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Treinamento concorrente: efeito de uma sessão de treino de força em parâmetros biomecânicos da corrida

O treinamento concorrente tem por finalidade gerar concomitantemente adaptações neuromusculares e cardiovasculares. Entretanto, no melhor do nosso conhecimento, são poucos estudos que investigaram a influência de uma sessão de treino de força sobre parâmetros biomecânicos da corrida. A hipótese do presente estudo é que o treino de força influencia parâmetros biomecânicos da corrida. Desta forma, o objetivo deste estudo foi investigar as alterações nos parâmetros biomecânicos da corrida realizada após uma sessão de treino de força para membros inferiores. Foram avaliados 24 voluntários, praticantes de musculação, do sexo masculino (Idade: 29,2 ± 5,0 anos; Altura: 1,76 ± 0,04 m; Massa corporal: 86,7 ± 11,1 Kg), que utilizavam a corrida em esteira como parte de seu programa de treinamento. Os participantes foram submetidos a duas sessões experimentais: Sessão Corrida (corrida de 20 minutos) e Sessão Treinamento Concorrente (corrida de 20 minutos após uma sessão de treino de força para membros inferiores). Com uma carga entre 8 a 12 RM, os participantes realizaram os seguintes exercícios: agachamento livre, levantamento terra, Leg Press 45o e flexão plantar no Leg Press 45o. Foram realizadas 3 séries de cada exercício, com 3 minutos de intervalo entre as séries e 5 minutos entre os exercícios. A corrida foi realizada em velocidade autosselecionada (8,9 ± 1,4 km/h), previamente medida. Os parâmetros biomecânicos foram coletados, nas duas sessões experimentais, no quinto e no vigésimo minuto. Foram analisadas variáveis da força de reação do solo (FRS); variáveis espaço-temporais; cinemática angular de quadril, joelho e tornozelo; atividade eletromiográfica do reto femoral (RF), vasto lateral (VL), tibial anterior (TA), cabeça longa do bíceps femoral (BF), gastrocnêmio lateral (GL) e glúteo médio (GME); e a percepção subjetiva de esforço (PSE). O vigésimo minuto de corrida, comparado com o quinto, apresentou diminuição da frequência de passada (p=0,010; η2=0,69%), aumento do tempo de balanço (p=0,011; η 2=1,32%), aumento da máxima flexão do joelho no apoio (p=0,026; η20,41%), aumento da variação angular do joelho no apoio (p=0,020; η2=0,47%) e redução da atividade eletromiográfica de VL (p=0,004; η2=0,66%), TA (p=0,009; η2=1,61%), GL (p=0,013; η2=0,40%) e GM (p=0,012; η2=2,48%) na fase de balanço da corrida. Na corrida após a sessão do treino de força verificou-se um aumento da frequência de passada (p=0,007; η2=1,18%), redução do tempo de balanço (p=0,010; η 2=1,52%), redução da máxima flexão do joelho no apoio (p=0,009; η2=2,06%), redução da variação angular do joelho no apoio (p=0,001; η2=2,77%), redução do 1o pico (p=0,027; η2=1,05%) da FRS e do tempo para o atingir (p=0,005; η2=3,58), aumento do impulso nos 50 ms (p=0,003; η2=0,92%), aumento da taxa de desenvolvimento de força (p=0,002; η2=0,82%) e aumento da atividade eletromiográfica de VL e RF durante o apoio (p=0,043; η2=0,72%; p=0,003; η2=4,94%). Os resultados indicam que uma sessão de treino de força influencia as características biomecânicas da corrida subsequente, no entanto, parece não afetar de forma expressiva a eficiência e segurança desse movimento

Year

2020

Creators

Wilson Pereira Lima

Exercício físico atenua redução da massa livre de gordura e reverte a perda de força muscular decorrente da cirurgia bariátrica: Um ensaio clínico controlado e randomizado

A redução da força muscular oriunda da cirurgia bariátrica pode aumentar a morbidade e o risco de mortalidade independente da melhora nos fatores de risco para doenças cardiovasculares. É sabido que a intervenção cirúrgica reduz a massa muscular o que pode explicar, ao menos em parte, a perda de força. A massa muscular é regulada por um balanço entre síntese e degradação de proteínas (balanço proteico). Indivíduos com obesidade apresentam uma resistência anabólica que pode ser parcialmente atribuída à uma atenuada ativação da via da mTOR, aumentada atividade do proteassoma e conteúdo de células satélites e capilares reduzidos. O exercício físico é uma potencial estratégia para contrapor os efeitos adversos inerentes à cirurgia, porém as adaptações musculares nesta população ainda não estão elucidadas. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos do exercício físico na massa muscular, força e funcionalidade de pacientes submetidas à cirurgia bariátrica. Ademais, foi examinado os impactos da cirurgia e do exercício em mecanismos reguladores da massa muscular. Oitenta mulheres candidatas à cirurgia bariátrica foram alocadas aleatoriamente em 2 grupos: cirurgia bariátrica (RYGB) e cirurgia bariátrica mais treinamento físico (RYGB+TF). Antes (PRE), 3 (3MESES) e 9 meses (9MESES) após a cirurgia foram avaliados a força absoluta e relativa dos membros superiores e inferiores, funcionalidade (teste de \"levantar e ir\" e \"sentar e levantar\"), composição corporal (massa gorda, massa livre de gordura total e dos membros superiores e inferiores), área de secção transversa das fibras musculares tipo I e II (ASTf), conteúdo de mionúcleos, domínio mionuclear, conteúdo de capilares (CC), número de capilares por fibra (C/Fi), número de capilares por perímetro da fibra (CFPE), conteúdo de células satélites (SC), sequenciamento do RNA mensageiro (RNA-seq) e expressão de genes e proteínas relacionadas às vias de síntese e degradação de proteínas. Ademais, um grupo controle (CTRL) composto por 20 mulheres eutróficas realizou todas as avaliações a fim de gerar valores comparativos para as possíveis modificações observadas nos grupos experimentais após o período experimental. O RYGB+TF foi submetido a um programa de exercícios físicos (aeróbio e força) durante 6 meses (iniciado 3 meses após a cirurgia), enquanto o RYGB realizou apenas o tratamento médico padrão. Os dados foram analisados por intenção de tratamento utilizando uma análise de modelos mistos para medidas repetidas. Em caso do F significante, um post hoc de Tukey foi utilizado para comparações múltiplas. Para identificar potenciais efeitos da intervenção nos parâmetros de composição corporal, a diferença absoluta entre os tempos 9MESES e PRE foi calculada em cada um dos grupos experimentais e, assim, os grupos foram comparados por um teste t de Student. Para comparar os grupos experimentais no momento 9MESES com o CTRL, os valores de ASTf, capilarização, SC, força muscular e funcionalidade de cada paciente no momento 9MESES foram transformados em escores padronizados (i.e., escore Z) com os valores de média e desvio padrão do grupo CTRL como referência. Em seguida, os valores foram comparados por meio de uma análise de variância de uma via e, em caso de F significante, um post hoc de Dunnett foi realizado para comparações múltiplas. O nível de significância adotado foi de P&le;0,05. Uma redução significante da força absoluta e relativa dos membros superiores e inferiores foi observada3 meses após a cirurgia em ambos os grupos (efeito principal de tempo: P<0,05). Em contrapartida, o grupo treinado mostrou um aumento da força muscular em ambos os segmentos corporais no 9MESES em comparação ao 3MESES (todos P<0,05), enquanto o grupo não treinado não apresentou nenhuma mudança significante nesta mesma comparação (todos P<0,05). Quando comparado os grupos após à intervenção, o grupo RYGB+TF exibiu valores maiores de força absoluta em ambos os segmentos que o RYGB (todos P<0,05). O desempenho nos testes \"levantar e ir\" e \"sentar e levantar\" foi melhorado ao final do período experimental (9MESES vs. PRE) em ambos os grupos (todos P<0,05). Importantemente, o grupo treinado apresentou melhor desempenho da funcionalidade em ambos os testes que o não treinado após à intervenção (ambos P<0,05). A massa corporal, índice de massa corporal, massa gorda e massa livre de gordura diminuíram no 3MESES e 9MESES em comparação ao PRE (efeito principal de tempo: todos P<0,05). A análise dos deltas revelou que o grupo treinado atenuou a perda de massa livre de gordura total e dos membros inferiores em comparação ao grupo não treinado (ambos P<0,05). Três meses após a cirurgia bariátrica (3MESES vs. PRE) houve uma redução significante na ASTf tipo I e II em ambos os grupos (efeito principal de tempo: P<0,05). Em contrapartida, o grupo treinado mostrou incrementos na ASTf tipo I e II no 9MESES em relação ao PRE e 3MESES (todos P<0,05). Quando comparado os grupos no momento 9MESES, o grupo treinado apresentou maior ASTf tipo I e II que suas contrapartes não treinadas (ambos P<0,05). O grupo treinado aumentou o CC, C/Fi, CFPE e SC no 9MESES em comparação ao PRE e 3MESES (todos P<0,05), enquanto nenhuma mudança significante foi observada no grupo não treinado (todos P>0,05). O RNA-seq revelou que a via ubiquitin mediated proteolysis estava suprimida no grupo treinado no 9MESES em comparação ao PRE (P<0,05). Em concordância, o grupo treinado mostrou uma redução na expressão do gene Atrogin-1 (marcador de degradação proteica mediada pelo sistema ubiquitina-proteassoma) no 9MESES em comparação ao PRE e 3MESES (ambos P<0,05). Já o grupo não treinado não apresentou alterações significantes nestas mesmas análises. Ambos os grupos apresentaram redução na expressão dos genes BNIP3 e CTSL1 (ambos marcadores do sistema autofágico) e da proteína p-4E-BP1/4E-BP1 no momento 9MESES em comparação ao PRE e 3MESES (efeito principal de tempo: todos P<0,05). Por fim, o grupo treinado mostrou um perfil de expressão gênica e características musculares (i.e., diâmetro da fibra muscular, capilarização, força e funcionalidade) comparáveis ao grupo de mulheres eutróficas (CTRL) ao final do período de intervenção, enquanto o grupo não treinado ainda apresentava valores inferiores aos observados no grupo CTRL. Nossos resultados indicam que um programa de exercícios físicos atenua a redução da massa livre de gordura, reverte a perda de força muscular e promove pronunciado aumento da funcionalidade de mulheres submetidas à cirurgia bariátrica. Desta maneira, é possível sugerir que o treinamento físico sistemático deve ser inserido no tratamento pósoperatório desta população a fim de conter os efeitos adversos da cirurgia no músculo esquelético

