Repositório RCAAP

Impacto do encarceramento na incidência da tuberculose

Objetivo: A presente tese é apresentada no formato de três artigos que se articulam através do objetivo geral que foi estudar a associação entre o encarceramento e o risco de tuberculose ativa (TB) no Brasil. Os objetivos específicos dos artigos foram: (artigo-1) identificar um conjunto de macrodeterminantes socioeconômicos associados à incidência da TB, dentre eles, a proporção da população privada de liberdade (PPL) na população do município; (artigo-2) quantificar a importância relativa da exposição às prisões na incidência de TB e avaliar sua interação com a desigualdade da distribuição de renda; (artigo-3) estimar o efeito dos fatores ambientais dos presídios no tempo até o diagnóstico de TB. Métodos: Foram realizados dois estudos ecológicos (artigos-1 e 2) e um estudo de coorte retrospectiva (artigo-3). No artigo-1, relacionamos as taxas de incidência de TB (2010) dos 5565 municípios aos indicadores socioeconômicos e de saúde e à proporção de PPL. No artigo-2, as taxas de incidência de TB das populações prisional e não prisional dos 954 municípios com pelo menos uma unidade prisional (2014), foram relacionadas às variáveis contextuais dos municípios. Avaliamos também a interação da desigualdade da distribuição de renda nesta associação; e estimamos a fração atribuível à população (FAP). No artigo-3, analisamos os casos de TB na PPL do estado de São Paulo (2014 e 2015) segundo o tempo entre o encarceramento e o diagnóstico de TB. O efeito total das condições ambientais foi analisado por modelos de riscos de Cox. Todas as análises foram orientadas por diagramas causais para a seleção de variáveis de ajuste. Resultados: No artigo-1, após o ajuste por fatores individuais e região geográfica, esteve associada positivamente à incidência da TB, a proporção de PPL (razão de taxas de incidência [RTI]: 1,11; intervalo com 95% de confiança [IC95%]: 1,09-1,14), e fatores socioeconômicos e de saúde. No artigo-2, comparada com a população não prisional, a PPL apresentou (RTI) 22,07 vezes (IC95%: 20,38-23,89) o risco de TB em municípios com coeficiente de Gini <0,60; e 14,96 vezes (IC95%: 11,00-18,92) este risco onde o Gini foi >=0,60. A FAP foi gradativamente menor em municípios com maior desigualdade da distribuição de renda. No artigo-3, estimou-se que a cada aumento de 50% na taxa de ocupação carcerária, houve um aumento na velocidade de ocorrência da TB de 16% (IC95%: 8%-25%) nos modelos até dois anos. Um aumento de uma unidade do logaritmo da área da cela por pessoa resultou em uma redução na velocidade até o diagnóstico de TB de 13% (IC95%: 2%-23%) nos modelos até dois anos. Conclusão: Evidenciou-se a importância da PPL na ocorrência da TB nos municípios brasileiros; o potencial impacto que teriam intervenções para reduzir a exposição aos presídios, o qual varia segundo as condições socioeconômicas; e o efeito das condições ambientais dos presídios na velocidade do tempo até o diagnóstico de TB. Intervenções nas prisões como a redução drástica das condições de superlotação e o aumento do espaço físico, teriam elevado impacto na incidência de TB na população gerla, principalmente em municípios com menor coeficiente de Gini.

Ano

2019

Creators

Daniele Maria Pelissari

Análise da modulação autonômica cardíaca e função pulmonar em crianças que vivem em áreas expostas à poluição atmosférica

Introdução: A exposição à poluição do ar é descrita como prejudicial à saúde, dentre seus efeitos deletérios estão a disfunção autonômica cardíaca e a disfunção pulmonar. A associação da poluição do ar com morbimortalidade por doenças cardiorrespiratórias em centros urbanos tem se destacado como problema de saúde pública. Objetivo: Avaliar a modulação autonômica do ritmo cardíaco e a função pulmonar de escolares que vivem em área exposta à poluição atmosférica Método: Estudo transversal realizado com 143 escolares com idade variando de 8 a 11 anos divididos em dois grupos: (1) escolares residentes em ambiente com alta exposição à poluição atmosférica (n=77) e (2) escolares residentes em ambiente com baixa exposição (n=66). Foram coletados os dados de variabilidade da frequência cardíaca em repouso e em seguida foi realizado o teste de espirometria. Foi realizada análise descritiva e inferencial mediante pressupostos estatísticos e o programa estatístico utilizado foi o Stata versão 12.0. Resultados: Os escolares de Cubatão expostos às altas concentrações de poluição atmosférica apresentaram medianas significantemente menores para os índices da Variabilidade da Frequência Cardíaca que representa o sistema nervoso parassimpático: RMSSD: 33,4 (IC95%: 29,9 - 35,9) vs 35,0 (IC95%: 32,4; 40,8) , p=0,021; HF(ms²): 515 (IC95%: 398,3 - 730,6) vs 692 (IC95%: 548,5; 847,7) , p=0,020 e SD1: 23,6 (IC95%: 21,2 - 25,4) vs 24,8 (IC95%: 22,9; 28,9), p=0,023 quando comparadas com o grupo com baixa exposição da cidade de Peruíbe. Em relação à função pulmonar, foram verificados valores menores para a porcentagem do previsto dos índices entre os escolares expostos a altas concentrações (Cubatão) de poluição atmosférica: CVF: 86 (IC95%: 83,00 - 89,62) vs 92,50 (IC95%: 89,00; 95,00), p=0,005; VEF1: 85 (IC95%: 82,00 - 88,62) vs 90,50 (87,60; 95,00), p=0,004; FEF25-75: 90 (IC95%: 82,37 - 93,00) vs 97,00 (IC95%: 91,00; 101,00), p=0,008 em comparação àqueles dos escolares com baixa exposição (Peruíbe). Além disso, houve associação significante entre os níveis de poluentes com a VFC: valores diários de O3 com SDNN 0,25 (IC95%: 0,02; 0,47); SO2 com LF (u.n) 0,68 (IC95%: 0,10; 1,27) ; HF (u.n) -0,68 (-1,27; -0,11); para a média móvel de 2 dias de MP10 com SDNN -0,59 (IC95%: -1,10; -0,07) ; SO2 com LF (u.n) 0,67 (IC95%: 0,07; 1,26), HF (u.n) -0,67 (IC95%: -1,26; -0,07) e LF/HF 0,08 (IC95%: 0,02; 0,14) e a média móvel de 3 dias de MP10 com SDNN -0,94 (IC95%: -1,72; -0,15), SO2 com LF (u.n) 1,29 (IC95%: 0,38; 2,21) HF (u.n) -1,29 (IC95%: -2,21; -0,38) e LF/HF 0,15 (IC95%: 0,06; 0,25) e O3 com LF/HF 0,03 (IC95%: 0,004; 0,06) e relação significante dos níveis de poluentes com índices espirométricos: valores diários de NO2 com VEF1 -0,23 (IC95%: -0,43; -0,03)e FEF25%-75% -0,30 (IC95%: -0,58; -0,03) e valores de média móvel de 2 dias de O3 com FEF25%-75% 0,57 (IC95%: 0,06; 1,08). Conclusão: Os escolares residentes no ambiente de alta exposição à poluição atmosférica apresentaram menor variabilidade da frequência cardíaca e valores percentuais da função pulmonar quando comparados com os escolares residentes em ambiente de baixa exposição à poluição.

