Repositório RCAAP
Da escola à empresa educadora: a fabricação de habilidades em prol da inclusão de todos
A partir das discussões realizadas em minha pesquisa de doutorado, intitulada “Da escola à empresa educadora: a inclusão como uma estratégia de fluxo-habilidade”, problematizo algumas das relações entre escola e empresa no Brasil para verificar como elas se articulam em prol da inclusão de jovens com deficiência no mercado de trabalho. Inspirada em Michel Foucault, a investigação buscou compreender alguns aspectos da proveniência e as condições de emergência da articulação entre escola e empresa, sendo que esse movimento permitiu perceber como, no início do século XX, ambas as instituições iniciaram tentativas de aproximação, já que era fundamental investir em capital humano através da Educação. Mobilizar, qualificar e se responsabilizar pelo social se tornaram palavras de ordem e, consequentemente, princípios a serem seguidos para o alcance da inclusão de todos.
Temporalidades e deslocamentos na inclusão de sujeitos com cegueira em uma escola visuocentrada
A inclusão de pessoas com deficiência na escola regular vem se consolidando no Brasil contemporâneo, trazendo consigo mudanças significativas no cotidiano escolar. O objetivo deste artigo é problematizar – especificamente no campo de jovens com cegueira – esta inclusão, interrogando as formas como tem ocorrido, com quais objetivos e conexões, tentando compreender as diferentes subjetividades a que este grupo social é submetido. Isto não significa, entretanto, se opor à inclusão, mas situá-la dentro de um contexto de relações de poder e produções discursivas, de forma que nos permita perceber seus efeitos sobre a constituição dos sujeitos. A interpretação destes elementos leva a considerar que as políticas públicas atuais podem estar conduzindo os sujeitos a uma condição de autorregulação, normalização e competição, principalmente ao se vincular a preceitos visuocentrados.
2020
Frey Riffel, Birgit Yara Mendes, Jackeline Rodrigues
Políticas de inclusão e os efeitos nas práticas docentes no ciclo de alfabetização
Este texto discute sobre as políticas de inclusão e os efeitos nas práticas alfabetizadoras desenvolvidas nos anos iniciais da escolarização. Parte-se de uma pesquisa intitulada Alfabetização na “idade certa” numa perspectiva inclusiva: tensões e desafios às práticas docentes alfabetizadoras (2016-2019/FAPERGS), para analisar práticas de professoras que atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental em escolas municipais localizadas no estado do Rio Grande do Sul. Considera-se que as políticas de inclusão produzem efeitos nas práticas alfabetizadoras ao instigar as professoras a individualizar os sujeitos e a flexibilizarem o currículo a fim de garantir a alfabetização de todos na idade certa. Compreendem-se estas práticas na perspectiva da in/exclusão como produzidas pelos discursos que constituem os sujeitos incluídos em uma sociedade neoliberal.
Uma análise sobre condições históricas de emergência da terminalidade específica na educação profissional e tecnológica
Resumo: Este artigo objetiva entender em que condições históricas emerge a certificação por terminalidade específica (CTE) na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT). Trata-se de uma pesquisa assentada nos Estudos Culturais em Educação, que utiliza como lente analítica a noção de representação cultural, de Stuart Hall. O corpus empírico foi constituído de documentos oficiais sobre CTE. A análise mostrou a CTE – instrumento até então permitido apenas para o ensino fundamental no Brasil - adentrando historicamente a RFEPCT no final da primeira década do século XXI. Isso se produziu a partir do elo entre educação especial e educação profissional e tecnológica, que compartilham representações sobre a profissionalização e o autoempreendedorismo como caminhos para a garantia da inclusão dos sujeitos com deficiência mental grave e múltipla no mundo do trabalho. Palavras-chave: Inclusão, educação especial, educação profissional.
