Repositório RCAAP
Efeitos do treinamento aeróbio sobre a morfologia e função barreira da mucosa intestinal em ratos wistar
O treinamento aeróbio de forma crônica está correlacionado com menor grau de inflamação e pode ser considerado um dos principais responsáveis por criar condições favoráveis para o equilíbrio intestinal. A mucosa do intestino consiste em uma monocamada de células epiteliais com função principal de absorção de nutrientes e formação de barreira contra entrada de potenciais antígenos que podem prejudicar sua função. A permeabilidade da barreira intestinal pode ser controlada por diferentes processos. Um aumento de antígenos luminais como lipopolissacarídeo (LPS) pode gerar um aumento na permeabilidade paracelular através de quebra das principais proteínas de função barreira, claudina e ocludina, ativando o sistema imune local, levando a um processo de inflamação e dano do tecido. Essas alterações da função barreira estão ligadas com algumas doenças como a doença inflamatória intestinal e o câncer. Por essa razão, faz-se necessário entender o papel do exercício físico na regulação da integridade da mucosa intestinal e seu efeito terapêutico. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito do treinamento aeróbio sobre a morfologia e função barreira da mucosa intestinal em ratos wistar. Na primeira etapa, os animais foram divididos em 2 grupos: grupo 1 - controle sedentário (CTRL), grupo 2 - treinado (T) e desenvolvido um treinamento aeróbio durante 8 semanas com uma carga correspondente a 65% da velocidade máxima atingida no teste de exercício físico progressivo até a exaustão, por 60 minutos durante 5 vezes por semana. 9 O treinamento físico promoveu uma maior perda de peso nos animais treinados sem aumento do consumo de ração comparado com animais sedentários. A segunda etapa ocorreu após o período de treinamento para um tratamento com 3 dias de injeção de LPS intraperitoneal. Os animais foram divididos em 4 subgrupos: grupo 1 - controle sedentário (CTRL), grupo 2 - treinado (T), grupo 3 - controle sedentário com LPS (CTRL + LPS) e grupo 4 - treinado com LPS (treinado + LPS). Os animais sedentários com LPS apresentaram uma maior perda de peso e menor consumo de ração além de maior perda de altura das vilosidades intestinais em detrimento ao maior grau de inflamação com aumento também de infiltrados no cólon. Em contrapartida, o treinamento físico apresentou um efeito protetor sobre a perda de peso e as vilosidades intestinais observados nos animais treinados com LPS. Além disso, foi analisado a expressão gênica de algumas interleucinas pró e anti-inflamatórias (IL 1?, IL 6, IL 10 e IL 23) e os genes para claudina 1 e ocludina. O principal aumento foi observado no perfil gênico da IL23 uma citocina pró inflamatória e da claudina 1 nos animais sedentários com LPS em comparação ao controle como uma ação compensatória para reparação da permeabilidade intestinal e função barreira. Juntos, esses resultados apoiam a hipótese de que o treinamento físico é um fator importante para proteção da integridade da mucosa e função barreira intestinal
A influência do treinamento de força em parâmetros biomecânicos, morfológicos e inflamatórios de portadores de dor lombar crônica
Apesar de ser reconhecidamente gerada por causas multifatoriais, as investigações a respeito da dor lombar crônica (DLC) são em sua maioria unidirecionais, dificultando uma visão mais ampla desse quadro. A proposta desse estudo foi investigar a DLC a partir de uma abordagem multidisciplinar, analisando parâmetros biomecânicos, morfológicos e inflamatórios. O experimento 1 objetivou a caracterização de portadores de DLC; e o Experimento 2, a influência de dois protocolos de treinamento de força na DLC, um de baixa intensidade e baixo volume (TB) e outro de alta intensidade e alto volume (TA). Em ambos os experimentos foram analisados intensidade de dor e nível de incapacidade funcional (escala analógica de dor e Índice Oswestry), Força de Reação de Solo (FRS - plataformas de força AMTI BP600900 - 2000), cinemática de membros inferiores (centrais inerciais - Noraxon) e atividade muscular do reto abdominal, oblíquos externos, multífidos lombares, glúteo médio, vasto lateral e bíceps femoral (TeleMyoDTS), durante a marcha e o sentar e levantar, citocinas inflamatórias por Multiplex em amostras de sangue e área de secção transversa (AST) dos multífidos lombares por imagem de ultrassom. No experimento 1, o grupo de portadores de DLC (n=35) em comparação ao grupo controle (n=20) apresentou maior inflamação sistêmica evidenciada por concentrações elevadas de Eotaxina e MCP-1, menor AST de multífidos lombares (8.11±0.98 vs 9.942±1.05cm²), maior e antecipado primeiro pico da FRS durante a marcha (1.19±0.11 vs 1.09±0.09 PC; 0.16±0.032 vs 0.18±0.031s), menor flexão de quadril (99.47±12.3 vs 107.44±8.46º) e menor atividade de multífidos lombares (41.08±16.15 vs 52.25±12.97 RMS) no sentar e levantar. Os resultados mostraram que os portadores de DLC apresentaram alterações biomecânicas relacionadas ao controle de carga mecânica, inflamação sistêmica aumentada e menor AST de multífidos, apontando para um ambiente catabólico associado a prejuízos nas funções do aparelho locomotor. No experimento 2, embora o grupo TA (n=13) tenha apresentado maior decréscimo no score do Índice Oswestry em relação ao grupo TB (n=13), (24.31±7.89 TA pré vs 9.69±6.97 TA pós; 25.15±9.05 TB pré vs 19.73±13.35 TB pós), ambos apresentaram resultados muito semelhantes nos parâmetros analisados após intervenção: as citocinas inflamatórias foram moduladas numa direção anti-inflamatória, a AST dos multífidos lombares aumentou 15,63% e o primeiro pico da FRS diminuiu na marcha (1.21±0.03 TA pré vs 1.19±0.03 TA pós, 1.15±0.07 TB pré vs 1.09±0.07 PC TB pós), a atividade de reto abdominal diminuiu na fase de balanço da marcha (41.38±12.9 TA pré vs 24.87±12.9 TA pós; 38.86±14.13 TB pré vs 32.5±14.13 RMS TB pós) e os multífidos lombares apresentaram atividade aumentada no sentar e levantar (27.25±2.36 TA pré vs 37.59±2.36 TA pós; 30.16±2.75 TB pré vs 30.72±2.75 RMS TB pós). Assim, independentemente de intensidade e volume estudados, o treinamento de força não apenas reduziu a percepção de dor e a inflamação sistêmica, como também afetou posistivamente parâmetros biomecânicos indicativos de desempenho e controle de carga
A prática regular de exercício físico e a relação com sintomas associados a infecções, respiratórias do trato superior em adultos da cidade de São Paulo
A prática regular de exercício físico tem se mostrado uma eficiente aliada na prevenção de várias patologias, entre elas as respiratórias. Estudos mostram as principais modificações ocorrendo na imunidade inata, mais especificamente nas mucosas, nos indicando que o exercício intenso e extenuante suprime o sistema imunológico, ao passo que o exercício moderado tem o efeito contrário. Ainda que estabelecido que as doenças respiratórias apresentam forte componente sazonal, pouco se compreende da associação entre a sazonalidade, as diferentes formas de prática, como os exercícios aeróbicos e resistidos, e a intensidade, com a prevalência destas doenças. O presente estudo avaliou a associação entre a prática de exercício físico em seus diferentes tipos e a frequência dos sintomas associados a infecções respiratórias sazonais. Por meio de pesquisa descritiva, retrospectiva observacional, observamos as variações anuais de sintomas associados a doenças respiratórias para os diferentes perfis de prática de exercício físico, com especial atenção nas estações de outono e inverno, que os apresentam com maior frequência. Realizaram-se análises descritivas dos sujeitos e das taxas de retorno do questionário aplicado, bem como teste de normalidade, sendo que a amostra indicou ser não normal. A amostra foi composta por 374 sujeitos elegíveis para análise, 37% de indivíduos do sexo masculino e 63% do sexo feminino. A idade média dos sujeitos foi de 39 anos (DP=12) variando de 18 a 77 anos. As análises descritivas incluíram o estudo dos componentes principais e por agrupamentos, e as análises inferenciais compreenderam os modelos semicontínuos para os três índices desenvolvidos. As análises confirmaram que os sujeitos que praticam exercício físico regularmente apresentam médias de sintomas menor que sedentários e foi observada a associação significativa com a inclusão da prática de exercício resistido na rotina de treinamento com uma diminuição na frequência de sintomas no período de inverno. Tal fato foi observado em todos os grupos estudados, lançando luz a um novo problema de pesquisa a ser explorado
