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Os Entes Silenciosos da sociedade israelita segundo o Deuteronômio
Esta pesquisa tem como objeto Os Entes Silenciosos da Sociedade Israelita segundo o Deuteronômio. E com quê esse objeto tem a ver? A pesquisa será desenvolvida a partir do livro de Deuteronômio e mirará àqueles que estão em silêncio dentro do livro. São eles: o pobre, a viúva, o órfão, o estrangeiro, o levita, o escravo e a escrava. No desenvolvimento da pesquisa, notou-se que todos eles poderiam ser colocados sob a nomenclatura de pobre. E, de fato, todos eles são pobres. Mas o redator emprega as palavras para pobre para designar um homem que, mesmo que estando em situação econômica degradada, ele ainda é livre, e, em determinado momento de sua vida, pode até optar por se tornar um escravo de um irmão. Também, percebeu-se que há quatro personagens que, quase sempre, aparecem juntos. Esses são aqueles que são chamados pelas palavras: viúva, órfão, estrangeiro e levita. Diante disso, a pesquisa foi desenvolvida da seguinte forma: o capítulo inicial, onde se faz o levantamento das palavras que ocorrem dentro do Deuteronômio, e no qual se faz algumas observações iniciais. O segundo capítulo buscará entender as palavras para pobre que ocorrem dentro do Deuteronômio. Notar-se-á aqui que elas apontam para um irmão israelita e que legislação será feita para que o tu/vós, a quem se dirige o redator do livro, aja em obediência a fala de seu Deus e seja benigno com o seu irmão empobrecido. O capítulo termina com um tratamento de Moisés como um personagem que foi identificado com os Entes Silenciosos do Israel antigo. O terceiro capítulo será desenvolvido com os Entes Silenciosos que aparecem, comumente, juntos. Eles são considerados estrangeiros por sua condição de desarraigamento. Eles não possuem propriedade. Mas existem dentro da propriedade do tu/vós. A pesquisa também desenvolverá um entendimento do dízimo do terceiro ano. O quarto capítulo trata dos escravos e escravas. A legislação deuteronômica fará uma distinção entre os escravos e escravas que são de Israel e os que não o são. O ano da libertação dos empobrecidos e dos escravizados será tratado, em sua segunda parte, pois, a primeira fora tratada no capítulo 2.
2022-12-06T14:53:37Z
Pedro Evaristo Conceição Santos
O holocausto como tema nos livros didáticos brasileiros: realidades e alternativas
O Holocausto como Tema nos Livros Didáticos Brasileiros. Realidades e alternativas, orienta-se, em sua totalidade, para dois momentos: o da análise e o da proposta. No primeiro momento, o da análise, o estudo buscou definir, em primeiro lugar, de que maneira os livros didáticos abordam o tema, principalmente no que se refere ao protagonismo dos judeus como alvo de um genocídio sem precedentes na história da humanidade. Ao mesmo tempo, a atenção concentrou-se na presença de elementos que, muitas vezes, com o intuito de descomplicar, facilitar ou popularizar o ensino do Holocausto, resultam em sua banalização. Por último, a análise apontou a verificar a existência de elementos de instrumentalização no contexto do discurso do antissemitismo contemporâneo ou antissionismo. No segundo momento, o da proposta, apresentamos um projeto-piloto para o desenvolvimento de materiais através dos quais a história do Holocausto é contada com base no testemunho de um sobrevivente radicado no Brasil. Para tal fim, utilizamos entrevistas feitas no âmbito do Projeto Vozes do Holocausto, do Núcleo de Estudos Arqshoah/LEER/USP. Com base nos testemunhos, buscamos estabelecer a simbiose com fatos, documentos, personagens e lugares históricos. Dessa maneira, aos dizeres das testemunhas, enlaçaram-se os saberes da historiografia de modo a estabelecer um diálogo que tenta devolver às vozes dos sobreviventes ao menos parte do protagonismo que, como pudemos detectar na fase de análise, encontra-se ausente nos livros didáticos.