Year

2020

Creators

Saulo dos Santos Gil

Efeitos do levantamento de peso olímpico e da pliometria no desempenho dos saltos verticais e da velocidade de corrida

O salto vertical executado com diferentes resistências externas e a velocidade de corrida são habilidades motoras consideradas determinantes para várias modalidades esportivas. Para melhorar o desempenho dessas habilidades motoras, métodos de treinamento como o levantamento de peso olímpico e seus educativos (LPO) e a pliometria (PLIO) têm sido amplamente empregados. Contudo, até o momento não está totalmente elucidado qual dos métodos de treinamento possibilita melhores resultados. Portanto, o objetivo do presente estudo foi comparar os efeitos do LPO vs. PLIO sobre o desempenho dos saltos verticais e da velocidade de corrida. Para a realização do estudo foram recrutados 45 participantes jovens, do sexo masculino e sem experiência em LPO e PLIO. A primeira etapa do estudo foi denominada como período de aprendizagem. Durante esse período, todos os participantes foram submetidos à aprendizagem dos exercícios do LPO. Com o término do período de aprendizagem, os participantes realizaram os testes pré-treinamento. Os testes pré-treinamento foram: saltos verticais sem (SJ), com contramovimento (CMJ), com contramovimento com a adição de diferentes resistências externas (40%, 60% e 80% da massa corporal), velocidade de corrida 30 m e teste de força dinâmica máxima no exercício meio-agachamento. Após os testes, os participantes foram aleatorizados em um dos três possíveis grupos (LPO, PLIO ou grupo controle (GC)) e em seguida, iniciaram o período de treinamento com duração de oito semanas (16 sessões). Ao termino do período de treinamento, foram realizados os testes pós-treinamento (mesma ordem e testes do pré-treinamento). Os resultados evidenciam melhor desempenho do SJ e CMJ para o LPO e a PLIO em relação ao GC. Contudo, quando realizado a comparação entre os métodos de treinamento, maiores aumentos foram observados para o grupo PLIO nas variáveis, altura vertical, velocidade pico e potência pico do SJ e velocidade pico e potência pico do CMJ. Os grupos LPO e PLIO também apresentaram melhores resultados para os saltos verticais com adição de 40% e 60% da massa corporal em comparação ao GC. Para o salto vertical com 80% da massa corporal apenas o grupo PLIO apresentou melhores resultados em comparação ao GC. Entretanto, entre os métodos de treinamento, maiores aumentos da altura vertical, velocidade pico e potência pico dos saltos verticais com adição de 40% e 60% da massa corporal foram observadas para a PLIO. Por fim, os métodos de treinamento possibilitaram melhor desempenho para a velocidade de corrida em relação ao GC. Novamente, maiores aumentos foram observados para o grupo PLIO nas variáveis, velocidade média das distâncias 0-5, 0-10, 0-20 e 0-30 m e potência horizontal. É importante ressaltar que as variáveis, rigidez das estruturas musculoesqueléticas durante o CMJ, teste de força dinâmica máxima no exercício meio-agachamento e comprimento do passo não foram alteradas em nenhum dos três grupos. Como conclusão, os resultados do presente estudo indicam a superioridade da PLIO em relação ao LPO no desempenho dos saltos verticais e velocidade de corrida

Year

2020

Creators

Ricardo Paes de Barros Berton

Papel do microRNA-146a e seu gene alvo vasorina no remodelamento da artéria carótida após lesão por cateter balão: efeito terapêutico do treinamento físico aeróbico

A reestenose é uma resposta fibroproliferativa que acontece na parede dos vasos após uma lesão mecânica, geralmente seguida do procedimento de angioplastia, ocasionando obstrução vascular. O remodelamento do vaso, causado pela lesão mecânica, ocasiona proliferação, crescimento e migração das células do músculo liso vascular (CMLV, do inglês Vascular Smooth Muscles Cells) da camada média para a camada íntima, acompanhado por fibrose, acarretando neoíntima e estreitamento do lúmen vascular. O papel dos microRNAs (miRNAs) vêm sendo amplamente estudados na lesão vascular, haja vista que apresentam um grande potencial terapêutico para o tratamento de doenças. O miRNA-146a tem ganhado destaque nas doenças fibroproliferativa, uma vez que este regula genes alvos envolvidos no remodelamento vascular. O treinamento físico (TF) apresenta-se como um importante modulador da expressão de miRNAs, sendo considerado uma terapia não farmacológica para o tratamento de doenças cardiovasculares (DCVs) pela sua capacidade de induzir diversas adaptações benéficas. Diante desse cenário, nosso objetivo foi avaliar a linha temporal da reestenose e verificar o papel terapêutico do TF aeróbico na regressão da formação da neoíntima, diminuindo a expressão do miRNA-146a e aumentando a expressão de seu alvo vasorina (VASN) no controle da reestenose e também avaliar mecanismos moleculares relacionados com o aumento da neoíntima vascular como: TGF-&beta; (Transforming Growth Factor Beta), PCNA (índice de proliferação do inglês Proliferating Cell Nuclear Antigen), ADAM-17 (metaloprotease 17), NF-&kappa;&beta; (Nuclear Factor Kappa Beta) e KLF4 (Krüppel-Like Factor 4). Para isso, utilizamos um protocolo de TF aeróbico (natação) de moderada intensidade, com quatro grupos experimentais de ratos Wistar: lesionado com cateter balão treinado (LT), sham treinado (ST) e seus respectivos controles lesionado sedentário (LS) e Sham sedentário (SS). Foi possível observar que a um aumento na capacidade física dos animais que passaram pelo protocolo de TF de natação, assim como uma manutenção da massa corporal e da pressão arterial sistólica e média. Também foi possível observar que o TF foi capaz de prevenir a formação exacerbada de neoíntima vascular e capaz de manter o diâmetro do lúmen. Em relação aos mecanismos moleculares envolvidos na prevenção da neoíntima foi observado que o TF aeróbico modula o miRNA 146a, onde houve uma redução do mesmo. Observamos que houve um aumento da expressão gênica e proteica da VASN. Isso nos leva a entender que o TF foi capaz de prevenir a reestenose por meio do aumento da expressão da VASN que por sua vez inibe diretamente a ativação da cascata inflamatória que começa com ativação do TGF-&beta; e que ativa diversas citocinas inflamatórias. Tornando viável o TF aeróbico para a prevenção de exacerbada formação de neoíntima vascular

