Repositório RCAAP

Cirurgia de revascularização no infarto agudo do miocárdio

O tratamento do infarto agudo do miocárdio conta, hoje, com um leque de opções terapêuticas, sempre com o objetivo de reduzir o dano ao ventrículo esquerdo, Dentre as possibilidades, a revascularização cirúrgica encontra seu lugar, ligado, principalmente, à reperfusão após trombolíticos e às complicações da angioplastia. No Instituto do Coração da Santa Casa de Ribeirão Preto, no período de julho/87 a julho/89, foram realizadas 262 cirurgias de revascularização do miocárdio, sendo 23 (8,7%) na fase aguda do infarto. Destes, 19 eram homens e quatro mulheres, com idade entre 42 e 75 anos, média de 58,5. A indicação cirúrgica compreendeu: persistência da dor em 15 (65%) ocasiões, artéria reaberta após trombolítico em cinco (22%), artéria reaberta espontaneamente em dois (9%) e comprometimento multiarterial em um (4%). Os fatores associados à precocidade do procedimento cirúrgico foram: ATP complicada com espasmo e oclusão arterial em oito pacientes, uso prévio de trombolítico em sete, ATP sem sucesso em quatro, arritmia cardíaca em dois e choque cardiogênico em um. A localização do IAM ao ECG foi de parede anterior em 14 (60,8%) casos e parede inferior em nove (39,2%). Em 18 (78,4%) havia presença de onda Q e, nos restantes, ausência. A dosagem de enzimas (CKMB) variou de 15 a 104 U, média 58,7 U. A cineventriculografia demonstrou lesão isolada da artéria do IAM em nove (39,1%) pacientes, lesão da artéria do IAM + lesão de outras artérias em oito (34,7%), lesão da artéria do IAM + infarto prévio de outra área em três (13%) e obstrução total da artéria do IAM + lesão de outras artérias em três (13%) casos. O período de tempo entre o início da dor e a cirurgia variou de duas horas a duas semanas, média 4,6 dias. O número de pontes, mamária ou safena, por paciente foi, em média, de 1,7, A proteção miocárdica foi realizada com hipotermia leve e solução cardioplégica cristalóide. A anoxia miocárdica variou de 14 a 50 minutos (M = 16,3 minutos). As condições hemodinâmicas após a saída de perfusão foram boas, exceto em três pacientes que apresentaram baixo débito, sendo necessária intervenção da circulação assistida por um período maior, associada a drogas inotrópicas. Quanto à evolução pós-operatória, 10 (43,4%) pacientes apresentaram algum tipo de complicação, três (13%) pacientes foram a óbito, sendo um relacionado a causa cardíaca, síndrome de baixo débito e os outros dois, a complicações neurológica e pulmonar. A abordagem cirúrgica na fase aguda do infarto do miocárdio vem aumentando. Na mesma proporção, há um incremento de morbidade e mortalidade da cirurgia de revascularização. A escolha do paciente a ser operado nesta fase é fundamental e os cuidados no pós-operatório devem ser redobrados.

Ano

1990

Creators

Teno,Luiz Antônio Castilho Castilho,Oswaldo Teno Menardi,Antônio Carlos Racy,Calil Jorge Cozac,Eduardo Paranhos Greguolo,Clemente Santos,José Luís Attab dos Muniz,Luiz Eduardo Amaral Camargo,Newton Pedro de Freitas,Olavo de Carvalho Albanez Netto,Luiz Isaac,Humberto Jorge Zanardi,Aylton M. Castilho Teno Lucato,Cássio Simoni Leal,Marcelo Garcia

Avaliação de tubo valvulado de pericárdio bovino em um modelo experimental animal

Doenças congênitas, como a atresia pulmonar e a tétrade de Fallot, entre outras, têm sido corrigidas com o uso de condutos extracardíacos. Existe uma variedade de condutos, valvulados ou não, que possibilita o acesso do fluxo sangüíneo do ventrículo direito à circulação pulmonar. Contudo, os tubos plásticos com válvulas biológicas ou metálicas apresentam problemas de degeneração e obstrução da prótese e peeling do tubo, além do alto custo. A experiência adquirida com o pericárdio bovino tratado, mostrando-se impermeável e de fácil sutura, possibilitou a confecção de tubos valvulados que, neste estudo, foram avaliados quanto a obstrução, calcificação e dilatação. A utilização de um modelo experimental animal permitiu a avaliação periódica detalhada por ecodopplercardiografia e cateterismo durante um, três e seis meses de evolução. As peças recuperadas foram estudadas por microscopia óptica e raios X, com a análise de diversas regiões da bioprótese. O exame macroscópico mostrou o pericárdio dos tubos preservados com sinais de pseudo-endotelizaçáo, e a maioria das válvulas com calcificação moderada, mas ainda com boa função. São apresentados e discutidos a técnica operatória empregada sem circulação extracorpórea e os resultados com o seguimento de cinco animais (carneiros), durante seis meses. Os autores concluem que o enxerto tubular valvulado de pericárdio bovino mostrou bons resultados na via de saída do ventrículo direito, permitindo prever um resultado satisfatório quando empregado em seres humanos, pela conhecida relação de degeneração acelerada das próteses biológicas no modelo experimental estudado, muitas vezes maior que no homem.

