Repositório RCAAP

Contribuição para o estudo epidemiológico da meningite tuberculosa na Grande São Paulo

O presente trabalho estuda algumas características epidemiológicas de 241 casos de Meningite tuberculosa de pessoas residentes na Grande São Paulo, nos anos de 1982 e 1983. O levantamento de casos foi realizado no Centro de Investigações de Saúde e outras fontes oficiais de informação e complementado pela visitação domiciliária que representou um recurso inestimável para o esclarecimento dos dados. Os casos foram analisados por região de residência, aspectos individuais, núcleos familiares, história da doença, hospitalização, seqüência de tratamento e conhecimento sobre a doença. Os resultados identificam condições insatisfatórias de vida na maioria da população, demora no diagnóstico por falhas assistenciais, alta letalidade hospitalar e desconhecimento do modo de transmissão e prevenção da tuberculose pela maioria das pessoas entrevistadas. O grupo de menores de 5 anos de idade foi o mais comprometido pela ocorrência de seqüelas e, a maior letalidade oi na faixa de 7-12 meses. Ao final do estudo, houve 45,7 por cento de cura, 27,8 por cento de óbito, 13,3 por cento de abandono. Em 13,2 por cento dos casos, alguns permaneciam em observação e outros desconhecidos pelo sistema de controle de notificações.

Ano

1986

Creators

Stella Maria Costa Nardy

Estudo da capacidade vetorial de Migonemya migonei (França) e de Pintomya fischeri (Pinto) (Diptera: Psychodidae) para Leishmania (Leishmania) infantum chagasi Cunha & Chagas

Introdução - A leishmaniose visceral no Estado de São Paulo vem acometendo populações caninas e humanas de vários centros urbanos e encontra-se em franca expansão. Desde a sua introdução no Estado de São Paulo, novas áreas na região metropolitana da Grande São Paulo têm sido identificadas com a infecção na população canina e felina, sem que a espécie vetora comprovada, Lutzomyia longipalpis, tenha sido encontrada. Diferentemente de outras áreas, onde a transmissão da leishmaniose visceral se dá em ambiente urbano consolidado, na Grande São Paulo, ocorre em ambiente de transição urbano-rural. Neste ocorrem resíduos de matas nos quais os flebotomíneos antropofílicos, Pintomyia fischeri e Migonemyia migonei se desenvolvem. A capacidade vetorial é definida como a taxa diária de picadas potencialmente infectivas que a população de um vetor levará a cabo ao se alimentar em um único tipo de hospedeiro (REISEN, 1989). Objetivo Comparar a capacidade vetorial de Pintomyia fischeri e Migonemyia migonei oriundas de foco de leishmaniose visceral canina da Grande São Paulo e compará-la com a de Lu. longipalpis, proveniente de área endêmica, Campo Grande, estado de Mato Grosso do Sul, para a transmissão do agente, Leishmania (L.) infantum chagasi, da leishmaniose visceral americana. Métodos A sobrevida infectiva de cada espécie de flebotomíneo foi calculada por meio da estimativa vertical (tábua de vida) de fêmeas de primeira geração cultivadas em laboratório. Os demais parâmetros compreenderam: atratividade do cão doméstico aos flebotomíneos (dado de campo); e, em condições de laboratório: infecção experimental dos flebotomíneos pela L. (L.) i. chagasi após sua alimentação em cães infectados, período de incubação extrínseca do parasita e duração do ciclo gonotrófico. Resultados Em relação aos parâmetros estudados, observou-se respectivamente para Lu. longipalpis, Pi. fischeri e Mg. migonei: densidade de fêmeas/cão/dia 3,5, 5,5 e 0,04; proporção de fêmeas alimentando-se no cão 0,71, 0,64 e 0,70; períodos de incubação extrínseca estimados (dias) 7, 4 e 7; mediana do ciclo gonotrófico (dias) 5, 6 e 7, e sobrevida infectiva (dias) 4,13, 0,74 e 2,14. A capacidade vetorial da população de Lutzomyia longipalpis foi de 2,02 novas infecções por dia de exposição de um cão infectado. Para Pintomyia fischeri este valor compreendeu 0,108 e para Migonemyia migonei, 0,0024. Conclusões. Lu. longipalpis apresenta a capacidade vetorial em relação a Leishmania infantum chagasi 18,7 vezes à de Pi. fischeri e esta espécie 45 vezes à de Mg. migonei. Portanto, no foco de leishmaniose visceral canina da região Embu/Cotia, se demonstrada a competência para as duas espécies de flebotomíneos, Pi. fischeri poderia atuar na transmissão desta Leishmania em virtude da sua densidade elevada e infecção experimental, enquanto que a participação de Mg. migonei parece pouco provável

Ano

2011

Creators

Fredy Galvis Ovallos

Perfil dos pacientes, em geral e HIV positivos, atendidos em uma unidade de práticas integrativas e complementares da rede municipal de São Paulo

Introdução: As práticas integrativas e complementares em saúde (PIC), entre as quais se inclui a acupuntura, vêm ganhando espaço nas últimas décadas no serviço público no Brasil. Em 2006 foi aprovada a lei que regulamenta a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), proporcionando maior impulso para essas práticas no SUS. Alinhada com essa política, a Unidade de Medicinas Tradicionais (UMT), no município de São Paulo, vem oferecendo desde 2005 atendimento com as PIC de maneira ampla e contínua. Entre os pacientes atendidos na UMT, há uma parcela de pacientes HIV positivos, cujo perfil é desconhecido. Objetivo: Descrever o perfil dos pacientes atendidos na Unidade de Medicinas Tradicionais e, em particular, dos pacientes HIV positivos, caracterizando: origem do encaminhamento, queixas, expectativas em relação ao tratamento e aspectos que mais influenciam negativamente a qualidade de vida desses pacientes. Métodos: Foi realizado um estudo transversal descritivo, analisando-se todos os prontuários dos pacientes atendidos na UMT entre 2006 e 2009. Os pacientes HIV positivos foram identificados e contatados para entrevista, para que informações detalhadas fossem obtidas. Foram usados um questionário de qualidade de vida específico para pacientes HIV positivos (HIV/AIDS-Targeted Quality of Life Instrument HAT-QoL) e um questionário desenvolvido pelo pesquisador. Resultados Foram incluídos 1960 pacientes, dos quais 81 por cento eram mulheres; 68,3 por cento acima dos 50 anos; e 74,1 por cento com demanda espontânea. As queixas principais foram dor (66 por cento ) e queixas mentais (26 por cento ), com duração mediana de 24 meses. Foram identificados 57 pacientes soropositivos, dos quais 71,9 por cento eram do sexo masculino. As queixas principais também foram dor (22 por cento ) e queixas mentais (21,3 por cento ), sendo 72,1 por cento com demanda espontânea. Entre as expectativas, estavam: alívio das queixas, melhora da qualidade de vida, bem-estar e melhora da imunidade. Na avaliação das dimensões de qualidade de vida, as mais afetadas foram função sexual e preocupação em revelar a doença. Conclusões: A população atendida na UMT é predominantemente feminina, acima dos 50 anos, com queixas álgicas, de longa duração e com demanda espontânea. Os pacientes HIV positivos são predominantemente masculinos. A principal queixa foi dor. Em sua maioria, procuraram atendimento em acupuntura de maneira espontânea. Esperavam, com o tratamento, o alívio das queixas, bem-estar, melhorar qualidade de vida e imunidade

