Repositório RCAAP

Panorama dos acidentes de transporte terrestre no Brasil: das internações às sequelas e ao óbito: uma contribuição para a sua vigilância

Introdução: Os acidentes de transporte terrestre (ATT) são responsáveis por milhares de óbitos e lesões em todo o mundo. Muitas dessas lesões resultam em sequelas que comprometem a capacidade funcional das vítimas desses agravos. As internações e as sequelas representam importante impacto nos serviços de saúde e na sociedade. Entretanto, não é conhecida a prevalência das sequelas decorrentes de ATT e nem os fatores associados às mesmas. Em 2010, a Organização das Nações Unidas estabeleceu o período de 2011 a 2020 como a Década de Segurança Viária, com a meta de estabilizar ou reduzir as mortes decorrentes de ATT nos países membros. Objetivo: Descrever um panorama sobre os ATT ocorridos no Brasil, caracterizando as internações, as sequelas e os óbitos por esta causa, com vistas a contribuir para a vigilância destes agravos. Métodos: Foram realizados quatro estudos: a) estimativa do tempo de permanência e dos gastos das internações em 2013 e análise da morbidade hospitalar no triênio 2011-2013; b) uma revisão sistemática nas bases de dados eletrônicas sobre prevalência de sequelas; c) ecológico de série temporal sobre as internações por ATT com diagnóstico sugestivo de sequelas físicas de 2000 a 2013; e d) descritivo sobre mortalidade por ATT em 2013 e estimativa dos anos potenciais de vida perdidos. Resultados: Ocorreram, em 2013, 170.805 internações por ATT, maior no sexo masculino, na faixa etária de 20 a 39 anos, entre os motociclistas e nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. Os gastos em 2013 foram de R$ 231.469.333,13, com 1.072.557 dias de permanência e média de 6,3 dias. As taxas de internação por ATT foram 77,8 (2011), 79,9 (2012) e 85,0 (2013) internações/100 mil habitantes. Foram incluídos quatro artigos na revisão sistemática. A prevalência de sequelas decorrentes do ATT variou de 19 por cento em Yorkshire/Inglaterra a 49,5 por cento em Teresina/Piauí. As referências analisadas não apresentaram caracterização do perfil epidemiológico das vítimas com sequelas por ATT. De 2000 a 2013, ocorreram 1.747.191 internações por ATT. Destas 410.448 pessoas (23,5 por cento ) apresentaram diagnóstico sugestivo de sequelas físicas, sendo a maioria do sexo masculino, da faixa etária de 20 a 29 anos, residentes na Região Sudeste, pedestres e motociclistas. A tendência foi de aumento nas internações por ATT com diagnóstico sugestivo de sequela certeza no sexo masculino e nas regiões Norte e Centro-Oeste. A taxa de mortalidade em 2013 foi de 21,0 óbitos por 100 mil habitantes para o país. A região Centro-oeste apresentou a taxa mais elevada (29,9 óbitos por 100 mil habitantes). A maioria dos óbitos por ATT foi observada no sexo masculino, na raça/cor da pele negra, nos adultos jovens, em indivíduos com baixa escolaridade e entre motociclistas. A taxa de mortalidade no triênio 2011 a 2013 reduziu 4,1 por cento , mas aumentou entre os motociclistas. Em todo o país, mais de um milhão de anos potenciais de vida foram perdidos em 2013 devido aos ATT, especialmente na faixa etária de 20 a 29 anos. Conclusão: O Brasil ainda precisa avançar na temática que envolve os ATT, desde a sua prevenção à reabilitação de suas vítimas. Ressalta-se que para o alcance da meta da Década de Ação para Segurança Viária é necessário que as iniciativas deixem de ser pontuais e sigam para além do setor saúde, pois requerem atuações intersetoriais priorizadas no plano de governo e na agenda da sociedade.

Ano

2015

Creators

Silvânia Suely Caribé de Araújo Andrade

Febre purpúrica brasileira: uma contribuição aos conhecimentos clínicos e epidemiológicos de uma doença recém-identificada

A Febre Purpúrica Brasileira - FPB- foi reconhecida como uma doença pediátrica fulminante, caracterizada por febre alta com rápida progressão para púrpura, choque e óbito. A grande maioria dos pacientes apresentaram conjuntivite prévia. O presente trabalho procura descrever os aspectos epidemiológicos desta doença, desde o surgimento dos primeiros casos, em 1984, em Promissão, Estado de São Paulo, Brasil. Foram registrados 277 casos distribuídos no Brasil em cinco Estados: São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Fora do Brasil, dois casos foram relatados na Austrália. Cerca de 89% dos casos ocorreram em crianças de até cinco anos de idade. A letalidade foi de 38%. Estima-se o período de incubação médio de 15 dias. O quadro inicial se caracteriza por conjuntivite e febre. O agente etiológico é a bactéria Haemophilus influenzae biogrupo aegyptius, clone invasivo, tendo sido isolado de sangue, liquor, lesão hemorrágica de pele, secreção de conjuntiva e de orofaringe em 1986, de pacientes no Estado de São Paulo. Os estudos moleculares identificaram características diferentes das descritas até então para o Haemophilus aegyptius isolado de surtos de conjuntivite. Os principais surtos da doença ocorreram em Serrana, Valparaíso no Estado de São Paulo e Maracaju no Estado do Mato Grosso do Sul. Em algumas localidades com surtos de conjuntivite se observou a presença de moscas (Diptera). Acredita-se que estes insetos tenham participação na disseminação da doença. O diagnóstico precoce da FPB é um fator importante para redução da letalidade.

