RCAAP Repository
Diversidade de Flebotomíneos (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae) e detecção molecular de parasitas do gênero Leishmania no município de Bom Jesus dos Perdões, estado de São Paulo
Os flebotomíneos são dípteros hematófagos pertencentes à família Psychodidae e subfamília Phlebotominae. Considerando o processo migratório da doença no Estado de São Paulo e a complexidade da relação parasito/vetor/hospedeiros da Leishmaniose é necessário realizar estudo sobre os aspectos ecológicos e epidemiológicos desta doença. A expansão da Leishmaniose no interior paulista está associada aos processos antrópicos e ao desequilíbrio ambiental. O município de Bom Jesus dos Perdões passa por um crescente processo de urbanização onde não é conhecida a fauna de flebotomíneos, bem como a pesquisa de parasitas do gênero Leishmania nestes vetores. O presente projeto teve por objetivo principal, a Identificação da fauna de flebotomíneos (Diptera, Psychodidae, Phlebotominae) e detecção molecular de parasitas do gênero Leishmania no Município de Bom Jesus dos perdões, Estado de São Paulo. Os flebotomíneos foram coletados com armadilha do tipo CDC e armadilha de Shannon, em 12 pontos em três diferentes ambientes, sendo áreas de mata, área Periurbana e áreas urbanas. A taxonomia alfa foi baseada na chave dicotômica descrita por Galati (2003) e o nome das espécies foram abreviado segundo Marcondes (2007). Para a pesquisa de parasitas do gênero Leishmania foram utilizados marcadores baseados nos genes SSU rDNA, citocromo e quitinase. No município de Bom Jesus dos Perdões foi registrada uma riqueza de 12 espécies de flebotomíneos distribuídos em duas Subtribos: Subtribo Lutzomyiina com Migonemyia migonei, Pintomyia fischeri, Pintomyia monticola, Pintomyia misionensis, Evandromyia edwardsi e a Subtribo Psychodopygina com Psathyromyia lanei, Psathyromyia sp (série forattiniella), Martinsmyia alphabetica, Psychodopygus arthuri, Psychodopygus lloydi, Psychodopygus ayrozai e Nyssomyia whitmani. A análise molecular baseado no gene de quitinase identificou a espécie Leishmania (L.) infantum chagasi em Pi. fischeri, Mg. migonei e Ma. alphabetica e espécies de Leishmania sp. causadoras da doença na forma tegumentar em Migonemyia migonei, Pintomyia fischeri, Evandromyia edwardsi, Martinsmyia alphabetica, Psychodopygus lloydi, Psychodopygus ayrozai e Nyssomyia whitmani. Os resultados obtidos alertam para o aumento do risco de transmissão das Leishmanioses e aponta para uma maior importância das medidas de vigilância entomológica, da fiscalização do uso e ocupação do solo e de estudos mais detalhados sobre as espécies desses vetores e de sua relação com os reservatórios silvestres ou urbanos e a população vulnerável no município e região
2016
Luís Eduardo da Silva Costa
A presença da homeopatia nas faculdades de Medicina Veterinária do Brasil
Concebendo a ciência enquanto construção social, apartamo-nos do ideário de neutralidade e imparcialidade. A discussão da legitimidade da homeopatia no campo científico está associada ao dissenso, remetendo a um conflito histórico. O presente trabalho avalia qualitativa e quantitativamente a presença da homeopatia nas faculdades de medicina veterinária do Brasil. Na perspectiva de currículo como território de disputas, analisamos a tensão entre discurso homeopático e medicina científica, duas epistemes distintas. Foram investigadas as atividades relacionadas com homeopatia: disciplina obrigatória, disciplina optativa, atendimento clínico e pesquisa acadêmica. Os resultados demonstram que a homeopatia é ofertada em 20,1% das faculdades de medicina veterinárias do país. Outrossim, seu oferecimento é heterogêneo. Verifica-se uma discrepância entre currículo formal e currículo real: a ausência da homeopatia nos currículos justifica-se pela carência de médicos veterinários homeopatas no contexto acadêmico. Iniciativas pessoais são motivadores das atividades homeopáticas encontradas nos currículos acadêmicos. Entretanto, sua institucionalização é frágil. Concluímos que a posição subsidiária da homeopatia no âmbito acadêmico justifica-se à medida que diverge da construção epistemológica da medicina científica
