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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DO PANTANAL MATO-GROSSENSE: INTERFACES ENTRE CULTURA, ECONOMIA E GLOBALIZAÇÃO
O presente artigo busca apontar as transformações nas técnicas de manejo da pecuária e nas relações sociais de um grupo de famílias residentes no Pantanal de Cáceres – Mato Grosso, Brasil. Para tanto, adota como técnicas de pesquisa a observação direta e a realização de entrevistas com representantes de duas gerações. Conclui-se que, inserida em um contexto em que as pastagens cultivadas proporcionam maior lucratividade, a tradição pantaneira não se inscreve no presente como prolongamento do passado, mas sim como aspectos mutáveis comandados pelo ritmo incessante das transformações. A globalização e a modernização são desafios para o desenvolvimento sustentável fazendo-se necessário que a proteção ecológica caminhe simultaneamente com as transformações culturais e os anseios econômicos dos habitantes do Pantanal.
DIFERENCIAÇÃO CAMPONESA NA DEPRESSÃO SERTANEJA SEMI-ÁRIDA DO CEARÁ
Analisaram-se os impactos provocados por determinados componentes do padrão tecnológico adotado pela agricultura brasileira, sobre as relações sociais de produção em Unidades Familiares (UFs) rurais da Depressão Sertaneja no semi-árido do Ceará. 96 UFs foram diferenciadas a partir de dados originais no tocante à composição e produtividade do fator trabalho e do nível de mecanização. Como resultados sobressaem: (i) presença da força de trabalho assalariado sazonal, em todas as UFs rurais, excetuando-se as da Comunidade de Tapera e (ii) a maioria das UFs apresentaram baixo índice de mecanização. Assim, as UFs de Tapera, Queimadas e Lustal II se constituíram nas que sofreram menores transformações internas do trabalho familiar, relacionadas às variáveis de baixa mecanização, caracterizando-se assim, como camponesas. Essas UFs podem servir de base para a (re)estruturação de um modelo alternativo de desenvolvimento, contrário à racionalidade globalizadora. A alta intensificação de seu fator trabalho, indicando sua máxima mobilização aliada à baixa dependência da mecanização e importante presença de jovens, permite vislumbrar que ainda controlam recursos desse sistema agrário marginal e ameaçado, convidando para sua restauração e aperfeiçoamento.
2012
Vidal, Déia de Lima Alencar, João Vitor de Oliveira
HACIA UNA GEOGRAFÍA ÚTIL: EL PAPEL DE LA GEOGRAFÍA EN EL SIGLO XXI EN ESPANHA
La Geografía sigue siendo una disciplina de poca utilidad para la sociedad y las distintas administraciones, organismos y entidades públicas y privadas. Con todo, constantemente, un mayor número de geógrafos ejercen su actividad profesional como técnicos de organismos para el fomento del desarrollo local y de consultorías especializadas en cuestiones territoriales y ambientales, entre otras. Esta situación se debe principalmente a las deficiencias del sistema formativo universitario, la inexistencia e/o ineficaz gestión de prácticas profesionales para el alumnado y la falta de contenidos técnicos que permitan al alumnado conocer y utilizar técnicas y herramientas que puedan aplicarse con posterioridad durante su actividad laboral. El geógrafo brasileño M. Santos propone en un número importante de sus obras la necesidad de poner en marcha una nueva forma de hacer Geografía. En su opinión, ésta debe ser útil para la sociedad y debe posicionarse como una disciplina que permita fomentar la ordenación del espacio geográfico.
