Repositório RCAAP
Representações maternas de mães adultas: relato clínico a partir da Entrevista R
As representações maternas englobam expectativas, fantasias e desejos da mãe sobre o bebê e exercem grande influência nessa relação. Este trabalho apresenta o relato de uma experiência clínica na qual foi feita uma análise dessas representações em mães adultas, a partir da utilização da Entrevista R (Stern et al., 1989). Três mães (26 a 31 anos), cujos bebês tinham entre três e seis meses de idade, responderam a entrevista. Foram analisadas as representações dessas mulheres sobre si mesmas, sobre o bebê e sobre a própria mãe. As informações obtidas revelaram que as representações sobre a própria mãe influenciaram no modelo materno dessas mães. Também foi demonstrada a identificação das mães com seus bebês a partir das representações sobre a criança. As representações sobre si mesmas mostraram diferentes percepções e sentimentos como mãe e pessoa. Destaca-se que a análise das representações maternas a partir da Entrevista R possibilitou um mapeamento do mundo representacional das mães, o que não exclui a utilização de outros instrumentos para tal fim.
2022-12-06T14:20:14Z
Cabral,Stela Araújo Levandowski,Daniela Centenaro
Atendimento a mães de vítimas de abuso sexual e abusadores: considerações teóricas e práticas
O objetivo deste artigo foi levantar informações sobre o atendimento psicológico prestado às mães de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, bem como aos autores dessa violência. A literatura mostra a importância de incluir familiares não abusivos no tratamento da vítima, tendo em vista seu envolvimento na situação. Além disso, aponta que a discussão sobre o atendimento psicológico aos perpetradores também é necessário para que se possa intervir no ciclo da violência, prevenindo novas vítimas. Por fim, são discutidos os sentimentos de mães e perpetradores frente à revelação do abuso, objetivos do tratamento em cada caso e os aspectos psicológicos relacionados. São também apresentados alguns estudos nacionais e internacionais sobre experiências de tratamentos e algumas dificuldades práticas para o andamento dos tratamentos e para se realizar estudos sobre essa temática, sobretudo no Brasil.
2022-12-06T14:20:14Z
Dell'Aglio,Débora Dalbosco Moura,Andreína Santos,Samara Silva dos
Indicadores da preocupação materna primária na gestação de mães que tiveram parto pré-termo
Preocupação materna primária (PMP) é um conceito winnicottiano e se refere ao estado psicológico da mãe no qual sua sensibilidade em relação ao filho torna-se exacerbada. Tem início na gestação e estende-se às primeiras semanas após o parto. O objetivo deste estudo é relatar uma investigação sobre os indicadores da PMP na gestação de mães que tiveram bebês pré-termo. Participaram do estudo quatro mães com problemas clínicos na gestação, cujas idades variaram entre 22 e 28 anos, sendo todas casadas. Os bebês não apresentaram complicações clínicas sérias. Foi utilizado um delineamento de estudo de caso coletivo para o levantamento de indicadores da PMP com base em algumas categorias. A análise de conteúdo qualitativa revelou que a possibilidade do parto pré-termo parece ter intensificado a ansiedade dessas mães que estavam em processo de desenvolvimento da PMP. Porém observou-se que, com a assimilação de sua condição de saúde e da gestação, as participantes conseguiram desenvolver bons indicadores desse estado materno.
2022-12-06T14:20:14Z
Esteves,Carolina Marocco Anton,Márcia Camaratta Piccinini,Cesar Augusto
Afinal, o que querem as mulheres? Maternidade e mal-estar
O artigo pretende mostrar que a pergunta de Freud "O que quer a mulher?" permanece pertinente ainda hoje, na medida em que reflete o mal-estar relativo aos impasses colocados pelas escolhas e desejos femininos que extrapolam o ideal materno. Analisa o contexto histórico no qual foi formulada, procurando enfatizar as diferenças e as permanências em relação à condição feminina nos dias atuais, quando a pergunta faz sua reentrada na cena social.
2022-12-06T14:20:14Z
Nunes,Silvia Alexim
"Namorido": uma forma contemporânea de conjugalidade?