Ano

2011

Creators

Marco Broitman

Papilomavírus humano e prognóstico de tumores de cabeça e pescoço

Introdução. O Papilomavírus humano (HPV), particularmente o tipo 16, têm sido associado com risco e prognóstico de tumores de cabeça e pescoço. Contudo, o papel do DNA do HPV e resposta sorológica na sobrevida neste grupo de pacientes ainda não está claro. Objetivos. Avaliar o efeito do HPV (resposta sorológica e detecção do DNA no tecido tumoral) na sobrevida de pacientes com carcinoma epidermóide de cabeça e pescoço, considerando-se as distintas localizações anatômicas (cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe). Material e métodos. Coorte de 1.475 pacientes com carcinoma epidermóide de cabeça e pescoço, oriundos de dois estudos multicêntricos, diagnosticados entre novembro de 1998 e dezembro de 2008 e acompanhados até 30 de junho de 2009. Detecção de DNA do HPV no tecido tumoral foi feita pela técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction) em tecido fresco e material parafinado. Resposta sorológica às proteínas do HPV foi determinada pela técnica Multiplex Luminex. Sobrevida global e específica pela doença foram calculadas pelo método atuarial (tábuas de vida). Curvas de sobrevida de Kaplan-Meier e teste Log-rank para comparação de curvas de sobrevida foram calculados. Hazard ratio (HR) do efeito da infecção pelo HPV nos tumores de cabeça e pescoço e respectivo intervalo com 95 por cento de confiança (IC95 por cento ) foram calculados via modelo de regressão de Cox ajustado pelas variáveis: estudo de origem dos casos, sexo, idade, educação, consumo de tabaco e de álcool, estadiamento do tumor e tratamento, assim como hábitos sexuais para a subcoorte com esta informação. Resultados. Prevalência de DNA do HPV 16 no tecido tumoral foi de 6,7 por cento nos casos recentes (2003-2008) comparado com 1 por cento nos casos iniciais (1998-2002) para a subcoorte de São Paulo. Aumento da soropositividade para HPV 16 E7 nos casos do estudo mais recente (2003-2008) comparado com os casos do estudo inicial (1998-2002) resultou estatisticamente significante. Foi observada pobre concordância entre os resultados de sorologia e DNA do HPV. Pacientes mais jovens (50 anos), que não fumavam e com tumores de orofaringe apresentaram risco aumentado na resposta sorológica à proteína E6 do HPV 16. Prática de sexo oral associou-se com resposta sorológica conjunta às proteínas E6 e E7 do HPV 16. Pacientes soropositivos para HPV 16 E6 apresentaram maior sobrevida global (HR=0,62; IC95 por cento =0,44-0,87), adicionalmente observou-se que a resposta sorológica conjunta às proteínas E6 e E7 do HPV incrementou a sobrevida dos pacientes com tumores de cabeça e pescoço (HR=0,34; IC95 por cento 0,17-0,70) e de orofaringe (HR=0,17; IC95 por cento 0,05-0,59). Conclusões. A prevalência da infecção pelo HPV entre pacientes com tumores de cabeça e pescoço aumentou no período estudado. O estudo sugere que resposta sorológica conjunta às proteínas E6 e E7 do HPV 16 pode estar associada com maior sobrevida global nos tumores de cabeça e pescoço, especificamente nos pacientes com tumores de orofaringe

Ano

2011

Creators

Rossana Verónica Mendoza López

Avaliação do impacto do programa de vacinação contra o Haemophilus influenzae tipo b (Hib) no Estado de São Paulo e município de São Paulo, após dez anos de introdução da vacina

Objetivos: Avaliar o impacto global, direto, indireto e a tendência da duração de proteção da vacinação contra o Haemophilus influenzae tipo b (Hib), no estado de São Paulo (ESP) e no município de São Paulo (MSP), na população de 0 - 59 meses, comparando os períodos pré-vacinal (1996 - 1998) e pós-vacinal (2001 - 2009). Métodos: estudo com componente descritivo e de cunho analítico, retrospectivo. A população de estudo incluiu os menores de cinco anos residentes no ESP e no MSP. Adotou-se como definição de caso confirmado o menor de cinco anos identificado como positivo para o Hib em cultura e/ou contraimunoeletroforese e/ou látex e/ou RT-PCR, em amostra de LCR e sangue, e/ou vínculo epidemiológico. Os dados foram obtidos a partir do SINAN, SIGH-Web Instituto Adolfo Lutz e Fundação IBGE. As variáveis de estudo incluíram as demográficas, clínicas e relativas ao agente, apresentadas em séries temporais e períodos estabelecidos para parametrização e comparabilidade. O parâmetro das avaliações de impacto foi a magnitude da variação da incidência de meningite causada pelo Hib. Para cada estimativa de impacto construiu-se um Intervalo de Confiança (IC) de 95 por cento a partir do cálculo de Risco Relativo (RR). As estimativas do risco relativo (RR) e os respectivos intervalos de 95 por cento de confiança foram analisados utilizando-se o software R. Resultados: nos períodos considerados, foram descritos 1.561 casos confirmados de meningites por Hib no ESP, sendo 27,16 por cento (424/1.561) no MSP, e 80,78 por cento (1.261/1.561) dos casos foram registrados em menores de cinco anos. A maioria dos casos foi confirmada por cultura, com percentual médio de 65 por cento no ESP e 66 por cento no MSP. As taxas médias de incidência de meningites por Hib mais significativas no período pré-vacinal verificaram-se nos menores de um ano (30,56/105- ESP; 32,06/105 - MSP), considerada a faixa etária de maior risco de adoecimento. Após a introdução da vacina contra o Hib em 1999 (menores de dois anos), as taxas de incidência de meningites por Hib declinaram de forma sustentável nos períodos subsequentes analisados. A incidência de meningite por Hib durante o período pós-vacinal variou de 4,02/105- 1,68/105 nos menores de um ano, no ESP e MSP respectivamente e, de forma similar, de 1,43/105 1,01/105 nos menores de cinco anos. Nos menores de 7 - 23 meses (impacto direto), o percentual de redução foi de 95,11 por cento [66,43 - 99,29] no ESP e 95,91 por cento [70,63 - 99,43] no MSP. O impacto global observado nos menores de cinco anos foi 88,19 por cento [26,58 - 98,10] no ESP e 91,06 por cento [33,99 - 98,79] no MSP. Os dados de vigilância mostram que os casos de meningites por Hib continuam ocorrendo, porém em níveis baixos, ao longo de 10 anos após a introdução do esquema de três doses primárias da vacina conjugada específica. Conclusão: a partir deste racional pode-se inferir a utilidade prática e econômica a favor desta modalidade programática adotada no território paulista, com a evidência de redução relativa de meningites por Hib.

