Repositório RCAAP
Câncer de boca: incidência e mortalidade nos municípios da Grande são Paulo, período 1969-1971
Este estudo epidemiológico do Câncer da Boca refere-se aos municípios da Grande São Paulo, excluído o município de São Paulo, no período de 1969-1971. Fundamenta-se em informações colhidas no Registro de Câncer da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, onde dentre 44.140 fichas de notificação de câncer, 238 referem-se a câncer bucal em residentes nesses municípios. Sendo 194 casos no sexo masculino com 43 óbitos e 44 casos no sexo feminino com 9 óbitos. Os coeficientes de incidência de câncer bucal nos sexos masculino e feminino foram respectivamente, 5.71 por 100.000 homens e 2.19 por 100.000 mulheres. Os coeficientes de mortalidade foram de 1,27 para o sexo masculino e de 0.28 para o sexo feminino. A localização anatômica mais frequente no sexo masculino foi o lábio e no sexo feminino a lingua. O tipo histológico mais frequente foi o Carcinoma Espinocelular.
Influência de erros de classificação num modelo estocástico para evolução da prevalência da esquistossomose
O presente trabalho é uma formulação teórica que permite estudar num modelo estocástico, a influência dos erros de classificação na mensuração da prevalência da esquistossomose mansônica. Os erros de classificação são desagregados e identificados como: falhas de leitura por parte do examinador ou preparo inadequado da lâmina; contingências biológicas que possibilitam o aparecimento de ovos não viáveis e a eliminação de ovos contínua por parte dos indivíduos. É apresentada uma solução geral para o problema, bem como soluções para os casos em que se conhece a distribuição de probabilidades do número de ovos de S.mansoni. Uma solução aproximada e independente da forma e dependente dos dois primeiros momentos da distribuição do número de ovos é sugerida. A influência dos erros de classificação pode quantitativamente ser apreciada, através de um conjunto de tabelas elaboradas com diversos valores dos parâmetros intervenientes no problema.
1979
Vera Lucia Richter Ferreira de Camargo
Investigação da ocorrência de infestação por Cimidae (Heteroptera: Cimicomorpha) na região metropolitana de São Paulo, no período de 2004 a 2009
Introdução: Os percevejos de cama são insetos hematófagos pertencentes à família Cimicidae e à ordem Hemiptera. Algumas das espécies desse grupo despertam interesse em Saúde Pública por apresentarem comportamento antropofílico. Atualmente verifica-se uma reemergência das infestações de percevejos de cama em diversas localidades do mundo, principalmente em grandes cidades, já que estas constituem ambientes propícios para sua instalação e proliferação, pois recebem ou abrigam grande número de indivíduos que atuam como fontes de alimentação. Objetivos: Descrever a atual situação das infestações por insetos da família Cimicidae na região Metropolitana de São Paulo, no período de 2004 a 2009. Métodos: estudo descritivo baseado em registros de ocorrência de cimicídeos fornecidos por empresas privadas de controle de pragas e por órgãos públicos de vigilância, pesquisa e controle sediados na Região Metropolitana de São Paulo. Identificação de espécies de cimicídeos recebidas no Laboratório de Entomologia em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública, em decorrência de coletas realizadas na região estudada. Resultados: Foram recebidos 369 registros de ocorrência de cimicídeos, sendo 325 provenientes do município de São Paulo e o restante dos municípios vizinhos à capital. As residências somaram 181 registros ou 68,04 por cento dos casos, enquanto as infestações ocorridas em estabelecimentos comerciais e/ou de serviço foram responsáveis por 85 registros (31,95 por cento). Cimex lectularius foi a espécie predominante, sendo responsável por 262 registros (92,25 por cento), enquanto Cimex hemipterus foi apontado em apenas um registro (0,35 por cento). Os registros do município de São Paulo mostraram uma correlação positiva significativa entre padrões socioeconômicos mais elevados e alto número de ocorrências registradas. Um total de 354 espécimes coletados na região metropolitana de São Paulo foi recebido pelo laboratório entre abril de 2008 e dezembro de 2009. Todas as amostras recebidas foram identificadas como sendo de C. lectularius. Conclusões: Ficou evidenciado que ocorrem infestações regulares por cimicídeos na Região Metropolitana de São Paulo. Os registros de ocorrência de infestações estão, no entanto, concentrados às regiões socioeconomicamente mais favorecidas do município de São Paulo. A subnotificação das infestações é uma realidade, o que minimiza a gravidade do quadro apresentado
2010
Luis Gustavo Grijota Nascimento
Mortalidade materna: uma análise da utilização de listas de causas presumíveis
Comitês de Mortalidade Materna, que não investigam todos os óbitos de mulheres de 10 a 49 anos, utilizam lista de causas presumíveis de morte materna para a busca ativa de causas maternas de óbito. Mediante dados do Comitê de Estudo e Prevenção da Mortalidade Materna, para o Município de São Paulo (CMMSP), e do Estudo de mortalidade de mulheres de 10 a 49 anos, com ênfase na mortalidade materna", realizado nas capitais de estados brasileiros e Distrito Federal (GPP), analisou-se a utilização da lista de causas presumíveis do Manual dos Comitês de Mortalidade Materna do Ministério da Saúde. Conforme investigação do CMMSP, em relação às causas maternas declaradas em 2001, houve um acréscimo de 72,7% de causas maternas. A análise dos dados com a utilização da lista mostrou que 39,4% eram causas maternas presumíveis e 33,3% não eram causas presumíveis. Entre as Declarações de Óbito (D.O.) originais do primeiro semestre de 2002, do estudo do GPP, em que causas maternas não estavam declaradas e se tornaram causas maternas, verificou-se que 52,6% eram presumíveis e 47,4% não eram presumíveis. Quanto à variável da D.O., que informa se a mulher estava grávida no momento da morte, ou esteve grávida nos doze meses que antecederam a morte, verificou-se a ausência de preenchimento dos campos 43 e 44, em mais de 50% das D.O. com outras causas declaradas e que se tornaram causas maternas, tanto na investigação do CMMSP quanto na do GPP. Concluiu-se que os Comitês de Prevenção da Mortalidade Materna deveriam investigar todas as mortes de mulheres de 10 a 49 anos.