ANÁLISE AGRÁRIA DA MULTIFUNCIONALIDADE DA TERRA NA PROVÍNCIA DE ALICANTE – ESPANHA
A Espanha, com o fim da ditadura Franquista (1975), e a entrada na União Européia (UE) em 1986, passou a receber forte apoio financeiro (ajuda e subvenções), dos Fundos de Orientação e Garantia Agrária (FEOGA) e da Política Agrícola Comum (PAC). Estes investimentos tem tido uma importância capital na recente transformação dos espaços rurais espanhóis. No caso da Província de Alicante - Espanha, esta tem passado ao longo das últimas décadas, por intenso processo de alterações sócio-ambiental e territorial, tendo a água como principal aspecto de insustentabilidade ambiental dos sistemas produtivos (industriais e agrícolas), bem como os fortes investimentos nas áreas turísticas. Em relação a estrutura fundiária, na Província de Alicante predominam as pequenas propriedades rurais com cultivos de secano (amêndoas, oliva, uva para vinícola, etc.) e irrigados (hortaliças, citros, frutas, etc). Assim, a implantação das políticas agrícolas da União Européia no campo alicantino, através do conceito de multifuncionalidade rural, tem ocasionado aumento da concentração fundiária, empobrecimento e abandono dos pequenos e médios agricultores, aumento da concorrência com produtos externos, incentivos à especulação imobiliária, tendo o turismo como vetor principal.
2012
Nunes, João Oswaldo Rodrigues Serrano, José Antônio Segrelles
A GENEALOGY OF BLACK ORGANIZING IN BRAZIL
This article argues that the vast literature on “new social movements” misrepresents the historicity of identity-based organization in Latin America. Such organizing is indeed much older than the literature suggests. To prove this argument, I provide a genealogy of black, identitybased organizing in Brazil. This genealogy makes clear that black organizing started when Africans first arrived in Brazil. To explain the ebbs and flows of this organizing, the theoretical frameworks of Sidney Tarrow and Susan Epstein, who focus on political opportunities and changing repertoires, respectively, prove to be more useful.
NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS, GLOBALIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO: A PARTICIPAÇÃO DO MST
O Neoliberalismo e outros aspectos da globalização que afetam negativamente as massas na América Latina fizeram as classes populares reavaliarem sua participação nos partidos políticos e na política que não lhes empoderou. Na sublevação de Caracas em 1989, novos movimentos começaram a se formar e crescer como, por exemplo, o Movimento V República da Venezuela, os Zapatistas no México, os movimentos indígenas no Equador (CONAIE) e na Bolívia (Cocaleros e federações/sindicatos de camponeses). O Movimento Sem Terra (MST) - o maior dos novos movimentos sociais - apresenta ao mesmo tempo seu potencial e suas limitações como se observa no fato do Partido dos Trabalhadores de Lula não realizar a profunda reforma agrária que o MST reivindica e, ao contrario, apóia o agronegócio.
ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO E DESESTRUTURAÇÃO DA COOPERATIVA DE AGRICULTORES ASSENTADOS TERRA VIDA – COOPERVIDA, RS
Este artigo analisa o processo de constituição e desestruturação da Cooperativa de produção, serviços e comercialização Terra Vida/COOPERVIDA, localizada no Assentamento Ceres, município de Jóia, Rio Grande do Sul (RS). Esse Assentamento foi formado em 1997, como resultado da compra pelo INCRA da chamada Granja Ceres, considerada altamente especializada na produção intensiva de leite. À COOPERVIDA caberia assumir a infraestrutura produtiva da antiga Granja e utilizar uma área de 200 hectares com a atividade leiteira, além de tutorar os assentados tanto na produção quanto na comercialização leiteira. Contudo, as conjunturas da ocorrência da febre aftosa no ano de 2000, da valorização do preço da saca de soja, da introdução de sementes transgênicas, da conjuntura internacional do mercado de lácteos, da aplicação dos créditos do PROCERA, além da lógica do rolo, foram fatores determinantes tanto para que a COOPERVIDA desestruturasse sua base produtiva física (área de terra e infraestrutura), quanto para que sua base social perdesse a confiança e referência. Deste modo, problematiza-se a trajetória da COOPERVIDA desde os processos que desencadearam sua fundação até sua desestruturação.
2012
Piccin, Marcos Botton Ballbianco, Vinícius Trevisan, Marcelo Piccin, Maurício Botton
LUTAS CAMPONESAS E DIFERENTES ATIVIDADES ASSOCIATIVAS NOS ASSENTAMENTOS DE SEM-TERRA
Os camponeses têm por meio de suas lutas e resistências se territorializado. O MST possui destaque neste processo, contribuindo para que o campesinato conquiste o acesso a terra. A trajetória de lutas no movimento tem desdobramentos nas formas de organização nos assentamentos, com a realização de variadas atividades associativas e coletivas. Estas são formas utilizadas pelos assentados para garantir a sua manutenção e existência no campo. Verifica-se também nos assentamentos de sem-terra, um conjunto de relações resultantes do aprendizado ocorrido no decorrer das lutas destes sujeitos.
