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Séries televisivas como porta de entrada para o diálogo sobre relações de gênero com pré-adolescentes: o caso do grupo de intervenção \"E.M.M.A.\"

Gênero é um conceito que se apresenta como fruto de discussões políticas e ideológicas, diversas autoras e autores já problematizaram este conceito que é tão importante dentro das discussões feministas e queer e que, atualmente, gera acaloradas discussões sobre seu uso na escola. As relações de gênero permeiam o campo das artes e diversas representações das feminilidades e masculinidades estão presentes em produtos midiáticos, que dominam grande parte do tempo de uma considerável parcela dos indivíduos. Há aqueles que defendem que as mídias possuem apenas impactos negativos em nossas vidas, mas há também outros tantos que acreditam no seu caráter cultural e pedagógico. Nesta pesquisa, nós refletimos sobre a utilização de um produto midiático específico, as séries televisivas norte-americanas, como porta de entrada para o diálogo sobre relações de gênero com pré-adolescentes. Durante um ano, além de reflexões teóricas, nós realizamos intervenções em uma escola municipal de ensino fundamental localizada na zona leste de São Paulo. As intervenções foram formuladas e realizadas pelo grupo de trabalho E.M.M.A. (Estudos sobre a Mulher e as Minorias na Arte-Ciência), na modalidade A.L.I.C.E. (Arte e Lúdico na Investigação em Ciências na Escola) do projeto Banca da Ciência. Após reflexões teóricas e intervenções, pudemos concluir que, é possível utilizar as séries televisivas como porta de entrada para o diálogo sobre relações de gênero com pré-adolescentes e que, a partir das representações das identidades femininas que estão presentes nessas séries, é possível discutir diversos temas relacionados à questão do sexo, do gênero, da orientação sexual e das identidades de forma eficaz. Assim, nosso objetivo foi apresentar nossas reflexões teóricas e alguns exemplos das atividades realizadas e, acima de tudo, manter um registro histórico do trabalhado já realizado

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2022-12-06T14:53:37Z

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Tuany de Menezes Oliveira

A literatura fora do lugar: a constituição de poetas e escritores nos saraus das periferias de São Paulo

A presente dissertação de mestrado apresenta a investigação de processos que estão na origem do envolvimento de sujeitos de grupos culturais de literatura nas periferias da cidade de São Paulo. A pesquisa se concentra nos estudos sobre cultura sob a perspectiva de Pierre Bourdieu, sobretudo no que se refere à aquisição de capital cultural, com ênfase na origem social e trajetória educacional. Entre os anos 90 e início de 2000, surgiu um movimento literário específico, constituído por escritores de regiões periféricas das grandes cidades do Brasil. E a partir dos anos 2000, disseminou-se a realização de saraus em bairros periféricos de São Paulo, sendo eventos nos quais são declamadas poesias, apresentações de cenas dramáticas, grupos musicais, além de críticas sociais e manifestações políticas.O estudo de campo foi realizado em quatro saraus de diferentes regiões da cidade. Foram realizadas análises sociodemográficas dos bairros onde acontecem, considerando índices de escolaridade, renda per capita, espaços culturais etc. Por meio de questionários foi realizado um perfil do público destes eventos. E foram realizadas entrevistas com poetas/escritores, dando importância, sobretudo, às disposições que, em suas trajetórias, influenciaram suas práticas.A recente mobilização de poetas/ escritores nas periferias, historicamente excluídos por condições objetivas e subjetivas do campus literário, cultural e politicamente constituído no Brasil, resulta de um capital cultural específico, estimulado por aumento do nível de escolaridade, dentre outros processos, constituindo uma nova fração de classes que se singulariza pelo engajamento em atividades historicamente não identificadas como pertencentes ao habitus das classes populares e operárias

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2022-12-06T14:53:37Z

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Lívia Lima da Silva

Confissão e simulacro na literatura contemporânea: análise do romance Divórcio de Ricardo Lísias

A inserção de dados autobiográficos nas narrativas é uma característica muito forte da literatura produzida nas últimas décadas. Esta dissertação tem por objetivo discutir o romance Divórcio de Ricardo Lísias, que se enquadra na premissa aqui apontada, na medida em que os narradores/personagens do livro comungam do nome do autor e apresentam características biográficas que podem ser associadas à vida deste. O objetivo principal é questionar como se dá a transfiguração da matéria vivida em matéria ficcional no texto aqui escolhido. Buscar-seá analisar a sua construção narrativa, as suas relações com um tipo muito característico de romance que se difunde no pós-guerra, no momento em que acontece o que Beatriz Sarlo chama de guinada subjetiva, e a problematização das implicações teóricas da sua produção