2006
Rosa Dalva Faustinone Bonciani
Fissuras lábio-palatais: estudo caso-controle de fatores de risco
As fissuras orais integram dois grupos segundo origens etiológicas distintas, quais sejam, fissuras labiais ou lábio-palatais e fissuras palatais. Realizou-se um estudo tipo caso-controle, com 450 casos e 450 controles, sendo que, entre os casos, 354 eram portadores de fissura labial ou lábio-palatina e 96 de fissura palatina. A fim de se estudar a associação entre fissuras orais e possíveis fatores de risco, foram objeto de análise as variáveis: local de moradia da mãe nos quatro primeiros meses de gestação (urbana/rural), poluição, aplicação de pesticida e herbicida na lavoura, doenças nos pais, doenças na mãe nos quatro primeiros meses de gestação, ingestão medicamentosa nesse período, hereditariedade, tabagismo, consumo de bebida alcoólica e exposição a raio-X durante a gestação ou um ano antes. Foram estimados os riscos relativos , segundo cada variável, por ponto e por intervalo de 95 por cento de confiança. Empregou-se análise multivariada, adotando-se o procedimento de máxima verossimilhança incondicional, para cada tipo de fissura. As variáveis hereditariedade (RR = 4,96), epilepsia na mãe (RR = 2,39) e ingestão de anti-inflamatório (RR = 2,59) são fatores de risco para fissuras labiais ou lábio-palatais. As variáveis hereditariedade (RR = 2,82) e poluição (RR = 2,58) são fatores de risco para fissuras palatinas.
1990
Leonor Castro Monteiro Loffredo
Características da mortalidade das mulheres (10 anos e mais) residentes em Diadema-SP - 1985-1986
A partir da metodologia utilizada por PUFFER e GRIFFTH, 1967, PUFFER e SERRANO, 1973, GUIMARÃES, 1979, LAURENTI e cal. 1988 e MELLO JORGE, 1988, foi possível caracterizar o óbito das mulheres de Diadema/SP. A maioria da população alvo era de mulheres idosas (64 por cento acima de 50 anos), oriundas principalmente do Nordeste, com baixa escolaridade (51,4 por cento de analfabetas), com baixo nível sócio-econômico (66,7 por cento com até um salário mínimo/pessoa na casa). Das que tinham assistência em saúde (86,3 por cento ), quase 70 por cento eram seguradas pelo INAMPS. Encontrou-se alto índice de alcoolismo nessa população. As principais causas de óbito foram as Doenças do aparelho circulatório, Neoplasias e Causas externas. No grupo de mulheres em idade fértil as principais causas foram Causas externas e Complicações da gravidez, do parto e do puerpério. As principais queixas pré-existentes foram a hipertensão e o diabetes. O coeficiente de mortalidade materna foi o de 289, 32/cem mil nascidos vivos, considerado muito alto entre os países aos quais foi comparado. A metodologia permitiu também alteração nas causas de óbito, assim sendo, houve aumento das Doenças das glândulas endócrinas, das Complicações da gravidez, do parto e do puerpério; o aparecimento das causas Transtornos mentais; e a diminuição da Doenças do aparelho respiratório e das causas mal definidas.
1990
Lucila Amaral Carneiro Vianna
Internação por tuberculose no século XXI: o caso do município de São Paulo
Introdução. O tratamento da tuberculose atualmente se faz nos serviços ambulatoriais, ficando a internação para casos com maior gravidade ou problemas sociais. No MSP foram internados 2473 doentes em 2001. Objetivos. Determinar prevalência de internações e proporções de cura, em pacientes com tuberculose nos distritos de saúde do MSP em 2001, e analisar o motivo das internações e o perfil dos doentes hospitalizados. Metodologia. Utilizou-se dados do sistema de informação em tuberculose do Estado de São Paulo (EPI-TB). Calcularam-se indicadores de morbimortalidade para doentes internados. Tabelas de contingência foram construídas para análise da associação entre a internação e a cura com variáveis demográficas e aspectos clínicos do diagnóstico e tratamento, calculando-se Odds Ratio e sua significância. Foi construída regressão logística, utilizando STATA 7.0. Resultados e Discussão. Coeficiente de internação de 23,5‰. Coeficiente de mortalidade de 4,1‰. Taxa de letalidade de 17,5%. Prevalência de internação de 35,6 %, em moradores de rua 95%. Proporção de cura de 32% em internados, 72% em ambulatório. Indicadores de morbimortalidade no MSP bastante elevados, sendo que 47 % dos óbitos ocorreu em coinfectados. Foi construído indicador combinado, que permitiu classificar os distritos em três estratos de gravidade da situação de internação, com predominância de maior nível na região norte do MSP. O principal motivo de internação foi elucidação diagnóstica. A coinfecção TBIHIV entre internados foi de 32,7%. A análise multivariada mostrou que comorbidades aumentam a internação, principalmente AIDS (OR=6) e alcoolismo (OR=3,7); enquanto que a cura foi menor em crianças, idosos, retratamentos, casos descobertos em PS e hospitais e comorbidades, especialmente AIDS. Conclusões A situação dos doentes internados é complexa tanto do ponto de vista biológico quanto social. A organização dos hospitais não favorece o monitoramento de doentes crônicos, não esgotando medidas para que o doente se cure. Cabe às vigilâncias epidemiológicas desses hospitais estabelecer estratégias e fluxos para reverter este quadro preocupante para o controle da tuberculose, principalmente nos grandes centros urbanos.
