RCAAP Repository
Maturação do processamento auditivo em crianças com e sem dificuldades escolares
TEMA: maturação do processamento auditivo em escolares com e sem dificuldades escolares. OBJETIVO: verificar a melhora de resposta com o aumento da idade em habilidades do Processamento Auditivo em crianças com idades de oito, nove e dez anos, com e sem dificuldades escolares, e realizar estudo comparativo. MÉTODO: foram avaliadas 89 crianças sem queixas de dificuldades escolares (Grupo I) e 60 com queixas de dificuldades escolares (Grupo II). Os testes do processamento auditivo aplicados foram o Pediatric Speech Inteligibility (PSI), o Fala com Ruído, o Dicótico Não Verbal (DNV) e o Sttagered Spondaic Word (SSW). RESULTADOS: no Grupo I, foi verificado melhor desempenho na resposta entre as idades de oito e dez anos para todos os testes, mas com diferenças estatisticamente significantes apenas para os testes PSI e SSW. Para o Grupo II, também foi verificado melhor desempenho na resposta com o aumento da idade, com diferenças estatisticamente significantes, para todos os testes. No estudo comparativo entre o Grupo I e o Grupo II, para o desempenho em cada teste e para cada faixa etária, verificou-se melhor desempenho no grupo de crianças sem dificuldades escolares, nas três faixas etárias, nos testes PSI, DNV e SSW. CONCLUSÃO: neste estudo, verificou-se a melhora de resposta com o aumento da idade, estatisticamente significante, no desempenho de habilidades do processamento auditivo para as faixas etárias entre oito e dez anos, tanto em crianças sem dificuldades escolares como nas com queixa de dificuldades escolares. No estudo comparativo, verificou-se que as crianças do grupo com dificuldades escolares apresentaram pior desempenho em todos testes aplicados e para as três faixas etárias, sugerindo atraso na maturação das habilidades do processamento auditivo neste grupo.
2022-12-06T15:50:03Z
Neves,Ivone Ferreira Schochat,Eliane
Impacto da voz na qualidade de vida de professore(a)s do ensino fundamental
TEMA: relação voz e qualidade de vida. OBJETIVO: avaliar o impacto da voz na qualidade de vida de professores do Ensino Fundamental de escolas públicas. MÉTODO: aplicação do questionário protocolo de Qualidade de Vida e Voz (QVV) em 120 professores. A análise engloba o cálculo do Domínio Global (questões de 1 a 10), a análise descritiva das questões e o cálculo dos coeficientes de correlação de Spearman entre o Domínio Global, a questão "como avalia a sua voz", a idade, o tempo de magistério e a carga horária de trabalho. RESULTADOS: a média do Domínio Global é 84,2 a maioria (49,2%) avaliou a voz como boa, apesar de enfrentarem dificuldades ao falar, especialmente quando se trata de falar forte em ambientes ruidosos e do ar acabar rápido e precisar respirar muitas vezes enquanto fala (questões 1 e 2, respectivamente). A questão isolada apresentou correlação linear significativa com todas as questões do QVV, ao passo que idade e carga horária não apresentaram correlação significativa com nenhuma das questões. Tempo de magistério apresentou correlação com as questões 2 e 5, relacionadas a problemas como falta de ar e depressão, respectivamente. O impacto da voz na qualidade de vida evidencia-se, portanto, no uso da voz em forte intensidade, na incoordenação pneumofônica, no trabalho e nos sentimentos negativos, diretamente relacionados às necessidades vocais da categoria. CONCLUSÃO: o impacto da voz sobre a qualidade de vida e trabalho é ainda pouco percebido pelos professores, que têm necessidades vocais que demandam ações de promoção da saúde que levem em conta a relação entre voz e qualidade de vida do professor.
2022-12-06T15:50:03Z
Grillo,Maria Helena Marotti Martelletti Penteado,Regina Zanella
Utilização e compreensão de preposições por crianças com distúrbio específico de linguagem
TEMA: habilidade de crianças com Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) em produzir e compreender palavras de classe fechada. OBJETIVO: tendo em vista a crescente busca pela caracterização do desempenho lingüístico desta população em diversas línguas, e os achados da literatura internacional que indicam a dificuldade destas crianças em utilizar as palavras de classe fechada, o objetivo deste estudo foi analisar a performance de crianças com DEL em provas de produção e compreensão de preposições. Também foi intuito deste trabalho comparar o desempenho destas crianças com o de crianças com desenvolvimento típico de linguagem quanto ao índice de acertos gerais e ao tipo de erros freqüentemente cometidos por ambos os grupos. MÉTODO: foi elaborado um teste objetivo a fim de analisar a produção e a compreensão de quatro tipos de preposições que estabelecem as seguintes relações semânticas: com (relação de companhia); de (relação de meio); na ou no (relação de lugar/posição); e para (relação de destino). Este teste foi aplicado a 19 crianças com DEL e a 29 crianças com desenvolvimento típico de linguagem grupo controle (GC), com idade inferior em um ano. RESULTADOS: as crianças com DEL apresentaram resultados equiparáveis, embora atrasados, aos do GC na prova de compreensão de preposições. Na tarefa de produção de preposições, entretanto, as crianças com DEL demonstraram um desempenho quantitativa e qualitativamente inferior ao do GC, caracterizado, principalmente, pela omissão das preposições. CONCLUSÃO: os resultados confirmam as dificuldades relacionadas ao domínio das preposições pelas crianças com DEL, e evidenciam o maior prejuízo expressivo nesta patologia.
