RCAAP Repository
Idade gestacional, peso ao nascer e prevalência de Pequenos para Idade Gestacional no Município de São Paulo
Introdução: Idade gestacional (IG) e peso ao nascer, assim como a frequência de nascimentos PIG (pequeno para idade gestacional), são importantes preditores da morbimortalidade neonatal. Os partos cesáreos têm sido indicados como um dos fatores que tem colaborado para o aumento da prematuridade. Conhecer a distribuição populacional da IG segundo tipo de parto e estabelecer a proporção de nascimentos considerados PIG e seus fatores de risco pode contribuir para o conhecimento do perfil dos nascidos vivos no Município de São Paulo (MSP). Objetivos: Estudar o padrão de distribuição da idade gestacional nos nascimentos ocorridos no MSP; calcular a prevalência de PIG com base em três curvas de crescimento fetal (Alexander, Fenton e Kim e Intergrowth); e investigar os fatores risco para PIG. Metodologia: Estudo transversal com base nos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Foram estudados nascimentos hospitalares e de gestações únicas, nos anos de 2013 e 2014, no município de São Paulo. Realizou-se uma análise de distribuição dos nascimentos segundo IG, comparando tipo de parto e de hospital (SUS e não SUS). Para cálculo da prevalência de PIG usou-se a idade gestacional baseada na data da última menstruação (DUM) e as três curvas de crescimento fetal citadas. Foi empregada a regressão multinível para avaliação dos fatores de risco materno, do recém-nascido e socioeconômicos individuais, sendo a variável de contexto a vulnerabilidade do distrito de residência. Resultados: Houve um desvio à esquerda da IG para o total de nascimentos e entre os nascidos na rede não SUS, mais acentuado entre nascimentos por cesárea. A mediana de IG na rede SUS foi 39 semanas e na rede não SUS, 38. A prevalência de PIG variou consideravelmente, sendo 6,4 por cento dos nascimentos utilizando a curva Intergrowth e 12,4 por cento e 12,2 por cento com base nas curvas de Fenton e Kim e Alexander, respectivamente. Maiores prevalências de PIG foram encontradas em extremos de IG, pré-termos e termos tardios. Os fatores de risco para PIG, independente da prematuridade, foram malformação congênita, RN sexo feminino, primiparidade e pré-natal com menos de quatro consultas. Entre os não PT também estiveram associados: mãe adolescente, baixa escolaridade materna, raça/cor negra e gestante usuária do SUS, bem como morar em distrito com alta vulnerabilidade. Recém-nascidos PT estiveram associados com idade materna acima de 35 anos. Conclusão: A diferença na duração da gestação está relacionada ao tipo de hospital em que ocorrem os nascimentos e à alta frequência de cesáreas na rede privada. As prevalências de PIG foram bastante distintas entre as curvas, mostrando que esse indicador deve ser avaliado com cautela, pois alguns RN podem ser erroneamente classificados como PIG. O contexto de vulnerabilidade no MSP esteve associado a nascer PIG de forma discreta. Os fatores de risco individuais explicaram melhor o desfecho e foram diferentes segundo a prematuridade, desvantagens socioeconômicas e foram risco apenas entre não prematuros
2017
Priscila Ribeiro Raspantini
Avaliação do impacto de métodos de controle de populações animais errantes no Município de Guarulhos - SP
O presente trabalho teve como objetivos principais testar uma nova metodologia para a determinação do impacto das medidas preconizadas pelas ONG de proteção animal em que se privilegia as ações de controle populacional e de mobilidade através de programas de controle de fertilidade e de natalidade das fêmeas desta espécie em detrimento das medidas tradicionalmente preconizadas pelos órgãos estaduais e internacionais no controle da mobilidade através das medidas de captura e eliminação dos animais não resgatados ou que venham a causar qualquer tipo de incomodo. Neste trabalho realizado no município de Guarulhos, Estado de São Paulo, no bairro do Jardim Fortaleza foi testada uma metodologia recomendada para determinar o numero de animais errantes ou sem controle através de captura e recaptura fotográfica em dois momentos sendo que em junho de 2003 foram estimados cerca de 794 animais soltos na comunidade e que representavam 35% do total da população de animais previstos pelo censo canino realizado anteriormente com a relação de 1 cão para cada 5.5 habitantes, e que na segunda captura e recaptura fotográfica realizada um ano após em julho de 2004, foram estimados que haviam somente 111 animais soltos e portanto um decréscimo de 87% em relação ao censo anterior. Com intervenções na população de fêmeas, - castração em forma de mutirão com total de 257 animais e o programa de posse responsável e de RGA - Registro Geral de Animais, alem de intervenções educativas e de sensibilização junto à comunidade pelo PSF (Programa de Saúde da Família). Com os dados coletados do censo canino e com base na taxa de fertilidade e de sobrevida das fêmeas em idade fértil desta população de cadelas determinamos através do uso da Matriz de Leslie qual a fração de animais em idade fértil que deveriam ser castradas e os seus custos, para obtermos a mesma redução obtida com as intervenções realizadas no local, em comparação com as medidas tradicionais de captura e de sacrifício ou com a associação de todas estas estratégias.
Tuberculose pulmonar no idoso em comparação com a do adulto jovem
Introdução. A tuberculose vem acometendo cada vez mais os idosos em relação aos não idosos. Objetivo. Verificar diferenças na tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva que acomete o idoso em comparação com o adulto jovem. Metodologia. Selecionados 80 idosos com 60 anos de idade ou mais, doentes de tuberculose pulmonar com baciloscopia de escarro positiva para o bacilo álcool ácido resistente, residentes e tratados no Município de São Paulo-SP em 2001. Estes foram pareados com 80 adultos entre 20 e 39 anos de idade, da mesma unidade de saúde e mesmo sexo, procurando-se também parear escolaridade, ocupação e residência. Comparou-se a evolução do tratamento por até 12 meses. Resultados. Os idosos tiveram freqüências maiores em: tempo de demora entre o início dos sintomas ao início do tratamento, reações medicamentosas, pacientes tratados por mais de seis meses, número de óbitos, doenças associadas e mudanças de medicamentos. Porém tiveram menos sintomas e menor número de abandonos de tratamento. Conclusões. Os idosos, devido às dificuldades no diagnóstico, demoras no início do tratamento e doenças associadas, têm maiores riscos de letalidade e de complicações durante o tratamento, principalmente entre os mais velhos. Preconiza-se uma atuação mais atenta e capacitada dos profissionais, bem como políticas públicas que contemplem este segmento etário.