2020
dos Santos, Thamille Pereira Machado, Fernanda de Camargo
Política de inclusão escolar e a modulação das condutas dos sujeitos com deficiência
O objetivo do presente estudo é analisar e problematizar como a política de inclusão escolar aciona tecnologias de modulação das condutas dos sujeitos com deficiência. A analítica que sustenta a problematização foi desenvolvida a partir do conceito foucaultiano de governamento. Verifica-se, por meio de pesquisa documental, que os investimentos operacionalizados via programas governamentais para promover a inclusão escolar potencializam um quadro político, econômico e social em que os efeitos da exclusão passem a ser atenuados. Como tecnologia de modulação das condutas das pessoas com deficiência, a participação é uma das condições elementares para a promoção da autonomia; essa condição, segundo a política de inclusão escolar, desenvolve-se a partir da configuração de investimentos na promoção da participação e do desenvolvimento individual.
O projeto acreditar é investir: práticas de in/exclusão contemporâneas
Este artigo analisa as estratégias de governamento e as práticas de in/exclusão presentes no Projeto Assistencial Acreditar é Investir desenvolvidas sobre os estudantes do Ensino Fundamental, no contexto da Escola Municipal de Ensino Fundamental Cidade do Rio Grande. Em termos metodológicos a pesquisa organizou-se em três momentos: 1. análise de documentos que norteiam as ações do Centro e do Projeto; 2. entrevistas realizadas com profissionais que ocuparam distintas posições dentro do mesmo e 3. rede de narrações com estudantes que participam do projeto na condição de bolsistas ou aprendizes. A discussão e problematização teve como questão central: que estratégias são utilizadas pelo Projeto Acreditar é Investir para conduzir as condutas destes sujeitos dentro e fora da escola? Tendo como suporte os estudos foucaultianos, foi possível visualizar dois movimentos analíticos: num primeiro eixo, discutimos o processo de seleção dos jovens estudantes para participarem do projeto. Neste processo visualizamos as implicações na inclusão de alguns alunos no projeto e na exclusão de tantos outros que não são selecionados. Esses processos de in/exclusão subjetivam os sujeitos e produzem determinados comportamentos sociais adequados ao projeto. Num segundo eixo de análise, percebemos que as práticas de in/exclusão ocorrem não só no processo de seleção, mas persistem durante a permanência dos jovens que são selecionados. Isso ocorre por meio da imposição de condicionalidades, assim como das práticas de punição.
2020
Botelho Chagas, Guilherme Lockmann, Kamila Wally Virissimo Chagas, Priscila
Vulnerabilidade linguistica e educação de surdos
O artigo discute a manutenção da histórica vulnerabilidade linguística atribuída às pessoas com surdez e problematiza a precarização das condições de desenvolvimento e sustentabilidade do sujeito. Para tanto, usou-se o conceito foucaultiano de governamento como uma ferramenta de análise em um conjunto de políticas linguísticas de educação de surdos no Brasil. A partir do material, foi possível identificar que o mecanismo da escolha parental opera como uma estratégia de planejamento linguístico fortemente articulada à uma prática de condução pela língua oficial que age na manutenção da vulnerabilidade linguística dos surdos e na precarização de suas condições de formação e trabalho. Assim, entende-se a língua oficial como parte de um dispositivo que instaura a in/exclusão como condição contemporânea e que atua em uma espécie de repatriação de surdos.
2020
Witchs, Pedro Henrique Lopes, Maura Corcini
OBRIGATORIEDADE DO ENSINO NA PRÉ-ESCOLA EM DEBATE: desafios para a garantia do direito à Educação Infantil
Trata-se de estudo qualitativo, de cunho bibliográfico, com o objetivo de apresentar e problematizar os desdobramentos decorrentes da implementação da obrigatoriedade de matrícula na pré-escola indicada pela Lei n.12.796 de 2013. As reflexões evidenciam a preocupação com a tendência à reprodução das políticas compensatórias do passado, por meio da adoção de práticas antecipatórias de escolarização, aspecto reforçado pela predisposição de oferta da pré-escola no espaço das escolas de Ensino Fundamental e jornada de atendimento parcial, sendo que a formação dos professores e as práticas pedagógicas também são objeto de reflexão. As discussões evidenciaram a importância de acompanhar a implementação das políticas públicos como manutenção dos movimentos de luta e resistência em defesa de uma Educação Infantil de qualidade, comprometida com o pleno desenvolvimento das crianças.
