Repositório RCAAP

A mortalidade infantil no município de Rio Branco, Acre

Um estudo sobre a mortalidade infantil em Rio Branco, Acre, foi realizado a partir da coorte de nascidos vivos do ano de 1997, filhos de mães residentes e cujos partos tenham ocorrido dentro do próprio Município. Os principais objetivos do estudo visaram descrever a coorte de nascidos vivos segundo as principais variáveis constantes da Declaração de Nascido Vivo, bem como a descrição dos óbitos de menores de um ano oriundos dessa coorte, segundo o sexo, a idade ao morrer e as principais causas de morte. Foram ainda analisadas, do ponto de vista estatístico, quais das variáveis constantes da Declaração estariam atuando como fator de risco para a mortalidade infantil. Com relação aos nascidos vivos observou-se uma elevada ocorrência de partos hospitalares, de cerca de 99,00%, sendo que 73,26% deles por via natural, além de uma supremacia de nascimentos do sexo masculino sobre o feminino. O percentual de peso baixo ao nascer ficou próximo aos 7,50% do total de nascimentos. No tocante aos óbitos notou-se prevalência maior entre os meninos, tendo a maioria deles ocorrido no período neonatal precoce, que atingiu 53,95% do total dos óbitos. Dentre as causas básicas selecionadas observou-se com relação aos óbitos neonatais uma predominância das causas perinatais, seguidas pelas anomalias congênitas e pelas afecções de natureza infecciosa, sendo que para o período pós-neonatal prevaleceram as infecções. A análise dos fatores de risco revelou associações estatisticamente significativas entre o óbito e o peso ao nascer, a duração da gestação, o tipo de gestação, a condição da gestação, o número de consultas de pré-natal, a escolaridade materna e o sexo, sendo que as associações com o tipo de parto, a paridade e a idade materna; não foram estatisticamente significativas.

Ano

2001

Creators

Milton dos Santos Freitas

Cobertura vacinal e fatores associados à vacinação incompleta em município de médio porte, Estado de São Paulo, Brasil

Introdução: Araraquara (SP) possui um programa de vacinação bem sucedido desde a década de 80, com o mais antigo Registro Informatizado de Imunização (RII) do país. Objetivos: Estimar a cobertura vacinal (CV) aos 12 e 24 meses de vida, em crianças nascidas em 2012, no município de Araraquara, investigar fatores associados à vacinação incompleta e analisar os eventos adversos pós-vacinação (EAPV). Métodos: Estudo observacional com componentes descritivo e analítico, abrangendo a coorte de crianças nascidas em 2012, residentes no município e registradas no Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC). Foram excluídas as crianças que faleceram no primeiro ano de vida e aquelas que se mudaram de Araraquara. As variáveis do estudo incluíram dados de vacinação e características maternas, de pré- natal/nascimento, do(s) serviço(s) de saúde e da área de residência. Estimou-se as CV e respectivos intervalos de confiança de 95 por cento (IC 95 por cento ) para cada vacina e esquema completo, conforme as normas vigentes no Estado de São Paulo em 2012/2013. A associação entre o esquema vacinal incompleto e as variáveis independentes foi investigada por meio da estimativa da odds ratio (OR) bruta e ajustada, por regressão logística múltipla não condicional hierarquizada, com os respectivos IC 95 por cento . Resultados: 2740 crianças estavam registradas no SINASC como residentes e 99,6 por cento dessas constavam no RII. Após excluir 30 óbitos (1,1 por cento ) e 98 crianças que se mudaram (3,6 por cento ), foram estudadas 2612 crianças. A CV para o esquema completo por doses recebidas aos 12 meses foi 67,9 por cento e aos 24 meses 79,7 por cento ; por doses oportunas foi 46,2 por cento e 32,8 por cento , respectivamente. A vacina sarampo, caxumba e rubéola apresentou a menor CV aos 12 meses por dose recebida (74,8 por cento ) e aos 24 meses por dose oportuna (53,5 por cento ). As vacinas com componente pertussis foram responsáveis por 58,8 por cento (10/17) dos casos de EAPV e febre foi a manifestação mais comum. A distribuição espacial da CV do esquema completo por área de residência não apresentou diferença estatística. No modelo final, mostraram-se independentemente associadas à vacinação incompleta: mães com idade entre 14 e 19 anos [aos 12 meses (OR:2,0); aos 24 meses (OR:2,5)]; com 12 anos ou mais de estudo [aos 12 meses (OR:1,9), aos 24 meses (OR:2,3)]; com três ou mais filhos [aos 12 meses (OR:3,2), aos 24 meses (OR:2,1)]; com menos de sete consultas de pré-natal [aos 12 meses (OR:1,7), aos 24 meses (OR:2,3)]; a criança ter frequentado unidade de saúde (US) pública e privada [aos 12 meses (OR:6,0), aos 24 meses (OR:8,0)], sem Estratégia Saúde da Família [aos 24 meses (OR:1,5)]; e ter vínculo fraco com a US [aos 24 meses (OR:1,4)]. Conclusão: Em Araraquara, a CV por vacina não é homogênea e há atraso vacinal. O uso do RII para o seu monitoramento pode constituir uma estratégia efetiva. A ausência de disparidades nas CV entre as distintas áreas de residência sugere a efetividade do programa de imunização na promoção da equidade em saúde. Recomenda-se priorizar ações de incentivo à vacinação de crianças filhas de mulheres com alta escolaridade e que apresentam vínculo mais frágil com os serviços públicos de saúde

Ano

2017

Creators

Márcia de Cantuária Tauil

Mortalidade por câncer no distrito de São Paulo: 1962/1963 e 1974/1975

O presente trabalho teve como objetivo, estudar as variações da mortalidade por câncer, no Distrito de São Paulo, ocorridas no período de doze anos, compreendido entre 1962-1963 e 1974-1975. Foram utilizados dados de mortal idade originados da \" lnvestigação lnteramericana de Mortalidade\" , realizada em 1962-1963, e do \"Estudo dos Transtor Mentais como causa básica e associada na mortalidade de adultos de 15-74 anos no Distrito de São Paulo e Município de Botucatú e São Manuel em 1974-1975\". A escolha desses dados de mortalidade deu-se porque esses referidos estudos utilizaram uma mesma metodologia de pesquisa, baseada fundamentalmente na correçao da causa básica de óbito assinalada no atestado de óbito, através de entrevistas domiciliares e junto aos médicos, hospitais,etc. Desse modo, os 811 óbitos por tumores malígnos apresentados nesse trabalho, do período de 1962-1963, e os 452 do período de 1974-75, são mais fidedígnos que os oficiais. As variações da mortalidade foram descritas, tanto por corte transversal do tempo, quanto por coortes. Em relação ao sexo masculino, o risco morte por todas as localizações de câncer, aumentou de 1962-1963 à 1974-1975 em todos os grupos etários, exceto no de 15-24 anos.Para o sexo feminino, o risco de morte por todos os tumores malígnos, aumentou de 1962-1963 à 1974-1975 nos grupos etários de 15-24 anos de 35-44 anos e de 45-54 anos. As coortes mais jovens foram as que apresentaram maior incremento da mortal idade por câncer.