2005
Eduardo Osvaldo Mishima
Aspectos metodológicos da aferição de atividade física em crianças de 7 a 10 anos de idade por meio do acelerômetro: revisão sistemática da literatura
Introdução: Estudos mostram a importância de quantificar a atividade física e sua associação no processo saúde-doença. Esta tarefa não é simples, principalmente em crianças, por constituir um construto multidimensional que envolve atividades realizadas no lazer, em ambientes educacionais, vinculadas à ocupação e ao transporte. O acelerômetro está em destaque nos estudos epidemiológicos com adultos e crianças nos quais existe interesse na aferição de atividade física. Objetivo: Explorar aspectos metodológicos na aferição de atividade física por meio de acelerômetro em crianças de 7 a 10 anos. Metodologia: Estudo de revisão sistemática de trabalhos selecionados segundo passos pré-definidos: critérios de inclusão dos estudos; estratégia de busca; critérios para avaliação de qualidade dos estudos identificados; informações a serem extraídas. Entre as características de interesse estão as relacionadas à tecnologia do equipamento, à utilização, à população e às medidas de aferição. Resultados: Foram localizados 872 trabalhos nas 4 bases de dados (Pubmed, Embase, SPORTDiscus, Lilacs). Foram incluídos na revisão 68 estudos com qualidade metodológica. Foi constatada a predominância de utilização de acelerômetros uniaxiais da marca Actigraph® (Modelos: GT1M; 7164), com sua maior utilização na região do quadril direito, por sete dias da semana, com epochs de duração de 60 segundos, considerando como válida a informação de 3 ou mais dias de coleta e a presença de grande variedade de pontos de corte para diferentes níveis de intensidade e desfechos da atividade física. Conclusão: O acelerômetro é bastante utilizado em pesquisas epidemiológicas na aferição de atividade física por meio de counts, uma medida que não apresenta fácil entendimento. São aspectos metodológicos que limitam a comparação entre os estudos: diferentes marcas e modelos, diferentes número de dias de observação, grande variabilidade nas faixas etárias, diferentes durações do epoch e de pontos de corte. Identifica-se a necessidade de mais estudos metodológicos para elucidar a aplicabilidade do acelerômetro como instrumento de aferição da atividade física em crianças de 7 a 10 anos
2013
Eduardo Quieroti Rodrigues
Taxonomia integrativa de espécies, com fêmeas morfologicamente similares, do gênero Psychodopygus (Diptera, Psychodidae), Série Chagasi, registradas no Brasil
Introdução. A identificação dos flebotomíneos baseia-se principalmente na morfologia do adulto, o que pode ser problemático quando as espécies são morfologicamente muito semelhantes. Psychodopygus é um gênero de flebotomíneos de grande interesse em saúde pública devido ao papel de algumas espécies na veiculação de Leishmania spp. no Brasil. No entanto, este gênero inclui espécies com fêmeas morfologicamente indistinguíveis que pertencem à Série Chagasi, sendo elas: P. chagasi, P. complexus, P. squamiventris maripaensis, P. squamiventris squamiventris e P. wellcomei. Objetivos. Investigar a possibilidade de distinguir essas espécies por meio de análises morfométrica e molecular, além de produzir uma distribuição geográfica atualizada para o grupo analisando a probabilidade de ocorrência das espécies através da análise de modelagem de nicho ecológico. Material e Métodos. Foi realizada a análise discriminante na morfometria geométrica (cabeça e asa) e linear, morfologia (usando microscopia óptica e eletrônica de varredura) e a análise do citocromo c oxidase subunidade 1 (COI), avaliando-se um total de 752 espécimes (460 fêmeas e 292 machos) dos seguintes estados Amapá, Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Mapas de distribuição foram produzidos através de dados obtidos do material analisado e de revisão bibliográfica. Resultados. A análise discriminante usando caracteres morfométricos lineares mostrou-se capaz de diferenciar todas as espécies, exceto P. complexus, que apresentou 2,2% de erro de identificação. A morfometria geométrica das asas foi incapaz de separar completamente as espécies através da conformação, mas o tamanho do centróide dos espécimes fêmeas falhou apenas em distinguir P. complexus de P. s. maripaensis. Por outro lado, a morfometria geométrica das cabeças foi capaz de distinguir todas as espécies com grande eficiência ao usar tanto a forma como o tamanho do centróide. A análise morfológica revelou que a coloração torácica, principalmente do pronoto e do pós-noto, pode ser usada para separar as cinco espécies em três grupos: P. chagasi, P. wellcomei / P. complexus e P. s. mariapaensis / P. s. squamiventris. Os resultados da análise de DNA Barcoding, mostraram um agrupamento semelhante ao observado na morfologia; embora os espécimes de P. wellcomei do estado do Ceará mostrem uma grande distância genética da população do estado do Pará, evidenciando que essa espécie possa representar um complexo. Quanto à microscopia eletrônica de varredura, foram avaliadas detalhadamente as estruturas das antenas, tórax e genitália masculina. Salientamos que no anepímero (tórax) foi observada uma escama tipo \"raquete\" modificada apenas em Psychodopygus s. squamiventris. A revisão da distribuição geográfica mostrou que as espécies possuem uma distribuição cis-andina, ocorrendo principalmente no bioma Amazônico. A nítida separação de algumas espécies pelo rio Amazonas, sugere que o surgimento do grupo ocorreu no período que se estende da orogênese dos Andes até a formação deste rio. Conclusões. O estudo possibilitou diferenciar completamente as fêmeas das cinco espécies da Série Chagasi utilizando o conjunto de dados obtidos por morfometria linear e geométrica e análises morfológicas e também apresentar novos caracteres morfológicos e padrões distribucionais que facilitarão a identificação de machos e fêmeas dessas espécies.