2022-12-06T15:50:03Z
Puglisi,Marina Leite Befi-Lopes,Debora Maria Takiuchi,Noemi
Sistema estomatognático e postura corporal na criança com alterações sensório-motoras
TEMA: a literatura aponta a postura corporal como um aspecto importante no tratamento de crianças com alterações sensório-motoras. No caso do paralítico cerebral, os reflexos apresentam-se mais intensos do que as reações de retificação e de equilíbrio, inibindo-as, provocando assim um atraso ou impedimento do controle cervical, de tronco e de quadril, que se reflete no Sistema Estomatognático; OBJETIVO: verificar a relação entre a postura corporal e a adequação do Sistema Estomatognático nessa população, quanto à postura e funcionalidade e sua efetividade no processo terapêutico fonoaudiológico; MÉTODO: foram realizadas avaliação inicial, intervenção fonoaudiológica e reavaliação em dezessete crianças com alterações sensório-motoras, com idades entre um ano e seis anos e três meses. A intervenção terapêutica foi realizada durante dez meses, com sessões semanais individuais, sempre com a presença do cuidador. Todas as sessões foram transcritas em protocolo específico e a avaliação e a reavaliação foram gravadas em videoteipe; RESULTADOS: observamos melhora estatisticamente significante dos aspectos do sistema estomatognático em 100% das crianças, tanto nas estruturas isoladamente, quanto em conjunto. O mesmo foi observado com relação às funções; CONCLUSÃO: a adequação da postura corporal das crianças estudadas favoreceu de forma significativa o desenvolvimento e adequação do sistema estomatognático quanto à postura e a funcionalidade.
2022-12-06T15:50:03Z
Val,Daniela Cristina do Limongi,Suelly Cecília Olivan Flabiano,Fabíola Custódio Silva,Ketley Cristine Linhares da
Identificação de sentenças sintéticas (SSI) e reflexo acústico contralateral
TEMA: estudo da relação do reflexo acústico contralateral na habilidade auditiva de fechamento auditivo. OBJETIVO: analisar a identificação do sinal de fala em presença de sons competitivos em sujeitos com ausência do reflexo acústico contralateral. MÉTODO: aplicação do teste de identificação de sentenças sintéticas (SSI) nas condições mensagem competitiva contralateral (SSI-MCC), na relação sinal-ruído de 0 e -40dB e mensagem competitiva ipsilateral (SSI-ICM), na relação sinal-ruído de 0, -10, -15 e -20dB, em 43 adultos-jovens (grupo A = 21 sujeitos com presença do reflexo acústico contralateral em todas as freqüências pesquisadas e grupo B = 22 sujeitos com ausência do reflexo na freqüência de 500Hz, em todas as freqüências pesquisadas ou ainda em algumas das freqüências pesquisadas, mas que incluísse 500Hz), de ambos os sexos sem queixas auditivas, otológicas ou de aprendizagem. RESULTADOS: o limiar do reflexo acústico esteve acima de 100dB NA em 59% dos indivíduos do grupo B e em 14% dos indivíduos do grupo A, todos os indivíduos apresentaram desempenho de acordo com o padrão de normalidade sugerido pela literatura especializada para o teste SSI, o desempenho do grupo B no teste SSI-ICM foi inferior ao grupo A em todas as relações sinal-ruído utilizadas, embora a diferença não tenha sido estatisticamente significante, o grupo B que apresentou limiar do reflexo acústico superior a 100dB NA ou ausência do reflexo acústico também foi o que apresentou pior desempenho no teste SSI. CONCLUSÃO: a ausência do reflexo acústico contralateral parece interferir na identificação do sinal de fala na presença de ruídos competitivos.