AGRONEGÓCIO E IDEOLOGIA: CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS
Nos últimos anos o debate sobre a conceituação do agronegócio tem superado o plano instrumental e assumido um caráter teórico mais avançado ao situar o agronegócio como atividade promotora de importantes transformações econômicas, culturais, políticas e espaciais. O resultado desse caminho é que hoje podemos considerar o agronegócio como um verdadeiro metametaconceito. No presente texto pretendemos contribuir teoricamente na elucidação da relação entre agronegócio e ideologia destacando os principais debates sobre o conceito de ideologia e como o agronegócio construiu um aparato discursivoideológico que impacta diretamente na dinâmica socioespacial brasileira.
DO SONHO À DEVASTAÇÃO, ONDE TUDO SE (RE)CONSTROI: EXPERIÊNCIAS E MEMÓRIAS NAS LUTAS POR TERRA DA REGIÃO DO CARIRI- CE
Esse artigo pretende discutir sobre as formas das lutas pela terra construídas pelos camponeses do assentamento 10 de Abril, localizado no município de Crato, região do Cariri. Nosso trabalho mostra como a história da comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, destruída pelo Governo do Estado do Ceará em 1936, funciona como uma luta de referência que, ao ser rememorado em 1991 por camponeses organizados, criou um fato político que deu origem aos processos de conquista e territorialização do primeiro assentamento rural da região sul do Ceará.
2012
Silva, Judson Jorge da Alencar, Francisco Amaro Gomes de
REFORMA AGRÁRIA NO CONTEXTO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA
Se a Reforma Agrária é uma política pública de mudança social, na qual está conjugada a questão da propriedade com a busca de outro modelo de desenvolvimento, de lógica diferente da dominante, passamos a refletir sobre o atual modelo de Reforma Agrária promovido pelo Estado, e qual o tipo de desenvolvimento que ele implica. Posto esse quadro, recuperamos de forma crítica a proposta atual de se constituir uma economia baseada na solidariedade, esclarecendo que tal solidariedade não pode ser reduzida a um tipo de autogestão restrito a pequenos grupos, mas precisa ter, sobretudo, uma perspectiva totalizante. Articulando as possibilidades da proposta de Economia Solidária com os desafios enfrentados pela Reforma Agrária, concluímos que a mesma somente poderá se qualificar, como uma ação de mudança social, se for orientada por um conjunto de políticas públicas que busquem um tipo de desenvolvimento baseado na autogestão social, integrada e sistêmica.
2012
Benini, Edi Augusto Benini, Elcio Gustavo
TERRITORIALIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO E CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA
Analisamos, neste trabalho, o caráter concentrador do agronegócio como produto das diretrizes neoliberais. Para isso, tratamos sobre os mecanismos de apropriação de territórios no campo brasileiro como uma relação sincrônica com a conjuntura internacional. Com o desenvolvimento de nossas pesquisas, entendemos que o agronegócio é um fenômeno insustentável devido aos processos de concentração e exclusão que lhe são inerentes. Como referencial teórico, fundamentamos-nos nos esforços de abstração da realidade desenvolvidos no Nera (Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária) e em autores como Perry Anderson, Milton Santos, Gilberto Dupas, John Fraser Hart, Roger Burbach & Patricia Flynn e John H. Davis & Ray A. Goldberg. O desenvolvimento do trabalho conta com análise de um banco de dados próprio (Dataluta – Estrutura Fundiária), trabalhos de campo e uma ampla pesquisa em documentos históricos, jornais e trabalhos científicos. Esta pesquisa está vinculada ao projeto “Mudanças da Estrutura Fundiária de Mato Grosso”, financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e apoiada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
2012
Cavalcanti, Matuzalem Fernandes, Bernardo Mançano
OVERTIME IN CHINA: LAW, PRACTICE AND SOCIAL EXCLUSION
In most liberal capitalist societies, the working class is generally protected by laws regulating an 8-hour working day and a 5 day work week. But in China today, such rules are a luxury most laborers do not enjoy. This paper explores overtime working conditions that the Chinese working class currently suffers, especially migrant workers who have flowed from bankrupted rural villages into urban centers by the hundreds of millions. They supply the "surplus" labor force demanded by the booming manufacturing industry as China has quickly become the world´s leading producer of industrial goods. This paper not only documents this tragic situation but tries to answer the question: how could this seemingly pre-modern capitalist phenomenon have occurred in an ostensibily socialist country like China?
