Repositório RCAAP
Diversidade de parasitas dos gêneros Leishmania e Trypanosoma em animais silvestres de uma unidade de conservação e animais domésticos do seu entorno no Estado do Espírito Santo
As espécies do gênero Trypanosoma parasitam vertebrados de todas as classes (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e as espécies do gênero Leishmania parasitam mamíferos no Velho e Novo Mundo. Possuem ciclos de vida com alternância entre vertebrados e invertebrados. A maioria das espécies se desenvolve em artrópodes hematófagos que podem pertencer a diversas ordens e famílias. Os tripanossomas circulam no ambiente silvestre como enzootias, associados com os hospedeiros e seus respectivos ecótopos. A Leishmaniose visceral é uma importante zoonose e possui canídeos silvestres e domésticos como importantes reservatórios conhecidos. Estudos realizados com algumas espécies de tripanossomas apontam uma grande complexidade do ciclo silvestre em biomas brasileiros, incluindo a Mata Atlântica e a diversidade genética de L. (L.) infantum chagasi no Brasil ainda não é conhecida. Ressalta-se o fato que existem poucos trabalhos realizados no Estado do Espírito Santo. Até o momento, não foram avaliados os pequenos mamíferos terrestres, grandes mamíferos (Tapirus terrestris) e morcegos como reservatórios silvestres destes parasitas neste Estado. O presente estudo tem por objetivo principal, o conhecimento da diversidade de parasitas do gênero Leishmania e Trypanosoma em animais silvestres da Reserva Biológica Córrego do Veado e domésticos do seu entorno na cidade de Pinheiros no estado do Espírito Santo através do isolamento, caracterização molecular e estudos filogenéticos com marcadores tradicionais utilizados para o grupo. Foram realizadas duas campanhas de captura nos meses de junho e novembro de 2012 totalizando um esforço de 28800 armadilhas/dia para os pequenos mamíferos terrestres e 12600 h/m2 com um total de 157 indivíduos, pertencentes a cinco ordens distintas, 23 gêneros e 27 espécies. Do total de animais capturados 18 (11.46%) apresentaram hemocultura positivas e 11 (7.01%) culturas foram estabelecidas e criopreservadas com morfologia compatível a parasitas do gênero Trypanosoma. Os isolados foram identificados e posicionados através de sequências da região V7V8 SSU rDNA e um isolados de T. cruzi marinkellei e oito de T. dionisii foram detectados em hospedeiros quirópteros e dois isolados de Tapirus terrestris apresentaram morfologia distinta das já descritas para o gênero Trypanosoma e a caracterização parcial através do gene 18S rDNA completo e gGAPDH apontam para uma nova espécie deste gênero e tratam-se dos primeiros isolados obtidos nestes hospedeiros. Nos cães, foram obtidas cultura de linfonodo poplíteo bilateral e todos animais foram negativos. Além disso, a análise sorológica também foi negativa para todos os animais domésticos amostrados no entorno.
2013
Igor da Cunha Lima Acosta
Perfil patogênico de um isolado do vírus da raiva procedente do morcego insetívoro Lassiurus ega e do virus fixo Challenge Virus Standard (CVS) no modelo hamster (Mesocricetus auratus) e camundongo (Mus musculus)
O isolamento do vírus da raiva (genótipo 1) a partir de morcegos não hematófagos está se tornando cada vez mais freqüente nas grandes cidades do Brasil. Este trabalho foi delineado para investigar a patogenicidade de um isolado do vírus da raiva, do morcego insetívoro Lassiurus ega, procedente do município de Presidente Prudente SP, em comparação ao vírus fixo da raiva, amostra CVS/32 (Challenge Vírus Standard). Os vírus foram reativados por meio de inoculação intracerebral em camundongos e os experimentos de patogenicidade foram realizados em camundongos e hamsters, desafiando-os pelas vias intramuscular (IM), intradérmica (ID), intranasal (IN) e abrasão superficial da pele (AP). A presença do vírus nos cérebros de animais que haviam manifestado sinais compatíveis à raiva, foi confirmada mediante a prova de imunofluorescência direta. Foram considerados para a avaliação da patogenicidade o quadro clínico, proporção de mortos, e a duração dos períodos de incubação (PI) e clínicos (PC) em dias. Em hamsters, o isolado de L. ega exibiu um quadro furioso, com proporção total de mortos de 2.60%; assim discriminada: 2.08% IM (PI: 11 dias; PC: 6 dias) e 8.33% IN (PI:10.66 ± 1.15 e PC: 7.33 ± 1.54). A presença do vírus no SNC foi detectada apenas em animais inoculados por essas vias. Por outro lado, o vírus CVS produziu um quadro paralítico com mortalidade total de 39.84%, com a seguinte distribuição: 62.50% IM (PI 7.50 ± 2.33; PC: 5.13 ± 1.89) 78.12% ID (PI 9.13 ± 2.23; PC 3.88 ± 2.23) 18.75% IN (PI 12.00 ± 2.77; PC 7.14 ± 2.54). Em camundongos, o isolado do L. ega manifestou sinais de agressividade e a raiva foi confirmada em animais inoculados IM e IN. A proporção de mortos observados em camundongos foi de 50.00% (PI 16.80 ± 2.20; PC 1.4 ± 0.54) e 30% (PI 14 ± 4.35; PC: 2.66 ± 0.57) respectivamente e o vírus CVS produziu mortalidade de 45.00% (PI: 6.30 ± 0.67; PC: 1.5 ± 0.70), 70% (PI: 7.14 ± 1.34; PC 2.28 ± 1.25) e 30% (PI:10.00; PC:1) pelas vias mencionadas acima, com quadro clínico de paralisia. O isolado de L. ega mostrou diferenças na proporção de mortos e quadro clínico furioso quando comparado com o CVS nos dois modelos animais. Os resultados sugerem que o contato com os morcegos insetívoros infectados pelo vírus da raiva representa um risco de transmissão da doença, por meio de ferimentos superficiais da pele provocadas pelas mordeduras ou ainda pela via respiratória, supostamente por meio de aerossóis. Pelo sequenciamento completo da proteína G viral do isolado do L. ega, foram observadas substituições na seqüência de aminoácidos nos sítios antigênicos AI, AII, assim como no domínio de fusão dependente de baixo pH. Os resultados obtidos, sugerem que as diferenças no comportamento biológico podem estar associadas às substituições encontradas na sequencia de aminoácidos da proteína G.
