RCAAP Repository
Ocorrência de patógenos transmitidos por carrapatos (Anaplasma spp, Babesia spp, Ehrlichia spp, Hepatozoon spp e Rickettsia spp) em lobos guará (Chrysocyon brachyurus) e cães domésticos na região do Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil
No período de julho de 2004 a junho de 2012, foram realizadas 104 capturas de lobos-guará. Os animais foram contidos quimicamente para coleta de material biológico. Carrapatos foram encontrados em 94 lobos e enviados ao Laboratório de Doenças Parasitárias da FMVZ-USP, onde foram identificados com auxílio de estereomicroscópio e chaves taxonômicas. Das amostras analisadas, foram encontradas 72 larvas, 188 ninfas e 911 carrapatos adultos, pertencetes as espécies Rhipicephalus microplus, Amblyomma spp., Amblyomma cajennense, Amblyomma ovale, Amblyomma brasiliense, Amblyomma tigrinum. O presente trabalho registra pela primeira vez larva de R. microplus e adulto de A. brasiliense parasitando C. brachyurus no país, reforçando os achados prévios da literatura destas espécies de carrapatos utilizarem os lobos-guará como hospedeiros. Sangue e soro também foram coletados durante contenção química, 67 amostras de sangue total de lobos guará e 52 carrapatos adultos foram testados através da técnica de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) para a pesquisa de DNA de Anaplasma spp., Babesia spp., Ehrlichia spp., Hepatozoon spp. e Rickettsia spp. Foi realizada a sorologia para a pesquisa de anticorpos anti-Rickettsia spp. para 210 amostras de soro de cães domésticos e 43 foram positivas. Quatro indivíduos apresentaram reação homóloga para R. parkeri, dois para R. rhipicephali, um para R. rickettsii. Alem disso, foram testadas 88 amostras de soro de lobo guará e, destas, 84 foram positivas para pelo menos uma das espécies de Rickettsia e indicaram reação homóloga para R. parkeri e R. rhipicephali. Foram testadas 84 amostras de soro de lobo-guará na sorologia para Ehrlichia canis e, destas, 16 foram positivas. Nos testes moleculares foi detectada e confirmada a presença de H. canis, H. felis, R. parkeri já descritas para os hospedeiros vertebrados e invertebrados testados no estudo e ainda o primeiro registro em A. tigrinum de Candidatus R. andeanae e Candidatus Midichloria mitocondrii
2013
Ricardo Corassa Arrais
Avaliação e proposta de reestruturação do sistema de vigilância da raiva humana, canina e felina no Estado de São Paulo
O Estado de São Paulo encontra-se em uma situação epidemiológica da raiva humana, canina e felina que permite a declaração de área livre de raiva humana transmitida por cães (AgV-2). Entretanto, a vigilância precisa ser avaliada e capaz de detectar a doença com velocidade e sensibilidade. O objetivo do presente estudo foi avaliar a situação epidemiológica da raiva, o seu sistema de vigilância e propor uma reestruturação com base em vigilância baseada em risco. A situação epidemiológica foi avaliada de maneira descritiva. A avaliação foi realizada com o guia de avaliação de sistemas de vigilância do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos. A proposta de reestruturação foi realizada com árvores de cenários da sensibilidade do sistema e uma proposição, com cálculos de probabilidade, de amostragem para maximizar tal sensibilidade. A situação epidemiológica mostrou que não houve casos de raiva humana entre 2003 e 2013 e que os casos em cães e gatos são esporádicos, dispersos no tempo e no espaço e ocasionados pelas AgV-3 e AgV-4, não sendo registrados casos pela AgV-2 também há mais de dez anos. Para cães e gatos, a vigilância foi dependente de estrutura específica dos serviços locais para enviar amostras de cérebro para os laboratórios (baixa simplicidade). Os veterinários privados tiveram baixa participação e percepção sobre o sistema (baixa aceitabilidade). A área sem vigilância em cães cresceu 30% entre 2003 e 2013 (baixa representatividade). Recebendo cães com sintomas associados à raiva, 39% dos serviços locais e 72% dos veterinários privados não suspeitaram de raiva em 2012 (baixa sensibilidade). O tempo entre o início dos sintomas e o resultado laboratorial dos cães suspeitos, em 2012 e 2013, foi, em média, 25 dias (baixa oportunidade). Os indicadores mostraram que o sistema tem baixa capacidade de detectar a doença precocemente. Se os esforços de amostragem para vigilância em cães forem direcionados aos animais com sintomas neurológicos (mesmo os inespecíficos de raiva), em ação conjunta entre médicos veterinários privados e serviços locais de controle de zoonoses, a sensibilidade do sistema chegaria ao máximo, utilizando-se da estrutura laboratorial de diagnóstico já existente.