2022-12-06T15:50:03Z
Anastasio,Adriana Ribeiro Tavares Momensohn-Santos,Teresa Maria
Mordida aberta anterior: uma fórmula para o diagnóstico diferencial
TEMA: diferenciar a mordida aberta anterior dental da mordida aberta anterior esquelética é necessário para que se estabeleça as metas e as condutas de tratamento ortodôntico e fonoaudiológico, tendo em vista que estas má oclusões têm etiologia e características morfofisiológicas distintas. OBJETIVO: estabelecer uma fórmula para o diagnóstico diferencial entre mordida aberta anterior dental e mordida aberta anterior esquelética, baseado na análise cefalométrica composta pelos ângulos que medem a inclinação do plano mandibular (NS.GoGn), a direção do crescimento mandibular no sentido vertical e ântero-posterior (NSGn), e a direção de crescimento mandibular e a posição vertical do mento (Eixo Facial). MÉTODO: 78 radiografias em norma lateral, de sujeitos com idade variando de 6 a 13 anos, foram analisadas e divididas em dois grupos - mordida aberta anterior dental e mordida aberta anterior esquelética. Resultado: Houve diferença significante entre os grupos quanto aos valores das medidas angulares, sendo que no grupo mordida aberta anterior esquelética as medidas dos ângulos NS.GoGn e NSGn foram maiores e do ângulo Eixo Facial menores em comparação ao grupo mordida aberta anterior dental. O ajuste dos dados à função linear resultou numa fórmula que permite definir o tipo de mordida aberta anterior a partir das referidas medidas angulares, com apenas 3,5% de margem de erro. CONCLUSÃO: foi possível estabelecer uma fórmula para o diagnóstico diferencial da mordida aberta anterior dental e mordida aberta anterior esquelética, o qual pode ser realizado com alto grau de confiança, a partir das medidas angulares NS.GoGn, NSGn e Eixo Facial. A fórmula estabelecida para o diagnóstico diferencial possui aplicabilidade em pesquisas e na clínica.
2022-12-06T15:50:03Z
Alimere,Heloísa Canesin Thomazinho,Adílson Felício,Cláudia Maria de
Remoção de hábitos e terapia miofuncional: restabelecimento da deglutição e repouso lingual
TEMA: hábitos prolongados de sucção de chupeta e mamadeira podem provocar distúrbios miofuncionais como o padrão incorreto de deglutição e repouso lingual. OBJETIVO: estudar os efeitos da associação da Terapia Miofuncional (TMF) e da remoção de hábitos (REM) de sucção na reabilitação da deglutição e repouso lingual. MÉTODO: dois grupos composto por dez crianças de quatro anos a quatro anos e oito meses de idade que inicialmente apresentavam hábitos de sucção de chupeta e mamadeira foram estudados. O grupo denominado REM foi submetido à REM pelo Método de Esclarecimento modificado, enquanto que o grupo denominado TMF também teve os hábitos de sucção removidos pelo mesmo método e foi associada a TMF. Foram realizados exames pré-tratamento, 60 e 180 dias pós-procedimentos. Os dados foram submetidos aos testes estatísticos de Mann-Whitney e Wilcoxon p < 0,05. RESULTADOS: os resultados evidenciaram que o grupo submetido à REM e TMF apresentou adequação dos padrões de deglutição aos 60 dias e 180 dias e correto posicionamento de língua em repouso aos 180 dias, enquanto que o grupo submetido apenas à REM demonstrou adequação do padrão de deglutição apenas aos 180 dias e não apresentou melhora significativa do correto padrão de posicionamento de língua em repouso durante os períodos de avaliação. CONCLUSÃO: a TMF associada à REM de sucção de chupeta e mamadeira produziu melhor e mais rápida adequação do padrão de deglutição e de posicionamento lingual em repouso do que apenas a REM de sucção.
2022-12-06T15:50:03Z
Degan,Viviane Veroni Puppin-Rontani,Regina Maria
Habilidades de memória de trabalho e o grau de severidade do desvio fonológico
TEMA: memória de trabalho. Objetivo: verificar o desempenho das habilidades de memória de trabalho e sua relação com o grau de severidade do desvio fonológico. MÉTODO: foram avaliadas 45 crianças com desvio fonológico evolutivo (DFE), com idades entre 5:0 a 7:11, sendo que 17 eram do sexo feminino e 18 do masculino. Todos os sujeitos foram avaliados utilizando-se a Avaliação Fonológica da Criança proposta por Yavas et al. (1991). O grau de severidade do desvio estabelecido por Shriberg e Kwiatkowski (1982), foi determinado pelo cálculo do Percentual de Consoantes Corretas (PCC), o qual foi utilizado para classificar o desvio fonológico em severo, moderado-severo, médio-moderado e médio. A seguir, foi aplicado o subteste 5 do ITPA (Bogossian e Santos, 1977) e o teste de repetição de palavras sem significado (Kessler, 1997). RESULTADOS: verificou-se ao aplicar o teste estatístico Kruskal Wallis e o teste de Duncan, que o desempenho na repetição de palavras sem significado no grau moderado-severo e no grau severo foi inferior ao desempenho no desvio médio-moderado e médio, mas o desempenho na repetição de seqüência de dígitos não apresentou relação positiva com o grau de severidade do desvio. CONCLUSÃO: o desempenho da memória fonológica apresenta relação positiva com o grau de severidade do desvio fonológico. Isso permite aceitar a idéia, de que a memória fonológica está relacionada com a produção da fala. Com relação ao executivo central, os resultados permitem concluir, que o desempenho na repetição de seqüência de dígitos, que vem sendo utilizado para avaliar o executivo central, não teve relação com o grau de severidade do desvio. Pode-se justificar estes resultados, pelo fato de o executivo central estar mais relacionado com a aquisição do vocabulário e ser responsável pelo processamento e armazenamento de informações.