2009
Andrea Isabel Estévez Garcia
Ocorrência e caracterização molecular de coronavírus e rotavírus do grupo A em quirópteros do Estado de São Paulo
Diversas doenças virais emergentes e re-emergentes têm sido descritas em morcegos. As alterações ambientais provocadas por seres humanos associada a adaptação dos morcegos às áreas urbanas aumentam as chances da transmissão dessas doenças para humanos e animais domésticos. O estudo das coronaviroses associadas a esse hospedeiro tem evidenciado que os morcegos atuam como reservatório dessa doença, enquanto o estudo das rotaviroses ainda foi pouco explorado. Este estudo tem como objetivo verificar a ocorrência de coronavírus e rotavírus em diversas espécies de morcegos do Estado de São Paulo, Brasil, e realizar inferências filogenéticas a partir dos genes RdRp e S dos coronavírus, assim como de genes de proteínas estruturais e não estruturais dos rotavírus. Para tanto, foi utilizada a RT-PCR seguida de sequenciamento de DNA. Para análise filogenética e de diversidade molecular foi utilizado critério de otimização de distância e cálculo das identidades de nucleotídeos e aminoácidos entre as sequências obtidas e sequências recuperadas do GenBank. A ocorrência de coronavírus foi de 2,95% (9/305) e a de rotavírus de 9,18% (28/305). De acordo com a análise filogenética do gene da RdRp oito amostras foram classificadas como alphacoronavirus. A análise do gene S dos CoV mostrou que as amostras deste estudo formaram uma linhagem única, segregadas das demais amostras de alphacoronavírus. Em relação aos rotavírus, foi possível a identificação de um genótipo G3-P[3]-IX-RX-CX-MX-AX-NX-T3-E3-H6, similar a encontrada em morcegos, equinos e humanos. Além disso, outra amostra foi classificada como G20, similar ao genótipo encontrado em humano, sendo que os genótipos encontrados para os genes VP4, NSP3 e NSP5 desse vírus podem ser classificados como novos genótipos. Os resultados obtidos mostram que esses animais podem carrear agentes infecciosos de importância na saúde pública, sendo que mais estudos são necessários para o esclarecimento do papel dos morcegos como reservatório e fonte de infecção destas zoonoses virais.
Silenciamento gênico pós-transicional por interferência por RNA (RNAi) com terapia antiviral para a raiva
A raiva é uma zoonose que afeta todos os mamíferos e causa cerca de 55.000 mortes humanas por ano, causada pelo vírus da raiva. O vírus da raiva pertence à Ordem Mononegavirales, Família Rhabdoviridae e o Gênero Lyssavirus. Ultimamente, o Protocolo de Milwaukee é a base do tratamento humano, com indução do paciente ao coma e uso de massiva terapia antiviral. O protocolo, embora tenha sido utilizado duas vezes com sucesso, inclusive em um caso brasileiro, ainda requer aperfeiçoamentos. Neste sentido, a interferência por RNA (RNAi) é uma nova abordagem para terapia de doenças virais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a inibição da replicação do vírus da raiva in vitro e in vivo utilizando RNAi. Para este fim, foram utilizados três siRNAs (siRNA 360, siRNA 652, siRNA 649) com a fita antisenso complementar ao mRNA da fosfoproteína (P) e três siRNAs (Le 1, Le 2, Le 3) contra o RNA líder do vírus da raiva. Para o ensaio in vitro foram utilizadas as amostras PV e 4005 (AgV3) do vírus da raiva e as células de BHK-21 (Baby hamster kidney). As monocamadas celulares foram infectadas com as amostras PV ou 4005 e depois de 2 horas de incubação transfectadas com cada um dos siRNAs em combinação com Lipofectamine 2000TM. Depois de 24 e 48 horas as placas teste e controle foram submetidas à imunofluorescência direta (IFD) com conjugado globulina de coelho anti-ribonucleocapsídeo do vírus da raiva/isotiocianato de fluoresceína (Instituto Pasteur de São Paulo). Os resultados revelaram que os siRNAs contra o RNA líder do vírus não foram capazes de inibir a replicação do vírus. A utilização dos siRNAs contra mRNA P resultaram em títulos de 3,625logTCID50/ml, 3,875logTCID50/ml e 4,125logTCID50/ml para os siRNAs 360, 649 e 652, respectivamente, enquanto que, para a placa controle, o título foi 4,0logTCID50/ml nas placas infectadas com PV e período de incubação de 24h. Nas placas infectadas com a amostra 4005 e tratadas com siRNAs, a maior queda de título viral foi na placa tratada com siRNA 360, de 1,0 log, comparando-se com a placa controle de incubação de 24 para a amostra 4005. Nas placas tratadas com siRNA 649 e siRNA 652, também houve a diminuição de título viral, mas em uma escala menor (0,25log e 0,125log, respectivamente) comparando-se com o controle. Nas placas infectadas com PV e incubadas durante 48h, os títulos apresentados foram de 5,625logTCID50/ml, 4,625logTCID50/ml e 4,75logTCID50%/ml para os siRNAs 360, 649 e 652, respectivamente, enquanto que na placa controle o título foi 6,0logTCID50C%/ml. A placa com período de incubação de 48h com a amostra 4005 e tratada com siRNA 360 apresentou a maior queda de título viral entre os três siRNAs, o que resultou em 1,125log de diferença. Nas monocamadas onde foram administrados siRNA 649 e siRNA 652, observou-se também uma pequena queda de título viral igual a 0,875log e 0,295log, respectivamente, comparando-se com a placa não tratada. Para o ensaio in vivo, foram usados camundongos albino suíços de 21 dias com peso entre 11 e 14g, infectados com a cepa PV e AgV3 em 10DL50% via intracerebral. Duas horas depois da infecção, foi inoculada por via intracerebral uma solução do siRNA 360 com Lipofectamine 2000TM. Os animais com paralisia foram eutanasiados e aqueles sobreviventes foram observados até completar 30 dias de observação quando foram, então, eutanasiados. O sistema nervoso central de todos os animas foi recolhido e submetido a IFD. A utilização do siRNA 360 em camundongos resultou em 30% de animais sobreviventes frente amostra 4005, enquanto que a mortalidade nos animais não tratados foi de 90%. Nos animais inoculados com a amostra PV e tratados com este siRNA, a sobrevivência foi de 40%, enquanto que no grupo controle a mortalidade foi de 100%. O resultado do ensaio in vitro demonstra que os siRNAs utilizados são capazes de inibir a replicação do vírus da raiva, com eficiência mais pronunciada para o siRNA 360. In vivo, este siRNA foi capaz de induzir a proteção parcial dos animais inoculados com as duas variantes virais. Estes resultados, ainda que indiquem a necessidade de mais estudos, permitem concluir que a RNAi é uma tecnologia promissora como antiviral contra a raiva