2015
Camila Marinelli Martins
Levantamento de agentes infecciosos nas sub-populações de sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) na cidade de Manaus, Estado de Amazonas
Estudos tem salientado que a expansão urbana, fragmentação do habitat, desmatamento e sobreposição das áreas de vida das populações humanas e silvestres tem constribuido para o surgimento de doenças emergentes e reemergentes nas últimas décadas. A paisagem da floresta amazônica vem sofrendo constantemente a dominância antropica e como resultado suas populações silvestres encontram-se cada vez mais expostas ao contato com populações humanas e domesticas com um alto risco de transmissão de agentes infecciosos. A cidade de Manaus, localizada na Amazônia Brasileira, tem afrontado um crescimento desordenado e vertiginoso devido ao seu desenvolvimento industrial causando uma alteração constante em sua paisagem; representando um modelo potencialmente útil para entender os mecanismos de transmissão de doenças. Os primatas são as espécies evolutivamente mais próximas dos humanos e essa proximidade filogenética tem facilitado o compartilhamento de diversos agentes infecciosos. O presente estudo propõe utilizar subpopulações de sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) que ocupam os fragmentos urbanos de Manaus como espécie sentinela, para avaliar a presença de agentes infecciosos na interface-humano primata. A pesquisa objetiva também determinar se a perturbação antrópica dos locais de estudo estaria favorecendo a transmissão desses agentes. Entre os anos 2011 e 2014 um total de 55 sauins de coleira foram capturados em 9 fragmentos florestais urbanos e 1 area controle. Análises moleculares foram realizados para detectar Rotavirus A, Hantavirus, Coronavirus, Flavivirus, Enterovirus, Influenza A, Adenovirus, Metapneumovirus, Virus Sincitial Respiratório Humano, Parainfluenza 1, 2, 3, 4, Virus do Oeste de Nilo e Plasmodium spp. Os resultados indicaram uma prevalência para Hantavírus de (4/48), Rotavírus (9/48). Pela primeira vez é detectada a presença de hantavírus em primatas neotropicais. Nossos dados indicaram que a presença de infeção estaria associada com a existência de algum tipo de impacto antrópico nos locais pesquisados. Nenhum indivíduo resultou infectado na area controle.
Acarofauna of reptiles and amphibians of Brazil: Morphological and molecular studies and pathogens research
Brazil is a megadiverse country in herpetofauna, with 796 species of reptiles, and 1,080 species of amphibians. The high urbanization and the marked deforestation have increased the number of human-herpetofauna encounters. This fact has made some species to be considered currently as synanthropic. Reptiles and amphibians are known amplifiers and reservoirs of several pathogens, yet the role of these animals in the cycle of diseases and the vector potential of the ectoparasitic mites of these vertebrates are poorly known. These hosts are parasitized by more than 500 species of mites, distributed in 61 genera of 13 families that belong to the Trombidiformes (Acariformes), Mesostigmata and Ixodida (Parasitiformes) orders. In the Brazil context, the fragmentary records of species of mites of these orders, especially in the north and northeast regions, their taxonomic complexity and the scarce information regarding their role in the epidemiology of diseases, where the main reasons to pursue the proposition of the present study. Mites of reptiles and amphibians deposited in the Acari collection of the Instituto Butantan (IBSP) were reviewed and identified. Six other collections in various places where also visited (Argentina, Brazil, United States, France and Belgium). Also, mites collected at the animal reception site of the Instituto Butantan, and from field collections were also identified. Part of this material was prepared for molecular studies and phylogenetic inference using ribosomal and mitochondrial genes, and another part of the material was used to assess the presence of Borrelia spp., Coxiella spp., Hepatozoon spp. and Rickettsia spp. Of the subclass Acari, Six families, 12 genera and 32 species of Trombidiformes mites were identified, 23 occurring in Brazil, increasing six new species to the Brazilian territory. The Oribatid mite A. longisetosus was identified apparently parasitizing a frog, which is a new host-parasite association. Six families, 11 genera and 17 species of Mesostigmata mites were identified, wit 16 species occurring in Brazil, with one new species described (Chironobius n. sp.). Two families, four genera and 19 species of ticks were identified, 17 occurring in Brazil, with one new species of argasid tick registered in Brazil, with an argasid tick of the genus Ornithodoros (Alectorobius). The total number of Acari parasites of herpetofauna in Brazil after this study is 56 species. Many hosts are new records, as well as, some of the localities are new records of distribution. 4,515 reptiles and amphibians were examined, of which 170 were infested with mites and ticks. Assessing blood smears allowed to correlate hemoparasitic presence with ectoparasitic prevalence, and the histologic slides of amphibians helped better characterize the typical lesion produced by intradermic mites of the genus Hannemania. A phylogeny inference using the 18S V4 rRNA gene for Acari was proposed that inferred a polyphyletic Acari, with different bootstrap values for the monophyly of Acariformes and Parasitiformes. Hepatozoon was detected in mite ticks and hosts blood. The sequences generated matched three main species with host and geographical delimitations (Hepatozoon sp. BT-2016, Hepatozoon sp. CCS-2010 and Hepatozoon ayorgbor). Three species were identified for the gltA gene for Rickettsia, and four species were identified for the OmpA gene for the Spotted Fever Group Rickettsia from ixodid ticks, trombiculid, pterygosomatid, and Mesostigmata mites. None of the hosts tissue samples tested yielded positive. Rickettsia bellii in A. sculptum is a new report and the presence in a Eutrombicula alfreddugesi mite, is unprecedented. Rhickettisa rhipicephali was detected for the first time on Mesostigmata mites. Rickettisa amblyommatis was detected for the first time in A. rotundatum. The detection of R. aeschlimannii from a macronyssid mite (O. natricis), is unprecedented, and R. rickettsii in Pterygosomatidae mites is also a new report. The detection of SFG Rickettsia species on reptile mites (Mesostigmata and Pterygosomatidae) highlights the importance of an integrative assessment of ectoparasites of reptiles mainly due to the fragmentation of the habitat, which, consequently, prompts to a greater number of occurrences between humans, herpetofauna and acarofauna.