Year

2020

Creators

Noemy Pinto Pereira

Efeito do volume de treinamento de força sobre a variabilidade da hipertrofia muscular em idosos

O envelhecimento está associado ao declínio da massa muscular esquelética e, consequentemente, a reduções nos níveis de funcionalidade. Nesse contexto, o treinamento de força (TF) é um potente estímulo para o aumento da massa muscular nessa população. Entretanto, a magnitude da hipertrofia ao TF é heterogênea, variando desde indivíduos que não apresentam aumentos significativos de massa muscular (i.e., pouco-responsivos) até aqueles com ganhos expressivos (i.e., muito-responsivos). Sugere-se que essa a variabilidade esteja associada a um estímulo insuficiente e/ou inadequado de exercício, e não à incapacidade para adaptar-se ao exercício. Assim, o presente estudo investigou se a variabilidade inter-indivíduos da resposta hipertrófica ao TF em idosos é afetada pela manipulação do volume da sessão. Adicionalmente, se investigou o efeito da manipulação do volume de TF sobre marcadores moleculares relacionados à responsividade, i.e., expressão total das proteínas UBF, Frizzled-1, c-Myc, rpL3 e TRIM24, associadas à regulação da biogênese ribossomal. O desenho experimental foi composto de 10 semanas de TF (2 sessõe&#9679;ssemana-1) no exercício cadeira extensora unilateral. Cada uma das pernas de um determinado indivíduo foi aleatoriamente alocada, considerando a dominância, em um dos dois modelos de treino a serem testados: 1) uma única série de 8-15 repetições máximas e; 2) quatro séries de 8-15 repetições máximas. Antes e após o período de intervenção, os voluntários foram submetidos a um exame de imagem por ressonância magnética, teste de uma repetição máxima e biópsias musculares (vasto lateral). Os principais resultados demonstraram que manipulações do volume de TF aumentam a magnitude da resposta hipertrófica e diminuem em ~80% o número de indivíduos pouco-responsivos ao TF. Para as vias de regulação da biogênese ribossomal, observou-se aumentos na expressão das proteínas rpL3 e Frizzled-1 e uma tendência de aumento para a UBF. Essas respostas foram acompanhas por um aumento da concentração total de RNA no músculo esquelético, favorecendo o protocolo de TF com maior volume. O presente trabalho demonstrou que existe uma alta variabilidade da resposta hipertrófica em resposta ao TF em idosos; entretanto, essa resposta pode ser modulada pela manipulação do volume de TF. Especificamente, observou-se um aumento tanto da magnitude da resposta hipertrófica quanto uma diminuição do número de indivíduos pouco-responsivos ao TF em função do aumento do volume de treinamento. Essa resposta foi parcialmente acompanhada por aumentos na regulação de vias relacionadas a biogênese de ribossomos bem como aumentos da concentração total de RNA. Dessa maneira, sugere-se que a prescrição do TF em idosos, em especial ao que diz respeito ao volume de exercício, seja realizada de maneira individualizada, para que, assim, se otimize os ganhos de massa muscular nessa população.

Year

2020

Creators

Manoel Emílio Lixandrão

Comportamento da capacidade aeróbia em pacientes com doença arterial coronariana participantes de um programa de reabilitação cardiovascular baseada em exercício físico ao longo de 10 anos

A doença arterial coronariana (DAC), é considerada a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Por outro lado, a reabilitação cardiovascular (RC) baseada em exercício físico é uma ferramenta terapêutica adjuvante importante no tratamento da DAC. Os benefícios da RC a curto e médio prazo já foram demonstrados, destacando-se a melhora da capacidade aeróbia (consumo máximo de oxigênio, VO2máx) e auxílio no controle dos fatores de risco cardiovasculares. Porém, não é bem documentado se esses benefícios se mantém por um longo período de RC. Objetivo: Avaliar o comportamento do VO2máx e dos principais fatores de risco cardiovasculares ao longo de 10 anos de participação em um programa de RC baseada em exercício em pacientes com DAC. Métodos: Foram analisados retrospectivamente prontuários de pacientes com DAC, participantes do programa de RC do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O desfecho principal foi o comportamento do VO2máx, bem como, sua resposta em subgrupos de pacientes que realizaram 1, 3, 5 e 10 anos de RC. Os desfechos secundários foram: peso, índice de massa corporal (IMC), pressão arterial (PA) de repouso, lípides sanguíneos e glicemia de jejum. O modelo misto generalizado foi utilizado para a análise estatística longitudinal do VO2máx. O teste t de \"Student\" foi utilizado nos subgrupos para a comparação das variáveis: VO2máx estimado e medido diretamente, % do VO2 predito para idade e sexo, e para os desfechos secundários pré e pós RC. Foi considerada diferença significativa p<0,05. Resultados: Na análise longitudinal, o VO2máx aumentou a partir dos 3 meses de RC e parte deste ganho inicial foi mantido até 10 anos de RC. Na análise do tempo de RC por subgrupos de pacientes, tanto o VO2máx estimado como o medido diretamente aumentaram significativamente após 1, 3 e 5 anos de RC em relação ao pré e manteve-se semelhante ao pré após 10 anos de RC. A % do VO2máx predito para idade e sexo aumentou (p<0,05) em todos os tempos de RC analisados. A PA diastólica reduziu em todos os tempos de RC analisados (p<0,05). Já, a PA sistólica reduziu após 1 e 10 anos de RC (p<0,05) e a PA média reduziu após 1, 5 e 10 anos de RC (p<0,05). O HDL-colesterol aumentou em todos os tempos de RC analisados (p<0,05) e o colesterol total, LDL-colesterol e TG reduziram após 10 anos de RC (p<0,05 para todos). O peso corporal, o IMC e a glicemia de jejum foram mantidos semelhantes ao período pré em todos os tempos de RC analisados. Conclusão: Em pacientes com DAC, a participação continuada em programa de RC baseado em exercício físico promoveu aumento inicial da capacidade aeróbia, o qual foi sustentado parcialmente até 10 anos; melhora da PA e do perfil lipídico e; manutenção do peso corporal e da glicemia de jejum. Esses resultados sugerem que a continuidade da participação em um programa de RC baseado em exercício físico por longos períodos é eficaz na manutenção dos benefícios alcançados na fase inicial

Year

2020

Creators

Mayara Alves dos Santos

Efeito do treinamento com diferentes intensidades do exercício \"hang power clean\" no desempenho motor e na potência muscular de jogadoras de handebol

O desenvolvimento da potência muscular e das habilidades motoras como salto vertical, velocidade de corrida e agilidade é fundamental para um bom desempenho nas modalidades esportivas coletivas, dentre elas o handebol. Os exercícios do levantamento de peso olímpico (LPO), dentre eles o hang power clean (HPC), têm sido comumente utilizados para esta finalidade; porém, pouco se sabe a respeito do efeito de diferentes intensidades de treinamento com o HPC sobre o desempenho motor de atletas. Desta forma, o objetivo do estudo foi investigar o efeito de dois protocolos de treinamento com 50% e 90% 1RM no exercício HPC nos ganhos de potência muscular dos membros inferiores, na altura do salto vertical, na velocidade de corrida, na mudança de direção e na força dinâmica máxima de jogadoras de handebol. Dezesseis atletas das categorias júnior e adulto foram divididas em dois grupos (LPO50 e LPO90; 50% e 90% 1RM, respectivamente) e submetidas a 15 sessões de treinamento durante sete semanas. Testes de potência muscular dos membros inferiores, altura do salto vertical sem e com contra-movimento (SJ e CMJ, respectivamente), velocidade de corrida, mudança de direção e força dinâmica máxima (1RM) nos exercícios meio-agachamento e HPC foram realizados pré- e pós-treinamento. Após o período de treinamento foi observado aumento significante da potência de membros inferiores no CMJ com 40% da massa corporal (MC) somente para o grupo LPO90, enquanto nenhuma alteração significante ocorreu no CMJ 60% e 80% MC para ambos os grupos. Não foram observadas alterações significantes na altura dos saltos verticais (SJ, CMJ e CMJ com diferentes sobrecargas externas) para os dois grupos; porém, a velocidade de corrida nas distâncias 0-5, 0-20 e 0-30m aumentou de forma significante e semelhante entre LPO50 e LPO90. Houve diminuição significante no desempenho da mudança de direção no teste T-40 para ambos os grupos. A 1RM no exercício HPC aumentou para os dois grupos enquanto nenhuma alteração significante foi observada para o exercício meio-agachamento. Assim, após 15 sessões de treinamento com HPC em diferentes intensidades (50% vs. 90% 1RM), pode-se afirmar que a utilização de menores intensidades promoveu adaptações positivas muito similares à utilização de maiores intensidades na velocidade de corrida e na força dinâmica máxima no exercício HPC, em jogadoras de handebol