2022
Adalberto Resende de Souza Nazareth
Elaboração, validação e reprodutibilidade de um protocolo para mensurar a potência aeróbia utilizando movimentos específicos do judô
O judô é um esporte de combate com características intermitentes, com alta demanda fisiológica. O desenvolvimento da potência aeróbia máxima em atletas de judô pode contribuir para a recuperação e a manutenção da intensidade dos esforços durante o combate, e para a recuperação entre os diferentes combates de uma competição. Em geral, a avaliação dessa capacidade física tem sido realizada por meio da aplicação de testes progressivos até a exaustão em esteira ou ciclo-ergômetro, os quais possuem baixa validade ecológica e não permitem a obtenção de parâmetros para a prescrição do treinamento específico da modalidade. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi elaborar e testar a validade, reprodutibilidade e sensibilidade de um teste progressivo até a exaustão utilizando-se do uchi-komi (entrada de golpes), para mensurar a potência aeróbia máxima de atletas de judô. Doze atletas de judô do sexo masculino participaram desse estudo e foram submetidos a quatro sessões de avaliação, em dias distintos e, separadas por um intervalo de, no mínimo, 48 horas, exceto para a última sessão, que foi conduzido sete dias após a realização da terceira sessão. Para determinar a validade de critério, foram conduzidos três testes progressivos até a exaustão: teste de membros superiores (MMSSteste), membros inferiores (MMIIteste) e teste de uchi-komi (UKteste), os quais foram aleatorizados e distribuídos entre a primeira e a segunda sessões. Na etapa seguinte os mesmos atletas foram avaliados na terceira e quarta sessões para determinar a reprodutibilidade do UKteste. Além disso, também foi confirmado se os atletas alcançaram o verdadeiro consumo máximo de oxigênio, por meio de um teste de confirmação (UKconf). Para essa finalidade, 12 atletas de judô, incluindo 6 atletas que participaram do estudo de validade e reprodutibilidade, realizaram dois testes (UKteste e UKconf), separados por um intervalo de 20 minutos. A análise descritiva de todas as variáveis dependentes foi apresentada como média e desvio padrão. A validade do UKteste foi determinado por intermédio de uma análise de variância a um fator (tipo de teste) pela comparação do UKteste, MMSSteste e MMIIteste e pelo coeficiente de correlação de Pearson. Quando observada diferença significante, foi conduzido o teste de post-hoc de Bonferroni. A reprodutibilidade do UKteste foi determinada por meio do teste t de Student para dados pareados, coeficiente de correlação intraclasse (CCI), erro típico (ET) e ET como coeficiente de variação (CV). A sensibilidade do UKteste foi calculada pela menor variação detectável (MVD) para diferentes tamanho de efeito (0,2; 0,6 e 1,2 multiplicado pelo desvio padrão entre sujeitos) e classificados como marginal, médio, e bom, respectivamente. Além disso, a mínima mudança detectável (MMD) em uma dada variável foi calculada por meio da equação: ET x 1,96 * ?2. O nível de significância foi estabelecido em p < 0,05. A validade do UKteste foi confirmado pelo coeficiente de correlação de Pearson com valores de consumo pico de oxigênio (V? O2pico) classificados como quase perfeita. Não houve diferença nas variáveis mensuradas no UKteste e UKconf, além disso, os resultados mostraram que o UKteste possui boa reprodutibilidade relativa com CCI classificado como muito alta para a percepção subjetiva de esforço e quase perfeita CCI para o V? O2pico, frequência cardíaca máxima e intensidade aeróbia máxima. Adicionalmente, o teste apresentou boa reprodutibilidade absoluta, apresentando um ET como CV menor que 5%. Variações médias no tamanho do efeito podem ser adequadamente detectadas para o V? O2pico, intensidade aeróbia máxima e frequência cardíaca máxima. Em conclusão, o UKteste mostrou ser um teste válido e reprodutível para avaliar a potência aeróbia máxima de atletas de judô
Efeitos da suplementação crônica de lactato de cálcio e bicarbonato de sódio sobre desempenho físico em exercício intermitente de alta intensidade
A fadiga muscular é um fenômeno extensivamente estudado, especialmente por sua influência sobre o desempenho físico. Diversos estudos têm demonstrado que a acidose muscular, ocasionada pelo acúmulo de íons H+ no interior da célula muscular, é um fator limitante para o desempenho físico durante exercícios físicos de alta intensidade. Assim, estratégias com o objetivo de atenuar a queda do pH intramuscular têm o potêncial de se destacar como agente tamponante. Dentre elas, a suplementação de bicarbonato de sódio tem mostrado ser uma interessante estratégia nutricional para o aumento do desempenho anaeróbio. Recentemente a suplementação de lactato tem se mostrado como um possível agente tamponante. Teoricamente a suplementação de lactato pode aumentar os níveis sanguíneos de pH e bicarbonato, assim aumentando a capacidade tamponante extracelular. Os poucos estudos sugerem um potêncial ergogênico desta estratégia nutricional, embora a falta de estudos sugere a necessidade de mais estudos que atestem a eficácia ergogênica deste suplemento. Portanto, esse estudo tem por objetivo investigar o efeito da suplementação crônica de lactato de cálcio sobre os níveis sanguíneos de pH e bicarbonato e desempenho intermitente de alta intensidade; e ainda, compará-los com a suplementação de bicarbonato de sódio. Foram recrutados 18 atletas (idade 26 ± 5 anos; massa corporal 88,8 ± 6,8 kg; estatura 1,78 ± 0,7m; gordura corporal 18,6 ± 6,2 %). A pesquisa teve um desenho randomizado, controlado por placebo, duplo-cego cross-over. Os sujeitos foram alocados em 3 tratamentos diferentes: placebo, lactato de cálcio e bicarbonato de sódio. Todos os tratamentos suplementaram a dose de 500 mg.kg-1, divididas em 4 doses diárias, por um período de cinco dias consecutivos, seguido por dois dias de washout. Os indivíduos foram submetidos a testes de desempenho físico anaeróbio para membros superiores. Foram realizadas 4 séries do teste de Wingate, com duração de 30 segundos em cada série, e carga fixa em 4% do peso corporal, separadas por períodos de recuperação ativa de 3 minutos. As variáveis de potência média, pico e trabalho total, foram usados para verificação de alterações no desempenho em virtude dos tratamentos. Foi ainda avaliado os níveis sanguíneos de pH, bicarbonato e lactato no repouso, após o esforço e 5min após o esforço. A análise de reprodutibilidade do teste de Wingate mostrou que não houve diferenças entre as duas familiarizações e o teste pré-suplementação. As variáveis sanguíneas não foram diferentes entre os testes, e evidenciaram o potêncial do teste em diminuir pH, bicarbonato e excesso ácido-base e aumentar o lactato plasmático. Os resultados mostram que a suplementação de lactato de cálcio não foi capaz de melhorar o desempenho ou influenciar variáveis sanguíneas de bicarbonato e pH, no entanto a suplementação de bicarbonato de sódio melhorou o desempenho em ~2,9% e aumentou os níveis basais de bicarbonato sanguíneo, mas não alterou o pH. Dessa forma conclui-se que tal estratégia não é capaz de aumentar a capacidade tamponante, tampouco de promover melhoras no desempenho intermitente de alta intensidade
