Repositório RCAAP

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Elites regionais, guerra e compadrio: a família Ribeiro de Almeida e suas redes de relações (Rio Grande do Sul, c. 1816 - c. 1844)

O artigo analisa os laços de compadrio do casal Bento Manoel Ribeiro e Maria Mâncio e propõe um estudo dos mesmos a partir da análise de redes (network analysis). O marechal do Exército Bento Manoel Ribeiro foi um dos mais ricos estancieiros da fronteira sul do Brasil, tornando-se importante líder político e militar na primeira metade do Oitocentos. Numa sociedade na qual as redes clientelares possuíam notável relevância na estruturação dos poderes locais e regionais e no exercício do mando, as redes de compadrio tinham importante papel, pois refletiam parcela das múltiplas relações sociais estabelecidas por essas elites. As principais fontes utilizadas são os registros de batismo.

Ano

2014

Creators

Farinatti,Luís Augusto Ebling Vargas,Jonas Moreira

Elogio do anacronismo: para os andróginos de Ismael Nery

"Por que fazer o elogio do anacronismo quando se é historiador?" - perguntou Loraux. O anacronismo, que já foi o pecado dos historiadores, hoje se impõe. Numa abordagem inspirada por alguns filósofos contemporâneos, tais como Agamben, Rancière e Didi-Huberman, que instigam em nosso pensamento uma nova concepção de tempo, este artigo desenvolve argumentos para demonstrar que Ismael Nery (1900-1934), o "artista maldito" do modernismo brasileiro, pode ser tomado como um artista anacrônico, pelo fato de configurar montagens temporais em sua arte (pintura, desenho e poesia) para expressar um dos princípios de seu sistema filosófico: a abstração do tempo e do espaço. A arte de Ismael apresentou-se como universal, mística e espiritual, o que o deixou fora do seu tempo, ou melhor, fora da estética da representação chamada para dar visibilidade aos temas do nacional.

De cativos a baleeiros: uma amizade indissolúvel entre dois africanos no outro lado do Atlântico (Itaparica, 1816-1886)

Este artigo aborda a trajetória de dois africanos baleeiros que viveram na Ilha de Itaparica no período oitocentista. Com base em fontes inéditas, o texto revela a chegada desses dois indivíduos à maior ilha da baía de Todos os Santos, o período de cativeiro, a conquista da liberdade e a vida de ambos como libertos. Empreendedores da baleação, esses dois africanos nagôs tornaram-se figuras proeminentes de Itaparica, sendo responsáveis pela libertação de outros cativos e pela melhoria das condições de vida de pessoas que viveram no seu círculo de amizade e de negócios.

A identidade nacional na obra cinematográfica argentina de Libertad Lamarque

Neste artigo, propõe-se uma análise da forma como a identidade nacional argentina foi representada na obra cinematográfica de Libertad Lamarque. Essa artista recebeu, como cantora, o título de Reina del Tango e foi, também, a principal protagonista do cinema argentino dos anos 1930 e 1940. Sua trajetória artística na Argentina foi interrompida bruscamente na segunda metade dos anos 1940 quando, por supostos conflitos com Eva Perón, não obteve mais convites para trabalhar naquele país e emigrou para o México. Em sua trajetória cinematográfica na Argentina, Libertad contribuiu para construir e difundir determinada versão sobre a identidade nacional argentina.

D. Rodrigo e frei Mariano: A política portuguesa de produção de salitre na virada do século XVIII para o XIX

Assim que assumiu a pasta da Marinha e do Ultramar, em 1796, d. Rodrigo de Souza Coutinho desencadeou um processo que buscava resolver a dependência portuguesa da importação de salitre. Reuniu à sua volta uma equipe composta em sua maioria por luso-brasileiros. João da Silva Feijó, frei Mariano da Conceição Veloso e Manuel Jacinto Nogueira da Gama foram incumbidos de fazer experiências sobre a produção artificial de salitre. Simultaneamente, a mando do ministro, Veloso iniciou o processo de tradução e publicação de obras francesas e inglesas sobre o assunto. Tanto o empreendimento editorial do Arco do Cego quanto a produção de salitre, e ainda o envolvimento de luso-brasileiros em ambos, são processos concomitantes e imbicados e fruto de uma política coerente e orientada, a qual é objeto do presente estudo.

Ano

2014

Creators

Pereira,Magnus Roberto de Mello

Banco Mundial: dos bastidores aos 50 anos de Bretton Woods (1942-1994)

O artigo examina a história do Banco Mundial desde as primeiras negociações entre Estados Unidos e Grã-Bretanha para o desenho da nova ordem econômica mundial no pós-guerra até o seu aniversário de 50 anos. Argumenta-se que, apesar da fachada técnica, o Banco sempre atuou, ainda que de diferentes formas, na interface dos campos político, econômico e intelectual em nível internacional, em função da sua condição singular de emprestador, ator político e veiculador de ideias e prescrições sobre o que fazer em matéria de desenvolvimento capitalista, em clave anglo-saxônica. Nesse sentido, desde o início o banco utilizou o crédito como alavanca para ampliar a sua influência e institucionalizar ideias econômicas, concepções de mundo e prescrições políticas nos Estados-cliente. Com base em ampla e variada literatura internacional e fontes da própria instituição, o trabalho aborda o tema levando em consideração, de forma articulada, a economia política na qual a instituição operou e o seu funcionamento como burocracia complexa.