2022-12-06T14:53:37Z
Carol Colffield Lopez
A lente judaica de Saul Bellow em Herzog
Esta pesquisa de mestrado tem como o objetivo analisar os aspectos judaicos do romance Herzog, de Saul Bellow (1915-2005), buscando compreender a função de tais elementos na obra. Por elementos judaicos, entende-se não apenas a citação de elementos religiosos, históricos, costumes e personagens judeus como a presença de um pensamento embasado na tradução judaica. Parte-se da hipótese de que, não sendo um romance centrado na discussão do judaísmo em si, Herzog tem o judaísmo como uma lente através da qual Moses, protagonista do romance, enxerga o mundo e o analisa. O ponto de partida para a análise dessa lente judaica é a noção judaica de temporalidade, em que o indivíduo absorve em sua identidade o passado de seu povo, no caso dos judeus desde os remotos tempos bíblicos até os eventos do século XX, aliada ao constante sentimento de exílio, que coloca Moses na eterna posição de não-pertencimento. Dessa forma, Saul Bellow constrói, ao mesmo tempo, um romance enraizado na tradição judaica, mas que consegue dialogar com a sociedade mais ampla e com o seu tempo, na medida que Moses Herzog, em seu momento de crise e reflexão profunda, confronta não apenas seu histórico e sua identidade, mas principalmente o mundo à sua volta e suas bases intelectuais, ou seja, o círculo acadêmico e a vida nas metrópoles norte-americanas.
2022-12-06T14:53:37Z
Thaís Kuperman Lancman
Um nome que faz toda diferença: análise literária de Gênesis 32,23-33
Esta tese tem por objetivo analisar a perícope de Gênesis 32,23-33 que constitui um dos elementos estruturantes do conhecido ciclo de Jacó que integra a história dos patriarcas de Israel na Bíblia Hebraica. Jacó é tomado como um dos principais ancestrais do povo judeu, não obstante sua tradição, em alguns períodos da história, ter ficado em plano inferior àquela de Moisés, por exemplo. Em Jacó convergem as esperanças de uma parte da nação que não se vê contemplada pela religião oficial que administra um culto a YHWH distante da realidade vivida pelas famílias tribais, que habitam no interior, em pequenos vilarejos e no campo. O nome dado a Jacó, em meio a uma luta, é significativo e revelador. Afinal, ele não é, nem de longe, a figura perfeita, ideal que as tradições religiosas dominantes exigiam para alguém ser considerado um verdadeiro israelita temente ao Senhor. Sua liderança e dignidade chegam, mesmo, a ser questionadas pelo profetismo. Não obstante tudo isso, é sua pessoa que encarnará, através de um nome recebido do próprio ser divino, os destinos de Israel. Personagem e indivíduo se mesclam propositalmente, a fim de revelar a verdadeira vocação daquele povo.
2022-12-06T14:53:37Z
Telmo José Amaral de Figueiredo
Uma introdução geral à poesia hebraica bíblica
Ao lidar com uma parte considerável da Bíblia Hebraica, o leitor precisa estar a par do que é Poesia Hebraica Bíblica, suas características, peculiaridades e nuances a fim de entender e apreciar o texto. Mas como os Hebreus não deixaram nenhum manual de poética, o debate sobre a poesia da Bíblia Hebraica envolve desde sua presença no texto até suas características gerais e específicas. No presente trabalho, apresenta-se uma breve discussão sobre a Poesia Hebraica Bíblica no cenário acadêmico atual. Também são expostas as características dessa poesia, com ênfase no paralelismo.
