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Este trabalho tem por objetivo observar e refletir a vinculação entre velhice e finitude, com auxílio de textos teóricos que abordem esses assuntos, entre esses destaco Edgar Morin com sua discussão acerca da morte e da consciência de finitude própria ao humano, culminando na análise de uma compreensão da morte que traz o romance “As horas nuas” da escritora Lygia Fagundes Telles. Por ser o texto literário por si só complexo, dando margem a muitas visões, as conclusões possíveis são muitas; aqui, entretanto, o recorte foi para uma das maneiras de entrever a reação humana ante a morte de buscar uma falsa eternidade como meio de fugir à finitude que nos é própria.

Neste trabalho pretendemos sistematizar elaborações concernentes ao relacionamento entre a História e a Literatura, a partir da pesquisa bibliográfica acerca do tema e análise do romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles. A leitura baseia-se no referencial teórico de estudiosos o assunto, como Paul Veyne, Flávio Loureiro Chaves, Peter Burke e Valdeci Rezende Borges. Compreendemos que há duas principais proposições que devem ser consideradas ao pensar a relação entre História e Literatura: a primeira, é que se trata de discursos com características, métodos e objetivos distintos; a segunda, que os textos ficcionais são pautados não na veracidade dos fatos, mas na verossimilhança interna da narrativa, podendo, não raras vezes, fornecer uma complementação ao leitor, não apenas do ocorrido, mas daquilo que poderia acontecer.

Este artigo visa analisar o conto “Venha ver o pôr do sol”, de Lygia Fagundes Telles, à luz da hermenêutica simbólica. Pretende-se observar a presença de mitemas que atualizam o mito de Medusa. Verifica-se o olhar simulador de Ricardo, por meio do qual o leitor adentra o seu labirinto psíquico; o olhar da vaidade que cega Raquel e Ricardo, levando ambos à petrificação do amor; o olhar do narrador que, num jogo (re)velado, conduz o leitor pelo espaço labiríntico do texto à compreensão das personagens e suas reações. Detém-se também na constelação de imagens composta por um anjo de cabeça decepada, pedras, pedregulhos, mármores e ferro. Juntas, compõem o cenário labiríntico, denunciam a hostilidade do espaço físico e do sentimento dos protagonistas, assim como prefiguram a morte de Raquel.

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O tópico marcado pertence à categoria linguística que se manifesta no uso da língua estruturalmente, portanto, pertence à sintaxe; desempenha determinadas funções comunicativas, logo, é da ordem da pragmática; e apresenta determinados traços que o torna distinto de outras categorias da língua, por isso, pertence à semântica. Este trabalho visa descrever as construções de tópico do ponto de vista sintático. Sob esta ótica, podemos descrever o tópico por pelo menos dois vieses: (a) primeiro, levando-se em conta a terminologia tradicional, o que, à certa altura, trará limitações à descrição; (b) segundo, levando-se em conta a ideia defendida por Perini (2006), para quem a categoria tópico pode ser vista como categoria sintática, mas não nos termos da descrição da gramática normativista tradicional ou qualquer outra perspectiva que não cuide da língua falada, real. É no viés da língua em uso que o nosso trabalho se enquadra, o qual é apoiado em Lambretch (1994), para quem a articulação tópico comentário está atrelada a intenções comunicativas do falante, as quais refletem a estrutura gramatical das sentenças de uma dada língua, no nosso caso, o português. A concepção de tópico adotada por Lambrecht (1994) tem a ver com a concepção de sujeito da gramática normativa, ou seja, “The topic of sentence is the thing which the proposition expressed by the sentence is ABOUT”. (LAMBRECHT, 1994, p. 118). Analisando sentença do PB com base em Lambretch (1994) e Li e Thompson (1976), chegamos às seguistes propriedades do tópico marcado: aparecimento com pronome cópia na sentença-comentário ou com pronome ou item lexical homônimo na sentença-comentário; manifestação em cadeia; estruturado em forma de adjunto sem cabeça ou em forma de Adjunto; frequentemente, desenha-se em forma de SN, no início da sentença; ausência de sintatização com termos da sentença-comentário; concordância com o verbo, embora rara; externo à sentença.

