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A concepção de infância na literatura infantil
A construção da idéia de infância que, a partir do século XVI, conheceu uma importante mudança, ou seja, a consideração pelo adulto da especificidadeda criança, acabou por aprisioná-la nessa fase de desenvolvimento. A partirdo século XIX, a cumplicidade entre o artesão anônimo e a criança desapareceu: escritores e ilustradores dirigiram-se cada vez mais à criança por meio da mediação ilegítima das suas próprias preocupações, das modas predominantes e dos discursos pedagógicos. Todo esse arsenal pedagógico,bastante útil para o mercado editorial e a indústria cultural do brinquedo, pode colocar-se como obstáculo entre a criança e o mundo a ser explorado, experimentado, justamente por dificultar a capacidade imaginativa. Este artigo propõe algumas perguntas que só poderão ser respondidas empiricamente, por meio da análise de livros produzidos para o público infantil.
2006
Wenzel, Maria Cristina Rosa Batista, Sueli Soares dos Santos
Perspectivas ocidentais sobre um filme do Oriente: Nenhum a menos
Análise estrutural do filme Nenhum a menos, do diretor Zhang Yimou,baseada em diferentes autores que, como Giambattista Vico, Sigmund Freud, Claude Lévi-Strauss e Christian Metz, consideram o cinema como espaço de produção de mitos contemporâneos. Assim, buscando as oposições que o filme propõe – cidade/campo, criança/adulto, carência/prosperidade,escrita/imagem televisiva – a autora disserta a respeito das contradições domundo atual, e dos questionamentos que trazem à educação.
O papel do imaginário na construção da identidade
A cidade de Guarulhos apresenta uma dificuldade na construção de sua identidade histórica. Um novo enfoque sobre o papel do imaginário na construção da identidade é a proposta deste trabalho. Este estudo elege o mito fundador da cidade de Guarulhos como tema para o projeto de intervenção no Arquivo Histórico, que tem procurado construir formasde resgate, preservação e divulgação da memória do município através da comunicação. A partir da análise das transformações dos processos comunicacionais da contemporaneidade, este trabalho tem como objetivo materializar a construção da identidade da cidade com uma propostade comunicação que privilegie o cotidiano, no qual se manifestam tanto a consciência social quanto a consciência estética.
A música para crianças da dupla Palavra Cantada
A dupla Paulo Tatit e Sandra Peres, da Palavra Cantada, soma dez anosde carreira e a conquista de um espaço para a música infantil de qualidade, consolidada por um selo independente e com um portfólio composto de clássicos como Canções de ninar, Canções de brincar, Cantigas de roda, Canções curiosas, Meu neném, Canções do Brasil, Pé com pé, entre outros. Paulo Tatit e Sandra Peres cantam e encantam as crianças ao mostrarema força da inovação criativa e da cultura popular em músicas infantis. Elescomentam também a opção pela independência na indústria fonográfi ca e a relação desejada entre a produção artística e a divulgação da obra. Falam, ainda, como as escolas podem construir uma relação diferente com a música para ampliar o conhecimento e a cultura de seus alunos.
Fale com eles: mídia jovem e visibilidade juvenil
A crítica proposta apresenta de modo sintético possíveis operadores conceituais para a análise da mídia jovem, focando especificamente sua inserção emprocessos sociais e culturais de visualidade e visibilidade. Discute, em um estudo de caso específi co, como a dinâmica midiática, de um ponto de vista formal e no modo como agencia seus conteúdos, interage e interfere na produção imaginária do jovem e do juvenil.
2006
Rocha, Rosamaria Luiza de Melo
O que é a montagem num filme?
Neste depoimento, a montadora Mirella Martinelli conta como surgiu o interesse por fazer cinema, ainda na adolescência. Lembra-se dos clássicos que marcaram sua visão de mundo e de toda uma geração, e que fazem parte de sua formação como cineasta. Foi isso que a levou a desejar seexpressar através da sucessão de imagens, de cenas, do drama de personagens fictícios. Descobriu que isso tinha uma função específica: a montagem. Mirella nomeia três pontos básicos para o leitor desvendar o trabalho do montador: o que é um plano, o que é uma cena e uma seqüência e, por último, a informação de que um filme não é filmado na sua ordem histórica. Tudo para que o leitor possa compreender o que um montador pode fazer por um fi lme. Exemplifi ca o depoimento com trabalhos recentes e conhecidos do público, como Contra todos, Extremo Sul e Terra do mar.
Comunicação, educação e mídia. Por um ensino motivador e alegre: estudo de caso da EE Godofredo Furtado
Com base nos pressupostos da educomunicação, aprendidos no curso deGestão da Comunicação da ECA/USP, a autora defende, através de pesquisa realizada na escola onde leciona, o uso dos meios de comunicação na prática educativa. Para desenvolver um projeto de intervenção com esse objetivo, realizou pesquisa de consumo midiático entre os alunos.
Casa das Rosas: resistência poética no caos paulistano
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2006
Barbosa, Frederico Correia, Donny
Imagem para pensar histórias
Alguns marcos tornaram-se verdadeiros ícones da história da humanidade, como o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. A atividade pretende uma reflexão sobre o filme 11 de setembro. Onze minutos, nove segundos e uma imagem, baseado na idéia original de Alain Brigand, em que 11 diretores consagrados foram convidados para contar histórias de 11 minutos e nove segundos relacionadas com os atentados de 11 de setembro de 2001. Os olhares dos cineastas que o realizaram revelam acontecimentos e histórias de povos que dificilmente compõem o repertório de sala de aula, como do Afeganistão, do Paquistão, da Bósnia-Herzegóvina, do Chile e de Burkina Fasso.