Ano

2020

Creators

Fernando Rocha Oliveira

Trajetória da mortalidade por doenças infecciosas em menores de cinco anos no estado de São Paulo 1980 - 2016

Introdução: A análise da mortalidade na infância tem relevância para a definição de ações preventivas mais efetivas. Entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável temos a eliminação das mortes evitáveis na infância. Objetivos: 1) Analisar a mortalidade por causas infecciosas para <5 anos, no estado de São Paulo (ESP), em 1980, 1990, 2000, 2010 e 2016; 2) Analisar a mortalidade por causas infecciosas no universo da coorte de nascidos vivos, em 2010, e seguida até 59 meses e 29 dias de idade, segundo características das crianças e das mães; 3) Descrever espacialmente os óbitos por causas infecciosas, segundo características do local de residência; 4) Investigar fatores associados à sobrevida na coorte de nascidos. Método: Tratase de dois estudos, um deles de corte transversal descritivo, relativo aos anos de 1980, 1990, 2000, 2010 e 2016, e um estudo longitudinal do universo da coorte de nascidos vivos de 2010, no ESP, totalizando 601.604 crianças, acompanhadas até os 59 meses e 29 dias de idade. As fontes de informação são as bases de óbitos e nascidos vivos do Registro Civil da Fundação SEADE. O estudo de corte transversal analisou as causas básicas de óbito, segundo a nona e décima versão da Classificação Internacional de Doenças (OMS, CID-9, CID-10). As causas de morte referentes à CID-9 foram compatibilizadas com às da CID-10. Para o estudo longitudinal da coorte de nascidos, a base de dados foi criada aplicando-se a metodologia de vinculação determinística, entre a base de nascidos vivos de 2010 e as bases de óbitos de 2010 a 2015. As variáveis de interesse foram as características relativas à mãe, ao parto e à criança. Para análise do tempo até o óbito por causa infecciosa utilizou-se o estimador produto limite de Kaplan-Meier e o modelo de riscos proporcionais de Cox. Para investigar os fatores associados à sobrevida, tomamos o óbito por causa infecciosa como desfecho e as exposições de interesse como variáveis independentes. As estimativas das razões de riscos (HR), com respectivos intervalos de confiança de 95% (IC=95%), foram obtidas em modelo de riscos proporcionais de Cox. Resultados: As taxas de mortalidade de < 5 anos declinaram de 56,9 para 12,6 óbitos/1.000 NV (77,8%) entre 1980 e 2016, enquanto que, para causas infecciosas de 27,0 para 2,6 (90,4%). No início do período, a proporção de causas infecciosas situava-se em 47,0% dos óbitos, enquanto que, no final 20,6%; as diarreias, as pneumonias/broncopneumonias, as septicemias e as doenças imunopreveníveis apresentaram maior declínio, respectivamente, 99,1%, 95,4%, 84,7% e 98,9%. Na coorte de nascidos identificaram-se as seguintes exposições como independentemente associadas à sobrevida entre as crianças da coorte: mãe com < 7 anos de estudo (HRajustados=1,6); mãe com 4 ou + filhos (HRajustados=1,4); gestação de 32 a 36 semanas (HRajustados=1,8); gestação de < de 27 semanas (HRajustados=14,2); < 7 consultas de pré-natal (HRajustados=1,2); residir em município com elevada vulnerabilidade (HRajustados=1,4); peso ao nascer < de 1.500 gramas (HRajustados=13,9); malformação congênita (HRajustados=5,2); nascer no domicílio (HRajustados=3,2); apgar menor de 7 no primeiro minuto (HRajustados=2,3). Conclusões: O ESP apresentou expressivo declínio na mortalidade na infância, nas últimas décadas, especialmente, por causas infecciosas, no entanto, causas infecciosas e não infecciosas relacionadas à qualidade da assistência materno infantil persistem. Os estudos apresentam resultados que podem subsidiar estratégias com foco na diminuição da mortalidade na infância no ESP.

Ano

2020

Creators

Mônica La Porte Teixeira

Fatores associados à mortalidade por câncer de mama e do colo do útero no município de São Paulo: uma análise comparativa ecológica

Objetivos: Identificar a variabilidade espacial intraurbana da mortalidade por câncer de mama e câncer do colo do útero e possíveis fatores associados. Analisar padrões temporais de tendência e sazonalidade na realização dos exames de rastreamento para câncer do colo do útero e mama, segundo faixa etária, gestão administrativa, e nos estabelecimentos municipais, nível de Atenção à Saúde. Métodos: Entre 2009 e 2016 foram registrados 10.124 óbitos por câncer de mama e 2.116 óbitos por câncer do colo do útero em mulheres com 20 anos e mais residentes no município de São Paulo. Os registros foram geocodificados por endereço de residência e agregados segundo Áreas de Abrangência das UBS do município. Foram realizadas modelagens espaciais em um contexto Bayesiano, utilizando-se a abordagem INLA (Integrated Nested Laplace Approximations) para verificar a associação dos óbitos pelos dois cânceres com indicadores sociais, demográficos, econômicos, educacionais e assistenciais. Desenvolveu-se análise de séries temporais dos exames citopatológico cérvico-vaginal / microflora e mamografia bilateral para rastreamento realizados em mulheres com 20 anos e mais residentes no município de São Paulo entre 2010 e 2019. Foram ajustados modelos lineares generalizados, com resposta binomial negativa, da razão de procedimentos em função do mês de referência, ano, faixa etária. Para o cálculo do risco relativo (RR) e da variação percentual (%) em relação a Outubro (VPM) e anual (VPA) foram utilizadas técnicas de regressão segmentada e variáveis indicadoras para o período. Resultados: A taxa geral de geocodificação foi 99,4%. As mortalidades por câncer de mama e por câncer do colo do útero apresentaram padrões espaciais inversos no município de São Paulo. Algumas variáveis estiveram associadas à mortalidade por câncer de mama: tempo de deslocamento entre uma e duas horas para o trabalho (RR 0,97; IC95% 0,93:1,00); proporção de mulheres responsáveis pelo domicílio (RR 0,97; IC95% 0,94:0,99) e proporção de óbitos por câncer de mama ocorridos em estabelecimentos privados (RR 1,04; IC95% 1,00:1,07). À mortalidade por câncer do colo do útero, estiveram associados: tempo de deslocamento para o trabalho entre meia e uma hora (RR 0,92; IC95% 0,87:0,98); rendimento domiciliar per capita até 3,0 salários mínimos (RR 1,27; IC95% 1,18:1,37) e razão de menores de um ano em relação à população feminina de 15 a 49 anos (RR 1,09; IC95% 1,01:1,18). A razão de exames citopatológico cérvico-vaginal / microflora estimada na população sem plano de saúde é elevada, com queda a partir de 2013. Observou-se aumento no rastreamento por mamografia na faixa etária preconizada; porém, é alta a proporção deste procedimento em mulheres abaixo de 50 anos. O rastreamento para câncer do colo do útero e mama não apresentou sazonalidade em relação ao mês de Outubro. Conclusão: Este estudo permitiu testar a associação entre diferentes indicadores nas áreas de abrangência da Atenção Primária à Saúde e a variabilidade espacial intraurbana da mortalidade por câncer de mama e do colo do útero no município de São Paulo. Além de analisar a tendência temporal e a sazonalidade relacionada a Outubro do rastreamento para câncer do colo do útero e mama, bem como evidenciar as diferenças na solicitação destes exames segundo gestão administrativa e nível de Atenção à Saúde, no sentido de colaborar com a prevenção destes cânceres.