Year

2019

Creators

Claudio Machado Pinto e Silva

Efeito de 10 semanas de treinamento físico aeróbio sobre a microbiota intestinal de homens adultos jovens e sedentários

A microbiota intestinal (MI) é formada por milhões de microrganismos presentes no trato gastrointestinal, especialmente no cólon. Recentemente, estudos tem sugerido que o treinamento físico aeróbio pode modificar a composição desta MI, por exemplo, aumentando a abundância de bactérias comensais, as quais positivamente influenciam o organismo do hospedeiro. Entretanto, algumas lacunas existem: estudos foram realizados majoritariamente em animais e estes apresentaram associação com outros modelos de dietas e doenças; em humanos, estudos observacionais não apontaram causalidade do treinamento físico e os poucos estudos com intervenção possuíam influência de outras variáveis, as quais estiveram associadas com tais mudanças. Assim, dificulta isolar e compreender o efeito do treinamento físico sobre a MI humana. Portanto, a partir de um delineamento controlado, o objetivo desse estudo foi investigar o efeito do treinamento físico aeróbio realizado em intensidade moderada sobre a composição da microbiota intestinal em humanos. Para isso, foram recrutados homens sedentários, entre 18 a 40 anos, universitários, com padrões alimentares semelhantes, não obesos e com ausência de quaisquer doenças, os quais foram randomizados em grupo controle (GC) e grupo treino (GT). Todos passaram pelas seguintes coletas: aplicação de questionários, coleta de sangue e fezes, avaliação da composição corporal e teste de esforço progressivo máximo, no pré- e pós-intervenção. Os voluntários do GT foram treinados em bicicletas ergométricas por 10 semanas (3x/semana; 50 minutos/dia; 60-65% VO2pico). A análise dos dados referentes à microbiota intestinal foram processados pelo software QIIME 2.0, as análises estatísticas foram realizadas pelo QIIME 2.0 e visualizadas no site do QIIME (https://view.qiime2.org/). Outras análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS versão 25 por meio de análise de variância com medidas repetidas, utilizando \"grupo\" e \"tempo\" como fatores ou pelo teste Kruskal-Wallis. O nível de significância foi p<0,05. Após 10 semanas de intervenção houve aumento significante da capacidade aeróbia nos voluntários treinados, a qual promoveu aumento significante da família Lachnospiraceae e das espécies Roseburia sp. e Bacteroides ovatus. Em contrapartida houve redução do gênero Faecalibacterium e das espécies Lachnospira sp e Bilophila sp. Não foram detectadas diferenças nos índices de \'alfa\' e \'beta\' diversidade. Após o treinamento físico, o GT apresentou maior abundância de bactérias comensais em comparação ao GC, tais como, Faecalibacterium, Roseburia, Lachnospira e Akkermansia, enquanto que o GC apresentou aumento de bactérias ligadas à obesidade. A \'alfa\' diversidade, bem como, a abundância relativa da família Lachnospiraceae e do gênero Akkermansia se mostraram positivamente associados ao VO2pico. Deste modo, conclui-se que 10 semanas de treinamento físico foi eficiente em modificar a composição da MI em homens sedentários e minizar possíveis interferências negativas do comportamento sedentário

Year

2019

Creators

Ayane de Sá Resende

Jogos de realidade virtual em indivíduos pós-acidente vascular cerebral: respostas fisiológicas agudas e sua reprodutibilidade

Os jogos de realidade virtual (JRV) são utilizados como estratégia complementar de reabilitação motora em indivíduos pós-acidente vascular cerebral (AVC). Porém, o impacto cardiovascular e metabólico desses jogos foi pouco investigado, o que é essencial para uma reabilitação completa. Com esse intuito, este estudo avaliou as respostas de frequência cardíaca (FC) e consumo de oxigênio (VO2) durante os JRV, comparando-as ao limiar anaeróbio (Lan) e ao ponto de compensação respiratória (PCR) e calculando o gasto energético (GE). Além disso, investigou-se as respostas da FC, pressão arterial (PA) e duplo produto (DP) no período pós-JRV e a reprodutibilidade de todas as respostas aos JRV. Para tanto, 12 indivíduos (84% homens, 56±12 anos) em fase crônica após um único AVC participaram, em ordem aleatória, de três sessões experimentais, sendo duas delas de JRV e uma controle. Nas sessões de JRV, os indivíduos foram submetidos a 4 blocos de jogos intercalados por 2 min de pausa; cada bloco foi composto por 3 min do jogo Tênis de Mesa, seguidos de 1 min de pausa e 4 min do jogo Boxe (Xbox360+Kinect). Na sessão controle, os indivíduos assistiram a um filme sentados por 38 min. A FC e o VO2 foram continuamente medidos durante as sessões, e a PA e FC foram medidas antes e aos 15 e 30 min após as intervenções. O GE foi calculado a partir do VO2. As respostas de FC e VO2 nos JRV tiveram boa reprodutibilidade (coeficiente de correlação intraclasse > 0,75 e baixo erro médio da medida). Os valores de FC medidos durante os JRV foram semelhantes ao Lan e significantemente inferiores ao PCR, com mais de 50% dos indivíduos apresentando FC abaixo do Lan em todos os JRV. O VO2 medido durante os JRV foi significantemente menor que o Lan e o PCR, com mais de 75% dos indivíduos com VO2 abaixo do Lan em todos os jogos. O GE médio da sessão de JRV foi de ? 4,6±0,1 kcal/min, totalizando 169±11 kcal. Após a sessão de JRV, a PA não se modificou, a FC e o DP permaneceram aumentados por 30 min. Conclui-se que, em indivíduos pós-AVC, a sessão de JRV proposta promoveu respostas fisiológicas reprodutíveis, que corresponderam a uma intensidade próxima e abaixo do Lan, gerando um GE médio de cerca de 4 kcal/min (3 METS) e mantendo o trabalho cardíaco aumentado por até 30 min após a sessão

Year

2017

Creators

Julio Cesar Silva de Sousa

Efeitos de programas de exercícios físicos com diferentes níveis de complexidade da tarefa motora na função cognitiva, funcionalidade e parâmetros de marcha de idosos