Ano

2014

Creators

Telma Regina Marques Pinto Carvalhanas

Fatores prognósticos por ocorrência de necrose e abscesso no envenenamento por serpente Bothrops jararaca

No Brasil, ocorrem anualmente mais de 20.000 acidentes ofídicos, sendo mais de 80 por cento por espécies do gênero Bothrops. Envenenamentos por serpentes desse gênero raramente causam óbito mas, muitas vezes, levam a necrose e infecção secundária, que podem determinar a perda de um membro acometido ou de segmento desse. A dose de soro antibotrópico utilizada para o seu tratamento é baseada na gravidade do envenenamento ao exame inicial. Vários fatores têm sido associados a essa gravidade, mas poucos são os dados científicos e nenhuma avaliação foi feita para acidentes comprovadamente causados por B. jararaca. O presente estudo teve como objetivo identificar: as variáveis associadas à ocorrência de necrose; as variáveis asociadas à ocorrência de abscesso; os fatores prognósticos independentes para a ocorrência de necrose; os fatores prognósticos independentes para a ocorrência de abscesso. Foram analisados no presente estudo 779 casos de acidentes por B. jararaca atendidos no Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan, no período de 1982 a 1990. Os dados foram levantados a partir de prontuários médicos arquivados nesse hospital. Os casos que apresentaram necrose e os que evoluiram para abscesso, foram comparados no que se refere a uma série de variáveis, respectivamente, com aqueles que não apresentaram necrose e não evoluiram para abscesso. Correlacionaram-se estatisticamente à análise bivariada com necrose e abscesso (p < 0,05) o acidente por serpentes de grande porte (> 60cm), a picada em perna, o uso de torniquete, a presença de dor, edema, equimose, bolha, choque, sangramento fora da região da picada. Acidentes em determinados meses do ano, picadas nos dedos da mão e alteração da coagulação sanguínea só se correlacionaram com necrose (p < 0,05). Mostraram-se fatores prognósticos independentes para necrose à análise multivariada: tamanho da serpente, conforme diferentes faixas de comprimento, 60 - 80cm, 80 - lOOcm, 100 - 140cm; mês de ocorrência; acidentes com pessoas do sexo feminino; picadas no dedo da mão, e na perna; uso de torniquete; ocorrência de sangramento. Mostraram-se fatores prognósticos independentes para abscesso, à análise multi variada: tamanho da serpente, conforme diferentes faixas de comprimento 60-80cm, 80- lOOcm, 100-140cm; mês de ocorrência; acidentes com pessoas do sexo feminino; picada na perna; alteração da coagulação sanguínea; ocorrência de sangramento. Conclui-se que, as variáveis relacionadas com necrose e aquelas relacionadas com abscesso, os fatores prognósticos independentes para necrose e aqueles para abscesso, são os apresentados acima e que o porte de B. jararaca é o fator prognóstico independente mais importante para necrose e, principalmente, para abscesso, que são tanto mais freqüentes quanto maior o comprimento da serpente.

Ano

1996

Creators

Lindioneza Adriano Ribeiro

Situação atual da prevalência de chagásicos entre doadores de sangue no Estado do Amazonas, Brasil

A Doença de Chagas (OC) é um dos maiores problemas de saúde na América Latina. A diversidade de vetores que a transmitem, a endemicidade da doença em vários países latinoamericanos e os mecanismos alternativos de transmissão evidenciam focos de reemergência dessa moléstia na atualidade. Na região amazônica a patologia sempre foi considerada indene, porém surtos focando a transmissão alimentar colocou-a como prioridade dos serviços de saúde e controle de endemias na região. Com o intuito de investigar a situação da prevalência de chagásicos que são diagnosticados em bancos de sangue ao se candidatarem a doação, objetivamos também um estudo sobre o risco da transmissão transfusional da patologia, considerado como o segundo maior problema e evidenciado também em áreas urbanas não só do Brasil mas também de vários outros países inclusive na América do Norte e Europa. Métodos: Foi efetuado um estudo verificando o número de doadores entre 2001 e 2005 no HEMOAM (Unidade Hemoterapica do Estado do Amazonas) órgão responsável por 100% dos processos envolvendo sangue e hemoderivados (incluindo coleta e separação de frações sanguíneas) no Estado. Efetuamos os cálculos de coeficientes de prevalência para observar a quantidade de doadores de repetição que apresentavam sorologia positiva, usando os modelos propostos por CANNUTII Jr (1998) e SILVA (2003), podendo assim estimar o número de chagásicos que são diagnosticados ao se candidatarem a doação de sangue. Com os dados de incidência entre candidatos a doação pela primeira vez, acompanhamos a ocorrência de casos de DC em área tida até então como indene. Resultados: Observamos uma inaptidão sorológica de 0,13%, sendo que 0,07% confirmados. O cálculo ajustado sobre os doadores de repetição visando a janela imunológica da OC nos anos em estudo foi de 1,16 em 250.000 doações, 1,02 em 250.000 doações, 0,0 em 2003 e 2004 e 1,08 em 450.000 doações em 2005. Dados muito inferiores ao observados por GONTIJO (1989) e SILVA (2003) em Minas Gerais e Santa Catarina respectivamente, porém se mostra uma variável importante como implicação ao risco de transmissão da OC por transfusão de sangue. Conclusões: Com a queda da transmissão natural da DC, outros mecanismos ficam evidenciados tais como a transfusional e a alimentar. Os trabalhos efetuados pelo HEMOAM no Estado do Amazonas diminuem o risco transfusionallevando qualidade e segurança aos procedimentos hemoterápicos, porém as autoridades sanitárias devem ficar atentas a emergência da DC no Amazonas seja tanto pela ocorrência de vetores silvestres como também o evidenciado risco da transmissão alimentar.