O presente texto traz as reflexões realizadas no projeto de pesquisa Eva Luna: representações do feminino, que teve como objetivo geral possibilitar uma visão das relações de gênero, constantes na obra Contos de Eva Luna (2001), de Isabel Allende, tendo como aportes teóricos suportes da crítica literária feminista e fundamentos de Análise do Discurso. A pesquisa qualitativa tomou como corpus analítico quatro dos Contos de Eva Luna, da chilena Isabel Allende: “Duas palavras”, “Menina perversa”, “Boca de sapo” e “Se tocasse meu coração”, como ficções representativas da literatura contemporânea hispano-americana, cujos enredos enfocam a mulher em contextos distintos, vivendo situações inusitadas, que se mostram propícias à discussão do papel e do espaço feminino.

Aqui se apresentam as estratégias compositivas mediante as quais se encena a manifestação do sagrado no “Retábulo de Santa Joana Carolina”, narrativa integrante do livro Nove, Novena, de Osman Lins (1924 – 1978). Paralelamente, se reflete sobre a dimensão crítica que subjaz ao texto, demonstrando que a hierofania ali encenada vai de encontro tanto à fragmentação do conhecimento, típica do mundo contemporâneo, quanto à instrumentalização da vida, da natureza e da linguagem. O método adotado na interpretação do significado da obra é o da escuta de suas questões, que se manifestam em sua estrutura e em suas relações com o mundo.

Trata-se do encontro de um recorte da psicanálise freudiana com a produção mais significativa do poeta caribenho Derek Walcott: Omeros (1994), o imenso poema em homenagem ao povo e à paisagem caribenha que culminou com a outorga do Prêmio Nobel de Literatura, em 1992, a esse negro escritor criativo pós-colonial. A régua de Freud, em seu antológico artigo “Escritores criativos e devaneios” (1970), para avaliar o sério brinquedo do escritor adulto, é o principal viés teórico deste trabalho na interface da psicanálise com a literatura.

O atual artigo pretende interpretar o livro de poesias intitulado Livro das Ignorãças, de Manoel de Barros. Para tal, valer-nos-emos do complexo conceito de Ser-no-mundo, conforme proposto pelo filósofo alemão, Martin Heidegger. A partir da discussão sobre o que é o mundo à volta do ser – até que ponto é o que ele vê e até que ponto é um construto eternamente “em construção” simbionticamente atrelado ao sujeito –, a desconcertante poesia analisada revelará a beleza do não dito, ressignificando até mesmo o que há de mais próximo a nós em nosso cotidiano. Pretensamente, este artigo tentará apontar que a matéria-prima da poesia de Manoel de Barros é o thauma: o espanto que toma conta do leitor da mesma, desde o título do livro em que está inserida, brincando com seus conceitos.

Este trabalho propõe uma leitura do romance Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, da qual se extraia a inexistência de um sentimento amoroso ligando Quixote a Dulcineia. Para fundamentar tal leitura, serão traçados paralelos da obra com o diálogo Banquete, de Platão, e com o romance A máquina fantástica, do escritor argentino, Adolfo Bioy Casares.

O presente artigo é uma proposta de investigação sobre a forma pela qual três escritores modernos, a saber: Fernando Pessoa, Paul Valéry e Thomas Mann, leem o mito fáustico por diferentes interpretações sobre o fracasso do conhecimento, ou seja, a apropriação artística do mito fáustico por parte de Thomas Mann, a apropriação filosófica de Pessoa e a apropriação dramática de Valéry seriam todas interpretações distintas da tragédia do conhecimento, cujo desenvolvimento residiria na ideia de reconhecimento. A ideia de reconhecimento será entendida a partir do filósofo americano Stanley Cavell, uma vez que o autor entende que o reconhecimento encontra-se tanto no cerne do desenvolvimento da tragédia quanto no do ceticismo. Dessa forma, busca-se compreender de que forma a ideia de reconhecimento norteia a leitura dos Faustos modernos pelos diferentes níveis do fracasso do conhecimento.