Este estudo teve como objetivo entender o "namorido", forma de relacionamento comum entre jovens da zona sul do Rio de Janeiro. Neste relacionamento, após breve namoro, o casal decide morar junto, sem necessariamente planejar uma futura oficialização. Foram entrevistadas cinco mulheres com idades entre vinte e sete e trinta e sete anos, que trabalham fora de casa e estão envolvidas, há pelo menos um ano, em um relacionamento amoroso a que estamos denominando "namorido". As entrevistas foram semidirigidas, gravadas em áudio, transcritas na íntegra e os textos resultantes submetidos a uma análise de discurso. Os resultados apontam para o fato de que o "namorido" parece ser uma modalidade de relacionamento resultante do individualismo exacerbado das sociedades contemporâneas em que os vínculos afetivos são mais fluidos e maleáveis. Nele, os indivíduos buscam uma satisfação pessoal instantânea nos relacionamentos amorosos, dispensando, assim, um tempo maior para o conhecimento mútuo. Além disso, não se faz necessário que o casal participe, dê satisfações ou mesmo conheça os familiares do/a parceiro/a e não há compromisso com a durabilidade, nem com a geração de descendentes. Apesar disso, em muitos aspectos o "namorido" se assemelha aos casamentos contemporâneos e, para as pessoas envolvidas neste tipo de relação, o fato de ela não ser oficializada não faz com que a união entre os cônjuges seja menos comprometida.
2022-12-06T14:20:14Z
Duarte,Juliana Puppin Rocha-Coutinho,Maria Lúcia
Donas de casa: classes diferentes, experiências desiguais
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa de mestrado. Esta buscou mostrar a condição de mulheres de diferentes classes sociais que, nos dias atuais, se mantêm como donas de casa, indo na contramão do "novo" modelo feminino. Foram entrevistadas três mulheres donas de casa de diferentes classes sociais: baixa, média e alta. A análise do discurso das entrevistas gerou três categorias: (a) significado do trabalho doméstico, (b) condição feminina e vida privada e (c) satisfação e (des)valorização do trabalho doméstico. Concluiu-se que as desigualdades socioeconômicas entre as participantes contribuíram para as diferentes significações dadas ao trabalho doméstico e às experiências decorrentes. As falas das mulheres revelaram o peso da realidade socioeconômica na significação e no valor atribuído às suas funções e à condição feminina.
2022-12-06T14:20:14Z
Santos,Luciana da Silva Diniz,Gláucia Ribeiro Starling
De perto, de longe, de fora e de dentro: a formação do observador a partir de uma experiência com o método Bick
Este relato de experiência teve por objetivo analisar o processo de formação do estagiário de Psicologia como observador da relação mãe-bebê-família, seguindo o método Bick de observação. A perspectiva fenomenológica foi utilizada como marco teórico para a análise dos dados. Foram analisados extratos do diário de campo, que continha os registros das observações sistematizadas pelo estagiário. A análise temática dos relatos escritos focalizou as vicissitudes da atividade de observação notadamente em dois momentos de realização do estágio: na 1ª e na 20ª observação. Desses momentos, descreveram-se os movimentos de aproximação, distanciamento, reaproximação e finalização do estágio. Isto possibilitou a emergência de questionamentos acerca do fazer profissional e do estabelecimento dos vínculos com a família e seus membros, bem como do impacto dessas experiências para a vivência do observador em formação. A observação foi destacada nesta experiência como um instrumento que expande as potencialidades do futuro profissional clínico, ampliando a capacidade de continência do estagiário para fazer frente às adversidades da vida, inclusive em situações de intenso impacto psíquico.
2022-12-06T14:20:14Z
Scorsolini-Comin,Fabio Nedel,Angelita Zamberlan Santos,Manoel Antônio dos
Medos infantis, cidade e violência: expressões em diferentes classes sociais
O objetivo deste trabalho é ilustrar manifestações do medo infantil, considerando a classe social como um possível balizador. Tomando como eixo condutor uma pesquisa realizada em três escolas na zona sul do Rio de Janeiro, buscamos mostrar o efeito da violência nas produções subjetivas infantis, mais especificamente o medo, em crianças de diferentes classes sociais. Para isto, foi utilizado o desenho como ferramenta de análise. Evidenciaram-se diferentes produções de crianças pertencentes a diferentes classes sociais. Por fim, buscamos, igualmente, ressaltar o papel da mídia como um potente agenciador de subjetividade no tocante ao estímulo a uma cultura do medo.
2022-12-06T14:20:14Z
Vilhena,Junia de Bittencourt,Maria Inês Garcia de Freitas Zamora,Maria Helena Novaes,Joana de Vilhena Bonato,Maira de Carvalho Rosa
Torna tua a herança de teu pai: o Nome-do-Pai na psicanálise lacaniana
Este artigo percorre alguns momentos no desenvolvimento do conceito lacaniano do Nome-do-Pai. Toma como ponto de partida os escritos de Freud sobre o recalque e demonstra a importância do pensamento freudiano para a elaboração deste conceito. Três períodos deste trajeto teórico são abordados: o Nome-do-Pai como interdição simbólica ao incesto; o Nome-do-Pai pluralizado como instaurador do inconsciente estruturado como uma linguagem; finalmente, seu papel na teoria dos nós borromeanos. Para tanto, faremos uma breve passagem pela matemática transfinita, cuja lógica perpassa algumas das elaborações lacanianas. O fio condutor deste percurso será a própria possibilidade do inconsciente, seja ele tomado como o material recalcado, seja como a articulação entre os significantes.