Ano

2006

Creators

Anderson Sena Barnabe

A imagem corporal de adolescentes: validação e reprodutibilidade de instrumentos

Introdução - A imagem corporal refere-se à figura existente na mente do indivíduo acerca do tamanho, forma e estrutura corporais. Caracteriza-se por ser um constructo multidimensional que envolve no mínimo, dois componentes independentes: a percepção e a atitude. Objetivo - Traduzir três instrumentos (OSIQ, BESAA e EEICA) e verificar evidências de validade, reprodutibilidade, tempo de aplicação e a compreensão verbal de sete instrumentos (EAC, OSIQ, BSQ, ES, BESAA, BIQ, EEICA). Métodos - Participaram 386 adolescentes regularmente matriculados em uma escola particular de ensino. Avaliou-se a consistência interna por meio do coeficiente &#945; de Cronbach, a validade discriminante pelas diferenças das médias, segundo estado nutricional (desnutrido, eutrófico, sobrepeso e obesidade), por meio do Teste de Kruskal Wallis. A validação concorrente foi realizada calculando-se o coeficiente de correlação de Spearmari entre as escalas e o Índice de massa corporal (IMC), a razão circunferência quadril (RCQ) e a circunferência da cintura (CC). Para reprodutibilidade utilizou-se o teste t pareado, o coeficiente de correlação intraclasse (rintraclasse) e os gráficos de Bland & Altman. Resultados - As escalas foram traduzidas e não apresentaram maiores discordâncias com o documento original. Os instrumentos (EAC, BSQ, BESAA, BIQ, EEICA) apresentaram boa consistência interna (variação do &#945; de Cronbach de 0,60 a 0,90), para todos os sub-grupos estudados (amostra total, sexo masculino, feminino e meninos e meninas em fase inicial e final de adolescência). A ES, a EEICA e a BESSA peso, foram capazes de discriminar os quatro grupos estudados em todos os sub-grupos. Na análise concorrente, a ES correlacionou-se com as três medidas (IMC, RCQ e CC) pesquisadas. O BIQ satisfação, BIQ importância e a EEICA confirmaram a reprodutibilidade para todos os sub-grupos pesquisados. O instrumento com melhor compreensão foi a ES e o pior foi o OSIQ. A ES foi a mais rápida e a EEICA e o BSQ as que demandaram maior tempo no preenchimento. Conclusões - As escalas OSIQ, BESAA, BIQ e a EEICA encontram-se traduzidas e adaptadas para o português. A ES e a EEICA apresentaram os melhores resultados, sendo recomendadas para avaliação do aspecto perceptivo da imagem corporal para adolescentes.

Ano

2007

Creators

Maria Aparecida Conti

Aspectos da infestação de Culex (Culex) quinquefasciatus (Diptera: Culicidae) no rio Pinheiros, São Paulo (São Paulo, Brasil) e considerações sobre as aplicações de controle da população

Objetivo. O estudo apresenta aspectos da biologia e ecologia de Culex quinquefasciatus no rio Pinheiros, e focaliza alguns possíveis fatores que levam o mosquito proliferar neste ambiente. As análises das informações permitiram conhecer aspectos da infestação da espécie e a eficácia das ações de controle efetuadas no local. Métodos. O trabalho de campo foi efetuado no período de 01 (um) ano, mediante coleta de dados, envolvendo pesquisa bibliográfica referente aos caracteres e a biologia de Cx. quinquefasciatus, pesquisa documental referente às medidas de controle entomológico efetuadas no rio Pinheiros, informações sobre temperatura e precipitação pluviométrica e descrição do quadro ecológico e geográfico do rio Pinheiros. Para as atividades de monitoramento foram realizadas coletas de adultos de mosquitos e, posteriormente, identificados e contados em laboratório. Foram utilizados indicadores de freqüência de adultos, separando-os por sexo, e as fêmeas em vazias, com sangue e com ovos para estudos de dinâmica populacional. Resultados. Devido à estagnação do rio, motivada pela regulação artificial de seu fluxo em várias extensões, formam-se condições propícias à proliferação do mosquito Culex quinquefasciatus, espécie altamente adaptada à exploração de corpos d’água com elevado teor de poluentes. Esse mosquito apresentou alta freqüência e exclusividade entre os culicídeos. A aplicação de larvicida biológico, de um modo geral, não teve influência nos níveis de frequência de mosquitos adultos, tendo que a população mostrou uma flutuação sazonal natural durante o período de estudo. Conclusão. Os dados de qualidade da água do rio Pinheiros apresentaram altos níveis de poluição, picos com alta temperatura e grande quantidade de sais no meio líquido. Essas condições podem estar interferindo na toxicidade do larvicida biológico. O estudo sugere, antes da implantação de ações de controle, a elaboração de um protocolo, com provisão de testes de campo para verificação da atividade do larvicida, como precipitação, aderência às partículas do sedimento e nível de toxicidade do preparado no meio líquido. Além disso, foi sugerida a realização de testes do conteúdo do estômago da larva, para observação quanto à presença de esporos do Bs e também aplicações especiais de inseticidas nas regiões de maior atividade reprodutiva da população de mosquitos.

Ano

2006

Creators

Sirlei Antunes de Morais

Perturbações no ambiente natural, e emergência de habitats larvais ocupados por espécies de Anopheles Meigen (Diptera: Culicidae) em assentamento rural no sudoeste da Amazônia brasileira