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2022-12-06T14:53:37Z

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Vanessa Molnar Maluf

A representação da cidade de São Paulo no Festival Lollapalooza 2018 por meio das ativações dos patrocinadores

A cidade de São Paulo é uma capital cultural efervescente que, além da sua rede de equipamentos culturais públicos e privados, conta com eventos especiais e festivais que compõem a oferta cultural de forma mais ampla, que são realizados com apoios de empresas patrocinadoras. Estes apoios sempre ocorreram e, em outras épocas, a exposição da marca ou logomarca da patrocinadora era considerada contrapartida suficiente. Desde a década de 1990, esta relação mudou e vem evoluindo, tornando estes ambientes de festivais um espaço para estabelecer uma relação com seus consumidores diretos ou potenciais por meio de estratégias como Marketing de Relacionamento, de Experiência e One-to-one. Nessa perspectiva, o objetivo geral deste estudo é investigar como a cidade de São Paulo, com uma faceta e um apelo cultural relevantes, está inserida nas ativações de marcas desenvolvidas na edição 2018 do festival Lollapalooza. Como procedimentos metodológicos, foram adotadas pesquisas bibliográficas, pesquisa documental e condução de entrevistas de tipo semiestruturada com pessoas envolvidas na organização do festival, que é o maior na atualidade na cidade de São Paulo. Como resultado principal, a pesquisa conclui que as marcas patrocinadoras e apoiadoras ainda não incorporam de forma efetiva a cidade de São Paulo em suas ativações com referências diretas, mas transmitem, por meio de ações de marketing de experiência, valores possíveis de serem associados à cidade como dinamismo, agilidade e criatividade

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2022-12-06T14:53:37Z

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Giovanna Longo

Mesmo céu, mesmo CEP: produção literária na periferia de São Paulo

Esta dissertação se propõe a fazer um balanço da produção editorial de literatura existente na periferia paulistana a partir de um estudo crítico de 39 obras, entre romances, contos, crônicas e poesias, publicadas no período de 1988 a 2012. Agrupadas em duas vertentes, 19 obras pertencem ao segmento denominado Literatura Hip Hop, todos em prosa escritos por seis autores com destaque para Ferréz, Alessandro Buzo e Sacolinha. Já os 20 títulos vinculados à corrente da Literatura Periférica são todos de poesia e os autores e autoras são, ou foram vinculados aos dois saraus literários mais antigos Da periferia de São Paulo: Cooperifa e Binho, ambos da da zona sul da capital. A obra de Sergio Vaz mereceu destaque neste segmento. Procurei, dessa forma, refletir sobre uma ampla produção e não sobre uma obra especificamente, ou um determinado autor, ou, ainda, um pequeno grupo de obras ou autores, como até então as pesquisas acadêmicas sobre o tema têm feito. Orientado pelos conceitos de estrutura de sentimento e cultura emergente, de Raymond Williams, analisei as obras a partir de seus aspectos internos, ressaltando suas características mais gerais em função das quais se estabeleceram as segmentações acima mencionadas. Levantei aspectos relacionados às temáticas, aos gêneros e subgêneros, às experimentações estéticas e ao padrão editorial. O resultado é um trabalho híbrido entre a historiografia e os estudos literários, orientado pela perspectiva dos Estudos Culturais e que oferece uma apreciação estética da literatura produzida na periferia da Região Metropolitana de São Paulo.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Antonio Eleilson Leite

Corpos dançantes: experiências e memórias em dois grupos de dança de periferias brasileiras