Ano

1981

Creators

Edmur Flavio Pastorelo

Avaliação da atenção às condições crônicas em idosos: hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus como condições traçadoras

Tratase de parte do Estudo SABE Saúde, Bem Estar e Envelhecimento, de delineamento longitudinal de base populacional que entrevistou 2143 pessoas de 60 anos e mais em 2000, no município de São Paulo, e reentrevistou 1115 delas em 2006. O objetivo do presente estudo foi avaliar a atenção às condições crônicas, utilizando a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus como condições traçadoras. Para isso, identificouse o uso e acesso aos serviços de saúde e as práticas de controle dessas doenças. Além disso, observouse a associação do uso de serviços com a ocorrência de desfechos desfavoráveis e compararamse indicadores de atenção à saúde com relação à posse de plano de saúde ou não. Foram utilizados testes estatísticos de regressão logística múltipla. Observouse uma prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica de 53,1 por cento e de Diabetes Mellitus do tipo 2 de 16,8 por cento em 2000, com incidência de autorreferência acumulada no período, de 30,0 por cento e 8,0 por cento respectivamente. O uso de três ou mais consultas por idosos hipertensos e/ou diabéticos em 2006 foi de 80,0 por cento e identificouse associação com os fatores de necessidade e com posse de plano de saúde, indicando desigualdades de acordo com o modelo de Andersen. A cobertura de planos de saúde entre os hipertensos e/ou diabéticos foi de 48,9 por cento em 2006, mantido no período. Foi referida dificuldade em usar serviços de saúde por 28,6 por cento dos hipertensos e/ou diabéticos em 2006, a maior parte relacionada à qualidade percebida dos serviços. Quem tem plano de saúde mostrou menor dificuldade de acesso, menor tempo de espera para agendamento e para ser atendido no serviço e maior satisfação com o uso. No entanto, o uso de serviços para controle foi maior entre os que não referiram posse de plano de saúde. Houve ampliação do acesso medicamentoso no período para ambas as doenças, em particular no setor público, com 70,5 por cento dos diabéticos e 88,4 por cento dos hipertensos usando medicação específica em 2006. Não se encontrou associação entre uso de serviços ambulatoriais nem com AVC, nem com perda de capacidade funcional sendo que, houve associação de posse de plano de saúde apenas com dificuldades em AIVD. Por outro lado, usar serviços ambulatoriais com maior frequência, mostrouse protetor ao risco de morrer. A taxa de mortalidade foi de 48 por mil para os hipertensos e 59,2 por mil para os diabéticos. Em conclusão, as condições crônicas estudadas têm forte impacto no uso de serviços, mas estes mostram pouca influência nos desfechos e sugerem desigualdades no acesso e na qualidade da atenção

Ano

2011

Creators

Marilia Cristina Prado Louvison

Políticas de saúde, características do Atendimento e mortalidade por câncer: estudo de caso no Município de São Paulo

O presente estudo pretende analisar as características e trajetórias de um grupo de mulheres falecidas de câncer e sua relação com a organização do sistema de saúde que as atendeu. Como base empírica foi considerado um sub-grupo de 181 mulheres retirado da amostra de 953 mulheres incluídas na pesquisa \"Mortalidade de Mulheres de 10 a 49 anos no Município de São Paulo - com ênfase à mortalidade materna\". Pelas informações obtidas com os atestados de óbito corrigidos, histórias familiares e histórias médicas, procurou-se reconstituir as trajetórias que conduziram ao óbito. Nessas trajetórias buscou-se analizar o momento da entrada das pacientes no sistema de saúde, o número de consultas realizadas, o momento do diagnóstico e o início do tratamento, o tempo transcorrido entre esses momentos e o óbito e o tipo de estabelecimento de saúde utilizado ao longo do período. A análise procurou relacionar esses aspectos com as localizações do câncer que constituiram a causa básica de óbito, bem como aprofundar o estudo no caso de câncer da mama e do câncer ginecológico. Essa comparação permite detectar eventuais diferenças devidas à existência de programas de diagnóstico precoce. A análise se completa com a comparação de características sócio-economicas do grupo de mulheres objeto de estudo, com a amostra total da pesquisa de referência. Os resultados assim obtidos são cotejados com as modalidades de ação e organização do sistema de saúde a fim de se detectar fragilidades, deficiências ou obstáculos que se interpõe no sentido de garantir prontidão no atendimento, no diagnóstico e início do tratamento, assim como na extensão da sobrevida possível para essas enfermidades.