Introdução: Assentamentos rurais são recorrentes arranjos sociais em expansão na Região Amazônica, que geram perturbações no ambiente natural e na respectiva ecologia de mosquitos vetores envolvidos na transmissão de malária. Objetivos: Elaborar revisão das espécies do gênero Anopheles que foram registradas na Região Amazônica. Para a pesquisa quantitativa, estabelecer potenciais fatores dos ambientes e das características das águas de diversos habitats larvais que possam estar associadas com a presença de espécies de anofelíneos, através de coletas em criadouros de diferentes graus de perturbação ambiental. Métodos: para a revisão das espécies que foram registradas na Amazônia, foram empregados termos de busca, utilizando sete bases bibliográficas de referência. Para os estudos em campo, foram realizadas capturas de larvas juntamente com estimação e mensuração de algumas condições dos habitats larvais, para comparação dos parâmetros analisados entre ambientes naturais e artificiais. Resultados: a revisão mostrou maior quantidade de artigos que notificaram a ocorrência do subgênero Nyssorhynchus, seguido pelos subgêneros: Anopheles, Stethomyia, Kerteszia e Lophopodomyia. O Anopheles darlingi se mostrou a espécie com maior ocorrência nos artigos levantados, muito pelo seu caráter epidemiológico. Importantes vetores auxiliares pertencentes ao subgênero 6 Nyssorhynchus também foram registrados em grande quantidade. Os resultados das análises conduzidas com os dados das capturas em campo demonstraram que as forças de transformação do ambiente natural favorecem o desenvolvimento de habitats larvais de espécies do subgênero Nyssorhynchus, incluindo o An. darlingi, além de um importante vetor secundário, o An. triannulatus. Discussão e Conclusão: projetos de assentamentos na Amazônia brasileira registram índices significativos de casos de malária, devido à ocupação de áreas naturais pelo homem. Este estudo mostrou que o subgênero Nyssorhynchus possui amplo registro na literatura de inquéritos entomológicos do gênero na floresta tropical equatorial, indicando que o agrupamento pode ser considerado endêmico às fronteiras de transformação na região, tendo assim importante papel na manutenção da transmissão da malária. Os estudos de campo apresentaram evidências de que formação de habitats artificiais favorecem formas iniciais de vida dos mosquitos com histórico vetorial para a região. Esses habitats larvais podem ser respostas ao uso do solo e das consequentes alterações provocadas no ambiente natural pelas atividades humanas. As modificações do ambiente natural selecionam e propiciam a formação de habitats para as espécies do Nyssorhynchus. Este agrupamento taxonômico engloba espécies que são consideradas vetores para a malária na região Neotropical.

Ano

2015

Creators

Paulo Rufalco Moutinho

Perfil das mães com história de repetição de cesárea no Estado de São Paulo

Introdução: A cesárea vem aumentando progressivamente no Brasil e no mundo. Dentre os fatores associados a esse evento, destaca-se a cesárea prévia. Embora a maioria dos partos realizados em mulheres com história de cesárea seja cirúrgico, autores tem demonstrado altos índices de partos vaginais após cesárea - PVAC com baixa incidência de complicações. Diante do alarmante crescimento das taxas de cesárea, o presente estudo objetiva identificar a proporção e o perfil das mães com história de repetição de cesárea - RC no Estado de São Paulo, em 2012. Métodos: Os dados provenientes do Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos foram vinculados aos do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Os resultados a respeito das características das mães com história de RC foram analisados segundo características da gestação, do recém-nascido RN e segundo tipo do hospital do parto. Os dados foram descritos na forma de medidas de proporção (frequências), com diferenças entre variáveis de interesse verificadas pelos testes de proporção e de médias (nível de significância de 5 por cento ). Resultados: Foram estudados 273.329 nascidos vivos de mães com pelo menos um filho anterior. Destes, 43 por cento nasceram por RC e 7,4 por cento por PVAC. As mães que realizaram CR são mais velhas e mais escolarizadas e os RNs nascidos desse grupo apresentaram menor proporção de baixo peso ao nascer. O início do pré-natal no primeiro trimestre e a realização de 7 ou mais consultas de pré-natal foi mais frequente no grupo CR. Termo precoce foi a classificação mais frequente para idade gestacional dos que nasceram por CR. Em contrapartida, os RNs por parto vaginal apresentaram maiores proporções de termo tardio do que aqueles por repetição de cesárea. A RC foi mais frequente nos hospitais sem vínculo com o Sistema Único de Saúde - SUS (44,1 por cento ). Dentre esses, a maioria (54,3 por cento ) teve idade gestacional classificada como termo precoce. Somente o grupo SUS alcança uma melhor proporção de termo pleno (46,5 por cento ), contudo esse grupo tem a frequência mais elevada de termos tardios (10,9 por cento ). Conclusão: As altas taxas de cesárea de repetição, principalmente no setor privado, evidenciam a necessidade de melhoras no modelo de atenção ao parto no Estado de São Paulo.

Ano

2015

Creators

Karoline Honorato Brunacio

Tendências da incidência e da Mortalidade do câncer de estômago no município de São Paulo

INTRODUÇÃO: o câncer de estômago já foi, mundialmente, a neoplasia com maior ocorrência na população. Ao longo das décadas, a incidência deste câncer apresenta tendência de decréscimo significativo, sendo que, atualmente, é o quinto tumor maligno mais frequente no mundo. A mortalidade não acompanhou a tendência de decréscimo na mesma velocidade e ainda é considerada a terceira principal causa de morte por câncer. O Brasil acompanhou a tendência mundial, registrando o declínio significativo da incidência e da mortalidade. O município de São Paulo apresenta as mais altas taxas de incidência e mortalidade do país. Apesar disso, existem poucos estudos de tendências de incidência dessa neoplasia para São Paulo e este é o primeiro estudo que investiga as tendências de incidência e mortalidade por sexo, por faixas etárias e por tipo histológico. OBJETIVO: analisar as tendências dos coeficientes de incidência e mortalidade do câncer de estômago, segundo sexo, faixa etária e tipo histológico pela classificação de Lauren. MÉTODOS: estudo ecológico de séries temporais. Foram analisados os novos casos de câncer de estômago, diagnosticados no período de 1997 a 2011, no município de São Paulo, cadastrados no Registro de Câncer de Base Populacional de São Paulo, e os óbitos por câncer de estômago do período de 1980 a 2011, de residentes no Município de São Paulo, obtidos do site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do Ministério da Saúde. Foram feitas análises de séries temporais por sexo, faixa etária e tipo histológico utilizando a classificação de Lauren. Os coeficientes brutos e padronizados foram calculados e utilizados nas análises de tendências, através dos modelos de regressão linear e do cálculo da mudança percentual anual (APC). RESULTADOS: foram analisados 24.512 casos incidentes e 31.215 óbitos. Houve redução da incidência (APC -8,3 por cento em homens e -6,5 por cento em mulheres) e da mortalidade (APC -2,3 por cento em homens e -2,5 por cento em mulheres). Houve tendência de queda em todas as faixas etárias, com exceção da faixa etária mais jovem (20-29 anos), que apresentou estabilidade da incidência e da mortalidade. A estabilidade na faixa etária mais jovem também foi identificada nos tipos intestinal e difuso. O tipo difuso apresentou estabilidade também nas faixas etárias: 30-39, 40-49 e 80 anos do sexo feminino. CONCLUSÃO: São Paulo acompanhou a tendência mundial de decréscimo na incidência e na mortalidade, entretanto, a mesma tendência não foi observada entre adultos jovens, principalmente a faixa etária de 20 a 29 anos. Atenção especial deve ser dada ao tipo difuso, que não apresentou queda na tendência de incidência do câncer de estômago para as mulheres de 20 a 49 anos.