A presente dissertação apresenta resultados da pesquisa Corpos dançantes: experiências e memórias em dois grupos de dança de periferias brasileiras, sob orientação da Profª. Drª. Régia Cristina Oliveira, no contexto do mestrado acadêmico em Estudos Culturais, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo, entre os anos 2016 e 2018. Tendo dois grupos de dança contemporânea (Centro de Experimentações em Movimento e Núcleo de Dança Pélagos) como objeto de pesquisa, o objetivo deste trabalho foi apreender das experiências e memórias de indivíduos de classes populares de São Paulo e Fortaleza, ex-integrantes dos grupos, como a dança transformou o percurso profissional e pessoal de cada um(a) deles. No âmbito teórico-metodológico, trabalhou-se fundamentalmente com os seguintes conceitos e autores(as): corpo e simbolismos (Le Breton), conatus/afetos/afetações (Espinosa), corpo-mente (Espinosa), corpo-rascunho (Le Breton), corpo político, dança contemporânea (Louppe, Primo, Faro e etc), memória (Bosi), descolonização (Fanon), hibridez (Bhabha), racismo estrutural (Almeida), interseccionalidade (Crenshaw), culturas e empoderamento (Berth). Partindo da consideração do corpo como produção social e cultural, buscamos discuti-lo no contexto da dança, das potências e limites apresentados nas experiências dos sujeitos. A abordagem metodológica foi qualitativa, com técnicas de pesquisa. Trabalhamos com entrevista etnobiográfica, história de vida, levantamento de dados documentais (notícias de jornal e fotos de arquivo pessoal dos entrevistados) coleta de dados na internet, em acervos pessoais e registro de trabalho de campo. Concluímos que ocorreram transformações profundas na subjetividade, na vida dos sujeitos, em suas relações e na forma como passaram a lidar com as próprias emoções. Verificamos que as afetações exerceram papel crucial nessas transformações. Ao mesmo tempo, os sujeitos ainda enfrentam limites socioeconômicos, políticos e culturais provenientes da desigualdade social, individual e coletiva em que vivem, em suas respectivas cidades. São problemas decorrentes do racismo, machismo, da misoginia, da negação do Direito à cidade, à moradia e a tantas outras questões que encontram pelo caminho. Contudo, lutam e atuam em iniciativas de resistência cultural e política onde residem, impactando a realidade da qual são parte ativa nos processos, pressionando gestões culturais e influenciando políticas públicas de cultura locais e também nacionais, além de contribuírem em espaços formativos e criativos para as juventudes de periferias paulistanas e cearenses, experiências artísticas afetivas e transformadoras como foram o CEM e o Pélagos, no passado

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2022-12-06T14:53:37Z

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Yasmim Nóbrega de Alencar

Leituras libertárias: cultura anarquista na São Paulo dos anos 1930

Este trabalho é um estudo da circulação de livros e práticas de leitura entre anarquistas atuantes na cidade de São Paulo na década de 1930. Foi analisada a formação e o desenvolvimento do acervo da biblioteca do Centro de Cultura Social (CCS). Organizado por anarquistas em 1933 e fechado em 1937 com o Golpe do Estado Novo, encerrando sua primeira fase. Sua biblioteca, neste período foi constituída por livros, jornais e documentos de militantes anarco-sindicalistas e tinha como função servir de subsídio para as atividades deste centro de cultura, como leituras comentadas, palestras, cursos e atividades teatrais. Além desta fonte de pesquisa foram usados também resenhas e anúncios de venda de livros publicados nos jornais A Lanterna e A Plebe, entre 1933 e 1935 e documentos do DEOPS/SP, tais como autos de busca e apreensão de bibliotecas particulares de anarquistas e relatórios de investigação que tratavam de circulação de livros e jornais libertários. As pesquisas sobre história dos livros e práticas de leitura de Robert Darnton foram usadas como referencial teórico. Entre os autores dos livros da antiga biblioteca do Centro de Cultura Social e das bibliotecas particulares apreendidas chamam a atenção clássicos do anarquismo como Malatesta, Proudhon, Kropotkin, Elisée Reclus, mas também autores como Marx e Trotsky. Quanto aos gêneros literários foram encontrados ensaios, crônicas, romances e poesias. No que se refere à circulação dos livros verificou-se que eram vendidos em algumas livrarias na cidade de São Paulo, através dos jornais libertários e pelos próprios militantes. Entre os anarquistas eram frequentes tanto as práticas de leituras comentadas em espaços como centros de cultura e bibliotecas populares quanto às leituras individuais de obras adquiridas através de compra e guardadas em pequenos acervos particulares

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2022-12-06T14:53:37Z

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Lucia Silva Parra

O caminho das letras: um estudo das trajetórias de Milton Hatoum e Chico Buarque

Esta dissertação prevê, num primeiro momento, o estudo da trajetória de dois escritores brasileiros, Milton Hatoum e Chico Buarque. Num segundo momento, investigam-se os pontos de contato entre as posições e as tomadas de posição no campo literário. Parte-se do pressuposto de que a compreensão da formação e dos investimentos desses autores pode ajudar a compreender tanto as suas obras quanto a recepção crítica positiva que ambos obtiveram e continuam obtendo. A hipótese é a de que modos particulares de aquisição de capital cultural, além de uma nova configuração do campo literário brasileiro, contribuíram para que ambos os autores produzissem obras de qualidade e galgassem posições nesse campo.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Jane Gabriele de Sousa Abreu