2020
Castro de Deus, Alessandra Mesomo Lira, Aliandra Cristina
ENSAIO DE PENSAR AULAS-SONHO PARA NÃO-FILÓSOFOS
À maneira de ensaio, este artigo pensa, poeticamente, a tarefa tradutória do Professor no preparo de Aula e, talqualmente um sonho, encerra-se inconcluso. Convoca esse tradutor e artista da matéria na educação a dançar o pensamento com um corpo butô pronto à escrita na (i)lógica do sonho e nas dimensões da poesia, via aportes da Filosofia da Diferença e Educação. Nesse empirismo, desdobra de seu próprio fazer e do Arquivo da Educação, conceitos fugidios de Aulas-sonho e Sonhografias. Entende que a educação se faz com o corpo todo, suporte receptivo às potências transcriativas do Arquivo. Ensaia repetindo-se para conceitualizar essas formas de pensar aulas em um plano de imanência avesso à imagem dogmática do pensamento.
2021
Reis, Marina dos Corazza, Sandra Mara
REFLEXÕES SOBRE UMA ESCOLA QUILOMBOLA NA COMUNIDADE DE CASCA/RS
O presente artigo busca, mediante a apresentação de uma escola localizada no Quilombo de Casca, no Rio Grande do Sul, apresentar tanto a história da escola quilombola, quanto as experiências e práticas escolares nesse contexto, trazendo questionamentos sobre como a escola é percebida na comunidade. A construção do texto apresenta certos questionamentos que envolvem a comunidade quilombola de Casca e que indicam as percepções da própria comunidade com relação à escola, tanto no que se refere aos projetos trabalhados ao longo do ano na escola, como a formação e professoras e professores para pensar as diretrizes curriculares quilombolas. Também são apresentados autores para fundamentar a educação quilombola e conhecer as diretrizes curriculares quilombolas.
2020
Paixão, Cassiane de Freitas da silva, Rosana Severo
Bidocência na educação bilíngue para surdos: um estudo de caso
O presente artigo tem como objetivo analisar as práticas na bidocência na educação bilíngue para surdos tendo como base um estudo de caso em uma escola de surdos. Tomando como referencial teórico o campo dos Estudos Surdos e da formação e trabalho docente, estabelecemos cruzamentos entre observações em sala de aula e entrevistas com professoras que atuaram em bidocência. Constatamos que a bidocência promove trocas entre as professoras (surda e ouvinte), a partir das dinâmicas de trabalho, em que agregam diferentes saberes. Isso se reflete nas metodologias de ensino bilíngue para surdos, colocando as duas línguas – Libras e a língua portuguesa na modalidade escrita – em evidência. Consideramos que essa prática na bidocência apresenta potencialidades para as propostas de educação bilíngue no contexto da educação de surdos.
2020
Klein, Madalena Aires, Rubia Denise Islabão
Quem necessita de projetos sociais esportivos? direitos a menos e diferenciais de demandas
Este ensaio toma como provocação para o pensamento a seguinte questão: Quem necessita de projetos sociais esportivos? Duvidando sobre a necessidade de tais projetos, posicionamos estes num campo contingente. Para isto, os problemas ou questões sociais que tais projetos visam amenizar são tomados como componentes de um estado de direitos a menos que o público alvo deles estaria submetido. Constitui-se, assim, através de uma estratificação do social uma população com direitos a menos. A partir de resultados produzidos em pesquisas sobre o tema projetos sociais esportivos diagnosticamos um diferencial de demandas entre os objetivos explicitados pelos proponentes de tais projetos e aquilo que visam os participantes do seu público alvo. Tais constatações demonstradas através de resultados destas pesquisas nos permitiram ensaisticamente suspeitar sobre a necessidade destes projetos.
Políticas de inclusão em saúde
O presente artigo traz uma reflexão sobre os enredos entre inclusão e saúde, a partir de uma ideia de gestão de riscos, praticadas pelo Estado brasileiro, buscando responder: como as políticas de inclusão em saúde têm se constituído em formas de governo das condutas na sociedade brasileira contemporânea? O objetivo é o de debater como os enredos entre inclusão, saúde e gerenciamento da vida se manifestam em políticas brasileiras em uma racionalidade política contemporânea. Para tanto, nos debruçamos sobre materiais que versam sobre políticas de saúde para o Estado brasileiro, tendo por base a governamentalidade e a biopolítica. A partir das análises, foi possível refletir que as políticas inclusivas em saúde, pela educação, atuam na condução das condutas dos sujeitos para que se tornem saudáveis e responsáveis por si.