2018
Rodrigo Espíndola Godoy
Vigilância entomológica de vetores de arbovírus na cidade de São Paulo: análise espaço temporal de criadouros, de acordo com fatores sazonais e socioeconômicos, no período de 2012 a 2016
Introdução: Conhecer e monitorar fatores associados a transmissão de arboviroses são um grande desafio para os gestores de saúde pública e também uma necessidade para regiões onde há registro da circulação de arbovírus e a presença de vetores. Objetivos: Identificar os principais grupos de recipientes que podem se tornar ou são criadouros de mosquitos vetores no Município de São Paulo e verificar se os mesmos sofrem influências de fatores sazonais e socioeconômicos em sua distribuição. Método: Foram levantados dados das inspeções realizadas nas atividades de vigilância e controle de Aedes aegypti no período de 2012-2016, por Supervisão Técnica de Saúde e para o município. Em seguida foram construídos grupos de recipientes para avaliar predominância nas diferentes condições de encontro (existente, com água, com larva). Os indicadores gerados foram utilizados para testar diferenças significativas das frequências entre as estações do ano e analisar correspondência entre incidência de casos dengue e predominância de grupos de criadouros. Posteriormente, foi realizada análise de agrupamento por fatores socioeconômicos para identificar diferenças na distribuição dos grupos de recipientes. Para as análises de variância foi utilizado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Resultados: O grupo de recipientes móveis foi o potencial criadouro mais frequente em todos os anos, seguido dos grupos planta e pneus. Móvel e planta foram os criadouros mais frequentes para o município. O grupo móveis, apesar de numeroso, não foi o mais colonizado. Por outro lado, os depósitos para armazenamento de água tiveram baixa frequência, porém alta proporção de colonização. A sazonalidade influenciou na distribuição de recipientes com água e com larva, sendo que as maiores frequências ocorreram no verão e outono. A proporção de imóveis tendo recipientes com água aumentou de acordo com o tempo, principalmente em 2015. O grupo que teve maior incremento do índice nesse período foi o de depósito não ligado à rede. Foram gerados cinco grupos de STS por condições socioeconômicas, nos quais houve diferenças no padrão de distribuição de potenciais criadouros e criadouros. Regiões com melhor condição socioeconômica apresentaram menor frequência dos indicadores, mas não necessariamente menor risco de transmissão de dengue no período avaliado. Conclusões: Os principais grupos de criadouros mais frequentes no Município de São Paulo dentro do período analisado foram os de menor tamanho, principalmente os do tipo móvel. Reservatórios de maior tamanho e destinados ao armazenamento de água demonstraram importância na proporção de colonização e tiveram sua frequência aumentada no período da crise hídrica do abastecimento. Fatores sazonais e condições socioeconômicas influenciaram a distribuição de criadouros em São Paulo. Para melhor direcionamento das ações de prevenção e controle de vetores, analises sistemáticas e continuas por regiões devem ser realizadas.
Distribuição espacial e temporal dos casos de tuberculose pulmonar em municípios do estado de São Paulo,2007 a 2013
Introdução: A tuberculose (TB) ainda é uma doença em posição de destaque na saúde pública, mantendo-se como emergência global desde 1993, devido ao elevado número de infectados pelo bacilo causador, e devido a se apresentar como uma das principais causas de morte no planeta. Objetivos: Descrever a distribuição espacial e temporal dos casos de TB pulmonar (TBp) no estado de São Paulo (ESP) entre 2007 e 2013 e identificar fatores de risco para sua ocorrência. Método: Trata-se de estudo ecológico, cujas informações foram obtidas nos bancos de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os casos de TBp foram georreferenciados a partir dos códigos dos municípios de residência dos doentes. Calcularam-se incidências, no tempo e no espaço, e produziram-se mapas temáticos, identificando áreas de maior e menor risco da ocorrência da doença. A incidência de TBp foi relacionada a indicador socioeconômico e demográfico por meio de regressão espacial. As análises estatísticas utilizaram método de Prais-Winsten, estatísticas de varredura e modelagem Bayesiana Gaussiana latente. Resultados: Foram notificados 77,390 casos de TBp em pacientes, desconsiderando casos em presidiários ou coinfecção com síndrome da imunodeficiência adquirida. A taxa de incidência para todo o período de estudo foi igual a 26,8 casos/100.000 habitantes-ano. As taxas de incidência total, masculina e feminina apresentaram estacionariedade entre 2007 e 2013. Os homens e pessoas entre 15 e 59 anos apresentaram excesso de risco. Os municípios das mesorregiões Metropolitana de São Paulo e Litoral Sul Paulista apresentaram, em geral e em todos os anos de estudo, altas probabilidades de que suas razões de incidência padronizada (RIP) fossem maiores do que a unidade e parte deles constitui-se como um aglomerado de alto risco para ocorrência de TBp. Municípios das macrorregiões de Presidente Prudente, Bauru e Marília apresentaram tendência temporal crescente das incidências em relação ao restante dos municípios do ESP. Municípios com baixas renda, escolaridade e longevidade apresentaram risco para ocorrência de TBp 25,0 por cento superior aos municípios com alta renda e altas e médias escolaridade e longevidade. Conclusão: As taxas de incidência apresentaram, entre 2007 e 2013, estacionariedade e maiores valores para homens e pessoas entre 15 e 59 anos. Identificaram-se municípios com alto risco para ocorrência de TBp e municípios, embora com riscos médios para TBp, com tendência crescente das incidências. Municípios com piores condições socioeconômicas e demográficas relevaram-se de maior risco para ocorrência do agravo
Óbitos por intoxicação exógena no município de São Paulo, Brasil