2019
Jairo Alfonso Mendoza Roldan
Ocorrência de rotaviroses em criações de suínos em diversos estados brasileiros
As diarréias neonatais constituem-se em um dos mais importantes fatores econômico e sanitário nas granjas suínas, quer pela mortalidade, quer pelas perdas agregadas ao atraso no desenvolvimento dos leitões, à profilaxia e ao manejo. Os rotavírus ocupam lugar de destaque pela rápida disseminação dentro do plantel, bem como pelo potencial zoonótico, dada a probabilidade de rearranjo ou recombinação genética entre amostras humanas e animais O objetivo deste trabalho foi detectar a presença de rotavírus a partir de 277 amostras fecais de leitões com quadro clínico de diarréia, provenientes dos Estados do Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), Paraná (PR), Mato Grosso do Sul (MS), Mato Grosso (MT), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Minas Gerais (MG) entre os anos de 2009 e 2011 e analisar o perfil eletroforético de migração dos segmentos genômicos bem como diferenças de eletroferótipos nas amostras positivas, pela técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE). Das 277 amostras fecais diarréicas de leitões analisadas, 25 foram positivas (25/277= 9%). De conformidade com os Estados de origem, foram verificadas as frequências de 20% (1/5) no RS, 11,1% (1/9) em SC, 12,5% (1/8) no PR, 15,3% (6/39) em MS, 14,2% (3/21) em MT, 6,7% (5/74) em SP, 0% (0/7) no RJ e 7% (8/114) em MG. Pela análise da migração eletroforética dos segmentos genômicos, todas as 25 amostras positivas apresentaram perfil eletroforético compatível com o RV-A, tal como a amostra padrão NCDV com migração característica em quatro classes ou agregados [4-2-3- 2]. Foram observadas pequenas diferenças na velocidade de migração de um ou mais segmentos dentro da mesma classe. Estes resultados evidenciam a importância da PAGE como metodologia de diagnóstico e de investigações epidemiológicas nas rotaviroses suínas.
2012
Rita de Cássia Linares
Métodos moleculares aplicados ao diagnóstico da tuberculose bovina
A tuberculose é uma das principais preocupações da Organização Mundial da Saúde, principalmente após o surgimento da AIDS que alavancou os índices da doença, sendo considerada a principal causa de morte por um único agente. Além do M. tuberculosis, agente responsável pela doença em humanos, outra manifestação importante é a tuberculose em bovinos causada pelo M. bovis, que também apresenta importância epidemiológica, devido à transmissão para o homem pela ingestão de alimentos contaminados, e a escassez de dados com relação à sua prevalência na população. Programas de controle da doença nos rebanhos bovinos existem em todo o mundo, e os maiores índices da doença encontram-se nos países em desenvolvimento. Estes programas estão baseados na identificação dos animais positivos, por meio de testes de tuberculina e sacrifício dos mesmos. Lesões encontradas em exames post-mortem podem ser submetidas a estudos bacteriológicos para o isolamento e identificação do agente e histopatológicos para a caracterização da lesão, os quais demandam meses para a sua conclusão. Com o advento da biologia molecular, novos métodos são propostos para a diminuir o tempo do diagnóstico de meses para poucos dias. Com o intuito de proporcionar um panorama das novas metodologias moleculares, como a técnica de PCR, empregadas no diagnóstico da tuberculose bovina, realizou-se uma revisão bibliográfica, apresentando as vantagens e dificuldades das mesmas. Apesar dos avanços alcançados com estas técnicas, a padronização de métodos viáveis para a rotina de diagnóstico laboratorial ainda não foi obtida, sendo essencial o investimento em pesquisas com o objetivo de solucionar estas barreiras.
2004
Ana Paula Macedo Ruggiero
Avaliação da viabilidade de oocistos esporulados de Neospora caninum a diferentes condições de temperatura e ação de desinfetantes
Neospora caninum é um parasita Apicomplexa que causa doença neuromuscular em cães e abortamento em bovinos. Cães e coiotes são as únicas espécies reconhecidas como hospedeiros definitivos, nas quais ocorre a fase sexuada do ciclo evolutivo do N. caninum, com eliminação de oocistos através das fezes, os quais esporulam no ambiente e tornam-se infectantes. Apesar da importância dos oocistos como fonte de infecção para várias espécies de hospedeiros, a viabilidade e resistência desses oocistos a tratamentos físicos e químicos ainda são desconhecidas. Este estudo teve por objetivo avaliar a viabilidade de oocistos esporulados de N. caninum após tratamentos com diferentes desinfetantes, temperaturas e tempos de exposição. Três cães foram alimentados com tecido cerebral de búfalos soropositivos para anticorpos anti-N.caninum pela reação de imunofluorescência indireta (RIFI 100) para a obtenção de oocistos. Desses, somente um cão eliminou oocistos tipo Neospora-Hammondia sendo confirmado serem de N. caninum por bioensaio em gerbilos e por métodos moleculares (PCR-RFLP). Os oocistos esporulados foram purificados e 11 alíquotas contendo aproximadamente 3000 oocistos por alíquota constituíram cada um dos tratamentos, sendo estes: Formol 10% por 1h; Amônia 10% por 1h; Álcool 70% por 1h; Álcool absoluto por 1h; Iodo 2% por 1h; Hipoclorito de sódio 10% por 1h; Temperatura ambiente, controle; -20ºC por 6h; 4ºC por 6h; 60ºC por 1m e 100ºC por 1m. Os tratamentos químicos foram todos realizados à temperatura ambiente. Após tratamento os oocistos foram divididos em alíquotas com 1000 oocistos cada e estas foram administradas, via oral, a gerbilos (1000 oocistos por gerbilo) sendo cada grupo experimental constituídos por três animais. Depois de 63 dias os gerbilos foram sacrificados e colheu-se sangue para a pesquisa de anticorpos anti-N. caninum (RIFI e western blotting) e tecidos para a pesquisa de cistos em esfregaço direto de cérebro e DNA do parasito (PCR em tempo real), além de pesquisa do agente por técnicas histopatológicas e imuno-histoquímica. Considerou-se eficaz o tratamento que confirmou a inviabilidade dos oocistos por resultados negativos em todas as cinco provas realizadas. Dos tratamentos realizados mostrou-se eficaz o uso de calor a 100ºC por 1 minuto e do hipoclorito de sódio a 10% por 1 hora, podendo ser estes indicados para o controle dessas formas no ambiente.