2015
Luana Farias de Oliveira
Estudo da cinética de washout da carnosina muscular após a suplementação de \'beta\' alanina
A β-alanina tem se tornado um suplemento nutricional bastante popular entre atletas de diferentes modalidades esportivas. A razão para tal popularidade deve-se ao grande número de evidências indicando que sua suplementação pode aumentar as concentrações intramusculares de L-carnosina. Com a interrupção da suplementação de β-alanina (BA), a degradação e eliminação da carnosina prevalecem sobre sua síntese, ocorrendo assim o chamado washout. O objetivo o presente trabalho foi avaliar a cinética de washout da carnosina durante 16 semanas após a suplementação de BA, associando as mudanças no conteúdo de carnosina muscular com o desempenho em exercício de alta intensidade. Foram recrutados 15 homens fisicamente ativos, não vegetarianos, a qual foram designados aleatoriamente em dois grupos, BA (n= 11) ou PL (n= 4). Cada participante recebeu a suplementação de BA ou PL (dextrose) em tabletes de liberação prologada (NAI®, USA) na dose de 6,4/d durante 8 semanas em um desenho duplo-cego. Amostras do músculo vasto lateral foram colhidas por meio de biópsia muscular, realizadas antes (S01) e após as 8 semanas (S02) de suplementação, bem como na 1ª (W01), 2ª (W02) 4ª (W03), 8ª (W04), 12ª (W05) e 16ª (W06) semanas após suplementação. Adicionalmente, um teste de tolerância ao esforço de alta intensidade (110% da potência máxima) foi aplicado no tempo S01 e S02, assim como nos tempos W03, W04, W05 e W06 para determinar o Tempo até a Exaustão (TTE). Após 8 semanas de suplementação, foi observada uma diferença significante do conteúdo de carnosina muscular entre o grupo BA (40,76± 12,29 mmol/Kg) e o grupo PL (18,74± 1,22 mmol/Kg; p= 0,0040). O delta médio absoluto observado do grupo BA foi de 18,73± 5,80 mmol/Kg (+ 85%) e, o grupo PL - 0,15± 1,78 mmol/Kg (- 0,7%). Após W02 o grupo BA apresentava 17,35± 8,99 mmol/Kg de carnosina (~ 79%; p= 0,4667) e após W03, o conteúdo médio verificado foi 12,43± 8,95 mmol/Kg (~ 56%) no grupo BA, (p= 0,0378). Após W04 o grupo BA apresentava o delta médio de 6,9± 8,30 mmol/Kg (~ 38%; p <0,0001) e após W05, 2,91± 6,76 mmol/Kg (~ 13%; p <0,0001). Após W06, o conteúdo de carnosina retornou próximo aos valores basais em 21,91± 7,99 mmol/Kg (p = 1,000). Após o período de suplementação (S02), o TTE não apresentou diferença significante entre o grupo BA, 150,95± 19,31 segundos, e o grupo PL, 153,78± 13,08 (p= 0,8184). Foi possível observar uma forte correlação linear positiva (r= 0,8995) e significante (p= 0,01492) entre o conteúdo de carnosina muscular e o desempenho físico. Conclui-se que a carnosina é um dipeptídeo estável na musculatura esquelética, podendo levar um tempo de 16 semanas ou mais para retornar aos valores
2018
Guilherme de Carvalho Yamaguchi
O efeito do nível de dificuldade do adversário nas respostas hormonais e comportamentais, no desempenho técnico e no desempenho percebido de jovens jogadores de basquetebol.
O objetivo da presente tese foi investigar o efeito do nível de dificuldade do adversário nas respostas hormonais, comportamentais e de desempenho de jovens jogadores de basquetebol. Para tanto, 29 atletas de basquetebol do sexo masculino, das categorias sub-15, sub-16 e sub-17 de um mesmo clube (15,3 ± 1,1 anos; 85,5 ± 15,0 kg; 189,0 ± 7,9 cm) foram avaliados na primeira fase do Campeonato Paulista em três partidas com diferentes níveis de dificuldade do adversário (Difícil, Médio e Fácil) para cada uma das três categorias, somando um total de nove partidas. As concentrações salivares de cortisol (C) e testosterona (T) pré e pós-partida, a ansiedade pré-competitiva, o desempenho técnico através do número de envolvimentos técnico-táticos com bola de cada jogador, a percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE da sessão) e o desempenho percebido, foram consideradas em cada partida. A comparação de T e C, e o desempenho técnico foi realizada com uma análise de modelos mistos de um (nível de dificuldade) ou dois fatores (nível de dificuldade e momento), com medidas repetidas. Por sua vez, a comparação das variáveis ansiedade pré-competitiva, PSE da sessão e desempenho percebido foi realizada pelo teste de Friedman, seguido do teste de Wilcoxon, quando necessário. Em ambas as análises foi utilizado o post hoc de Bonferroni. Além disso, a associação entre as repostas normalizadas pelo score Z da variação de T com o desempenho percebido e técnico foi verificada por meio da correlação de Pearson. Em todas as análises foi adotado o nível de significância de 5%. Foi verificado aumento de T do pré para o pós nas partidas contra adversários de nível de dificuldade Fácil (p = 0,0064) e Médio (p = 0,0375). A C pós-partida foi superior aos valores pré (p < 0,0001), independentemente do nível de dificuldade; e C no nível Fácil foi inferior ao nível Médio (p = 0,0351) e Difícil (p = 0,0035). A ansiedade cognitiva foi maior no nível Difícil em relação ao nível Fácil (p < 0.01). A ansiedade somática, por sua vez, foi maior no nível Difícil em relação aos níveis Fácil (p<0,001) e Médio (p = 0,01), e maior no nível Médio em relação ao nível Fácil (p = 0,004). A PSE da sessão foi maior no nível Difícil em relação aos níveis Fácil (p = 0,003) e Médio (p = 0,003). Não foi observado efeito do nível de dificuldade para autoconfiança (p = 0,118), desempenho técnico (p = 0,728) e desempenho percebido (p = 0,113). Além disso, não foi verificada correlação significante entre as variáveis desempenho técnico e percebido com a variação da concentração de T (r < 0,35 e p > 0,07 para todas as comparações). Os resultados da presente tese indicam que quanto maior o nível de dificuldade do adversário maior a ansiedade pré-competitiva e a PSE da sessão. A concentração de C aumentou independente do nível do adversário. Já a T aumentou nos jogos de menor dificuldade, mas não no jogo Difícil. Esse aumento da T não se correlacionou significativamente com o desempenho técnico ou percebido. Não houve influência do nível do adversário no desempenho técnico ou percebido
2018
Ademir Felipe Schultz de Arruda
Efeito do treinamento de força e suplementação de proteínas nas adaptações musculares e funcionais em idosos fragilizados: comparação entre sexos
Um programa de treinamento de força (TF) associado à suplementação de proteínas tem sido proposto uma estratégia para promover adaptações musculares e funcionais em idosos fragilizados. Todavia, ainda não está bem estabelecido se a magnitude dessas adaptações é influenciada pelo sexo. Assim, o objetivo do presente estudo foi comparar a eficácia do TF associado à suplementação de proteínas nas adaptações musculares e funcionais entre homens e mulheres fragilizados. Noventa idosos pré-frágeis e frágeis com idade >= 65 anos foram estratificados por sexo (? e ?) e aleatorizados em treinamento de força associado à suplementação de proteínas (PTN) ou placebo (PLA). Os participantes realizaram 16 semanas de TF progressivo (duas sessões por semana) associado a duas doses diárias de 15 g de suplementação de PTN ou PLA, ingeridos após o café da manhã e jantar. A composição corporal (absortometria radiológica de dupla energia), área de secção transversa muscular (ultrassom), força muscular dinâmica (uma repetição máxima) e isométrica (dinamômetro isocinético), atividade elétrica dos músculos (eletromiografia), mobilidade funcional (timed up-and-go), resistência muscular de membros inferiores (timed-stands), estabilidade postural e risco de quedas com diferentes instabilidades (Biodex Balance System) foram avaliados pré e pós-intervenção. A massa muscular total, braços, pernas, apendicular e área de secção transversa muscular do reto femoral demonstraram aumentos significantes após a intervenção em homens e mulheres (p < 0,05), sem diferenças entre os grupos. No entanto, a gordura corporal, massa muscular do tronco e área de secção transversa muscular do vasto lateral não demonstraram alterações significantes após 16 semanas de intervenção (p > 0,05). Todos os grupos apresentaram aumentos nos valores de uma repetição máxima nos exercícios leg-press e supino, pico de torque e taxa de desenvolvimento de torque após a intervenção (p < 0,05), sem diferenças entre os sexos. A resistência muscular dos membros inferiores, estabilidade postural e o risco de quedas em instabilidade alta demonstraram aumentos significativos pós-intervenção (p < 0,05), sem diferenças entre homens e mulheres. Os resultados pós-intervenção não mostraram diferenças significativas entre homens e mulheres na qualidade de vida (p > 0,05). Nenhuma diferença foi observada entre homens e mulheres na ingestão de proteínas (p > 0,05). Os achados sugerem que programa de treinamento de força associado à suplementação de proteínas não promove respostas distintas entre homens e mulheres idosos pré-frágeis e frágeis