Introdução: Dados da Organização Mundial da Saúde apontam a intoxicação como um importante problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Objetivos: estimar a taxa de mortalidade e descrever os óbitos por intoxicação exógena (IE) no município de São Paulo (MSP) no ano de 2014. Métodos: Utilizaram-se as informações dos registros dos óbitos (causa básica) no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Para o relacionamento probabilístico foram selecionadas as variáveis: nome, data de nascimento e sexo. Foram utilizados os softwares OpenRecLink para o linkage, Stata® para análise de dados e o TabWin para a distribuição espacial dos óbitos por IE. Os óbitos foram descritos em relação às características do local de ocorrência, circunstância da exposição, grupo do agente tóxico e classificação final. Foi utilizado o método de captura-recaptura para estimar o número de óbitos, após o relacionamento dos bancos de dados. Resultados: Os dados do SIM apontaram para uma taxa de mortalidade por IE de 5,2/100.000 habitantes no MSP, em 2014. O distrito administrativo de São Miguel apresentou a maior taxa de mortalidade 12,2/100.000 habitantes. A maior parte dos óbitos (n=412) foi atestada por médico do IML. O sexo masculino foi o que apresentou maior frequência (71 por cento ). A faixa etária de maior mortalidade foi a de 20 a 39 anos. Foi possível identificar uma grande diferença entre o número de óbitos por intoxicação registrado no SIM (n=596) e o estimado (n=1.514,5) pelo método de captura-recaptura. A taxa de mortalidade estimada pelo método de capturarecaptura foi de 13,2/100.000 habitantes. Dessa forma identificou-se um sub-registro de óbito de 60,6 por cento . Conclusões: Os resultados mostram que a mortalidade por IE é subestimada quando comparada a calculada a partir da captura-recaptura de dados. O relacionamento das bases de dados é importante para estimar a magnitude da ocorrência dos óbitos por IE. Há a necessidade de formulação de políticas públicas voltadas à prática da vigilância das intoxicações, qualificação dos profissionais da assistência à saúde para o diagnóstico das IE e capacitação aos responsáveis pelo registro dos casos
2017
Paulo Tenorio de Cerqueira Neto
A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde (CIF) e o conceito Bobath
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) contextualiza a saúde do individuo sob uma perspectiva integrativa, considerando os aspectos relativos ao meio em que vivem. Seu modelo biopsicossocial se aproxima do modelo de abordagem do Conceito Bobath (CB). Este conceito é conhecido por apresentar bons resultados na clínica mas limitações no registro da evolução dos pacientes. Com a divulgação da CIF, vislumbrou-se a possibilidade de registrar os ganhos funcionais obtidos com a terapêutica Bobath. O objetivo deste estudo foi apresentado em dois artigos. O primeiro artigo se refere ao relato de experiências de uso da CIF como forma de estimular sua aplicabilidade. O segundo tem como objetivo refletir sobre a congruência entre a CIF e o CB e discutir a aplicação de ambos na reabilitação neurológica. O resultado apresenta diferentes estratégias de uso da Classificação e sugere sua aplicação em conjunto com o CB, exemplificando uma forma de uso em um centro de reabilitação. A divulgação da classificação em conjunto com uma abordagem já utilizada, seja sob um formato total ou parcial, ou sob uma estrutura nova ou préestabelecida, pode trazer benefícios para a sua disseminação, facilitando o treinamento de profissionais e permitindo registro dos ganhos funcionais obtidos em terapia.
2012
Luana Talita Diniz Ferreira
Avaliação em campo de três armadilhas automáticas para capturar mosquitos (Diptera:Culicidae) em área agrícola de Pariquera-Açu, São Paulo, Brasil
Introdução: As diversas armadilhas apresentam rendimento diferenciado na captura, havendo a necessidade de buscar instrumentos que amostrem porções representativas das populações de mosquitos. Levanta-se a hipótese de que as armadilhas Mosquito Magnet Independence e CDC com CO2+Lurex3 sejam mais eficazes na captura de culicídeos do que a armadilha CDC luminosa. Objetivos: Avaliar a eficácia das armadilhas Mosquito Magnet Independence e CDC+CO2+Lurex3, em relação à CDC-luminosa, para a captura de culicídeos adultos em área agrícola na Fazenda Experimental em Pariquera-Açu, Vale do Ribeira, São Paulo, Brasil. Material e Métodos: Capturas mensais, das 15h00 às 21h00, por meio do delineamento em quadrado latino 3X3, no período de dezembro/2010 a novembro/2011. Perfis de diversidade de Rényi e índices de riqueza, dominância, diversidade, equabilidade e similaridade foram estimados para cada armadilha para compará-las. Resultados: Capturou-se 6.055 de 70 espécies e 12 gêneros. A CDC-luminosa amostrou 990 indivíduos de 42 espécies e 10 gêneros,a CDC+CO2+lurex31.419 indivíduos em 41 espécies e 10 gêneros e a Mosquito Magnet 3151 indivíduos de 46 espécies e 11 gêneros. A riqueza, pelo índice de Margalef e Perfil de Rényi, não apresentou diferença estatística para nenhuma armadilha no período dez/mai. A Mosquito Magnet obteve maior rendimento na mensuração da diversidade, segundos os índices de Shannon e Simpson, observados no perfil de Rényi. A dominância, pelo índice de Berger-Parker isolado,foi maior na Mosquito Magnet do que nas demais, nos dois períodos de capturas. O perfil de Rényi não apontou diferença significante para dominância. Índice de Pielou não mostrou significância em relação à CDC-luminosa para nenhuma das armadilhas nos dois períodos avaliados. Índices de Jaccard e Sorensen apontaram maior similaridade na composição de espécies entre a Mosquito Magnet e CDC+CO2+lurex3. Conclusões: A Mosquito Magnet Independence e CDC+CO2+Lurex3 apresentaram rendimento semelhante, nos meses mais frios e secos do ano. A utilização dessas armadilhas para a captura de determinados táxons pode ser importante ponto na estratégia de vigilância de espécies vetoras. Estudos com maior esforço amostral devem ser realizados para avaliar o rendimento das armadilhas Mosquito Magnet Independence e CDC+CO2 +lurex3 em áreas de ambiente alterado de Floresta Atlântica.