2009
Aldo Francisco Alves Neto
Estudo da dinâmica populacional canina e felina e avaliação de ações para o equilíbrio dessas populações em área da cidade de São Paulo, SP, Brasil
Procurou-se avaliar o comportamento da população humana do bairro Vargem Grande, município de São Paulo, SP, no período de 2005 a 2008, em relação à guarda de cães e gatos com ênfase aos aspectos sanitários e de bem estar. Paralelamente, buscou-se avaliar a dinâmica dessas populações animais e o impacto do controle reprodutivo e ações de saúde. Verificou-se que há uma alta renovação das populações canina e felina, conseqüência de elevadas taxas de mortalidade e natalidade, e que as ações de esterilização contaram com média adesão quando eram gratuitas, sendo que essa adesão diminuiu quando o processo passou a ter preços simbólicos. Houve uma diminuição das taxas de natalidade após a instituição das ações de esterilização, entretanto, há necessidade de acompanhamento das ações por um período mais extenso.
2009
Rita de Cássia Maria Garcia
Análise comparativa de genomas de estirpes de Streptococcus suis isoladas de suínos no Brasil
Streptococcus suis é um patógeno de grande importância na indústria suína sendo capaz de provocar diferentes quadros clínicos em animais de várias idades e, além disso, também é considerado um agente zoonótico. Dessa forma, é de extrema importância a caracterização das estirpes que causam doença em suínos no Brasil. Os objetivos deste estudo foram a caracterização fenotípica e genotípica de 215 estirpes de S. suis isoladas entre os anos de 2001 e 2016, de suínos com sinais clínicos de infecção, provenientes de diferentes Estados do Brasil. Para tanto, as estirpes isoladas neste período e mantidas a -86C foram reativadas e submetidas à confirmação da identificação por PCR e espectrometria de massa MALDI-TOF. Em seguida, foi realizada sorotipagem molecular e a identificação de genes de virulência pela PCR, e a foi realizada a genotipagem pelas técnicas de AFLP e PFGE. Para a identificação dos perfis de resistência aos antimicrobianos foi utilizada a técnica de microdiluição em caldo, obtendo os valores de concentração inibitória mínima (CIM). A partir dos resultados fenotípicos e genotípicos foram selecionadas 24 estirpes para o sequenciamento do genoma utilizando a plataforma Illumina® MiSeq. O sorotipo mais frequentemente identificado foi o 2 / ½ (82,8%); seguido em menor proporção pelos sorotipos 3, 4, 6, 7, 8, 9, 18, 27, 28, 1 / 14, sendo apenas seis estirpes não tipaveis (NT). Para caracterização do perfil de virulência foram avaliados quatro genes sly, arcA, epf e as variantes de mrp sendo identificados 11 perfis de virulência nas estirpes estudadas. A genotipagem por AFLP identificou 30 perfis genotípicos e a técnica de PFGE identificou 64 pulsotipos. Para ambas as técnicas não foi identificada uma correlação clara entre dados epidemiológicos e genotípicos, mas pode-se observar uma tendência de agrupamento das estirpes por ano de isolamento. A partir dos resultados de CIM foram identificados nove perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos com 72,1% das estirpes classificadas como multirresistentes. Foram detectadas altas taxas de resistência às tetraciclinas, macrolídeos, clindamicina e sulfadimetoxina, enquanto beta-lactâmicos e florfenicol foram os antimicrobianos mais eficazes. A partir da análise genômica não foram detectados marcadores de plasmídeos e apenas três genes de resistência foram identificados nos genomas brasileiros; destaca-se o gene ermB, que codifica resistência à macrolídeos e lincosamidas, que foi detectado em 79,2% das estirpes estudadas. Foram identificadas oito novas sequências de alelos na MLST e uma nova combinação alélica, de tal forma que foram identificadas seis novas sequências tipo (STs) dentre os 24 genomas analisados. A partir do mapeamento das nove estirpes do sorotipo 2 foi identificado um elemento genético móvel (CMGETZ080501), relacionado à resistência aos antimicrobianos, em sete destas; as duas estirpes Brasileiras do sorotipo 2 que se diferenciam das demais (45 e 47) foram as mais sensíveis. Em relação às cinco estirpes do sorotipo 3, foi observado no mapeamento que duas destas se distanciam das demais e apresentam maior similaridade ao genoma da referência do sorotipo 4. Este resultado também foi verificado tanto na wgSNP quanto na análise da MLST, confirmando que a caraterização capsular de S. suis não deve ser utilizada como um indicativo de similaridade genética. Tendo em vista a variabilidade genética e a alta frequência de multirresistência identificada nas estirpes de S. suis circulantes no país, é possível avaliar as razões para que o controle do agente continue sendo um grande desafio para a suinocultura intensiva nacional.