Ano

1997

Creators

Graziela Almeida da Silva

Leishmaniose visceral canina nos municípios de Araçatuba e Birigui, estado de São Paulo, Brasil

Introdução: A premissa do programa nacional de controle da leishmaniose visceral (LV) é que a doença humana esteja relacionada com a canina, sendo o controle do reservatório canino um dos focos do programa. Objetivos: Mensurar a taxa de incidência da LV em humanos, relacionando-a com as coberturas do controle químico e do reservatório canino. Relacionar a soroprevalência canina com características dos cães e de seus tutores. E avaliar a eficácia da eutanásia de cães soropositivos no controle da infecção canina. Métodos: Os casos humanos e os domicílios com cães soropositivos registrados no período de 2007 a 2015 no município de Araçatuba, estado de São Paulo, foram geocodificados e calculadas a soroprevalência canina, a taxa de incidência humana e as coberturas das atividades de inquérito sorológico, eutanásia e controle químico. A associação entre as variáveis foi avaliada por comparação de mapas, por regressão linear e pela função K de Ripley. Um estudo transversal foi conduzido entre 2015 e 2016, nos municípios de Araçatuba e Birigui, tendo como base uma amostra da população canina. A soroprevalência foi modelada por regressão logística em uma abordagem geoestatística usando a aproximação de Laplace integrada aninhada para inferência bayesiana. Dados secundários e dos inquéritos realizados foram utilizados para elaborar e calibrar modelos dinâmicos. Resultados: Observou-se no município de Araçatuba a diminuição da taxa de incidência LV e da soroprevalência canina, apesar das coberturas de controle terem sido baixas no mesmo período estudado. O inquérito sorológico revelou uma soroprevalência canina de 8% em Araçatuba e 4% em Birigui. Em Araçatuba a ocorrência de cães soropositivos foi associada à domicílios que tiveram mais de 10 cães ao longo do tempo, domicílios com histórico de cães com a infecção ou que morreram por outras causas não naturais, e à permanência dos cães no peridomicílio ao longo do dia. Foi observada dependência espacial (46 m) entre as observações. Considerando controle contínuo e um esforço das atividades de inquérito sorológico três vezes maior que a média do observado em Araçatuba e duas vezes maior em Birigui, as atividades relacionadas à eutanásia de cães com diagnóstico positivos possibilitariam, em teoria, o controle da infecção canina. Conclusões: A diminuição da LV ao longo do tempo está relacionada com as ações de controle, uma vez que pequenas alterações na dinâmica da infecção canina têm importância epidemiológica. O encontro de dependência espacial entre os domicílios com casos caninos em pequenas distâncias reforça a existência de um padrão local da transmissão da infecção entorno dos domicílios, relacionado com as características do vetor. A eutanásia de cães soropositivos, em teoria, é capaz de controlar a infecção canina, porém, este resultado desse ser entendido com cautela, dada a complexidade operacional desta medida e as questões éticas relacionadas. Novos estudos precisam ser desenvolvidos para uma melhor compreensão se fatores além das atividades de controle estariam envolvidos na diminuição da incidência da LV. Faz-se necessário planejamento a longo prazo das ações de controle e investimento em pesquisas sobre o custo-efetividade de outras medidas que auxiliem no controle da LV.

Ano

2018

Creators

Danielle Nunes Carneiro Castro Costa

"Aspectos da ecologia de Aedes aegypti (Linnaeus) em Santos, São Paulo, Brasil"

Objetivo. Considerando a importância da Baixada Santista na manutenção da epidemia de dengue no Estado de São Paulo, realizou-se estudo sobre aspectos da ecologia de Aedes aegypti, enfatizando a fase alada desse inseto. Método. A pesquisa foi desenvolvida no município de Santos, entre janeiro e dezembro de 2003. Imóveis residenciais e não residenciais foram avaliados quanto à presença de recipientes que pudessem servir de habitat para formas imaturas do Aedes aegypti. As larvas (3.º e 4.º estádios) e as pupas foram quantificadas. Paralelamente, foram coletadas e contadas formas aladas do mosquito, e as fêmeas examinadas quanto ao desenvolvimento ovariolar. As formas imaturas e aladas do vetor foram empregadas para estimar índices de infestação. Resultados. 1- Formas imaturas. Registrou-se numerosa variedade de possíveis criadouros do Aedes aegypti. A maioria foi encontrada no ambiente do peridomicílio, que apresentou 93,5% dos recipientes positivos. A positividade média dos tipos de recipientes apresentou diferenças significativas, sendo os maiores valores para pneu (11,9%), outros materiais úteis (5,6%), recipientes para armazenamento de água (4,6%) e outros fixos (4,2%). A positividade dos imóveis para imaturos foi de 2,0%. 2- Formas adultas. A positividade dos imóveis para formas aladas foi de 39,2%. A maioria dos exemplares, 92,4%, foi coletada no intradomicílio. As médias de adultos e de fêmeas por imóvel trabalhado foram de 1,3 e 0,7, respectivamente. Cerca de 90,4% das fêmeas examinadas apresentaram desenvolvimento ovariolar entre as fases III e V de Christophers e Mer. Conclusões. O pneu foi o recipiente que apresentou a maior positividade entre aqueles pesquisados. O ralo foi o mais freqüente entre os positivos. Os valores das estimativas de infestação para adultos foram bem maiores do que para os imaturos. A presença de adultos em todos os meses, sugere que a espécie está estabilizada às condições locais. Corroborou-se a endofilia e a endofagia pela presença dos adultos no intradomicílio e das fêmeas com estádios ovariolares entre III e V de C & M.