Ano

2015

Creators

Emi Igarashi Tahara

"Influência dos aspectos socioeconômicos e ambientais na prevalência da cárie dentária e sua distribuição geográfica no Estado de São Paulo em 1998"

Este estudo mostrou uma forte influência dos fatores socioeconômicos e ambientais na prevalência da cárie dentária. Vinte e duas variáveis socioeconômicas e ambientais foram relacionadas a um indicador de saúde bucal. Este indicador consiste na soma dos índices CPO-D e ceo-d nos grupos de alunos de 5 a 12 anos para os 131 municípios que fizeram parte do Levantamento de Saúde Bucal do Estado de São Paulo em 1998. Destes 131 municípios estudados, 9% apresentaram Indicador baixo (&#61603; 2,6); 55% dos municípios, Indicador moderado (2,7 - 4,4); 34% dos municípios, Indicador considerado alto (4,5 - 6,5) e 2% apresentaram indicador muito alto (> 6,6). A prevalência de cárie dentária no Estado de São Paulo para esta faixa etária de 5 a 12 anos, medida por meio do Indicador, mostrou correlação significativa (p<0,05) com 17 das variáveis utilizadas. O modelo de regressão multifatorial mostrou correlação direta de 63% com três fatores principais: presença de flúor na água de abastecimento público, porte populacional do município e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal para Educação. Este modelo final pode explicar 38% da variação da prevalência da cárie dentária no Estado de São Paulo em 1998. Em relação aos aspectos geográficos, a epidemiologia espacial evidenciou que os maiores índices de cárie dentária encontraram-se nas regiões Sudoeste, Central e Nordeste do Estado de São Paulo. Os resultados mostraram que condições socioeconômicas e ambientais satisfatórias podem contribuir de maneira importante para a saúde bucal. Mostraram, também, que o emprego da epidemiologia espacial pode contribuir para a identificação de áreas com maior necessidade de cuidados odontológicos e preventivos.

Ano

2005

Creators

Paulo Roberto da Silva

Integralidade da atenção e evitabilidade de óbitos perinatais no Município de Fortaleza - Ceará

Introdução: Conquistar a integralidade, a mais complexa diretriz do SUS, se constitui um permanente desafio, visto que, ao contrário da universalidade do acesso e da descentralização, parece, ainda, distante de ser alcançada. Objetivo: Caracterizar óbitos perinatais ocorridos em residentes em Fortaleza, 2006, para compreender o potencial da integralidade da atenção no sistema local de saúde. Métodos: Foram utilizados métodos complementares de pesquisa - quantitativa e qualitativa. Na abordagem qualitativa realizaram-se entrevistas individuais às mães de crianças que sobreviveram ao período neonatal e mães que perderam seus conceptos no período perinatal. Estudo transversal que incluiu o universo dos óbitos perinatais, a partir de dados dos sistemas oficiais de informação sobre mortalidade e sobre nascidos vivos e do relacionamento de dados entre os mesmos, consubstanciou a pesquisa quantitativa. Resultados e Discussão: A taxa de mortalidade perinatal foi 17,0/1000 nascidos totais - 8,2 para óbitos fetais e 8,8 para neonatais precoces. As principais causas encontradas foram: asfixia (24por cento ) - 4 vezes maior entre natimortos; baixo peso ao nascer cuja mortalidade foi 30 vezes maior entre os 25por cento com menos de 2500g; prematuridade (32,4por cento ); malformações congênitas (9,5por cento ) e infecções (7,0por cento ) inclusive 03 casos de sífilis congênita. Fatores de risco potenciais, como idade da mãe de 10 -14 anos, mais freqüente entre óbitos neonatais precoces, e de 35 e mais anos entre os fetais. A mortalidade foi mais alta (98,0/1000 nascidos totais) entre filhos de mães com nenhuma escolaridade - risco potencial importante - cuja elevada freqüência foi também percebida nas entrevistas que, por sua vez, evidenciaram uma categoria acrescentada ao estudo: a relação médico-paciente, considerada falha e desatenciosa, na percepção das mães, quanto aos esclarecimentos sobre alto risco na gestação e no parto. Destacou-se, ainda, o sentimento das mães sobre a falta da visita domiciliar na gravidez e de acompanhante no parto. Conclusões e algumas considerações: A baixa escolaridade pareceu um critério de 9 evitabilidade mais apropriado para uso em países em desenvolvimento, como o Brasil, do que aqueles da classificação de Wigglesworth, inclusive de acesso mais complexo nestes países. Para gestantes com baixa ou nenhuma escolaridade, o sistema de saúde poderia ofertar atenção especial, fortalecendo atividades educativas, adotando a interconsulta especializada e acompanhante no parto

Ano

2010

Creators

Jocileide Sales Campos

Acesso a medicamentos: experiência da população de baixa renda na Região do Butantã, São Paulo, 2009

Introdução: O medicamento, imprescindível no tratamento e recuperação da saúde, cresce em importância, tanto para os profissionais de saúde como para a população. Objetivo: Incluir a experiência da população de baixa renda, na pesquisa em saúde pública, sobre necessidade de tomar medicamentos; apresentar dificuldades vivenciadas, em busca destes; relatar as estratégias adotadas, diante da impossibilidade de consegui-los gratuitamente; estudar a compreensão do valor monetário deste produto; identificar a possibilidade de aquisição de medicamentos de médio e alto custo. Método: Metodologia qualitativa, usando a técnica de grupo focal, com a construção de 3 grupos, com a participação de 31 sujeitos, no período de dezembro de 2008 a março de 2009. Os sujeitos são moradores da região do Butantã, SP/SP, com 40 anos ou mais, com renda mensal até 3 salários mínimos e usuários do SUS, fazendo uso de pelo menos um medicamento. Os três grupos foram formados por usuários de medicamentos de uso contínuo; usuários de medicamentos de médio e alto custo e por moradores de uma favela. As discussões foram conduzidas por 2 profissionais e, foram baseadas em 5 perguntas referentes aos objetivos. Para a análise das discussões, optou-se pelo método do DSC (Discurso do Sujeito Coletivo), com utilização do software Qualiquantisoft®. Resultados: As discussões geraram 23 respostas categorizadas, destacando: a necessidade do medicamento, a dificuldade para consegui-lo gratuitamente; a má divulgação e a falta de informação sobre os programas de distribuição gratuita; a dependência de terceiros para aquisição; a necessidade de procura do medicamento em vários postos de saúde; a necessidade de compra. Medicamentos com preço até 50 reais foram considerados caros para a maioria. Os de alto custo são adquiridos, com algumas dificuldades, destacando-se tempo de espera, e falhas na dispensação. Conclusão: O acesso aos medicamentos mostrou-se parcial, apesar do avanço das políticas públicas na área, fazendo-se necessário um amplo conjunto de medidas, que priorize a manutenção de estoques regulares, a humanização do atendimento, a disponibilidade de profissionais competentes e que tenham compromisso social, para que a população de baixa renda alcance gratuitamente o sucesso terapêutico desejado, de forma regular e sistemática.