Ano

2021

Creators

Breno Souza de Aguiar

Marcadores da desigualdade na autoavaliação da saúde geral e da saúde bucal de adultos no Brasil em 2013

O objetivo do estudo foi analisar a relação dos marcadores de desigualdade em saúde, com destaque para a posição socioeconômica, com a autoavaliação da saúde bucal e da saúde geral da população adulta brasileira em 2013. Estudaram-se 59.758 indivíduos com 18 anos ou mais de idade, que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, um inquérito domiciliar de base populacional. As variáveis dependentes do estudo foram a autoavaliação da saúde bucal (dentes e gengivas) e autoavaliação da saúde geral, sendo ambas analisadas como positiva, regular e negativa. As variáveis independentes foram os marcadores de desigualdade em saúde (cor ou raça, região de residência, nível de escolaridade completo, renda domiciliar per capita e classe social). Odds ratios (OR) brutos e ajustados e intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram calculados usando modelos de regressão logística multinomial. Os resultados referentes à autoavaliação da saúde geral foram estratificados segundo o sexo. A prevalência da autoavaliação de saúde bucal positiva foi 67,4%, 26,7% para regular e 5,9% para negativa, enquanto para a saúde geral foram 66,2%, 28,0% e 5,8%, respectivamente. As mulheres avaliam pior sua saúde geral do que os homens. Após ajuste pelas variáveis de controle, as chances de autoavaliar a saúde bucal como negativa foi significativamente mais elevadas entre os indivíduos com renda domiciliar per capita de até um salário mínimo (OR=4,71; IC95%: 2,84-7,83), sem escolaridade (OR=3,28; IC95%: 2,34-4,61), da classe social destituídos de ativos (OR=3,03; IC95%: 2,12-4,32) e residentes da região nordeste (OR=1,50; IC95%: 1,19-1,89). Em relação à autoavaliação da saúde geral nos homens, as chances de avaliar pior foram significativamente mais elevadas entre os indivíduos de menor renda domiciliar per capita, com pior nível de escolaridade, pessoas fora da força de trabalho, moradores das regiões Nordeste e Norte e que se declararam pardos e pretos. Enquanto nas mulheres, as chances de avaliar pior seu estado de saúde geral foram maiores entre as de pior nível de escolaridade, menor renda domiciliar per capita, que se encontravam fora da força de trabalho, que se declararam não brancas e moradoras das regiões Nordeste e Norte do país. A tipologia de classe social utilizada neste estudo foi válida para capturar desigualdades na autopercepção da saúde bucal e da saúde geral de adultos, à semelhança da renda domiciliar per capita e da escolaridade, com diferenciais apenas na força de associação, a depender do desfecho e do sexo. A compreensão da relação dos marcadores de desigualdade da autoavaliação da saúde bucal e da saúde geral pode levar ao melhor direcionamento de políticas públicas para grupos sociais mais vulneráveis, contribuindo para a redução das iniquidades em saúde que persistem no Brasil.

Ano

2019

Creators

Jailson Lopes de Sousa

Fatores associados à cárie dentária e impacto das condições de saúde bucal nas atividades da vida diária em adolescentes de 15 a 19 anos de idade, Estado de São Paulo, 2015

dentária e ao impacto das condições de saúde bucal nas atividades de vida diária, podem instruir o planejamento de serviços odontológicos voltados aos adolescentes, além de ampliar as medidas de prevenção existentes. Objetivos: No primeiro artigo , o objetivo foi verificar a associação entre prevalência e severidade da cárie dentária e variáveis demográficas, socioeconômicas, comportamental e de condições de saúde bucal. No segundo artigo, foi verificada a a associação entre a percepção da saúde bucal e variáveis sociodemográficas e parâmetros bucais em adolescentes entre 15 a 19 anos de idade no Estado de São Paulo. Métodos: Foi realizado estudo transversal com dados da \"Pesquisa Estadual de Saúde Bucal de São Paulo - SB\", realizada em 2015. No estudo da cárie dentária, foram analisados os dados de 5558 adolescentes entre 15 a 19 anos de idade, para o estudo do impacto participaram 5409 adolescentes. Como desfecho do primeiro estudo, a cárie dentária foi avaliada pela prevalência e severidade medidas pelo índice CPOD. As variáveis independentes foram: idade, sexo, cor da pele, aglomeração domiciliar, renda mensal, atraso escolar, número de bens no domicílio, presença de sangramento gengival, presença de cálculo dentário e acesso à água fluoretada. A associação entre as variáveis e cárie dentária foi verificada através do modelo de regressão binomial negativa inflado de zeros. No segundo estudo, a percepção de saúde bucal foi avaliada pelo índice de impacto das condições de saúde bucal nas atividades de vida diária (OIDP), em termos de prevalência (presença ou ausência de impacto) e severidade do impacto (escores do OIDP). Como fatores da análise, foram consideradas condições demográficas (idade, sexo, cor da pele), socioeconômicas (renda familiar, aglomeração domiciliar, número de bens no domicílio), comportamentais (atraso escolar) e de condições de saúde bucal (cárie não tratada, sangramento gengival, cálculo dentário). Para o estudo de associação entre o OIDP e as variáveis de interesse utilizou-se o modelo de regressão binomial negativa inflado de zeros, considerando a amostragem complexa e os pesos amostrais. Foram calculadas as razões de prevalências (RP), identificando as variáveis associadas à manifestação do agravo, e as razões de médias (RM), indicando os fatores associados com o número de dentes afetados por cárie ou com o número de impactos das condições de saúde bucal nas atividades de vida diária e seus respetivos intervalos de confiança (IC). Resultados: Os resultados encontrados mostraram índice CPOD = 3,76, enquanto que a prevalência da cárie dentária foi de 71,7% . Verificou-se que sexo feminino (RP=1,09 e IC95%=1,04-1,15), atraso escolar (RP=1,11 e IC95%=1,03-1,18), apresentar cálculo dentário (RP=1,10 e IC95%=1,01-1,20) e não ter acesso à água fluoretada (RP=1,21 e IC95%=1,01-1,45) foram fatores associados com maior prevalência da cárie dentária, possuir 9 ou mais bens no domicílio foi associado com menor prevalência da doença (RP=0,94 e IC95%=0,88-0,99) Verificou-se também que apresentar sangramento gengival (RM=1,15 e IC95%=1,02-1,30) e não ter acesso à água fluoretada (RM=1,81 e IC95%=1,56-2,09) foram fatores associados com maior severidade da doença, a renda entre maior que R$1500,00 foi associada com menor severidade da cárie dentária. A prevalência de impacto nas atividades de vida diária foi de 37,4%. Após o ajuste do modelo, pode-se observar que o gênero feminino permaneceu com maior prevalência (RP=1,58 e IC95%=1,35-1,86) e severidade do impacto (RM= 1,45 e IC95%=1,22 - 1,73). Nas características socioeconômicas, a renda familiar maior que R$2501,00 foi associada com menor severidade do impacto (RM=0,81 e IC95%=0,67-0,98). Nas condições de saúde bucal, verificou-se que a cárie não tratada permaneceu associada com maior prevalência do impacto (RP=1,55 e IC95%=1,31-1,84), enquanto sangramento gengival e cálculo dentário não foram associados ao impacto . Conclusão: Portanto, os fatores estudados: gênero, idade, renda familiar, número de bens, atraso escolar, sangramento gengival, cálculo dentário e acesso à água fluoretada foram associados à cárie dentária, enquanto que ser do gênero feminino e possuir cárie não tratada foram associados ao maior impacto enquanto que possuir renda familiar maior que R$ 2.500,00 foi associada ao menor impacto nas atividades de vida diária em adolescentes do Estado de São Paulo.