Banheiros públicos como demarcação de fronteiras identitárias: experiências de mulheres lésbicas em São Paulo

A presente dissertação apresenta a pesquisa Banheiros públicos como demarcação de fronteiras identitárias: experiências de mulheres lésbicas em São Paulo, investigação que traz uma análise crítica sobre as experiências de mulheres lésbicas nos banheiros públicos em São Paulo. No seu objetivo geral, propôs-se identificar as desigualdades em termos de gênero e sexualidade, enquanto marcadores sociais da diferença, que operam nos banheiros públicos, fazendo uso de uma abordagem interdisciplinar entre os Estudos Culturais, as teorias Feministas, Pós-estruturalistas e Queer. Enquanto objetivo específico, buscou-se aprofundar na análise dos sentidos que as entrevistadas produziam ao narrarem suas experiências, analisando assim categorias conceituais e empíricas como mulher, homem, masculinidade, feminilidade, lésbica expressão de gênero e performance de gênero. A abordagem desses temas se contrapõe à concepção idealizada culturalmente dos banheiros como espaço neutro, no qual sua divisão se acredita dar de forma natural. Argumenta-se, por meio das experiências das entrevistadas, como este espaço opera como um dispositivo protocolar do gênero, em termos de indicar os limites e as fronteiras dos processos identitários entre os sujeitos. Desta forma, a não adequação dos sujeitos aos padrões de homem / mulher gera uma ruptura no sistema heteronormativo, no sentido das expectativas e demandas sociais, e aciona diversas técnicas de poder e controle, tornando o banheiro em mais um cenário normativo de afirmação da diferença sexual. O banheiro público é o local por meio do qual, a diferença sexual vai se afirmar e sustentar, já seja no sentido simbólico (os signos, figuras, representações do masculino e do feminino) ou literal (dispositivos de vigilância e controle que estão dispersos no meio social que instituem modelos de corpos-homem e corpos-mulher). Assim, o banheiro público representa, na sociedade paulista contemporânea, o último bastião do sistema heteronormativo e patriarcal

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2022-12-06T14:53:37Z

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Josefina Raquel Cicconetti

A cultura da estiva no Porto de Santos: análise comparativa de duas gerações de trabalhadores

Este projeto objetiva discutir as experiências na estiva de duas gerações de trabalhadores do Porto de Santos, localizado no litoral sul do Estado de São Paulo, a partir das mudanças na cultura e na organização do trabalho decorrentes da introdução dos contêineres, na década de 1960, e da promulgação da Lei de Modernização dos Portos, em 1993. O trabalho pretende analisar este processo por meio de uma investigação empírica com pais e filhos estivadores, a fim de identificar as diferentes percepções das mudanças no setor portuário. O objetivo é o de descrever como cada geração vivenciou as transformações impostas pelo novo cenário de produção e de que forma realizou-se o processo de herança e de transmissão da cultura da estiva. Por meio de um estudo empírico com estivadores de duas gerações espera-se identificar as diferentes práticas vividas no âmbito do trabalho e na esfera social. A história oral é o principal aporte metodológico para captar a experiência e buscar a memória dos estivadores. Desta forma, a pesquisa debate sobre a herança da cultura da estiva entre pais e filhos e as permanências e as rupturas na transmissão geracional

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2022-12-06T14:53:37Z

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Alexandre Pacheco Raith

Lá fora também se aprende: um estudo sobre o programa Cultura é Currículo sob a ótica dos estudos culturais

A pesquisa tem como objetivo geral analisar em que condições a inserção do projeto Lugares de aprender: a escola sai da escola contribui com a democratização da cultura na formação escolar dos estudantes, a partir da abordagem dos estudos culturais. Partindo dos objetivos específicos que pretendem apresentar e caracterizar os estudos culturais como campo teórico e político, que trata das relações na sociedade, e situar o programa Cultura é Currículo nas políticas contemporâneas de educação, a indagação a ser respondida por esse estudo é: em que condições a inserção do projeto Lugares de Aprender: a escola sai da escola contribui com a democratização cultural na formação dos estudantes? Em nossa hipótese preliminar supomos que a inserção do turismo no currículo escolar permite a aproximação dos estudantes a diferentes espaços culturais, ampliando e diversificando as referências culturais em sua formação. Como metodologia, realizamos pesquisa teórica recorrendo a fontes bibliográficas e documentais, e pesquisa de campo. Nesta, utilizamos o método observacional com o enfoque preponderantemente qualitativo, e técnicas de observação direta, entrevista e questionário. Os dados obtidos foram categorizados para análise dos conteúdos. Os resultados alcançados representam a complexidade apreendida nas diversas relações entre os participantes e planejadores do projeto.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Janaina Carrasco Castilho