2016
Clarice Vaz de Oliveira
Farmacovigilância veterinária baseada em relatos espontâneos de uma empresa farmacêutica no Brasil
A farmacovigilância de uma empresa veterinária pode compreender a análise de relatos espontâneos de eventos adversos (EA) relacionados aos seus produtos. No presente estudo foi elaborado um fluxograma de classificação de EA que foi usado para analisar EA notificados ao serviço de atendimento ao cliente e farmacovigilância de uma empresa veterinária no Brasil. Os binômios produto-EA foram caracterizados em termos das suas frequências e posteriormente foram utilizados três modelos de detecção de sinais: Reporting Odds Ratio, Bayesian confidence propagation neural network, e Gamma Poisson Shrinker. Os sinais detectados com os três métodos foram classificados de acordo com a sua intensidade, sempre com o sinal mais intenso na primeira posição. Entre os sinais detectados pelos três métodos, as posições de cada sinal foram somadas para obter uma classificação agregada que levasse em consideração os resultados dos três métodos e permitisse uma interpretação serial. Entre os 531 relatos foram identificados 20 EA, 54 binômios produto-EA e 34 binômios produto-reação adversa medicamentosa. Do total de relatos 7 foram sinais identificados pelos três métodos utilizados. A classificação de EA seguindo critérios explícitos e o uso combinado de mais de um método de detecção de sinais aprimoram a farmacovigilância baseada em relatos espontâneos
Revisão taxonômica das espécies do gênero Ornithonyssus (Acari: Macronyssidae) parasitos de pequenos mamíferos terrestres no Brasil e avaliação da infecção desses ácaros por Rickettsia spp
Até a metade do século passado o gênero Ornithonyssus Sambon (Acari: Macronyssidae) no Brasil estava representado por 12 espécies, sendo 7 espécies de pequenos mamíferos terrestres, 1 espécie de morcego e 4 espécies de aves. Nos anos 80 as espécies brasileiras de Ornithonyssus de roedores e marsupiais foram sinonimizadas e reduzidas a quatro somente, O. bacoti (Hirst), O. matogrosso (Fonseca), O. pereirai (Fonseca) e O. wernecki (Fonseca). O presente estudo reuniu informações sobre a morfologia dessas espécies a partir de tipos e material depositados na Coleção Acarológica do Instituto Butantan, bem como, de espécimes recentemente coletado em pequenos mamíferos terrestres. Para dar suporte à morfologia, estudos de biologia molecular foram conduzidos a fim de esclarecer o status taxonômico desse gênero. Adicionalmente foi investigada a presença de bactérias do gênero Rickettsia no material coletado. Os caracteres morfológicos foram estudados através de microscopia óptica e eletrônica de varredura. Para a taxonomia molecular o DNA foi extraído e a região 16SrDNA do gene mitocondrial foi seqüenciada, incluindo espécimes dos Estados Unidos e Peru. Na pesquisa de Rickettsia foi utilizada a técnica da PCR para dois genes, citrato sintase (gltA) e proteína externa de membrana A (ompA), além de seqüências obtidas do gene gltA para análises de distância. Os estudos de morfologia e molecular sugerem a ausência de O. bacoti no Brasil, e a incerteza da validade de registros na América Latina. Das sinonímias previamente propostas, nenhuma delas é válida com exceção de O. lutzi (Fonseca) que é de fato sinonímia de O. monteiroi (Fonseca). As outras 6 espécies brasileiras de Ornithonyssus, O. brasiliensis, O. matogrosso, O. monteiroi, O. pereirai, O. vitzthumi (Fonseca) e O. wernecki, estão taxonomicamente confirmadas, e uma chave dicotômica ilustrada para a identificação dessas espécies, foi proposta. A presença de Rickettsia foi detectada em 45 (57%) e em 3 (3,8%) das 79 amostras de ácaros testadas para os genes gltA e ompA, respectivamente. A análise de distância das 17 seqüências obtidas para o gene gltA revelou similaridade da maioria das amostras com o Grupo da Febre Maculosa. A alta porcentagem de positividade encontrada para Rickettsia foi inesperada, uma vez que a taxa no vetor (carrapato) naturalmente infectado, é baixa. This fact suggest
2008