Ano

2005

Creators

Maria de Fátima Domingos

Oclusopatias na dentição decídua: acúmulo de riscos do nascimento à primeira infância

Este estudo teve como objetivo, conhecer os fatores de risco acumulados do nascimento à infância para as oclusopatias na dentição decídua. Foi realizado um estudo transversal sobre oclusopatias, aninhado ao estudo de coorte de nascidos vivos em Pelotas, 1993, numa amostra de 400 crianças aos 6 anos de idade. Foram utilizados os critérios de Foster e Hamilton para a classificação das oclusopatias e todas as informações socioeconômicas, perinatais e da vida das crianças foram obtidas através de segmentos da coorte realizados ao nascimento, no primeiro, terceiro, sexto e décimo segundo mês de vida e aos 5 anos de idade. Foram realizadas análises univariadas através do Qui-quadrado e análise de regressão logística múltipla não condicional a partir do modelo hierárquico proposto. A prevalência de mordida anterior foi de 46,3%(IC95%[41,2%;51,4%]), de mordida cruzada posterior 18,2% (IC95%[14,2%;22,2%]) e a prevalência de oclusopatia de caninos do tipo 2 ou 3 foi igual a 15,2% (IC95% [11,5%;18,9%]).Os fatores de risco para a presença de mordida aberta anterior foram a idade da mãe entre 30 e 39 anos (OR=2,4[1,1;5,5]), o tempo de amamentação natural entre 4 e 8,9 meses (OR=3,0[1,7;5,9]), 1 e 3,9 meses (OR=3,1[1,7;5,6]) e menor do que 1 mês (OR=2,4[1,1;4,9]), a intenção da mãe em oferecer bico à criança desde o nascimento (OR=3,0[1,2;7,9]), a ocorrência de cárie dentária (OR=2,0[1,2;3,4]), o uso de bico entre 12 meses e 5 anos de idade (OR=10,6[5,8;19,1]) e a sucção digital (OR=3,1[1,3;7,2]). Para a presença de mordida cruzada foram fatores de risco o trabalho materno ao nascimento no limite da significância estatística (OR=1,7[1,0;3,0]), o tempo de amamentação natural entre 4 e 8,9 meses (OR=3,0[1,2;7,5]) e 1 e 3,9 meses (OR=3,1[1,3;7,3]) e a presença de oclusopatias de caninos (OR=3,8[1,9;7,4]). Os fatores de risco para a presença de oclusopatias de caninos foram a presença de dentes cariados ou perdidos por cárie (OR=2,1 [1,1 ;4,2]) e a presença de mordida cruzada posterior (OR=3,0[1,6;5,8]). As oclusopatias foram associadas a situações de risco acumulados durante a vida da criança e comuns a outros problemas de saúde, o que reforça a teoria de riscos comuns. Políticas intersetoriais destinadas a toda população e com o enfoque na redução das exposições comuns nocivas à saúde, parecem ser estratégias mais adequadas para a promoção de saúde bucal em geral, inclusive as oclusopatias na dentição decídua.

Ano

2002

Creators

Karen Glazer de Anselmo Peres

A adesão ao tratamento antirretroviral por crianças e adolescentes com HIV/Aids

Introdução: A manutenção da boa adesão aos medicamentos antirretrovirais é considerada fundamental para a terapia de pacientes com HIV/Aids, pois falhas no seguimento da prescrição podem levar ao comprometimento de toda a terapia, desenvolvimento de resistência viral e consequente redução nas opções de tratamento. Nas crianças, a adesão plena torna-se mais relevante se forem considerados os diferentes graus de maturidade do sistema imunológico no momento da infecção pelo HIV, tornando, assim, fundamental a avaliação da adesão nesta população. Objetivos: Analisar a taxa de adesão ao tratamento antirretroviral em crianças e adolescentes com HIV/Aids. Métodos: Este estudo transversal, aninhado à coorte de crianças e adolescentes com HIV/Aids atendidas no ambulatório do Instituto da Criança, analisou 101 pacientes. Os dados dos pacientes foram obtidos por meio de questionários sobre as características sociodemográficas e clínicas, sobre a aderência, além de escalas de expectativa de auto-eficácia. A taxa de adesão foi calculada classificando como aderentes aqueles pacientes que tomaram 95 por cento ou mais das doses referidas.  A análise descritiva (média, desvio-padrão, mediana e proporções) foi realizada para caracterizar a população do estudo e o teste de Wilcoxon foi utilizado para comparação das médias da escala de auto-eficácia dos pais/cuidadores e pacientes acima de 11 anos. Resultados: A taxa de adesão ao tratamento antirretroviral foi de 93,1 por cento (IC = [88,7;94,4]). Houve 7 pacientes que apresentaram má adesão. Os medicamentos antirretrovirais mais utilizados foram lopinavir (51,5 por cento ), lamivudina (43,6 por cento ) e Biovir® (associação de lamivudina e zidovudina) (28,7 por cento ). Conclusão: Alta taxa de adesão ao tratamento antirretroviral por crianças e adolescentes pode ser atingida, independentemente de seu perfil sociodemográfico e/ou 95 por cento de seus cuidadores, por meio do cuidado que a equipe multiproffisional dedica aos pacientes

Ano

2012

Creators

Lizis Kimura Lopes

Saúde e processo migratório: estudo exploratório sobre o acesso à saúde e tuberculose na comunidade boliviana do Município de São Paulo

Objetivos: Apresentar características do processo migratório de Bolivianos no Município de São Paulo, explorando, num contexto de saúde global, a relação entre os Sistemas de saúde do Brasil e da Bolívia; destacando os respectivos processos históricos, noções de acesso universal e semelhanças que possam vir a ser fundamentais na compreensão da problemática específica da alta incidência de Tuberculosos entre bolivianos residentes na capital do Estado de São Paulo. Métodos: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa e exploratória em que foi realizado um levantamento teórico bibliográfico capaz de apresentar a problemática do tema. Dentre os métodos foi utilizado o descritivo e a pesquisa histórica para caracterizar os processos de implementação e reforma dos sistemas de saúde do Brasil e da Bolívia. Resultados: As fortes correntes migratórias internacionais levam a uma discussão do papel do Estado na garantia dos direitos do migrante, dentre eles, o acesso universal a saúde. Neste trabalho foi possível caracterizar a dinâmica do mundo em constante modificação e ausência de fronteiras no contexto da saúde globalizada. Usando como base o imigrante Boliviano com Tuberculose no Município de São Paulo, analisou-se os Sistemas de Saúde Universal Brasil e Bolívia. Por fim, através deste trabalho foi possível perceber que após o processo migratório há uma combinação de fatores que propiciam o aumento de TB nesta comunidade.