2015
Ekaterina Alexandrovna Durymanova Ono
Pesquisa de infecção por riquétsias do grupo da febre maculosa em cães, pequenos mamíferos e carrapatos em área endêmica e não endêmicas nos biomas Pampa e Mata Atlântica no estado do Rio Grande do Sul
Em 2005 o primeiro caso de Febre Maculosa Brasileira (FMB) foi reconhecido no estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Desde então até abril de 2016 doze casos foram confirmados, sendo que quatro destes são autóctones do município de Cerro Largo, área considerada endêmica para a enfermidade riquetsial. Neste mesmo período o RS também notificou 58 casos suspeitos ao Ministério da Saúde. No RS são encontrados dois biomas, Mata Atlântica e Pampa, este último não ocorrendo em outras unidades federativa do país. Até o momento, inexistem estudos relatando a infecção por riquétsias na ixodofauna gaúcha. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo pesquisar a infecção de riquétsias do Grupo da Febre Maculosa (GFM) em cães, pequenos mamíferos e carrapatos; através da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), qPCR e tentativa de isolamento de riquétsias em cultivo celular dos ixodídeos coletados em área endêmica (Cerro Largo) e áreas não endêmicas nos biomas Pampa e Mata Atlântica no RS. Na sorologia (RIFI), 33,5 % (55/164), 2,9% (1/33), 40% (16/40) dos pequenos mamíferos e 8,3% (3/36), 13,9% (5/36) e 20,4 (28/137) dos cães coletados na Mata Atlântica, Pampa e área endêmica para FMB, respectivamente, foram sororreagentes para pelo menos um dos seis antígenos de riquétsias testados. Oito espécies de carrapatos foram coletadas no local de Mata Atlântica, sendo: Amblyomma aureolatum, Amblyomma brasiliense, Amblyomma incisum, Amblyomma ovale, Haemaphysalis juxtakochi, Ixodes loricatus, Rhipicephalus microplus e Amblyomma yucumense com destaque para esta última que foi descrita como uma espécie nova. Já para o fragmento de Pampa quatro espécies foram encontradas (A. aureolatum, A. ovale, Amblyomma tigrinum e Rhipicephalus sanguineus) e na área endêmica para FMB no RS, coletamos cinco espécies de carrapatos, Amblyomma dubitatum, Amblyomma longirostre, A. ovale, I. loricatus e R. microplus. Detectamos molecularmente pela primeira vez no RS, Candidatus Rickettsia amblyommii em A. longirostre e A. brasiliense, Candidatus Rickettsia andeanae em A. aureolatum e A. tigrinum, Rickettsia bellii em I. loricatus, Rickettsia rhipicephali em A. yucumense e H. juxtakochi, Candidatus Rickettsia asemboensis em pulgas no Brasil e de extrema importância para o conhecimento da epidemiologia da FMB no RS, detectamos Rickettsia sp. cepa Mata Atlântica em A. ovale oriundos de Cerro Largo (área endêmica para FMB no RS). Como primeiros isolamentos de riquétsia para o estado do RS, isolamos R. bellii de I. loricatus coletados na Mata Atlântica e área endêmica para FMB no RS. O presente estudo é pioneiro em relação a investigação comparativa sobre FMB nos biomas Pampa e Mata Atlântica e também o primeiro estudo molecular e isolamento de riquétsias em cultivo celular de amostras coletadas no RS, Brasil
2016
Felipe da Silva Krawczak
Resistência antimicrobiana de Staphylococcus spp. isolados de mastite clínica e subclínica bovina: análise fenotípica, detecção de genes e relação com presença de genes codificadores de adesinas e biofilme
A mastite representa um grande desafio na pecuária leiteira, visto que é uma das afecções que mais acometem o rebanho bovino ocasionando grande impacto econômico. As bactérias são importantes agentes associados à enfermidade, sendo que as mais comumente encontradas são as do gênero Staphylococcus, associadas tanto às manifestações clínicas quanto subclínicas. A terapia antimicrobiana é usualmente requerida como tratamento, auxiliando as defesas do animal para a eliminação do agente invasor, sendo assim, de suma importância monitorar a sensibilidade dos patógenos aos antimicrobianos. Visto que a resistência aos medicamentos utilizados tem se tornado frequente, há a necessidade de estudos mais abrangentes sobre o assunto. Desta forma, o presente estudo avaliou 300 isolados de Staphylococcus provenientes de amostras de leite de bovinos com mastite clínica e/ou subclínica de propriedades de exploração leiteira. A espécie mais detectada nas análises foi S. aureus, e dentre os genes que codificam para adesinas e biofilmes os mais frequentes foram (eno, fib e fnbA) e (bap, icaA, icaD). A combinação mais frequente no tocante às adesinas foi eno-fib-fnbA, e para os biofilmes foram bap e bap-icaD. Os maiores índices de resistência foram verificados para os antimicrobianos betalactâmicos (amoxicilina, ampicilina e penicilina). Identificou-se as maiores frequências de sensibilidade para cefalotina, seguida pela oxacilina e gentamicina, e não foi detectada relação de concordância da oxacilina com os betalactâmicos. Avaliou-se a concentração mínima inibitória (MIC) para ampicilina, gentamicina, oxacilina e penicilina, para todas as cepas resistentes no antibiograma. Posteriormente, investigou-se os genes responsáveis pela codificação de resistência antimicrobiana, com os genes femA e femB sendo os mais comuns, porém o gene femA não foi detectado em todas as cepas de S. aureus. Os genes mecA e bla<//i>Z foram identificados, porém em baixa frequência, e o homólogo de mecA, o mecALGA251, somente em duas cepas. As informações obtidas podem ajudar em diferentes aspectos acerca dos perfis dos microrganismos no tocante aos fatores de virulência dos mesmos, permitindo novas abordagens relativas a terapias e medidas de prevenção à mastite.