Ano

1992

Creators

Edmur Flavio Pastorelo

Vigilância epidemiológica como prática de saúde pública

São sistematizados e discutidos aspectos conceituais e operacionais da vigilãncia epidemiológica e do controle de eventos adversos à saúde, da monitorização em saúde pública, da pesquisa em saúde pública, do controle sanitário de produtos de consumo humano, riscos ambientais e do exercício profissional na área biomédica e, por fim, do apoio laboratorial aos serviços de saúde, vigilância epidemiológica e à pesquisa. Com fundamento nessa sistematização e discussão, é proposto um modelo de vigilância epidemiológica compatível com as diretrizes constitucionais vigentes e, portanto, aplicável, com as adaptações necessárias, ao processo de reorganização do Sistema Nacional de Saúde. Nesse modelo, os sistemas de vigilância epidemiológica para específicos eventos adversos à saúde seriam compostos por três sub-sistemas: a) Sub-sistema de informação para ações de controle: com a atribuição de coletar e analisar sistematicamente dados de específicos eventos adversos à saúde e/ou dos respectivos programas de controle, como também da coleta esporádica de informações por meio de inqüéritos e investigações epidemiológicas de campo. Neste sub-sistema as informações obtidas seriam rapidamente analisadas, para, com base nas recomendações técnicas disponíveis ou em normas já existentes, indicar as medidas imediatas de controle; b) Sub-sistema de inteligência epidemiológica: com a atribuição da análise sistemática dos dados recebidos do correspondente sub-sistema de informação para ações de controle para, incorporando os conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis, elaborar recomendações com as bases técnicas para as ações de controle de agravos específicos à saúde, divulgando-as regularmente a todos que delas necessitam. Este sub-sistema deverá identificar lacunas no conhecimento científico e tecnológico, referentes à especificos eventos adversos à saúde, induzindo pesquisas com vistas a superá-las. Deverá ainda constituir o primeiro nivel de incorporação, pelo Sistema Nacional de Saúde, do conhecimento produzido no campo da investigação cientifica e tecnológica; c) Sub-sistema de pesquisa: com a atribuição de desenvolver investigações cientificas e tecnológicas, induzidas pelo sub-sistema de inteligência epidemiológica e voltadas à solução de problemas emergentes e/ou prioritários em saúde pública. Nesse modelo os sistemas de vigilância para especificos agravos à saúde têm, obrigatoriamente, três componentes: a) coleta da informação; b) análise; c) ampla disseminação das informações analisadas acrescidas de recomendações com as bases técnicas para as ações de controle. Por sua vez, constituem a inteligência do Sistema Nacional de Saúde para específicos agravos à saúde, oferecendo condições técnicas para maior eficiência e eficácia e ainda, contínuo aprimoramento e atualização dos programas de saúde.

Ano

1991

Creators

Eliseu Alves Waldman

Aspectos epidemiológicos da raiva no Estado do Espírito Santo 1991 - 2002

Com o objetivo de conhecer e descrever a distribuição temporal e espacial da Raiva no Estado do Espírito Santo, foi realizado um estudo observacional retrospectivo, no período de 1991 a 2002. Foram analisadas as fichas de notificação de casos de Raiva humana, no período de 1970 a 2002, e os resultados dos diagnósticos de Raiva provenientes do laboratório de referencia (IBEES), no período de 1991 a 2002, e as fichas VE-7 que contem as atividades desenvolvidas no atendimento profilático humano e na profilaxia da Raiva animal. Foram estruturados bancos de dados com recursos do programa Epi Info, que foram analisados pelo programa SPSS. Registrou-se uma redução nos casos humanos (75%) e caninos, em metade da serie analisada. No final do período estudado, houve um recrudescimento na região Metropolitana da Grande Vitória. A doença atingiu 76,66% de homens e 23,33% em mulheres, e 66,67%, na faixa etária entre zero e 15 anos. A mordedura (94%) de cão foi a forma mais freqüente de transmissão. Foi observados tendência crescente anual de diagnósticos positivos e municípios novos envolvidos na Raiva bovina, caracterizando sua expansão. O programa atendeu cerca de 8.200 pessoas agredi das por animais e vacinou cerca de 350.000 cães anualmente. O recrudescimento da Raiva em área urbana e a persistência da transmissão entre animais domésticos apontam a necessidade de revisão e ajustes nas estratégias adotadas para o controle da Raiva no Estado do Espírito Santo.

Ano

2005

Creators

Theresa Cristina Cardoso da Silva

Tuberculose resistente nos indivíduos HIV positivos em cinco municípios da Baixada Santista - SP

Desde o início dos anos 90 vários estudos relatam aumento do número de casos de Mycobacterium tuberculosis resistentes às drogas tuberculostáticas, inclusive nos países desenvolvidos, com alta prevalência entre os pacientes HIV+. Objetivos: avaliar a frequência de resistência, o perfil de sensibilidade do Mycobacterium tuberculosis às drogas e os fatores predisponentes à resistência entre os indivíduos HIV positivos nos municípios de Santos, São Vicente, Cubatão, Praia Grande e Guarujá. Métodos: Levantamento dos prontuários de 301 pacientes que apresentaram resultado de cultura positivo e teste de sensibilidade às drogas tuberculostáticas entre 1993 e 2003. Resultados: A resistência às drogas foi diagnosticada em 57 pacientes (18,9%) com a seguinte distribuição: 32 (10,6%) apresentaram TB multirresistente (resistência a pelo menos rifampicina e isoniazida); 4 (1,3%) casos apresentaram resistência a duas ou mais drogas e 21 (7%) monorresistência. A resistência adquirida foi observada em 70,1% dos casos. Não houve associação entre tuberculose resistente e as variáveis: alcoolismo, uso de drogas injetáveis, contagem de CD4+, falta de domicílio e uso de antiretrovirais. As variáveis estatisticamente associadas a TB resistente foram: tratamento anterior com tuberculostáticos, tempo de diagnóstico de HIV e hospitalização prévia. Em análise multivariada apenas tratamento anterior, ajustado por faixa etária, mostrou-se estatisticamente associado (OR=5,49: IC95% 2,60-11,60). Conclusões: A ocorrência de resistência em 18,9% dos casos e multirresistência em aproxidamamente 10% confirmam a relevância deste problema entre pacientes HIV + na Baixada Santista. Entre os fatores de risco analisados apenas tratamento anterior com tuberculostáticos esteve estatisticamente associado.

Ano

2004

Creators

Luciana Martins Rozman

Atividade física e uso de medicamentos anti-hipertensivos em idosos no Munícipio de São Paulo