Ano

1990

Creators

Santos,José Luiz Verde dos Braile,Domingo M Soares,Marcelo José F Rade,Walter Rossi,Marcos Antônio Thevenard,Rubens Souza,Dorotéia R. Silva

Avaliação clínica e ecocardiográfica de pacientes submetidos a implante de bioprótese mitral com preservação da valva natural

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados pós-operatórios preliminares de 16 pacientes submetidos a implante de bioprótese valvular de pericárdio bovino com preservação de suas valvas naturais, operados seqüencialmente no período de março a setembro de 1989. As cúspides insuficientes foram pregueadas no anel mitral com pontos em U passados nas bordas livres e no anel mitral, sem quaisquer ressecções. Foram feitos estudos comparativos no pré e no pós-operatório das seguintes grandezas: diâmetro do átrio esquerdo, diâmetro do ventrículo esquerdo (VE), fração de ejeção e gradiente transvalvares mitrais (pico e médio). A avaliação estatística foi feita através do teste T de Student. O valor médio do diâmetro do VE no pré-operatório era de 67,31 mm, caindo para 60,50 mm no pós-operatório. O valor crítico de T foi 2,131, sendo o valor observado para a variação do diâmetro de VE igual a 3,18. O diâmetro de átrio esquerdo (AE) variou de 60,25 mm para 49,31 mm com T igual a 6,72. O valor médio da fração de ejeção no pré-operatório foi de 0,72, variando para 0,65 com T igual a 2,68. Os gradientes (valores médios) transvalvares variaram de 23,7 mm de Hg de pico e 12,5 de média, respectivamente, para 9,10 e 5,125. Estes valores residuais são perfeitamente aceitáveis de acordo com a literatura e a própria experiência do Serviço. Não houve complicações ou óbitos na série. Em nenhum paciente ocorreu gradiente na via de saída de VE que pudesse sugerir obstrução pela cúspide anterior. Os autores concluem pela eficácia da técnica a qual é de fácil e rápida execução, afasta desinserções atrioventrículares, não gera gradientes, favorece ótimo desempenho ventricular com rápida e acentuada regressão dos diâmetros de AE e VE.

Ano

1990

Creators

Dias,Altamiro Ribeiro Assumpção,Luiz F. P Castanho,Volnei Lomelino,Sérgio Mattos Brito,Luiz Abba Samuel,Osmar Medeiros,Caio Cesar J Catani,Cesar A. M Parga Filho,José R Chinelato,José Antônio Jatene,Adib D

Nova técnica para tratamento da taquicardia por reentrada nodal: desconexão posterior do nó atrioventricular

No período de março de 1987 a novembro de 1989, 20 pacientes com idade variável entre 20 e 74 anos, 13 do sexo feminino, portadores de taquicardias por reentrada nodal (TRN) recorrentes e refratárias a terapêutica medicamentosa, foram submetidos a tratamento cirúrgico. O estudo eletrofisiológico pré-operatório demonstrou intervalo VA durante TRN menor que 40 ms e a despolarização atrial retrógrada se iniciava na porção anterior ao nó AV. O mapeamento intra-operatório feito durante estimulação ventricular mostrou desplarízação atrial retrógrada posterior ao nó AV. Independentemente do local mais precoce de ativação atrial, anterior ou posterior ao nó AV, em todos os casos a abordagem foi posterior, sendo realizada a desconexão posterior do nó AV. Após cardioplegia, a incisão foi realizada no átrio direito, a 2 mm do anel tricúspide, e paralela ao mesmo, iniciando-a a 2 mm atrás do feixe de His, previamente localizado. A extensão posterior da incisão ultrapassou em 2 cm o óstio do seio coronário. Através dessa incisão, toda a região correspondente ao limite posterior do nó AV foi separada das estruturas vizinhas, seio coronário, parede atrial direita, porção póstero-superior do ventrículo esquerdo, septo interventricular e porção subanular do ventrículo direito. Em profundidade, a dissecção atingiu a parede do átrio esquerdo, na sua junção com o anel correspondente. Todos os pacientes sobreviveram à intervenção e encontram-se assintomáticos. Antes da alta hospitalar, o teste eletrofisiológico pós-operatório realizado com estimulação atrial epicárdica e com 1 e 2 extra-estímulos, durante ritmo sinusal, em 600 e 400 ms e após bloqueio parasimpático completo com atropina 0,01 mg/kg, não induziu nenhuma forma de taquicardia nodal. A técnica proposta é simples e curativa; o mapeamento intra-operatório torna-se dispensável; as conexões posteriores do nó AV são indispensáveis no circuito de reentrada; a função do nó AV, o intervalo PR e a freqüência de Wenckeback não se alteram no pós-operatório.

