitos são complexos e seus discursos também refletem tais características: as falas mostram repetições de outros discursos, evidenciam as relações com a individualização da responsabilidade com o corpo, questões morais, preconceito e idealização da beleza, mas também mostram resistências aos discursos hegemônicos, principalmente ao externar que a vida é plástica e que os sujeitos obesos podem construir outros tipos de relações com seu corpo e criar sua própria normalidade.
2022-12-06T14:53:37Z
Fabiano Marçal Estanislau
Desafios e contradições de uma \"boa\" escola de ensino médio na zona leste de São Paulo
A presente dissertação tem como objeto de estudo os dilemas e avanços referentes ao ensino médio brasileiro. Para tanto, tomou-se como base a Escola Estadual Deputado Silva Prado que possui a reputação de uma boa escola em sua região. Construímos este trabalho por meio de: a) informações institucionais (história, índices educacionais e dados oficiais dos governos); b) dados socioeconômicos coletados por meio de questionários aplicados aos alunos e ex-alunos da escola; c) entrevistas realizadas com jovens concluintes do ensino médio.\'\' Como principais resultados obtidos constatou-se que a identificação positiva da escola foi possível graças a alguns fatores que puderam ser identificados, como a permanência longa de gestores e os mecanismos de seleção de alunos empregados e a preservação das características sociais dos estudantes. No atual contexto, porém, essa reputação tem sido objeto de contestação por parte de docentes e educandos
2022-12-06T14:53:37Z
Raimundo Justino da Silva
As representações e o que aprendemos a \"ver\" sobre o ciclo de vida das plantas
Analiso nesta dissertação as representações sobre o ciclo de vida das plantas de onze coleções de livros didáticos de ciências aprovados pelo Programa Nacional de Livros Didático (PNLD) referente ao ano de 2011 para, em um segundo momento, focar nas mensagens visivas das representações de cada uma das divisões de plantas briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. As mensagens visivas permitir-me-iam caracterizar as transformações ocorridas tanto na forma de representar o ciclo quanto nas linguagens utilizadas nas estruturas representacionais que, na maioria das vezes, não condizem com os títulos empregados para nomeá-las. Lançando mão dos pressupostos da tríade pierciana (ícone-objeto-símbolo) a análise semiótica empreendida forneceu-me subsídios para, em uma terceira etapa da pesquisa, coletar desenhos junto aos sujeitos da pesquisa no que tange ao ciclo de vida das plantas, cujos ícones apresentaram os indícios que caracterizam o objeto, ou seja, o ciclo de vida das plantas - encerrado em simbologias com significados que reverberam em contextos históricos específicos, como uma lei própria das estruturas iconográficas. Nos ciclos de vida das plantas essas simbologias se encerram no círculo, envolvendo a vida das plantas como algo ininterrupto, isto é, a planta germina, cresce, desenvolve-se, reproduz e volta a germinar. Baseada nas premissas piercianas constatei que embora as imagens no ensino de ciências sejam de fundamental importância, elas interferem sobremaneira na aprendizagem dos fenômenos naturais, modificando percepções entre os ícones e o objeto real, fato este evidenciado quando comparei as representações imagéticas dos sujeitos desta pesquisa com as representações dos livros didáticos de ciências nos quais não há indícios da finalização do ciclo vital das plantas: a representação da senescência e da morte das plantas.
2022-12-06T14:53:37Z
Margarete Alves Silva Santana
O som da diáspora : a influência da black music norte-americana na cena black paulistana
. A presente dissertação tem por objetivo observar a influência da black music norte-americana na formação da identidade dos jovens negros que frequentam as festas da cena black paulistana. Para isso, procura-se debruçar sobre os fatores históricos, sociais, culturais e políticos que propiciam essa dinâmica. A motivação para a realização do trabalho nasce da participação em eventos nos dois países em diferentes momentos, onde se fez perceptível certa semelhança no comportamento dos jovens, o que despertou o desejo de investigar quão profundos seriam esses laços entre grupos tão distintos. A partir da perspectiva dos Estudos Culturais intenta-se mostrar como há mais de quatro décadas a black music atua como um elo entre povos da diáspora africana. O embasamento teórico e as entrevistas realizadas permitem contextualizar o fenômeno e trilhar um percurso que demonstra como a partir da escravidão e da forma como o pensamento racial se estruturou, a sociedade brasileira foi gerada de forma excludente deixando o negro sem referenciais positivos para formar sua identidade, o que faz com que as manifestações afro-americanas sirvam de inspiração, ainda que existam diferenças nas relações raciais nos dois países. Essa aproximação se dá principalmente no campo cultural, em especial por meio da música, que se manifesta na diáspora como um memorial à ancestralidade africana. Essa dinâmica tem início ainda na década de 1970 com os grandes bailes blacks, se transforma na década de 1980 com o surgimento do movimento hip hop em São Paulo e chega ao século 21, em uma nova fase de baladas blacks que podem ser vistas como um forte exemplo das mudanças ocorridas no novo milênio a partir do advento da globalização. Utilizo como metodologia a pesquisa bibliográfica, por meio de livros, vídeos e websites além de observações realizadas a partir de experiências pessoais e entrevistas, o que permite uma maior compreensão do fenômeno.
2022-12-06T14:53:37Z
Daniela Fernanda Gomes da Silva