2012
Ivy Luizi Rodrigues de Sá
Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/AIDS no Estado de São Paulo - um estudo sobre suas vulnerabilidades
Objetivo. A vulnerabilidade individual é estabelecida num espaço de relações entre sujeitos, nesse sentido o estudo buscou compreender a vulnerabilidade de mulheres negras e não negras que vivem com HIV/AIDS à reinfecção e ao adoecimento, em três serviços públicos de referência para o tratamento de DST/AIDS do Estado de São Paulo. Métodos. A pesquisa foi realizada com 1.068 mulheres maiores de 18 anos (526 não negras e 542 negras), voluntárias, atendidas em três serviços públicos de referência para o tratamento de DST/AIDS do Estado de São Paulo, de setembro de 1999 a fevereiro de 2000. As mulheres souberam da pesquisa após contato com a equipe de recepção das instituições, na sala de espera, e aquelas que aceitaram participar assinaram o termo de consentimento pós-informado. O termo de consentimento e o protocolo de estudo foram aprovados pelos Comitês de Ética de cada uma das instituições participantes. As entrevistas realizaram-se em ambiente privado e foram conduzidas por profissionais do sexo feminino, de nível superior. O instrumento para coleta de dados foi um questionário semi-estruturado que possibilitava à entrevistada falar sobre suas experiências e impressões em diferentes momentos da vida, especialmente depois da revelação do diagnóstico de soropositividade para o HIV. Na análise estatística utilizou-se o teste qui-quadrado Pearson e intervalos de confiança de 95%. Para estudar a interação entre as variáveis utilizou-se o modelo loglinear CHAID (Chi-squared Automatic Interaction Detector). Os programas de análise estatística utilizados foram: EpiInfo versão 6.04, SPSS versão 8.0 and Answer Tree versão 3.0. Resultados. As condições de ordem social que contribuíram mais fortemente para a vulnerabilidade individual de mulheres negras foram: dificuldades de acesso à educação formal, condições de moradia e habitação menos favoráveis, baixo rendimento individual e familiar per capita, responsabilidade pelo cuidado de maior número de pessoas, dificuldade de acesso ao teste diagnóstico, dificuldade de acesso às informações sobre terapia anti-retroviral para o recém-nascido e sobre redução de danos no uso de drogas injetáveis, dificuldade em adotar comportamentos protetores tais como o uso de preservativo , menores possibilidades de acompanhamento realizado por outro médico que não o infectologista ou ginecologista, menores chances de atendimento nutricional, menos facilidade em obter outros remédios além do coquetel. Os fatores de ordem cognitiva que contribuíram para o aumento da vulnerabilidade das mulheres negras foram: baixa percepção de risco individual de infecção e a conseqüente falta de iniciativa em procurar um serviço de saúde que oferecesse o teste, dificuldade em entender o que os profissionais dizem, em esclarecer suas dúvidas ou falar sobre suas preocupações, dificuldades em entender a evolução de seus quadros clínicos. Os achados permitiram identificar que as mulheres negras estavam menos conscientes sobre o problema e sobre as formas de enfrentá-lo, encontrando, na maioria das situações, menores possibilidades de transformar suas condutas. Do ponto de vista subjetivo, a qualidade do aconselhamento anterior e posterior ao teste, a piora da vida sexual após o diagnóstico e a dificuldade em falar sobre o assunto com os profissionais mais diretamente envolvidos no cuidado, como é o caso dos médicos infectologista e ginecologista, também influenciaram os processos de vulnerabilização. As mulheres não negras apresentaram-se mais atentas em avaliar as situações inadequadas ocorridas no serviço de saúde. Conclusões. Ao incorporar a raça como categoria analítica foi possível compreender melhor a multidimensionalidade, a instabilidade e a assimetria da vulnerabilidade. As experiências e impressões descritas pelas mulheres estudadas apontam a necessidade de reconhecimento das diferenças e de suas especificidades; de investimento no desenvolvimento institucional, nas políticas e programas de formação profissional continuada, com ênfase na humanização do cuidado, na melhoria da qualidade de comunicação e relação interpessoal e na aquisição de habilidades para o manejo de questões inerentes às relações raciais e de gênero. Do mesmo modo, tais experiências ressaltaram a necessidade de ampliação do repertório de direitos que as mulheres dominam para que elas próprias cooperem na redução ou superação de suas vulnerabilidades.
Suplementação de vitamina A em lactantes: revisão sistemática
Objetivo: Avaliar os efeitos da suplementação de vitamina A em lactantes, por intermédio de uma revisão sistemática. Métodos: Realizou-se buscas por ensaios aleatorizados controlados em bases de dados bibliográficos. Localizou-se 2.547 resumos que foram lidos e selecionados por dois examinadores, segundo critérios de elegibilidade e qualidade. Foram considerados elegíveis e apresentando qualidade 16 estudos, cujos dados foram extraídos e armazenados no Excel. Para os desfechos clínicos efeitos adversos e morbi-mortalidade materna e infantil, não foi possível realizar metanálise. Para os desfechos concentração de retinol sérico e no leite, realizou-se metanálise. Resultados: Não foram descritas diferenças estatisticamente significativas na ocorrência de diarréia, infecção respiratória e pneumonia entre crianças dos grupos com e sem suplementação. Observou-se menores prevalências de evacuações aquosas e cegueira noturna em lactantes suplementadas, porém sem proteção em relação à mortalidade. Observou-se menor ocorrência de níveis de retinol no leite <0,28μmol/g de lipídio no grupo suplementado aos seis meses (OR=0,73; IC95%: 0,54 0,99), mas não aos nove meses pós-parto (0,82; IC95%:0,59 1,14). Para os níveis de retinol sérico infantis e maternos, obteve-se diferença de médias sumária de 0,25μmol/L (IC95%: 0,16 0,34) e 0,14μmol/L (IC95%: 0,02 0,26) aos três meses pós-parto. Conclusões: Não há evidências de benefícios da suplementação em relação à morbi-mortalidade infantil e mortalidade materna. Há indicação de que a suplementação seja protetora em relação à morbidade materna, esteja relacionada à manutenção de teor adequado de retinol no leite humano até o sexto mês e à maior concentração sérica de retinol materno e infantil no terceiro mês pós-parto.