Ano

1990

Creators

Barbero-Marcial,Miguel Sosa,Eduardo Scanavacca,Maurício Jatene,Adib D

Revascularização miocárdica de urgência após complicação de angioplastia transluminal coronária: abordagem cirúrgica atual

Entre julho de 1981 e fevereiro de 1990, foram realizados no INCOR 3016 angioplastias transluminais coronárias (ATC), em 2431 pacientes portadores de insuficiência coronária em suas diferentes manifestações. A cirurgia de revascularizaçâo do miocárdio de urgência foi necessária em 79 (3,2%) desses pacientes, dos quais 32 (40,5%) infartaram e 12 (15,2%) faleceram. Dos 1530 pacientes submetidos estivamente a ATC por angina estável, 11,9% (7/59) faleceram no intra ou no pós-operatório. Dentre os 112 pacientes em que a ATC foi realizada de urgência devido a angina instável, 18,2% (2/11) evoluíram para óbito operatório. Nos 789 já infartados previamente à ATC, a mortalidade cirúrgica foi de 33,3% (3/9). A análise estatística demonstrou mortalidade mais elevada em pacientes idosos, em pacientes com dissecção do tronco da artéria coronária esquerda ou trombose coronária tardia e, especialmente, naqueles com instabilidade hemodinâmica após a ATC. O tempo decorrido entre a complicação da ATC e a revascularizaçâo do miocárdio também constitui fator agravante no prognóstico. O número de cirurgias de urgência após ATC diminuiu significativamente nos últimos dois anos (10/1351), a despeito do grau progressivo de complexidade das lesões dilatadas. O emprego de balões com extremidade atraumática e, especialmente, de cateter de reperíusão (Stack), que mantém o fluxo coronário mesmo diante do desprendimento da placa ateromatosa, contribuiu, decisivamente, para esses resultados. As modificações introduzidas na sistematização operatória, principalmente o uso de cardioplegia sangüínea com indução normotérmica e administrada por vias anterógrada e retrógrada, também propiciaram melhores resultados cirúrgicos. A associação desses procedimentos vem se mostrando benéfica, não tendo sido observados óbitos nos últimos 14 meses.

Ano

1990

Creators

Dallan,Luís Alberto Oliveira,Sérgio de Almeida Cecchy,Hedy Ariê,Siguemituso Sabino Neto,Alexandre Iglézias,José Carlos R Verginelli,Geraldo Jatene,Adib D

Imunocitomonitorização em pacientes transplantados cardíacos

A técnica de Imunocitomonitorização (CIM - Cytologrcal and Immunologic Monitoring), fundamenta-se na avaliação de mudanças nas subpopulações de linfócitos e seus precursores celulares, durante o processo rejeição aguda. O método avalia a ativação precoce pela contagem do número de: linfócitos ativados, linfoblastos e prolinfócitos (aqui chamados em conjunto de linfócitos ativos), quando esses se apresentam acima do limite superior normal. Utilizamos essa técnica para seguimento e controle da atividade da imunologia celular em 9 pacientes transplantados cardíacos. Também foram submetidos ao CIM para verificar a faixa de normalidade de ativação linfocítica 20 voluntários normais e cinco pacientes candidatos ao transplante cardíaco. Ambos os grupos não tinham antecedentes de quadro de infecção ou alteração imunológica. Para obtenção do controle positivo, testamos 10 pacientes com infecção bacteriana ou virai, previamente diagnosticados por exames bacterianos e/ou sorológicos. Foram observados valores de 1,8% de linfócitos ativos nos indivíduos normais e 3,2% nos candidatos ao transplante cardíaco. Dos 63 testes realizados nos transplantados cardíacos, quatro deles se mostraram positivos, onde três desses tratavam-se de casos de infecção e um confirmado como processo de rejeição aguda em evolução. O tempo médio necessário para a realização da CIM foi de aproximadamente duas horas. A técnica utiliza mostrou-se valiosa no reconhecimento imunológico dos pacientes transplantados cardíacos, pela sua sensibilidade diagnostica, baixo custo e rapidez.

