Repositório RCAAP

Para Ciro Flamarion Cardoso (1942-2013): uma homenagem de pesquisadores da América lusa escravista

Ciro Flamarion Cardoso, falecido no último dia 29 de junho, foi membro do Conselho Editorial da Topoi. Revista de História desde sua fundação. Nos últimos tempos, Cardoso se dedicava cada vez mais à história antiga, porém é sempre bom lembrar seu papel na virada da historiografia brasileira com a sua maior profissionalização, segundo os critérios dos ­Annales: elaboração da história - problema através da combinação de teorias, métodos e fontes primárias. Esta ação ocorreu especialmente nos seus estudos e na sua docência em escravidão e em história agrária, entre fins da década de 1960 e princípios dos anos de 1990. A seguir, as repercussões de tal ação são ilustradas por meio dos depoimentos - em especial, das reincidências de testemunhos - de docentes de três gerações diferentes, no caso João Fragoso (doutor em 1990), Carla Almeida (doutora em 2001) e Luís Augusto Farinatti (doutor em 2007).

Ano

2013

Creators

Fragoso,João Almeida,Carla Maria de Farinatti,Luís Augusto

Os concílios provinciais de Goa: reflexões sobre o impacto da "Reforma Tridentina" no centro do império asiático português (1567-1606)

O objetivo deste artigo é a análise das resoluções dos concílios provinciais de Goa (celebrados em 1567, 1575, 1585, 1592 e 1606), investigadas no âmbito das transformações religiosas ocorridas no início da Era Moderna, isto é, no bojo do que foi denominado Contrarreforma ou "Reforma Tridentina". Analisa-se o possível impacto dos decretos do Concílio de Trento sobre as atas dos mencionados concílios provinciais e nas Constituições do Arcebispado de Goa (1568).

Violência, trauma e frustração no Brasil e na Argentina: o papel do historiador

Partindo do pressuposto de que a violência é uma das principais chaves analíticas dos chamados "eventos traumáticos" do século XX e do fato de que a ditadura militar argentina (1976-1983) foi extremamente violenta, o artigo sustenta que, embora a ditadura militar brasileira também tenha sido muito repressiva, a noção de frustração, antes que a de violência, é a mais adequada ao seu entendimento. Tais questões, inevitavelmente, remetem às dificuldades vivenciadas pelo historiador em sua relação com os temas tabu, sensíveis ou traumáticos, para as quais o artigo apresenta, ao final, uma proposta de equacionamento.

Os sete pecados capitais e os processos de culpabilização em manuais de devoção do século XVIII

Neste artigo, analisamos o manual de devoção Mestre da vida que ensina a viver e morrer santamente, escrito pelo dominicano português João Franco, em 1731, a partir das representações dos pecados capitais que apresenta, das recomendações que faz para combatê-los e dos "remédios" que propõe para a salvação das almas. A análise considera, ainda, as estratégias discursivas empregadas pelo célebre pregador para promover a interiorização da culpa e o arrependimento nos leitores católicos. Com o intuito de evidenciar a circulação e a difusão de percepções sobre pecado e culpa e, sobretudo, sobre a salvação das almas na primeira metade do século XVIII, as orientações divulgadas no Mestre da vida são cotejadas com as imagens sobre as penas que os pecadores sofreriam no inferno, que ilustram a obra Desengano dos pecadores, escrita em 1724, pelo padre jesuíta Alexandre Perier.

Ano

2013

Creators

Fleck,Eliane Cristina Deckmann Dillmann,Mauro

Grupos intermédios em Portugal (1600-1850): uma aproximação ao vocabulário social

O presente estudo pretende contribuir para lançar a discussão em torno daquilo que, no período moderno, se entendia por camadas intermédias. Para conhecer as visões sociais no período de referência (1600-1850) foram usadas fontes heterogêneas. O objetivo central é sublinhar, por um lado, a multiplicidade dos esquemas de representação social e a coexistência de taxinomias e, por outro, provar que, apesar de estranhas ao discurso legal e ao enquadramento normativo, a noção de mediania e as visões da sociedade que a incluem estão difundidas em Portugal no período em análise.

"Meninos eu vi": Jota Efegê e a história da música popular

A recente produção do conhecimento histórico em torno da música popular no Brasil é tributária de uma geração de memorialistas, cronistas e jornalistas cujas obras começaram a aparecer nas décadas de 1960-1970. Esse conjunto permaneceu até o final do século XX como o principal acervo da memória e da história da música popular. O jornalista e cronista carioca Jota Efegê (1902-1997) foi um dos protagonistas desse processo. Sua trajetória de vida foi importante na constituição de certa memória e algumas de suas obras ocuparam lugar de destaque na produção de uma historiografia da música popular. Este artigo tem como objetivo examinar de modo crítico aspectos deste conjunto para compreender melhor o papel de Jota Efegê na construção de uma narrativa historiográfica que se estabilizou e se "naturalizou" com o tempo como a "história da música popular brasileira".