2022-12-06T14:20:14Z
Andrade Júnior,Moisés de
Reflexões sobre a clínica-escola, a psicanálise e sua transmissão
Muitas são as questões que surgem a partir da experiência de iniciação à escuta clínica nos ambulatórios universitários. O que esta clínica ensina? E de que maneira ela pode participar do processo de transmissão da psicanálise que se dá na universidade? Esta parece ser a questão primeira, com a qual nos defrontamos, quando buscamos pensar as relações entre a clínica e a universidade. Delimitamos nosso artigo em torno da possibilidade de transmissão da clínica psicanalítica na clínica-escola e das incidências desta prática naquele que a exerce. Trata-se de nos interrogarmos sobre a possibilidade de transmissão da clínica psicanalítica, da sua ética e do seu ato, em uma clínica-escola.
2022-12-06T14:20:14Z
Marcos,Cristina Moreira
Contratransferência e enquadre psicanalítico em Pierre Fédida
Objetivamos sublinhar o fecundo e complexo pensamento de Fédida sobre a técnica psicanalítica, tratando da articulação das noções de contratransferência e de enquadre no dispositivo clínico psicanalítico. Sua concepção de contratransferência tem como modelo implícito a relação fictícia mãe-bebê, na qual a mãe é uma receptora capaz de ressonância com o estado psíquico da criança para ativação da linguagem e consequente alívio de seu sofrimento. Ele identifica na contratransferência uma função que regula a "experiência intersubjetiva" analista-paciente e tem a função de para-excitação, que se rege em nível pré-consciente capaz de nomeação. Isso é o que sustenta o enquadre analítico como espaço de potência, que engendra a situação analítica. Destacamos o estilo evocativo da escrita de Fédida, que mobiliza o pensar e o insigth, próprio da metapsicologia freudiana. Desse modo, suas elaborações contribuem, significativamente, para maior compreensão da psicoterapia psicanalítica.
2022-12-06T14:20:14Z
Dias,Helena Maria Melo Berlinck,Manoel Tosta
Freud e a transferência dos psicóticos
O objetivo deste artigo é mapear os escritos de Freud sobre a transferência dos pacientes psicóticos demarcando quatro etapas. A particularidade deste trabalho consiste exatamente na divisão da experiência freudiana das psicoses em quatro períodos que salientam a questão da transferência com caráter central na experiência com psicóticos. No primeiro período veremos que Freud utiliza a prática do diagnóstico de maneira bastante flexível, no entanto é a partir deles que a noção de transferência aparece. Num segundo momento, Freud duvida que seja possível o tratamento psicanalítico das psicoses. No momento seguinte, Freud manifesta significativo interesse pela clínica das psicoses. Na quarta e última etapa, Freud analisa as relações entre normalidade e anormalidade e avalia as possibilidades da análise de psicóticos. Apresentamos ainda um caso pouco assinalado de um paciente de Freud, pois acreditamos que compreender o pensamento de Freud a partir da experiência clínica é importante para que se compreenda o conjunto de sua obra.
2022-12-06T14:20:14Z
Bocchi,Josiane Menendez,Jimena Garcia Oliveira,Luiz Eduardo Prado de
Sexualidade infanto-adolescente e seu reconhecimento como direitos humanos: a necessidade de mais reflexão e teorizações
Este artigo parte do reconhecimento da importância de colóquios científicos para a reflexão sobre os direitos humanos de crianças e adolescentes, criticando a dicotomia entre teoria e prática. Aborda a sexualidade infanto-adolescente no contexto geral da sexualidade humana, situando-a no marco internacional dos direitos humanos, do direito constitucional brasileiro e da sua dogmática vigente. Analisa tal dogmática à luz dos paradigmas ético-políticos e dos princípios jurídicos, submetendo aquela a estes.
2022-12-06T14:20:14Z
Nogueira Neto,Wanderlino
Os direitos sexuais e o enfrentamento da violência sexual
O artigo tem como temática a problematização acerca da emergência dos direitos sexuais como direitos humanos e dos processos de criminalização contemporâneos que se materializam na violência sexual, colocando em análise suas múltiplas formas de entendimento e delimitações. Busca-se visibilizar produções de saberes - sempre articulados a relações de poder - para pôr em questão processos de subjetivação, a partir da análise do funcionamento do poder biopolítico e seus efeitos na contemporaneidade.