Ano

1990

Creators

Manrique,Ricardo Carvalho,Eliete C

Tratamento cirúrgico da dissecção da aorta

Entre janeiro de 1979 e dezembro de 1989, foram realizadas 85 operações para o tratamento da dissecção da aorta, sendo 50 na fase aguda e 35 na fase crónica. A mortalidade imediata (hospitalar) foi de 21,1% (18 pacientes), tendo como causa principal a síndrome de baixo débito cardíaco. Foi maior nos pacientes operados na fase aguda. Dentre quatro pacientes reoperados por recidiva ou dissecção em outro local, dois faleceram. Com relação à morbidade, uma paciente, reoperada por aneurisma tóraco-abdominal, apresentou paraplegia no período de pós-operatório. O seguimento tardio mostrou boa evolução dos 63 sobreviventes.

Ano

1990

Creators

Berlinck,Marcos Fassheber Brito,José Oscar Reis Rojas,Salomon S. Ordinolla Souza,Januário M. de Oliveira,Sérgio de Almeida

Revascularização direta do miocárdio com as duas artérias mamárias internas: análise de 442 casos

No período de julho de 1984 a novembro de 1989, foram submetidos a revascularização direta do miocárdio 4958 pacientes. Em 54% foi empregada pelo menos uma artéria mamária interna (AMI) e em 442 (8,91%) pacientes as duas artérias mamárias interna direita (AMID) e interna esquerda (AMIE), associadas ou não a outros tipos de enxertos. A idade variou de 30 a 78 anos (média de 52,7 anos) e 399 pacientes eram do sexo masculino. Os pacientes que receberam as duas AMIs foram classificados em 4 grupos: Grupo 1: AMIE para descendente anterior (DA) e AMID para diagonal (Di); diagonalis (DI), circunflexa (Cx) ou seus ramos marginais em posição retro-aórtica 232 (52,4%) pacientes; Grupo 2: AMIE para DA e MID para coronária direita (CD) ou seus ramos 135 (30,5%) pacientes; Grupo 3: AMIE para ramos da Cx e AMID para DA (enxerto livre) ou seus ramos 48 (10,8%) pacientes; Grupo 4: outras associações 27 (6%) pacientes. Em todos os grupos, as revascularizações foram ou não complementadas com pontes de veia safena, artéria epigástrica inferior, artéria gastro-epiplóica e condutos sintéticos (como Gorotex). A média de ramos coronarianos revascularizados foi de 3,17 pontes por pacientes. As principais complicações imediatas observadas foram: insuficiência respiratória 37 (8,3%) pacientes, baixo débito 23 (5,2%) pacientes; infarto do miocárdio 16 (3,6%); deiscência e infecção de esterno 15 (3,6%). A mortalidade imediata global foi de 4,97% (22 pacientes) e as principais causas de óbito foram: falência de múltiplos órgãos em 7 pacientes, insuficiência miocárdica em 6 (27,3%). Observou-se maior índice de mortalidade em pacientes com idade superior a 60 anos e com severa disfunção ventricular. A melhor associação enxerto/coronária foi obtida quando da anastomose da AMIE com a DA (patencia de 93,8%). O emprego de duas mamárias vem sendo incrementado no Serviço, bem como o uso de outros enxertos arteriais, especialmente a artéria epigástrica em função dos aceitáveis índices de morbi-mortalidade.

Ano

1990

Creators

Jatene,Marcelo B Puig,Luiz Boro Jatene,Fábio B Ramires,Antônio F Oliveira,Sérgio de Almeida Dallan,Luís Alberto Fontes,Ronaldo D Jatene,Adib D

Anastomose mamária interna-artéria pulmonar para o tratamento paliativo das cardiopatias congênitas cianóticas