Ano

2014

Creators

Fernanda Maria Raimundo Valença Braga de Deus e Mello

Alimentação no primeiro semestre de vida de crianças com risco para o desenvolvimento de asma e/ou atopia: Projeto Chiado

Objetivo Nutrição ideal e boa alimentação de recém-nascidos e lactentes são fatores determinantes para sua saúde, crescimento e desenvolvimento, outrossim, o destaque para o aleitamento matemo como fator protetor contra inúmeras doenças. Propõe-se descrever e caracterizar o padrão alimentar e o crescimento de crianças no primeiro semestre de vida, participantes do estudo \"Poluição ambiental urbana e outros fatores relacionados à ocorrência de chiado na infância: um estudo de coorte na cidade de São Paulo, Brasil - PROJETO CHIADO\". Método Utilizaram-se de dados de uma coorte de recém-nascidos em andamento na cidade de São Paulo. Estudaram-se variáveis sócio-econõmicas; alimentares, com proposta de classificação do padrão alimentar envolvendo aspectos fundamentais da alimentação infantil para diagnóstico da condição alimentar da criança; e antropométricas, para cálculo dos índices de interesse e comparação com o padrão de referência do NCHS. Resultados Das 174 crianças com informação disponível no início do estudo, 103 completaram 6 meses de vida. Observou-se duração média do aleitamento matemo de 96,32 dias (13,76 semanas), sendo a duração mediana de 91,2 dias (13 semanas) e duração média do aleitamento matemo exclusivo (AME) de 60,26 dias (8,6 semanas), sendo a duração mediana de 30,4 dias (4,34 semanas). Quanto ao crescimento (estado nutricional), verificou-se prevalência de peso/estatura < -2dp [WHZ< -2dp], aos 6 meses de vida, de 1,32% e 9,21 % para peso/estatura > +2dp [WHZ> +2dp]. A prevalência de retardo de crescimento (déficit estatural) [HAZ< -2dp] foi de 2,63% e não se observaram casos de baixo peso para idade [WAZ< -2dp] ao final do seguimento. Em relação ao padrão NCHS e ao grupo \"não AME\", as crianças em aleitamento matemo exclusivo (AME) apresentaram desempenho de crescimento menos satisfatório, confirmando a inadequação do referido padrão para a avaliação do crescimento de crianças nessa condição alimentar. Conclusão Embora com desempenho geral de crescimento satisfatória, a população estudada, apesar do intenso seguimento com orientação nutricional, apresentou prática alimentar com adequação muito aquém das recomendações atuais.

Ano

2005

Creators

Rafael de Carvalho Cacavallo

Vigilância de eventos adversos pós-vacina DPT e preditores de gravidade: Estado de São Paulo, 1984-2001

Objetivo: Descrever os eventos adversos pós-vacina DPT (EAPV-DPT) notificados no Estado de São Paulo entre 1984 a 2001; identificar preditores de gravidade desses eventos; avaliar o Sistema de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacina DPT (SVEAPV-DPT).Métodos: Estudo descritivo e exploratório de preditores de gravidade. A definição de caso adotada é do SVEAPV, sendo este também a fonte dos dados. A avaliação do SVEAPV-DPT foi efetuada segundo metodologia proposta pelo Center for Disease Control and Prevention. Para identificação dos preditores usou-se a regressão logística não-condicional.Resultados: Foram identificados 6266 casos, dos quais 53% eram graves, 29,5% foram hospitalizados; os eventos mais freqüentes foram: febre<39,5ºC, episódio hipotônico-hiporresponsivo, reação local e convulsão. Em cerca de 75% dos casos o evento ocorreu nas primeiras seis horas após a vacinação. Mostraram-se independentemente associadas à gravidade: o intervalo de tempo inferior a uma hora entre a aplicação da vacina e o evento (OR=2,1), primeira dose aplicada (OR=5,8), antecedentes neurológicos pessoais (OR=2,2) e familiares (OR=5,3). O sistema passivo de EAPV é simples, flexível, de baixa sensibilidade, porém útil, descrevendo diferentes tipos de EAPV, identificando lotes mais reatogênicos e oferecendo subsídios para a elaboração de normas técnicas.Conclusões: Apesar das limitações, os sistemas passivos de VEAPV constituem o principal instrumento para estudar a segurança de vacinas no período pós-licença, sendo porém recomendável a incorporação de novas metodologias, entre elas a de municípios e unidades sentinelas. Além disso, é recomendável a inclusão na pauta de discussão das revisões periódicas do calendário de imunizações, a introdução da vacina DPT acelular.

Ano

2005

Creators

Fabiana Ramos Martin de Freitas

Tabagismo, consumo de álcool e câncer de cabeça e pescoço nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil

Introdução. Considerando-se a incidência e os reflexos na qualidade de vida, os tumores de cabeça e pescoço constituem-se em relevante problema de saúde pública. A medida de efeito dos principais fatores de risco, tabaco e álcool, no risco de acometimento de cânceres de cabeça e pescoço tem sido pouco relatada no Brasil. Objetivo. Verificar as variações de risco decorrentes do tabagismo e do consumo de bebidas alcoólicas no câncer de cabeça e pescoço nas regiões Sudeste, Sul e Centrooeste do Brasil. Sujeitos e Métodos. Estudo caso-controle de base hospitalar conduzido entre setembro de 1998 e maio de 2003, com base em 1.594 casos diagnosticados com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço, confirmados histologicamente, em hospitais das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro (Sudeste), Porto Alegre e Pelotas (Sul), Goiânia (Centro-oeste), e 1.292 controles. Os pacientes foram entrevistados por meio de questionários com informações sobre características e hábitos, bem como dados clínicos e laboratoriais para o diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço. A OR (odds ratio) e IC 95 por cento (intervalo com 95 por cento de confiança) para câncer de cabeça e pescoço associados ao tabaco e álcool foram estimados por regressão logística não condicional. O modelo foi ajustado por idade, sexo, escolaridade, consumo de frutas e legumes. Resultados. Na região Centro-oeste observaram-se riscos mais expressivos para tabagismo, ex-fumantes (OR 3,5; IC95 por cento 1,6-7,4) e fumantes (OR 13,6 IC95 por cento 6,4-28,6), com efeito dose-resposta para frequência e tempo de consumo na exposição cumulativa, de 1-9 maços-ano (OR 1,9; IC 95 por cento 0,8-4,4) à 40 maços-ano e mais (OR 8,6; IC95 por cento 4,2-17,5). No consumo de bebidas alcoólicas, observou-se riscos mais elevados para consumidores atuais na região Sul (OR 4,7 IC95 por cento 2,8-7,9); na exposição cumulativa o efeito dose-resposta para frequência de consumo foi nítido a partir da categoria 0-4,99g/ml/dia nas regiões Sudeste, Sul e Centro-oeste. Conclusões. As diferenças que puderam ser observadas no risco para tumores de cabeça e pescoço decorrentes do tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas, sugerem diferenças no perfil de consumo nas regiões Sudeste, Sul e Centro-oeste, provavelmente, relacionados ao uso de tipos de preparo do tabaco e consumo de diferentes tipos de bebidas alcoólicas