2018
José Claudio Jambassi Filho
Treinamento físico como tratamento para atenuar a perda óssea em mulheres submetidas à derivação gástrica em Y de Roux: um estudo clínico randomizado
A cirurgia bariátrica é o tratamento de primeira escolha para a obesidade mórbida, uma vez que o tratamento clínico convencional apresenta baixa eficácia em produzir uma perda de peso significativa e, consequentemente, melhorar as comorbidades associadas à essa condição clínica. Contudo, estudos demonstram uma perda óssea relevante induzida pela cirurgia bariátrica, a qual pode aumentar o risco de fraturas em longo prazo. Diante disso, este estudo clínico randomizado teve como objetivo investigar os efeitos do treinamento físico sobre a saúde óssea em mulheres submetidas à cirurgia bariátrica pela técnica de derivação gástrica em Y de Roux. Antes da intervenção cirúrgica, as pacientes realizaram avaliações de diversos parâmetros ósseos e capacidade física, e foram alocadas aleatoriamente nos grupos treinamento físico (RYGB+TF) ou tratamento convencional (RYGB). Três meses após a cirurgia, ambos os grupos foram reavaliados e iniciaram os tratamentos com duração de 6 meses. Nove meses após o início do estudo, as pacientes efetuaram novamente todas as avaliações. Os resultados demonstram que a cirurgia bariátrica reduziu significantemente o peso corporal, IMC, porcentagem de gordura, tecido adiposo visceral e massa magra (P<0,001 para todas as variáveis) em ambos os grupos. O procedimento cirúrgico induziu uma perda significante na densidade mineral óssea areal (aDMO) do fêmur total, colo de fêmur, rádio distal e corpo total nos dois grupos (P<0,001 para todos os parâmetros). Constatou-se aumentos significantes dos marcadores de remodelação óssea CTX e P1NP, bem como das proteínas esclerostina e osteopontina (P<0,05 para todos os marcadores) após a intervenção cirúrgica nos grupos RYGB e RYGB+TF. A cirurgia acarretou efeitos deletérios sobre alguns parâmetros da microarquitetura do rádio distal das pacientes, tais como a redução na espessura cortical (Ct.Th) (P=0,001) e o aumento da porosidade cortical (Ct.Po) (P=0,009). A capacidade física e funcionalidade de ambos os grupos foram negativamente afetadas pela cirurgia (P<0,001 para todas as variáveis). De modo importante, o treinamento físico mitigou a redução percentual da aDMO do fêmur total (P=0,009), colo de fêmur (P=0,007), rádio distal (P=0,038) e massa magra (P=0,048) em comparação ao tratamento convencional. Atenuações significantes ocasionadas pelo treinamento físico foram observadas para o CTX (P=0,002), P1NP (P=0,024) e esclerostina (P=0,046). O grupo RYGB+TF experimentou uma menor redução percentual da densidade mineral óssea volumétrica cortical (Ct.vDMO) do rádio distal em comparação ao grupo RYGB (P=0,024). As pacientes expostas ao treinamento físico melhoraram significantemente a força muscular de membros superiores (P=0,002) e inferiores (P<0,001), bem como desempenharam melhor os testes funcionais de Sentar e Levantar (P<0,001) e Timed Up and Go (P=0,007) em relação às pacientes que receberam o tratamento convencional. Diante desses achados, concluímos que o treinamento físico supervisionado com duração de 6 meses foi eficaz em atenuar a redução induzida pela cirurgia bariátrica dos parâmetros relacionados à saúde óssea de mulheres, bem como melhorar a capacidade física e funcionalidade desta população
Efeitos do exercício físico na resistência à insulina, função endotelial e no remodelamento da matriz extracelular do músculo esquelético de pacientes obesas submetidas à cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica confere proteção cardiometabólica à indivíduos obesos, contribuindo para uma redução do risco de mortalidade. No entanto, a extensão do benefício metabólico pode estar sujeita a mudanças no estilo de vida do paciente após a intervenção cirúrgica. Embora o exercício físico pareça melhorar os efeitos da cirurgia na sensibilidade à insulina, o mecanismo de ação subjacente permanece em grande parte sem explicação. Especula-se que mudanças potenciais na matriz extracelular do músculo esquelético (ECM) poderiam estar associadas à melhora da sensibilidade à insulina induzida pelo exercício físico em pacientes pós-bariátricos. Além disso, não se sabe se os benefícios da cirurgia bariátrica sobre a função endotelial, importante marcador precoce de aterosclerose, são sustentáveis sem alterações no estilo de vida, como a inclusão de exercícios físicos. Dessa forma, foram objetivos do presente estudo, investigar os efeitos do exercício físico sobre a sinalização intracelular envolvida na sensibilidade à insulina e remodelamento da matriz extracelular do músculo esquelético (Estudo 1) e sobre a função endotelial da artéria braquial de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica (Estudo 2). Sessenta e duas mulheres foram randomizados após a cirurgia bariátrica para um programa de exercícios físicos de 6 meses ou tratamento padrão. No início do estudo, 3 e 9 meses após a cirurgia, a sensibilidade à insulina foi avaliada pelo teste oral de tolerância à glicose (TOTG), análise da função endotelial e amostras de músculo esquelético foram obtidas a partir do vasto lateral. As amostras de músculo esquelético foram submetidas a análises abrangentes, incluindo expressão de genes e proteínas, fenótipo do músculo esquelético, transcriptoma e identificação de novas vias de sinalização celular. O treinamento físico após a cirurgia bariátrica melhorou a sensibilidade à insulina no músculo esquelético. Esta resposta foi mediada por alterações moleculares e fenotípicas na ECM. A cirurgia bariátrica per se foi incapaz de solucionar completamente a resistência à insulina e a expansão da ECM no músculo esquelético. Candidatos relevantes modulados pelo exercício emergiram como alvos terapêuticos para o tratamento da resistência à insulina do músculo esquelético, nomeadamente a via TGF \'beta\' 1 SMAD 2/3 e seu antagonista folistatina. Em resumo, empregamos uma abordagem \"top-down approach\" para fornecer evidências de que a ECM do músculo esquelético desempenha um papel fundamental nos efeitos sobrepostos da cirurgia bariátrica e do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina em mulheres obesas. Além disso, este estudo demonstrou que o treinamento físico evitou a reversão da melhora da função endotelial por meio da melhora do padrão de fluxo sanguíneo e redução de marcadores inflamatórios. Em conclusão, ao revelar um novo mecanismo pelo qual o exercício pode contrabalançar a resistência à insulina em pacientes pós-bariátricos (isto é, atenuar a espessura da ECM) e preservar a função endotelial, este estudo endossa que o exercício físico deve ser adotado como relevante medida terapêutica a fim de garantir os melhores resultados cardiometabólicos em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica
Influência da fase do dia nas adaptações cardiovasculares e no sono promovidas pelo treinamento aeróbico em hipertensos
O treinamento aeróbico é recomendado para a redução da pressão arterial (PA) de hipertensos. Existe uma forte associação entre a redução aguda da PA após uma sessão de exercício aeróbico e o efeito hipotensor crônico do treinamento, sendo que alguns estudos demonstraram que o efeito hipotensor agudo é maior quando o exercício é executado ao final do dia, sugerindo que o treinamento também tenha maior efeito se executado nessa fase do dia, o que ainda não foi investigado. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar e comparar, em hipertensos medicados, o efeito do treinamento aeróbico realizado pela manhã e ao final do dia sobre a PA e seus mecanismos hemodinâmicos e autonômicos, bem como sobre a qualidade do sono. Para tanto, 50 homens hipertensos medicados (30 a 65 anos) foram alocados, de maneira aleatória, em 3 grupos: treinamento pela manhã (MT, iniciado entre 7- 9h), treinamento ao final dia (FDT, iniciado entre 18-20h) e controle (GC - metade em cada horário). As intervenções foram realizadas 3 vezes por semana por 10 semanas. No MT e FDT, os indivíduos pedalaram em cicloergômetro (45min, intensidade entre limiares ventilatórios). No GC, eles fizeram 30 min de alongamento por sessão. No inicio e ao final do estudo, foram avaliados: PA ambulatorial; qualidade do sono; e a PA clínica e seus mecanismos hemodinâmicos e autonômicos medidos entre 7-9h e entre 18-20h. ANOVAs mistas de 2 fatores foram empregadas, considerando-se p<=0,05. A PA diastólica de 24h (p=0,04) e de sono (p=0,05) diminuíram apenas no FDT de forma diferente do MT e GC e qualidade de sono não se alterou significantemente em nenhum grupo. Nas avaliações realizadas entre 7-9h, a PA sistólica, a PA média e a resistência vascular periférica (RVP) diminuíram de forma diferente do GC apenas no FDT (-5±6 mmHg, -4±4 mmHg e -3±3U, p<0,05). A frequência cardíaca (FC) diminuiu e o balanço simpatovagal diferiu do GC de forma similar no MT e FDT, enquanto a sensibilidade barorreflexa cardíaca (SBRc) aumentou nos dois grupos de treinamento, porém mais no FDT (+0,4±0,4 vs. +0,3±0,6 ms/mmHg, p=0,002). A modulação vasomotora simpática (VTPAS) não aumentou no MT e diminuiu no FDT, ambos diferentes do GC (p=0,001). Nas avaliações realizadas entre 18-20h, a PA sistólica (p<0,001), a PA média (p<0,001) e a RVP (p=0,03) reduziram significantemente e de forma diferente do GC apenas no FDT. Portanto, em hipertensos medicados, o treinamento aeróbico realizado ao final do dia promove redução da PA clínica e ambulatorial. Essa queda ocorre devido à diminuição da RVP, provavelmente decorrente da redução da modulação simpática vasomotora, o que se acompanha de redução da FC, possivelmente associada à melhora da modulação autonômica cardiovascular. O treinamento realizado pela manhã reduz a FC e melhora a modulação autonômica cardiovascular. Dessa forma, em homens hipertensos medicados, o treinamento aeróbico realizado ao final do dia é mais eficaz em reduzir a PA e o risco cardiovascular, sendo o mais indicado nessa população
2018
Leandro Campos de Brito
Efeito do enxágue bucal com carboidrato sobre o desempenho em exercício realizado em condição de fadiga mental: um estudo duplo-cego, cruzado e controlado por placebo
O objetivo da presente tese foi verificar a influência do enxágue bucal com carboidrato (CHO) sobre o desempenho no exercício físico predominantemente aeróbio realizado após uma atividade cognitiva frequentemente utilizada para induzir a fadiga mental. Sete homens fisicamente ativos participaram do estudo (idade: 26 ± 5 anos; estatura: 176,0 ± 8,3 cm; massa corporal: 73,6 ± 7,4 kg e gordura corporal: 14,3 ± 3,7 %, VO2 pico: 43,9 ± 6,5 ml.kg-1.min-1, Wpico: 268 ± 23,8 W) realizaram o Stroop Incongruente para indução da Fadiga Mental (FM) ou assistiam a um documentário pelo mesmo período de tempo (controle, CON). Após a tarefa eles realizaram um exercício de carga constante (~55%Wpico) até exaustão. Em cada uma das condições FM e CON os voluntários utilizavam o enxágue bucal (10s) com CHO ou placebo (PLA). No pre-exercício, não houve diferença estatisticamente significante para glicose entre as diferentes condições. A frequência cardíaca apresentou aumento após todas as intervenções, assim como a fadiga percebida (P = 0,001, ES = 0,49), mas sem efeito de condição. O effect size foi moderado para essa variável, sugerindo que o aumento na fadiga percebida foi maior na condição FM (75%) quando comparado a condição CON (60%). A motivação não apresentou diferença entre as condições. Porém, houve uma tendência (0,07) a ser maior na condição DOC. Houve uma redução de 7,8% no tempo até exaustão na condição FM comparado ao CON, entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significante. A frequência cardíaca, percepção subjetiva do esforço, fadiga percebida e eletromiografia do músculo vasto lateral aumentaram em função do tempo, sem diferença entre as condições. Com base nesses achados, pode-se concluir que a FM produz apenas um pequeno efeito deletério no exercício físico prologado e que o enxágue com CHO não era capaz de influenciar nessas condições experimentais. Possivelmente, isso se deve ao fato de ambas as intervenções estudadas (FM e enxágue com CHO) produzirem apenas pequenas alterações nas variáveis fisiológicas e perceptivas antes do exercício físico
Contribuição da atividade física aeróbia para a resposta imune antitumoral
A atividade física aeróbia reduz a incidência de diversos tipos de câncer e atenua o crescimento tumoral. Entretanto, existe uma lacuna na literatura sobre os mecanismos envolvidos nessa resposta. Dados recentes demonstram a importância da manutenção da função da resposta imune antitumoral para a atenuação da progressão da doença e estratégias capazes de aumentar essa resposta permanecem como um grande desafio. Diante disso, delineamos um estudo experimental para investigar especificamente a possível contribuição da atividade física aeróbia para a resposta imune antitumoral. Na presente dissertação, nós demonstramos que a atividade física aeróbia possui o potencial alterar a resposta de marcadores relacionados a resposta imune antitumoral. Em um primeiro estudo, observamos que a atividade física aeróbia atenuou o crescimento tumoral em três diferentes modelos de câncer em animais, assim como aumentou a sobrevida de animais com melanoma B16F10. Além disso, nós observamos que a atividade física aeróbia também altera a expressão gênica de marcadores de os linfócitos T infiltrantes de tumor (do inglês tumor infiltrating lymphocytes T - TILs-T) e de macrófagos associados ao tumor (do inglês tumor-associated macrophages - TAMs). Em segundo estudo, nosso objetivo foi explorar através de análises in silico respostas imunes tumorais que poderiam estar sendo moduladas pela atividade física aeróbia. Por meio da análise de Gene Set Enrichment Analysis (GSEA), observamos que a atividade física aeróbia prévia gerou uma assinatura imunológica tumoral semelhante à de pacientes com diferentes tipos de câncer e maior sobrevida. Essa assinatura imunológica revelou que pacientes com câncer de mama e melanoma que apresentam alta expressão gênica de BTG2, CD69, CFH, DUSP1 e PTGER4 em seus tumores, apresentam maior sobrevida em comparação aos pacientes com baixa expressão desses genes em seus tumores. A análise de GSEA também demonstrou que a atividade física aeróbia foi capaz de induzir uma assinatura imunológica semelhante à de animais com melanoma B16F10 sensíveis ao tratamento com o imunoterápico anti-CTLA-4 (do inglês anti- cytotoxic T-lymphocyte-associated antigen 4) e pacientes pós-tratamento com anti-CTLA-4. Essa assinatura imunológica também revelou que pacientes com melanoma que apresentam alta expressão gênica de PHC3, TET2, MACF1 e PARP8 em seus tumores, apresentam maior sobrevida em comparação aos pacientes com baixa expressão desses genes em seus tumores. Em conclusão, a atividade física aeróbia demonstra-se como uma potente ferramenta no combate a progressão da doença