A Banca da Ciência e a pessoa com deficiência visual: um estudo sobre a acessibilidade atitudinal na difusão científica

A Banca da Ciência é um projeto interdisciplinar da Universidade de São Paulo de intervenções não-formais de difusão dialógica crítica da Ciência para pessoas de todas as faixas etárias. Contudo, seus mediadores, estudantes de diferentes cursos de graduação, carecem de formação acadêmica na área de acessibilidade e inclusão para pessoas com deficiência. Nesse âmbito, surgem as seguintes questões: há barreiras atitudinais por parte dos/as mediadores/as da Banca da Ciência na difusão científica para os/as idosos/as com deficiência visual? Qual a percepção que esses/as mediadores/as têm sobre as pessoas com deficiência visual? Colocando-os frente à uma situação concreta envolvendo pessoas cegas, suas percepções mudam de alguma maneira? Para responder estas questões, esta pesquisa objetivou analisar as intervenções da Banca da Ciência quanto à acessibilidade atitudinal de seus/as mediadores/as para idosos/as com deficiência visual em espaço não-escolar, uma vez que o processo de envelhecimento da população brasileira vem sendo enfatizado e a igualdade de oportunidade não pode ser confundida com a igualdade de tratamento. Desse modo, temos como objetivos específicos: 1. Entender a percepção dos/as mediadores/as da Banca da Ciência sobre acessibilidade, inclusão e multissensorialidade para pessoas com deficiência visual; 2. Analisar como os/as mediadores/as formulam suas intervenções acessíveis para os/as idosos/as cegos/as ou com baixa visão; 3. Averiguar como os/as mediadores se portam perante aos/às idosos/as com deficiência visual; e, 4. Constatar se depois das intervenções, as percepções dos/as mediadores/as sobre as pessoas com deficiência visual se modificam. Temos três hipóteses acerca dos/os mediadores/as: i. mesmo demonstrando interesse na inclusão das pessoas com deficiência visual, permanecem com atitudes preconceituosas e estereotipadas; ii. eles/as reduzem a deficiência à questão do sentido; e, iii. a percepção deles/as muda depois do contato com as pessoas com deficiência visual. A reprodução desta pesquisa se caracterizou sob a linha pesquisa participante e a análise da linguagem dos/as mediadores/as ocorreu com referência no Construcionismo Social e na Análise do Discurso francesa. Constatamos que por mais que alguns/as mediadores/as apresentaram atitudes estereotipadas, discriminatórias e de medo, há tentativa de aproximação com os/as idosos/as cegos ou com baixa visão. Verificamos que todos/as mediadores/as definiram a deficiência visual pelo modelo médico, reduzindo a deficiência à questão do sentido e alguns/as possuem percepção fundamentada em modelo mítico sobre a deficiência visual, isto é, uma percepção histórica cultural muito sólida em deficiência como algo que limita e impossibilita as pessoas cegas de se locomoverem, de estudarem e/ou participarem ativamente de pesquisas acadêmicas. Alguns/as mediadores/as têm noção superficial sobre acessibilidade, inclusão e multissensorialidade para pessoas com deficiência visual. Depois das intervenções, foi possível constatar que os/as mediadores/as continuaram reduzindo a deficiência visual à questão do sentido, contudo, eles passaram a se perceberem como seres tateante, ouvinte, degustante e olfativo. Consideramos necessária uma qualificação de seus/as mediadores/as continuamente e uma multissensorialidade de seus produtos culturais em suas intervenções para quando se deparar com as pessoas com deficiência visual

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2022-12-06T14:53:37Z

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Renata Teles da Silva

Da \"bela velhice\" às \"velhinhas de bengala\": narrativas sobre envelhecimento, corpo, gênero e menopausa