Ano

2019

Creators

Lívia Litsue Gushi Corrêa

Análise longitudinal das condições de vida e saúde de idosos com histórico de câncer: Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento

O uso de dados autorrelatados para estimar o câncer na população, bem como para o conhecimento de seus determinantes, tem se mostrado útil em estudos epidemiológicos. Em acréscimo, o uso de dados genéticos em pesquisas sobre câncer e envelhecimento tem se mostrado promissor. No entanto, são escassos os estudos longitudinais sobre envelhecimento que analisaram tanto a validade do autorrelato de câncer como a prevalência do histórico da doença, acrescido da análise das condições de vida e saúde, e da presença de variantes patogênicas associadas ao câncer hereditário. Esta tese apresenta-se sob a forma de dois manuscritos. O primeiro manuscrito verificou a validade do autorrelato do histórico de câncer e descreveu a prevalência da doença, antes e após o linkage, entre a base de dados do Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE) com a base de dados do Registro de Câncer de Base Populacional de São Paulo (RCBP-SP). O segundo manuscrito analisou as mudanças nas condições de vida e saúde de idosos com histórico de câncer ao longo de cinco anos, identificou os fatores associados em dois momentos distintos, e descreveu a presença de mutações patogênicas associadas ao câncer hereditário. O câncer autorreferido apresentou acurácia de 98,5%, sensibilidade de 82,1% (IC5%:74,7-89,4), especificidade de 95,6% (IC55%:94,2-97,0), valor preditivo positivo de 59,6% (IC95%:50,6-68,6) e valor preditivo negativo de 98,6% (IC95%:97,8-99,3). A prevalência de câncer após o linkage foi 8,8% (IC95%:7,4-10,3) na linha de base e 12,8% (IC95%:10,5-15,0) no seguimento. Não foi observado mudanças nas características comportamentais e de saúde nos idosos com histórico de câncer durante o período estudado. Por outro lado, observaram-se diferenças nos fatores associados entre o primeiro e o segundo momento. Na linha de base, foram associados ao histórico da doença possuir serviço privado de saúde (OR: 1,56; IC95%: 1,11-2,20) e perda de apetite (OR: 2,50; IC95%: 1,28-4,88). No seguimento, permaneceu associado a perda de apetite (OR: 2,43; IC95%: 1,43-4,13), acrescido de depressão (OR: 1,80; IC95%:1,06-3,05) e cor de pele branca (OR: 1,65; IC95%: 1,07-2,54). Por sua vez, foram identificados 28 idosos com pelo menos uma das 14 mutações patogênicas associadas ao câncer hereditário detectadas pelo sequenciamento completo do genoma, mas nenhuma mutação mostrou-se compatível ao seu respectivo fenótipo. O câncer autorrelatado mostrou-se válido para o uso em estudos longitudinais sobre envelhecimento. Em cinco anos de seguimento, verificou-se aumento da prevalência de câncer e variações nos fatores associados ao histórico da doença. Tais achados são importantes para a formulação de ações de prevenção e cuidado personalizado, bem como para o planejamento dos serviços de saúde e do seu acesso.

Ano

2021

Creators

Tatiana Eustáquia Magalhães de Pinho Melo

Multimorbidade em adultos e idosos do Município de São Paulo: inquérito ISA-capital, 2003, 2008 e 2015

Introdução. A multimorbidade é a presença de duas ou mais doenças crônicas. Acomete mais as pessoas idosas e do sexo feminino, mas nos últimos anos tem se observado aumento da prevalência também entre os mais jovens e sexo masculino. Atualmente é um problema de saúde pública, pois é difícil o gerenciamento de diversas condições crônicas. Os maiores desafios são: conhecer a prevalência de multimorbidade em adultos, a prevalência ao longo do tempo e outros fatores além da idade e do sexo feminino. Objetivos. Conhecer a prevalência da multimorbidade, verificar se existem associações entre multimorbidade e fatores socioeconômicos, de estilo de vida e de uso de serviços de saúde. Métodos. Estudo transversal de base populacional ISA-Capital envolvendo 1.667 participantes acima de 20 anos de idade em 2003, 2.086 em 2008 e 3.184 em 2015. A variável dependente foi a presença de duas ou mais doenças crônicas separadas por faixa etária e sexo. As características demográficas, socioeconômicas, estilo de vida e uso de serviços de saúde foram consideradas variáveis independentes. Foram realizadas análises descritivas e regressão de Poisson para se obter as razões de prevalência. Resultados. A prevalência de multimorbidade foi de 40,25% em 2003 e alcançou 52,85% da população adulta paulistana em 2015. Foi 47% maior entre as mulheres e 74% maior entre os idosos. As principais doenças crônicas entre os mais jovens com multimorbidade foram rinite e sinusite e entre os idosos foram hipertensão arterial e colesterol elevado. A multimorbidade esteve associada com estilo de vida entre os mais jovens e com fatores socioeconômicos entre os idosos. Em ambos os sexos e faixas etárias, o uso de medicamentos esteve associado como consequência da multimorbidade. Conclusões. O presente trabalho contribuiu para diminuir as principais lacunas no conhecimento sobre a multimorbidade que atualmente são conhecer a prevalência ao longo do tempo, apontar as doenças crônicas mais prevalentes e os determinantes mais comuns além de sexo e faixa etária, principalmente aqueles relacionados com condições socioeconômicas e de estilo de vida.

Ano

2021

Creators

Andrea Cristina Alpoim Botelho

Prevalência e fatores associados ao estado de portador de Neisseria spp. em núcleos familiares: estudo de base populacional

Introdução - O estado de portador assintomático ocorre quando o hospedeiro alberga o agente etiológico sem apresentar doença. Os fatores associados ao estado de portador de Neisseria não patogênica (NNP) e Neisseria meningitidis (Nm) diferem entre si, no entanto, as características epidemiológicas de ambas ainda são pouco exploradas. Objetivos - Estimar a prevalência, analisar possíveis diferenças em distintos estratos sociais, identificar o genótipo das cepas isoladas, assim como, investigar fatores associados ao estado de portador de Nm e de NNP em núcleos familiares residentes em Cuiabá-MT. Método - Estudo transversal de base populacional, desenvolvido de 07/2016 a 07/2017, incluindo todos os moradores de uma amostra probabilística estratificada composta de 243 núcleos familiares (domicílios) de área urbana, em bairros de alta e baixa renda do município de Cuiabá. Foram incluídos os domicílios com ao menos uma criança de 12 e 60 meses de idade. Todos os residentes nos domicílios selecionados foram submetidos a coleta de swab de orofaringe para o isolamento de Neisseria spp. Para a comparação de proporções utilizou-se o teste do qui-quadrado. Foram estimadas as razões de prevalências (RP) com seus respectivos intervalos de confiança 95% (IC95%) e para a investigação de fatores associados ao estado de portador de Nm e de NNP foram utilizados modelos de regressão de Poisson. O ajuste das variáveis no modelo final foi avaliado pelo teste de Hosmer e Lemeshow. Resultados: Foram estudados 1.050 indivíduos residentes em 233 núcleos familiares. A prevalência de portadores de Neisseria spp. foi de 10,6% (111/1.050), a de Nm de 2,4% (25/1.050) e de NNP de 8,2% (86/1.050). Dentre 111 portadores, 62 (56,0%) foram por N. lactamica, 25 (22,0%) por Nm, 21 (19,0%) por N. subflava., duas (2,0%) por N. mucosa e uma (1,0%) por N. polysaccharea. Das Nm, 76% (19/25) eram não grupáveis, 16% (4/25) eram do sorogrupo B, 4% (1/25) do sorogrupo C e 4% (1/25) do sorogrupo W. A prevalência de Nm em bairros de baixa renda foi de 2,8% (23/816) e nos de alta renda de 0,8% (2/234) (p=0,058), com uma razão de prevalência (RP) de 3,3 (IC95%:0,8-13,9). A prevalência de NNP em bairros de baixa renda foi de 8,2% (67/816) e em bairros de alta renda de 8,1% (19/234), com uma RP de 1,0 (IC95%:0,6-1,6). Permaneceram independentemente associados ao estado de portador de Nm após ajuste para conviver com tabagista no domicílio e por número de pessoas por dormitório: i) residir em bairro de baixa renda (RPajustada=2,6); ii) faixa etária de 5 a 14 anos (RPajustada=2,7); iii) faixa etária de 15 a 29 anos (RPajustada=2,4) e faixa etária de 30 e anos e mais (RPajustada=1,4). Após o ajuste para a infecção respiratória nos últimos cinco dias, apresentar asma, três ou mais pessoas por dormitório e sexo masculino, mostraram-se independentemente associados ao estado de portador de NNP: i) pertencer a faixa etária de cinco a 14 anos de idade (RPajustada=2,8) e de menores de cinco anos de idade (RPajustada=7,2); ii) residir em casa precária/quitinete (RPajustada=2,1). Conclusões - O contexto social influencia o estado de portador de Nm e NNP. As vacinas conjugadas meningocócicas podem prevenir doenças direta e indiretamente e tais resultados podem subsidiar a elaboração de estratégias de intervenção, especialmente para a identificação de grupos alvo de programas de vacinação.