2022-12-06T15:50:03Z
Linassi,Lisiane Zorzella Keske-Soares,Marcia Mota,Helena Bolli
Caracterização das manifestações lingüísticas de uma família com Síndrome Perisylviana
TEMA: por Síndrome Perisylviana entende-se toda e qualquer manifestação clínica decorrente de lesão ou malformação que comprometa a região da fissura de Sylvius, sendo a polimicrogiria a alteração estrutural mais encontrada. A referida síndrome pode ser familiar, sendo que o espectro clínico pode variar desde manifestações leves de distúrbio de linguagem, até quadros extensos que cursam com proeminentes sinais pseudobulbares e epilepsia refratária. Estudos já correlacionaram a polimicrogiria perisylviana com a ocorrência do Distúrbio Específico de Linguagem. OBJETIVO: o objetivo desse trabalho foi descrever as alterações de linguagem em quatro membros de uma família com Síndrome Perisylviana, e relacioná-las a exames de neuroimagem. MÉTODO: os sujeitos foram submetidos a exames de ressonância magnética, à avaliação psicológica, por meio das Escalas Wechsler de Inteligência e à avaliação fonoaudiológica específica de linguagem. Para avaliação do vocabulário, fonologia, sintaxe, pragmática, leitura e escrita foram utilizados testes como: as Figuras temáticas do Yavas, o ABFW - Teste de Linguagem Infantil, o Peabody Picture Vocabulary Test (PPVT), além de outros protocolos específicos. RESULTADOS: os exames de ressonância magnética evidenciaram polimicrogiria perisylviana de localização e extensão variáveis em todos os sujeitos. A avaliação fonoaudiológica também demonstrou alterações de linguagem oral e escrita significativas em todos os sujeitos. CONCLUSÃO: os nossos dados mostraram que distúrbios de linguagem podem co-ocorrer com alterações de leitura em membros da mesma família. A constatação de alterações corticais evidencia a presença de distúrbios específicos da linguagem no espectro da síndrome perisylviana. Outro aspecto importante evidenciado nesse estudo é a semelhança do perfil de linguagem entre os irmãos e a mãe, sugerindo que seja possível a existência de uma variedade de manifestações lingüísticas dentro do espectro da referida síndrome, podendo ser a polimicrogiria perisylviana um dos substratos neurobiológicos destes distúrbios.
2022-12-06T15:50:03Z
Oliveira,Ecila Paula dos Mesquita de Guerreiro,Marilisa Mantovani Guimarães,Catarina Abraão Brandão-Almeida,Iara Lêda Montenegro,Maria Augusta Cendes,Fernando Hage,Simone Rocha de Vasconcellos
Efeitos ototóxicos da exposição ao monóxido de carbono: uma revisão
TEMA: efeitos ototóxicos da exposição ao monóxido de carbono: uma Revisão. OBJETIVO: analisar a literatura sobre audição e o monóxido de carbono (CO). MÉTODO: descrever as propriedades físicas, a absorção, a distribuição e o metabolismo do CO, bem como a sua origem, sua produção, suas fontes e os seus limites internacionais de exposição ocupacional. Foram discutidos vários estudos sobre os efeitos do CO no sistema auditivo animal e humano. Finalmente, foram identificados os principais setores onde podemos encontrar a exposição combinada ruído e CO e descrevermos os mecanismos básicos de ação do CO que poderão potencializar a perda auditiva induzida por ruído. CONCLUSÃO: a revisão de literatura indicou que: 1. A poluição atmosférica, o fumo passivo, a exposição ocupacional, e o tabagismo ativo, são exemplos de fontes de exposição ao CO. 2. A ação tóxica principal do CO resulta em anoxia provocada pela conversão da oxihemoglobina em carboxihemoglobina. 3. Os estudos animais sobre a exposição combinada ao ruído e ao CO foram realizados em sua grande maioria com ratos e o conjunto destes estudos demonstraram os efeitos da exposição aguda e simultanêa ao CO e ao ruído. 4. Os estudos relatando a nocividade da exposição ao CO sobre o sistema auditivo humano foram realizados, na grande maioria, seguidos de uma exposição aguda ao CO. A exposição ao ruído não foi relatada ou controlada como um fator relacionado com os problemas auditivos observados. A evidência existente até o momento indica a necessidade do desenvolvimento de pesquisas sobre os efeitos auditivos da exposição a CO, com e sem exposição ao ruído.