2020
Carlos Emilio Cabrera Matajira
Modelagem matemática e análise econômica de estratégias de controle para brucelose bovina
A brucelose é uma das zoonoses mais difundidas por todo o mundo, ocasionando impactos econômicos importantes e se provando como uma doença de difícil erradicação. A viabilidade econômica é um fator importante na adoção de medidas sanitárias, sendo assim, através da aplicação de um modelo matemático, associado à composição de indicadores econômicos, este trabalho avaliou a eficiência da vacinação e do teste e abate, representados através da cobertura vacinal e eficiência de detecção do sistema de vigilância, como medidas de controle da brucelose bovina em três estados brasileiros: Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo. A vacinação se mostrou uma ferramenta muito eficiênte no estado do Mato Grosso, onde obteve uma relação benefício custo de 9,6, porém, devido à baixa prevalência inical a relação benefício custo da mesma medida no Rio Grande do Sul foi de 0,5, onde a manutenção de altas coberturas vacinais apresentou prejuízo econômico. A eficiência econômica da erradicação através do teste e abate se mostrou diretamente relacionada à eficiência do sistema de vigilância na deteção de animais infectados. No Mato Grosso o cenário com maior eficiência do sistema de vigilância e a retirada precoce da vacinação resultou no maior valor presente líquido, R$ 3,95 bilhões, contrastando diretamente com o cenário mais pessimista, que resultou em R$ 2,93 bilhões. Devido à baixa prevalência inicial, no estado do Rio Grande do Sul só houve lucro no controle da doença nas simulações onde se inicia imediatamente o teste e abate com um sistema de vigilância eficiente. Concluiu-se que havendo capacidade do sistema de vigilância a adoção do teste e abate é o cenário onde há maior lucro e não havendo uma vigilância capaz de detectar animais infectados com eficiência a manutenção da vacinação é a medida que obtem os menores prejuízos.
Resistência a colistina: Papel do suíno como reservatório de genes mcr-1, mcr-2, mcr-3, mcr-4 e mcr-5 em sistemas de produção intensiva no Brasil
A distribuição global de genes de resistência à colistina mediada por plasmídeos, como mcr-1, mcr-2, mcr-3, mcr-4 e mcr-5 representa uma preocupação para a saúde pública, uma vez que a colistina é utilizada como a última linha de defesa para o tratamento de infecções causadas por bactérias Gram-negativas multirresistentes em infecções hospitalares em humanos. Décadas de uso de antimicrobianos na suinocultura intensiva, seja como facilitadores de crescimento, na forma metafilática ou terapêutica, contribuíram com a seleção de estirpes bacterianas resistentes, e o isolamento de enterobactérias resistentes a colistina se tornou muito frequente nesta espécie animal. Considerando a importância da disseminação dos genes de resistência plasmidiais, o presente estudo tem por objetivos avaliar a frequência de animais carreando estirpes de enterobactérias resistentes a colistina e a disseminação dos genes de resistência mcr-1, mcr-2, mcr-3, mcr-4 e mcr-5 em 25 sistemas de produção de suínos localizados em diferentes estados do Brasil. Amostras de fezes de suínos foram semeadas em meio seletivo para enterobactérias contendo colistina e as colônias isoladas foram identificadas por espectrometria de massa MALDI-TOF. As estirpes de Escherichia coli identificadas foram submetidas à pesquisa dos genes mcr-1, mcr-2, mcr-3, mcr-4 e mcr- 5 pela reação em cadeia pela polimerase. A identificação e descrição dos genes relacionados a resistência a colistina em animais de produção no Brasil é de grande importância para conscientização dos produtores e responsáveis cadeia de produção sobre a necessidade de redução no uso deste ativo e para embasar medidas de controle por parte dos órgãos oficiais.
Avaliação da virulência de isolados suínos de Mycobacterium avium no Brasil caracterizados pelo método de RFLP
Dada a existência de quatro famílias molecularmente distintas de estirpes de Mycobacterium avium isoladas de suínos da região Sul do Brasil e a verificação de diferentes virulências em hamsters de um representante por família, o presente trabalho objetiva relacionar a virulência de isolados de M. avium aos seus perfis genéticos obtidos em experimentos de RFLP. Foram selecionados três representantes por família que foram inoculados pela via intraperitoneal em hamsters distribuídos em doze grupos (cada grupo recebeu uma estirpe diferente). Foi mantido um grupo controle que recebeu solução salina estéril pela mesma via. Após 16 dias da inoculação, os animais foram eutanasiados; os baços foram colhidos, pesados, macerados, suspendidos em solução salina estéril e diluídos. Cada uma das diluições foi semeada em duplicata em placas com meio de Petragnani, que foram incubadas a 37°C. Após 30 dias de incubação, foram realizadas as contagens de UFC e os resultados foram expressos em UFC de M. avium por grama de baço. As famílias genéticas apresentaram capacidade de virulência semelhante (p=0,49). As estirpes dentro das famílias PIG B e PIG D não apresentaram diferença na virulência (p=0,15 e p=0,87, respectivamente). Dentro da família PIG A, o isolado A52 foi mais virulento do que A1 e A162; a estirpe C122 se apresentou menos virulenta do que as estirpes C44 e C68 dentro da família PIG C. Independente das famílias, todos os isolados apresentaram diferenças na virulência. A estirpe A52 mostrou maior capacidade de virulência em relação às estirpes A1, A162, B72, C122, D242 e 243. Diferentes contagens de UFC significam diferentes capacidades de produzir infecção, ou seja, diferentes virulências. Concluiu-se que isolados de M. avium com diferentes perfis de RFLP podem apresentar diferentes virulências, independentemente de pertencerem a uma mesma família genética definida com base na similaridade dos padrões de RFLP; não houve diferença de virulência entre as quatro famílias genéticas de M. avium estruturadas com base na similaridade dos padrões de RFLP.