Ano

2019

Creators

Jaqueline Costa Lima

Envelhecimento e funcionalidade: uma análise de trajetórias

O envelhecimento é um processo heterogêneo e dinâmico, influenciado por características biológicas, psicológicas, hábitos de vida, características socioeconômicas e ambientais, às quais os indivíduos são expostos ao longo da vida. A partir da combinação de tais características podem ocorrer diferentes trajetórias de envelhecimento no que se refere ao comprometimento funcional. A funcionalidade física da pessoa idosa pode ser avaliada segundo sua condição de mobilidade e a capacidade de desempenhar atividades de vida. Objetivo: Avaliar a existência de múltiplas trajetórias de funcionalidade de pessoas idosas e verificar se os determinantes sociais de saúde estão associados com às trajetórias identificadas. Método: Esta tese é dividida em três estudos longitudinais que utilizam dados dos estudos Saúde, Bem-estar e Envelhecimento do Brasil e Chile e do Estudio Mexicano de Envejecimiento y Salud. Utilizou-se como base três desfechos de condição funcional: (i) atividades básicas de vida diária que são relacionadas ao autocuidado (alimentar-se, tomar banho, vestir-se, deitar e levantar da cama, usar o vaso sanitário e caminhar dentro de casa); (ii) atividades instrumentais de vida diária, associadas à vida em comunidade (utilizar meios de transporte, manejar o próprio dinheiro, preparar refeições, usar o telefone, lavar roupa, cuidar dos afazeres domésticos e controlar a própria medicação); e (iii) mobilidade. Enquanto exposições de interesse, os estudos que formam a tese avaliam o impacto dos determinantes sociais de saúde nas trajetórias de funcionalidade de idosos. Modelos de trajetória determinístico e probabilístico foram adotados para avaliar a evolução funcional dos participantes dos estudos. Após a definição ou extração dos grupos distintos de trajetórias modelos de regressão logística e regressão multinomial foram aplicados para avaliar os fatores associados ao pertencimento de cada trajetória. Resultados: O estudo 1 observou que indivíduos com menos de 4 anos de educação formal apresentaram 2,7 vezes a chance de vivenciar piores trajetórias de envelhecimento funcional em comparação com idosos com pelo menos oito anos de escolaridade. Foi observada ainda diferenças entre os países estudados, sendo que idosos residentes em São Paulo apresentaram maior probabilidade de pertencer a piores trajetórias funcionais em relação a idosos vivendo em Santiago (Odds Ratio (OR) 6,10, Intervalo de Confiança de 95% (IC95%) 3,55;10,49). O estudo 2 evidenciou seis trajetórias de funcionalidade. Idosos pretos e pardos apresentaram maior probabilidade de pertencer a uma trajetória com característica de acelerado processo de perda funcional em comparação com idosos brancos (OR 1,60; IC95% 1,14; 2,26). Mulheres apresentavam maior chance de fazer parte das trajetórias 3 (Traj 3 OR 1,82; IC95% 1,33;248), 4 (Traj 4 OR 2,14; IC95%1,59;2,88) ou 5 (Traj 5 OR 1,95; IC95% 1,41;2,69) em relação à trajetória 2 quando comparadas com homens. Já o terceiro estudo que compõe a tese evidenciou a associação entre classes de condição socioeconômica e trajetórias de envelhecimento, sendo que quanto pior a condição social ao longo da vida maior a chance de fazer parte de piores trajetórias na velhice (p<0,001). Em todos os estudos apresentados, quanto maior a faixa etária maior a chance de fazer parte de piores trajetórias de funcionalidade. Conclusão: Os resultados apresentados evidenciam a heterogeneidade no processo de envelhecimento e sua relação com desigualdades sociais avaliadas por diferentes perspectivas. Ainda que guiado pela idade, o processo de envelhecimento em piores condições funcionais também pode ser explicado por baixo nível de escolaridade, pelo fato de ser mulher, ser preto ou pardo e por outras características socioeconômicas que posicionam a pessoa idosa em situação de desvantagem durante o processo de envelhecimento. Os presentes achados reforçam a discussão das desigualdades sociais e o envelhecimento em si dentro de uma perspectiva de curso de vida.

Ano

2020

Creators

Etienne Larissa Duim Negrini

A ocorrência, os fatores associados, e o absenteísmo por distúrbios musculoesqueléticos em trabalhadores do estado de São Paulo entre 2008 a 2016. 2018

As lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) afetam os trabalhadores em todo o mundo, uma vez que causam sofrimento e limitação tanto em atividades cotidianas como no trabalho. Este agravo ainda tem como principais consequências a incapacidade temporária ou permanente para as atividades laborais, o afastamento do trabalho, por conseguinte, os prejuízos socioeconômicos gerados à sociedade pela redução da produtividade. Há, ainda, a necessidade de avaliar a ocorrência, as associações e o afastamento do trabalho por LER/DORT nos mais diversos grupos ocupacionais. Considerando as possíveis diferenças entre os sexos para LER/DORT, deve-se considerar a estratificação das análises por sexo. No capítulo I, foi realizado um estudo com dados retrospectivos de LER/DORT do Sinan e dos microdados do Censo de 2010 do IBGE. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, trabalhistas, das cargas e ambiente de trabalho e os desfechos de interesse, com frequências absolutas e relativas, medidas de tendências centrais e dispersão, taxas do agravo, testes de hipóteses e modelos de regressão. Foram estimadas como medidas de efeitos a razão de prevalência e a razão de taxas. Para as ocorrências, o absenteísmo e os fatores associados a LER/DORT, destacaram-se idade a partir dos 30 anos, ocupações braçais, ambiente estressante e transtornos mentais. Quanto à tendência, trabalhadores a partir de 50 anos de idade e trabalhadores industriais e químicos foram fortemente associados de forma crescente na série temporal. O sítio anatômico de maior ocorrência foram os ombros. No capítulo II, foi feita uma revisão sistemática (RS) sobre distúrbios musculoesqueléticos (DME) de ombros em trabalhadores, para descrever a prevalência do agravo neste sítio anatômico. Foram incluídos 10 estudos de base populacional; a prevalência de DME de ombros variou de 7,1% a 29,3%, no sexo feminino de 6% a 31,1%, no sexo masculino de 9% a 14,4%, trabalhadores \"braçais\" e com idade a partir de 50 anos foram mais acometidos. Por fim, houve comparação entre os dois capítulos desta tese e os resultados assemelharam-se. Sugere-se, a partir destes achados, a reavaliação do processo de trabalho para indivíduos de idade intermediária a avançada, aqueles com transtornos mentais e no que tange o estresse laboral. Ainda sugere-se um sistema de notificação digital para melhoria e otimização dos sistemas de informação em agravos ocupacionais.