As anastomoses sistêmico-pulmonares continuam sendo um importante procedimento no tratamento e na preparação dos cardiópatas cianóticos, com hipoplasia das artérias pulmonares, para a correção total. Todas têm vantagens e desvantagens e os resultados dependerão de idade e peso dos pacientes e da complexidade da cardiopatia. O presente estudo relata a experiência com sete casos de anastomoses mamária-artéria pulmonar, realizadas através de toracotomia direita (5) e esquerda (2), em pacientes portadores de tetralogía de Fallot (quatro femininos e três masculinos). A idade variou de dois a 63 meses (m = 18,4), com peso médio de 7,9 kg. Seis apresentavam graus variados de hipoplasia pulmonar. Houve dois óbitos pós-operatórios (1º e 2º dias), devidos a trombose da artéria mamária, no local de seu clampleamento. Dois pacientes foram submetidos a correção total (um mês e três anos após): no 1º (menina de 24 meses, 10 kg de peso), a anastomose foi feita pelas más condições gerais, apesar do bom tamanho das pulmonares. No 2º (menino de 15 meses, 8,1 kg, no qual uma operação de Blalock-Taussig clássica foi feita e trombosou no 3º mês de vida), foi possível observar o progressivo desenvolvimento das artérias pulmonares, por estudo hemodinâmico. Em ambos, o funcionamento da anastomose era perfeito e a correção foi bem sucedida. Três outros pacientes aguardam o momento oportuno para a correção final. Apesar do reduzido número e do curto tempo de observação, acredita-se que a anastomose mamáriapulmonar possa ser outra opção paliativa para os portadores de cardiopatias congênitas cianogênicas, com hipoplasia das artérias pulmonares e que os melhores resultados devam ser obtidos nos pacientes maiores, fora de situações de emergência e com pequenas artérias pulmonares.

Ano

1990

Creators

Carneiro,João J Vicente,Walter V. A Queiroz,Olair A Tannús Filho,João M Marin Neto,José A Granzotti,João A Sader,Albert A

Plástica mitral

Foram estudados 101 pacientes submetidos a plástica da valva mitral em seis anos, com seguimento de 100%. Entre eles, 36 eram do sexo masculino e 65 do sexo feminino, com idade variando de dois a 62 anos (M = 28 ± 16,4). Desses, 57 (56,4%) foram submetidos apenas a abordagem valvar mitral. Os demais foram submetidos a procedimentos associados, como plástica tricúspide (9,9%), revascularização do miocárdio (4,0%), entre outros. Não foi registrado óbito imediato. O índice de mortalidade tardia foi de 2% (AVC hemorrágico após cinco anos e septicemia), no primeiro ano. As complicações não fatais foram representadas pela endocardite evidenciada em dois pacientes (2%), sendo tratados e curados, e um paciente com reestenose mitral pós-plástica por reagudização da doença reumática. O estudo atuarial revelou um índice de 79,0 ± 17,7% de sobrevida, um total de 76,3 ± 17,8% de pacientes livres de complicações, 80,0 ± 17,9% de reoperações, 100,0% livres de tromboembolismo. Os resultados ecodoplercardiográficos registraram que 89% dos pacientes evoluíram com ausência de insuficiência. Dos 11% restantes, 7,4% apresentram insuficiência mitral discreta, 2,4% moderada e 2% importante. De acordo com a classificação da NYHA, os pacientes das classes III (83,8%) e IV (16,2%) passaram para as classes I (33,3%), II (60,6%), III (4,1%) e IV (2%). Os autores concluem que o anel de pericárdio flexível conforma-se perfeitamente com o anel valvar, não produz hemólise e se endoteliza completamente a médio prazo.

Ano

1990

Creators

Braile,Domingo M Ardito,Roberto V Pinto,Gracia Helena Santos,José Luiz Verde dos Zaiantchick,Marcos Souza,Dorotéia Rossi S Thevenard,Rubens

Plastia valvar aórtica por ampliação de válvula(s) com pericárdio bovino

É apresentada técnica para correção do refluxo valvar aórtico pela desinserção e ampliação de uma ou mais das válvulas com pericárdio bovino. Após estudo experimental em peças animais isoladas, a técnica foi empregada, com sucesso imediato, em seis pacientes. Em todos os casos, ampliou-se a válvula não coronariana e, em dois, ampliou-se, também, a válvula coronariana esquerda. O levantamento das comissuras valvares poderá constituir-se em uma técnica complementar, desde que foi uma constante em todos os pacientes operados. Uma paciente faleceu no sétimo mês de pós-operatório por endocardite bacteriana. Os demais pacientes encontram-se em períodos de observação de quatro a 12 meses. As observações iniciais permitem afirmar que a técnica é reproduzível com bons resultados imediatos. A evolução clínica a médio e a longo prazo é fundamental para uma apreciação mais definitiva, sendo motivo de constante preocupação a ocorrência de endocardite bacteriana e as conseqüências da evolução do processo reumático.