Dengue e infestação do Aedes aegypti no município de Santo André, São Paulo
Objetivos. Descrever o perfil epidemiológico da dengue no município de Santo André e discutir os coeficientes de incidência e índices de infestação do Aedes aegypti. Método. A área de estudo foi o município de Santo André, São Paulo, no período de 1998 a 2002 para os casos de dengue e de 1998 a julho de 2003 para a infestação do Aedes aegypti. Os dados obtidos foram utilizados para cálculo do coeficiente de incidência e índice de infestação mensais e anuais e para descrever a distribuição espacial e temporal. Os registros de temperatura, umidade e precipitação foram utilizados para teste de correlação com a infestação do vetor. Resultados. A incidência mostrou-se maior em indivíduos com idade superior aos 50 anos, não tendo sido verificada diferença na incidência relativa ao sexo. Os casos registrados são importados, sendo a maior parte proveniente da cidade de Praia Grande (52%). A infestação teve seu início na região fronteiriça do município, limite com a cidade de São Paulo. Com relação à incidência de dengue, verificou-se que em todas as áreas nas quais o município está dividido, houve registro de casos importados. A incidência e a infestação foram maiores nos primeiros meses do ano. Foi positiva a correlação entre infestação e temperatura média; a correlação entre pluviosidade e infestação foi baixa e não houve correlação entre a umidade relativa e a infestação do Aedes aegypti. O criadouro com maior freqüência no município foi o vaso. Conclusões. Idade superior aos 50 anos e viagens de lazer ao litoral representaram os maiores riscos nos casos importados de dengue. Em toda a área urbana do município ocorreram casos de dengue e infestação do mosquito. A incidência da doença e a infestação do vetor revelaram uma distribuição sazonal. Os fatores antrópicos revelaram-se importantes na infestação do Aedes aegypti no município.
Paisagem sonora: uma ferramenta para a saúde pública
Introdução: A poluição sonora é um problema recorrente nas grandes cidades, pois causa a degradação da qualidade ambiental e afeta a saúde humana. Na atualidade o controle do ruído exige novas estratégias de gerenciamento, pois as abordagens tradicionais já não conseguem expressar a realidade acústica dos ambientes, visto que com o tempo o conceito de qualidade de som foi expandido. As novas pesquisas cientificas se direcionam para a paisagem sonora, que foi definida pela ISO 12923 como o ambiente acústico percebido e entendido pessoas. Objetivo: avaliar a influência dos altos níveis de ruído de tráfego como mediadora de doenças não auditivas e como a utilização da paisagem sonora na vida cotidiana dos moradores do entorno do Centro de Saúde Escola Geraldo Horácio Paula Souza (CSEGPS) pode trazer mais qualidade de vida. Método: Por meio de um estudo transversal, usando o ArcGIS para levantamento de níveis sonoros por endereços residenciais geocodificados pode-se chegar a estimativas de riscos teóricos de infarto de miocárdio e hipertensão. Em seguida foi elaborado passeios sonoros e levantadas informações mediante questionários semiestruturados para ver a agradabilidade do ambiente acústico do local e a percepção dos usuários do CSEGPS. Resultados: As informações levantadas pelos endereços possibilitaram o conhecimento da exposição a níveis sonoros dos usuários e a estimativa de risco para o infarto do miocárdio e hipertensão, bem como a influência positiva da paisagem sonora na vida cotidiana dos moradores é uma importante ferramenta de intervenção para sensibilização e prevenção de doenças relacionadas ao ruído.
2020
Dulce Claudia José Viana dos Santos
Mortalidade por causas externas no Estado de São Paulo e suas regiões
Este trabalho objetivou estudar a magnitude e a tendência da mortalidade por causas externas no Brasil, no Estado de São Paulo e em suas regiões e municípios, especialmente nas duas últimas décadas. Até o final dos anos 70, as causas externas de morte eram superadas por várias outras como as doenças do aparelho circulatório, neoplasias, doenças infecciosas e parasitárias e as doenças do aparelho respiratório no Brasil, mas com o seu rápido crescimento, passaram a se constituir na segunda mais importante. Entre os homens, essa participação é maior, devido, em grande parte, ao aumento dos homicídios, que, desde o início dos anos 90, são a principal causa externa de morte no país. Os coeficientes de mortalidade passaram de cerca de 10 óbitos por cem mil habitantes ao final da década de 70, para mais de 25 a partir da metade dos anos 90. Em São Paulo, o panorama é ainda mais complexo, pois os homicídios já se constituem na principal causa externa desde o início da década de 80. As taxas, que se mantiveram abaixo de 10 óbitos por 100 mil habitantes, até o final dos anos 70, elevam-se de forma acentuada, ultrapassando, nos últimos anos, a 40 óbitos por 100 mil pessoas, níveis altíssimos quando comparados com outras áreas do mundo. Os acidentes de transportes/veículos a motor, em geral, também apresentam coeficientes elevados, mas vêm mantendo-se com certa estabilidade, com cerca de 20 óbitos por 100 mil habitantes. As regiões do Estado de São Paulo, também apresentam níveis de mortalidade por causas externas muito altos, especialmente em Santos, na Região Metropolitana de São Paulo e em Registro. Observa-se ainda que estas taxas vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos, nas regiões de São José dos Campos, Campinas e Ribeirão Preto. No oeste do Estado, os níveis ainda mantêm-se relativamente estáveis e menores. Ao se medir o impacto da mortalidade por causas externas nessas regiões, observa-se que, se estas deixassem de ocorrer, haveria um ganho de 4,7 anos na esperança de vida da população masculina de Santos, de 4,4 na Região Metropolitana de São Paulo e de 4,0 em Registro. Esta última apresenta os maiores coeficientes de mortalidade por acidentes de transporte do Estado de São Paulo, enquanto nas duas outras o impacto maior deve-se à mortalidade por homicídios. Entre as mulheres a eliminação das causas externas de morte proporcionaria um ganho de menos de um ano na esperança de vida ao nascer com a eliminação das causas externas de morte.