Ano

2013

Creators

Suely Aparecida Kfouri Sakaguti

A epidemiologia e as medidas de controle da dengue no município de Santos, São Paulo, no período de 1997a 2008

Introdução: Após alguns anos possivelmente ausente do Brasil, o Ae. aegypti, principal transmissor dos vírus da dengue volta a ser encontrado, sendo este fato comprovado no Estado de São Paulo desde 1985. No município de Santos focos de Ae. aegypti foram assinalados em 1980, todavia a sua infestação foi comprovada em 1994 (SUCEN). Os primeiros casos de dengue autóctones (contraídos no município de Santos) emergiram no início de 1997. O objeto de estudo desse trabalho é a dengue no município de Santos e sua transmissão que parece ininterrupta. Objetivo: estudar a ocorrência da dengue no município de Santos no período de 1997 a 2008 em alguns de seus aspectos epidemiológicos, clínicos e vetoriais e possíveis causas da flutuação das epidemias1 consecutivas permeadas por períodos de surtos epidêmicos2. Método: Estudo descritivo com análise comparativa entre os índices de infestação do Aedes com a incidência3 da dengue no mesmo período para avaliar se houve impacto das ações de controle. As variáveis para a análise de incidência serão somente os casos notificados, confirmados e residentes em Santos nos anos de 1997 a 2008, por faixa etária, sexo, ano e mês de ocorrência. Resultados: A incidência acumulada da doença de aproximadamente 84% pode apontar para uma possível diminuição de suscetíveis para os três sorotipos (1, 2 e 3), e o risco de novas epidemias é possível, seja com a introdução do sorotipo 4, onde toda a população é suscetível, aumentando o risco dos casos de dengue hemorrágica, ou epidemias infantis, atingindo em maior número lactantes e crianças até 14 anos, uma vez que a prevalência é menor. Conclusões: O comportamento da incidência da dengue durante esses doze anos consecutivos de autoctonia no município de Santos mostrou como característica principal a ciclotimia, anos epidêmicos intercalados com surtos, possível esgotamento de suscetíveis adultos para cada novo vírus introduzido, e os métodos utilizados no controle da doença mostraram que não foram suficientes, embora legitimamente embasados, faltou a integração das ações, com planejamento, acompanhamento e avaliação

Ano

2010

Creators

Maria Angela Bellegarde Fernandes

Perfil de risco cardiovascular de funcionários de banco estatal

Esta tese faz parte do \"Estudo das Condições de Saúde dos Funcionários do Banco do Brasil\", patrocinado pelas Caixas de Assistência e de Previdência dos Funcionários (CASSI e PREVI), tendo em vista a reformulação do conjunto da assistência à saúde oferecida aos bancários. Neste trabalho, investigamos a distribuição dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, bem como a existência de padrões de hábitos e comportamentos, por meio da estimativa de prevalências e do estudo da ocorrência simultânea dos fatores de risco entre os funcionários ativos no Estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de um estudo transversal, que utilizou questionário auto-preenchido no ambiente de trabalho. A população alvo foi constituída por funcionários das carreiras administrativa (bancários) e técnica (advogados, médicos e engenheiros), de onde sorteou-se amostra aleatória simples de 1183 funcionários, lotados em dois tipos de dependências do banco: Centros de Processamento de Serviços e Comunicações (CESEC) e órgãos da Direção Geral. Além dos dados coletados por intermédio do questionário, medidas diretas de peso, estatura e pressão arterial foram também tomadas de forma direta, em uma sub-amostra dos respondentes. A distribuição dos principais fatores de risco (fumo; consumo de álcool; sedentarismo; dieta rica em gorduras saturadas, colesterol e sal; sobrepeso/obesidade; hipertensão arterial; hipercolesterolemia) foi investigada segundo sexo, idade e escolaridade. Além disso, padrões típicos de comportamento, caracterizados pela ocorrência simultânea daqueles fatores, foram identificados por meio de técnica multivariada (análise de correspondência). A população estudada apresentou alto nível de escolaridade, já que cerca de 90% chegou a ingressar na universidade, e idade média de 38 anos. Os bancários reconhecem os principais fatores de risco para as doenças do coração. Mesmo assim, as prevalências estimadas são compatíveis com aquelas relatadas em outros grupos populacionais, chamando atenção, entre os bancários, a grande proporção de homens que apresentaram sobrepeso/obesidade e consumo de dieta rica em componentes pouco saudáveis. Padrão de aglomeração de hábitos e comportamentos mais saudáveis por um lado, e menos saudáveis por outro, foi identificado, caracterizando grupos com estilos de vida bem definidos. Diferenças importantes no perfil de risco cardiovascular foram observadas entre homens e mulheres, considerando-se hábitos e comportamentos, e também a prevalência de hipertensão, sobrepeso/obesidade e hipercolesterolemia. Assim, os homens constituíram o grupo de maior risco, não só pela maior prevalência da maioria dos fatores, considerados isoladamente, mas também por estarem associados à ocorrência simultânea daqueles fatores, caracterizando estilo de vida menos saudável. Além disso, escolaridade e idade também discriminaram grupos de risco.Os resultados sugerem ainda a inadequação do controle de hipertensão arterial, já que o diagnóstico dessa condição não parece determinar mudanças de comportamento, nem a adoção de tratamento específico pelo conjunto dos hipertensos (apenas 50% encontram-se em tratamento). Aspectos relativos à validade e confiabilidade dos dados são discutidos, bem como determinantes coletivos e individuais de estilos de vida distintos e de mudanças de comportamento na população. Ações que integrem Programa de Promoção da Saúde no Ambiente de Trabalho são sugeridas, apontando importante área de atuação para profissionais de Saúde Pública no Brasil.