Ano

2018

Creators

Rafael Haeffner

Não disponível

Não disponível

Ano

2019

Creators

Angélica Marques Martins Valente

Epidemiologia das Leucemias Infantis de 1997 a 2013, São Paulo, Brasil

Introdução: A leucemia é o tipo mais comum de câncer em crianças de 0 a 14 anos. Estudos apontam que, em diversos países do mundo, as taxas de incidência estão aumentando, ou se mantêm estáveis, e que, por outro lado, as taxas de mortalidade estão caindo. Em países desenvolvidos, a leucemia é considerada uma doença curável, possuindo taxas de sobrevida superiores a 80%. Objetivos: Descrever a epidemiologia da leucemia na infância no município de São Paulo, no período de 1997 a 2013, analisando as tendências de incidência e mortalidade, e as taxas de sobrevida, segundo sexo, faixa etária, tipo de leucemia e região administrativa. Métodos: As taxas brutas e ajustadas de incidência e mortalidade foram calculadas segundo sexo e idade. Foram estimados modelos de regressão polinomial e calculados os percentuais anuais de mudança (Annual Percentual Change, APC) das taxas de incidência e mortalidade. Foi calculado o estimador não paramétrico produto limite de Kaplan-Meier e utilizado o teste de logrank para comparação das curvas de sobrevida. Foi construído o modelo de riscos proporcionais de Cox para estimar as hazard ratios de cada variável de estudo. Resultados: Foram contabilizados 2028 casos novos e 660 óbitos por leucemias, em crianças de 0 a 14 anos, no município de São Paulo, no período estudado. A taxa de incidência foi de 49,8 casos por 1 milhão de crianças e a taxa de mortalidade foi de 15,7 óbitos por 1 milhão de crianças, sendo mais frequente o subtipo leucemia linfoide aguda, entre o sexo masculino, na faixa etária de 0 a 4 anos. No período de 1997 a 2013, a taxa de incidência por leucemia em crianças no município de São Paulo foi decrescente (APC= -2,7%). Já a taxa de mortalidade, no geral, se manteve estável, mas foi decrescente para algumas características específicas, tais como, para sexo masculino (APC= -1,9%) e para o subtipo das leucemias mieloides agudas (APC= -1,8%). As taxas de sobrevida foram de 86%, 73% e 68%, respectivamente, após 12, 36 e 60 meses, bem abaixo do que se observa nos países desenvolvidos. Conclusão: Os percentuais e taxas de mortalidade e incidência da leucemia em crianças no município de São Paulo se assemelham aos valores encontrados na América Latina. O comportamento da tendência das taxas de incidência se difere ao encontrado na maioria dos países e o comportamento da tendência das taxas de mortalidade acompanha o padrão mundial. A leucemia em crianças é considerada uma doença curável, porém as taxas de sobrevida encontradas estão bem abaixo do esperado. Esta análise com dados do registro de câncer de base populacional mostra o panorama da leucemia em crianças no município de São Paulo. Estes resultados poderão ser utilizados desde a gestão dos serviços de saúde, a dar suporte a pesquisas futuras, sobre etiologia da doença.

Ano

2019

Creators

Franciane Figueiredo da Silva

Desfechos epidemiológicos e fatores associados à doença cerebrovascular em adultos jovens, estado de São Paulo, Brasil

Introdução: A Doença Cerebrovascular é uma das principais causas de morte no mundo, inclusive no Brasil, além de ser a primeira causa de internação hospitalar no Sistema Único de Saúde brasileiro. Objetivo: avaliar os desfechos epidemiológicos da doença cerebrovascular em adultos jovens residentes no município de São Paulo, assim como avaliar os fatores associados à falta de assistência hospitalar nos óbitos ocasionados pelo acidente cerebrovascular no estado de São Paulo. Método: foram utilizados dados oficiais de mortalidade e hospitalização por DCV provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade e Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde, respectivamente. As séries temporais foram padronizadas pelo método direto, segundo sexo, idade e tipos da doença. Para a mortalidade, utilizouse dois intervalos de tempo de 10 anos consecutivos (1996-2005 e 2006-2015). Foi utilizado o modelo de regressão de Prais-Winsten, obtendo o Annual Percent Change (APC). Para analisar a associação entre os óbitos por doença cerebrovascular sem assistência hospitalar e as variáveis explicativas utilizou-se regressão de Poisson. Resultados: Ocorreram 13.129 óbitos e 17.972 hospitalizações em adultos jovens residentes na cidade de São Paulo. Quando analisadas conjuntamente, a mortalidade por doença cerebrovascular apresentou tendência decrescente (APC -4,94% entre 1996-2005 e APC -3,17% entre 2006-2017). Mulheres tiveram redução da mortalidade por DCV durante todo o período (1996-2005; APC: -4,29% e 2006-2015; APC: -4,57%), enquanto homens apresentaram redução da mortalidade por DCV somente na primeira década do estudo (1996-2005; APC= -5,71%). A tendência de hospitalização foi estacionária, sem diferenças segundo sexo e faixa etária. A morbimortalidade por DCV no mês mais frio do ano (junho) foi 11,5% mais elevada, em média durante o período 1996-2015 e 2008-2017, em comparação com o período mais quente, no mês de dezembro (p<0,05). Também foram registrados 127.319 óbitos por Doença Cerebrovascular no estado de São Paulo nos períodos de 1996-1998 e 2013-2015. Destes, 19.362 (15,2%) não tiveram assistência hospitalar. No período mais recente (2013-2015) a proporção da falta de assistência hospitalar foi maior para indivíduos de cor da pele amarela (RR=1,48; IC95%, 1,25 : 1,77), enquanto pessoas de cor preta (RR=0,85; IC95%, 0,76 : 0,95), casadas (RR=0,70; IC95%, 0,64 : 0,75), residentes no município de São Paulo (RR=0,92; IC95%: 0,86 - 0,98) e acometidos pela Doença Cerebrovascular hemorrágica (RR=0,47; IC95%, 0,43 : 0,51) tiveram menor proporção de falta de atendimento hospitalar na análise multivariada. Conclusão: a tendência da mortalidade por Doença Cerebrovascular em adultos jovens declinou durante 1996- 2015, com variação segundo sexo, idade e tipos da DCV, enquanto a incidência de hospitalização permaneceu estacionária durante 2008-2017. Além disso, verificamos variação sazonal significante, com maior morbimortalidade por doença cerebrovascular em adultos jovens na cidade de São Paulo, no período mais frio do ano. Em relação aos fatores associados aos óbitos por Doença Cerebrovascular sem assistência hospitalar, identificamos que as mesmas condições continuaram restringindo ou favorecendo a falta de assistência hospitalar nesses óbitos durante os dois períodos de tempo.