Registros privados de uma vida pública: o diário íntimo de Altino Arantes

O artigo tem por objetivo apresentar as possibilidades de pesquisa contidas no diário íntimo de Altino Arantes, governador do Estado de São Paulo (1916-1920). Trata-se de uma fonte praticamente inédita guardada no Arquivo do Estado de São Paulo, que nessa análise contempla os conflitos da oligarquia paulista no alvorecer da República.

Ano

2013

Creators

Pereira,Robson Mendonça Magalhães,Sonia Maria de

"Monarquia mais dilatada que se viu no mundo": considerações sobre dimensão de domínios e imaginação política em frontispícios no império espanhol

Segundo o autor seiscentista Sebastian Covarrubias Orozco, o ato de representar era fazer presente alguma coisa usando palavras ou figuras. Tal processo, afirma, era essencial para fixar algo na imaginação. Partindo da análise de gravuras em frontispícios e outras imagens, este artigo traça considerações acerca da relação entre imaginação política e dimensão do domínio espanhol. O debate sobre representação figurativa contribui para o entendimento da cultura política na Época Moderna ao propor reflexão sobre as relações entre os espaços constituintes de um império ultramarino.

O trabalho perante a lei: os mineiros de carvão na Justiça do Trabalho em São Jerônimo, RS (1946-1954)

O artigo apresenta uma análise de 5.708 processos trabalhistas envolvendo mineiros de carvão do Rio Grande do Sul entre 1946 e 1954, nos primeiros anos após a implantação de uma Junta de Conciliação e Julgamento no município de São Jerônimo, polo produtor do minério na época. São analisados a iniciativa das ações, seus resultados, bem como as principais demandas dos operários no Judiciário trabalhista. O estudo revela uma superioridade numérica das reclamatórias propostas pelas empresas mineradoras contra os trabalhadores, bem como dos resultados favoráveis a elas, enquanto os acordos são os resultados mais significativos dos processos movidos pelos operários. Quase a metade das ações de iniciativa dos trabalhadores reivindica o pagamento do descanso semanal remunerado, o que indica que a lei que criava esse direito, de 1949, não era cumprida.

O pecado do historiador: para uma leitura d'A Feiticeira, de Jules Michelet

Desde sua publicação, em 1862, a recepção de A Feiticeira foi marcada pela perplexidade diante da maneira como seu autor, Jules Michelet, integrou o mito à narrativa histórica. Esse procedimento, que inspirou uma fortuna crítica disposta a ler tal obra mais sob a ótica literária do que como trabalho de história, tende a distorcer os objetivos e propósitos visados pelo historiador. Este artigo visa apresentar uma interpretação para as heterodoxias narrativas de Michelet como o resultado de uma reflexão eminentemente historiográfica. Para isso, sustento que a compreensão do papel central do mito, tal como mobilizado em A Feiticeira, apoia-se na constituição de um "método histórico", cujo estabelecimento e fundamentação são diretamente derivados da leitura e da tradução que Michelet propôs para a obra do filósofo napolitano Giambattista Vico, em particular, a Ciência nova.

Corpus shakespeariano e reformas religiosas inglesas: um estudo de caso - O mercador de Veneza

Os estudos pós-revisionistas sobre reformas religiosas inglesas têm focado as novas possibilidades de interpretação dos loci sociais, culturais e políticos de negociação da matéria religiosa na literatura e história da Inglaterra Reformada, evitando abordagens polarizadas whiggistas e revisionistas a respeito da história literária das reformas inglesas. Nesse sentido, este artigo aborda a materialidade textual do in-quarto de 1600 (Q1) de O mercador de Veneza como um evento que localiza negociações e expectativas culturais e políticas a respeito da conformação à religião oficial na Inglaterra elisabetana. Este artigo analisa especificamente a presença dos recursos retóricos no Q1 que figuram as ameaças 'puritanas' e 'papistas' à realeza sagrada, incluindo o estudo do uso dos temas da iconoclastia do mérito, da melancolia, da amiticia e da caritas na caracterização dos personagens principais.

O renascimento sobre o cadafalso

No summary/description provided

O Canadá visto de cá

No summary/description provided

O avesso das negativas

No summary/description provided