2022-12-06T15:50:03Z
Lacerda,Adriana Leroux,Tony Morata,Thais
Experiência e relato pessoal sobre pesquisa de cooperação internacional - Brasil, Bulgária e Turquia - que avalia as atitudes em relação à gagueira
TEMA: as pessoas gagas são freqüentemente consideradas como sendo tímidas, nervosas, introvertidas e assustadas. Muitos gagos são submetidos a situações constrangedoras em decorrência da ridicularização ou da discriminação e preconceito ilegal. OBJETIVO: até o momento não existe nenhum instrumento, largamente aceito e padronizado, para medir as atitudes públicas sobre a gagueira. Em 1999 foi iniciado o Projeto de Atitudes em Relação à Gagueira (IPATS) que foi uma iniciativa para desenvolver um instrumento de avaliação de opinião, que foi chamado de Pesquisa de Opinião Pública dos Atributos Humanos (POSHA). MÉTODO: a experiência aqui apresentada compara os resultados obtidos em três países - Brazil, a Bulgária e a Turquia, como representantes da América do Sul, da Europa e do Oriente Médio. Os participantes foram agrupados segundo seu país e língua de origem. Todos os questionários foram respondidos na língua de origem do participante. RESULTADOS E CONCLUSÃO: esse estudo piloto sugere que algumas diferenças de atitudes entre os participantes podem ser explicadas pela influência da interação entre a nacionalidade, cultura, etnia, religião e língua materna. A contribuição específica de cada um desses componentes não pode ser determinada. A continuidade do projeto envolverá a análise comparativa entre os resultados dos países de língua materna não inglesa e os de língua materna inglesa.
2022-12-06T15:50:03Z
St. Louis,Kenneth O. Andrade,Claudia Regina Furquim de Georgieva,Dobrinka Troudt,Filiz Oruç
Estudo comparativo entre nível de desconforto e reflexo acústico em trabalhadores
TEMA: estudo comparativo do nível do desconforto e do limiar do reflexo acústico em trabalhadores. OBJETIVO: observar o comportamento auditivo por meio da avaliação da atividade da contração do músculo estapédio e do nível de desconforto em pessoas expostas e não expostas a ruído ocupacional, com intuito de identificar alguma influencia do ruído no comportamento da contração do músculo estapédio e na sensibilidade auditiva. MÉTODO: o estudo foi desenvolvido no Serviço Social da Indústria - SESI Ceará. Foram selecionados 103 adultos com audição normal, de ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 45 anos distribuídos em três grupos: G1 com 41 adultos expostos a ruído que utilizavam EPIA, G2 com 32 adultos expostos a ruído que não utilizavam EPIA e G3 composto por 30 adultos não expostos. Os indivíduos foram submetidos à avaliação audiológica, tendo sido analisado o LRA e ND nas freqüências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz, 3000Hz, 4000Hz e WN. A análise estatística foi realizada por meio dos testes de Mann Whitney, Wilcoxon e Kruskal com nível de significância em 5%. RESULTADOS: não houve diferença estatística significante entre os LRA obtidos nos três grupos, com valores médios de 93 a 103dBNA; o LRA foi significantemente menor que o ND, tendo valores médios para ND variando de 111 a 119dBNA no G1, de 113 a 120dBNA no G2 e 106 a 114dBNA no G3; o ND é maior nos indivíduos do grupo G1 seguidos pelos grupos G2 e G3. CONCLUSÕES: o ruído não determina alterações no comportamento do LRA; o ND é aumentado pela exposição ao ruído ocupacional; o ND é maior que o LRA de 10 a 25dB.
2022-12-06T15:50:03Z
Bezerra,Francisca Magnólia Diógenes Holanda Iório,Maria Cecília Martinelli
Teste de nomeação de Boston: desempenho de uma população de São Paulo
TEMA: O teste de nomeação Boston é amplamente utilizado para avaliação de alterações de nomeação. Os escores usados no Brasil têm sido os mesmos da versão americana. No caso de indivíduos pouco escolarizados com lesões cerebrais, situação freqüente em nosso país, corre-se o risco de considerar déficit o que na realidade é desconhecimento e privação cultural. OBJETIVO: avaliar a influência da idade e escolaridade na habilidade de nomeação de amostra de indivíduos normais, da cidade de São Paulo, em uma tarefa de confrontação visual. MÉTODO: 133 voluntários normais, com idades entre 28 e 70 anos. RESULTADOS: os escores em nomeação espontânea foram [média (DP)]: [39,4 (9,8)]; por idade: 28 - 50 anos [39,5 (10,5)], 51 - 70 [39,1 (9,1)]; por escolaridade: 1 - 4 anos [33,7 (9,6)], 5 - 8 anos [36,6 (7,9)], 9 ou mais [47,4 (6)]. A comparação de desempenho entre os dois grupos de idade, não revelou diferenças significantes. Já o nível educacional mais alto determinou melhor performance tanto para a nomeação espontânea quanto para as facilitações. Pistas do estímulo precisaram ser ativadas para que o sujeito recordasse o nome correto, especialmente no grupo com menor escolaridade. Pistas fonêmicas beneficiaram os indivíduos com mais de oito anos de instrução formal. A nota de corte sugerida para uso no Brasil, foi calculada pela análise da curva ROC e baseada na comparação entre sujeitos normais e afásicos. CONCLUSÃO: A escolaridade foi a variável que mais influenciou o desempenho. Embora o grau de dificuldade de alguns itens possa em certa medida, diferir na língua inglesa e portuguesa, a aplicação da versão traduzida do TNB sem adaptações, para a população brasileira, é possível, desde que o nível educacional seja levado em conta na interpretação dos resultados.