Introdução: A prática de atividade física tem sido crescentemente indicada como tratamento não medicamentoso para a hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença de alta prevalência e um dos principais fatores de risco para as maiores causas de mortalidade mundiais atualmente, as doenças do sistema cardiovascular. O crescente uso de medicamentos na população idosa deve motivar a busca por formas alternativas de tratamento dos elevados valores pressóricos na população, objetivando um envelhecimento com menos agravos e maior qualidade de vida. Objetivo: Avaliar a relação entre a prática de atividade física e o uso de medicamentos anti-hipertensivos em população de 65 anos ou mais no Município de São Paulo. Metodologia: Este trabalho decorre da pesquisa de Saúde, Bem Estar e Envelhecimento, SABE. O estudo em questão utilizou um corte transversal para os dados de 2010, coletados por entrevista domiciliar. Investigou-se o uso de medicamentos anti-hipertensivos e a prática de atividade física por meio do IPAQ versão curta. A análise de dados utilizou modelos multivariados de regressão de Poisson. Resultados: A amostra total do estudo foi de 978 indivíduos com idade de 65 anos ou mais. Observou-se nessa população prevalência de autorrelato de HAS em 71,2 por cento dos idosos, sendo que 69,4 por cento fazem uso de medicamentos anti-hipertensivos. A população apresentou baixa prática de atividade física, 62,9 por cento dos idosos foram considerados insuficientemente ativos. O uso de anti-hipertensivos teve associação com maior faixa etária, viver sem companheiro atualmente, relato de cor de pele preta e histórico de tabagismo no passado. Não foi encontrada associação significativa entre uso de medicamentos e atividade física na população. Conclusões: Observou-se diferentes associações entre o uso de medicamentos anti-hipertensivos e as características demográficas, socioeconômicas e comportamentais da população, mas não se encontrou relação estatística entre uso de anti-hipertensivo e atividade física. Ressalta-se a importância de novas contribuições na temática do tratamento não medicamentoso relacionado ao controle da hipertensão arterial na população idosa. As reflexões sobre os desdobramentos do tema, como as consequências do uso de fármacos em grande quantidade na saúde do idoso e a baixa prática de atividade física na população, servem como fomento para a discussão sobre as formas de tratamento não medicamentoso, controle de doenças crônicas de alta prevalência, além de contribuir na discussão a respeito de programas de manutenção, tratamento e promoção de saúde

Ano

2013

Creators

Kaio Henrique Corrêa Massa

O docente de enfermagem e o ensino da sexualidade humana: ação educativa através da pesquisa participante

Este trabalho relata o desenvolvimento de uma investigação sobre o ensino da sexualidade humana dentro da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, realizada de 1984 a 1985. Teve como objetivos: levar os docentes da referida Escola a tomarem consciência crítica da sua realidade no que tange à sexualidade humana por meio da emergência e superação das contradições; promover e propor ações no sentido de superar os problemas levantados, assumindo-se como sujeito de sua própria educação, num processo dinâmico e participativo. A metodologia adotada foi a de pesquisa participante e o referencial teórico utilizado foi o materialismo-histórico-estrutural-dialético. A população escolhida foi constituída por 8 docentes enfermeiras, congregadas em grupo a partir da expressão do desejo pessoal da pesquisada em participar desse estudo. Os dados foram coletados através de duas fontes principais: o discurso contido nas entrevistas individuais centradas no pesquisado e o discurso contido nos registros dos debates grupais. O trabalho mostrou que o ensino da sexualidade humana na Escola é inexistente dentro da estrutura curricular atual; ao mesmo tempo revelou a ausência da preocupação em ministrar o ensino por parte da Instituição; ainda, a incapacidade das docentes de assumirem de fato a responsabilidade no ensino, traduzidas na formação deficiente do aluno em relação à sexualidade humana. O desenvolvimento do trabalho grupal trouxe à tona as multi-dimensões da sexualidade humana; permitiu a crítica da realidade de ensino vivenciado pelas docentes e a emergência das contradições, principalmente as teórico-práticas e a superação de algumas delas. Sobretudo, revelou a ansiedade e a vontade das docentes em querer ultrapassar as incapacidades e habilitarem-se a desenvolver, no sentido de melhor domínio da temática que proporcione um ensino de enfermagem mais crítico, mais consciente e mais verdadeiro.

Ano

1986

Creators

Emiko Yoshikawa Egry

Comparação entre moradores com e sem telefone fixo no domicílio, entrevistados em inquérito domiciliar de saúde. São Paulo - 2003

Introdução. Inquéritos domiciliares têm sido utilizados em estudos epidemiológicos desde o início do século passado. Com o passar do tempo, os métodos de realização de entrevistas foram se aperfeiçoando, possibilitando maior rapidez e exatidão nas informações obtidas. As entrevistas realizadas via telefone tornam o processo mais fácil, ágil e de menor custo. Objetivo. Comparar os moradores do município de São Paulo que possuíam telefone fixo em sua residência, com os que disseram não possuir o referido aparelho, quanto a variáveis demográficas, de condições de vida, estilo de vida, estado de saúde e também quanto ao uso e acesso aos serviços de saúde. Metodologia. Utilizando o módulo survey do pacote estatístico Stata em sua versão 9.2, foi feita uma caracterização do perfil desses dois grupos de entrevistados (com e sem telefone fixo). Foram calculados também, os vícios que a não cobertura por parte da população sem telefone ocasiona às estimativas e foi verificado como um ajuste de pós-estratificação diminui este vicio. Resultados. Dos 3333 entrevistados na cidade de São Paulo, 77,7% possuíam telefone fixo residencial; foi detectada associação estatisticamente significante entre a presença de telefone fixo e as variáveis: naturalidade, raça/cor, religião, situação conjugal, escolaridade do chefe de família, renda, tabagismo, alcoolismo, presença de morbidade referida, hipertensão, auto-avaliação em saúde, realização de mamografia, exame de próstata, consultas odontológicas, consumo de medicamentos e utilização do SUS para a realização dos exames de saúde. Ao se retirar da análise, a população sem telefone fixo, as estimativas de exame de pré-natal e próstata, tabagismo, alcoolismo, auto-avaliação de saúde, consultas odontológicas e a utilização do SUS para os exames de pré-natal e Papanicolaou foram as que tiveram maior vício. Após o ajuste de pósestratificação, houve uma melhora em todas as estimativas que estavam associadas à posse do telefone fixo, porém o vício não foi reduzido por completo. Conclusão. A exclusão dos moradores sem aparelho telefônico é uma das principais limitações e fonte de vício em pesquisas via telefone, mesmo em lugares onde a cobertura seja considerada razoável. Este obstáculo não deve ser considerado um impedimento, no entanto, algumas precauções e ajustes terão que ser utilizados para se reduzir os vícios, contribuindo para a estimação e interpretação correta dos resultados, já que estes levantamentos via telefone servem não apenas para se conhecer o estado de saúde da população, mas também contribuem para a orientação no planejamento de ações e novas políticas de saúde pública.