Filogenia de vírus da raiva isolados de morcegos frugívoros do gênero Artibeus e relacionados a morcegos hematófagos com base nos genes codificadores da nucleoproteína N e glicoproteína G
Morcegos vêm recebendo crescente importância em Saúde Pública, pois são os principais reservatórios para a raiva em diversas partes do mundo. Estudos filogenéticos baseados no gene N demonstraram que os vírus da raiva (RABV) encontrados em morcegos frugívoros Artibeus spp. são próximos àqueles associados ao morcego hematófago Desmodus rotundus, mas pouco se conhece sobre a diversidade genética do RABV nestes morcegos. Este estudo teve como objetivos avaliar a filogenia de linhagens do RABV variante três (AgV3) relacionadas a morcegos Artibeus spp. e D. rotundus, com base em sequências do gene N e do gene G, e a possibilidade de distinção entre isolados de vírus da raiva detectadas em Artibeus spp. e D. rotundus para a epidemiologia molecular da raiva. Vinte amostras do RABV isoladas de Artibeus spp. e 15 obtidas de bovinos e relacionadas ao D. rotundus, todos do Estado de São Paulo, Brasil, foram submetidas a RT -PCRs, e os amplicons gerados submetidos ao sequenciamento de DNA, e as sequências alinhadas com sequências homólogas obtidas do GenBank para a construção de árvores Neighbor-Joining de nucleotídeos (modelo MCL) e aminoácidos (modelo Poisson), utilizando European bat lyssavirus 1 (EBLV1) como outgroup. A árvore filogenética gerada para o gene N demonstrou a formação de três grupos apoiados em bootstraps de no mínimo 60%. Estes grupos foram denominados como grupo D, exclusivamente com isolados relacionadas ao D. rotundus e A1 e A2 principalmente com isolados de Artibeus spp., enquanto que para o gene G, segregaram em duas linhagens, ou seja, relacionadas ao D. rotundus (grupo D) e relacionadas ao Artibeus spp. (grupo A). Para todos os grupos as identidades de aminoácidos foram superiores às de nucleotídeos, uma indicação da predominância de substituições sinônimas. Concluindo, padrões gênero-específicos para isolados do RABV AgV3 foram detectados em D. rotundus e Artibeus spp., com uma topologia concordante para linhagens fixas em cada um destes quirópteros. Estes resultados mostram uma intrincada relação com o hospedeiro na história evolutiva do RABV, sob o ponto de vista básico, como também a determinação das fontes de infecções na epidemiologia molecular da raiva.
2009
Willian de Oliveira Fahl
Perfil sanitário de onças-pintadas (Panthera onca) de vida livre no Pantanal Sul do Mato Grosso do Sul - Brasil
Poucos são os estudos acerca da saúde de onças-pintadas em vida livre. Visando obter melhores parâmetros para avaliação clínica desta espécie ameaçada de extinção, foram realizados exame clínico, hemograma, perfil bioquímico e acompanhamento de 10 onças-pintadas da região de Corumbá, no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Além disso, buscando obter informações sobre o possível papel da espécie como suscetível, hospedeira ou sentinela de patógenos de importância em saúde pública e animal, amostras destas 10 onças foram testadas através de métodos sorológicos para verificar contato com vírus rábico, Rickettsia spp. e Ehrlichia canis. As amostras das onças e os carrapatos que as parasitavam no momento das capturas foram testados por reação em cadeia pela polimerase para a família Anaplasmataceae e os gêneros Rickettsia, Borrelia, Coxiella, Hepatozoon e Babesia. Este é o primeiro estudo a relatar os valores de hemograma e perfil bioquímico de uma população de onças-pintadas de vida livre. Dois animais, assintomáticos, apresentaram baixo título sorológico para o vírus da raiva, sugerindo contato da espécie com este patógeno. Todas as onças capturadas foram consideradas soropositivas para Rickettsia spp., e Rickettsia parkeri foi sequenciada a partir de um Amblyomma triste que estava parasitando um dos animais. Foi descoberta uma possível nova espécie do gênero Ehrlichia através do sequenciamento de DNA obtido de um Amblyomma triste e um Amblyomma cajenense que estavam parasitando onças. Quatro onças-pintadas foram consideradas soropositivas para Ehrlichia canis, possivelmente uma reação cruzada com esta outra espécie. Todas as onças-pintadas avaliadas neste estudo apresentaram DNA de Cytauxzoon sp., com 98% de similaridade a C. felis, em amostras sanguíneas. Todas as onças avaliadas neste estudo apresentaram DNA de Hepatozoon sp., com 98% de similaridade a H. felis, em amostras sanguíneas. As onças apresentavam boas condições de saúde geral.
Avaliação de vacinas antileptospirose. Relação entre o teste de inibição de crescimento de leptospiras in vitro e o teste de desafio em hamsters
Foi investigada a existência da correlação entre o teste padrão de potência de bacterinas antileptospiras e o teste de inibição de crescimento de leptospiras in vitro. Os ensaios foram realizados, em hamsters machos, isoladamente segundo a bacterina comercial (A ou B) antileptospirose empregada. Foram comparados a proteção conferida pelas bacterinas e os níveis de anticorpos neutralizantes, respectivamente obtidos nos teste de desafio e inibição de crescimento de leptospiras in vitro (ICL). O protocolo de imunização adotou duas aplicações de 0,25 mL das bacterinas, puras e suas diluições, pela via subcutânea com o intervalo de 15 dias. Os desafios foram realizados após 15 dias da segunda dose com 0,2 mL de culturas vivas dos sorovares Canicola (bacterina A e B) ou Pomona (somente bacterina A), os óbitos por leptospirose foram registrados e, os animais sobreviventes foram submetidos a eutanásia no 21° dia de observação e a condição de portador renal foi investigada por cultivos de tecido renal em meio de Fletcher. Os animais destinados ao teste de inibição de crescimento de leptospiras in vitro foram sacrificados no mesmo dia em que se realizou o desafio dos animais submetidos ao teste de potência. As colheitas de sangue foram efetuadas assepticamente por punção intracardíaca. Constatada individualmente a esterilidade dos soros foram constituídos os pools com quantidades iguais de soro por animal e subgrupo (n=5). No teste de potência de bacterinas para ambas as estirpes a DL50 foi superior a diluição 10-9 do controle do inóculo de desafio, os animais foram desafiados com a diluição 10-6. O número de animais sobreviventes ao desafio e a proteção contra a infecção renal variou de acordo com a bacterina empregada e sua concentração. Os resultados do teste de desafio com as bacterinas antileptospirose A e B situaram-se dentro dos parâmetros exigidos, sendo as bacterinas aprovadas segundo o critério de avaliação internacional. A diluição 1:800 das duas bacterinas testadas recomendada pelas normas internacionais não foi capaz de proteger contra o estado de portador renal de leptospiras. Os hamsters imunizados com as bacterinas apresentaram anticorpos neutralizantes em níveis superiores ao de aglutininas. A comparação do desempenho das bacterinas testadas para os sorovares Canicola e/ou Pomona, segundo sua concentração, por meio das proporções de animais sobreviventes ao teste de desafio e a média dos títulos de anticorpos neutralizantes, estabeleceu que o título de anticorpos neutralizantes igual ou superior a 1,0log10 como correspondente ao nível de aprovação de bacterinas no teste de potência.