2022-12-06T15:50:03Z
Mansur,Letícia Lessa Radanovic,Márcia Araújo,Gisele de Carvalho Taquemori,Laís Yassue Greco,Lílian Lavine
Próteses auditivas: avaliações objetivas e subjetivas em usuários de amplificação linear e não-linear
TEMA: os indivíduos com perda auditiva neurossensorial se beneficiam muito com o uso da amplificação não-linear, uma vez que a compressão tenta restabelecer a sensação de intensidade normal. No entanto, a literatura ainda é controversa em relação aos benefícios para o reconhecimento de fala em usuários de próteses auditivas lineares e não-lineares. OBJETIVO: comparar o desempenho de usuários de próteses auditivas lineares e não-lineares por meio de avaliações objetivas e subjetivas, verificando o circuito que mais favorece uma melhor adaptação auditiva e reconhecimento de fala no silêncio e no ruído. MÉTODO: 21 usuários de próteses auditivas bilateral há pelo menos três meses, com idades compreendidas entre 12 e 64 anos, e perdas auditivas de grau leve a moderadamente severo, foram estudados conforme o tipo de sua amplificação, formando dois grupos: grupo linear, composto por 10 usuários de próteses auditivas lineares; e grupo não-linear, composto por 11 usuários de próteses auditivas não-lineares. Foram realizados os testes de reconhecimento de fala no silêncio e no ruído, e aplicado o questionário Internacional de Avaliação das Próteses Auditivas. RESULTADOS: não foram observadas diferenças estatisticamente significantes nos testes de reconhecimento de fala no silêncio e no ruído, nem no questionário aplicados, quando comparamos os grupos de usuários de próteses auditivas lineares e não-lineares. CONCLUSÃO: pode-se concluir que não há diferença entre o desempenho dos usuários de próteses auditivas lineares e não-lineares nas avaliações objetivas (testes de fala) e subjetivas (questionário) aplicadas, que indique uma melhor adaptação auditiva ou favoreça o reconhecimento de fala tanto no silêncio quanto no ruído.
2022-12-06T15:50:03Z
Costa,Letícia Pimenta Iório,Maria Cecília Martinelli
Nível de desconforto para sensação de intensidade em indivíduos com audição normal
TEMA: o Loudness Discomfort Level (LDL), teste muito utilizado na adaptação de próteses auditivas, teve sua indicação ampliada e passou a ser recomendado para complementar a avaliação de pacientes com zumbido e/ou com suspeita de hiperacusia. OBJETIVO: determinar valores de referência do LDL para normo-ouvintes e sua correlação com o Limiar do Reflexo Acústico (LRA). MÉTODO: o LDL foi aplicado em 64 sujeitos normo-ouvintes de 18 a 25 anos (53,1% do sexo feminino) nas freqüências de 0,5 a 8KHz e para sons da fala encadeada espontânea a viva-voz. Os tons puros pulsáteis foram apresentados por dois segundos, com intervalo de um segundo entre cada apresentação, a partir de 50dB de modo ascendente em passos de 5dB até que o sujeito referisse desconforto inicial com a sensação de intensidade. O procedimento foi realizado nas duas orelhas separadamente e repetido imediatamente (situações de teste e reteste), com alternância da orelha inicial a cada sujeito. O reflexo contralateral foi obtido em seguida. Foi considerado LRA a menor intensidade sonora capaz de provocar uma deflexão visível na agulha do imitanciômetro (maior que 0,05ml). RESULTADOS: a mediana do LDL variou de 86 a 98dBNA, sem diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (p > 0,11), entre orelhas (p > 0,36) ou entre as situações de teste e reteste (p > 0,34). Os coeficientes de determinação (r²) do modelo de regressão linear mostraram ausência de correlação entre log(LDL) e log(LRA). CONCLUSÃO: normo-ouvintes apresentam LDL de 86 a 98dBNA para todos os estímulos apresentados. Diferenças inter-sujeitos e boa reprodutibilidade sugerem que a interpretação do teste deve ser cuidadosa e aliada à anamnese e que o teste pode ser útil no acompanhamento de pacientes. Não houve correlação entre LDL e LRA.
2022-12-06T15:50:03Z
Knobel,Keila Alessandra Baraldi Sanchez,Tanit Ganz
Ocorrência de maus-tratos em crianças: formação e possibilidade de ação dos fonoaudiólogos
TEMA: este trabalho apresenta os resultados de um inquérito epidemiológico realizado com fonoaudiólogos da cidade do Rio de Janeiro (Brasil) acerca de sua experiência profissional com crianças e adolescentes vítimas de violência familiar. OBJETIVO: conhecer a ocorrência dos maus-tratos na clientela atendida por esses profissionais, caracterizando as vítimas quanto a faixa etária mais atingida, sexo, tipo de violência sofrida, agressor e tipo de queixa fonoaudiológica mais freqüente, além de conhecer como a violência foi identificada e qual foi a evolução dos casos. MÉTODO: foram enviados 500 questionários auto-administráveis por correio para uma amostra aleatória de fonoaudiólogos do Rio de Janeiro. Os questionários retornados foram identificados somente por números para garantir o anonimato. RESULTADOS: dos 224 fonoaudiólogos que responderam ao questionário, 54 atenderam pelo menos um caso de mau-trato, sendo a maioria composta por crianças. O principal agressor foi a mãe e o tipo de violência mais identificada foi a física. O atraso de linguagem foi a queixa fonoaudiológica mais freqüente nas vítimas de violência e a principal forma de identificação foi o relato da própria vítima ao profissional - relato verbal ou ainda, por meio de desenhos, estórias contadas, dramatizações e brincadeiras. Quanto a evolução, a maioria abandonou o tratamento fonoaudiológico impossibilitando o acompanhamento dos casos. CONCLUSÃO: dada a importância do tema para a área e a escassez de trabalhos existentes no Brasil sobre Fonoaudiologia e maus-tratos infantis, é imprescindível investir no trabalho de formação e informação deste profissional. É tarefa ainda do fonoaudiólogo, dar visibilidade a um problema tão complexo e principalmente, "dar voz" às crianças vítimas de violência, compreendendo que por trás de uma queixa fonoaudiológica pode haver um pedido de socorro.