2002
Antonio Benedito Marangone Camargo
A saúde do idoso em Maringá: análise do perfil de sua morbi-mortalidade
Objetivo: O objetivo deste estudo foi conhecer a situação de saúde de idosos residentes em Maringá-PR, por meio da análise da mortalidade segundo sexo, idade e causa básica de óbito e da morbidade hospitalar segundo sexo, idade, diagnóstico principal de internação, média de permanência e tipo de saída. Material e Método: População idosa, neste estudo, refere-se às pessoas com 60 anos e mais de idade. Para a mortalidade o período analisado foi de 1979 a 1998, agrupado em quatro triênios: 1979/81, 1984/86, 1990/92 e 1996/98 e os dados foram obtidos do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. Para a morbidade hospitalar o período analisado foi de 1995 a 1998 e os dados foram obtidos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. As informações sobre população referem-se aos censos demográficos com estimativas para os anos intercensitários. Os indicadores de mortalidade e morbidade foram apresentados por capítulos, agrupamentos ou diagnósticos mais freqüentes, codificados segundo a Classificação Internacional de Doenças, 9a e 10a Revisões. Os dados foram analisados através de medidas de proporção e taxas de mortalidade e morbidade hospitalar. Resultados: Entre 1979 e 1998 a população idosa residente em Maringá aumentou e houve queda na estimativa do risco de morte, mais importante para as mulheres. As causas mais freqüentes de óbito foram as doenças do aparelho circulatório, neoplasias e doenças do aparelho respiratório. Os coeficientes de mortalidade por doenças do aparelho circulatório e doenças infecciosas e parasitárias diminuíram e por doenças do aparelho respiratório, neoplasias e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas aumentaram. Em 1998 houve 163,5 internações por 1000 habitantes idosos com valores maiores para as idades mais avançadas. As doenças do aparelho circulatório, respiratório e digestivo foram as mais importantes com mais de 70% das saídas hospitalares no período estudado. A média de permanência foi de 4,4 dias e o coeficiente de mortalidade hospitalar foi de 6,5 óbitos para cada 100 internações. Entre os diagnósticos de internação mais freqüentes as doenças do sistema nervoso, do aparelho geniturinário, do aparelho respiratório e digestivo foram as que apresentaram maior relação hospitalização/óbito. Conclusões: O aumento da longevidade é uma conquista e a velhice deve ser considerada como uma etapa da vida que deve ser desfrutada com qualidade. É preciso implementar na comunidade ações de promoção à saúde mais agressivas direcionadas aos riscos de óbito, principalmente por doenças cardiovasculares, neoplasias e doenças respiratórias crônicas. Por isso os serviços de saúde, considerados, dependendo do atendimento, co-responsáveis por complicações e mortes precoces no idoso, devem estar preparados para oferecer atenção em quantidade e qualidade suficientes para essa população.
2002
Thais Aidar de Freitas Mathias
Estudo da transmissão de malária em população ribeirinha do Estado do Amapá, Brasil: sorologia humana e uso de ELISA em anofelinos
Objetivo: Caracterizar a transmissão da malária quanto aos vetores e a população humana, em área tipicamente ribeirinha do Estado do Amapá. Material e métodos. Amostras de sangue de 163 indivíduos residentes em três localidades do Estado do Amapá foram submetidas a testes parasitológicos (gota espessa e esfregaço sangüíneo) e sorológicos (imunofluorescênc1a indireta e ELISA). Na reação de lmunofluorescência indireta usou-se antígeno de formas assexuadas de Plasmodium vivax e P.falciparum para a pesquisa de imunoglobulinas lgG e lgM. O ELISA foi realizado com peptídeos sintéticos correspondentes à região repetitiva da proteína circunsporozoíta de P. falciparum, P. malariae; P. vivax, P. vivax VK247 e P. vivax-like. Um total de 9 450 An. darlingi e 3.523 An. albitarsis foram processados pelo ELISA para a venficação de positividade com os cinco Plasmodium acima mencionados. Resultados. Os testes parasitológicos mostraram 14 indivíduos positivos (7 pelo P.falciparum, 6 pelo P. vivax e 1 P.falciparum + P. vivax). As 73 amostras analisadas pela lmunofluorescência Indireta resultaram: P.falciparum 30,1% (IgG) e 16,4% (IgM); P. vivax 71,2% (IgG) e 13% (IgM). Os resultados no ELISA foram: P.vivax 38,4% (28/73), P.falciparum 26% (19/73), P. malariae 36,7% (27/73), P.vivax VK 247 20,5% (15/73) e P.vivax like 17,8% (13/73). O estudo anofélico mostrou a presença do An. darlingi e An albitarsis os quais foram positivos para os cinco plasmódios. No An. darlingi o P. vivax like foi o mais encontrado (1,03%), seguido do P.vivax VK247 (0,6%), P.vivax (0,12%), P. falciparum 0,06% e P.malariae 0,04%. No An. albitarsis encontrou-se 0.6% de positividade para P. vivax like e P. vivax VK247. Discussão. O conhecimento da dinâmica de transmissão com o estabelecimento de adequada incriminação vetorial das espécies de Plasmodium circulantes é pré-requisito para o correto direcionamento de estratégias a serem adotadas pelas autoridades de controle. A alta porcentagem de anticorpos presente na população por nós estudada aliada, à presença de casos assintomáticos e o encontro de positividade nos anofelinos mostraram a necessidade do estabelecimento de pesquisas mais sistematizadas nos diferentes quadros brasileiros.