Efeito de diferentes frequências de treinamento no desempenho de força máxima e hipertrofia muscular em indivíduos treinados
Introdução: O estado de treinamento é um dos fatores que podem influenciar na frequência de treinamento, e de fato, evidências têm sugerido que sujeitos previamente treinados tenham necessidade de realizar o treinamento de força (TF) em maiores frequências semanais, com intuito de aumentar o desempenho de força e a massa muscular. Objetivo: Comparar as alterações no desempenho de força dinâmica máxima (1RM) dos membros inferiores e na área de secção transversa (AST) do músculo quadríceps femoral, após a realização de um programa de treinamento de força distribuído em diferentes frequências semanais, em um grupo de indivíduos previamente treinados em força. Materiais e Métodos: A amostra foi composta por 24 sujeitos do sexo masculino, com idade entre 18 e 35 anos, que participaram de um programa de TF de nove semanas. Os sujeitos foram distribuídos em duas condições: TFVE - treinamento de força com volumes equalizados e, TFVN - treinamento de força com volumes não equalizados. O protocolo de TF utilizou o exercício leg press 45º (unilateral) como único exercício, e deste modo, cada um dos membros inferiores (MMII) foi submetido a uma das frequências semanais de treinamento propostas (i.e., uma e três vezes). O teste de 1RM no exercício leg press 45º (unilateral) e as medidas de AST do músculo quadríceps femoral foram realizados nos momentos pré e pós-treinamento. Resultados: Os aumentos nos valores de 1RM foram significantes (p<0,001) e similares, nas diferentes frequências de TF tanto da condição TFVE (16,0 ± 10,0% e 17,2 ± 12,2% para uma e três vezes por semana, respectivamente) quanto da condição TFVN (19,4 ± 13,1% e 24,6 ± 14,2% para uma e três vezes por semana, respectivamente). Para AST, também houve aumentos significantes (p<0,001) e similares, nas diferentes frequências de TF tanto da condição TFVE (2,1 ± 2,1% e 2,0 ± 2,8% para uma e três vezes por semana, respectivamente) quanto da condição TFVN (1,5 ± 2,6% e 4,1 ± 5,0% para uma e três vezes por semana, respectivamente). Quando o effect size (ES) e o intervalo de confiança (IC) foram calculados, pôde-se observar que a maior frequência de treinamento apresentou melhores resultados nos valores de 1RM e AST, somente quando foi permitida a realização de um maior volume de treinamento (i.e., TFVN). Conclusão: O TF realizado três vezes por semana demonstrou aumentos de 1RM e AST similares àquele realizado somente uma vez, independentemente ou não da equalização do volume de treinamento. Quando a maior frequência de TF pôde proporcionar um maior volume total de treinamento, valores significantes do IC do ES foram observados para ambas as adaptações. Portanto, se indivíduos treinados necessitam de maiores volumes de treinamento para que sejam observados aumentos tanto na força quanto na massa muscular, alternativas como o aumento da frequência do TF podem ser consideradas
Caminhada prescrita de forma individualizada e realizada sem supervisão em uma situação real (Projeto Exercício e Coração): efeito sobre o risco cardiovascular e influência do nível de atividade e de aptidão física
A prática regular de exercícios físicos supervisionados tem sido recomendada devido a seus benefícios na saúde. Porém, a supervisão limita o número de praticantes. Uma alternativa para a promoção da saúde pública é o treinamento de caminhada prescrita de forma individualizada e realizada sem supervisão, mas seus efeitos foram pouco estudados em uma situação real. Além disso, a possível influência do nível inicial de atividade física (AF) e de aptidão física (ApF) sobre os efeitos desse treinamento não é conhecida. Assim, este estudo investigou na situação real do Projeto Exercício e Coração: 1) a relação do nível de AF e de ApF com o risco cardiovascular avaliado de forma isolada e global; 2) o efeito do treinamento de caminhada prescrita de forma individualizada e executada sem supervisão sobre esse risco cardiovascular; e 3) a influência do nível inicial de AF e de ApF nas respostas ao treinamento. O risco cardiovascular isolado foi avaliado pela medida do índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), glicemia, colesterol total e pressão arterial (PA) sistólica e diastólica, enquanto que o risco global foi calculado pelo escore Z (EZ, somatório do escore z de todos os fatores isolados). O nível de AF foi avaliado pelos minutos semanais de AF de lazer e a ApF pelo resultado do teste de marcha estacionária dividido em quartis (Q1 = pior ApF e Q4 = melhor ApF). O IMC e a CC foram menores no grupo muito ativo (MA, +300 min/sem AF) do que no inativo (I, sem nenhuma AF de lazer), enquanto que o EZ foi menor no grupo MA que no I e no ativo (A, 150 a 299 min/sem de AF). Além disso, o IMC e a glicemia foram menores no Q4 que no Q1, a CC foi menor no Q2, Q3 e Q4 que no Q1, e o EZ foi menor no Q3 e Q4 que no Q1 e no Q4 que no Q2. O treinamento de caminhada diminuiu significantemente o IMC, CC, PA sistólica e EZ na amostra total. Além disso, ele reduziu significantemente todos os indicadores de risco específicos em subamostras com valores alterados, com exceção da glicemia. Para finalizar, o efeito do treinamento de caminhada no risco cardiovascular isolado e global foi semelhante nos indivíduos MA e I e nos indivíduos do Q1 e Q4 de ApF. Assim, é possível concluir que: 1) em participantes de uma situação real de promoção de AF para a saúde há associação inversa entre os níveis de AF e de ApF com marcadores de obesidade, glicemia (só ApF) e com o risco cardiovascular global; 2) o treinamento de caminhada prescrita de forma individual e executada sem supervisão em uma situação real reduz alguns fatores de risco isolados, principalmente quando eles estão alterados, e diminui o risco cardiovascular global; e 3) nem o nível inicial de AF nem o de ApF afetam os efeitos de um treinamento de caminhada prescrito de forma individualizada e executado sem supervisão em uma situação real sobre o risco cardiovascular
O efeito de jogos sucessivos nos parâmetros de desempenho físico de jovens jogadores de futebol
O objetivo da presente dissertação foi verificar o efeito da participação de jovens jogadores de futebol em competições com calendário congestionado (CC) nas medidas de desempenho físico, e comparar as acelerações (ACC), as desacelerações (DEC), a potência metabólica média (PM), distância total percorrida (DT) e distância percorrida em alta velocidade (DAV) em 24 jogadores de futebol juvenil (sub-15, n = 11 e sub-17, n = 13) expostos a campeonatos de CC e períodos regulares de calendário não congestionados (calendário regular; CR); como critério de retenção dos dados dos jogadores, adotou-se, a participação mínima de 75% do tempo total de jogo em cada partida. Adicionalmente as medidas de desempenho físico foram normalizadas pelo tempo de participação em minutos na partida. Foram analisados 10 jogos internacionais no formato de CC (5 para cada categoria), realizados durante 3 dias sucessivos, incluindo 2 dias com 2 jogos consecutivos jogados com intervalo de 4-5 horas; para estabelecer uma condição \"controle\", 10 jogos de CR, de cada categoria, foram analisados; os jogos de CR foram realizados com um intevalo de pelo menos 7 dias. Os jogadores usavam uma unidade GPS de 15 Hz com um acelerômetro triaxial de 100 Hz alocada em uma veste especial. Uma diferença classificada como digna de consideração (tamanho do efeito; TE> 0,20) entre CC e CR, foi observada para os parâmetros de desempenho físico ACC, DEC e PM, para sub-15 e sub-17, com valores mais elevados no CC. Enquanto que DT e DAV apresentaram valores superiores para CR, apenas