Ano

2008

Creators

Neuber José Segri

Padronização de técnica para produção em massa de \'Culex quinquefasciatus\' (Diptera: Culicidae)

Objetivo - Estabelecer um método para produção em massa do mosquito Culex (Culex) quinquefasciatus em laboratório, com o intuito de fornecer subsídio ao controle populacional desta espécie por meio da liberação de machos estéreis. Métodos Foi fundada uma colônia de Cx. quinquefasciatus a partir de imaturos coletados em janeiro de 2013 no rio Pinheiros, São Paulo/SP, Brasil. Os mosquitos adultos tiveram seus pesos secos mensurados e o desenvolvimento avaliado como o tempo para atingirem o estágio de pupa e a fase adulta. No primeiro experimento foram testadas quatro dietas diferentes (ração de peixe, ração canina, mistura de 50 por cento de ração de peixe e 50 por cento de ração canina ou uma mistura de 33,33 por cento de ração de peixe, 33,33 por cento de ração canina e 33,33 por cento de leite em pó) e três temperaturas (27 ± 2°C, 23 ± 2°C e 20 ± 2°C). No segundo experimento testaram-se diferentes quantidades de ração de peixe, densidades larvárias, volume e altura da coluna dágua Resultados - No primeiro experimento não houve diferença estatística significante entre as quatro dietas testadas e o tempo de formação até a fase de pupas e para o peso seco dos adultos. No entanto a ração de peixe proporcionou a menor mortalidade. A maior temperatura (27 ± 2°C) diminuiu o tempo do ciclo de vida dos imaturos, porém gerou adultos com pesos secos menores. No segundo experimento, a condição 0,5 mg/larva, 5 ml/larva em 2,1 cm de coluna dágua e a 27 ± 2°C ofereceu boa produção em massa e gerou maiores taxas de desenvolvimento, menor mortalidade de imaturos e maior peso seco em adultos. Conclusão - Não foi definida uma dieta ideal para uso na produção em massa, considerando os parâmetros analisados. A dieta menos custosa é a ração canina, porém deve ser moída manualmente ou em máquina, tornando a ração de peixe mais eficiente para ser diretamente aplicada nas bandejas de produção. O estudo sugere que a melhor condição para a produção massa do Cx. quinquefasciatus foi 0,5 mg de ração de peixe/dia por larva num volume de 5 ml/larva em 2,1 cm de coluna dágua e a 27 ± 2°C. O estudo sugere que esta técnica pode auxiliar no controle populacional dessa espécie

Ano

2014

Creators

Marco Jacometto Marchi

Diabetes mellitus e câncer de cabeça e pescoço

O diabetes mellitus (DM) está associado com alguns tipos de câncer. No entanto, estudos realizados sobre a associação entre DM e câncer de cabeça e pescoço (CCP) apresentaram resultados controversos. Na avaliação da associação entre DM e câncer, destaque deve ser dado à metformina, medicamento utilizado no DM tipo 2, que se mostra inversamente associado a alguns tumores. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre DM e CCP, bem como o impacto do uso de metformina no risco de CCP. Este estudo caso-controle incluiu 1021 casos de CCP com confirmação histológica de carcinoma espino celular selecionados em cinco hospitais de grande porte no estado de São Paulo entre 2011 e 2014. Os 1063 controles foram recrutados nos mesmos hospitais, pareados por frequência com os casos por sexo e idade (em grupos de 5 anos). Para avaliar o risco de CCP associado ao DM, odds ratios (OR) e intervalos com 95 por cento de confiança (IC 95 por cento ) foram estimados por meio de regressão logística não condicional. Os participantes diabéticos tiveram associação inversa com o CCP (OR = 0,68; IC 95 por cento : 0,49-0,95), e a proteção foi maior entre diabéticos usuários metformina (OR = 0,54; IC 95 por cento : 0,29-0,99). Diabéticos usuários de metformina que eram fumantes (OR = 0,13; IC 95 por cento : 0,04-0,44), ou consumidores de álcool acima de 40 g/ dia (OR = 0,31; IC 95 por cento : 0,11-0,88) apresentaram proteção ainda maior com relação ao CCP, comparado aos não diabéticos. Em conclusão, os indivíduos diabéticos apresentaram risco inverso de CCP e o uso de metformina pode explicar, ao menos parcialmente, esta associação.

Ano

2016

Creators

Rejane Augusta de Oliveira Figueiredo

População de Mansonia humeralis (Diptera: Culicidae), sob o impacto de inundação da Represa Porto Primavera, Município de Presidente Epitácio, São Paulo, Brasil

Objetivo. Conhecer os aspectos ecológicos e biológicos da população de Mansonia humeralis em área sob impacto de inundação da Represa Porto Primavera, Município de Presidente Epitácio, Estado de São Paulo, Brasil, visando contribuir no entendimento da capacidade vetora desta população. A dominância dessa população entre outras espécies de culicídeos, que compõem a fauna local, representa preocupação em saúde pública, diante da possibilidade de transmissão de agentes patogênicos e de incômodo à população humana. Métodos. No sítio JB, culicídeos adultos foram coletados mensalmente por 15 meses, em cada um dos períodos anterior e posterior às duas inundações da Represa Porto Primavera, e por 24 meses após a 2ª inundação, na fazenda Santo Antônio. As técnicas de coleta utilizadas foram Aspiração pela manhã, Técnica Atrativa Humana de 24 horas, Armadilha de Shannon, Armadilha CDC e Técnica Atrativa Humana em torno do crepúsculo vespertino. Foram levadas em conta as influências de temperatura e chuva na variabilidade temporal da população estudada. Para a análise do impacto ambiental na população de Ma. humeralis foram utilizados índices de riqueza, diversidade, dominância, abundância e similaridade, testes estatísticos paramétricos, não paramétricos e correlação. Para a atividade hematofágica horária foi calculada a média de Williams, para a dispersão do raio de vôo a média harmônica e o modelo de regressão linear simples e para a paridade o qui-quadrado. Resultados. No sítio JB, no período do pré-impacto, Ma. humeralis representou 3,1%. No período pós-impacto após a 1ª inundação Ma. humeralis representou 59,6% e após a 2ª inundação 53,8%, indicando expressiva dominância dessa espécie e redução da riqueza e diversidade dos outros culicídeos. Houve maior densidade populacional de Ma. humeralis no outono e inverno no pré-enchimento, no inverno e na primavera após a 1ª inundação e na primavera após a 2ª inundação. Ma. humeralis posicionou-se entre as espécies mais abundantes e foi similar na fauna do período pós-impacto. A atividade hematofágica de Ma. humeralis foi nas 24 horas, mas de maior freqüência no intervalo do 1º pós-crepúsculo e das 18:00 às 24:00 horas. Na fazenda Santo Antônio a maior densidade populacional de Ma. humeralis ocorreu no verão e na primavera e as médias de riqueza, diversidade e dominância foram próximas aos valores encontrados no pré-enchimento do sítio JB, com a Armadilha de Shannon no crepúsculo vespertino. Em relação a paridade Ma. humeralis apresentou mais fêmeas oníparas no outono. Ma. humeralis apresentou baixa dispersão no raio de vôo. Conclusões. Com a construção da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera e o represamento do Rio Paraná, estudos realizados em Presidente Epitácio, na margem esquerda do mesmo e do Rio do Peixe, mostraram redução na diversidade e riqueza da fauna adulta Culicidae, vista pela aplicação de diferentes técnicas de coleta. A dominância de Ma. humeralis mostrou que o impacto ambiental ocorrido na área favoreceu seu desenvolvimento indicado pela sua abundância e sua permanência na fauna similar, após a inundação. As densidades mais elevadas para Ma. humeralis, associada as plantas aquáticas, parece estar ligada com as águas renováveis dos grandes reservatórios. Evidenciou-se tendência antropofílica e atividades hematofágicas predominantemente crepuscular e noturna para Ma. humeralis. A baixa dispersão no raio de vôo encontrada em Ma. humeralis, não permite concluir que esta população não se dispersaria para maiores distâncias em busca de fontes sangüíneas. É relevante o monitoramento de certas populações de culicídeos favorecidas pela formação de represas, uma vez que há exposição freqüente do homem às margens dos rios, devido às atividades de pesca, caça, lazer e moradia.