O exercício físico aeróbio contínuo realizado por 6 meses ou mais promove aumento do volume encefálico em idosos saudáveis, porém evidências apontam que exercícios que envolvam maiores demandas de processos de atenção e memória e tenham presente na sua execução maior dificuldade motora (exercício com elevada complexidade da tarefa motora) também apresentam potencial para aumento do volume encefálico. Para investigar um possível efeito aditivo dos exercícios aeróbio e de elevada complexidade da tarefa motora, 45 idosos (66±3 anos), cognitivamente saudáveis (Mini exame estado mental 27±2) participaram de um ensaio clínico randomizado (registro brasileiro de ensaios clínicos RBR-8zjf6b) com 24 sessões (3 meses) de treinamento em dias não consecutivos. Estes foram randomizados em 3 grupos de exercício físico aeróbio, sendo: com baixa complexidade da tarefa motora (BCM), com elevada complexidade da tarefa motora (ECM) e com elevada complexidade da tarefa motora combinado com exergames (ECMEG). Avalições no momento inicial e após 12 semanas (3 meses) foram realizadas considerando variáveis de: (1) função cognitiva [volume encefálico (ressonância magnética); concentração do fator neurotrófico derivado do cérebro - BDNF (amostra sanguínea); avaliações de função cognitiva (Memória - Teste de aprendizagem auditivoverbal de Rey - RAVLT, Função Executiva - Trail Making Test A e B (TMT-A e B), Velocidade de Processamento - Digit Symbol substituition; Cognição global - Avaliação Cognitiva de Montreal (MoCA) e bateria de avaliação frontal (FAB)]; (2) funcionalidade [Força de preensão manual, teste de sentar e levantar, Time Up and Go teste (TUG), Time Up and Go cognitive teste (TUGcog) e VO2 pico)]; e (3) parâmetros de marcha (número de passos, tempo, cadência, velocidade, comprimento da passada). Os resultados demonstram que, na análise de modelo misto não foram observados efeitos significantes (interação grupo x tempo) no desfecho primário - volume do lobo frontal (p= 0,23), bem como em nenhum dos desfechos secundários, o que significa que não há diferença entre os três tipos de intervenção. Porém, efeitos principais de tempo foram observados, nos desfechos: substância branca cerebelar lado direito (p =0,02), cerebelo total (p=0,01), cerebelo lado direito (p=0,01); BDNF (=<0,01); TMT-A (p=0,01), STROOP A (p=0,01), STROOP B (p=0,01), FAB (p=0,01); força de preensão manual (p=0,03), teste de sentar e levantar (p=0,01), TUG (p=0,01), TUGcog (p=0,01), VO2 pico (p=0,01); variáveis de marcha nas condições: a) caminhada tarefa simples [tempo (p = 0,02), cadência (p = 0,02) e velocidade (p = 0,04); b) caminhada tarefa dupla (palavras) [(tempo (p = 0,02), cadência (p = 0,01), velocidade (p = 0,01)] e c) caminhada tarefa dupla (cálculos) [tempo (p = 0,01), cálculos corretos (p = 0,01), cadência (p = 0,01) e velocidade (p = 0,04)], o que demonstra que apesar de não haver diferenças entre os três grupos, considerando os momentos pré e pós intervenção existem diferenças entre os tempos. Na análise de magnitude de efeito, observou-se TE sem que o IC tocasse o zero favor do grupo BCM em 10 variáveis, a favor do grupo ECM em 13 variáveis e do grupo ECMEG em 10 variáveis, sendo que no grupo ECMEG foi observado tendência de mudança nas variáveis de volume encefálico: substância cerebelar lado direito, cerebelo total e cerebelo lado direito. Desta forma, foi demonstrado que exercícios aeróbios com maiores níveis de complexidade da tarefa motora (ECM ou ECMEG) não se diferenciam do exercício de BCM quanto as mudanças proporcionadas à idosos, porém ambos os grupos melhoram as variáveis destacadas, com tendência a mudança no volume das estruturas encefálicas citadas a favor do grupo ECMEG

Year

2019

Creators

Lucas Melo Neves

Análise biomecânica do chute frontal Mae geri: cinemática, cinética e transferência de energia entre os segmentos

Introdução: No Karatê o chute frontal Mae geri é considerado uma técnica de simples execução, porém muito eficiente e muito utilizada em competições. Os fundamentos do Karatê descrevem que o melhor desempenho do chute será alcançado quando as forças de todas as partes do corpo forem utilizadas simultaneamente, do centro do corpo para as extremidades, o que parece ser suportado pelo princípio biomecânico de coordenação de impulsos parciais. Para que o chute seja eficiente e atinja a máxima velocidade, a transferência de energia mecânica entre os segmentos deve acontecer de tal maneira que os segmentos envolvidos no golpe se movimentem dentro de uma sequência no sentido proximal-distal. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo geral avaliar parâmetros cinemáticos e cinéticos do Mae geri para compreender a dinâmica do golpe realizado por caratecas de diferentes níveis de treinamento. Método: Doze caratecas do grupo faixa preta (12,75 ± 8,91 anos de prática) e sete caratecas do grupo faixa branca (1,18 ± 0,88 anos de prática) executaram o Mae geri. Com os dados de cinemática dos segmentos (pelve, coxa, perna e pé) do membro inferior de ataque e de força de reação do solo foram calculadas as velocidades lineares, velocidades angulares, os torques, as potências e as transferências de energia entre os segmentos. Resultados: No grupo faixa preta as magnitudes de velocidade linear dos segmentos foram significativamente maiores do que no grupo faixa branca, resultando em menor duração total do golpe no grupo faixa preta. O Mae geri do grupo faixa preta é caracterizado no início do golpe por uma transferência de energia mecânica dos segmentos distais para os segmentos proximais de todas articulações analisadas (quadril, joelho e tornozelo), com maior magnitude de energia mecânica sendo transferida do pé para a perna, ainda com o pé no chão. Após tirar o pé de ataque do chão, a transferência de energia mecânica da coxa para a pelve apresenta um aumento de magnitude. No último terço do golpe, há uma transferência de energia mecânica da perna para a coxa na articulação do joelho e da perna para o pé na articulação do tornozelo. O grupo faixa branca tem um comportamento diferente de transferência de energia mecânica entre os segmentos comparado ao grupo faixa preta, principalmente no último terço do golpe. Além disso, magnitudes de geração de potência pelos músculos para os segmentos, de absorção de potência pelos músculos a partir dos segmentos e transferência de energia mecânica entre segmentos foram significativamente maiores no grupo faixa preta. Conclusão: Os resultados sugerem que a transferência de energia mecânica entre os segmentos permite que caratecas faixa preta executem o Mae geri de acordo com os princípios biomecânicos de coordenação dos impulsos parciais, respeitando uma sequência de movimentos no sentido proximal-distal. O nível de treinamento dos caratecas implica em diferenças no comportamento das velocidades dos segmentos e na transferência de energia entre os segmentos, o que influencia na eficiência e no desempenho do golpe

Year

2019

Creators

Rafael Soncin Ribeiro

Efeitos agudos dos alongamentos estático e dinâmico sobre as características biomecânicas da corrida

A prática do alongamento muscular é comum durante as rotinas de aquecimento para a corrida, com a crença de que tal atividade pode prevenir lesões e/ou melhorar o desempenho. Evidências experimentais indicaram que de forma aguda o alongamento estático pode prejudicar, melhorar ou não influenciar no desempenho de corridas de longas distâncias. Da mesma forma, evidenciou-se que o alongamento dinâmico pode melhorar ou não interferir no desempenho da corrida subsequente. No entanto, são escassos os dados relacionados à biomecânica da corrida em função destes estímulos. Portanto, o objetivo deste trabalho foi o de dimensionar os efeitos agudos do alongamento estático e do alongamento dinâmico sobre as variáveis biomecânicas da corrida relacionadas ao desempenho e à sobrecarga mecânica externa. 32 corredores amadores participaram do estudo (20 homens e 12 mulheres; 31,5 ± 4,9 anos; 1,7 ± 0,1 metros; 68 ± 10,8 kg). Os corredores participaram de três sessões experimentais para a avaliação biomecânica durante 15 minutos de corrida em esteira numa velocidade constante. A velocidade de corrida foi individualizada e correspondente à velocidade média da última prova de 10 km de cada participante. Foram feitas aquisições do comportamento da força de reação do solo no eixo vertical (esteira Mercury® Med, H/P/Cosmos Sports & Medical GMB) e da atividade muscular (TeleMyoDTS) do reto femoral, do vasto lateral, do bíceps femoral, do gastrocnemio lateral e do tibial anterior, bem como de parâmetros espaço temporais como o tempo de apoio, a frequência e o comprimento de passos, em quatro momentos distintos: momento 1- entre 0 e 1 minuto de corrida, momento 2 - entre 4 e 5 minutos de corrida, momento 3 - entre 9 e 10 minutos de corrida e momento 4 - entre 14 e 15 minutos de corrida. Em cada sessão de avaliação, os voluntários foram submetidos a um protocolo de exercícios de alongamento distinto, sendo eles: alongamento estático para os membros inferiores, alongamento dinâmico para os membros inferiores e alongamento estático para os membros superiores. Em cada um dos dias, foram executados 5 exercícios distintos, com um volume total de estímulo de 60 segundos para cada grupamento muscular. Os resultados não evidenciaram influência significativa do alongamento estático ou do alongamento dinâmico sobre as variáveis biomecânicas da corrida avaliadas neste estudo. Observou-se somente efeitos principais de momento, evidenciando uma diminuição no primeiro pico da força de reação do solo no momento 4 em comparação com o momento 2 (p = 0,011), um aumento no comprimento e uma diminuição na frequência de passos (p < 0,05) nos momentos 3 e 4, e uma menor intensidade de atividade muscular do bíceps femoral e do gastrocnêmio lateral na fase de apoio a partir do momento 2 (p < 0,05), independentemente do tipo de exercício de alongamento utilizado. Com base nestes resultados é possível concluir que a utilização de até 60 segundos de alongamento, estático ou dinâmico, para os membros inferiores não foi capaz de influenciar significativamente o comportamento muscular e os parâmetros dinâmicos durante uma corrida na esteira em velocidade constante submáxima