A POLÍTICA FUNDIÁRIA DO GOVERNO DA FRENTE POPULAR NO RIO GRANDE DO SUL (1999-2002): DIRETRIZES, LUTA POLÍTICA E RESULTADOS ATINGIDOS
Este artigo tem por objetivo analisar a política fundiária executada pelo governo da Frente Popular, no estado do Rio Grande do Sul – Brasil, levando-se em consideração as suas diretrizes, a dinâmica da luta política travada entre os atores sociais do meio rural e os resultados globais atingidos. O ineditismo deste governo está relacionado ao fato deste ter sido sustentado e apoiado por uma coalizão de partidos de esquerda e por um conjunto de movimentos sociais e entidades sindicais do campo, o que foi determinante na apresentação de um programa antagônico às políticas neoliberais em vigor em âmbito nacional. Por essa razão este governo comprometeu-se em adotar uma política fundiária própria, opondo-se ao programa de reforma agrária de mercado preconizado pelo governo Cardoso, em nível nacional. Os resultados apresentados ao longo do artigo demonstram que a despeito dos compromissos assumidos e, em face das limitações legais, institucionais, econômicas e políticas existentes, o espaço de atuação dos governos estaduais somente pode ser pensado em caráter complementar as ações do governo federal.
O CONCEITO DE TERRITÓRIO E O AGROARTESANATO
O território congrega múltiplas formas da dinâmica social no espaço; formas produzidas, reproduzidas e ressignificadas historicamente a partir de códigos concretos e abstratos de sociabilidade. A produção e a transformação familiar e artesanal de alimentos ou, “simplesmente”, o agroartesanato tem origem antiga, vinculada ao patrimônio cultural de territorialidade do campesinato europeu, especialmente italiano, polonês e alemão. O agroartesanato, complementar à dinâmica agropecuária camponesa, apresentava-se associado à policultura familiar como produção subsistencial. Elementos tradicionais agregados a essa gênese histórica ainda permanecem, em certo grau, na dinâmica territorial do agroartesanato em Francisco Beltrão/PR e no Sudoeste paranaense. No artigo, iremos apresentar a leitura que adotamos ao abordar o conceito de território sob a égide da pesquisa que desde 2002 desenvolvemos sobre o território do agroartesanato no Sudoeste paranaense.
MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: VINTE ANOS SEM CHICO MENDES
Governo do Estado do Acre, instituições do governo federal, Comitê Chico Mendes, representantes do sindicalismo rural e Rede Globo tomaram a iniciativa em 2008, de marcar através de uma série de eventos, os “vinte anos sem Chico Mendes”. As diversas encenações anunciadas procuram coroar em “alto estilo” uma monumental transmutação do legado revolucionário de uma das principais lideranças do sindicalismo rural na Amazônia brasileira, convertido em pacato “ambientalista”. O objetivo desta Comunicação é mostrar que essa transmutação foi habilmente articulada pelo Estado (no sentido ampliado) na tentativa de re-significar a natureza e a cultura para fins de legitimação da ideologia do “desenvolvimento sustentável” e assim, facilitar o processo de espoliação em curso na Amazônia. Nas conclusões, procura-se mostrar que apesar de bem sucedida no decorrer dessas duas décadas, essa estratégia começa a mostrar sinais de esgotamento, existem evidências de retomada da “voz” por parte de alguns movimentos sociais na região, como é o caso da Via Campesina. A abordagem está referenciada no método histórico comparativo e na análise de processos e fenômenos sociais vinculados ao ambientalismo internacional.