2022-12-06T15:50:03Z
Noguchi,Milica Satake Assis,Simone Gonçalves de Malaquias,Juaci Vitória
Mudanças das emissões otoacústicas por transientes na supressão contralateral em lactentes
TEMA: tem sido sugerido que a função do sistema olivo coclear medial (SOCM) pode ser avaliada pelo efeito de supressão das emissões otoacústicas por transientes (EOAT). O ruído competitivo tem um efeito inibitório no funcionamento das células ciliadas externas reduzindo o nível das emissões otoacústicas. Apesar de não haver crescimento pós natal da cóclea, o crescimento da orelha média e o desenvolvimento do processamento auditivo continuam após o nascimento. OBJETIVO: analisar as mudanças no SOCM relacionadas à idade por meio da supressão das EOAT em lactentes saudáveis. MÉTODO: 25 lactentes a termo sem indicadores de risco auditivo foram avaliados em dois momentos: ao nascimento e no sexto mês de vida. Nas duas idades as EOAT foram captadas no modo "Quickscreen", estímulo clique não linear a 78dB peNPS, nas duas orelhas, com e sem ruído contralateral apresentado a 60dB NPS. RESULTADOS: a análise dos dados por meio da ANOVA revelou significante supressão contralateral das EOAT em ambos grupos, porém tanto os níveis das EOAT quanto a magnitude da supressão contralateral das EOAT foram menores no sexto mês de vida quando comparados com a fase neonatal (p<0,01). O efeito de supressão das EOAT no período neonatal foi 2,81dB (± 0,19dB) e no sexto mês de vida foi 1,41dB (± 0,29dB). CONCLUSÃO: a magnitude da supressão das EOAT diminuiu do nascimento ao sexto mês de idade. A associação entre a estimulação acústica contralateral e um sistema, disponível comercialmente, rápido na medida das EOAT possibilita o monitoramento não invasivo dos mecanismos eferentes auditivos e parece ser clinicamente promissor na avaliação do estado coclear e do desenvolvimento da função eferente auditiva de lactentes de risco.
2022-12-06T15:50:03Z
Durante,Alessandra Spada Carvallo,Renata Mota Mamede
Utilização do Sistema Sonar (bandinha digital) na avaliação auditiva comportamental de lactentes
TEMA: a tradicional utilização de instrumentos musicais, para avaliação do comportamento auditivo oferece pouca possibilidade no controle de intensidade, além da impossibilidade de limitar a freqüência teste, na prática clínica. Um novo método de avaliação infantil surge com o Sistema Sonar, que pode ser utilizado na avaliação auditiva comportamental de lactente, com a possibilidade de escolha da faixa de freqüência e intensidade em que o teste será realizado. A utilização do Sistema Sonar diferencia-se de outros métodos de avaliação comportamental, pelo uso de um instrumento com sons padronizados e limitados em faixas de freqüências, controlados pelo avaliador. Com este método, podem-se propor avaliações mais confiáveis e pesquisas com maior rigor científico, pois a qualidade do som não sofrerá interferências do examinador e alteração de suas características. OBJETIVO: utilizar o Sistema Sonar (bandinha digital) para acompanhar o desenvolvimento da função auditiva de lactentes nascidos a termo, de um a seis meses de idade. MÉTODO: Foram avaliados, mensalmente, uma média de 30 lactentes. Para avaliação, foram apresentados a gravação dos instrumentos chocalho, ganzá, coco e tambor centralizados nas freqüências de 3000, 1500, 700 e 500 Hz, respectivamente. Todos passaram na triagem das emissões otoacústicas evocadas. RESULTADOS: Na análise dos dados observa-se a presença de respostas de estatisticamente significantes nas freqüências testadas. Os resultados apresentaram diferença estatisticamente significativa, em todas as freqüências, no segundo trimestre, o que não aconteceu no primeiro trimestre. CONCLUSÃO: a utilização do Sistema Sonar (bandinha digital) é recomendada para avaliar esta faixa etária. Por se tratar de uma nova técnica de avaliação auditiva comportamental a utilização do Sonar deve se expandir com outras populações e em outros contextos sociais, e dessa maneira, possibilitar a avaliação de lactentes e de crianças pequenas de forma a facilitar o diagnóstico e a intervenção.