Este trabalho analisa, a partir de abordagem qualitativa e perspectiva interdisciplinar, os sentidos atribuídos ao envelhecimento e à velhice por mulheres pertencentes às camadas médias populacionais, moradoras da Região Metropolitana de São Paulo. São discutidos esses sentidos e suas proximidades e distanciamentos em relação aos discursos hegemônicos, sobretudo àqueles associados ao \"envelhecimento ativo\", nos quais envelhecer aparece como algo que pode ser adiado através da adoção de determinados cuidados que visam à administração de corpos e identidades. Foram realizadas entrevistas em profundidade, individuais e semiestruturadas com dez mulheres que possuíam entre 50 e 71 anos. A discussão está organizada em quatro eixos: as percepções acerca da velhice e do processo de envelhecimento, as transformações corporais relacionadas a esses fenômenos, as especificidades do envelhecimento feminino e a relação entre menopausa e envelhecimento. As narrativas das mulheres entrevistadas apresentam dois grandes grupos de sentidos que coexistem e se interseccionam: a \"bela velhice\" e as \"velhinhas de bengala\". Os discursos hegemônicos apontam para a responsabilização dos indivíduos acerca de sua saúde e a moralização daqueles que não seguem o estilo de vida considerado adequado. Tais discursos, juntamente a determinadas mudanças socio-históricas nas construções de gênero, possibilitam uma vivência do envelhecimento perpassada pela atividade, autonomia e independência. No entanto, ao mesmo tempo em que trazem benefícios e revisam estereótipos negativos, constroem normas que implicam na abjeção e apagamento de outras experiências. Pretendese, então, contribuir para a análise do envelhecimento feminino, refletindo sobre a interlocução entre discursos, práticas sociais e subjetividades, evidenciando também os modos através dos quais as mulheres estão vivenciando esse fenômeno na contemporaneidade

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2022-12-06T14:53:37Z

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Aline Ângela Victoria Ribeiro

O arbitrário cultural em democracias capitalistas: princípios de visão e divisão no campo das políticas de formação cultural

Trata-se de pesquisa sobre o arbitrário cultural em políticas de formação no desenvolvimento de democracias culturais. O estudo apresentou o contexto da formação nos debates que permearam a gestão Haddad na cidade de São Paulo, sobretudo na formulação do Plano Municipal de Cultura. Em seguida, realizou-se um estudo global sobre arranjos administrativos, diretrizes e programas em políticas públicas de educação artística e cultural em oito democracias capitalistas. Por fim, para elucidar os princípios que regem as diferentes visões e divisões do campo da formação, e de outras políticas que a margeiam, realizou-se uma revisão crítica da sociologia da cultura de Bourdieu, em sua crítica a Malraux, no período correspondente à gênese e superação do paradigma da democratização cultural na França

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2022-12-06T14:53:37Z

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Amilcar Ferraz Farina

Pornochanchada: crítica, gênero e distinção cultural nos anos 1970

Este trabalho tem por objeto a pornochanchada ao longo dos anos 1970. Nele, procura-se descrever as condições de seu aparecimento e da sua conformação como gênero fílmico. Para tanto, estudou-se, sobretudo em São Paulo, o circuito de sua produção, exibição e recepção tendo como fontes testemunhos de época, material de propaganda como cartazes e releases, anúncios e críticas publicadas em jornais, reações de seu público e de censores que constam em pareceres de então. Assim, pretende-se compreender como a pornochanchada foi construída como categoria de percepção, a partir dos olhares de diversos atores sociais inseridos nesse campo, bem como entender como seu conceito se instrumentalizou no âmbito da crítica, convertendo-se em estratégia de distinção cultural. Ao final, como estudo de caso, analisou-se o filme História que nossas babás não contavam, de 1979, produzido por Aníbal Massaini Neto e dirigido por Oswaldo de Oliveira