para o sub-15. Contrariamente à hipótese levantada, os parâmetros de desempenho físico mostram que os jogadores juvenis de elite avaliados elevaram a intensidade do jogo quando participaram de torneio CC. Uma diminuição em ACC e DEC, do 1° tempo para o 2° tempo foi observada (sub-15 e sub-17) nos diferentes formatos de campeonato. No entanto, observou-se um aumento da PM do 1° tempo para o 2° tempo; com um aumento muito grande para ambas as categorias durante a CR; para o CC, a PM aumentou (1ª para a 2ª metade) para o sub-17, mas diminuiu para o sub-15. Os resultados do presente estudo, sugerem que os perfis de taxa de trabalho dos jogadores não são prejudicados no CC e que o desempenho físico aumentado nesse tipo de competição pode estar associado a uma estratégia de auto-regulação ou \"pacing\" da intensidade de realização das ações. Apesar das semelhanças para os dados de desempenho físico (sub-15 e sub-17), a PM para o sub-17 foi amplamente aumentada no CC (vs CR) em comparação com os valores de PM do sub-15; sugerindo assim, uma maior capacidade dos atletas, com um suposto nível mais elevado de treinamento (sub-17) em otimizar o desempenho físico neste tipo de competição. Estas informações podem servir como um meio alternativo e eficiente de representação do desempenho físico e auxiliar na organização de uma preparação específica de equipes participantes destes formatos de competições (CC); adicionalmente, os resultados indicam a importância de de considerar as medidas de ACC, DEC e PM na análise do desempenho físico de jovens jogadores, ao invés da utilização isolada de medidas relacionadas a DT e DAV
2018
Vinicius Miguel Zanetti
Efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade sobre as respostas fisiológicas e o desempenho de atletas de judô
O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI), específico e não específico, sobre respostas fisiológicas e desempenho em testes aeróbios e anaeróbios, bem como sobre ações técnicas e táticas durante a luta de judô. 35 atletas de judô realizaram uma série de testes antes e após quatro semanas de treinamento, sendo aleatoriamente divididos em quatro grupos: TIAI para membros inferiores, TIAI para membros superiores, TIAI específico [por meio de entrada de golpes (uchi-komi)] e grupo controle. Os grupos experimentais treinaram o exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) adicionalmente ao treino de judô e o grupo controle realizou apenas judô. Foi utilizado o mesmo tipo de estímulo em regiões corporais distintas: realização de duas sessões semanais de EIAI constituídas por dois blocos de 10 estímulos de 20s por 10s de intervalo entre os estímulos e 5 min entre os blocos, i.e., grupo de membros superiores e inferiores utilizaram cicloergômetros específicos para cada região corporal, enquanto o grupo específico desempenhou uchi-komi em intensidade all-out com atleta de massa corporal similar. Os grupos e momentos foram comparados via análise de variância (ANOVA) a dois fatores (grupo e momento do treinamento) ou a três fatores (grupo, momento do treinamento e momento da medida), seguida pelo teste de Bonferroni. Quando encontrada diferença entre os grupos durante as semanas de treinamento, foi efetuada uma ANOVA a um fator com medidas repetidas, bem como o teste-t pareado para os valores pré e pós-treinamento. Os principais resultados apontam que: para o grupo de membros inferiores houve aumento da potência equivalente ao onset blood lactate accumulation (OBLA) no teste progressivo para membros superiores, aumento da potência média no teste de Wingate adaptado para membros inferiores, redução da frequência cardíaca após o Special Judo Fitness Test (SJFT), redução do número de sequências em pé durante a simulação de luta e aumento da razão testosterona/cortisol (T/C) pós-simulação de luta no momento pós-treinamento; para o grupo de membros superiores, houve elevação da potência aeróbia máxima no teste progressivo máximo para membros superiores, aumento do número total de projeções no SJFT, redução das concentrações de CK e elevação da razão T/C pós-simulação de luta no pós-treinamento, bem como elevação das concentrações de LDH nas mensurações conduzidas em repouso; para o grupo uchi-komi, houve aumento da potência pico no teste de Wingate para membros superiores e inferiores, redução do índice no SJFT e aumento da razão T/C pós-simulação de luta no momento pós-treinamento. Não foram detectadas alterações no desempenho para o grupo controle pós-treinamento. Além disso, não foram detectadas quaisquer alterações para as respostas psicométricas, hormonais, assim como para o sistema nervoso autônomo após as quatro semanas de intervenção. Os resultados indicam que a adição do TIAI à rotina de treinamento usual de judô eleva a potência aeróbia máxima para membros superiores e desempenho intermitente de alta intensidade para membros superiores e inferiores em testes genéricos. Adicionalmente, o TIAI melhora aspectos relevantes para o desempenho em tarefas específicas do judô. Por fim, o TIAI de baixo volume não promoveu alterações nas respostas do sistema nervoso autônomo, questionários psicométricos e respostas hormonais ao longo das quatro semanas de treinamento
2016
Braulio Henrique Magnani Branco
Desempenho técnico em jogos reduzidos de jovens jogadores de futebol: uma abordagem longitudinal
Os objetivos do estudo foram a) examinar a dinâmica do desempenho técnico (DT) em jogos reduzidos (JR) de jovens jogadores de futebol em um período de tempo de 14,5 meses, e b) verificar a influência das características antropométricas e de desempenho físico no DT. Os dados de 30 jogadores, considerados de nível elite, da categoria Sub14 (14,3 ± 0,3 anos, 170,5 ± 6,2 cm, 59,6 ± 6,2 kg) foram retidos para análise. Em 4 momentos distintos (M1, M2, M3, M4) de 1 temporada competitiva, foram filmados 16 JR e realizadas medidas antropométricas e testes físicos (Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1, corrida de 10m e 30m, saltos verticais [com e sem contramovimento]). Cada jogador participou em um JR em cada momento de coleta. A quantificação de ações de DT foi realizada através da análise notacional; foi registrado todo tipo de ação em que fosse observada uma clara tentativa de intervir sobre a trajetória da bola. Escores para cada ação originaram-se da frequência de ocorrência. Foram atribuídos escores para envolvimento total (ET), envolvimento com bola (EB), desempenho defensivo total (DDT) e envolvimento ofensivo total (EOT). Uma ANOVA de medidas repetidas foi utilizada para examinar as alterações nas medidas antropométricas e de desempenho físico ao longo dos 4 momentos. Para examinar as alterações nas variáveis de DT foi adotada análise inferencial baseada na magnitude do efeito (tamanho do efeito = TE); considerando como mínima alteração prática importante: TE >= 0,20. Para verificar a influência do nível de desempenho físico no DT, os jogadores foram divididos em \"maior\" e \"menor\" nível de desempenho no Yo-Yo IR1. Uma análise discriminante foi utilizada para examinar diferenças entre grupos, para ET, DDT e EOT. Medidas de estatura e massa corporal também foram incluídas no modelo. Diferenças significantes (aumento) foram observadas ao longo do estudo para as medidas de desempenho no salto vertical sem e com contramovimento (F = 6,75; p = 0,003; F = 31,1; p = 0,001, respectivamente) e no Yo-Yo IR1 (F = 29,5; p = 0,001), assim como para estatura (F = 43,4; p = 0,01) e massa corporal (F = 28,6; p = 0,01). Adicionalmente, os resultados mostraram uma \"possível\" diminuição nos valores de frequência de DDT (M1 vs. M3, e M2 vs M3). Em oposição, observou-se um \"possível\" aumento nas ações de DDT, de M3 para M4. Para o EOT, foram \"possíveis\" as reduções de M1 para M2 e de M1 para M4. Para EB, comparando os momentos M3 e M4, observou-se diminuição \"muito possível\". Uma \"possível\" redução de M1 para M2 e M1 para M4, para ET, também foi observada. Os resultados da análise discriminante demonstraram que o grupo com maior desempenho no Yo-Yo IR1 (capacidade de realizar esforços intermitentes de alta intensidade) apresentava o maior número de ações para DDT em M1 (vs grupo menor desempenho no Yo-Yo IR1 [Wilks\' lambda = 0,77; p = 0,03]). Este resultado não foi observado para os demais momentos do estudo (valores de Wilks\' lambda variaram entre 0,82 e 0,99; p > 0,05)