Ano

1990

Creators

Ribeiro,Paulo José de Freitas Bongiovani,Hércules Lisboa Évora,Paulo Boberto Barbosa Brasil,José Carlos Franco Otaviano,Adonis Garcia Reis,Celso Luiz dos Bombonato,Rúbio Sgarbieri,Ricardo Nilsson Moreira Neto,Francisco Fernandes

Comissurotomia mitral: como evoluem os pacientes a longo prazo?

Procuranco saber qual a evolução a longo prazo daqueles pacientes submetidos a comissurotomia mitral há mais de 14 anos, analisamos 100 pacientes, operados entre 1962 e 1975 e que tiveram seu acompanhamento no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Muitos pacientes foram operados nesse intervalo, mas não tiveram seu seguimento em nossa Instituição e não foram considerados. Setenta e seis eram do sexo feminino e 24 do masculino, com idades variando de 11 a 50 anos, com média de 30,8 anos. Sessenta e cinco pacientes foram reoperados, sendo que em 18 ocasiões realizou-se outra comissurotomia, em um fez-se a revascularização, em um substituição da valva tricúspide; em 45 vezes a valva foi substituída (43 próteses biológicas e duas metálicas). O tempo médio entre a primeira e a segunda cirurgias foi de 13,6 anos. Não houve óbitos na reoperação. Trinta e cinco pacientes continuam em evolução da primeirs cirurgia, com um tempo médio de 17,2 anos, com um mínimo de 14 anos e um máximo de 27 anos. Dez estão no grupo funcional I, 17 no II, sete no III e um no grupo IV. Desta forma, dos 100 pacientes iniciais, 52 ainda estão com suas valvas naturais, mostrando que, apesar de a evolução da doença poder levar a alterações nas valvas operadas, a comissurotomia mitral consegue uma boa evolução a longo prazo.

Ano

1990

Creators

Arnoni,Antoninho S Couto,W. J Dinkhuysen,Jarbas J Chaccur,Paulo Meneghelo,Zilda M Souza,Luiz Carlos Bento de Jatene,Adib D Paulista,Paulo P

Evolução tardia do transplante cardíaco na doença de Chagas: long-term evolution in cardiac transplantation

Nas formas cardíacas da doença de Chagas que evoluem com insuficiência cardíaca refratária ao tratamento clínico, o transplante é a única alternativa, ao lado da cardiomioplastia. Os autores apresentam a evolução tardia de seis pacientes com miocardiopatia chagásica terminal submetidos a transplante cardíaco ortotópico. O período médio de observação foi de 25,2 meses. O diagnóstico de reativação da doença de Chagas apoiou-se na observação clínica, na investigação laboratorial do parasita, nas biópsias endomiocárdicas e dos nódulos de subcutâneo. A análise dos resultados demonstra que: 1) os testes laboratoriais mostraram-se ineficazes no diagnóstico da reativação da doença, sendo que as biópsias mostraram maior índice de positividade; 2) a pulsoterapia com corticóide predispõe à reativação; 3) a doença linfoproliferativa apresenta alta incidência na doença de Chagas, sendo a principal complicação tardia. Possivelmente, o benzonidazol apresente seu efeito oncogênico potencializado. Tendo em vista o caráter endêmico da doença e a falta de alternativa terapêutica, tornou-se obrigatória a analise do esquema imunossupressor, do tratamento da reativação e a maior experiência clínica, para posições mais definidas.

Ano

1990

Creators

Fiorelli,Alfredo I Stolf,Noedir A. G Bocchi,Edmar A Seferian,Pedro Higushi,Lourdes David,Uip Strabelli,Tânia Kalil,Jorge Newman,Jorge Jatene,Fábio B Pomerantzeff,Pablo M. A Lemos,Pedro Carlos P Pereira-Barreto,Antonio C Bellotti,Giovanni Jatene,Adib D

Obstrução da via de saída de ventrículo esquerdo por prótese mitral: apresentação de seis casos

De janeiro de 1982 a março de 1984, foram implantadas 170 biopróteses de pericárdio bovino e alto perfil, no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com mortalidade hospitalar de 7,1%. Através do estudo anatomopatológico, foram identificados cinco casos em que ocorreu obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo após substituição da valva mitral. Com base nessa experiência, a indicação de estudo hemodinâmico no 1º dia de pós-operatório em paciente em baixo débito, sem explicação, possibilitou identificar obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo, com retroca valvar e boa evolução. Neste trabalho, são relatados detalhadamente os seis casos e discutidas as causas da obstrução da via de saída na substituição mitral.