Ano

2009

Creators

Carmen Barata Bello

Distribuição espacial e temporal de abelhas melíferas africanizadas e vespídeos (Hymenoptera) na cidade de São Paulo

Introdução - Abelhas (Apis) e vespídeos causam problemas tanto ao homem quanto aos animais, podendo ocasionar manifestações de hipersensibilidade e choque anafilático em conseqüência da ferroada. Após o processo de hibridização as abelhas tornaram-se mais produtivas, porém, mais defensivas e devido às alterações antrópicas, encontraram na cidade locais de nidificação. Existe na capital paulista desde 1994 um serviço realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, que retira colméias e enxames de abelhas e vespídeos, conforme solicitações dos munícipes. As informações dessas atividades foram disponibilizadas para estudo. Objetivo - Mapear regiões da cidade de São Paulo com registros de maior concentração de colméias e enxames de abelhas e vespídeos, locais de nidificação, além de sugerir medidas para orientação da população. Métodos - Utilizar dados secundários oriundos de solicitações atendidas durante o período de agosto de 2002 a julho de 2005, e por meio de uma planilha compilar as informações e cruzar às variáveis estudadas. Resultados - No período estudado, foram totalizados 9.190 solicitações entre abelhas melíferas africanizadas e vespídeos. Houve maior frequência no atendimento para vespídeos. A distribuição ocorreu por todo o município, tendo a região leste maior frequência de vespídeos e a região sul maior frequência de abelhas melíferas africanizadas. No período em estudo ocorreram 1.944 acidentes com vítimas. Quanto aos locais de nidificação, o forro de residências e edificações foi o mais utilizado tanto para abelhas melíferas africanizadas como vespídeos. Conclusões Meses que correspondem a estações mais quentes, apresentam maior concentração de atendimentos. As solicitações para atendimento a vespídeos foi maior. Verifica-se distribuição por todo o município e grande diversidade nos locais utilizados para nidificação.

Ano

2007

Creators

Agda Maria Oliveira

Suicídios invisibilizados: investigação dos óbitos de adolescentes com intencionalidade indeterminada

Introdução - Quando se fala da epidemiologia do suicídio, é importante destacar que as estatísticas oficiais podem estar subestimadas em decorrência de possíveis falhas na identificação e classificação da causa de morte. Objetivo - Investigar a existência de suicídios de adolescentes da cidade de Recife, que tenham sido classificados como óbitos de intencionalidade indeterminada, dos anos de 2000 a 2014, e a percepção dos legistas sobre o fenômeno e sua subnotificação. Metodologia - No Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de Recife, foram coletados todos os dados dos óbitos de adolescentes com intencionalidade indeterminada. Em seguida, foi criado um banco de dados com essas informações e, a partir deste, foram localizados, no Instituto de Medicina Legal (IML) de Recife, os documentos (Boletim de Ocorrência, Guia de Remoção de Cadáver, Ofício Policial de Encaminhamento do Corpo ao IML, Livro de Registro de Entrada de Corpos no IML, Laudo Tanatoscópico, Laudo Toxicológico e a guia rosa da Declaração de Óbito) referentes ao percurso que o corpo de cada vítima fez até ter sua morte classificada como indeterminada. Após o exame de cada um desses documentos, foi possível reclassificar 43 (21 por cento ) dos 203 óbitos em questão, utilizando um escore baseado no Índice de Concordância entre as classificações da intencionalidade do óbito registradas nos documentos. Todos os óbitos que apresentaram um percentual de concordância acima de 50 por cento , a partir da consulta aos referidos documentos, tiveram sua intencionalidade reclassificada. Para a definição e reclassificação dos casos, foi utilizada a décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), na qual os suicídios correspondem aos códigos X60 a X84, sob a denominação de lesões autoprovocadas intencionalmente. Resultados - Dos casos inicialmente classificados como sendo de intencionalidade indeterminada (n=203), 9 por cento (n=19) foram reclassificados como suicídio. A estatística oficial do SIM reporta que, no período estudado, houve apenas 61 suicídios. Contudo, ao somar os 19 suicídios reclassificados ao quantitativo da estatística oficial, tem-se um total de 80 suicídios de adolescentes ocorridos de 2000 a 2014, o que indica um percentual geral de 23,7 por cento de subnotificação. Não houve mudança no perfil das vítimas quando comparamos os dados antes e depois da reclassificação dos casos. Em ambas as situações, o maior contingente de casos de suicídio se concentra no seguinte perfil: adolescentes do sexo masculino, com idades entre 15 e 19 anos e de raça/cor parda. De acordo com os legistas entrevistados, questões como a sobrecarga de trabalho e a quantidade reduzida de recursos humanos são fatores que podem interferir no processo de indeterminação da intencionalidade dos óbitos. Conclusões - A partir da recuperação de informações contidas nos documentos encontrados no IML, foi possível reclassificar a intencionalidade das mortes por causas externas, melhorando a qualidade dos dados do SIM e permitindo a elaboração de um perfil epidemiológico mais fidedigno e condizente com o que ocorre na realidade. Este estudo, portanto, dentre todas as conclusões obtidas, reafirma a necessidade de sensibilizar constantemente os profissionais envolvidos no registro do óbito, para que se tenha um aprimoramento na qualidade das informações em saúde