Determinantes sociais e biológicos no período perinatal e da primeira infância na prevalência e severidade da cárie dentária em crianças de 6 anos de idade
Objetivo. O objetivo principal deste estudo foi investigar as relações entre determinantes sociais e biológicos do período perinatal e da primeira infância na prevalência e severidade de cárie dentária em crianças de 6 anos de idade. Métodos. Foi realizado um estudo transversal para cárie dentária aninhado em uma coorte de nascidos vivos em Pelotas, RS, iniciada em 1993. O estudo transversal foi realizado em 1999. Os índices e critérios de diagnóstico de cárie dentária utilizados foram os preconizados pela Organização Mundial da Saúde (1997). Uma amostra de 400 crianças de 6 anos de idade foi selecionada a partir da uma amostragem de todos os nascidos vivos em Pelotas no ano de 1993. Como esta última incluiu todos os nascidos vivos de baixo peso ao nascer, foi necessário estabelecer um fator de ponderação para o estudo de saúde bucal, garantindo-se a representatividade da amostra. Os resultados do estudo de cárie dentária foram inseridos no banco de dados relativo às condições sociais e de saúde perinatais e infantis coletadas ao nascimento, no primeiro, terceiro, sexto e décimo segundo mês e no sexto ano de vida da criança. O índice ceo-d, que mede o ataque de cárie na dentição decídua, foi classificado de duas maneiras: 1) para a ocorrência de cárie: ceo-d 0 comparado com ceo-d >= 1; 2) para alta severidade da cárie: ceo-d 0 e 1 comparado com ceo-d >= 4. Foram realizadas distribuições de frequência das variáveis estudadas, análise univariada utilizando-se o teste Qui-quadrado e análise de regressão logística múltipla não condicional tendo como base um modelo hierárquico de determinação. Resultados. Os fatores de risco para a ocorrência de cárie foram: crianças cujas mães tiveram escolaridade igual ou menor que 8 anos (Odds Ratio (OR=2,0 [IC IND. 95% (OR)=1,2-3,3]), criança cuja renda familiar entre 1,1 a 6 salários mínimos (OR=2, 1 [IC IND. 95% (OR)=1,l-4,1]), criança cuja renda familiar foi igual ou menor que um salário mínimo (OR=3,0 0 [IC IND. 95% (OR)=1,3-7,0]), criança que não freqüentou pré-escola no sexto ano de vida (OR=2,6 [IC IND. 95% (OR)=1,5-4,6]) e criança cujo consumo de doces foi de, pelo menos, uma vez ao dia aos 6 anos de idade (OR=2,0 [IC IND. 95% (OR)=1,2-3,2]). Para alta severidade da cárie foram fatores de risco: criança oriunda da pequena burguesia tradicional (OR=8,7 [IC IND. 95% (OR)=1,3-58,9]), criança de famílias proletárias (OR=7,7 [IC IND. 95% (OR)=1,2-49,6]), crianças cujos pais estudaram até 8 anos (OR=2,2 [IC IND. 95% (OR)=1,2-4,1]), crianças que apresentaram déficit na relação altura/idade aos 12 meses de idade (OR=3,6 [IC IND. 95% (OR)=1,1-11,1]), criança que não freqüentou pré-escola no sexto ano de vida (OR=2,3 [IC IND. 95%(OR)=1,2-4,7]), criança cujo consumo de doces foi de, pelo menos, uma vez ao dia aos 6 anos de idade (OR=2,3 [IC IND. 95% (OR)=1,3-3,9]) e crianças que escovavam seus dentes menos que uma vez ao dia aos 6 anos de idade (OR=3,1 [IC IND. 95% (OR)=1,1-9,0]). Estes fatores de risco foram controlados para possíveis fatores de confusão. Conclusões. Os fatores de risco para cárie dentária são comuns a outras doenças e agravos infantis. Medidas preventivas devem ser dirigidas aos fatores comuns de risco adotando-se uma estratégia de base populacional.