Ocorrência e caracterização molecular de calicivírus suínos
Infecções do trato gastrointestinal são frequentes em criações de suínos, gerando impacto negativo na produção devido aos problemas que causam, tais como a diminuição do consumo de alimento, redução do ganho de peso e elevada mortalidade. Pertencentes à família Caliciviridae, os gêneros Norovírus e Sapovírus são indicados como agentes etiológicos responsáveis por causar gastroenterites em espécies animais e em humanos, além do potencial zoonótico. Entretanto, relativamente pouco se sabe sobre a participação dos Calicivírus nas diarreias que ocorrem na suinocultura brasileira. Para auxiliar na elucidação deste tema, uma revisão sistemática com meta-análise foi desenvolvida neste trabalho. Como resultados desta revisão sistemática para Norovírus, tem-se que: (1) os genotipos GII- 18, GII-11 e o GII-4 são os mais comumente encontrados em suínos no mundo (apesar de também haver relatos de GII-1, GII-2, GII-3, GII-13, GII-19, GII-21 e GII- 23), que (2) não há correlação estatística entre a ocorrência do Norovírus em suínos com a ocorrência de diarreia e que (3) a idade adulta (acima de 70 dias) é a única que apresenta uma correlação com a ocorrência do vírus. Como resultados da revisão sistemática para Sapovírus, tem-se que (1) o genogrupo mais comum no mundo é o GIII (ainda que se tenha relato dos genogrupos GV, GVI, GVII, GVIII, GIX, GX e GXI), que (2) há correlação estatística entre a ocorrência do Sapovírus em suínos com a ocorrência de diarreia e que (3) as três faixas etárias avaliadas (maternidade, creche e adultos) apresentam correlação com a ocorrência do Sapovírus. O objetivo deste trabalho foi pesquisar a ocorrência de Norovírus e Sapovírus a partir de amostras fecais de suínos provenientes de diversas criações comerciais, utilizando-se a técnica de RT-PCR, tendo como alvo uma região do gene RpRd (para ambos os vírus) e do capsídeo (para Norovírus), seguido da determinação das respectivas sequências nucleotídicas e realização de inferências filogenéticas das mesmas. Das 166 amostras analisadas, houve a detecção do Sapovírus em 6 amostras fecais de suínos (com idade de até 70 dias de vida) criados nos estados de São Paulo e Minas Gerais, todas confirmadas pelo sequenciamento do gene RdRp. Quatro dessas amostras agruparam-se com as amostras suínas de Sapovírus do genogrupo GX ao se realizar a inferência filogenética. A confirmação do genogrupo através do gene VP1 não foi possível. Nenhuma amostra apresentou-se positiva para Norovírus.
Isolamento e caracterização de amostras de Arcobacter spp em sistemas intensivos de produção de suinos e abatedouros
As espécies do gênero Arcobacter eram classificadas até a década de 1990 como pertencentes ao gênero Campylobacter. Atualmente três das cinco espécies deste gênero são consideradas potencialmente zoonóticas, podendo ser transmitidas por alimentos de origem animal. O presente estudo teve como objetivo isolar e caracterizar geneticamente amostras de Arcobacter spp., isoladas a partir de 120 amostras de carcaças, 120 amostras de fezes e 24 de amostras de músculo suíno coletadas em dois abatedouros localizados no Estado de São Paulo. Os isolados obtidos foram submetidos ao PCR-Multiplex para a determinação das espécies do gênero e analisados através da eletroforese em campo pulsado. O agente foi isolado de 71,6% das carcaças, 4,16% das amostras de fezes e 8,3% das amostras de músculo. As espécies mais prevalentes foram A. butzleri e A. cryaerophilus. A análise dos dados obtidos no PFGE (SmaI) revelou 51 perfis distintos, com um índice discriminatório de 0,98 e grande diversidade genotípica entre as amostras . O sítio de isolamento mais frequente para o agente foram as carcaças e o PFGE mostrou-se um bom instrumento para a caracterização e discriminação de cepas deste gênero
2010
Débora Dirani Sena de Gobbi
Diversidade de parasitas dos gêneros Trypanosoma e Leishmania em vertebrados silvestres e vetores da área da Sede Reserva Legado das Águas- Votorantim, no município de Miracatu, São Paulo
Protozoários da família Trypanosomatidae, representam importante papel para saúde humana e animal, apresentando ciclos de vida monoxeno e heteroxeno, onde na alternância de hospedeiros, podem infectar o ser humano. O gênero Leishmania possui ciclos silveste e urbano, infectando principalmente mamíferos silvestres e cães domésticos como hospedeiros vertebrados. As espécies do gênero Leishmania são transmitidas a estes hospedeiros através da picada de invertebrados hematófagos da família Psychodidae, e possui duas apresentações clínicas principais quando infecta o ser humano: visceral e cutânea; onde a forma visceral é causada pela espécie Leishmania (Leishmania ) infantum na America e Europa, e pela espécie Leishmania (Leishmania ) donovani na Ásia. A Leishmaniose Visceral está classificada como uma das Doenças Tropicais Negligenciadas pela OMS. O gênero Trypanosoma possui uma subdivisão baseada no desenvolvimento dos parasitas no trato digestivo do vetor; em duas Secções, Salivaria e Stercoaria, além também das divisões em diversos Clados, baseado em filogenia molecular; e a separação em três subgêneros: Herpetosoma, Megatrypanum e Schizotrypanum. No subgênero Schizotrypanum está classificada a espécie Trypanosoma cruzi, que possui bastante complexidade epidemiológica, e capacidade de infectar mamíferos de todas as ordens, inclusive o ser humano. No ser humano o T. cruzi causa a Doença de Chagas, transmitida por diversas espécies de triatomíneos dos gêneros Triatoma, Rodnius e Panstrongylus. A Doença de Chagas também está classificada no grupo das Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS. O presente estudo teve como objetivo investigar a ocorrência de parasitas dos gêneros Trypanosoma e Leishmania na Reserva Legado das Aguas Votorantim, na região do Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo, uma região de Mata Atlântica preservada, a fim de contribuir para o melhor entendimento dos ciclos de transmissão desses parasitas, e acrescentar conhecimento ao estudo dessas zoonoses. Foram capturados 324 pequenos mamíferos das ordens Rodentia, Chiroptera e Marsupialia, através de armadilhas do tipo gaiolas e redes de neblina. Foi coletado sangue e tecidos destes animais, onde o sangue foi distribuído em hemoculturas e ambos submetidos a testes moleculares. Foram também capturados triatomíneos (barbeiros) e tabanídeos (mutucas), através de busca ativa e redes de neblina (para tabanídeos). As hemoculturas não demonstraram crescimento de parasitas, e a análise molecular corroborou tais resultados negativos. Foram capturados 16 espécimes de triatomíneos, dos gêneros Triatoma e Panstrongylus. Através destes foram obtidos 11 isolados classificados como Trypanosoma cruzi II, e uma sequência obtida classificada como Trypanosoma cruzi IV. Foram capturados três tabanídeos, que possibilitou a obtenção de duas sequências de conteúdo intestinal, caracterizadas como Trypanosoma terrestris. Estes tabanídeos ainda serão classificados a nível de espécie através da análise molecular. Através da captura de animais foi possível atestar a biodiversidade e nível de preservação ambiental da Reserva Legado das Aguas Votorantim, e ainda demonstrar que há a circulação de parasitas do gênero Trypanosoma em vetores e potenciais vetores, necessitando ainda de mais estudos para determinar quais vertebrados mantem os ciclos ativos, e ainda determinar a capacidade vetorial de tabanídeos para a espécie Trypanosoma terrestris, que ainda não possui vetores caracterizado.