Ano

2017

Creators

João Luis da Silva

Cobertura vacinal e fatores determinantes da situação vacinal em Curitiba

OBJETIVO: Avaliar a cobertura vacinal aos 12 e aos 24 meses de vida, em Curitiba e seus distritos sanitários (DS) e investigar a associação entre esquema vacinal incompleto e fatores individuais da criança e da mãe e contextuais, especialmente os relacionados aos serviços públicos de saúde. METODOLOGIA: Trata-se de estudo transversal com crianças residentes em Curitiba e nascidas em 2002. As fontes de dados foram: i) o Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC); ii) o prontuário eletrônico municipal; iii) inquérito domiciliar para casos com registro incompleto. Foi utilizado o software RECLINK II para a linkage dos bancos de dados. A investigação de fatores associados aos desfechos de interesse foi efetuada por meio da análise bivariada e análise de regressão logística multinível (software MLwiN 2.0). RESULTADOS: A amostra abrangeu 2637 crianças, a cobertura vacinal no município foi de 95,3 por cento aos 12 meses e 90,3 por cento aos 24 meses, observando-se pequena variação nas coberturas entre distritos; 0,2 por cento a 0,9 por cento das vacinas foram aplicadas em datas ou intervalos inferiores aos preconizados e 2,8 por cento a 32,2 por cento após o período recomendado; 98 por cento das crianças têm cadastro no prontuário eletrônico do município, 97,7 por cento recebeu ao menos uma dose de vacina na rede municipal de saúde e 73,3 por cento realizou consulta médica nestas unidades; as crianças com três ou mais consultas em unidade básicas/ESF apresentam melhor situação vacinal. Entre as crianças com acompanhamento nas unidades de saúde, estimou-se entre 4 por cento e 7,3 por cento as oportunidades perdidas de imunização. Na análise multivariada mostraramse independentemente associadas ao esquema vacinal incompleto aos 12 meses: ter mãe adolescente (OR=2,8); a ordem de nascimento (ser o 2º ou 3º filho com OR=7,3 e ser 4º filho em diante com OR=22,2) já considerando a interação com outras variáveis; número inadequado de consultas de pré-natal (OR=2,6); ter efetuado menos de 3 de consultas médicas em unidade básica/ESF no ano (OR=2,2). Para esquema vacinal incompleto aos 24 meses mostraram-se independentemente associadas: a ordem de nascimento (ser 2º ou 3º filho com OR=2,5 e ser o 4º filho em diante com OR=5,3); número inadequado de consultas de pré-natal (OR=1,8); número inferior a 3 de consultas médicas no ano em unidade básica/ESF (OR=1,5) e ter cadastro provisório ou não ter cadastro na US básica (OR=1,7) e inversamente associado a idade materna de 35 anos e mais (OR=0,6). Embora a análise bivariada aponte melhor situação vacinal entre crianças atendidas em US que adotada plenamente a Estratégia de Saúde da Família e em distritos sanitários de estrato socioeconômico mais pobre a análise multivariada não revelou associação. CONCLUSÕES: Os resultados apontam a importância de políticas públicas na promoção da equidade em saúde e permitem a identificação de fatores associados que devem ser considerados no aperfeiçoamento de programas de imunização.

Ano

2008

Creators

Karin Regina Luhm

Levantamento da prevalência de pneumopatias causadas por bacilos atípicos, realizado entre doentes com micobacteriose pulmonar internados nos sanatórios Partenon e Belém de Porto Alegre, no período compreendido entre agosto de 1971 e janeiro de 1972

511 indivíduos portadores de micobateriose pulmonar e internados nos Sanatórios Belém e Partenon de Porto Alegre, no período compreendido entre agosto de 1971 e janeiro de 1972, foram testados simultaneamente com os antígenos PPD-S, PPD-Y, PPD-G e PPD-B, correspondentes respectivamente ao Mycobacterium tuberculosis e a bacilos atípicos representantes dos três primeiros grupos de classificação de Runyon. Dos 108 pacientes que apresentaram reação a antígeno de micobactéria atípica maior que a referente à tuberculosina standard, ou igual a esta, procedeu-se à coleta de secreção pulmonar com o objetivo de realizar a tipificação bacilar. O bacilo de Koch foi isolado como agente etiológico, e também único, das pneumopatias de 84 desses pacientes, e foi também o provável causador dos 24 casos restantes. Não foram isoladas micobactérias atípicas. Associando o resultado obtido no presente levantamento ao de duas outras pesquisas desenvolvidas anteriormente no Brasil, pode-se presumir que as pneumopatias devidas a bacilos atípicos são provavelmente infreqüentes em nosso meio. O fato de que o grupo populacional testado constituiu-se exclusivamente de indivíduos portadores de tuberculose pulmonar permitiu também desenvolver um estudo na especificidade das reações aos 4 antígenos e da correlação existente entre elas, em doentes tuberculosos, através de análise da distribuição das mesmas.

Identificação de fonte sanguínea em dípteros da Família Culicidae, em áreas de epizootia da febre amarela silvestre

A importância em conhecer o padrão alimentar em mosquitos da Família Culicidae permite esclarecer alguns aspectos relacionados à transmissão de zoonoses e estimar o grau de contato humano-vetor que é fator relevante em estudos epidemiológicos. Com o objetivo de explorar o comportamento alimentar dessa Família, em área epizoótica de febre amarela silvestre, foram coletados exemplares nos municípios de Santo Antônio das Missões e Garruchos, Estado do Rio Grande do Sul. Fêmeas ingurgitadas foram obtidas por aspiração em ambiente de mata, no período de setembro de 2005 a abril de 2007 e identificadas segundo fonte de sangue ingerido através da técnica imunoenzimática ELISA de captura no sistema avidinabiotina. Foram testadas seis fontes de alimento: ave, bovino, eqüino, humano, macaco e rato. Os resultados obtidos mediante a padronização de anticorpos monoclonais possibilitaram demonstrar pela primeira vez o reconhecimento de sangue humano ingerido nesses mosquitos pelo emprego da subclasse IgG1 e comprovar a sensibilidade e especificidade da técnica ELISA de captura. No município de Santo Antônio das Missões, de um total de 190 amostras, 60,9% reagiram para sangue de boi, 23,6% para humano, 9,9% para ave, 1,9% para macaco e 3,7% para combinações de dois hospedeiros. Quanto às amostras referentes ao município de Garruchos, das 158 fêmeas capturadas na área Cachoeirinha pode-se observar reatividade para ave (16%), boi (29,6%), humano (36,8%), cavalo (4%), macaco (0,8%) e combinações de hospedeiros (12,8%), enquanto que para as 149 fêmeas pertencentes à área de São José, detectou-se sangue ingerido de boi em (51,5%), ave e humano (11,5%), macaco (6,2%), cavalo (0,8%) e mistos (18,5%). Aedes scapularis, Aedes crinifer, Culex (Culex) spp., Haemagogus leucocelaenus apresentaram maior número de fêmeas ingurgitadas nos dois municípios. Os resultados obtidos com Aedes scapularis sugerem ecletismo, conforme combinações detectadas em amostras de sangue de diferentes fontes. Haemagogus leucocelaenus apresentou a maior proporção de amostras contendo sangue humano em relação às demais fontes e essa característica traz implicações, por ser espécie incriminada na transmissão e por se tratar de área de ocorrência de epizootias de febre amarela.

Ano

2009

Creators

Ana Maria Marassa