2022-12-06T14:53:37Z
Edson Magalhães Nunes Júnior
\'À semelhança de homem e mulher\': um estudo sobre a representação humana em Dura Europos à luz do interdito bíblico
Este trabalho apresenta as conclusões de nosso estudo sobre a representação humana nos afrescos da sinagoga de Dura Europos, datada do século III EC, na Síria, à luz do interdito bíblico do Decálogo (Ex 20, 4-5; Dt 5, 8-9) onde se estabelece que os israelitas não devem fazer para si imagem de escultura, e reiterado pelo versículo Dt 4,16, onde se afirma que os israelitas não devem fazer alguma imagem esculpida na forma de ídolo, semelhança de homem e mulher. Inicia-se explicando o significado desse interdito e como ele se apresenta nos livros da Bíblia Hebraica que abordam a questão da confecção de imagens e idolatria. A análise dos textos bíblicos e da bibliografia de referência sobre o tema possibilita inferir que o interdito não proibia a confecção de todo tipo de representação humana, mas somente aquelas fabricadas para adoração. Segue-se a essa análise uma contextualização da representação humana pelos israelitas na Antiguidade, desde o período pré-monárquico até o século III EC, o século em que a sinagoga de Dura Europos é construída e adornada com afrescos representando cenas bíblicas. O objetivo é criar uma conexão entre o interdito da Bíblia Hebraica e a história judaica, que levou ao desenvolvimento de um conjunto de sinagogas no final desse período, no qual Dura Europos está inserida, nas quais encontramos a representação humana na forma de afrescos em paredes ou pisos mosaicos. A pesquisa bibliográfica sobre os vestígios arqueológicos do período demonstra que os israelitas produziram tanto as imagens permitidas como aquelas consideradas interditas e sofreram influências externas que levaram à concepção da sinagoga de Dura Europos. Por último, formulamos uma apresentação dos afrescos dessa sinagoga e procuramos verificar qual o significado que os estudiosos atribuíram a eles. A partir dessa análise foi possível concluir que a representação humana nos afrescos da sinagoga de Dura Europos não contrariava o interdito bíblico, pois não tinha propósito de adoração, e sim uma finalidade didática. A intenção era transmitir um ensinamento e reforçar a identidade da comunidade judaica a partir da reprodução de cenas que retratavam a história da salvação israelita. A rememoração dos momentos gloriosos do passado visava criar expectativas positivas sobre o futuro, mediante uma situação presente preocupante em relação à sobrevivência da comunidade judaica de Dura Europos e do judaísmo em si.
2022-12-06T14:53:37Z
Karina Santos de Oliveira
Mashal rabínico ou parabol? Parábolas dos Evangelhos à luz dos trabalhos de Paul Ricoeur e Yonah Fraenkel
Nesta tese, as parábolas dos Evangelhos são analisadas segundo o método de Yonah Fraenkel desenvolvido para os meshalim rabínicos. Esse método é baseado na teoria de Paul Ricoeur sobre a metáfora viva, que leva a considerar a parábola como uma narrativa metafórica e hermenêutica. Para a análise das quatro parábolas escolhidas, considera-se primeiro o texto aramaico dos evangelhos na Peshitá, a fim de evidenciar o arraigamento da parábola no seu contexto judaico. A análise prossegue com vários passos metodológicos: modelo de base, trama narrativa, relação mashal-nimshal, torsão da realidade, desvelamentos. Esses passos evidenciam a estrutura literária da parábola e a sua função hermenêutica. Ressonâncias com parábolas rabínicas da literatura talmúdica e midráshica são apontadas. Verifica-se assim a aplicabilidade do método de Fraenkel para as parábolas evangélicas. Percebe-se a necessidade de determinar um corpus de narrativas segundo vários critérios tais como relação à Escritura, narratividade, presença de elementos extravagantes. Um ponto principal diferencia o mashal rabínico da parábola evangélica: a possível presença de traços alegóricos nessa última. Esse dado é devido à diferença de contexto sócioreligioso e do processo na transmissão da parábola até ser posta por escrito. As grandes similitudes superam porém essas diferenças. A parábola hermenêutica dos evangelhos é de fato uma parábola rabínica.
2022-12-06T14:53:37Z
Pascal Jean André Roger Peuzé
Ideologia e gerações em Aharon Megued: estudo sobre a personagem do imigrante judeu e o nativo de Israel no início do estado
O conto Yad Vashem, do escritor israelense Aharon Megued, publicado em 1955, narra a história do avô Ziskind, originário da Ucrânia, que residia em Israel. Quando Ziskind soube que sua neta Raia estava grávida, pediu que ela desse para o filho que ia nascer o nome de Mêndele, caso fosse homem. A partir daí começa a discussão sobre a escolha de um nome típico da tradição europeia, defendido pelo avô, que se apresenta como um estranho para a família, ou um nome israelense, próprio de uma ideologia sionista, exigido pela neta. Esse conflito geracional revela uma crise de identidade profunda entre o imigrante e seus descendentes que se resume no choque entre o antigo e o novo, retratando as diferentes ideologias de um povo.