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2022-12-06T14:53:37Z

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Mailson Vieira de Oliveira

Rap, Rupturas e Continuidades: Uma análise sobre a relação entre o Rap e a Mídia

Este trabalho apresenta uma análise sobre a difusão do rap no cenário cultural, a partir da influência de um dos principais mediadores culturais presentes nesse processo, a mídia hegemônica. Dessa maneira, buscou-se identificar as consequências desse fenômeno nos processos de produção, difusão e recepção cultural, a partir da análise da cobertura midiática sobre o rap e o hip-hop no Brasil, entre os anos 1980 e 2000. Partindo da premissa de que o rap figura como uma ferramenta de instrumentalização da luta pelo reconhecimento de direitos das minorias políticas, além de revelar uma linguagem estética relevante, que rompe com os padrões tradicionais de produção artística, a presente pesquisa foca no processo de mediação do rap pelo agente midiático, especificamente, a partir da veiculação de seu conteúdo no jornal Folha de S.Paulo, nas revistas Veja e BIZZ e na programação da emissora MTV. Considerando o fato de que o rap se constitui em uma expressão inovadora, tanto no campo cultural quanto social, durante a trajetória da pesquisa ficou evidente o seu apelo mercadológico e o crescente interesse com que a mídia acompanhou a evolução desse fenômeno. Considerando a aproximação da mídia à cena rap, foi possível verificar a influência exercida da primeira sobre a segunda, revelando as relações simbióticas e recíprocas entre as esferas de mediação, produção e de circulação no campo cultural. A análise também revelou que a abordagem da mídia tradicional sobre o rap mobiliza códigos que o associam a três perspectivas: moda, movimento e mercado. A alternância do predomínio de uma dessas abordagens se alinha às transformações sociais e à emergência de novos discursos que ecoam em um determinado contexto. Contudo, a partir da ocupação de um espaço definitivo do rap na mídia hegemônica e da consolidação de um mercado próprio, o rap passa a contar com uma nova frente dentro do movimento que se mobiliza a partir dos recursos materiais e simbólicos em voga para elaborar estratégias alternativas de produção, difusão e comercialização cultural.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Jocimara Rodrigues de Sousa

Astrônomos e apóstolos: um estudo da cultura científica jesuítica entre os séculos XVII e XVIII

De meados do século XVI a meados do XVIII, a Companhia de Jesus foi, sob diversos aspectos, a ordem religiosa católica de maior influência no mundo. Seus milhares de membros, espalhados pela maior parte do planeta (junto com as outras forças do colonialismo europeu, ou mesmo antes delas), viam-se e eram vistos como indivíduos e integrantes de uma corporação marcadamente distintos do resto do clero. A identidade jesuítica, constitutiva do elevado grau de autonomia relativa da ordem no campo religioso maior, era forjada, em grande medida, nos processos de formação dos futuros religiosos, que ocorriam em uma notável rede de colégios da Companhia (nos quais também recebiam inúmeros estudantes que não aspiravam ao sacerdócio, mas eram igualmente expostos ao modo de proceder dos jesuítas). Neste trabalho, buscamos indícios do funcionamento específico desse sistema de socialização cultural, no contexto do Colégio Jesuíta de Santo Antão de Lisboa, e, mais particularmente, em sua notória Aula da Esfera. Para tal, analisamos dois cadernos manuscritos que contêm anotações feitas por estudantes das aulas ministradas pelos padres Cristoforo Borri, em 1627, e Inácio Vieira, em 1709. Sustentamos que esses documentos dão sinais da existência de uma matriz cultural que, internalizada, predispunha os jesuítas a realizarem suas escolhas e, mais do que isso, moldava uma forma de pensar e ver o mundo. Nos cadernos, a especificidade jesuítica se torna presente quando se identifica a presença constante de atitudes epistemológicas e técnicas pedagógicas típicas da escolástica, sistema que jamais caiu em descrédito na Companhia, mesmo com os ataques crescentes e irreversíveis que sofreu ao longo do século XVII

Year

2022-12-06T14:53:37Z

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Giovana Massaretto da Silva

Verdade e normalidade nos discursos sobre sexualidade e gênero na escola

A partir do interesse em realizar uma análise discursiva sobre sexualidade e gênero na escola, efetuou-se o registro de atividades do Projeto Sexualidade e Gênero da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, ao lado da análise dos Planos municipal (São Paulo), estadual (São Paulo) e nacional de Educação, e dos Parâmetros Curriculares Nacionais com ênfase ao Tema Transversal Orientação Sexual. Desse modo, buscou-se estabelecer relações entre a experiência localizada na escola, o discurso governamental e outros eventos e discursos, tais como episódios ocorridos em outras escolas que tiveram repercussão midiática e a produção acadêmica contemporânea sobre o tema. Ao adotar uma perspectiva arquegenealógica de análise, vimos que dois conceitos-chave mobilizados por Michel Foucault verdade e normalidade apareceram em todas as atividades do Projeto, por isso decidimos voltar nossa atenção às formas como eles se apresentaram nas dinâmicas em sala. Verificamos que, no contexto estudado, o primeiro conceito apareceu discursivamente sob os aspectos técnico-científico, religioso, de convenção social, de autoridade e da experiência. O segundo apareceu em constatações de que divisões sexuais e de gênero sustentam relações sociais, em problematizações e defesas dessas constatações, em pressuposições de uma heterossexualidade ou de uma ideia de natureza para os corpos, e em referências a padrões dentro da própria homossexualidade e transexualidade. Com este estudo, almejamos refletir se, ao agirmos usando discursos e métodos semelhantes aos utilizados pelo Estado discursos verdadeiros e práticas de normalização-, estamos contribuindo para intensificar o governo da população, em vez de recusar as práticas que produzem e reafirmam verdades e normas relativas a identidades