2020
Jaciara de Oliveira Jorge Costa
Toxocaríase: avaliação do processo ensino-aprendizagem de recursos pedagógicos aplicados a crianças do ensino fundamental
Um programa educativo, abordando 10 pontos cognitivos críticos relativos a epidemiologia da toxocaríase foi aplicado em 385 alunos de escola pública estadual na cidade de São Paulo - SP, Brasil. Os cinco recursos pedagógicos elaborados foram: Contador de Histórias, Teatro de Fantoches, História em Quadrinhos com Personagens Conhecidos e Desconhecidos, e Teatro. Tais recursos contaram com a sugestão e colaboração dos professores da referida escola. As avaliações da aprendizagem cognitiva e comportamental imediata foram realizadas por meio de entrevistas e observações comportamentais das crianças mediante situações específicas. Observou-se que 72% das crianças são residentes na Comunidade São Remo, local em que há presença de Toxocara canis e que a população desta comunidade apresenta baixo nível sócio-econômico e vive em condições precárias. Após tratamento estatístico de métodos paramétricos e não paramétricos, não foram estabelecidas relações entre o fato da criança possuir animais e responder adequadamente às questões (p = 0,61) ou adotar comportamento adequado frente à situação problema (p = 0,586). Foram observadas mudanças significativas no perfil estatístico em relação as respostas das avaliações fornecidas pelas crianças submetidas ao teatro e ao teatro de fantoches (p ≤ 0,001). As histórias em quadrinhos obtiveram melhores resultados nas crianças de séries mais adiantadas, mesmo assim em padrões abaixo dos que usavam a linguagem oral (teatro, teatro de fantoches e contador de histórias), fato este explicado por uma não familiarização com o recurso aplicado ou pela falta de conhecimentos básicos existentes nas crianças das séries iniciais.
2003
Miguel Bernardino dos Santos
Inativação térmica (75ºC) de Mycobacterium bovis (isolados de origem bovina) em leite integral experimentalmente inoculado
A pasteurização do leite destinado ao consumo é obrigatória no Brasil e o sistema rápido (75ºC/15 a 20 segundos) é o mais empregado no país. O processo visa eliminar. Os parâmetros de tempo e temperatura empregados no mundo foram definidos após estudos sobre a resistência térmica do Mycobacterium tuberculosis e da Coxiella burnetti, reconhecidos como os microrganismos patogênicos, não formadores de esporos e que eventualmente podem estar presentes no leite cru, que apresentam a maior resistência térmica. Entretanto, não há estudos sobre a resistência térmica do M. bovis que circula nos bovinos no Brasil. Este estudo propôs-se a avaliar a resistência térmica (75ºC) de cinco espoligotipos de M. bovis, isolados de bovinos abatidos no estado de São Paulo, em leite integral experimentalmente contaminado. Leite UHT foi contaminado com M. bovis e, então, submetido a tratamento térmico em banho-maria a 75ºC por 20 segundos. Cada espoligotipo foi testado 3 vezes. As amostras foram retiradas do banho nos tempos 0 (o momento em que o leite atingiu 75ºC), 5, 10, 15 e 20, correspondendo ao tempo, em segundos, de tratamento térmico. O leite contaminado também foi analisado, para quantificação da carga inicial. O controle do processo envolveu o acompanhamento da temperatura do leite (um tubo com termômetro) e análise das enzimas fosfatase alcalina e peroxidase ao final do tratamento; para tal, amostras de leite cru foram tratadas juntamente com as amostras-teste. Para quantificação, foi realizada a diluição decimal seriada seguida da semeadura em duplicata em meio Stonebrink-Leslie (37ºC/45dias). Os resultados mostraram que foi na fase de aquecimento que ocorreu a maior taxa de morte de todos os espoligotipos. Houve diferença de resistência entre os espoligotipos ao processo que simulou a pasteurização rápida e o espoligotipo BR024 foi o mais resistente. Conclui-se que houve diferença da eficácia da pasteurização, de acordo com o espoligotipo testado, mas que os resultados precisam ser investigados mais detalhadamente.
Resistência térmica de diferentes espoligotipos de Mycobacterium bovis à pasteurização lenta (65ºC) em leite experimentalmente inoculado
A pasteurização do leite é obrigatória no Brasil e o sistema lento (65ºC/30 minutos) é o mais empregado na fabricação de queijos. Os parâmetros de tempo e temperatura empregados no mundo foram definidos após estudos sobre a resistência térmica do Mycobacterium tuberculosis e da Coxiella burnetti, reconhecidos como os microrganismos patogênicos, não formadores de esporos e que eventualmente podem estar presentes no leite cru, que apresentam a maior resistência térmica. Entretanto, não há estudos sobre a resistência térmica do M. bovis que circula nos bovinos no Brasil. Este estudo propôs-se a avaliar a resistência térmica (65ºC) de cinco espoligotipos de M. bovis, isolados de bovinos abatidos no estado de São Paulo, em leite integral experimentalmente contaminado. Leite UHT foi contaminado com M. bovis e, então, submetido a tratamento térmico em banho-maria a 65ºC por 30 minutos. Cada espoligotipo foi testado 3 vezes. As amostras foram retiradas do banho nos tempos 0 (o momento em que o leite atingiu 65ºC), 5, 10, 15, 20, 25 e 30 correspondendo ao tempo, em minutos, de tratamento térmico. O leite contaminado também foi analisado, para quantificação da carga inicial. O controle do processo envolveu o acompanhamento da temperatura do leite (um tubo com termômetro) e análise das enzimas fosfatase alcalina e peroxidase ao final do tratamento; para tal, amostras de leite cru foram tratadas juntamente com as amostras-teste. Para quantificação, foi realizada a diluição decimal seriada seguida da semeadura em duplicata em meio Stonebrink-Leslie (37ºC/45dias). Os resultados mostraram que foi na fase de aquecimento que ocorreu a maior taxa de morte. Houve diferença de resistência entre os espoligotipos ao processo que simulou a pasteurização lenta e o BR024 foi o mais resistente. Conclui-se que houve diferença da eficácia da pasteurização, de acordo com o espoligotipo testado, mas que os resultados precisam ser melhor investigados.