2022-12-06T14:53:37Z
Anath Czeresnia Wakrat
Itaboca, rua de triste memória: imigrantes judeus no bairro do Bom Retiro e o confinamento da zona do meretrício (1940 a 1953)
O Bom Retiro, conhecido como bairro judaico, tornou-se local de recebimento de imigrantes que tiveram na sua adaptação uma história de grandes sacrifícios, lutando contra preconceitos e estigmas. Um desses estigmas está relacionado justamente àquele território, por se tratar de uma região ocupada por imigrantes de origem humilde e ter a fama de abrigar mascates e prostitutas que na época eram popularmente conhecidas como polacas. Neste mesmo período, o bairro foi escolhido pelo interventor Ademar de Barros para confinar a Zona do Meretrício da cidade, que entre 1940 e 1953 ficou sob controle do Estado de São Paulo, revelando conflitos e resistências por parte da organizada comunidade judaica local. A principal rua que abrigava as casas de tolerância chamava-se Itaboca, mas, devido à má fama, após o fechamento da Zona, um projeto de Lei impôs a mudança de nome.
2022-12-06T14:53:37Z
Enio Rechtman
As formas verbais finitas do hebraico bíblico: qatal, yiqtol, wayyiqtol e weqatal e seus respectivos usos na narrativa e poesia bíblica
O sistema verbal do hebraico bíblico tem sido objeto de debate desde o início dos estudos gramaticais até os dias atuais. As conjugações de sufixo e prefixo, com ou sem a presença do waw prefixado (respectivamente, as formas verbais: qatal, yiqtol, weqatal e wayyiqtol) tomam uma parte central nesse debate devido à grande amplitude de significados que possuem na Bíblia Hebraica. A presente pesquisa propõe-se a apresentar as várias correntes teóricas acerca da interpretação do significado e relação dessas quatro formas verbais e também o uso das mesmas nos textos narrativos e poéticos da Bíblia Hebraica.
2022-12-06T14:53:37Z
Tiago Rebello Perin
Jorge Amado e o Judeu
O objetivo desta tese de doutorado é verificar a presença judaica em textos diversos de Jorge Amado (1912-2001), sobretudo em romances, abrangendo suas duas fases, em articulação com sua leitura de mundo. Quanto ao método, a verificação se dá por meio de rastros/indícios do judeu na obra amadiana, considerando que a presença judaica em seus textos aparece mais como referência ou assunto do que personagem. O pensamento analógico é a tônica da tese. As reflexões têm como gatilho o rastro do judeu no texto, nas quais se articulam parte e todo, em mútua influência. Em relação aos resultados, a presença judaica nos trabalhos de Jorge Amado está ligada a um modo bastante monolítico de ver o judeu. Em geral, figuras judaicas são associadas à militância comunista, assim como se relacionam a um plano mítico/profético sobre o qual a cosmovisão amadiana também se assenta. A forma da obra de Jorge Amado, calcada em diálogo com expressões populares, guarda ecos da cultura judaico-cristã, com ênfase no pensamento escatológico e soteriológico. A conclusão é a de que o judeu no texto amadiano tem função metonímica, algo que se relaciona tanto com sua posição ideológica quanto com sua cosmovisão. Portanto, há um feixe de significados na presença judaica em Amado: de contestação à revelação.