Ano

1990

Creators

Pomerantzeff,Pablo M. A Kioka,Yukio Kawabe,Lauro T Auler Jr,José Otávio C Lopes,Edgard A Verginelli,Geraldo Jatene,Adib D

Manuseio da deiscência do esterno no pós-operatório de cirurgia cardíaca

No período de dezembro de 1987 a dezembro de 1989, 906 pacientes foram submetidos a cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, sendo 43% coronarianos, 37% valvares, 17% congênitos e 3% outros. Dentre eles, observou-se, na fase intra-hospitalar de pós-operatório, a ocorrência de 19 casos de deiscência parcial ou total da toracotomia mediana (2%), que ocorreu, em média, ao redor da 1º semana de pós-operatório, tendo sido a reintervenção cirúrgica por volta da 3º semana. As culturas mostraram predomínio de germes gram positivos e poucos casos de gram negativos e fungos. Em apenas um caso não foi isolado qualquer agente infeccioso. Neste grupo de pacientes, constatou-se a presença de fatores predominantes, tais como diabetes, obesidade, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e tempo prolongado de cirurgia (média de 6 horas). Houve predomínio de pacientes adultos, cujas idades variaram de 40 a 67 anos, média de 53 anos (89%). Constatou-se que, em 84% dos pacientes, a artéria mamária interna foi utilizada como enxerto na revascularização cirúrgica do miocárdio. Além das medidas gerais de terapêutica local e sistêmica com antibióticos específicos, visando ao combate dos agentes infecciosos e à conseqüente esterilização da ferida, os pacientes eram conduzidos à sala de operação, procedendo-se à limpeza e desbridamento dos planos cirúrgicos, incluindo o esterno, deixando-se, em alguns casos, irrigação contínua com solução de povidine. Em dois pacientes foi realizada rotação de retalho miocutâneo, devido à refratariedade ao tratamento. De cinco casos de mediastinite, três faleceram por falência de múltiplos órgãos e sepsis. O grupo restante apresentou boa evolução, tendo obtido alta hospitalar após a 3º semana da reintervenção, com boa cicatrização da ferida operatória.

Ano

1990

Creators

Marques,Roberto Latorre Arnoni,Antoninho S Dinkhuysen,Jarbas J Chaccur,Paulo Abdulmassih Neto,Camilo Souza,Luiz Carlos Bento de Paulista,Paulo P

Revascularização miocárdica em pacientes com idade igual ou superior a 70 anos

A cirurgia de revascularização miocárdica em pacientes acima de 70 anos vem tornandose cada vez mais freqüente. Em 1979, ela representou 3,3% dos pacientes operados, alcançando 14,8% em 1989. Entre janeiro de 1979 e outubro de 1989, dos 7003 pacientes revascularizados, 492 pacientes estavam na oitava ou nona década de vida. A indicação cirúrgica tem sido empregada, preferencialmente, para pacientes com lesões de alto risco e muito sintomáticos, estando 84% em grupos III e IV de angina. Quanto ao número de artérias com lesões críticas, 62,3% tinham lesões triarteriais, 31,4% lesões biarteriais e 6,2% lesões uniarteriais; 15% dos pacientes tinham lesão do tronco da coronária esquerda. Operações associadas à revascularização miocárdica foram realizadas em 54 pacientes, sendo 30 aneurismectomias do ventrículo esquerdo, 21 cirurgias valvares e três endarterectomias de carótida. Vinte e oito pacientes estavam na fase aguda do infarto do miocárdio e 27 pacientes estavam sendo operados pela segunda vez. A idade dos pacientes estava compreendida entre 70 e 74 anos em 354 (71,9%) pacientes, entre 75 e 79 em 121 (24,5%) pacientes e entre 80 e 87 anos em 17 (3,4%). A mortalidade imediata (hospitalar ou 30 dias) foi de 8,5% (42/492) sendo de 2,5% (162/6511) em pacientes abaixo de 70 anos (p < 0,0001), operados no mesmo período. De 410 pacientes idosos submetidos apenas à revascularização miocárdica (angina estável e instável), faleceram 21 (5,1%). De 28 pacientes operados na fase aguda do infarto do miocárdio, 13 (46,4%) faleceram, e, de 54 pacientes com operações associadas, oito (14,8%) faleceram (p < 0,001). Dos 27 pacientes reoperados, houve 5 (18,5%) óbitos. O seguimento tardio pós-operatório variou de dois a 127 meses. Apenas 17 (3,9%) pacientes não puderam ser contactados recentemente. Nesse período, ocorreram 32 óbitos, sendo 15 (46,8%) de causa cardíaca.