Classificaçäo de hospitalizações em Ribeirão Preto: os diagnosis related groups

Este trabalho centra-se na análise da aplicação do sistema de classificação de internações hospitalares \"Diagnosis Related Groups- DRGs\" na região de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, Brasil, considerando: (1) a viabilidade do uso da classificação face à base de dados hospitalares disponíveis; (2) o grau de homogeneidade dos DRGs, apreciado a partir da análise da variação observada no tempo de permanência hospitalar (variável \"proxy\" do uso de recursos hospitalares) relacionado; (3) a comparação de estatísticas obtidas com aquelas observadas nos Estados Unidos (país que faz amplo uso do sistema de classificação em foco); e (4) potenciais usos do sistema no sentido de discriminar padrões de assistência de unidades hospitalares, tanto no que tange à sua complexidade assistencial, quanto ao seu volume de produção e nível de utilização de recursos, dados de grande importância para a gestão regional dos serviços disponíveis. A região de Ribeirão Preto é a única no país que dispõe de um banco de dados acerca de internações hospitalares envolvendo a possibilidade de melhor discriminação diagnóstica, pela inclusão de comorbidades e complicações, bem como de identificação de procedimentos diversos. Além disso, contempla a totalidade de unidades hospitalares privadas, filantrópicas e públicas. No sentido do cumprimento dos objetivos, diversos procedimentos metodológicos foram adotados. Primeiramente, foram compatibilizadas as classificações de diagnósticos e procedimentos hospitalares adotados em Ribeirão Preto e no sistema de classificação DRG. Em seguida, técnicas estatísticas tais como a análise de conglomerados e a análise de regressão linear foram utilizadas no sentido de avaliar a homogeneidade dos DRGs obtidos, considerando o coeficiente de variação do tempo de permanência hospitalar. A comparabilidade dos DRGs oriundos das internações de Ribeirão Preto e de internações nos Estados Unidos foi então considerada a partir do uso do teste de médias, análise das diferenças proporcionais e análise de correlações observadas para tempo de permanência hospitalar e coeficiente de variação do tempo de permanência hospitalar. Análises descritivas exploraram ainda a caracterização do casemix associado às unidades hospitalares incluídas na base de dados estudada. Resultados deste trabalho apontam para a aplicabilidade do sistema DRG na região de Ribeirão Preto e o satisfatório grau de homogeneidade dos DRGs. A exploração de fatores adicionais àqueles contemplados pelos DRGs que adicionassem informações à explicação da variação no tempo de permanência hospitalar, foi considerada pouco promissora e descartada como procedimento relevante no escopo deste trabalho. Para finalizar, vale destacar a preocupação que permeou este trabalho, com o uso da classificação DRG enquanto ferramenta para a gestão de serviços e produtos hospitalares, capaz de subsidiar decisões acerca do perfil de complexidade dos pacientes e da alocação de recursos.

Ano

2001

Creators

Marina Ferreira de Noronha

Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF: aplicação em um hospital público

Objetivo: Analisar a prática de utilização Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde -- CIF, da Organização Mundial da Saúde, identificando e classificando o estado funcional, as estruturas do corpo afetadas, as limitações e as restrições de participação em atividades e os fatores ambientais que envolvem a vida diária das pessoas portadoras de deficiências do aparelho locomotor. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal, descritivo-analítico. A amostra foi constituída por 40 pacientes em fase final de reabilitação de sequelas de doenças crônicas e de lesões por causas externas em um hospital público. Foram analisadas as variáveis sexo, idade, escolaridade, ocupação, diagnósticos codificados pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas: Relacionados à Saúde- CID-10, funções e estruturas do corpo, participação e fatores ambientais codificados pela CIF. Resultados: A maioria dos entrevistados apresentou sequelas de agressões por arma de fogo e de acidentes de trânsito (67,5%). A estrutura afetada foi principalmente a medula espinhal torácica (47,5%). As principais deficiências foram relacionadas às funções de continência urinária, continência fecal, de força e de tônus musculares. Conclusões: A CIF significa um avanço em direção às propostas de entender as necessidades e as condições específicas em que as pessoas com alguma deficiência nas funções do corpo estão inseridas no ambiente, em seus aspectos naturais, tecnológicos e sociais. Constitui-se em ferramenta que permite fazer uma avaliação multidimensional da funcionalidade dos pacientes com deficiências físicas e/ou mentais. Embora seja de bastante utilidade na classificação sistemática dos diagnósticos dos pacientes, é de difícil aplicação e seu uso está restrito a comunidades com alto grau de desenvolvimento político e institucional.