2022-12-06T14:53:37Z
Márcio Henrique Muraca
Um estudo das ideias linguísticas em torno das אהוי no Hebraico de Abussahal (séc. X) até Abudiente (séc. XVII)
O objetivo da presente tese é identificar as ideias linguísticas que foram elaboradas em torno das אהוי no hebraico do Tanaḵ / תנ"ך a partir do momento em que elas emergem do comentário de Dunaš ibn Tamīm ʾAbū Sahl / דונש  אבן   תמים  אבוסהל (séc. X) ao Sēp̄er Yəṣirā / ספר יצירה até serem recebidas na Gramatica Hebraica (séc. XVII) de Moseh filho de Gidhon Abudiente que foi a primeira do gênero a ser impressa em língua portuguesa. Mais especificamente foi analisado: (a) o valor fonológico das אהוי nos verbos fracos e defectivos; (b) a interação das אהוי com as בגדכפת e com as letras restantes do alfabeto hebraico; (c) a sobreposição das vogais tiberienses às אהוי de acordo com a tradição andaluza; e (d) os homófonos. Foi demonstrado que as אהוי eram interpretadas como letras mudas, porém: (a) como Dunaš ibn Tamīm ʾAbū Sahl /  דונש  אבן  תמים  אבוסהל, em seu comentário ao Sēp̄er Yəṣirā / ספר יצירה, foi o primeiro a associá-las às mães da fala e qualificá-las como letras fracas; (b) como Mənaḥēm bēn Saruq /  מנחם  בן   סרוק no Maḥbereṯ Mənaḥēm /  מחברת  מנחם ofereceu as primeiras especulações linguísticas em torno das אהוי; (c) como um Saussure judeu, Ḥayyūj / 'חיוג elevou as ideias embrionárias de Mənaḥēm /  מנחם ao seu apogeu no Kitāb ʾal-Līn / כתאב   אללין; (d) como os Qimḥi /  קמחי, apesar de ampliarem e difundirem as conquistas alcançadas pelos linguistas andaluzes, tolheram a robustez das ideias linguísticas de Ḥayyūj / 'חיוג em suas respectivas obras o Sēp̄er Zikkārōn /  ספר  זכרון, o Sēp̄er Mahălaḵ / ספר  מהלך e o Miḵlōl /  מכלול; (e) como nos ensinamentos do Rabino Yiṣḥāq ʿUzziʾēl /  עוזיאל  יצחק  registradas no Maʿănēh Lāšōn /  מענה  לשון editado por Yiṣḥāq Neḥemiyāh /  נחמיה  יצחק e no Məleʾḵeṯ haDiqdūq /  מלאכת  הדקדוק de Aboab, as ideias linguísticas em torno das אהוי começaram a perder espaço para explicações baseadas na grafemática; e (f) como Abudiente na Gramatica Hebraica expandiu o emprego das explicações baseadas na grafemática diminuindo o protagonismo das אהוי.
2022-12-06T14:53:37Z
Fabio Faldini
Moacyr Scliar: diálogos entre memória e diáspora
Esta pesquisa objetivou investigar como se estrutura nos enredos de quatro romances de Moacyr Scliar o diálogo ambivalente entre a memória judaica e a diáspora brasileira. Nas obras escolhidas no corpus, foi verificada a presença comum de dois planos narrativos. Um deles se ancora no passado, possui dicção memorialista e documental, retrata a longa saga do povo judeu, ficcionalizada por intermédio de vários recortes históricos. Já o segundo plano narrativo relaciona-se a distintos contextos da diáspora. Este se desenvolve no tempo presente do discurso e apresenta uma cronologia gaúcha brasileira que transcorre em meados do século XX. A metodologia adotada averiguou a possível validade da seguinte hipótese: a mescla discursiva entre elementos da memória judaica e da diáspora brasileira é responsável pela produção de um discurso híbrido de caráter multicultural. Foi realizado também o cotejo entre diversos elementos intratextuais bem como os entre-lugares e hibridismos representados nos romances.
2022-12-06T14:53:37Z
Lincoln Amaral
A terra em Gênesis 1-9: uma leitura microscópica crítica da narrativa
A relação do homem com a terra é vital em toda cultura e também o é na Bíblia Hebraica. O eixo temático Deus-terra-homem é descortinado em Gênesis 1-9 e as bases para as dinâmicas desse víncolo são estabelecidas. O presente trabalho é uma proposta de leitura microscópica da narrativa, contemplando a terra como um personagem.
2022-12-06T14:53:37Z
Edson Magalhães Nunes Junior
A mãe como testemunha e agente de transformação: emoções na política e uma brecha no conflito israelense-palestino
Diante de um conflito que se estende por muitas décadas, como é o caso do israelense-palestino, um rastro de dor marca vidas e parece não deixar muito espaço para a esperança. Ao registrar o testemunho de mães a respeito de sua história de vida e experiência emocional diante da realidade violenta em que vivem, busquei, a um só tempo, lhes escutar a voz, tantas vezes silenciada e, da humanidade de seus relatos, extrair uma centelha que fosse de possibilidade de transformação. No campo da Psicologia Política, é da intersecção entre a Teoria Feminista e o Estudo das Emoções que desenho meu olhar e na História Oral traço o caminho. Mas esta jornada teve início muito antes, e é nos registros pessoais de mulheres que busco preencher espaços vazios das narrativas históricas tradicionais. E, contrariamente à lógica do conflito que não vê lugar para mais de uma perspectiva, exploro, apesar das assimetrias, todos os pontos de vista que consigo alcançar, a fim de propor, não uma solução, pois esta não me caberia, mas um meio fértil para seu desenvolvimento.