Ano

2019

Creators

Edigê Felipe de Sousa Santos

Monitoramento de espécies fúngicas no ar atmosférico da região metropolitana de São Paulo

Introdução: As análises de controle ambiental de ar atmosférico são realizadas caracterizando principalmente a parte química dos aerossóis. Boa parte dos aerossóis são partículas vivas ou fragmentos de micro-organismos que utilizam o ar como veículo de dispersão. A natureza dessas biopartículas é diversa, podendo conter vírus, protozoários, bactérias, fungos e outros. Os fungos dispersos no ar são chamados de anemófilos. Como as informações sobre os anemófilos da cidade de São Paulo ainda são escassas, se faz necessário fazer um levantamento destes micro-organismos e suas relações com as condições atmosféricas e os poluentes presentes no ar, permitindo adicionar informações que poderão ser úteis para os modelos climáticos e de saúde, além de poder auxiliar novos estudos na área da epidemiologia ambiental, talvez como biomarcadores de poluição. Objetivo: Analisar a frequência de diferentes gêneros fúngicos na atmosfera da região metropolitana de São Paulo e correlacionar com as condições atmosféricas e os poluentes circulantes. Materiais e Métodos: A concentração de fungos e bactérias foi analisada no ar atmosférico de São Paulo em quatro pontos, três na cidade de São Paulo, sendo um no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas situado na Cidade Universitária, dois no bairro Cerqueira César distintos pela altitude (andar térreo e 23º andar) e na cidade de Ibiúna, no Bairro Votorantim. Os dados sobre os poluentes foram obtidos na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e das condições atmosféricas foram obtidos no banco de dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do país (INMET). Durante as coletas utilizamos impactadores de ar. Foram coletadas 736 amostras, durante seis anos. Após as coletas, foi feita a análise da concentração de fungos e bactérias. Após crescimento, uma colônia de cada gênero por dia de coleta/ponto foi enviada para identificação, totalizando 1630 isolados. Durante o processo de identificação de gênero foram utilizadas características fenotípicas e as espécies do gênero Aspergillus foram identificadas pelo sistema Maldi-tof. Resultados: De acordo com os resultados obtidos, as condições meteorológicas da cidade de São Paulo influenciam diretamente na concentração de fungos dispersos no ar. A diversidade fúngica variou com a região estudada. Discussão: É difícil avaliar a importância individual de cada componente do ar devido à natureza dinâmica da atmosfera. O que se sabe é que as investigações sobre bioaerossóis fúngicos e a atenção que tem sido dada às suas relações com as condições atmosféricas e a poluição são escassas. Com os resultados obtidos foi verificado que a concentração de fungos se modifica de acordo com as condições ambientais levando a crer que eles podem ser utilizados como bioindicadores de poluição. Conclusão: Como os fungos presentes no ar atmosférico são sensíveis às condições atmosféricas e à exposição a poluentes, eles podem ser utilizados como marcadores de poluição, seu monitoramento associado ao controle de poluentes e condições atmosféricas fortalece as pesquisas relacionadas ao ar atmosférico.

Ano

2019

Creators

Dulcilena de Matos Castro e Silva

Associations of blood biomarkers and structural changes in atherosclerosis in the Longitudinal study of adult heath (Elsa-Brasil): emphasis on pre-and postmenopausal women

Background: Cardiovascular disease is the leading cause of morbidity and mortality in women worldwide. Cardiovascular risk prediction is incomplete and new markers may help in the early identification of atherosclerosis. Brazilian epidemiological data in women are scarce. Objectives: To review the impact of menopause and diabetes on lipids, lipoprotein subfractions and cardiovascular risk; evaluate cardiometabolic risk in women from the ELSA-Brasil, as well as associations of blood biomarkers [lipoprotein subfractions, insulin resistance index (HOMA-IR) and branched-chain amino acids (BCAA)] and structural changes of atherosclerosis [presence of calcium in the coronary arteries (CAC)] according to age and menopausal status. Methods: Cross-sectional baseline analyzes of 2,258 female participants from the São Paulo site of the ELSA-Brasil, stratified by age and menopausal status, with specific sample and eligibility criteria for each paper. Descriptive statistics, between-group comparisons and multiple regression were performed according to the nature and distribution of the variables for each paper. Results: Paper 1: Literature revision enabled conclusions regarding the association of menopause and diabetes with a worse lipid profile, including hypertriglyceridemia, lower levels of HDL-c and HDL2-c, higher levels of HDL3-c and small dense LDL-c. Postmenopausal diabetic women consist of the highest cardiovascular risk level. Paper 2: Comparing pre- and postmenopausal women categorized according to time since menopause [menopausal duration <2 years, 2-5.9 years, 6-9.9 years or &ge; 10 years (n=1916)], postmenopausal women had a worse lipid and lipoprotein subfraction profile and duration of menopause <2 years was independently associated with remnant lipoprotein cholesterol (TRL-c) [7.21 mg/dL (95% CI 3.5910.84)] and smaller denser VLDL3-c [2.43 mg/dL (95%CI 1.023.83)], but no associations of menopausal categories with HDL-c or LDL-c subfractions were found, when taking premenopausal women as reference. Paper 3: Comparing premenopausal &le; or >45 years and postmenopausal women (n=2047), postmenopausal ones had the worst cardiometabolic risk profile. CAC>0 was found to be associated with TRL-c and dense LDL-c, but not with BCAA levels nor HOMA-IR. Postmenopausal women were about twice as likely to have CAC>0 than younger premenopausal ones [OR 2.37 (95%CI 1.17-4.81)]. Discussion: Our findings suggest that natural menopause is associated with changes in lipoprotein fractions and subfractions (especially in the first 2 years post-menopause) and with calcium deposition in the coronary arteries independently of age and other risk factors, but not with BCAA nor HOMA-IR. Deep investigation on lipid profile and other biomarkers in women approaching to menopause is needed in order to identify cardiovascular risk, prevent cardiovascular outcomes and provide better health conditions.

Ano

2021

Creators

Marília Izar Helfenstein Fonseca

Influência de determinantes entomológicos e bacterianos no contexto da malária em áreas rurais e periurbanas da Amazônia brasileira

Introdução - Nyssorhynchus darlingi e outros mosquitos da subfamília Anophelinae atuam como vetores dos parasitos da malária humana. Alterações na paisagem podem alterar a distribuição, abundância e comportamento desses mosquitos. Bactérias presentes no intestino médio de vetores de Plasmodium são capazes de modular a infecção por Plasmodium spp. no mosquito. Objetivos - Ampliar o conhecimento sobre os mosquitos que atuam na dinâmica de transmissão da malária em áreas rurais e periurbanas da Amazônia brasileira e investigar a diversidade bacteriana associada ao abdômen de Ny. darlingi e Nyssorhynchus braziliensis. Métodos - Capturas de mosquitos foram realizadas em áreas rurais e periurbanas da Amazônia brasileira. Testes de detecção de Plasmodium spp. foram realizados nos mosquitos. Análises de correlação e de regressão foram realizadas entre métricas de paisagem e as variáveis: incidência acumulada de malária, número de Ny. darlingi, mosquitos infectados e taxa de picada humana. Sequenciamento da região V4 do gene 16S rRNA foi realizado para explorar a diversidade bacteriana associada ao abdômen de Ny. braziliensis e de Ny. darlingi naturalmente infectado e não infectado por Plasmodium spp. Resultados - Nyssorhynchus darlingi, Nyssorhynchus rangeli, Nyssorhynchus benarrochi B e Nyssorhynchus konderi B foram encontrados infectados com Plasmodium. Plasmodium vivax e Plasmodium falciparum foram as espécies do parasito encontradas nos vetores. Foram encontradas correlações positivas entre incidência acumulada de malária e as variáveis taxa de picada humana, densidade de borda e número de Ny. darlingi. Porcentagem de cobertura florestal e taxa de picada humana apresentaram correlação negativa. O período entre 0 h:00 e 3 h:00 foi o que apresentou maior número de mosquitos infectados. Não houve diferença estatística entre a diversidade bacteriana de Ny. darlingi infectado e não infectado. Asaia e Serratia estavam presentes em ambas as espécies de Nyssochynchus. Enterobacter foi encontrado apenas em abdômen de Ny. darlingi não infectado e Pseudomonas foi o gênero mais abundante. Conclusão - Este estudo reporta pela primeira vez a infecção natural por Plasmodium em Ny. konderi B e Ny. benarrochi B em regiões da Amazônia brasileira. Os resultados obtidos sugerem que mudanças na paisagem podem favorecer a ocorrência de novos vetores e consequentemente, aumentar o número de casos de malária em regiões endêmicas. O encontro de maior número de mosquitos infectados após a meia-noite contribui para as medidas de controle do vetor e confirma a importância do uso de mosquiteiros impregnados com inseticida. A presença de Asaia e Serratia em ambas as espécies de Nyssorhynchus e a alta prevalência de Pseudomonas em Ny. darlingi indicam a necessidade de outros estudos sobre a possível utilização destas bactérias no controle da malária através da paratransgênese. A presença do gênero Enterobacter apenas em abdômen de Ny. darlingi não infectado sugere que bactérias deste gênero possam oferecer proteção a infecção por Plasmodium e outros estudos devem ser realizados para verificar essa hipótese.