2022-12-06T15:50:03Z
Nakamura,Helenice Yemi Lima,María Cecília Marconi Pinheiro Gonçalves,Vanda Maria Gimenes
Alfabetização e reabilitação dos distúrbios de leitura/escrita por metodologia fono-vísuo-articulatória
TEMA: alfabetização e reabilitação dos distúrbios da leitura e escrita por metodologia fono-vísuo-articulatória (Método das Boquinhas - JARDINI, 1997). Esta metodologia de aprendizagem alia inputs neuropsicológicos, como os sons/fonemas, às letras/grafemas, às boquinhas/articulemas. OBJETIVO: alfabetizar e/ou reabilitar crianças que apresentavam distúrbios na leitura e escrita, de etiologia variada, com resultados consistentes a curto prazo, num trabalho de parceria entre fonoaudiólogo e psicopedagogo. MÉTODO: participaram deste estudo 30 crianças, com diagnósticos de dislexia, TDHA, atraso cognitivo leve, limítrofes e psicoses infantis, havendo co-morbidades entre os casos. As crianças variavam entre 7 a 10 anos de idade, todas com atrasos de pelo menos seis meses na escolaridade regular. Participaram da pesquisa as crianças, seus pais e professores, que avaliaram-nas por meio do mesmo questionário, no início do tratamento (T0), após 3 meses (T1) e após 6 meses de intervenção (T2), segundo a leitura, interpretação de textos, ditado, cópia da lousa, atenção, concentração e segurança para aprendizagem. Foram aplicados questionários de múltipla escolha, sendo qualificadas em incapaz, intermediária e capaz para a aprendizagem do quesito avaliado. A abordagem terapêutica adotada foi a aplicação do método fono-vísuo-articulatório (Método das Boquinhas - Jardini, 1997), com duas sessões semanais realizadas pela fonoaudióloga e pela psicopegagoga. Além da intervenção as crianças continuaram sua escolaridade na rede regular de ensino que freqüentavam. RESULTADOS: houve expressiva evolução em todos os itens avaliados, analisados pelos pais e pelos professores. Após os 3 primeiros meses de intervenção as crianças passaram para nível intermediário de aprendizagem e após 6 meses apresentaram-se capazes em cada item avaliado. Estes resultados não só propiciaram melhor rendimento escolar, como beneficiaram-nas em relação à auto-estima para aprendizagem, podendo melhor enfrentar suas diferenças. CONCLUSÃO: com a metodologia fono-vísuo-articulatória, após 6 meses as crianças estavam aptas à dar continuidade no processo regular de ensino, acompanhando os demais alunos de sua classe.
2022-12-06T15:50:03Z
Jardini,Renata Savastano Ribeiro Souza,Patrícia Thimóteo de
Internações hospitalares e cirurgias precoces, linguagem e psiquismo: estudo de dois casos
TEMA:influências recíprocas entre corpo, psiquismo e linguagem. OBJETIVO: este trabalho teve por objetivo estudar as possíveis relações entre internações hospitalares e cirurgias, sofridas por crianças nos seus primeiros anos de vida, e transtornos de linguagem e psíquico subseqüentes. MÉTODO: trata-se de uma pesquisa clínico-qualitativa, de natureza descritivo/interpretativa, realizada através da análise longitudinal de dois estudos de casos clínicos de crianças pequenas, com aproximadamente três anos de idade, cujo discurso familiar apontava para queixas co-ocorrentes: cirurgias e internações hospitalares precoces (em função de desordens orgânicas) e transtornos de linguagem subseqüentes. O material clínico foi analisado numa perspectiva teórica que articula teorias fonoaudiológica e psicanalítica, a partir da prática clínico-terapêutica fonoaudiológica. RESULTADOS: em ambos os casos, os sintomas fonoaudiológicos reduziram-se progressivamente, na medida em que, os transtornos orgânicos ganharam circulação discursiva tanto no diálogo terapêutico (entre fonoaudióloga e paciente), quanto nas narrativas familiares, o que promoveu modificações/superações dos sintomas de linguagem manifestos pelos pacientes. CONCLUSÃO: o nascimento orgânico das crianças estudadas não foi concomitante ao nascimento simbólico formando-se, entre ambos, um hiato derivado da falta de compatibilidade entre o amadurecimento do esquema corporal e dos processos de subjetivação. Os efeitos simbólicos operados nos pais, em função do nascimento de um filho radicalmente diferente do desejado foi devastador, deixando-os impossibilitados de conceber os bebês simbolicamente. Passada a violência do impacto da desilusão dos pais, essas crianças permaneceram sendo lidas por eles desde a doença, o que criou transtornos em seus modos de funcionamento de linguagem e psíquico. Assim, inconscientemente, só poderiam representar os filhos desde o lugar que lhes foi originalmente destinado: o lugar da doença.
2022-12-06T15:50:03Z
Birkman,Malka Cunha,Maria Claudia