2022-12-06T14:53:37Z
Rafaela Barkay
As crianças no gueto de Łódź : vidas e mortes no segundo maior gueto judeu da Polônia ocupada, 1941-1944
A cidade de Łódź  na Polônia abrigava a segunda maior comunidade judaica da Europa, somente superada pela capital Varsóvia. Ocupada pelas tropas alemãs em 8 de setembro de 1939, apenas uma semana após a invasão da Polônia, essa grande cidade industrial foi escolhida pelas autoridades alemãs para se tornar uma cidade digna de pertencer ao Grande Reich. Para tanto, foi feita uma reestruturação da cidade, renomeada Litzmannstadt, que incluía torná-la Judenrein, livre de judeus. A etapa inicial desse processo seria a criação de um gueto, uma medida temporária a ser empregada enquanto o futuro dos judeus de Łódź  não fosse decidido. Contudo, a escolha de Mordechai Chaim Rumkowski como Judenälteste do gueto pelos alemães e sua tática de garantir a salvação de sua comunidade através do trabalho o tornou o gueto mais longevo do Holocausto. Em um gueto voltado ao trabalho, as crianças exerceram um papel central que oscilava entre a proteção e a exclusão, ambas de responsabilidade de Rumkowski, o homem que se dizia seu protetor e que acabou por deportá-las ao campo de extermínio de Chełmno. Essa deportação de crianças colocou o gueto de Łódź  e seu líder Rumkowski no debate historiográfico, que acabou por marginalizar a história do alvo principal das deportações: as crianças. O presente trabalho tem por objetivo preencher essa lacuna historiográfica.
2022-12-06T14:53:37Z
Thaily Viviane André
A influência da tradição na tradução e interpretação de Isaías 52.13-53.12
Esta pesquisa procura analisar a influência da tradição na tradução e interpretação da perícope de Isaías 52.13-53.12. Inicialmente esta pesquisa discute a teoria de Eugene A. Nida, que tem sido a principal teoria nas discussões de tradução da Bíblia. Juntamente com a análise da teoria de Nida analisou-se também as principais discussões sobre tradução de outras vertentes acadêmicas e o uso das mesmas pelas principais tradições religiosas: judaicas, católicas e protestantes. Por meio de estudo de casos específicos de tradução dessas diversas correntes religiosas analisou-se as influências teológicas na tradução de textos tais como Isaías 14.12 na tradição protestante, Isaías 9.5-6 na tradição judaica. A pesquisa abordou o uso da paráfrase como meio utilizado pelas tradições religiosas para defender suas doutrinas em textos sensíveis da Bíblia Hebraica, bem como o poder da tradição interpretativa como interferência na produção de traduções alinhadas às posições teológicas das respectivas tradições. A pesquisa procura delinear de forma breve, a história dos princípios de interpretação da tradição cristã e do judaísmo rabínico. As principais versões produzidas por essas tradições interpretativas: LXX, Vulgata, Targum e Peshitta foram expostas como produtos dessas tradições interpretativas e a perícope de Isaías 52.13-53.12 nessas antigas versões e no Novo Testamento, também como produtos de influência das diferentes tradições interpretativas do cristianismo e do judaísmo rabínico. Por fim, o trabalho busca mostrar como o texto da perícope de Isaías 52.13-53.12 foi tratado nas fontes antigas do judaísmo rabínico e do cristianismo e os efeitos dessas tradições interpretativas em duas versões modernas da Bíblia Hebraica. A de linha judaica, conhecida como Bíblia Hebraica da Editora e Livraria Sêfer e a de linha protestante, denominada Nova Bíblia Viva
2022-12-06T14:53:37Z
Jose Ribeiro Neto
As relações de factitividade / causatividade nas formas verbais Piel / Hifil no hebraico bíblico