Ano

2005

Creators

Marcia Bicudo de Paula

Fatores associados ao melhor desempenho cognitivo global em idosos do município de São Paulo, Estudo SABE

Introdução: A manutenção das habilidades cognitivas e funcionais constitui um dos fatores associados à qualidade de vida no envelhecimento. A literatura ainda dispõe de poucos dados a respeito dos fatores associados ao melhor desempenho cognitivo global em idades avançadas. Objetivo: Identificar os fatores associados ao melhor desempenho cognitivo global em idosos sem prejuízo cognitivo do município de São Paulo. Método: Para tanto, foram analisados os dados do Estudo SABE - Saúde e Bem- Estar no Envelhecimento, um estudo multicêntrico, longitudinal e realizado em uma amostra representativa dos idosos residentes no município de São Paulo/SP do ano de 2006. Investigaram-se os idosos sem declínio cognitivo pertencentes a quatro faixas de escolaridade: sem escolaridade, com 1-3 e 4-7 anos e 8 anos de estudo e mais. Entre as três primeiras faixas de escolaridade foram considerados com desempenho cognitivo normal os idosos com pontuação do MEEM classificada no primeiro e segundo terciis e com melhor desempenho aqueles com pontuação dentro do terceiro tercil. Com relação aos idosos com 8 ou mais anos de escolaridade, foram considerados com desempenho normal aqueles com pontuação de 28 e 29 e com melhor desempenho aqueles com pontuação máxima (30 pontos) no MEEM. As variáveis investigadas foram idade; sexo; condição de moradia; estado marital; autopercepção de renda; condições sócio- econômicas e de saúde nos primeiros 15 anos de vida; funcionalidade familiar; sintomas depressivos; doenças crônicas auto-referidas; dificuldades em pelo menos uma ou mais Atividade Básica e Instrumental de Vida Diária (ABVD e AIVD); freqüência de participação em atividades ocupacionais, físicas e relacionadas ao contato social ativo; e freqüência de contatos sociais (familiares e amigos). O grupo de referência para o modelo de regressão logística múltipla foi composto pelos idosos com desempenho normal. Para as análises foi usado um nível de significância de 5 por cento . Resultados: Os idosos com melhor desempenho no MEEM eram mais jovens e a sua maioria referiu morar com alguém no domicílio e possuir um companheiro (a). Aproximadamente metade desse grupo referiu que os rendimentos eram suficientes para cobrir as necessidades diárias. Esses idosos apresentaram menor prevalência de dificuldades nas ABVD e AIVD e elevado nível de participação nas atividades investigadas. No modelo de regressão logística final os idosos com maiores chances de apresentar melhor desempenho referiram ausência de dificuldades nas AIVD, consumo álcool (sem abuso), auto-percepção de que os rendimentos são suficientes para cobrir as necessidades diárias, contato social ativo com familiares e amigos e idade mais jovem

Ano

2011

Creators

Henrique Salmazo da Silva

Aedes Albopictus e outros mosquitos (Diptera: Culicidae) em bromélias terrestres em Ilhabela, litoral do Estado de São Paulo, Brasil

Objetivos. Estudar o significado epidemiológico de Aedes albopictus colonizar bromélias terrestres em ambientes distintos. Registrar a fauna de culicídeos, sua diversidade e dominância. Sua presença e densidade são analisadas em relação a parâmetros como volume de água nos tanques, temperatura atmosférica e precipitação pluviométrica. Material e métodos. Foram realizadas coletas quinzenais de formas imaturas de culicídeos, no período de março de 1998 a julho de 1999, em tanques de bromélias localizados nos ambientes urbano, periurbano e mata; o conteúdo aquático das plantas foi medido e registrado. Resultados. Foram coletados 31.134 culicídeos imaturos. Culex (Microculex) pleuristriatus foi a espécie dominante nos ambientes urbano e periurbano. Na mata, a dominante foi Culex ocellatus, ambiente que apresentou o maior índice de diversidade de culicídeos. Ae. albopictus apresentou nas bromélias de ambiente urbano os maiores percentuais de positividade e densidade; constatou-se ainda preferência pelas bromélias com maior volume de água. Para Anopheles cruzii foi observada tendência inversa. A análise de regressão mostrou associação entre número de bromélias positivas para Ae. albopictus com as variáveis volume de água e temperatura nos ambientes urbano e periurbano. Quanto ao número de imaturos, também foi encontrada associação com as variáveis volume, temperatura no meio urbano e periurbano. Discussão e Conclusões. As diferentes densidades com que Ae. albopictus ocorreu nos ambientes estudados demonstram sua elevada capacidade de invasão a novos habitats. Embora Ae. albopictus não seja considerada espécie específica de bromélia, apresentou maior número de imaturos por planta do que An. cruzii. Recomenda-se intensificar a vigilância entomológica nesses criadouros, dada a sua capacidade de traduzir-se em recipiente permanente para proliferação desse mosquito, principalmente em ambiente urbano. A presença de Ae. albopictus em bromélias localizadas em área preservada da Mata Atlântica poderá resultar em agravo à saúde.