Uma mulher "recatada": a deputada Suely de Oliveira (1950-1974)

O personagem central deste artigo é Suely de Oliveira, a primeira deputada estadual eleita no Estado do Rio Grande do Sul em 1950 e reeleita cinco vezes, e que por 16 anos foi a única mulher no parlamento gaúcho. Tem como objetivo analisar as condições do exercício de seus mandatos a partir do exame de sua condição de mulher, do efeito que causou na relação com os demais deputados e da forma como ela própria se via como mulher. Essas questões serão examinadas a partir de uma perspectiva teórica, que discute a importância da presença das mulheres na política e na luta pelos direitos das mulheres e outras minorias. O artigo está dividido em duas partes: na primeira apontará, ainda que rapidamente, um conjunto de questões teóricas que embasam a análise da presença das mulheres na política; na segunda parte, será examinada a trajetória de Suely na Assembleia Legislativa.

Crise! Crise! Crise! A quebra da Casa Souto nas letras de lundus compostos no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX

Este artigo analisa as relações entre história e política, utilizando como fontes as poesias de alguns lundus compostos durante a quebra da casa bancária Souto (Rio de Janeiro, 1864). Defende-se a hipótese de que, ao travarem um "diálogo" em torno do tema, essas poesias expuseram diferentes visões sobre a crise, encontrando eco entre alguns de seus receptores, que nelas se reconheceram como parte do processo de participação política naquele episódio e foram alguns dos responsáveis pelo sucesso de que as letras desfrutaram, a ponto de serem publicadas em diferentes cancioneiros no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX.

Ano

2014

Creators

Souza,Silvia Cristina Martins de

Os provimentos de ofícios: a questão da propriedade no Antigo Regime português

Este trabalho pretende analisar a concessão em propriedade de ofícios da monarquia portuguesa nos séculos XVII e XVIII. Com base em fontes de natureza diversa, deseja-se saber quais eram os cargos civis concedidos pelo rei segundo esta modalidade, assim como a sua expressão numérica na hierarquia administrativa. Considerando-se, ao mesmo tempo, o que se costuma definir como as normas e as práticas, analisar-se-ão os direitos dos titulares e seus descendentes para, finalmente, avaliar as mudanças administrativas propostas no centro político da monarquia na segunda metade do século XVIII, sobretudo no que se refere ao provimento dos ofícios civis na América portuguesa.

Reconhecimento e celebridade: Jean-Jacques Rousseau e a política do nome próprio

Diferentemente de inúmeros autores das Luzes, que utilizavam pseudônimos ou recorriam ao anonimato, Jean-Jacques Rousseau sempre publicou sob seu nome próprio e reivin­dicou em alto grau seu nome de autor. Essa verdadeira política do nome próprio era tanto coerente como assumida, ditada por uma concepção de responsabilidade do escritor, mas também por uma demanda de reconhecimento social e pessoal. Ora, a partir dos anos 1760, ­Rousseau descobre as armadilhas da celebridade: o desejo de reconhecimento transforma-se em inquietação diante da curiosidade insaciável do público.

Cem anos de historiografia da Primeira Guerra Mundial: entre história transnacional e política nacional

Aproveitando a rememoração do centenário do início da Primeira Guerra Mundial, procura-se aqui delinear uma incursão breve na forma como foi e tem sido lida a Primeira Guerra Mundial pela disciplina histórica. Pretende-se ressaltar as tendências historiográficas mais determinantes nos cem anos posteriores ao fim do conflito nos principais centros acadêmicos e referir alguns dos trabalhos mais recentes em torno das questões que pautaram desde sempre o debate em torno do conflito.

Ano

2014

Creators

Correia,Sílvia Adriana Barbosa

Sobre fronteiras e permeamentos

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Um Iluminismo libertino

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O espelho quebrado

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Ano

2014

Creators

Parada,Mauricio Barreto Alvarez

Superlucros: a prova empírica do exclusivo colonial

Este texto é uma réplica ao artigo "Exclusivo metropolitano, 'superlucros' e acumulação primitiva na Europa pré-industrial", de André Arruda Villela, publicado no número 23 desta revista, no qual critica o modelo de antigo sistema colonial, sobretudo as noções de monopólio e superlucros, recusando qualquer tipo de contribuição da exploração colonial para o deslanchar da Revolução Industrial britânica. Essencialmente, confirmo a validade dos índices por mim aferidos sobre os ganhos de monopólio no livro O Brasil no comércio colonial, publicado em 1980; reafirmo a contribuição estratégica do mundo atlântico colonial para o arranque da industrialização realizada, a britânica, e das industrializações frustradas, casos franco-português.