2002
Marco Aurélio de Anselmo Peres
Análise da sobrevida em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico
Estudos epidemiológicos com análise multivariada de fatores prognósticos em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico ainda não foram publicados no Brasil. Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi analisar os fatores de risco para a mortalidade, bem como para a perda da função renal, em uma coorte de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES). Uma coorte de 253 pacientes foi acompanhada em um hospital público do Município de São Paulo, por um período de 17 anos (1978-1995), de acordo com protocolo padronizado. Foram realizadas duas análises de sobrevida: a primeira foi a análise até o óbito e, a segunda, a análise da sobrevida até o surgimento da insuficiência renal terminal. As variáveis independentes foram as características demográficas desses pacientes, bem como as alterações clínicas e laboratoriais mais comumente relacionadas ao LES. O teste de associação pelo X2 foi realizado com o objetivo de avaliar a associação entre as variáveis independentes e o óbito. As curvas de sobrevida foram calculadas utilizando o método de Kaplan-Meier e os fatores de risco foram estimados pelo modelo de riscos proporcionais de Cox. Os fatores prognósticos para o óbito dos pacientes com LES foram a presença de insuficiência renal terminal (razão de riscos-HR=2, 73), de envolvimento pulmonar isolado (HR=2,94) ou associado com envolvimento cardíaco (HR=3,77) e a utilização de imunossupressor (HR=0,45). Os fatores prognósticos para o óbito dos pacientes com nefrite lúpica foram a presença de insuficiência renal terminal (HR=2,75) e a utilização de imunossupressor (HR=0,24). Os fatores de risco para o desenvolvimento de insuficiência renal terminal dos pacientes com LES foram a idade no início da doença entre 7 e 15 anos (HR=3,61), a presença de hipertensão arterial sistêmica (HR=5,21) e a presença de anemia hemolítica (HR=9,35). O fator de risco para a perda da função renal dos pacientes com nefrite lúpica foi a presença de alteração hematológica do tipo anemia hemolítica (HR=3,64) ou plaquetopenia (HR=6,69).
Emprego da técnica de cultura simplificada de Kudoh & Kudoh (1974) para diagnóstico bacteriológico da tuberculose pulmonar em saúde pública
Comparou-se a técnica tradicional de descontaminação de amostras de escarro descrita por Petroff com inoculação em meio de Lowenstein-Jensen (LJ), com a técnica simplificada de descontaminação descrita por Kudoh & Kudoh e inoculação em meio de Ogawa modificado. Utilizaram-se 503 amostras de escarro cedidas pelo Laboratório do Serviço Especial de Saúde de Araraquara, sendo 461 provenientes de pacientes para diagnóstico e 42 de pacientes submetidos a controle de tratamento. Do total de amostras, 26 foram positivas pelas duas técnicas de cultura, dez positivas pela técnica simplificada de Kudoh & Kudoh e meio de Ogawa modificado e não positivas na técnica de Petroff em meio LJ e seis não positivas na técnica simplificada e positivas na técnica tradicional, resultando 36 amostras positivas com a técnica simplificada e 32 com a técnica tradicional. Várias comparações de resultados foram feitas aplicando-se o teste de concordância de Kappa. Além dos resultados das culturas, compararam-se o custo do material de consumo utilizado, os equipamentos de laboratório necessários e o tempo gasto para cada amostra processada pelas duas técnicas. Estudou-se também a sobrevivência do Bacilo de Koch (BK) após descontaminação e semeadura da amostra pela técnica de Kudoh & Kudoh e manutenção em temperatura ambiente, simulando-se o transporte da amostra por até 120 horas antes de ser incubada em estufa. Verificou-se que a técnica de descontaminação e cultura de amostras de escarro descrita por Kudoh & Kudoh oferece vantagens em relação a técnica tradicional e concluiu-se que pode ser utilizada para diagnóstico bacteriológico de tuberculose pulmonar em Saúde Pública, auxiliando na busca de casos em áreas onde os recursos laboratoriais são escassos. Permite ainda a descontaminação e inoculação das amostras de escarro em áreas carentes e remessa das culturas para incubação e acompanhamento em laboratórios centrais.
Aplicação das classificações CID-10 e CIF nas definições de deficiência e incapacidade
A Organização Mundial de Saúde tem hoje duas classificações de referência para a descrição dos estados de saúde: a CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) e a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde). A utilização da CIF vem sendo aguardada com grande expectativa pelas organizações de pessoas com deficiências e instituições relacionadas. A falta de definição clara de deficiência" ou incapacidade" tem sido apontada como um impedimento para a promoção de saúde de pessoas com deficiência. Este trabalho tem como objetivo apresentar definições de deficiência, discutindo a utilização da CID-10 e da CIF e a contribuição da CIF para melhorar a compreensão sobre definições de deficiência a partir do conceito de funcionalidade e dos fatores contextuais. Foram revisados alguns diferentes conceitos/definições de deficiência, bem como publicações envolvendo a aplicação da CIF. São apresentadas algumas categorias de diagnósticos de estados de saúde da CID-10 hoje utilizadas em alguns sistemas, além de elementos da recém-apresentada CIF, que podem contribuir para diferentes campos de aplicabilidade no que diz respeito ao entendimento das definições de deficiência ou incapacidade.