Year

2019

Creators

Carlos Alberto Cardoso Filho

Influência da fonte proteica da dieta nas adaptações crônicas ao treinamento de força

A síntese proteica muscular depende da disponibilidade pós-prandial de aminoácidos essenciais para o músculo, especialmente de leucina, a qual varia de maneira importante entre diferentes fontes proteicas. Assim, diversos estudos agudos sugerem um menor potencial anabólico das proteínas vegetais vs. às proteínas animais. Contudo, se desconhecem os efeitos do consumo de proteínas exclusivamente de origem vegetal nas adaptações induzidas pelo treinamento de força. Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar o impacto da fonte proteica da dieta, comparando o consumo exclusivamente de origem vegetal vs. misto de fontes proteicas da dieta nas adaptações induzidas pelo treinamento de força, em indivíduos jovens equiparados na ingestão proteica. Dezenove (n=19) veganos (VEG 26±5 anos; 72,7±7,1 kg, 1,78±0,05 m) e dezenove (n=19) omnívoros (OMN 26±4 anos; 73,3±7,8 kg, 1,76±0,06 m) fisicamente ativos, participaram de um programa de treinamento de força duas vezes por semana para membros inferiores. O consumo proteico habitual foi determinado antes do começo do estudo através de seis recordatórios de 24-h. Logo, a proteína total foi aumentada individualmente para 1,6 g.kg-1d-1 durante a intervenção através de suplementos proteicos (VEG: proteína isolada de soja; OMN: whey protein) e monitorada através de recordatórios de 24-h a cada quatro semanas. PRÉ e PÓS 12 semanas de intervenção, foram avaliadas a massa magra de membros inferiores (MMMI, por DXA), área de secção transversa muscular (ASTm, por ultrassonografia) e das fibras (ASTf, por biópsia muscular), e a força muscular de membros inferiores (por 1-RM no leg press). Ambos os grupos atingiram a ingestão proteica alvo de 1,6 g.kg-1d-1 durante a intervenção, apresentando apenas efeito principal de tempo em relação ao PRÉ (p<0,0001). Para a MMMI (VEG: &#8710; 1,2 ± 1,0 kg; OMN: &#8710; 1,2 ± 0,8 kg), ASTm do reto femoral (VEG: &#8710; 1,0 ± 0,6 cm2; OMN: &#8710; 0,9 ± 0,5 cm2) e vasto lateral (VEG: &#8710; 2,2 ± 1,1 cm2; OMN: &#8710;2,8 ± 1,0 cm2), ASTf tipo I (VEG: &#8710;741 ± 323 &#8710;m2; OMN: &#8710;677 ± 617&#8710;m2) e tipo II (VEG: &#8710;921 ± 458 &#8710;m2; OMN: &#8710;844 ± 638 &#8710;m2) e 1-RM (VEG: &#8710;97 ± 38 kg; OMN: &#8710;117 ± 35 kg), o aumento foi significante PRÉ-PÓS intervenção em ambos os grupos (todos p<0,05), sem diferenças entre os grupos no PÓS. Como conclusão, nossos dados indicam que uma dieta contendo 1,6 g.kg-1d-1 apenas de fontes vegetais induz hipertrofia e ganho de força de maneira comparável a uma dieta contendo fontes proteicas mistas, sugerindo que a fonte proteica não é um fator determinante nas adaptações induzidas pelo treinamento de força em indivíduos não treinados quando atingem a recomendação proteica

Year

2019

Creators

Victoria María de Los Ángeles Hevia Larraín

Alterações induzidas pelo treinamento complexo nas acelerações de atletas de basquetebol e sua influência nas dinâmicas de criação de espaço

O treinamento complexo (TC) é capaz de promover melhorias na força e potência de atletas de várias modalidades esportivas. Entretanto, ainda não está bem estabelecido se tais melhorias podem afetar o desempenho técnico-tático dos atletas. Assim, o objetivo da presente Tese foi verificar se o treinamento complexo no basquetebol promove alterações significativas na potência de atletas de basquetebol, se essas alterações se refletem no aumento da aceleração dos atletas durante os jogos, e se estão associadas à eficiência na aplicação das dinâmicas de criação de espaço (DCEs). Para tal, os indivíduos da amostra composta de nove atletas da equipe de basquetebol masculino universitário da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) realizaram três sessões por semana de treinamento esportivo específico da modalidade basquetebol (técnico-tático) e treinamento complexo (força e pliometria) duas vezes por semana. Foram realizadas avaliações motoras: força dinâmica máxima de membros inferiores (uma repetição máxima), teste de agilidade (teste T modificado), salto vertical com contramovimento (SVCM - realizado no tapete de contato Jumptest Hidrofit Ltda) e acelerometria (ActiGraph GT9X); e avaliações técnico-táticas (scout de eficiência das DCEs) pré e pós-intervenção. A intervenção teve duração de oito semanas e apresentou os seguintes resultados: nas avaliações motoras, a força muscular dinâmica máxima, o teste T de agilidade e o salto vertical demonstraram aumentos significativos (p < 0,05) após o período de intervenção. Ainda, após a intervenção, observou-se aumento da aceleração no eixo x nas ações dos atletas, tanto na situação de jogo reduzido quanto para a situação de jogo formal para as DCEs: Bloqueio Direto (BD) e Corte para Espaço Aberto (CEA), mas não para a DCE Isolamento no Perímetro (IPER). Contudo, não se observou aumento estatisticamente significativo na capacidade de aceleração dos atletas no eixo x no jogo formal (5x5) e tampouco no jogo reduzido (2x2), para nenhuma das DCEs (BD, IPER e CEA). Nas avaliações técnico-táticas, houve diferença na utilização das DCEs entre as situações de jogo propostas. Sendo que as DCEs mais frequentes foram o IPER e BD, tanto na situação de jogo reduzido (2x2) quanto na situação de jogo formal (5x5). Sendo a DCE CEA a de menor frequência. Quanto à eficiência das fintas, na situação de jogo reduzido, observou-se aumento significativo do percentual de eficiência. Enquanto que na situação de jogo formal, o percentual de eficiência das fintas aumentou, embora as diferenças não tenham sido estatisticamente significativas. Na situação de jogo reduzido, houve aumento significativo do percentual de arremessos certos em todas as DCEs (BD, IPER e CEA). Já na situação de jogo formal, o percentual de arremessos certos diminuiu não apresentando significância estatística. Dessa forma, os achados do presente estudo sugerem que o treinamento complexo foi capaz de aumentar de forma significativa (p < 0,05) a aceleração no eixo médio-lateral, o percentual da eficiência das fintas e de arremessos certos em jogos reduzidos (2x2) mas não para os jogos formais (5x5)