Isolamento e caracterização de Campylobacter coli e Campylobacter jejuni em cortes de carne de frango e suíno comercializados na cidade de São Paulo
Atualmente, a campilobacteriose representa uma importante zoonose tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. No Brasil, vários estudos relatam a alta frequência de suínos eliminando o agente nas fezes, porém, a contaminação da carne suína comercializada tem sido pouco avaliada, principalmente no que diz respeito à presença de Campylobacter spp. A incidência deste agente em cortes de carne de aves é mais descrita, porém ainda faltam estudos que esclareçam a epidemiologia da doença. Os objetivos principais do presente estudo foram avaliar a presença de Campylobacter spp. em cortes de carne de frangos e suínos vendidos em mercados municipais, açougues e mercados de pequeno porte distribuídos nas cinco regiões do município de São Paulo. Das 115 amostras de origem suína avaliadas sete se mostraram positivas ao isolamento de Campylobacter coli e, das 105 amostras de carne de frango, 31 estavam contaminadas por Campylobacter jejuni ou Campylobacter coli. Dentre as 38 amostras de carne de frango e suíno positivas foram selecionadas 60 estirpes, as quais foram caracterizadas quanto à espécie, utilizando a reação em cadeia pela polimerase e a espectrometria de massa MALDI-TOF, foram ainda avaliadas quanto ao perfil de resistência a antimicrobianos e foram submetidas a genotipagem pelo polimorfismo de comprimento de fragmentos amplificados (AFLP). A partir dos resultados obtidos seis estirpes foram selecionadas para realização do sequenciamento do genoma completo e a partir da análise dos genomas foram identificados os STs, os genes de resistência e genes de virulência.
Situação epidemiológica da brucelose bovina após a implementação do programa de vacinação no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil
O estudo objetivou avaliar a eficácia do programa de vacinação contra brucelose bovina no estado do Rio Grande do Sul tendo como indicador a prevalência e individualizar os fatores de risco para a doença. O Estado foi dividido em sete regiões. Para cada região foram amostradas aleatoriamente um número preestabelecido de propriedades nas quais foi testado um número também preestabelecido de fêmeas com idade igual ou superior a 24 meses, aleatoriamente selecionadas. O protocolo do sorodiagnóstico foi composto de triagem com o teste do antígeno acidificado tamponado, seguido de teste confirmatório dos sororreagentes com o teste 2-Mercaptoetanol. Nas propriedades foi aplicado um questionário epidemiológico sobre possíveis fatores de riscos associados à brucelose bovina. No estado do Rio Grande do Sul, a prevalência de focos foi de 3,54% [2,49 4,88] e a de animais 0,98% [0,57 1,57]. Nas regiões, as prevalências de focos variaram de 0,66% a 9,03% e a de animais de 0,06% a 2,03%. Rebanhos com 15 ou mais vacas, tipologia corte e compartilhamento de pastagens emergiram como fatores de risco para brucelose bovina no estado. A situação epidemiológica da brucelose bovina no Rio Grande do Sul manteve-se estável desde 2004, a despeito de boas coberturas vacinais terem sido registradas a partir de 2009. Assim, o estado deve continuar seu programa de vacinação, dando ênfase para a qualidade do processo e estimulando a utilização da vacina não indutora de anticorpos. Adicionalmente, o estado deve realizar um grande esforço de educação para que os produtores testem os animais de reprodução para brucelose antes de introduzi-los em suas propriedades e evitem o compartilhamento de pastagens entre rebanhos de condição sanitária desconhecida.
2017
Nairleia dos Santos Silva
Avaliação do potencial imunogênico e vacinal das flagelinas de Leptospira interrogans sorovar Copenhageni
A leptospirose é uma zoonose de importância global causada por leptospiras patogênicas, que colonizam os túbulos renais de animais selvagens e domésticos. Vacinas comerciais estão sendo usadas, porém promovem proteção apenas contra os sorovares presentes na preparação e falham em induzir imunidade de longa duração. A porção carboxi-terminal da proteina immunoglobulin like A (LigAC) é capaz de induzir imunoproteção contra a leptospirose. No entanto, a imunização com a LigAC não confere imunidade esterilizante. Flagelinas têm sido consideradas adjuvante promissor para o desenvolvimento de vacinas. As leptospiras possuem dois flagelos periplasmáticos que são constituídos por duas classes de proteínas (FlaA e FlaB). Somente as proteínas FlaB apresentam homologia com as regiões importantes que ativam as respostas dependentes ao receptor Toll-like 5 (TLR-5). Neste estudo, avaliou-se a capacidade de indução da atividade do TLR5 das cinco flagelinas de L. interrogans sorovar Copenhageni (FlaB1, FlaB2, FlaB3, FlaB4 e FlaB5) e o potencial vacinal destas flagelinas na imunidade protetora de LigAC contra o desafio letal em hamsters. As flagelinas recombinantes foram expressas em E. coli e purificadas por cromatografia de afinidade com níquel. Os hamsters foram imunizados por via subcutânea com as flagelinas purificadas e LigAC. Dados experimentais demonstram que todas as flagelinas foram capazes de ativar o receptor TLR5 e a secreção de citocinas em macrógafos estimulados de maneira similar. Nos ensaios de desafio, a maioria dos animais imunizados com as flagelinas e LigAC sobreviveram ao desafio letal entretanto, não foram protegidos contra a colonização renal. Os animais do grupo controle vacinados com PBS morreram com sintomas de leptospirose e hamsters imunizados com a vacina comercial sobreviveram após o desafio
Evaluación descriptiva de la rabia humana y animal, y desarrollo de un modelo predictivo de rabia bovina en el Perú
La rabia es una enfermedad viral, con una alta tasa de mortalidad, la cual es principalmente transmitida por el perro doméstico y el murciélago hematófago, Desmodus rotundus. A pesar de las acciones de prevención y control aún es endémica en el Perú. Los principales objetivos del presente trabajo fueron la descripción de la rabia humana y animal en el Perú, como también el desarrollo de un modelo predictivo de transmisión del virus de la rabia en el ganado bovino. Se utilizaron los reportes nacionales oficiales de casos y brotes de rabia humana y animal entre los años del 2001 al 2017. Los resultados indicaron que los casos de rabia humana ocurren principalmente como consecuencia del ciclo silvestre, y se presentan con mayor frecuencia en las regiones amazónicas. Mientras que los casos de rabia canina han sufrido un reciente aumento debido al brote de la enfermedad en el sur del Perú. Por otro lado, los focos de la rabia bovina han sido bastantes frecuentes a lo largo de los años, y se encuentran distribuidos especialmente a lo largo de los valles interandinos y regiones amazónicas del Perú. Asimismo, el riesgo de transmisión de rabia de murciélagos hematófagos para bovinos se estimó mediante la adaptación de un modelo de receptividad y vulnerabilidad basado en árboles de decisión, para el desarrollo de un modelo