2020
Machado, Roseli Belmonte Freitas, Débora Duarte
O que há de especial na educação especial brasileira?
Este artigo discute as mudanças conceituais na área de Educação Especial tomando como referência as políticas de educação inclusiva. Para tal, usa dados de pesquisas realizadas pelo xxxx em diferentes redes de ensino ao longo dos últimos dez anos. Os resultados indicam que o campo da Educação Especial brasileira vive um momento de transformações epistemológicas. Argumenta-se que tais mudanças são fruto da compreensão por parte dos pesquisadores de que as investigações na área de Educação Especial devem focar a perspectiva inclusiva e de direitos humanos. Isto é, as mudanças em curso sugerem uma agenda de pesquisas em que o fenômeno da deficiência não seja mais analisado de forma isolada do conjunto das relações sociais, mas compreendido a partir de conceitos como de classe, gênero e raça, por exemplo.
EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: a dinâmica político-pedagógica da implementação da Lei 10.639/2003 na UFRPE
Para o Movimento Negro, a educação foi espaço de atenção especial para a promoção da luta antirracista culminando na Lei 10.639/03. Objetivamos aqui, dialogar sobre a dinâmica político-pedagógica da UFRPE-Sede, em relação à sua mobilização para o cumprimento da referida lei, no âmbito dos cursos de licenciatura. Através da realização de entrevistas com professores e representantes administrativos de algumas esferas da UFRPE, percebemos que a disciplinarização foi uma conquista ocorrida após uma série de movimentos, embates e diálogos internos entre três principais esferas NEAB, PREG e o Fórum das Licenciaturas. Concluímos que, a discussão inicial que resultou na disciplina ERER deu-se inicialmente de forma estratégica para a adequação as normativas, todavia, a articulação de alguns espaços com as lutas dos movimentos sociais, impulsionou a instituição para um processo consciente de que a educação tem o poder de contribuir para a transformação de uma sociedade racista.
2021
SANTANA, ELIDA ROBERTA SOARES DE Ferraz, Bruna Tarcília
AFILIAÇÃO DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: uma contribuição a partir dos estudos de Alain Coulon
Este artigo se propõe a apresentar a contribuição teórica do pesquisador e sociólogo francês Alain Coulon ao campo da Educação Superior contemporânea. O universo de investigação eleito por Coulon encontrou terreno fértil no âmbito da pesquisa científica brasileira, em momento de expansão e abertura da universidade pública a segmentos estudantis bem mais heterogêneos. Embora Coulon não tenha se dedicado, especificamente, à pesquisa da vida acadêmica do público da Educação Especial, sua abordagem sociológica nos permite compreender, por aproximação, a dinâmica da vida estudantil de universitários com deficiência em sua dimensão constitutiva. É nesse contexto, que o caráter descritivo e interpretativo de sua obra se destaca. Ao privilegiar aspectos subjetivos e simbólicos da cultura universitária, Coulon aponta para uma discussão inédita e de forte relevância para o estudo de temas contemporâneos complexos que surgem com a abertura da universidade para novos e desconhecidos públicos.
2020
oliveira, gracy Kelly andrade pignata Pimentel, Susana Couto
Expediente
No summary/description provided
Apresentação
No summary/description provided
2019
Santos, Terezinha Oliveira de Lucas, Carlos Henrique
Peter Roberts e Paulo Freire: companheiros de viagens
A entrevista foi realizada da seguinte forma: enviamos as questões para Peter Roberts por e-mail e prontamente ele respondeu por escrito. Ao ler suas respostas tivemos interesse em outros aspectos, desse modo acrescentamos algumas questões, as quais foram respondidas da mesma forma.
2019
Arriada, Eduardo Nogueira, Gabriela Medeiros Vahl, Mônica Maciel
Conversas complicadas com os currículos e os cantos dos estados-nação
Trabalha a ideia de projeto de estado-nação, como promessa irrealizável, na perspectiva das políticas curriculares atuais no Brasil som suporte nas teorias de Pinar, Certeau e Boaventura de Sousa Santos.