Ano

2019

Creators

Tatiane Marques Porangaba de Oliveira

Doença crônica e dor no Município de São Paulo: prevalência e fatores associados à cefaleia e à dor nas costas

Introdução: Dores crônicas são uma das causas de sofrimento nos indivíduos. Entre elas estão cefaleia e dor nas costas. Objetivo: Estimar as prevalências e fatores associados à cefaleia e à dor nas costas na cidade de São Paulo. Metodologia: Foram utilizados dados do Inquérito de Saúde da Capital (ISA- Capital) 2015 com 4.043 entrevistados e calculadas as razões de prevalências para cada uma delas e os fatores associados quanto às características sociodemográficas, comportamentais, auto percepção de saúde e comorbidades. Resultados: Para cefaleias, a prevalência estimada em adolescentes (12 a 19 anos) foi de 34,9% (IC95% 31,2-38,6) e os fatores associados: ser do sexo feminino, ter auto percepção de vida como \'não boa\', apresentar insônia, dor nas costas e sinusite. Em adultos (20 a 59 anos) a prevalência estimada foi de 34,5 % (IC95% 32,3-36,7) e os fatores associados: ser do sexo feminino, ter auto percepção de vida como \'não boa\', apresentar dor nas costas, transtorno mental comum, insônia, sinusite e rinite. Em idosos (60 anos e mais) a prevalência estima foi de 17,5% (IC95% 14,7-20,6) e os fatores associados: ser do sexo feminino, ter auto percepção de saúde como \'não boa\', apresentar dor nas costas e sinusite. Para dor nas costas, em adolescentes a prevalência estimada foi de 19,9% (IC95% 16,7-23,5) e os fatores associados: ter tontura, insônia, transtorno mental comum, cefaleia e sinusite; a prevalência estimada para adultos e idosos foi de 36,8% (IC95% 34,5- 39,0) e os fatores associados: ser casado, consumir álcool ou ter consumido álcool e parado, auto percepção de saúde \'não boa\', ter doença na coluna, transtorno mental comum, cefaleia, tontura e insônia. Conclusão: Conhecer as prevalências e fatores associados à cefaleia e dor nas costas pode auxiliar no entendimento desses problemas de saúde e ajudar a pensar em estratégias para o enfrentamento influenciando em novas formas de priorizar e organizar os serviços.

Ano

2019

Creators

Mirna Namie Okamura

O papel da metformina na sobrevida de pacientes com câncer de pulmão

Introdução: O carcinoma pulmonar (CP) constitui a principal causa de morte por câncer globalmente. O uso de drogas tradicionalmente não utilizadas em oncologia, mas com baixo custo, efeitos adversos limitados e mecanismos de ação antitumoral identificados constituem uma estratégia na busca de alternativas para melhorar a sobrevida de pacientes com CP. É nesse contexto que insere-se a metformina. Objetivo: Avaliar os efeitos do uso da metformina na sobrevida de pacientes com CP. Métodos: Esta tese é dividida em dois manuscritos. MANUSCRITO 1: Revisão sistemática e meta-análise de estudos observacionais (EObs) e ensaios clínicos randomizados (ECR) sobre os efeitos do uso da metformina na sobrevida por CP. Análises para sobrevida global (SG) em EObs foram estratificadas por estudos com e sem uso da abordagem tempo-dependente. Todos os estudos incluídos foram avaliados quanto à qualidade por meio do Índice de Qualidade de Downs e Black e quanto ao risco de vieses por meio do instrumento Cochrane Collaboration. MANUSCRITO 2: Estudo de coorte de base populacional com 22.324 pacientes com CP diagnosticados durante o período de 2005 a 2014 na Noruega, no qual foram estimadas as associações entre o uso pré e pós-diagnóstico da metformina e SG e sobrevida específica por CP. Resultados: MANUSCRITO 1: Dez EObS e quatro ECR foram identificados, incluindo, exclusivamente pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC). Para EObS, o uso de metformina foi associado com melhora na SG para pacientes com CPNPC. Somente dois estudos observacionais utilizaram a análise tempo-dependente. Para esses estudos, uma hazard ratio (HR) maior foi encontrada (HR: 0.84; 95% CI: 0.79-0.88) em comparação aos EObs que não utilizaram a análise tempo-dependente (HR: 0.74; 95% CI: 0.60-0.91). EObS foram considerados de alta qualidade, com risco de viés vinculado à não aplicação da análise tempo-dependente. Meta-análises de ECR não evidenciaram benefício com o uso da metformina na SG (RR: 0.86; 95% CI: 0.68-1.08) e na progressão livre de doença (RR: 0.92; 95% CI: 0.77-1.10) de pacientes não diabéticos em estágio avançado de CPNPC. A qualidade dos ECR foi considerada heterogênea com fontes de vieses com potencial de alterar significativamente os resultados ou levantar dúvidas sobre os achados. MANUSCRITO 2: O uso pré e pós-diagnóstico de metformina foi associado com melhora na sobrevida específica por CP em pacientes com subtipo histológico de carcinoma epidermóide no estágio regional (uso prédiagnóstico: HR:0.67; 95% CI: 0.47-0.95; uso pós-diagnóstico: HR: 0.57; 95% CI: 0.38-0.86). Adicionalmente, os resultados do uso pós-diagnóstico da metformina evidenciaram benefício na SG e sobrevida específica por CP para todos os pacientes com CP (SG: HR: 0.87; 95% CI: 0.77-0.98; sobrevida específica por CP: HR: 0.83; 95% CI: 0.73-0.95). O benefício nas sobrevidas global e específica por CP também foi evidenciado na análise de dose acumulada do uso pós-diagnóstico da metformina. Conclusões: MANUSCRITO 1: A análise tempo-dependente deveria ser considerada uma estratégia apropriada para EObS com enfoque no uso da metformina para sobrevida de pacientes com CP e mais estudos utilizando essa abordagem são necessários. Futuros ECR bem desenhados metodologicamente são importantes para fornecer resultados mais consistentes para a associação entre o uso de metformina e a sobrevida por CP. MANUSCRITO 2: O uso de metformina foi associado com melhora na sobrevida, em especial na sobrevida específica por CP, para pacientes com subtipo histológico de carcinoma epidermóide no estágio regional. Entretanto, estudos prospectivos adicionais são necessários para elucidar o papel da metformina na sobrevida por CP.

Ano

2021

Creators

Suzan Lúcia Brancher Brandão