predictivo de rabia bovina por distritos. Los datos oficiales de los brotes de la enfermedad en bovinos y la información sobre alteraciones ambientales se utilizaron como covariables. La densidad de bovinos y las características geomorfológicas de cada distrito fueron obtenidas a través del último censo nacional agropecuario y de los sistemas de información geográfica disponibles. El modelo fue validado a través de la evaluación de algunos escenarios que fueron concebidos a partir de diferentes puntos de corte de las variables de receptividad en comparación con la información de los brotes de los últimos 6 años, a fin de encontrar el grado de predicción más adecuado para la ocurrencia de brotes de rabia por distrito. Entre las principales conclusiones, se encuentra la importancia del mantenimiento de las políticas nacionales de prevención y promoción de la salud de la rabia humana y animal en el Perú. Además, del desarrollo de nuevos criterios de intervención que prioricen la ecología de los transmisores del virus a las poblaciones susceptibles, lo que puede representar una mejor opción que otras medidas preventivas que no han tenido el éxito esperado. Finalmente, el modelo de predicción para la rabia bovina propuesto, a pesar de depender de la información generada por la vigilancia epidemiológica de la enfermedad, representa una herramienta interesante para optimizar su funcionamiento a nivel nacional.
2019
Francisco Miroslav Ulloa Stanojlovic
Epidemiologia de uma população de onças-pintadas (Panthera onca) da várzea da Amazônia Central
Este estudo teve como objetivo determinar a exposição de uma população de onças- pintadas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá a agentes infecciosos selecionados, assim como realizar exame clínico, descrição hematológica e bioquímica. No período entre janeiro de 2012 a março de 2018 foram capturadas 13 onças-pintadas, sendo oito machos e cinco fêmeas, adultas, utilizando método de captura de laço montadas em trilhas. Os animais foram anestesiados e monitorados durante o procedimento, sendo realizado exame clínico e coleta de amostras biológicas. Foram realizados diagnósticos sorológicos para T. gondii, Leptospira spp, e Brucelas lisas, diagnóstico molecular e sorológico para o vírus da cinomose, vírus da raiva, vírus da leucemia felina, vírus da imunodeficiência felina, os arbovirus, Zika, Chikungunya, Ilhéus, Oeste do Nilo, Encefalite de Saint Louis, Rocio, Febre Amarela e Mayaro, o isolamento foi realizado nos arbovírus. O monitoramento das onças-pintadas ao longo do estudo permitiu caracterizar a distribuição espacial dos indivíduos. As onças-pintadas da área de estudo foram expostas para o vírus da cinomose (1/13, 7,7%); vírus da leucemia felina (1/13, 7,7%); vírus do Oeste do Nilo (1/13, 7,7%); vírus da Encefalite de Saint Louis (1/13, 7,7%); T. gondii (13/13; 100%); e Leptospira spp. (4/13, 30,8%). Todas as análises moleculares e de isolamento foram negativas. Houve influência do sexo nas análises hematológicas e bioquímicas para hemácias e fosfatase alcalina, onde os machos apresentaram médias mais elevadas. De acordo com o exame clínico, dois indivíduos não estavam em boas condições de saúde. O monitoramento após a captura através de transmissores de telemetria VHF/GPS/Iridium evidenciou que dois indivíduos foram abatidos pela população ribeirinha local e três apresentaram “ causa mortis” desconhecida, além disso foi evidenciado sobreposição das áreas de vida das onças com as comunidades tradicionais ribeirinhas. Esses são os primeiros relatos da exposição aos vírus da cinomose, vírus da leucemia felina na Amazônia, e Oeste do Nilo e Encefalite de Sain Louis em onças pintadas no Brasil. Esses resultados enfatizam a importância de estudos epidemiológicos mais aprofundados e contínuos para as populações de onças-pintadas, populações humanas e animais domésticos da área de estudo.
2021
Louise Maranhão de Melo
História natural da rangeliose
O protozoário Rangelia vitalii, um piroplasma patogênico para cães, foi descrito no inicio do século XX, porém, apenas recentemente, a espécie foi validada por técnicas de biologia molecular. Observações epidemiológicas têm levado a suspeitar que os carrapatos Rhipicephalus sanguineus e Amblyomma aureolatum sejam potenciais vetores de R. vitalii, muito embora, nenhum estudo tenha, até o momento, comprovado o papel de algum carrapato como vetor de R. vitalii. Desta forma, o presente projeto objetiva: 1- Avaliar a transmissão transovariana de R. vitalii em carrapatos das espécies A. aureolatum, R. sanguineus, Amblyomma ovale, Amblyomma tigrinum e Amblyomma cajennense. 2- Avaliar a perpetuação transestadial de R. vitalii em todos os estágios biológicos das espécies citadas acima; 3- Avaliar a capacidade de larvas, ninfas e adultos de A. aureolatum e R. sanguineus em transmitirem o protozoário R. vitalii para cães, durante o parasitismo; 4- Avaliara a presença do agente em canídeos silvestres das espécies Cerdocyon thous e Lycalopex gymnocercus; 5- Avaliar a capacidade de uma fêmea gestante de Canis lupus familiaris em transmitirem de forma vertical o agente; 6- Conhecer as áreas de distribuição da R. vitalii a partir da pesquisa de casos suspeitos; 7- Avaliar as alterações clínicas e hematológicas dos cães infectados, via carrapato ou inoculação. Para tal, cães foram experimentalmente infectados com cepas patogênicas de R. vitalii oriundas do Rio Grande do Sul. Larvas, ninfas e adultos de R. sanguineus, A. aureolatum, A. ovale, A. tigrinum e A. cajennense foram levados a infestar esses cães infectados, e posteriormente, após ecdise ou postura de ovos em incubadora, os estágios biológicos subsequentes foram testados por PCR para presença de DNA de R. viatlii e levados a infestar cães não infectados, a fim de se verificar a transmissão de R. vitalii. Além disso, foi pesquisado a presença de R. vitalii em cães domésticos e canídeos silvestres das regiões Sul e Sudeste. Os resultados obtidos permitiram adquirir uma melhor compreensão da epidemiologia da rangeliose canina, pois além de comprovar a competência vetorial de A. aureolatum para R. vitalii (e a não competência para as demais espécies de carrapatos testadas), ampliou a distribuição geográfica deste agente nas regiões Sul e Sudeste. O estudo também possibilitou relatar uma infecção natural e persistente de um C. thous por R. vitalii. Diferentemente dos cães domésticos, que manifestam severas alterações clínicas e hematológicas decorrentes da infecção por R. vitalii, foi verificado um caso de infecção 8 assintomática em um C. thous, sugerindo um possível papel de reservatório do agente na natureza, uma vez que este canídeo silvestre é o principal hospedeiro silvestre para o carrapato A. aureolatum. A distribuição geográfica dos casos de rangeliose tanto em cães domésticos com em C. thous coincidem com a distribuição geográfica deste vetor. Portanto, esta espécie de carrapato, que já se mostrou capaz de veicular o agente em condições de laboratório, é provavelmente seu vetor em condições naturais.