Year

2021

Creators

Juarez Alves das Neves Junior

Avaliação da ação de pernas na natação baseada no número de Strouhal

Animais que nadam ou voam apresentam uma coordenação de movimentos similar que garante uma interação ótima de seus corpos com o escoamento gerando máxima eficiência propulsiva devido a interação dos vórtices liberados. O grupamento adimensional da mecânica dos fluidos que avalia esta coordenação é o número de Strouhal. Este estudo visa verificar se seres humanos seriam capazes de utilizar desta coordenação para nadar de forma mais rápida e eficiente. Para isso, foram analisadas as influencias antropométricas, de habilidade, desempenho, sexo e idade na possível utilização desta coordenação. Foram filmados 144 participantes de ambos os sexos, entre 12 e 53 anos e diferentes níveis de habilidade, enquanto nadavam crawl em máxima velocidade de forma livre, com limitação de velocidade e apenas com ação de pernas. Estes dados permitiram avaliar as condições do escoamento, o arrasto, o índice de coordenação, o número de Strouhal e a coordenação entre membros dos participantes. Embora as diferenças entre sexos e idades já reportadas na literatura a respeito do índice de coordenação e do arrasto tenham sido confirmadas, estas características parecem não afetar a coordenação entre membros e o número de Strouhal de forma a não influenciar o possível mecanismo propulsivo relacionado à interação dos vórtices. Nadadores mais habilidosos parecem tentar coordenar seus nados em um valor de Strouhal de aproximadamente 0,5, com um número fixo de pernadas dentro dos ciclos de braçadas e com movimentos de braços e pernas sincronizados. Esta coordenação constante parece privilegiar a ocorrência da finalização de uma pernada durante uma fase propulsiva crítica da braçada sustentando a possibilidade da interação das ações propulsivas. Quando submetidos a uma condição com limitação de velocidade os nadadores mais habilidosos buscaram alterar suas técnicas. Eles apresentaram maior amplitude de pernada, porém não foi possível determinar se isso ocorreu devido ao maior arrasto ou a uma tentativa de aumentar o número de Strouhal. O mesmo aumento da amplitude de pernada também foi observado para as condições com apenas propulsão de pernas, no entanto, para este caso, nadadores de todos os níveis identificaram a necessidade de alterar suas técnicas de pernadas. Estes resultados parecem sugerir que o aproveitamento da interação com vórtices não ocorreria em baixas velocidades e que apenas os nadadores mais habilidosos identificam a coordenação necessária para cada situação. Desta forma, o desempenho e experiência do nadador parecem constituir restritores para o aproveitamento da interação com vórtices. No entanto a partir de um determinado valor de número de Froude (velocidade normalizada pela raiz quadrada do produto entre estatura e a aceleração da gravidade), apenas a habilidade do nadador parece interferir nesta coordenação. O arrasto e as características antropométricas parecem não influenciar o número de Strouhal ou a coordenação entre membros

Year

2017

Creators

Bruno Mezencio Leal Resende

Efeitos crônicos do treinamento complexo no desempenho motor e no desempenho técnico-tático de atletas de taekwondo em competições simuladas

O treinamento complexo (TC) é uma estratégia utilizada para aumentar do desempenho motor de atletas de taekwondo, entretanto, os efeitos crônicos dessa estratégia de treinamento no desempenho motor e no desempenho técnico-tático permanecem desconhecidos. Visto que o desempenho motor pode afetar positivamente o desempenho técnico-tático, identificar os efeitos crônicos do TC, com e sem o uso de um gesto motor específico, em atletas de taekwondo é necessário para compreensão mais adequada da eficiência dessa estratégia de treinamento quando comparada ao TF. Assim, o objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos crônicos do TC no desempenho motor e no desempenho técnico-tático de atletas de taekwondo submetidos à competições simuladas. Para tanto, 30 atletas do sexo masculino (20-28 anos, 8 anos de experiência em competições) integraram três grupos: Treinamento de força (GTF: n = 10), Treinamento complexo-pliometria (GTCP: n = 10) e Treinamento complexo-bandal (GTCB: n = 10). Pré e pós-treinamento (oito semanas, 2x/semana) foram efetuados os seguintes testes: 1) competição simulada com a verificação da estrutura temporal, da quantidade de ações ofensivas e ações defensivas e da efetividade das ações ofensivas e defensivas durante todas as lutas; 2) saltos verticais (SCM e SP), 3) força dinâmica máxima (1RM); 4) FSKTmulti (frequency of speed kick test); 5) tempo de reação específico do taekwondo; 6) agilidade especifica do taekwondo e 7) potência de membros inferiores. Após o treinamento, os grupos GTCP e GTCB apresentaram desempenho significantemente maiores no SCM (p<0,05), no SP (p<0,05) e no teste de 1RM (p<0,05) quando comparados ao grupo GTF. Por outro lado, o grupo GTCB apresentou resultados significantemente maiores para a quantidade total de chutes (FSKTtotal) no FSKTmulti ao longo das competições simuladas quando comparado aos grupos GTF e GTCP (p<0,05), enquanto o grupo GTCP apresentou valores significantemente menores para o índice de decréscimo da quantidade de chutes (FSKTidc) quando comparado com os grupos GTF e GTCB ao longo das competições simuladas (p<0,05). No tempo de reação específico do taekwondo, o grupo GTCB apresentou resultados significantemente menores quando comparado aos grupos GTCP e GTF (p<0,05). Por outro lado, não foram observadas diferenças significantes na agilidade específica do taekwondo entre os grupos. Por fim, em relação ao desempenho ao longo das competições simuladas, o grupo GTCB apresentou valores significantemente maiores quando comparado aos grupos GTCP e GTF para maiores quantidades, e maior efetividade das ações ofensivas como ataque indireto (p<0,05), contra-ataque simultâneo (p<0,05), contra-ataque antecipatório (p<0,05), e contra-ataque posterior (p<0,05), tempo de ataque (p<0,05), número de ataques (p<0,05), razão tempo de ataque/tempo sem ataques (p<0,05), e razão número de ataques/tempo sem ataques (p<0,05) assim como o grupo GTCP apresentou valores significantemente maiores para as mesmas variáveis quando comparados ao grupo GTF (p<0,05). Em complemento, o grupo GTCB e GTCP apresentaram valores significantemente menores de tempo sem ataques quando comparados com o grupo GTF (p<0,05). Assim, é possível concluir que o TC é uma estratégia mais eficiente para promover efeitos positivos no desempenho motor e no desempenho técnico-tático em atletas de taekwondo durante competições simuladas.

Year

2021

Creators

Lucas Duarte Tavares

Efeitos da hiperventilação hipocápnica mista sobre o desempenho intermitente

A utilização de estratégias ergogênicas têm sido amplamente investigadas, com o intuito de aumentar o desempenho em exercícios intermitentes de alta intensidade, por meio do aprimoramento do tamponamento intra e extracelular. Nesse contexto, a hiperventilação voluntária surge como um método alternativo, que pode induzir a alcalose rapidamente pela respiração, ao reduzir a pressão parcial de dióxido de carbono e consequentemente gerar hipocapnia. Entretanto, essa temática ainda é controversa, pois ainda se sabe se existem mecanismos positivos relacionados à prática e nem mesmo a quantidade de placebo existente em estudos anteriores, dada a intervenção no controle respiratório. Os efeitos da hipocapnia parecem ser breves, portanto, para sustentá-la durante todo o exercício intervalado, podendo ser, então, interessante a combinação de protocolos de hiperventilação. Para tanto, o objetivo dessa tese foi testar os efeitos combinados e isolados da hiperventilação voluntária hipocápnica de protocolos longos e curtos sobre o metabolismo energético e o desempenho intermitente de alta intensidade. Em adição, verificamos o possível efeito placebo nesse mecanismo de modulação do controle respiratório, por meio do oxigênio placebo. Com relação à metodologia, doze atletas realizaram o teste de desempenho intermitente (10 sprints de 10 segundos por 60 segundos de intervalo), nas seguintes condições experimentais: Controle, Placebo, Hiperventilação longa + Placebo, Placebo + hiperventilação curta, hiperventilação longa + hiperventilação curta, para verificar tais efeitos sobre o desempenho. Resultados: não houve efeito de condição nos sprints em relação a: potência de pico (p= 0,145), potencia média (p = 0,264), trabalho total ao longo de toda sessão de exercício (p = 0,683) e contribuição dos sistemas energéticos, em valores absolutos totais de gasto calórico (p = 0,272). Conclusão: Não houve nenhum tipo de efeito ergogênico agudo sobre o desempenho intermitente de sprints repetidos, ademais não houve efeito de expectativa de uma intervenção na modulação respiratória. Portanto, o mecanismo de expectativa do oxigênio placebo parece não impactar no desempenho de sprints repetidos