Ano

2001

Creators

Gisela Rita de Alvarenga Monteiro Marques

Condicionantes para a transmissão de leishmanioses em assentamento do Instituto Nacional de Reforma Agrária, município de Bonito, estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, 1998-1999

As leishmanioses são agravos à saúde causados por protozoários do gênero Leishmania Ross, 1903, que se encontram largamente difundidas no mundo. Em Mato Grosso do Sul, a leishmaniose tegumentar se faz presente na maioria dos municípios e em todos os da região sudoeste do Estado e a leishmaniose visceral encontra-se em expansão. Estudos descritivos foram realizados, em 1998 e 1999, sobre a fauna flebotomínea, e em 1999, na população humana e, de maio a dezembro de 1999 de inquérito soroepidemiológico em cães e em equídeos no Assentamento Guaicurus, situado a 20°27\'LS, 56°52\'LW, na parte central da Serra da Bodoquena, município de Bonito, região sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, com vistas a identificar condicionantes para a ocorrência de leishmanioses naquela localidade. Dos 131 lotes do Assentamento Guaicurus, 74 (56,5%) estão ocupados pelos proprietários, 9 (6,9%), arrendados a terceiros e 48 (36,6%), vazios. As moradias e seus anexos, na grande maioria, são pobres. O grau de escolaridade dos chefes de família é nulo ou restrito ao primeiro grau incompleto e às crianças e adolescentes é oferecido, apenas, o ensino de 1° grau. O saneamento básico é deficiente: a água é escassa, sem tratamento e mal armazenada; os dejetos ficam a céu aberto em 42,6% das casas, enquanto que, o lixo é lançado nos quintais em 45,8% das moradias. A localidade não dispõe de telefone ou de rádio amador. Os chefes de família são pequenos lavradores que vivem da agropecuária tradicional. Não têm cooperativa e não são sindicalizados. No período do estudo, foram notificados sete casos de leishmaniose cutânea em moradores do Assentamento Guaicurus e um caso em índio kadweos do Campo dos Índios. Todos os pacientes eram do sexo masculino, com idades entre 19 a 48 anos. O parasita obtido de biópsia cutânea e inoculado em hamster e meio de cultura 3N-BHI, foi identificado como Leishmania (Viannia) braziliensis pela reação de imunofluorescência indireta, utilizando anticorpos monoclonais. Seis pacientes, quando adquiriram a infecção, trabalhavam como empreiteiros em fazendas fora do Assentamento Guaicurus. Dois pacientes relataram o hábito de caçar em cevas. A transmissão da parasitose na população humana naquela localidade pode ser considerada como decorrência de risco ocupacional e cultural, em que aos determinantes biológicos somam e interagem os ecológicos, os econômicos, os sociais e os culturais. As capturas de flebotomíneos resultaram na identificação de 9 gêneros e 14 espécies. No Assentamento Guaicurus, houve nítido predomínio de Lutzomyia longipalpis que se fez presente em quase todos os ambientes estudados e mostrou freqüência mais expressiva em abrigos de animais domésticos. No Campo dos Índios, reserva indígena dos kadwcos c no retiro da Fazenda Salobrão, localidades limítrofes incluídas no inquérito sobre flebotomíneos, a espécie mais freqüente foi Nyssomyia whitmani. Foram examinados 65 eqüídeos; em nenhum foi constatada lesão cutânea compatível com leishmaniose tegumentar e todos apresentaram-se não reagentes à reação de imunofluorescência indireta para leishmaniose. Em um total de 97 cães examinados, a maioria apresentou estado nutricional bom e aparência sadia, exceto, pela presença de ectoparasitas e alterações no tegumento. Dentre esses animais, 23 (23,7%) foram reagentes à reação de imunofluorescência indireta para leishmaniose com títulos variando de 20 a 640. Amostras do parasita, isoladas a partir de aspirado medular, foram identificadas, pela reação de imunofluorescência indireta utilizando anticorpos monoclonais, como Leishmania (Leishmania) chagasi. À luz dos fatores investigados, a veiculação de leishmaniose visceral entre a população canina do Assentamento Guaicurus pode ser atribuída à L. longipalpis, enquanto que, N. whitmani parece ser a responsável pela transmissão de casos humanos de leishmaniose tegumentar no Barreirão, no Campo dos Índios. A alta densidade populacional de Lutzomyia almerioi em cavernas, não só no Assentamento Guaicurus, como ao longo do Planalto da Bodoquena, seu elevado grau de antropofilia e atividade diurna, somados à implementação do ecoturismo para a região sudoeste de Mato Grosso do Sul, recomendam um planejamento cuidadoso das atividades de turismo para a área.

Ano

2001

Creators

Vania Lucia Brandão Nunes

Importância epidemiológica de Culex do subgênero Melanoconion (Diptera, Culicidae)

O propósito deste trabalho foi o de elaborar uma revisão com o objetivo de avaliar a importância epidemiológica de Culex subgen. Melanoconion (Diptera, Culicidae). A análise de informações sobre sistemática e distribuição geográfica, mostrou tratar-se de um taxon composto de uma grande diversidade de espécies e amplamente distribuído através do continente americano. Ao se levantar aspectos relativos às propriedades bioecológicas desses mosquitos, ficou evidente que algumas espécies são dotadas de características favoráveis ao desempenho da função vetora. Dados sobre isolamentos de uma ampla variedade de vírus desses culicídeos, indicaram tratar-se de um grupo potencialmente importante em saúde pública. No Estado de São Paulo, sua importância se evidencia por serem freqüentes no Vale do Ribeira, região que parece comportar muitos vírus. Assim sendo, é possível que algumas espécies possam atuar na manutenção de focos naturais de infecção nessa área.