2006
Julicristie Machado de Oliveira
Utilização de serviços de saúde no Município de São Paulo, nos anos de 2003 e 2008: inquéritos de saúde de base populacional
Introdução: Os anos 2003 e 2008 delimitam um período importante na saúde do Município de São Paulo. É imediato ao estabelecimento efetivo do SUS, teve ampliação da rede sua básica e contou com ações de largo alcance social, tais como os mutirões da saúde. Objetivo: Identificar mudanças na utilização de serviços de saúde no Município de São Paulo no período de 2003 a 2008, segundo características sociodemográficas, de saúde e de estilo de vida. Método: Utilizou-se os inquéritos de saúde de base populacional do município, os ISA Capital de 2003 e de 2008. Foi analisado o uso de serviços de saúde no evento da morbidade aguda, na presença de hipertensão e/ou diabetes, em adultos com idade de 20 anos ou mais, e na realização de exames de Papanicolau, mamografia e de próstata. O perfil sociodemográfico, de saúde e de estilo de vida foi analisado através da prevalência destas características e da taxa de uso, entre os que procuraram assistência médica na morbidade aguda, entre os hipertensos e/ou diabéticos que referiram visitar médico ou serviços de saúde regularmente e entre os que realizaram exames preventivos em tempo inferior a três anos da data da entrevista. Resultados: No período, ocorreram os seguintes aumentos significativos: a procura por serviços de saúde entre os que procuraram ajuda devido à morbidade aguda, de 76,1 por cento para 89,8 por cento ; a prevalência referida de hipertensão arterial, de 17,2 por cento para 21,7 por cento ; a visita regular ao médico ou aos serviços de saúde entre diabéticos, de 58,6 por cento para 74,1 por cento , e a realização de mamografia, de 63,9 por cento para 73,8 por cento . Diminuiu significativamente o diagnóstico de diabetes mellitus nos três anos anteriores à data da entrevista, de 38,3 por cento para 23,0 por cento . Discussão: Ampliação da rede básica e mudanças na organização dos serviços de saúde no sistema público podem ser responsáveis pelo aumento da demanda assistida na morbidade aguda, da proporção de diabéticos que visitam regularmente médicos ou serviços de saúde e da prevalência referida de hipertensão arterial. A diminuição na detecção de casos recentes de diabetes mellitus pode indicar exaustão dos casos antigos que ainda estavam sem diagnóstico. O SUS teve participação diferente nas dimensões analisadas. Aumentou sua importância na morbidade aguda e continuou abaixo das expectativas nos exames preventivo, revelando persistência das limitações nesta área. Foi o principal meio de uso de serviços da classe de menor escolaridade
2011
Jerônimo Fernandes Godofredo
Definições de caso e classificação da gravidade do dengue e suas implicações no aprimoramento da vigilância e de intervenções em Saúde Pública
Objetivos: Formular uma definição de caso suspeito e de caso provável de dengue e uma classificação da sua gravidade com a finalidade de aprimorar seus indicadores de validade, conferir maior consistência aos dados da vigilância e subsidiar condutas clínicas. Metodologia: Trata-se de estudo observacional, analítico, com coleta prospectiva de dados, desenvolvido na área metropolitana de Bucaramanga (Colômbia), abrangendo pacientes recrutados entre 2003 e 2008, com síndrome febril aguda de origem desconhecida (SFA-OD), definida como febre de início recente (menos de uma semana) de origem não determinada clínicamente. As variáveis de interesse foram as demográficas, relativas a aspectos clínicos (sintomas, sinais e evolução) e laboratoriais (valores de leucócitos, plaquetas e o hematócrito). A existência de associação entre o dengue (variável dependente) e as variáveis independentes foi estimada por meio das odds ratio não ajustadas e ajustadas mediante análise de regressão logística não condicional. Por meio da análise de cluster, no subgrupo de pacientes com dengue buscamos identificar o agrupamento de pacientes com parâmetros similares de gravidade. Resultados: Foram incluídos e seguidos 1.698 pacientes com SFA-OD, entre os quais foram identificados 545 pacientes com dengue com idades entre os quatro e 85 anos. Inicialmente, a partir da análise de cluster nos casos de dengue, obtiveram-se três grupos que foram classificados em três níveis de gravidade: leve, moderada e grave, os quais estiveram relacionados com a incidência de hospitalização (0,8 por cento , 11,7 por cento e 30,5 por cento , respectivamente) e com outras variáveis como a duração da doença e alterações em alguns biomarcadores. Posteriormente, ao comparar os casos de dengue com os SFA-OD de outras etiologias, obteve-se um modelo multivariado incluindo os níveis de leucócitos e plaquetas e os seguintes sintomas: exantema, tosse e rinorréia, e sinais de prurido, hiperemia conjuntival e dor à palpação abdominal. Este modelo foi traduzido em uma escala de diagnóstico que mostrou uma área abaixo da curva ROC de 83,3 por cento para a previsão de dengue (IC95 por cento : 81 por cento - 85,5 por cento ). Essa escala foi utilizada para propor definições de caso suspeito e provável de dengue. Conclusão: As definições de caso e classificação de gravidade, propostas neste estudo, estão baseadas em uma análise de dados clínicos de pacientes de área endêmica. Portanto, esperamos que ajudem a um melhor acompanhamento das tendências do dengue, assim como, à identificação de grupos e fatores de risco para subsidiar intervenções de saúde pública. Por outro lado, sua aplicação poderia melhorar o prognóstico das suas formas graves, ao contribuir à oportuna identificação das complicações
2011
Fredi Alexander Diaz Quijano
Vieses em estudos epidemiológicos: reflexão sobre o papel do monitoramento na condução de ensaios clínicos aleatorizados