2007
Heloisa Brunow Ventura Di Nubila
Análise de custo-efetividade de teste rápido para o diagnóstico de casos novos de malária em doze municípios endêmicos do Estado do Pará
Introdução: A malária humana apresenta sintomas inespecíficos e exige diagnóstico laboratorial e identificação da espécie para o seu manejo. O diagnóstico baseia-se na microscopia, exame barato, que exige profissionais experientes. Nos últimos anos surgiram testes imunocromatográficos de execução rápida e custo mais elevado em comparação à microscopia. Estudos de validação demonstraram sensibilidade e especificidade comparáveis à microscopia, podendo ser alternativa confiável em áreas sem laboratório. Objetivo: Realizar análise de custo-efetividade do uso do OptiMAL® - teste rápido (TR) registrado no Brasil e validado em áreas endêmicas - comparado à microscopia. Métodos: A perspectiva da análise foi a do sistema público de saúde brasileiro SUS, o horizonte analítico de seis meses e o ano de 2006, a referência temporal. Doze municípios do Estado do Pará constituíram a área de estudo. Foi construído modelo de decisão considerando dois desfechos: casos diagnosticados adequadamente e casos conduzidos adequadamente em três cenários: o cenário 1 corresponde a 100% dos exames realizados, o cenário 2 considera somente os exames feitos nas áreas com laboratório e o cenário 3 corresponde a 30% dos exames, realizados em áreas isoladas. Os parâmetros epidemiológicos principais foram prevalência da malária entre indivíduos sintomáticos e acurácia - sensibilidade e especificidade - dos métodos diagnósticos, cujas estimativas foram obtidas a partir do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária e literatura científica. Foram estimados custos diretos médicos e não-médicos, considerando diretrizes nacionais e dados municipais. Fontes de dados de custos incluíram o Sistema de Informação de Insumos Estratégicos, a Tabela de Procedimentos do SUS e o Sistema de Informação Hospitalar do SUS. Foram estimadas as razões média e adicional de custo-efetividade (RCEA) e realizada análise de sensibilidade. O software utilizado foi o TreeAge Pro 2005. Resultados: O TR foi dominado pela microscopia nos cenários 1 e 2. Em áreas isoladas a estratégia microscopia apresentou RCEA de R$1.193,00 por caso diagnosticado adequadamente e de R$1.016,67 por caso conduzido adequadamente quando comparada com o OptiMAL®. O TR tornou-se mais custo-efetivo nos dois desfechos dos três cenários com a redução da acurácia da gota espessa, na análise de sensibilidade. Conclusões: o TR foi menos custo-efetivo em todos os cenários, quando a acurácia da microscopia manteve-se elevada.
2009
Maria Regina Fernandes de Oliveira
A \"Sepsis Tuberculosa Gravíssima\" e a tuberculose no indivíduo infectado pelo HIV: um estudo comparativo
A tuberculose (TB) no paciente infectado pelo HIV assume, por vezes, caracteres diferentes dos habitualmente encontrados na TB clássica, com comportamento septicêmico e evolução rápida para óbito. Essas características, junto com padrão radiológico atípico e histologia indicativa de uma não-reação do organismo, lembram a \"Sepsis Tuberculosa Gravíssima\" (STG), uma forma de TB com alterações hematológicas importantes. Descrita pela primeira vez no começo do século e com menos de uma centena de casos publicados até hoje, sua patogenia permanece obscura. Este trabalho se propôs a averiguar a existência de analogias entre a forma leucopênica da STG e a tuberculose no HIV positivo. Para tanto, foram pesquisados casos na literatura nacional e internacional, feito levantamento dos laudos de necrópsia do Serviço de Verificação de Óbitos da Cidade de São Paulo e levantamento retrospectivo dos casos de tuberculose entre pacientes HIV positivos de um serviço público de referência para Aids. Os critérios de inclusão foram: teste anti-HIV positivo e tuberculose confirmada por identificação do M. tuberculosis. Foram descritos dados epidemiológicos, clínicos, radiológicos, laboratoriais e evolutivos de 436 pacientes atendidos no período de 1986 a 1994. Foi feito teste de associação pelo \'qui-quadrado\' ou teste de diferença de médias entre ocorrência de óbito precoce (anteriormente ao diagnóstico de TB ou até 60 dias após o diagnóstico) e determinadas variáveis. Encontramos associação entre óbito precoce e: fase clínica de Aids; diagnóstico de TB posterior ao de Aids; transmissão do HIV por via sexual; forma disseminada da TB; esplenomegalia, hepatoesplenomegalia, adenomegalias superficiais e diarréia; presença de candidíase oral, septicemia e neurocriptococose por ocasião do diagnóstico de TB; citopenias dissociadas ou atingindo as três séries (pancitopenia); bacilemia e não-instituição de tratamento específico para TB. Na análise de regressão logística, foram fatores de risco independentes para óbito precoce a forma disseminada da tuberculose, anemia, plaquetopenia, fase clínica da infecção pelo HIV (suspeito) e via de transmissão do HIV. Numa segunda fase, foram constituídos dois grupos: grupo 1 de pacientes leucopênicos e grupo 2 não- leucopênicos. Foi feito teste de associação pelo \'qui-quadrado\' ou teste de diferença de médias entre determinadas variáveis e a presença de leucopenia. Encontramos associação entre leucopenia e ocorrência de óbito nos dois meses posteriores ao diagnóstico de TB e também nos dois meses posteriores ao início de tratamento. Na análise de sobrevida realizada, verificou-se probabilidades menores de sobrevida entre leucopênicos, com diferenças significantes (p=0,0329). Os pacientes do grupo 1 foram comparados com 13 casos de STG compilados da literatura internacional para averiguação de similaridades entre eles. Não encontramos diferença estatísticamente significante no que se refere a óbito até dois meses posteriores ao diagnóstico, indicação de uma evolução rápida e fatal da TB em pacientes leucopênicos. Nós concluímos ser possível incluir alguns casos de tuberculose no indivíduo infectado pelo HIV no quadro de \"Sepsis tuberculosa gravíssima\".