Year

2022-12-06T14:53:37Z

Creators

Raphaela Secco Comisso

Leitura Animada: teatro de bonecos e contação de histórias como estratégias para a educação científica na primeira infância

O desenvolvimento de atividades com temáticas científicas desde os anos iniciais de educação pode ampliar a capacidade de reflexão consciente das crianças e desenvolver o pensamento crítico dessas diante de questões sociais. Por meio da ludicidade a criança relaciona-se com esses contextos e ressignifica-os por meio da sua imaginação e criação. O teatro de bonecos e a contação de histórias assumem características que possibilitam o desenvolvimento do pensamento crítico sobre a ciência desde a primeira infância. Este estudo propõe a formulação da prática de Leitura Animada, relacionando elementos do Teatro de Bonecos e da Contação de Histórias a fim de promover um espaço lúdico interativo promotor da cultura científica de crianças na primeira infância e teve como objetivos específicos: (a) Formular a Leitura Animada; (b) Analisar como as crianças da primeira infância interagem, participam e atuam na Leitura Animada; (c) Analisar como as crianças relacionam-se com o conhecimento científico. Em nosso trabalho utilizamos a metodologia de pesquisa intervenção, objetivando a produção e desenvolvimento da Leitura Animada Por que as aranhas fazem suas teias? em duas escolas da rede municipal de Guarulhos. A intervenção foi aplicada uma vez em cada escola, em turmas do estágio II da educação infantil, com crianças de quatro e cinco anos de idade. Analisamos as produções culturais realizadas pelas mesmas a partir dos dados de sequência fotográfica e transcrições de áudio e vídeo das intervenções. Verificamos que o envolvimento das crianças com o enredo teatral e o espaço lúdico favoreceu o desenvolvimento da cultura científica relacionada com as produções de cultura infantil e lúdica. Foi possível ampliar as reflexões sobre as práticas culturais infantis no âmbito da educação não-formal, valorizando os elementos socioculturais do Teatro de Bonecos e da Contação de Histórias, bem como desenvolver reflexões sobre estratégias para a educação científica na primeira infância

Year

2022-12-06T14:53:37Z

Creators

Anna Cecília de Alencar Reis

Os horários fora de lugar: tempos sociais e tempos biológicos na obra de Machado de Assis

Este trabalho pretende estimar as concepções históricas e sociais de tempo que permeiam a obra do escritor Machado de Assis (1839-1908). Para tanto, concebe-se que ao ler um romance, enredo e personagem são elementos indissociáveis, pois pensamos simultaneamente no seu cotidiano, considerando uma duração temporal, referida a determinadas condições de ambientes. E são nas relações existentes entre personagens e ambiente que se encontra o foco desse estudo, que pretende investigar na obra machadiana, como se dá a expressão da temática do tempo, principalmente em termos dos horários sociais, dos horários de dormir e acordar e dos horários de realização de atividades cotidianas. Como método, foi contemplada a leitura de parte da obra de Machado de Assis, identificando e destacando menções aos horários de sono, refeições, atividades sociais e aspectos do sono. O autor descreve as práticas sociais e os horários em que costumavam ser realizados em meados do século XIX, resultando num vasto material de análise cronobiológica, classificados de acordo com o horário do dia em que costumam ser realizadas na contemporaneidade. Nossos resultados sugerem que os horários sociais do século XIX estão adiantados em relação aos horários em que as mesmas atividades são normalmente realizadas na contemporaneidade. Portanto, conclui-se que as alterações empíricas comuns ao ambiente urbano, sobretudo a luz artificial, são capazes de influenciar os sincronizadores (zeitgebers) temporais, criando novas interações entre a sociedade e o ambiente. O aumento do ruído tecnológico transformou a relação humano-ambiente, alterando horários para refeições, expandindo os horários do dia destinados às práticas sociais de entretenimento ou trabalho e os aspectos relativos ao sono

Year

2022-12-06T14:53:37Z

Creators

Muara Kizzy de Figueiredo