Introdução: As práticas clínicas baseadas em evidências utilizam resultados de estudos bem desenhados e bem conduzidos que, compilados em revisões sistemáticas, auxiliam os profissionais da saúde e orientam-os de modo sintético e atualizado no manejo dos tratamentos. Em um estudo bem conduzido, os dados coletados apresentarão boa qualidade se obtidos a partir de protocolos bem definidos que incluem as orientações para o acompanhamento dos pacientes e ações padronizadas pelos profissionais envolvidos. O monitoramento do estudo permite acompanhar e controlar a execução das ações definidas no protocolo de tal forma que os resultados finais não apresentem vieses de seleção, de desempenho (performance), de detecção, de atrito (attrition) ou de relato. Entre os instrumentos que avaliam a qualidade do relato de ensaios clínicos, nenhum deles destaca a avaliação de ações de monitoramento que, constitui, segundo nosso ponto de vista, um elemento importante para assegurar a qualidade dos dados. Objetivo: Apresentar uma reflexão sobre vieses em ensaios clínicos aleatorizados e sobre o papel do monitoramento do estudo no controle e prevenção destes. Métodos: Estudo metodológico que se propôs a avaliar a qualidade de ensaios clínicos aleatorizados incluídos em uma revisão sistemática escolhida ad hoc que tratou do uso de estatinas na prevenção primária de doença cardiovascular. Análise de vieses dos estudos originais incluídos na revisão sistemática utilizando a ferramenta para avaliação de risco de viés em ensaios clínicos aleatorizados descrita no Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions (Manual Cochrane para Revisões Sistemáticas de Intervenção), versão 5.1.0. Foram identificadas e descritas em detalhes as ações do monitoramento que poderiam colaborar na minimização ou possível eliminação dos vieses. Foi realizada uma busca nos artigos originais para verificar se existia a descrição das ações relacionadas ao monitoramento. Resultados: Considerando o critério para possibilidade de ocorrência de cada um dos sete tipos de viés, os estudos BONE, CARDS, METEOR e MRC/BHF apresentaram a maior porcentagem (85,7 por cento ) de baixo risco de ocorrência de vieses, indicando possivelmente boa qualidade metodológica. Em contrapartida, em quatro estudos esta porcentagem foi menor que 50 por cento (estudos ASPEN, CERDIA, HYRIM e KAPS), indicando menor qualidade metodológica. Todos os estudos foram classificados como risco incerto para outras fontes de vieses por apresentarem patrocínio por indústria farmacêutica representando, sob nossa avaliação, conflito de interesse. Observou-se que o estudo AFCAPS/TexCAPS indicou que uma empresa que organiza pesquisas foi contratada pelo patrocinador para manejo administrativo e clínico e também dos dados. Porém, não foram descritos maiores detalhes sobre o monitoramento. Neste estudo, observou-se risco incerto para a geração de sequência aleatória, ocultação da alocação e outros vieses. Os demais potenciais vieses foram classificados como baixo risco. Conclusões: No presente trabalho, verificou-se que mesmo um ensaio clínico bem desenhado, relatado e avaliado como baixo risco para a ocorrência de vieses também está sujeito a ocorrência destes durante a sua condução. Vê-se como necessária a inclusão de um item específico sobre viés de conflito de interesse nos instrumentos de avaliação de qualidade metodológica de estudos. Reforça-se o papel do monitoramento para evitar ou minimizar erros sistemáticos, garantindo que o estudo seja realizado conforme o que foi inicialmente proposto.
Tendências da incidência e da mortalidade do câncer de mama feminino no município de São Paulo
Introdução: A cada ano, são diagnosticados mais de um milhão de novos casos de câncer de mama em mulheres no mundo. Os países mais desenvolvidos apresentam as maiores incidências, enquanto a mortalidade é maior nos países em desenvolvimento. No Brasil, as incidências mais elevadas se localizam nas regiões Sul e Sudeste. Nos últimos cinco anos, a incidência de câncer de mama aumentou cerca de 30 por cento nos países do ocidente, porém, a partir do ano 2000, observa-se ligeiro decréscimo na mortalidade. A investigação simultânea sobre a incidência e a mortalidade pode fornecer informações sobre a etiologia da doença, e a análise dos efeitos da idade, período e da coorte facilita a compreensão dos mecanismos responsáveis pela variação nas tendências. Objetivos: Analisar as tendências da incidência e da mortalidade por câncer de mama feminino no município de São Paulo, segundo os efeitos da idade, período e coorte. Métodos: Foram analisadas a incidência no período de 1997 a 2005, e a mortalidade no período de 1982 a 2005. Os dados foram obtidos no Registro de Câncer de Base Populacional de São Paulo, no Sistema de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM-MS) e no Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE). Os efeitos da idade, do período e da coorte na tendência dos coeficientes de incidência e mortalidade foram analisados pelo modelo de regressão de Poisson. Resultados: As tendências da incidência e da mortalidade aumentam com a idade, porém esse efeito é maior na mortalidade, sobretudo entre as mulheres com idade a partir dos 50 anos. O efeito do período apresentou tendência crescente para a incidência no período entre 2003 e 2005, que coincide com o início dos mutirões de mamografia no município de São Paulo. Para a mortalidade, a tendência foi decrescente no mesmo período. O efeito da coorte apresentou tendência decrescente a partir das coortes mais antigas, estável na maioria das gerações intermediárias, e decrescente nas coortes mais recentes tanto para incidência quanto para mortalidade. Conclusão: O padrão observado no município de São Paulo é semelhante ao observado em países mais desenvolvidos como Estados Unidos, Austrália e Reino Unido
Aspectos do cancro mole no município de São Paulo
No período compreendido entre 1985 a 1989 foram registrados no Serviço de Dermatologia Sanitária da Faculdade de Saúde Pública de Universidade de São Paulo 202 pacientes portadores de cancro mole, o que compreendeu o universo de estudo. Mapeou-se os possíveis focos geográficos da doença distribuídos pelos 11 Distritos, 48 Subdistritos e 8 Escritórios Regionais de Saúde (ERSA) que compõe o Município de São Paulo. Os subdistritos de Butantã e Santo Amaro concentraram o maior número de casos (55) e o ERSA-1 apresentou 74 casos (36,6 por cento ). A idade concentrou-se entre 20 e 30 anos, havendo um aumento progressivo em menores de 20 anos. Os homens participaram numa proporção de 7:1 mulher, com tendência a diminuir. Houve nítida redução da participação da prostituição como fonte de contágio. O período de incubação variou de 1 a 41 dias com 60,5 por cento nos primeiros 7 dias. A lesão foi única em 33,7 por cento dos casos masculinos. O tempo da doença reduziu-se e o enfartamento inguinal ocorreu em 49 por cento dos casos. Referiram passado venéreo 123 pacientes variando de 1 a mais de 5 episódios. A soropositividade para sífilis revelou-se alta (28,2 por cento ). Em um outro período (1989-1991) foram pesquisados 42 casos de cancro mole para Anticorpos anti-Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH-1) confirmados pelo WESTERN BLOT, resultando 16,6 por cento de sororeatividade. O estudo desta soropositividade revelou que o risco da mulher portadora de um cancro mole apresentar-se infectada pelo VIH-1 parece ser maior do que para o homem. Diante destes resultados, recomenda-se a implantação imediata da notificação compulsória de todas as Doenças Sexualmente Transmissíveis, bem como a pesquisa rotineira para sífilis e para o VIH-1 nas populações de risco identificadas.