2006
Magno, Maria Ignês Carlos
Atividades com Comunicação & Educação Ano XI, N. 1
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Editorial
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2006
Costa, Maria Cristina Castilho Citelli, Adílson Odair
Educação, telenovela e crítica
A autora propõe questionamentos sobre os fatores capazes de justificar aomissão da escola com relação ao gênero telenovela, sabendo-se que afeta não só a expressiva parcela da população brasileira que a assiste, mas atinge indiretamente todos os outros segmentos, uma vez que mecanismos de repercussão a difundem para toda a sociedade. Observa que ignorá-la, quando se objetiva trabalhar a comunicação e a cultura, equivale a fugir não de uma ficção sem nobreza para entrar no espaço da educação formal, porém desprezar um elemento, um componente significativo na constituição da própria realidade. Avalia que descobri-la como espaço educativo é o grande desafio. Espaço que deve ser construído pelos educadores através da análise e crítica do produto.
A teoria do valor de Marx e a educação do gosto
O objetivo deste trabalho é propor uma crítica ao caráter não-democráticoda indústria cultural e da educação formal em geral, à luz da teoria do valor de Marx, de modo a identificar certa operacionalidade complementar de ambas as instâncias na perpetuação da cisão entre prazer e conhecimento, que a noção de gosto carrega. O fio condutor dessa reflexão, que tem por objeto a subordinação do gosto à economia, começa com uma análiseda cisão na própria etimologia do termo gosto; em seguida, uma breve história da mercantilização da música deverá ilustrar a forma como tal subordinação tem ocorrido. A escolha da música como exemplo deveseao fato de se tratar do único objeto de prazer e conhecimento massificado pela indústria cultural que já existia antes de sua emergência, o que nos fornece uma boa referência para a compreensão do processo histórico mais amplo da subordinação do gosto às leis de ferro do valor.
Perfis: modos de inserção de jornais televisivos
Este trabalho procura mostrar, por meio da observação de incidências temáticas e da diversidade de fontes, perfis de jornais televisivos. Emissões brasileiras,Jornal Nacional, Jornal da Record e Jornal da Cultura, são a base sobre a qual se desenvolveu este estudo.
Uma proposta para a leitura crítica dos videogames
O objetivo do texto é discutir as possibilidades do uso de videogames em ambientes educacionais. Com temáticas complexas inseridas em jogos cadavez mais elaborados graficamente e com narrativas ricas, cabe um novo olhar sobre esse tipo de entretenimento, responsável por um mercado crescente mundialmente. Enquanto os alunos jogam com freqüência em casa ou em LAN houses, esses jogos são absolutamente negligenciados dentro das instituições de ensino. A proposta, nesse caso, é levar os jogos à sala de aula como fonte de discussão para algumas disciplinas.
Apropriações melodramáticas: o caso Pedrinho no Jornal Nacional e em Senhora do Destino
A cobertura do caso Pedrinho pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, incorporou elementos melodramáticos, definindo para o espectador o embate entre o bem (os pais biológicos do adolescente) e o mal (a mulher que o raptou ainda bebê da maternidade). Tais elementos foram usados por Aguinaldo Silva na construção da trama da telenovela Senhora do Destino, na mesma emissora, num jogo de espelhos de apropriações e mistura de gêneros narrativos.
2006
Junior, Walter de Sousa
O estudo das formas comunicativas como disciplinas do corpo: o caso da fotografia huichol
A autora relata e analisa experimento realizado com os huicholes, grupoindígena do México, tradicional e de forte oralidade, por meio da fotografia.Distribuindo máquinas entre estudantes e professores, analisou 2.700 fotos captadas da comunidade e organizadas por temas. A partir de um esforço interpretativo e de entrevistas nas quais os próprios jovens relatavam o que viam, pôde estabelecer comparações entre as formas de conceber figura e fundo, de compor a imagem e de posicionar a câmera entre esse povonão submetido aos meios de comunicação e os ocidentais, condicionados àvideocultura ou à hegemonia da imagem eletrônica. Por sua metodologia de pesquisa, centrada no enunciador, ela propõe modelos explicativos menos abrangentes e mediacentrados.
A luta contra o desemprego: os portões de fogo da atualidade
O desemprego pode ser considerado hoje a principal preocupação das famílias dos trabalhadores brasileiros. Um problema que a história do capitalismo sempre tratou como circunstancial, mas, devido a sua persistência nos últimos anos, muitos estudiosos já o consideram estrutural. Este trabalho aborda tal assunto por intermédio da Central de Trabalho e Renda, uma agência pública de emprego e renda. O objetivo principal é elaborar uma proposta de comunicação para essa entidade, que lida diariamente com o fato de que não há emprego suficiente para todos.
A arte de Elifas Andreato
O entrevistado deste número é o artista gráfico Elifas Andreato, com quem Roseli Fígaro dialoga, resgatando a trajetória de seus passos iniciais dejovem operário desenhista, sua evolução artística e orientação política, até o reconhecimento e consagração de sua arte e talento. Muitos não conhecem o artista, que optou pelas artes gráficas para não deleitar apenas as paredes das belas casas e dos museus. Começou com as pinturas do salão de festas na fábrica, migrou e expandiu-se para as capas de revistas, para as charges nos jornais alternativos, para os cartazes das peças de teatro, para as capas de discos e depois CDs da MPB, para os cenários no teatro, na televisão, para as ilustrações em livros, para as músicas e os livros infantis, tudo feito com opinião. Faz arte com respeito à vida, à liberdade e com compromisso coletivo. A camaradagem está estampada nas figurasque contam histórias, há mais de quarenta anos pintadas em cores firmes.