Year

2021

Creators

Pietro Krauspenhar Merola

Papel do microRNA-33A e da proteína sirtuina 6 no metabolismo e progressão do  câncer de cólon em camundongos submetidos ao treinamento físico aeróbico

Na década 20 do século XX Otto Warburg descreveu que o metabolismo de tumores se comportava de maneira anômala comparado com outros tecidos, em 2011 Hanahan e Weinberg descreveram que reprogramação metabólica é uma característica comum em muitos tumores, esse processo está relacionado com alterações na expressão de genes e proteínas que orquestram o metabolismo celular. Dessa forma, a quase cem anos se estuda o metabolismo tumoral e suas implicações na progressão tumoral. Evidências acumuladas sugerem que alterações no metabolismo de tumores sustentam a alta demanda energética gerada pela proliferação e crescimento de células cancerosas. Nesse sentido, esse trabalho se debruçou em estudar a influência do treinamento físico aeróbico (TFA) nas alterações no metabolismo de células de tumores de cólon (CT26) e no crescimento tumoral. A hipótese original desse trabalho era que o eixo microRNA-33a / Sirtuina 6 (SIRT6), genes reguladores do metabolismo glicolítico, controlariam o crescimento tumoral e por sua vez o TFA controlaria esses genes no sentido de diminuir a expressão do micrRNA-33a e aumentar SIRT6, consequentemente desacelerando o crescimento tumoral. A hipótese inicial foi refutada, por outro lado as investigações mostraram que o TFA leva ao crescimento mais lento dos tumores no grupo treinado (TR8+CT26) comparado com o grupo sedentário (SED+CT26), houve diminuição da expressão dos genes relacionados com a reprogramação metabólica e a via glicolítica, por exemplo HIF1 (p=0,01), GLUT1 (p=0,07), PDK1 (p=0,05), LDHa (p=0,03). Ainda, foi demonstrado diminuição da expressão de genes que codificam enzimas que compõe o ciclo do ácido cítrico em decorrência do TFA, tais como, IDH2 (p=0,02) e há tendência de diminuição da expressão do gene SDHa (p=0,053). Também foi observada menor expressão proteica de HIF1 (p=0,04) e menor produção de lactato (p=0,004) nos tumores de animais treinados. Também foi demonstrado que células primárias obtidas dos tumores do grupo TR8+CT26 apresentam menores taxas de respiração celular e acidificação do meio celular comparado com o grupo SED+CT26. Ainda, foram feitas análises de microRNA-array. Ao final da análise 6 microRNAs foram selecionados para validação por PCR e dentre esses se destacou o microRNA-16-2-3p. Este microRNA apresentou expressão diminuída no grupo TR8+CT26 comparado com o grupo sedentário (p=0,03) assim como observado nas análises de varredura. Conclui-se do trabalho que o TFA altera o metabolismo tumoral contribuindo para o menor crescimento dos tumores

Year

2022

Creators

João Lucas Penteado Gomes

Exercício intervalado de alta intensidade e poluição atmosférica: análise dos efeitos para o sistema cardiovascular, perfil inflamatório e metabolômica

A prática de exercícios físicos, com predominância aeróbia, pode trazer benefícios à saúde. Contudo, esses benefícios podem sofrer influência de um importante fator ambiental presente nos grandes centros urbanos: a poluição atmosférica. Durante a transição do repouso para o esforço físico há maior exposição aos poluentes, devido ao aumento da ventilação, elevando a quantidade total de poluentes atmosféricos que penetram nas vias aéreas. Assim, o objetivo da presente tese de doutorado foi analisar o impacto do exercício intervalado de alta intensidade sobre as respostas cardiovasculares, perfil inflamatório e metabolômica, quando realizado em ambiente com poluição atmosférica. Quinze homens, saudáveis e fisicamente ativos participaram como voluntários (idade 28,0 ± 6,0 anos e VO2max 46,3 ± 9,5 ml·kg-1·min-1). Os participantes realizaram 5 visitas para o estudo principal, a primeira para realização do teste incremental máximo e mais quatro visitas para realização de exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) e exercício contínuo de baixa intensidade (ECBI), sendo que cada exercício foi realizado uma vez em ambiente com ar poluído (AmbPol) e uma vez em ambiente com ar filtrado (AmbFil). Os principais resultados são: i. O EIAI realizado em AmbPol impactou negativamente a pressão arterial sistólica, inibindo o efeito hipotensor 10 minutos após exercício. ii. Levou à secreção de uma interleucina (IL) pró inflamatória (IL-6) e inibiu a ação anti-inflamatória da IL-10. iii. Para as análises de metabolômica, houve alterações nas vias metabólicas associadas ao metabolismo de lipídios, com incompleto metabolismo dessa via energética e pronunciada produção de corpos cetônicos. Para o ECBI, o AmbPol impactou a pressão arterial, inibindo o efeito hipotensor 10 min após e 1 hora após. ii. Não houve alterações para as citocinas medidas. iii. Para o perfil metabolômico, houve alteração para o metabolismo de lipídios, entretanto, sem produção de corpos cetônicos. Em conclusão, o EIAI realizado em ambiente poluído da cidade de São Paulo impactou a pressão arterial, prejudicou o balanço pró- e anti-inflamatório das IL-6 e -10, e alterou o metabolismo energético

Efeito hipotensor agudo do exercício resistido dinâmico, isométrico e combinado (dinâmico + isométrico) em homens hipertensos medicados: determinantes hemodinâmicos e mecanismos autonômicos.

A realização regular de exercícios físicos é recomendada no tratamento de hipertensos. A execução de uma única sessão de exercício promove redução da pressão arterial (PA) pós exercício, o que é denominado hipotensão pós-exercício (HPE). Esse fenômeno tem relevância clínica quando tem magnitude significante e perdura por várias horas. Além disso, ele pode ser utilizado para predizer as adaptações da PA ao treinamento físico. Uma única sessão de exercícios resistidos dinâmicos (ERD) ou isométrico de handgrip (ERI_h) parece ser capaz de produzir HPE, mas sua duração e mecanismos precisam ser esclarecidos. Além disso, a combinação desses exercícios resistidos (ERC) poderia potencializar o efeito hipotensor agudo, o que ainda não foi investigado. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar e comparar o efeito de uma sessão de ERD, ERI_h e ERC na resposta pós-exercício da PA e seus mecanismos. Para isso, 49 homens hipertensos medicados foram divididos de forma aleatória para a realização de uma de 4 sessões experimentais: controle (70 min sentado); ERD (8 exercícios, 3 séries com repetições até a fadiga moderada em 50% de 1RMe com 90s de intervalo entre as séries e os exercícios); ERI_h (4 séries, handgrip unilateral alternado, 2 min de contração isométrica em 30% da CVM com 1 min de intervalo entre a séries); e ERC (ERD + ERI-h). Em cada sessão, a PA clínica e seus mecanismos hemodinâmicos sistêmicos, autonômicos e vasculares foram avaliados antes e após a intervenção. Além disso, a PA ambulatorial foi medida por 24h após as sessões. Os dados foram comparados por ANOVAs, considerando-se P<0,05 como significante. Como resultado, o ERD promoveu redução significante da PA clínica, mas não modificou a PA ambulatorial pós-exercício. A redução da PA pós-ERD se acompanhou de diminuição significante do volume sistólico e aumento da frequência cardíaca, do balanço simpatovagal cardíaco e da condutância vascular. O ERI_h não promoveu redução da PA pós-exercício e nem alterou de forma significante nenhuma das variáveis avaliadas. O ERC promoveu redução da PA de magnitude significante e similar ao ERD e não modificou a PA ambulatorial. De forma semelhante ao ERD, a redução da PA após o ERC se acompanhou de diminuição do volume sistólico e aumento da 7 frequência cardíaca e da condutância vascular, porém sem modificação do balanço simpatovagal cardíaco. Em conclusão, o ERD e ERC promovem HPE semelhantes e acompanhadas de redução do volume sistólico e aumento da condutância vascular, enquanto o ERI_h não promove nenhuma alteração após sua execução

Year

2021

Creators

Laura Gomes Oliveira e Silva