Prevalência e caracterização epidemiológica da brucelose bovina no Estado de Santa Catarina
Com o objetivo de se conhecer a situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado de Santa Catarina, o mesmo foi subdividido em cinco áreas epidemiológicas. Para o planejamento amostral foi utilizada a amostragem aleatória sistemática. Além do cálculo da prevalência da brucelose bovina, foi realizada a caracterização epidemiológica das propriedades em cada uma das cinco áreas e verificada a possibilidade de agrupamento de algumas delas de acordo com as semelhanças existentes. Para o estudo foram colhidas amostras de soro de 7756 animais e questionários epidemiológicos foram aplicados em 1579 propriedades. As prevalências de focos e de animais soropositivos para brucelose bovina no Estado de Santa Catarina foram 0,02% (0,00-0,15%) e 0,06% (0,01-0,40%), respectivamente. Nas áreas 1 e 2, a prevalência de focos foi de 0,00% (0,00-1,23%); na área 3 foi de 0,00% (0,00-0,93%), na área 4 foi de 0,34% (0,00-1,86%) e na área 5 foi de 0,00% (0,00-1,26%). Em relação à prevalência de animais soropositivos para brucelose bovina, com exceção da área 4, cuja prevalência foi de 0,89% (0,13-5,76%), as demais áreas tiveram prevalência de 0,00% (0,00-0,00%). A maioria das propriedades das cinco áreas possui criação extensiva e bovinos mestiços, utiliza ordenha manual e não utiliza inseminação artificial. Com exceção da área 5, cuja maioria é de exploração leiteira, as demais são predominantemente de exploração mista. A área 3, que possui a maior mediana de produção diária de leite (7,5 litros), é a única cuja maioria das propriedades fazem o resfriamento do leite. A área 1 é a que possui maior mediana do número de bovinos (16 bovinos por propriedade). De acordo com as análises realizadas, sugere-se que as áreas 3 e 4 sejam agrupadas.
Detecção do vírus da raiva em órgãos de morcegos do gênero Artibeus (Leach, 1821) por meio de RT-PCR, Hemi-Nested RT-PCR e Real Time RT-PCR
Este estudo teve como objetivo detectar a presença do vírus da raiva em diferentes órgãos de morcegos do gênero Artibeus empregando as técnicas moleculares como RT-PCR, hnRT-PCR e Real Time RT-PCR. De aproximadamente 4000 espécimes de morcegos recebidas no Instituto Pasteur para o diagnóstico da raiva, foram selecionados 30 morcegos do gênero Artibeus, com resultados positivos para raiva pelas técnicas tradicionais de IFD e inoculação em células N2A utilizando suspensões feitas a partir do SNC. Para as técnicas moleculares, foram retirados glândulas salivares, bexigas urinárias, rins, pulmões e conteúdos fecais e ainda foram lavadas as calotas cranianas dos espécimes. Os órgãos e conteúdos fecais foram diluídos a 1:10 (P/V) e as bexigas urinárias a 1:20 (P/V). As suspensões foram inoculadas em células N2A para o isolamento viral. Foi realizada a extração do RNA total usando o TRIzol®, foram realizadas a transcrição reversa seguida da PCR e hnRT-PCR com utilização de primers específicos para o gene codificante da proteína N. A partir do produto da transcrição reversa foi realizada a técnica de Real Time RT-PCR, utilizando primers e sonda específicos para variante antigênica 3. Das 30 suspensões de lavado cerebral, 28 (93,33%) resultaram positivos, na inoculação em cultura de células, seguido de glândulas salivares (36,67%), bexigas (16,67%) e conteúdos fecais (3,33%). Os resultados encontrados da sensibilidade nas técnicas de RT-PCR, hnRT-PCR e Real Time RT-PCR foram 56,25%, 82,57% e 82,19% quando avaliadas as 180 amostras analisadas. A comparação das técnicas de hnRT-PCR e Real Time RT-PCR feita pelo teste exato de Fisher quanto a proporção de positivos detectados mostrou que para o lavado cerebral, órgãos e conteúdos fecais a proporção foi igual (P>0,05). Em relação à positividade os resultados encontrados nas técnicas de hnRT-PCR e Real Time RT-PCR foram 100% em lavado cerebral; 90% e 93,33% em glândulas salivares; 83,33% e 90% em bexigas; 80% e 93,33% em rins; 76,67% e 50% em pulmões e 43,33% em ambas as técnicas em conteúdos fecais. Esses resultados sugerem que tanto as técnicas de hnRT-PCR como Real Time RT-PCR podem ser utilizadas como métodos complementares para o diagnóstico da raiva e são sensíveis o bastante para o uso em estudos de patogênese. A técnica de Real Time RT-PCR realizada neste estudo se mostrou eficiente em detectar o RABV em diferentes órgãos e tecidos extraneurais com a vantagem de ser uma técnica mais rápida e sensível.
2011
Karin Correa Scheffer Ferreira