Filogenia das espécies de Lutzomyia França, 1924 (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae)
Flebotomíneos são insetos da ordem Diptera, família Psychodidade, subfamília Phlebotominae, cujo hábito hematofágico das fêmeas determina a importância das espécies para a saúde pública, uma vez que muitas são reconhecidas como vetores de leishmanioses e bartonelose, e como hospedeiras de diversos microorganismos incluindo arbovírus. Até o momento, mais de 800 espécies foram descritas, 464 delas endêmicas da região Neotropical e cerca de 40 identificadas como capazes de transmitir Leishmania Ross, 1903 (Kinetoplastida, Trypanosomatidae). Frente a essa diversidade, ampla distribuição geográfica e importância, classificações para o grupo, baseadas principalmente em caracteres morfológicos internos e externos, vêm sendo propostas por diversos autores que têm divergido quanto a considerar um menor ou maior número de gêneros ou categorias supra e subgnéricas. Na maioria dos sistemas de classificação o gênero Lutzomyia França, 1924 é considerado o mais importante da América, pois embora sua composição de espécies seja variável em cada uma delas, sempre estão presentes, nesse táxon, vetores de leishmaniose visceral e tegumentar. Assim sendo, foi feita análise cladística de 63 espécies de Lutzomyia com matriz composta por 63 caracteres polarizados segundo o método de comparação com o grupo externo. Como grupo externo utilizaram-se 19 táxons de outros gêneros de Phlebotominae e de Bruchomyiinae. O cladograma obtido revelou que Lutzomyia é monofilético e que contém apenas dois subgrupos monofiléticos considerados como os subgêneros Lutzomyia s. str. e Helcocyrtomyia. Uma classificação para o gênero é proposta. A topologia do cladograma é mostrada em notação parentética: (((L. ischnacantha (L. bifoliata ((L. souzalopesi ((L. gaminarai ((L. alencari (L. cruzi. L. ischyracantha)) (L. longipalpis L. pseudolongipalpis)))) (L. dispar (L. lichyi ((L. castroi (L. amarali L. caligata)) (L. falcata (L. cruciata (L. gomezi ((L. diabolica (L. marinkellei (L. evangelistai (L. carvalhoi (L. spathotrichia (L. araracuarensis L. legerae)))))) (L. flabellata L. sherlocki))))))))))) (L. bicornuta (L. battistinii (L. forattinii (L. almerioi (L. cavernicola L. renei)))))) ((L. pallidithorax ((L. pescei (L. osornoi (L. tejadai (L. galatiae.(L quillabamba ((L. caballeroi. (L. castanea (L. larensis, ((L. ceferilloi,L. herreri),(L. munaypata L. rispaili))))) (L. strictivilla,(L. wattsi (L. gonzaloi (L. hartmanni (L. kirigetiensis (L. sanguinaria (L. sp de Pichinde (L. cirrita (L. scorzai, (L. tortura (L. guderiani (L. adamsi,L. monzonensis)))))))))))))))))) (L. ayacuchensis L. peruensis))) (L. blancasi (L. chavinensis L. noguchii)).
2004
Rute Maria Gonçalves de Andrade
Estudo dos padrões de diversidade de mosquitos (Diptera: Culicidae) em parques urbanos da cidade de São Paulo, SP
Na medida em que o homem altera processos ecológicos e pressiona os ambientes naturais, cresce também o risco de contato com agentes patogênicos provenientes desses meios, muitos dos quais podem ser veiculados por mosquitos. A cidade de São Paulo possui uma centena de parques públicos que preservam remanescentes da flora e fauna e são utilizados pela população como espaços de lazer. Pouco se sabe sobre os padrões de diversidade de culicídeos que habitam estas áreas e tal ausência de dados inviabiliza predições e inferências sobre processos ecológicos atuantes ou riscos epidemiológicos inerentes. Este trabalho teve como objetivo descrever e analisar os padrões de diversidade das assembleias de culicídeos em parques urbanos da cidade. Mosquitos adultos e Imaturos foram coletados entre 2011/2012 e 2012/2013 em dez parques urbanos da cidade: Alfredo Volpi, Anhanguera, Burle Marx, Carmo, Chico Mendes, Ibirapuera, Piqueri, Previdência, Santo Dias e Sangrilá. Ao todo foram realizadas doze coletas em cada parque ao longo de um ano. Após identificação das espécies foram calculados riqueza, abundância e índices de diversidade por coleta em cada parque. Testes estatísticos foram aplicados para verificar diferenças significantes entre os parques e períodos do ano em relação aos parâmetros de diversidade mensurados. Verificou-se a similaridade na composição de espécies para os parques e tipos de criadouros e foram testadas associações entre parâmetros ambientais em relação à diversidade alfa e beta. Ao longo do estudo foram coletadas 81 espécies/táxons nos dez parques pesquisados. As espécies mais comuns e abundantes foram Ae. albopictus, Ae. scapularis, Ae. fluviatilis, Cx. quinquefasciatus e Cx. nigripalpus, todas de interesse epidemiológico. O Anhanguera apresentou a maior riqueza e o Shangrilá a maior diversidade. Ibirapuera e Alfredo Volpi apresentaram a menor riqueza e diversidade respectivamente. As assembleias mostraram variações nos padrões de diversidade na comparação entre os meses mais quentes e chuvosos em relação aos meses mais frios e secos. Foi demonstrado que diferenças ambientais entre os parques podem influenciar a riqueza e composição de espécies. O Processo de seleção mostrou ser um importante fator-chave na formação dos padrões de riqueza e composição de culicídeos dos parques. Aparentemente, a perda de espécies pode promover uma homogeneização na composição de culicídeos ao longo dos parques, onde poucas espécies resilientes permanecem no ambiente e destas a maioria apresenta importância médico-epidemiológica. O contato entre mosquitos vetores, animais reservatórios e a população que utiliza os parques pode promover epizootias e o estabelecimento de ciclos de transmissão em nosso meio, recomenda-se constante vigilância epidemiológica.
2014
Antonio Ralph Medeiros de Sousa