2012
Paula, Elder Andrade de Silva, Sílvio Simione da
A CONSTRUÇÃO DE TERRITÓRIOS NA MIGRAÇÃO POR MEIO DE REDES DE RELAÇÕES SOCIAIS
Considerando que, de maneira geral, as teorias clássicas que tratam das migrações apoiaram-se, principalmente, em análises macroeconômicas dando ênfase, sobretudo, às determinações econômicas em detrimento dos fatores políticos e culturais, fez-se necessário, nos últimos anos, estudar e tentar elaborar uma concepção mais ampla e multifacetada dos processos migratórios. Para tanto, o debate sobre o território foi e permanece bastante fecundo, evidenciando-se as determinações econômicas, políticas e culturais e, substantivando uma abordagem multidimensional do território e da migração que reconhece e destaca o papel exercido pelas redes de relações sociais. Assim, entendemos o fenômeno migratório como produto e produtor de uma complexa trama territorial entre os territórios de origem e de destino dos migrantes. Tramas que objetivam interações em rede em virtude das relações sociais que se estabelecem na mobilidade, através dos vínculos, dos contatos e das ajudas tecidas no cotidiano entre migrantes e não-migrantes.
2012
Saquet, Marcos Aurélio Mondardo, Marcos Leandro
LA ECOLOGÍA Y EL DESARROLLO SOSTENIBLE FRENTE AL CAPITALISMO: UNA CONTRADICCIÓN INSUPERABLE
El progresivo deterioro ambiental y la creciente destrucción de los recursos naturales a escala planetaria constituyen una clara evidencia de lo que es capaz de generar un modelo basado exclusivamente en el crecimiento económico y la obtención de beneficios inmediatos, pero también son un signo elocuente de los propios límites que presenta el capitalismo, pues este modo de producción no puede renunciar a la explotación de la mano de obra y de los países dependientes ni al saqueo de los recursos naturales. Por lo tanto, no puede haber acuerdo o convivencia armónica entre la ecología y el desarrollo sostenible, por un lado, y la economía de mercado, por otro, puesto que son claramente incompatibles. El capitalismo, con su lógica inmanente, hace inviable tanto la ecología ambiental como la ecología social, al mismo tiempo que el desarrollo sostenible es una falacia del sistema porque en su mismo nombre encierra una contradicción insuperable.
ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA NA DEFESA E CONSERVAÇÃO DO CERRADO: O CASO DA REGIÃO SUL DO MARANHÃO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar alternativa de desenvolvimento para o cerrado, mediante a implantação de Projetos de Assentamento Agroextrativistas. Esta modalidade de assentamento destina-se a aplicação de políticas públicas da Reforma Agrária para o uso sustentável dos recursos naturais, com reflexo na valorização das comunidades tradicionais. O estudo foi realizado no Sul do Estado do Maranhão, em área com proposta de criação de projeto de assentamento humano, onde residem trabalhadores rurais que ainda resistem à pressão do agronegócio. A proposta visa contrapor a monocultura intensiva na região, mediante a adoção de um modelo de desenvolvimento ajustado às peculiaridades do cerrado, a exemplo dos projetos agroextrativistas implantados nas Ilhas e várzeas da floresta amazônica. O estudo revela a importância dos saberes regionais na estruturação de projetos de assentamento, fundamentais para a preservação do meio ambiente, da cultura e das tradições, e, por conseguinte, para êxito do empreendimento.
TERRORISMO À BRASILEIRA: A RETÓRICA DA VEZ DA CLASSE DOMINANTE CONTRA O MST
A tentativa da elite ruralista do país de associar as ações do MST com os atos de grupos terroristas contemporâneos, em sintonia com os meios de comunicação hegemônicos, é o objeto de reflexão do artigo. Essa manobra é evidenciada pela análise de dois documentos – uma reportagem da revista de maior circulação do país e um encaminhamento de projeto de lei no Congresso Nacional – e das conexões existentes entre eles. Mediante desconstrução dessa associação, pretende-se também expor o contraponto do argumento acusatório do caráter violento do MST, por meio da reunião de dados de pesquisas que indicam como áreas violentas aquelas inerentes aos pólos de expansão do agronegócio.