2017
Rafael Alan Rodrigues Lopes
Efeito da restrição do fluxo sanguíneo durante o intervalo de repouso entre as séries do treinamento de força sobre o estresse metabólico, a ativação muscular e os ganhos de força e de massa muscular
O objetivo desse estudo foi investigar, no treinamento de força (TF) de alta intensidade, o efeito da aplicação da restrição do fluxo sanguíneo (RFS) durante os intervalos de descanso entre as séries (RFS-I), durante as contrações musculares (RFS-C), ou sem a RFS (TF-AI) em comparação à aplicação da RFS de maneira contínua no TF de baixa intensidade (RFS-S), sobre o torque isométrico máximo (TIM), a força dinâmica máxima (1RM), a área de secção transversa do quadríceps femoral (ASTQ), a concentração de lactato sanguíneo [La] e a amplitude do sinal eletromiográfico (RMS). Quarenta e nove voluntários do sexo masculino, com idade entre 18 e 35 anos, participaram de oito semanas de TF com uma frequência de duas sessões semanais. Foi utilizada a extensão unilateral de joelho nas seguintes condições: RFS-I (3 x 8 repetições, 70% 1RM), RFS-C (3 x 8 repetições, 70% 1RM), TF-AI (3 x 8 repetições, 70% 1RM) e RFS-S (3 x 15 repetições, 20% 1RM). Os resultados demonstraram ganhos similares de TIM entre as condições RFS-I (7,8%); RFS-C (6,5%); TF-AI (6,3%) e RFS-S (7,3%). Já no teste de 1RM, apesar da ausência de diferenças estatísticas, maiores tamanhos de efeito foram observados para as condições de alta intensidade RFS-I (12,8%; TE=0,69); RFS-C (11,5%; TE=0,58) e TF-AI (12,2%; TE=0,52) em comparação a de baixa intensidade RFS-S (6,4%; TE=0,25). Não houve diferença significante no aumento da ASTQ entre as condições RFS-I (7,7%); RFS-C (7,0%); TF-AI (7,3%) e RFS-S (6,1%). O valor pico obtido na [La] foi maior na primeira sessão para RFS-I (4,0 mmol.L-1) comparado à RFS-C (2,7 mmol.L-1); TF-AI (3,4 mmol.L-1) e RFS-S (3,5 mmol.L-1). Na última sessão, esse aumento foi superior para RFS-I (4,8 mmol.L-1) quando comparado à primeira sessão e às condições RFS-C (3,0 mmol.L-1); TF-AI (3,1 mmol.L-1) e RFS-S (3,4 mmol.L-1). A alteração na RMS (média entre as séries) foi similar entre as condições de alta intensidade na primeira sessão RFS-I (145,3%); RFS-C (150,3%) e TF-AI (154,5%) e maiores que a RFS-S (106,7%). Na última sessão, RFS-I (140,7%); RFS-C (154%) e TF-AI (157,4%) foram novamente similares entre si e maiores que RFS-S (97,3%). A RMS na primeira sessão diminuiu da primeira para terceira série (18,9%) na condição RFS-I, sem alterações na última sessão. Por último, apenas a condição RFS-S aumentou a RMS da primeira para a última série, na primeira (18,9%) e última sessão (29,8%) de treino. Em conclusão, embora os ganhos de força isométrica e dinâmica tenham sido similares entre as condições, a força dinâmica aumentou em maior magnitude para as condições de alta intensidade, possivelmente pelos maiores níveis de ativação muscular. Contudo, apesar da RFS-I promover maior estresse metabólico, isso não gerou efeitos adicionais sobre a ativação muscular e os ganhos de massa muscular. Uma provável explicação é que em condições com elevado estresse mecânico o aumento do estresse metabólico não causa efeitos adicionais aos já obtidos pela própria intensidade do treinamento de força
O impacto do comportamento sedentário em parâmetros clínicos e fatores de risco cardiometabólico de pacientes com artrite reumatoide: o estudo Take a Stand for health
Pacientes com artrite reumatoide despendem a maior parte das horas diárias em comportamento sedentário (e.g., realizar atividades de baixa intensidade na posição sentada). Entretanto, sabe-se que um tempo sedentário excessivo se associa com piores marcadores de saúde e mortalidade por todas as causas. Estudos sobre o tema são escassos em pacientes com artrite reumatoide. Nesse sentido, uma investigação abrangente do impacto do comportamento sedentário na saúde geral dessa população seria de grande relevância clínica. O objetivo desta tese foi verificar a relação entre comportamento sedentário, parâmetros clínicos e fatores de risco cardiometabólico de pacientes com artrite reumatoide, bem como verificar os efeitos agudos e crônicos de sua redução nesses mesmos parâmetros. Para tal, três estudos foram conduzidos: (i) um estudo transversal, no qual foram avaliadas 112 pacientes com artrite reumatoide; (ii) um estudo crossover randomizado, no qual 15 pacientes completaram 3 condições experimentais por um período de 8 horas (SED, comportamento sedentário prolongado; EX, exercício físico seguido por comportamento sedentário; AFL, interrupções do tempo sedentário com atividade física leve); e (iii) um ensaio clínico randomizado e controlado, no qual 86 pacientes foram randomizadas em 2 grupos (controle [CON], que recebia tratamento médico padrão; intervenção [TS4H], que realizou uma intervenção para reduzir o tempo sedentário) e foram acompanhadas por 4 meses. Todas as pacientes foram submetidas às seguintes avaliações: (1) comportamento sedentário e nível de atividade física; (2) parâmetros clínicos (i.e., atividade da doença, dor, fadiga, funcionalidade e qualidade de vida); (3) escores de risco cardiovascular; (4) fatores de risco cardiometabólico (i.e., antropometria e composição corporal, pressão arterial, parâmetros relacionados à sensibilidade à ação da insulina, perfil lipídico e inflamação); (5) expressão de proteínas e genes no músculo esquelético. No Estudo 1, um maior tempo sedentário se associou com pior funcionalidade (teste Levantar e caminhar: [IC95%], 0,74 s [0,32 a 1,15]) e maior percentual de gordura corporal (0,73% [0,13 a 1,32]), ao passo que comportamentos ativos se associaram com menor atividade da doença e níveis de viii proteína C-reativa, maior funcionalidade, menor risco de evento cardiovascular em 10 anos, e com melhor perfil cardiometabólico (todos os p<0,050). No Estudo 2, as respostas pós-prandiais de glicose (-28%, p=0,036), insulina (-28%, p=0,016) e peptídeo C (-27%, p=0,006) estavam significantemente reduzidas na sessão AFL vs. SED. As concentrações de IL-1 diminuíram durante a sessão AFL, mas aumentaram durante EX e SED (p=0,027 e p=0,085). IL-1ra e TNF- aumentaram durante a sessão EX e diminuíram durante BR (p=0,002 e p=0,022). Sete de 36 classes e subclasses de lipídios eram diferentes entre as condições experimentais (todos os p<0,050), sendo que mudanças mais proeminentes foram observadas na sessão EX. No Estudo 3, a intervenção foi ineficaz em reduzir o tempo sedentário (p=0,999); logo, não houve melhora de parâmetros clínicos e fatores de risco cardiometabólico (todos os p>0,050). Entretanto, a sub-análise feita apenas com pacientes que reduziram 30 min/dia de tempo sedentário demonstrou que a alteração desse comportamento resultou na melhora da qualidade de vida (p=0,045) e em uma tendência a atenuação das respostas glicêmicas durante o teste oral de tolerância à glicose (p=0,068). Em conclusão, esses estudos demonstram de forma abrangente o impacto negativo do comportamento sedentário na saúde geral de pacientes com artrite reumatoide. O comportamento sedentário deve ser visto como um fator de risco para um pior quadro clínico e piores desfechos de saúde. Por outro lado, a redução do tempo sedentário emerge como potencial estratégia para atenuar fatores de risco cardiometabólico e melhorar qualidade de vida nessa população, embora novos estudos sejam necessários para determinar as intervenções mais efetivas para atingir esse objetivo