1993
Manuel Fernando Queiroz dos Santos Junior
Exposição ocupacional à sílica no Brasil: tendência temporal, 1985 a 2001
Objetivo. Analisar a exposição ocupacional à sílica no Brasil entre 1985 e 2001 por meio de matriz de exposição ocupacional (MEO). Métodos. Especialistas estimaram a exposição à sílica em quatro categorias segundo a freqüência na jornada semanal de trabalho: não expostos (NE), exposições abaixo de 1%; possivelmente expostos (PsE), entre 1 e 5%; provavelmente expostos (PrE), entre 5 e 30%; e definitivamente expostos (DE), exposições acima de 30010 da jornada semanal. A MEO, construída a partir da intersecção de 347 grupos ocupacionais e 25 setores econômicos, foi validada e, posteriormente, superposta ao número de trabalhadores descrito na base de dados Relatório Anual de Informações Sociais no período de 1985 a 2001. Para cada ano foi calculada a prevalência da exposição por sexo, setor econômico e região geográfica. A tendência da série histórica foi analisada por regressão linear simples. Resultados. A validação da MEO apresentou concordância geral acima de 64%, com Kappa variando de bom a regular, exceto para indústria têxtil, e especificidade acima de 85%. Em média, 14,4% dos trabalhadores ocupados estavam expostos a algum nível de sílica na jornada de trabalho. Na categoria DE os homens apresentaram prevalência média de 9,1% com tendência à estabilidade e as mulheres 0,6% com tendência à redução. Os trabalhadores DE concentraram-se em sete setores econômicos. Destacando-se a construção civil, que apresentou tendência crescente da prevalência de exposição em ambos os sexos, com incremento particularmente significativo na força de trabalho feminino. Ao contrário, os setores de extração mineral, metalurgia e indústria da borracha apresentaram redução da prevalência. Conclusões. A MEO desenvolvida neste trabalho apresentou boa concordância e alta especificidade. Como tendência geral, considerando-se todos os setores, houve redução do número de trabalhadores na categoria definitivamente expostos, porém na categoria provavelmente expostos a tendência foi crescente em todas as regiões.
2004
Fatima Sueli Neto Ribeiro
Avaliação dos Sistemas de Informação de Nascidos Vivos e de Mortalidade para a obtenção da mortalidade neonatal em Ilhéus, Bahia
Informações sobre nascimentos vivos e óbitos, com boa cobertura e qualidade, asseguram indicadores de saúde capazes de atender às demandas de gestores do Sistema de Saúde e população. A descentralização dos sistemas de informação impõe a realização de estudos de avaliação no nível local. O objetivo deste trabalho é avaliar o SINASC e o SIM como fontes de dados para obtenção da probabilidade de morte neonatal em Ilhéus, Bahia. Utilizou-se como população de referência os nascidos vivos hospitalares com ocorrência e residência em Ilhéus, em 2001. Os instrumentos de coleta de dados foram elaborados à semelhança da DN e DO. Os dados foram coletados em hospitais e cartórios do município e dos bancos de dados do SIM e SINASC cedidos pela Secretaria de Saúde de Ilhéus. Foram compostos seis bancos de dados, utilizando-se a técnica de Iinkage para identificar os mesmos indivíduos nos diferentes bancos de dados. A coorte é formada por 3426 nascidos vivos, dos quais 3308 foram captados pelo SINASC, representando cobertura de 96,6%. O subregistro civil na coorte foi de 14,4%. Observou-se diferenças estatisticamente significante entre os nascidos vivos captados e não captados pelo SINASC e mês de nascimento, hospital de nascimento, peso ao nascer e registro civil. Dos 68 óbitos neonatais da coorte, 34 foram captados pelo SIM como óbito neonatal, 29 captados como óbitos fetais e 5 não captados. Constatou-se diferenças estatisticamente significantes entre os óbitos neonatais captados e não captados pelo SIM e hospital de ocorrência do óbito, idade ao morrer e registro civil do óbito. A probabilidade de morte neonatal na coorte foi de 19,84‰ nascidos vivos e no SIM/SINASC de 9,97‰ nascidos vivos, indicando que os dados oficiais subestimam em cerca 100% a probabilidade de morte neste grupo. Conclui-se pela necessidade de implementar estratégias para melhoria da cobertura e qualidade dos sistemas de informação em Ilhéus.
2003
Adélia Maria Carvalho de Melo Pinheiro
Antropofilia e polimorfismo de genes mitocondriais em populações de Aedes Scapularis (Rondani) em três regiões hidrográficas do estado de São Paulo
Aedes scapularis, espécie reconhecidamente com tendências à sinantropia, tem sido objeto de estudo por parte de vários trabalhos epidemiológicos e ecológicos. Sua abundância em ambientes alterados pelo homem e competência para transmitir certos arbovírus tomam a espécie de interesse em Saúde Pública. O presente estudo objetiva analisar populações de Ae. scapularis quanto a seu polimorfismo por marcadores moleculares e sai antropofilia. Foram escolhidas localidades distintas do Estado de São Paulo: região metropolitana da Capital (Vale do Tietê), Vale do Ribeira, Vale do Paraíba. Para tanto, foram realizadas coletas quinzenais no ambiente peridomiciliar de janeiro de 2001 a junho de 2002. Para verificar a origem do sangue ingerido pelas fêmeas foram utilizados marcadores de mtDNA, amplificados por PCR. Foi diagnosticada a origem de 25 repastos sanguineos de 96 amostras, resultando em taxa de antropofilia de 25% para esta espécie, em concordância com estudos anteriores. Para estudo da estrutura genética molecular, os indivíduos foram analisados quanto ao polimorfismo de regiões dos genes C01 (Citocromo Oxidase, subunidade I) e ND4 (Dehidrogenase Nicotinamida, subunidade 4) do genoma mitocondrial. Análise por estes marcadores demonstrou que as populações das diferentes bacias, de maneira geral não diferem entre si, apresentando estruturação genética com alta diversidade haplotípica para ambos os genes nas três áreas de estudo.