Caracterização genotípica de amostras de Clostridium perfringens provenientes de suínos através da eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE)
Clostridium perfringens é um importante patógeno envolvido em doenças entéricas dos animais domésticos e quadros de toxinfecção alimentar em humanos. Embora as infecções causadas por C. perfringens biotipo C e A em suínos sejam amplamente estudadas, existem poucos relatos que descrevem as reais correlações genéticas existentes na cadeia epidemiologia das clostridioses para esta espécie animal, assim como a transmissão do agente através da fêmea lactante, e a eliminação e perpetuação do agente no momento do abate. O presente estudo teve como objetivo o isolamento e a caracterização genotípica através da eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) de cepas de C. perfringens isoladas a partir de fezes e de carcaças de suínos no momento do abate, fezes de fêmeas suínas e seus leitões e de amostras de farinha de carne e ossos. Foi ainda realizada a comparação dessas cepas com cepas isoladas a partir de leitões com enterite. A freqüência de isolamento do agente em carcaças, em fezes de leitões terminados e a partir de farinha de carne e osso foram, 44,2%, 52,5%, e 32,2% respectivamente. De acordo com a reação em cadeia pela polimerase (PCR) foram detectadas somente as toxinas alfa e beta 2, sendo esta ultima detectada somente nos casos de enterite. Por meio da PFGE as amostras foram caracterizadas em 97 perfis genéticos com um alto índice discriminatório. As amostras isoladas de carcaça apresentaram alta similaridade em relação às de origem fecal, os isolados de farinha de carne apresentaram perfis similares aos obtidos em isolados de fezes de fêmeas, leitões sadios e leitões com enterite. E os isolados de leitões com e sem enterite apresentaram baixa similaridade em relação aos isolados de fêmeas.
2007
Thaís Sebastiana Porfida Ferreira
Análise espacial da leishmaniose visceral canina no município de Panorama, São Paulo, Brasil
A leishmaniose visceral é uma zoonose de grande importância para a saúde pública, com ampla distribuição geográfica e epidemiologia complexa. Apesar de diversas estratégias de controle, a doença continua se expandindo, tendo o cão como principal reservatório. Levando em consideração que análises espaciais são úteis para compreender melhor a dinâmica da doença, avaliar fatores de risco e complementar os programas de prevenção e controle, o presente estudo teve como objetivo caracterizar a distribuição da leishmaniose visceral canina e relacionar sua dinâmica com características ou feições espaciais no município de Panorama (SP). A partir de dados secundários coletados em um inquérito sorológico entre agosto de 2012 e janeiro de 2013, 986 cães foram classificados como positivos e negativos de acordo com o protocolo oficial do Ministério da Saúde. Posteriormente uma análise espacial foi conduzida, compreendendo desde a visualização dos dados até a elaboração de um mapa de risco relativo, passando por análises de cluster global (função K) e local (varredura espacial). Para avaliar uma possível relação entre o cluster detectado com a vegetação na área de estudo, calculou-se o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). A prevalência da doença encontrada na população de cães estudada foi de 20,3% (200/986). A visualização espacial demonstrou que tanto animais positivos quanto negativos estavam distribuídos por toda a área de estudo. O mapa de intensidade dos animais positivos apontou duas localidades de possíveis clusters, quando comparado ao mapa de intensidade dos animais negativos. As análises de cluster confirmaram a presença de um aglomerado e um cluster foi detectado na região central do município, com um risco relativo de 2,63 (p=0,01). A variação espacial do risco relativo na área de estudo foi mapeada e também identificou a mesma região como área significativa de alto risco (p<0,05). Não foram observadas diferenças no padrão de vegetação comparando as áreas interna e externa ao cluster. Sendo assim, novos estudos devem ser realizados com o intuito de compreender outros fatores de risco que possam ter levado à ocorrência do cluster descrito. A prevalência, a localização do cluster espacial e o mapa de risco relativo fornecem subsídios para direcionamento de esforços do Setor de Vigilância Epidemiológica de Panorama para áreas de alto risco, o que pode poupar recursos e aperfeiçoar o controle da leishmaniose visceral no município.