2022-12-06T14:20:14Z
Bicalho,Pedro Paulo Gastalho de Geraldini,Janaina Rodrigues Magalhães,Kely Cristina Cassal,Luan Carpes Barros
Direitos da criança e do adolescente: um debate necessário
Para dar força de lei aos direitos da criança, a Organização das Nações Unidas constituiu, em 1979, um Grupo de Trabalho que deu início à elaboração do texto da Convenção sobre os Direitos da Criança, debatido durante 10 anos. Adotada por unanimidade, a Convenção é considerada um dos mais importantes instrumentos de direitos humanos jamais adotado pela comunidade internacional. No entanto, e sem que isto implique desconsiderar a sua importância, a Convenção deve ser problematizada, levando-se em conta os dez anos em que o pré-texto foi debatido, a complexidade de suas afirmações e as dificuldades existentes para sua efetivação.
2022-12-06T14:20:14Z
Arantes,Esther Maria de Magalhães
Por uma agenda positiva dos direitos sexuais da adolescência
O artigo busca esclarecer as dimensões dos chamados direitos sexuais de adolescentes com base em perspectivas empíricas, tanto qualitativas quanto quantitativas. A partir de entrevistas em profundidade e um inquérito domiciliar com jovens sobre conhecimento, experiências e valores associados à sexualidade, o artigo procura demonstrar que a "conversa sobre sexo" é limitada no âmbito da família, da escola e nos serviços de saúde. O acesso à informação e familiaridade com a temática da sexualidade constitui-se em um direito sexual de primeira linha para adolescentes e jovens, a despeito das convicções morais do entorno social.
2022-12-06T14:20:14Z
Heilborn,Maria Luiza
Direitos sexuais de crianças e adolescentes: avanços e entraves
O tenso encontro entre infância/adolescência e sexualidade é questão fundamental do presente trabalho. Neste sentido, pretende-se analisar de que modo instituições de atendimento que lidam com o público infanto-juvenil se posicionam frente à garantia dos direitos sexuais e reprodutivos destes sujeitos. As reflexões apresentadas foram construídas a partir de um recorte de situações vivenciadas em duas pesquisas de campo, realizadas em instituições de educação e saúde. Os excertos analisados sugerem que há uma dificuldade em se garantir, nas práticas institucionais, os direitos sexuais de crianças e adolescentes (e reprodutivos destes últimos), visto que há uma indiferenciação entre sexualidade e genitalidade, representação esta que afeta a compreensão dos limites entre autonomia e proteção. Compreende-se que para que se possa efetivar a garantia destes direitos é necessário que crianças e adolescentes participem desta construção teórico-prática.
2022-12-06T14:20:14Z
Carvalho,Cíntia de Sousa Silva,Elisângela Ribeiro da Jobim e Souza,Solange Salgado,Raquel Gonçalves
A sexualidade adolescente a partir de percepções de formuladores de políticas públicas: refletindo o ideário dos adolescentes sujeitos de direitos
Este artigo tem como objetivo debater a possibilidade de afirmação da sexualidade como um direito dos adolescentes, explorando como diferentes perspectivas em relação à sexualidade adolescente se articulam no discurso e atuação de atores do campo de garantia de direitos de crianças e adolescentes. A construção do ideário dos direitos sexuais e do paradigma das crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, trazido pela mudança no marco legal brasileiro com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), serve de base para um debate acerca da possibilidade de os adolescentes serem titulares de direitos sexuais. O trabalho se propõe contribuir para uma reflexão mais geral sobre o quanto a sexualidade adolescente coloca em xeque tanto o ideário dos adolescentes sujeitos de direitos como o processo de universalização dos chamados direitos sexuais.
2022-12-06T14:20:14Z
Leite,Vanessa
Adolescências, autonomia e direitos sexuais: fragmentos de histórias de meninas abrigadas
A relação entre autonomia, adolescência e direitos sexuais levanta questões importantes para o cotidiano de instituições de acolhimento institucional. Adolescentes abrigadas que possuem vida sexual ativa nos interpelam sobre nossos valores morais no campo da sexualidade. Este artigo discute perspectivas de sexualidade e de exercício dos direitos sexuais entre meninas adolescentes em situação de acolhimento institucional a partir da noção de autonomia, desenvolvida nas instituições do Estado como estratégia de proteção.
2022-12-06T14:20:14Z
Uziel,Anna Paula Berzins,Felix Augusto Jacobson
Violência e exploração sexual infanto-juvenil: uma análise conceitual
A criminalização de condutas afetas a situações em que crianças e adolescentes são vítimas de abusos, violências ou explorações de natureza sexual não se exaurem no Código Penal, visto que o Estatuto da Criança e do Adolescente tem, em suas contínuas reformulações, se ocupado do tema. A compreensão de humanidade passa pela compreensão e respeito à infância/adolescência em todas as suas etapas. Neste sentido, a violência sexual constitui uma forma extrema de agressão, de desconstituição desta humanidade.
2022-12-06T14:20:14Z
Veronese,Josiane Rose Petry