Desnutrição infantil no município de maior risco nutricional do Brasil: Jordão, Acre, Amazônia Ocidental (2005-2012)

Introdução: As modificações econômicas, política e sociais ocorridas no Brasil, iniciadas com o movimento de redemocratização do país, favoreceram o investimento em políticas públicas com impacto marcante na nutrição infantil inclusive em municípios do interior da Amazônia. Esse movimento promoveu alterações importantes na estrutura epidemiológica da desnutrição, contudo, a modulação dessas transformações por fatores da paisagem Amazônica ainda é pouco investigada. Objetivo: Medir a prevalência da desnutrição, analisar sua evolução temporal, sua distribuição espacial, seus fatores associados e suas respectivas Frações de Impacto Potencial (PIF) em crianças pré-escolares da Amazônia. Metodologia: Os dados deste trabalho são oriundos de dois inquéritos de base populacional realizados nos anos de 2005 e 2012 com, respectivamente n=478 e n=836 crianças da zona urbana e rural de Jordão, Acre. A variável dependente do estudo foi o déficit de altura para idade (HAZ<-2). Foi analisada a evolução da prevalência de desnutrição e seus determinantes na área urbana e rural, além da obtenção de suas Frações de Impacto Potencial (FIP). Avaliou-se também a distribuição espacial das prevalências e das Odds Ratios (OR) do desfecho, além de testar a sua dependência espacial através de um modelo aditivo generalizado utilizando-se a rotina epigam do programa R. Também foram construídos modelos explicativos de fatores relacionados à desnutrição, para crianças com e sem ascendência indígena utilizando-se regressão de Poisson, com erro robusto. Resultados: As prevalências gerais de desnutrição foram de 35,8 por cento (ICI95 por cento : 31,5; 40,3) em 2005 e de 49,2 por cento (ICI95 por cento : 45,7; 52,6) para o ano de 2012. Identificou-se tendência temporal heterogênea nas prevalências do desfecho, com redução de 28,7 por cento na área urbana e incremento de 39,7 por cento na zona rural. O declínio foi atribuído à ampliação da cobertura da assistência pré-natal (porcentagem explicada: 18,8 por cento ), redução da pobreza (17,5 por cento ) e melhora das condições de nascimento (11,9 por cento ). Já o aumento ocorreu pela diminuição da produção de alimentos da agricultura familiar (12,1 por cento ), redução da altura materna (10,5 por cento ) e poder de compra das famílias (7,5 por cento ). Foram mapeadas áreas de elevado risco nutricional (OR=4 e OR=3; p<0,01), sobretudo em regiões localizadas à montante dos rios, próximas às suas cabeceiras, indicando a importância das condições de acesso e disponibilidade de alimentos na determinação da desnutrição. A modelagem espacial permitiu identificar covariáveis que interferem no crescimento linear infantil e conseguem explicar a dependência espacial em áreas de elevada OR de desnutrição. A escolaridade materna inferior a três anos de estudo (OR=3,2; IC95 por cento =2,4;4,3), residir em área rural (OR=9,8; IC95 por cento =7,4;13,0); consumo de álcool durante a gestação (OR=3,0; IC95 por cento =2,7;3,3) e pneumonia no último ano (OR=2,1; IC95 por cento =1,9;2,3) se destacam como fatores associados aos déficits de estatura nesta análise. Por sua vez, no estudo dos fatores associados à desnutrição entre crianças com e sem ascendência indígena, variáveis ligadas à incorporação de hábitos negativos da sociedade envolvente como o consumo de álcool durante a gestação, o uso de chupeta e a introdução de leite de vaca integral na dieta da criança se mostraram associadas ao desfecho no primeiro grupo, enquanto no segundo, variáveis ligadas à gestação tiveram maior poder explicativo. Conclusão: O estudo identificou cenários (urbano e rural) e segmentos populacionais (populações com e sem ascendência indígena) com prevalências de desnutrição heterogêneas e tendências temporais opostas. Barreiras geográficas, sociais e étnicas estão contribuindo para a manutenção da elevada prevalência de desnutrição nessa área, com estes achados auxiliando o entendimento das disparidades evidenciadas para a região Norte quando comparadas ao restante do país em relação ao cenário nutricional infantil

Ano

2017

Creators

Thiago Santos de Araújo

Avaliação de novas estratégias vacinais contra a coqueluche no município de São Paulo

Introdução: A coqueluche é caracterizada por tosse paroxística, pode levar menores de um ano de idade ao óbito, deixar seqüelas e exacerbar quadros respiratórios crônicos. A imunidade após a doença ou vacina não é para toda a vida. Nos países desenvolvidos, apesar de altas coberturas vacinais e do controle da doença entre as décadas de 50 e 80, desde o final dos anos 80 é observado o aumento dos casos em adolescentes, adultos e lactentes, sendo indicado o reforço vacinal para adolescentes e adultos. No Brasil a doença aparenta estar sob controle, mas há um estudo teórico que demonstra a possibilidade de aumento dos casos. Objetivo: Avaliar novas estratégias de reforço vacinal contra a coqueluche no município de São Paulo. Metodologia: Desenvolvimento de um modelo matemático determinístico, dinâmico e dependente da idade dos indivíduos. Simulações com o esquema vacinal atual e: (i) novo reforço aos 12 anos com coberturas vacinais de 10%, 35%, 45% e 70%; (ii) reforços aos 12 anos e aos 20 anos de idade, com 35% e 70% de cobertura, respectivamente. Introdução de contato heterogêneo da população com o uso de uma matriz de contato. Fontes dos dados: Banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e a literatura nacional e internacional. Uso dos programas Berkeley Madonna® para resolução das equações diferenciais e Microsoft Excel® para o cálculo da matriz de contato e das forças de infecção. Realização de teste de sensibilidade do modelo. Resultados: A vacinação com cobertura de 10% aos 12 anos de idade reduziu os casos entre os próprios adolescentes (10 a 19 anos); com cobertura de 35%, 45% e 70% reduziu os casos em 59%, 65% e 73%, respectivamente; a vacinação em conjunto aos 12 anos com cobertura de 35% e aos 20 anos com cobertura de 70% reduziu 62% dos casos. Conclusões: Há benefício ao vacinar os adolescentes, inclusive com baixa cobertura vacinal, portanto tal estratégia demonstra-se promissora para o controle da coqueluche. Não houve ganho ao acrescentar apenas um reforço para os adultos (20 anos). Os resultados são concordantes com o que há na literatura e permitiram um primeiro panorama para auxiliar na abordagem do problema. Estudos com diferentes estratégias de vacinação de adultos e estudos de custo-benefício são recomendados.

Ano

2008

Creators

Angela Carvalho Freitas