Ano

2002

Creators

Maria do Carmo Ramalho Rodrigues de Almeida

Investigação da influência de fatores ambientais na presença, densidade e distribuição espacial de culicídeos vetores, na zona oeste da capital, São Paulo

Introdução: Várias espécies de culicídeos são vetores de patógenos que causam graves doenças em humanos e outros animais. Objetivos: Investigar a presença e distribuição espacial de insetos vetores na Cidade Universitária, zona Oeste - São Paulo e os fatores ambientais associados a sua ocorrência. Metodologia: A área de estudo foi a Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira (CUASO), que foi dividido em quatro partes. As coletas com ovitrampas e adultraps foram realizadas de dezembro de 2013 a novembro de 2014, mensalmente foram sorteados dez pontos de coleta por área, em cada área foram instaladas dez ovitrampas e dez adultraps. As coletas com aspirador ocorreram de janeiro a dezembro de 2014 e mensalmente foram sorteados dois pontos por área para realização das aspirações, totalizando oito pontos de coletas por mês, resultando em 120 minutos/mensal. Todo material coletado foi levado ao Laboratório de Entomologia em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP para análise. Resultados: De maneira geral as variáveis ambientais influenciaram na presença dos culicídeos coletados. O índice de densidade de ovos sofreu influência significativa da temperatura, enquanto que a pluviosidade afetou mais significativamente a presença do adulto. Em relação à aspiração Culex quinquefasciatus foi a espécie predominante em todas as coletas, seguida de Aedes albopictus e Aedes aegypti. Porém apenas Aedes albopictus e Aedes aegypti apresentaram correlação significativa com as variáveis climáticas. Conclusão: a presença de culicídeos vetores na Cidade universitária foi expressiva praticamente o ano inteiro, tornando esse local um meio propício para propagação de várias arboviroses, necessitando um monitoramento constante da presença desses vetores.

Ano

2018

Creators

Morgana Michele Cavalcanti de Souza Leal Diniz

Hipertensão arterial referida e uso de anti-hipertensivos em adultos na cidade de São Paulo, 2003: um estudo de base populacional

Objetivo: A hipertensão arterial constitui o principal fator de risco modificável para as doenças cardiovasculares e a maioria dos hipertensos necessitará de medicamento para controlar a pressão. Este estudo analisa a prevalência da hipertensão arterial referida e a utilização de anti-hipertensivos por adultos do município de São Paulo de acordo com variáveis socioeconômicas e demográficas. Métodos: Análise de dados do Inquérito de Saúde no Município de São Paulo – ISA Capital, estudo transversal, de base populacional conduzido em 2003 que possui 1668 adultos com 20 anos ou mais. Para investigar a distribuição das principais classes de anti-hipertensivos, utilização de genérico, forma de obtenção e custeio utilizou-se de um recordatório de três dias. Resultados: A prevalência de hipertensão referida foi de 16,9%, sendo maior nos indivíduos com idade mais avançada, menor escolaridade e sem ocupação. Entre os que referiam hipertensão, a prevalência do consumo de anti-hipertensivo nos três dias que antecederam a entrevista foi de 73,1%. Dos indivíduos que consumiram anti-hipertensivos 38,3% obtiveram o medicamento através do SUS e 35,3% utilizaram genéricos. As principais classes consumidas em monoterapia foram: inibidores da enzima conversora de angiotensina – IECA (41,9%) e diuréticos (24,6%). As principais associações foram: IECA + diurético (36,0%) e diurético + betabloqueador (22,3%). Conclusões: A hipertensão arterial referida se distribui de maneira desigual entre diferentes subgrupos da população. No acesso a medicamento anti-hipertensivo o SUS consegue promover equidade no fornecimento dessas drogas para a população mais desfavorecida. As classes consumidas não estão totalmente de acordo com as diretrizes de hipertensão.

Ano

2006

Creators

Jacques José Gomes de Souza

Descrição do perfil dentário e avaliação de fatores associados a cáries, obturações e perda dentária dos policiais militares da região bragantina

Apesar da cárie e suas consequências afligirem aproximadamente 90% da população mundial, alguns grupos populacionais continuam pouco estudados. Esta pesquisa teve como objetivo estudar estas doenças em uma população de policiais militares da Região Bragantina do Estado de São Paulo - Brasil. Esta população foi dividida em duas faixas etárias: uma que compreende dos 22 aos 34anos de idade, e outra dos 35 aos 51 anos a fim de comparar as duas gerações. A pesquisa foi realizada nas dependências da Unidade Integrada de Saúde (UIS) do 34º Batalhão de Polícia Militar do Interior (34º BPM/I), onde coletou-se alguns dados das fichas de odonto-legal dos policiais atendidos nesta unidade e que consentiram em participar do estudo. A pesquisa consistiu em fazer um levantamento epidemiológico da saúde bucal destes policiais através dos índices CPOD e CPOS e estudarmos alguns fatores de risco como hábitos de higiene oral, grau de instrução e consumo de alimentos cariogênicos, que possam estar ligados a estas doenças. A população estudada teve um grau de CPOD menor que o atual panorama brasileiro. A média de dentes ausentes nesta população é cerca de cinco vezes menor que a verificada no último levantamento epidemiológico (SB Brasil 2003) e a média de dentes hígidos se apresenta ligeiramente maior se comparada à faixa etária dos 35 a 44 anos no restante do país.

Ano

2009

Creators

Roberto Faris Junior

Efeito da desigualdade de renda na mortalidade do Município de São Paulo

Introdução - A maioria dos estudos sobre a teoria da renda relativa tem encontrado associação estatísticamente significativa entre alta desigualdade de renda e piores condições de saúde em grandes regiões como estados norte-americanos ou países. Por outro lado, análises realizadas em municípios e áreas fora dos EUA tem apresentado resultados no mínimo conflitantes. Os maiores obstáculos para que se atinja consenso na área são a inexistência de elevada desigualdade em regiões menores e a dificuldade de controlar pelo conjunto de variáveis de confusão que podem ter efeito na saúde além da desigualdade de renda. O presente estudo objetiva auxiliar na solução desse problema ao analisar o Município de São Paulo por meio de uma metodologia estatística chamada propensity score matching. Metodologia - A análise abordou os 96 distritos da cidade. Foram incluídas 16 variáveis no modelo para identificar distritos comparáveis. Do total de 96 distritos, 27 foram pareados com algum outro (alguns mais de uma vez), formando 17 pares, dos quais apenas um foi composto por distritos que fazem fronteira entre si. Resultados - Após a aplicação do propensity score matching, distritos mais desiguais apresentaram maior mortalidade geral ajustada por idade (41,58 por 10.000 hab; IC 95por cento : 8,85 73,3 por 10.000 hab). Foram também estatísticamente significativas as diferenças de mortalidade para homicídios (8,57 por 10.000; IC 95por cento : 2,60 14,53), doença isquêmica do coração (5,47 por 10.000; IC 95por cento : 0,76 10,17), aids (3,58 por 10.000; IC 95por cento : 0,58 6,57), doença respiratória (3,56 por 10.000; IC 95por cento : 0,18 6,94) e mortalidade infantil (2,8 por 10.000; IC 95por cento : 0,86 4,74). As dez causas 9 básicas mais frequentes foram responsáveis por 72,3por cento do total da diferença de mortalidade entre os distritos mais e menos desiguais. Conclusões - A metodologia estatística foi eficaz para diminuir as diferenças sociais e demográficas, possibilitando a comparação entre distritos semelhantes. A presença de alta desigualdade de renda no Município de São Paulo permitiu a análise do seu efeito na mortalidade