A lírica de Alice Ruiz S. tem um foco muito interessante que a torna bastante peculiar: é a integração do eu-lírico com a natureza. Seus versos transmitem um contato íntimo com o vento, a lua e seus componentes noturnos são confidentes, a queda suave das flores de ipê, flamboyant ou azaleias, ou das painas que a “acompanham” na volta para casa. A fundamentação teórica considera as abordagens de Chevalier; Gheerbrant, Bachelard, Alves, Nascimento e outros. Este artigo tem por objetivo analisar a recorrência de imagens poéticas de elementos da natureza, principalmente de flores e árvores, nas produções de Alice Ruiz S. Um dos resultados da análise dos poemas foi a presença da interação entre o Ser versus o Cosmos, pois os poemas de Alice Ruiz S. têm uma relação privilegiada com o vento, as flores, as árvores e a luz, enfim,com o planeta, onde o eu-lírico vai buscar inspiração em outras culturas, como a nipônica, seguindo os preceitos do Animismo e Shintoísmo.

O propósito deste artigo é discutir a parodização histórica e literária na narrativa de Galvez imperador do Acre, do amazonense Márcio Souza, publicada em primeira edição em 1976. A narrativa, entrecruzada de referências que dialogam entre si em retomadas históricas e literárias, conta as aventuras do espanhol Luiz Galvez, passadas no fim do século XIX e são vazadas sob o signo do humor e da ironia, no limite entre a história e a ficção. Para discutir a paródia histórica e a intertextualidade na obra, serão abordados os trabalhos de Linda Hutcheon, Poética do Pós-Modernismo, e de Lloyd Kramer, Literatura, crítica e imaginação histórica: o desafio literário de Hayden White e Dominick LaCapra.

O presente artigo visa investigar, à luz dos pressupostos teóricos da alegoria, como as personagens na obra Sombras de reis barbudos, de José J. Veiga, sinalizam esteticamente elaborações literárias que favoreçam a uma leitura alegórica da mesma, buscando compreender as personagens como ideias em ação e não como meros tipos humanos. A presente pesquisa concluiu, dentro de sua abordagem alegórica, para a viabilidade de uma leitura em que as personagens possam estar atuando na trama como personificações de qualidades morais, defeitos, vícios, embates ideológicos, visões de mundo do autor que ele empresta às personagens.

Este artigo investiga as intersecções entre Ocidente e Oriente na obra do poeta curitibano, Paulo Leminski, tomando a intertextualidade e a literatura comparada como fios condutores. A partir de noções como presença e interferência, buscamos investigar nos haikais da obra La vie en close (1994) a presença da tradição haikaísta de Matsuó Bashô e como ambos dialogam. Como o próprio haikai é um estilo genuinamente oriental, e por isso mesmo nossa pesquisa situa-se em um local de fronteiras, argumentamos que na obra que selecionamos como corpus de análise não há apenas uma “referencialidade” a suas influências nipônicas, como também uma elisão de relações antipodais entre o Leste e o Oeste.

Verifica-se que a poética de Augusto de Campos apresenta uma séria de elementos estruturais que indicam a presença da cidade em seus textos, embora não de forma figurativa. A partir das representações literárias de cidade propostas por Gonzalo Aguilar e outros autores, este trabalho busca analisar, em obras do poeta paulista, as formas recorrentes da metrópole moderna e outros aspectos ligados à modernidade.

No presente trabalho, propõe-se uma reflexão crítica sobre a noção de subjetividade presente na peça “O homem e a mancha”, de Caio Fernando Abreu, enquanto associada à ruptura de fronteiras e à transposição de estruturas normativas. Para tanto, pretende-se investigar uma possível interlocução da dramaturgia de Abreu com as teorizações sobre o teatro pós-dramático, conforme apresentadas por Peter Szond (2003).

Este artigo visa relatar a construção do Curso de Extensão em Língua Brasileira de Sinais oferecido pelo Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa e promover uma discussão acerca da formação de professores voltada ao ensino-aprendizagem da LIBRAS. Os aprendizes puderam vivenciar experiências referentes ao processo de ensino-aprendizagem dessa língua por meio de metodologias de ensino e de práticas didáticas, as quais se mostraram facilitadoras desse processo. Os resultados apontam para novos significados da formação em LIBRAS para aproximação de uma educação inclusiva e a importância da disseminação dessa língua, a partir de um viés linguístico e educacional.