Ano

1990

Creators

Souza,Januário M Berlinck,Marcos F Moreira,Myriam G Martins,José Renato M Moreira,Maria Cássia S Oliveira,Paulo A. F Senra,Dante F Oliveira,Sérgio Almeida de

Cirurgia das dissecções crónicas da aorta ascendente com insuficiência valvar

No período de janeiro de 1980 a dezembro de 1988, foram operados 44 pacientes com dissecções aórticas crônicas e insuficiência aórtica. Esse grupo foi analisado para se avaliar a evolução comparativa dos doentes em que a valva aórtica foi preservada em relação àqueles em que houve substituição valvar. As características pré-operatórias eram semelhantes, sendo efetuada troca da valva quando havia degeneração valvar ou ectasia ânulo-aórtica. Nos casos de desabamento de válvulas com alargamento do anel realizou-se plástica valvar. Em 48% dos casos foi possível a preservação valvar através de suspensão da valva aórtica. Nos 23 doentes em que foi realizada a substituição valvar, a técnica de Bentall e De Bono foi utilizada em 16. Em seis pacientes foram associados outros procedimentos cirúrgicos. Em todos os doentes operados a partir de 1986 foi utilizada cola biológica. Em 41 (93%) pacientes a aorta proximnal foi substituída e nos três restantes realizou-se aortoplastia. Cinco pacientes (11%) tiveram morte hospitalar, três por baixo débito, um por sangramento e um por complicação neurológica. Dois pacientes (4%) apresentaram morte tardia. O seguimento dos 37 sobreviventes variou de dois a 108 meses, com média de 18: 78% estavam em classe I e os demais em classe II. Dois pacientes que tiveram a valva preservada apresentaram insuficiência aórtica discreta. Três doentes que receberam válvula biológica necessitaram reoperaçáo tardiamente, por disfunção da válvula. Um doente submetido, inicialmente, a aortoplastia e plástica valvar apresentou redissecção e insuficiência aórtica após 60 meses, sendo reoperado pela técnica de Bentall. No estudo com curva atuarial de sobrevida notamos que os pacientes submetidos a plástica valvar tiveram maior sobrevida. Podemos concluir que: 1) a suspensão valvar é uma técnica satisfatória em pacientes com dissecções crônicas da aorta, com baixa mortalidade e menor índice de complicações a médio prazo do que a substituição valvar; 2) a identificação do mecanismno da insuficiência valvar é fundamental para decisão da tática operatória; 3) o uso da cola biológica facilita o manuseio da aorta e pode diminuir o sangramento intra-operatório; 4) quando é necessária a substituição valvar tem-se preferido empregar prótese mecânica dada a maior dificuldade técnica na reoperaçáo nesses pacientes; 5) a aortoplastia não deve ser utilizada devido à alta incidência de redissecção aórtica.

Ano

1990

Creators

Pêgo-Fernandes,Paulo M Stolf,Noedir A. G Fontes,Ronaldo D Verginelli,Geraldo Jatene,Adib D

Aneurisma do átrio direito associado à hidropisia fetal: diagnóstico por ecocardiografia fetal

Os aneurismas de átrio direito são entidades raramente relatadas na prática cardiológica, especialmente em vida intra-uterina, e podendo ser confundidos com derrame pericárdico e anomalia de Ebstein da valva tricúspide. Apresentamos revisão da literatura e ilustramos com caso de diagnóstico pré-natal de aneurisma de átrio direito cursando com sinais de hidropisia.

Ano

2005

Creators

Barberato,Marcia Ferreira Alves Barberato,Silvio Henrique Gomes,Cláudio Correa Costa,Sérgio Luis Krawiec,Alfred

Miocardiopatia preponderante de ventrículo direito por miocardite prévia ou por displasia arritmogênica?

É relatado o caso clínico de um paciente do sexo masculino com 10 anos de idade, cuja miocardiopatia dilatada e preponderante de ventrículo direito apresenta dificuldades diagnósticas entre a etiologia de miocardite prévia e a displasia arritmogênica. Como os elementos não são patognomônicos de uma ou de outra causa, a elevação de enzimas cardíacas na fase subaguda talvez incline para a suposição de miocardite prévia. Daí, o questionamento de que muitos casos rotulados como displasia arritmogênica poderem, verdadeiramente, corresponder à possibilidade de miocardite evolutiva. A controvertida conduta clínica é discutida.

Ano

2005

Creators

Atik,Edmar Rochitte,Carlos Eduardo Ávila,Luis Francisco R. de Kajita,Luiz J. Palhares,Renata Bacic