Ano

2010

Creators

Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho

Evolução da mortalidade infantil, segundo óbitos evitáveis: macrorregiões de saúde do Estado de Santa Catarina, 1997-2008

INTRODUÇÃO: A busca do entendimento das causas da mortalidade humana está relacionada diretamente ao conhecimento das condições de vida de uma população. Reduzir a mortalidade de crianças é uma das principais metas das políticas de saúde para a infância em todos os países. No Brasil, apesar da redução da mortalidade infantil (MI) observada nos últimos anos, existem, porém, grandes diferenciais do CMI entre algumas populações. OBJETIVO: Estudar a evolução da mortalidade infantil no Estado de Santa Catarina e a tendência de queda dos óbitos infantis evitáveis nas nove Macrorregiões Estaduais de Saúde do Estado, no período de 1997- 2008. METODOLOGIA: Estudo ecológico de séries temporais com cálculo e análise do CMI, segundo componentes e critérios de evitabilidade para óbitos ocorridos nas nove Macrorregiões catarinenses, no período entre 1997-2008. Foram analisadas, por regressão linear simples, as médias trianuais dos óbitos evitáveis, segundo Macrorregiões, no mesmo período. RESULTADOS: analisados 15.146 óbitos ocorridos no primeiro ano de vida, observou-se que 51por cento , aconteceu entre 0 e 6 dias,13,8por cento entre 7 e 27 dias e 35,8por cento , de 28 a 364 dias de vida. O Estado de Santa Catarina registra um dos menores CMIs do país e apresentou queda de 27,2por cento , principalmente às custas do componente pós-neonatal, mostrando, no entanto, preocupantes taxas de mortalidade infantil por óbitos evitáveis (58,6por cento ) e importantes diferenças no CMI entre as Macrorregiões catarinenses. O CMI por óbitos evitáveis do Planalto Serrano (11,90/00NV) foi o dobro da Macrorregião Nordeste (5,70/00NV). CONCLUSÕES: apesar do declínio do CMI, o Estado de Santa Catarina apresentou estabilização das taxas da MI para o componente neonatal e elevado índice de óbitos evitáveis, com diferenças substanciais das suas taxas entre as Macrorregiões, no período estudado. Essa realidade aponta para a necessidade urgente de estudos sequenciais que elucidem esses fatos, a fim de que intervenções ajustadas ás populações estudadas possam vir a acontecer, diminuindo as mortes infantis no território catarinense

Ano

2011

Creators

Clarice Pires Pacheco

Condição de saúde de idosos com diabetes mellitus no Município de São Paulo, nos anos de 2003 e 2008: Um estudo de base populacional

Introdução: Atualmente o diabetes mellitus é considerado uma epidemia mundial afetando, principalmente, indivíduos de meia idade e idosos. Objetivo: Descrever a condição de saúde de idosos portadores de diabetes mellitus residentes no Município de São Paulo, em dois momentos diferentes, e sua relação com características sociodemográficas e de estilo de vida. Metodologia: Utilizou-se os bancos de dados dos Inquéritos de Saúde no Município de São Paulo ISA-Capital 2003 e ISA-Capital 2008. A análise dos dados se deu por meio de comparação das prevalências em dois momentos diferentes (2003 e 2008) e de seus intervalos de confiança. A diferença entre os dois períodos foi considerada estatisticamente significativa quando não ocorreu sobreposição dos intervalos de confiança. Em todas as análises foi utilizado o nível de significância de 5 por cento . Resultados: Em 2003, a prevalência de diabetes entre os idosos foi de 17,56 por cento (IC95 por cento : 14,91 - 20,56) e em 2008, 20,08 por cento (IC95 por cento : 17,32 - 23,15). Na análise do banco combinado (bancos de 2003 e 2008 juntos), a diferença entre as prevalências foi estatisticamente significativa. Em 2003, 60,95 por cento (IC95 por cento : 51,24 - 69,89) de idosos relataram usar medicamento oral de rotina e já em 2008, a prevalência do uso de medicamentos foi de 71,83 por cento (IC95 por cento : 65,06 - 77,74). Na análise do banco combinado, a diferença entre os dois anos foi estatisticamente significativa. No ano de 2003, 49 por cento (IC95 por cento : 40,24 - 57,83) dos idosos relataram achar importante usar medicamento de rotina como forma de controlar o diabetes; já no ano de 2008, 63,31 por cento (IC95 por cento : 54,75 - 71,11) relataram achar importante tal hábito. Na análise do banco combinado, a diferença entre os dois anos foi estatisticamente significativa. Conclusões: O diabetes é uma doença complexa e desafiadora tanto para o portador desta como para a sociedade e para os sistemas públicos de saúde. São necessárias, ainda, iniciativas que encorajem as práticas de promoção de saúde e a recomendação destas por parte dos profissionais de saúde. Os resultados deste trabalho reforçam a importância de que tais mudanças são essenciais para a melhoria das condições de vida dos idosos diabéticos

Ano

2013

Creators

Sheila Rizzato Stopa