2016
Ana Pérola Drulla Brandão
Avaliação da presença de fungos em amostras de leite cru e estudo da susceptibilidade destes microrganismos às relações temperatura/tempo empregadas nos processos de pasteurização e fervura
O presente trabalho foi delineado considerando-se a importância de fungos filamentosos e leveduras, os quais estão associados a diversas patologias no homem e animais. Deve-se considerar ainda que o leite e seus derivados lácteos contaminados com estes microrganismos podem constituir potenciais vias de transmissão de zoonoses a eles relacionados. Foram analisadas amostras de leite cru dos tipos A, B e C colhidas nas próprias propriedades leiteiras, bem como amostras de leite comercializado diretamente ao consumidor, visando-se a comparação da qualidade destes produtos quanto à presença e quantidade de fungos. Procedeu-se ainda à avaliação da susceptibilidade dos fungos isolados das amostras de leite às relações temperatura/tempo empregados nos processos de pasteurização e avaliação da sensibilidade destes isolados à fervura do leite. Foram analisadas 70 amostras de leite, sendo 50 de tanques de refrigeração de propriedades leiteiras, 10 de latões de propriedades de exploração leiteira e 10 de latões de transportadores e distribuidores que armazenam e comercializam leite clandestino, sendo que não houve diferença estatisticamente significante entre as medianas das quantidades de unidades formadoras de colônias de fungos/mL de Leite das diferentes procedências, indicando que o nível de contaminação por fungos nas amostras destas três origens foi similar. Foram isolados, em diferentes percentagens, fungos filamentosos e leveduras de todas as amostras de leite das diferentes procedências: Candida spp. (C. krusei, C. guilliermondii, C. tropicalis, C. kefyr, dentre outras), Geotrichum spp., Rhodotorula spp., Trichosporon spp., Aureobasidium sp., Penicillium spp., Acremonium spp., Chrysosporium sp., Mucor spp., Aspergillus spp. Todos os gêneros e espécies isoladas foram submetidos aos testes de pasteurização rápida e lenta, bem como a fervura. O processo de pasteurização rápida foi o procedimento no qual houve maior resistência (72,18%) por parte dos isolados de leveduras e fungos filamentosos submetidos ao teste na metodologia aplicada, seguido pelo processo de fervura (15,89%) e o de pasteurização lenta (0,99%).
Análise econômica das ações de combate à brucelose bovina no Brasil
Economia como uma ciência de escolha tem sido cada vez mais utilizada na área de Saúde Animal e pode ser útil, como na quantificação dos efeitos financeiros de uma doença, otimização de decisões a serem tomadas quando a doença afeta rebanhos e na determinação dos custos e os benefícios quando o seu controle está sendo cada vez mais abordadas. No Brasil, a brucelose bovina é uma das doenças que causam prejuízos econômicos, além de ser uma zoonose. Para controlar a doença este país criou um Programa Nacional de Controle e Erradicação para brucelose e tuberculose bovina. A partir de dados coletados do ultimo inquérito soro epidemiológico e de dados obtido por fontes oficiais, o presente trabalho realizou uma análise econômica em dois Estados brasileiros com grande importância na agropecuária do país: São Paulo e Mato Grosso. A análise econômica foi realizada a partir do beneficio custo do controle da brucelose bovina através da vacinação de fêmeas entre 3 a 8 meses como medida compulsória adotada pelo programa. As análises confirmam que o controle da doença através da vacinação tem um retorno econômico importante, nos dois Estados. No Mato Grosso, esse impacto é financeiramente maior, pois a prevalência da doença é alta, quando comparado com o Estado de São Paulo.
2013
Ana Julia Silva e Alves
Argasídeos de Cuba: estudos morfológicos e investigação de agentes infecciosos associados
O principal objetivo do presente estudo foi revisar os carrapatos argasídeos de Cuba com base em estudos morfológicos e moleculares, bem como avaliar a presença de agentes infecciosos associados a eles. Para tanto, foram examinados os espécimes depositados na Coleção Acarológica da Academia de Ciências de Cuba, situada no Instituto de Ecologia e Sistemática (CZACC), La Habana. Adicionalmente, foram realizadas coletas entre 2014 2017, para obtenção de carrapatos livres no ambiente, e em parasitismo nos animais silvestres e domésticos (répteis, morcegos, cavalos e aves domésticas). Algumas espécies de argasídeos previamente reportadas para Cuba não foram encontradas nas localidades tipos e nem tampouco em outras áreas investigadas. Um total de 6662 espécimes dos gêneros Antricola, Argas, Ornithodoros e Otobius foram estudados, com base em microscopia óptica e eletrônica de varredura. Estudos moleculares, utilizando o fragmento do gene 16S rDNA mitocondrial, permitiram a redescrição de 11 espécies de Argasidae e a descrição de Ornithodoros sp., que possivelmente se trata de um novo táxon. Caracteres morfológicos de larvas e ninfas de último instar de Antricola marginatus (Banks) foram utilizados na análise de componentes principais (CP), que agrupou os carrapatos das Cavernas Los Majáes (Pinar del Río); Caverna El Abono (Pinar del Río) e Caverna El Mudo (Mayabeque). Caracteres morfológicos de fêmeas de Antricola foram utilizados para verificação da variação morfológica intraespecífica pelo teste ANOVA, que evidenciou diferenças morfológicas significativas entre Antricola occidentalis De La Cruz, Antricola habanensis De La Cruz, Antricola armasi De La Cruz & Estrada-Peña e A. marginatus. Sequências moleculares de 5 espécies de argasídeos de Cuba e de outras espécies depositadas no GenBank permitiram a construção de árvores filogenéticas (Máxima Verossimilhança e Bayesiana) que agruparam espécies de Antricola com altos valores de Bootsrap (90%). Todas as amostras de argasídeos testadas para a presença de patógenos foram negativas. Mapas de distribuição geográfica foram atualizados e foi preparado um catálogo de Argasidae de Cuba. Em conclusão, a fauna cubana de argasídeos compreende atualmente 24 espécies, sendo que uma espécie possivelmente nova de Ornithodoros foi descrita, assim como 2 novos registros de hospedeiros e 5 novas localidades foram reportadas para a família Argasidae em Cuba.
2019
Mercedes Reyes Hernandez