Este trabalho analisa o uso dos binyānîm (derivações verbais) Piel e Hifil em seus sentidos factitivo e causativo no hebraico bíblico. Inicialmente foi analisado o estado da questão nos estudos dos binyānîm de forma geral, para se concentrar, na sequência, nos estudos sobre o Piel e Hifil nas discussões mais significativas dentro dos estudos acadêmicos. Para que se pudesse trabalhar com o corpus bíblico utilizou-se de um recorte das raízes verbais em Piel que tenham um correspondente Hifil, nesse recorte, foram encontrados 126 raízes que correspondiam a esse recorte. De posse dessa seleção, procurou-se fazer um estudo do corpus bíblico do uso dessas formas verbais de modo sincrônico, verificando a ocorrência em paralelo das duas formas (Piel:Hifil) e os sentidos factitivo/causativo, presentes ou não no uso na Bíblia Hebraica. Foram selecionadas, quando possível, ocorrências que possuíssem mesma pessoa verbal, conjugação e sintaxe. Foi analisada a tradução da versão grega (LXX) de modo a verificar a correspondência de entendimento dos sentidos factitivo/causativo do Piel/Hifil, em uma versão antiga não semítica de modo a confirmar ou não a percepção desses sentidos à época dessa versão. Com o mesmo objetivo, procurou-se verificar no Targum, tradução antiga de língua cognata semítica (aramaico), a correspondência da tradução dos sentidos factitivo/causativo nos binyānîm equivalentes do aramaico. Por fim, analisou-se, por meio de tabelas comparativas, o resultado da pesquisa do uso no corpus bíblico em hebraico, grego e aramaico de modo a verificar as conclusões possíveis sobre os sentidos factitivo/causativo dessas raízes no hebraico bíblico.
2022-12-06T14:53:37Z
José Ribeiro Neto
\'Como caíram os valentes\'. Um estudo sobre a qinah em 2 Sm 1:17-27
Este trabalho propõe uma leitura da qînh (elegia) que Davi escreveu em homenagem a Saul e Jônatas (2 Sm 1:17-27). Parte da investigação desse gênero no interior da Bíblia Hebraica, identificando os principais traços dele e comparando-o a gêneros próximos numa tentativa de compreender a sua função social nos tempos bíblicos e descobrir possíveis razões para a sua reduzida presença na Bíblia Hebraica. Também constata de que modo esse lamento torna evidentes certos traços do personagem Davi, o que enriquece o entendimento dos relatos, contidos nos livros de Samuel, que narram a sua ascensão ao trono e o seu reinado. Finalmente, apresenta uma análise do poema eleito e do espaço narrativo em que ele emerge.
2022-12-06T14:53:37Z
Jayme Alves Moreira
Histórias da Bíblia Hebraica e as crianças: uma Análise ao Livro de Ester a partir da metodologia De Bruno Bettelheim
Este estudo propõe uma leitura analítica da história bíblica de Ester - história com estrutura bastante similar aos Contos de Fadas, de forma a perceber e destacar asseverações que podem oferecer recursos íntimos para se enfrentar os desafios que cada criança está exposta em sua realidade pessoal, familiar e em sociedade. Como fundamento, tomou-se o trabalho de Bruno Bettelheim, A Psicanálise dos Contos de Fadas, onde se faz uma radiografia das mais famosas histórias para as crianças, arrancando-lhes o seu verdadeiro significado. Apesar de valorizar as histórias bíblicas, o foco do psicanalista se restringiu aos Contos. E como sua obra mostra as razões, as motivações psicológicas, os significados emocionais, a função do divertimento, e a linguagem simbólica do inconsciente subjacentes nos contos infantis com riqueza de detalhes, pareceu possível extrair um caminho metodológico aplicável, de forma original, à História de Ester. Destacado o método de Bettelheim, notou-se que o Livro de Ester ferve em temas infantis, sendo de fácil identificação entre o inconsciente do leitor e seu mundo fantástico, o que poderia desmanchar fontes de pressão agressiva ao trazer alívio intrapsíquico e apoio condicional da formação pessoal. De forma breve, também se expôs a contribuição de Ester aos Problemas Humanos Universais, e, como sua trama caminha entre a Fantasia, a Ameaça, a Recuperação, o Escape e o Consolo - no encorajamento de seus leitores à luta por valores amadurecidos e a uma crença positiva na vida.
2022-12-06T14:53:37Z
Roberto Conti Júnior