Fernanda Aparecida Nieri Bastos
Ocorrência e isolamento de Toxoplasma gondii e Neospora spp. em equídeos do Brasil
Neospora caninum é um parasito intracelular obrigatório, formador de cistos, que acomete vários animais domésticos e silvestres, tendo maior importância nas espécies canina e bovina, nas quais causa problemas nervosos e reprodutivos. Os canídeos do gênero Canis são os únicos reconhecidos como hospedeiros definitivos do N. caninum até o momento, nos quais ocorre a fase sexuada de multiplicação, resultando na eliminação de oocistos pelas fezes. Toxoplasma gondii também é um coccídio responsável por uma das zoonoses de maior importância e ocorrência em todo o mundo. A fase assexuada de desenvolvimento do T. gondii ocorre nos mamíferos e aves (hospedeiros intermediários) com formação de cistos teciduais e a fase sexuada de desenvolvimento ocorre no intestino delgado dos hospedeiros definitivos, que são os membros da família Felidae. Este estudo teve por objetivo determinar a soroprevalência de anticorpos contra Neospora spp. e T. gondii em equídeos de diferentes regiões do Brasil e o isolamento e caracterização genética destes coccídios em amostras de tecidos de equídeos. A sorologia para T. gondii e Neospora spp. foi realizada em 453 amostras de soros por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta com ponto de corte de 50 para Neospora spp e 64 para T. gondii. Deste total, oito (1,75%) amostras (sete de jumentos e um de cavalo) foram positivas para Neospora spp. e 129 (28,47%) amostras (82 jumentos, 32 cavalos e 15 mulas) para T. gondii. Para o isolamento do T. gondii foram realizados 29 bioensaios em camundongos, sendo 19 de animais soropositivos e 10 de pools de tecidos de cavalos soronegativos. Por meio dessa prova biológica, foi possível o isolamento em uma amostra de jumento (Equus asinus) de Mossoró, RN, ocorrendo a morte dos dois únicos camundongos infectados, no 16o e 17o dia pós-inoculação. A caracterização genotípica do isolado foi realizada pela PCR-RFLP utilizando 12 marcadores genotípicos. A genotipagem dessa amostra evidenciou o genótipo #60 TgCkBr220, já isolado em galinha do Arquipélago de Fernando de Noronha, PE, Brasil. O isolamento de Neospora spp em gerbilos não pode ser feito uma vez que não foi possível a obtenção de tecidos dos equídeos soropositivos.
2013
Patrícia de Oliveira Esmerini
Acompanhamento de adoções de cães realizadas em Centros de Controle de Zoonoses do Estado de São Paulo
O presente trabalho teve como objetivo analisar a relação entre as características comportamentais apresentadas pelos cães nos centros de controle de zoonoses (CCZs) e o escore total do questionário proposto por Archer e Ireland (2011) que mede aspectos do vínculo entre seres humanos e cães., além de verificar a relação entre as características físicas e comportamentais dos animais e o tempo de permanência nos Centros de Controle de Zoonoses. Para tal, o trabalho foi realizado junto aos Centros de Controle de Zoonoses dos municípios de São Paulo e Guarulhos, utilizando os cães disponíveis para a adoção. Foram selecionados de maneira aleatória 165 animais. Todos os parâmetros físicos (obtidos através de observação direta e consultas de prontuários) e comportamentais (obtidos através de consultas de prontuários, questionários respondidos por funcionários e testes comportamentais) foram comparados com o escore total do questionário relacionado ao vínculo, utilizado de 58 a 68 dias após a adoção e com o tempo de permanência do animal no CCZ. Nenhum dos parâmetros comportamentais ou físicos apresentaram relação com o escore total obtido através do questionário. O tempo de permanência nos CCZs não apresentou correlação com nenhum desses parâmetros. Esse resultado indica que o tanto o score total do questionário como o tempo de permanência nos CCZs podem estar relacionados à outros fatores como a experiência prévia das pessoas que adotam.
2013
Ligia Issberner Panachão
Avaliação da dinâmica da infecção por Rickettsia parkeri cepa Mata Atlântica, agente etiológico de uma nova riquetsiose brasileira, em carrapatos Amblyomma ovale Koch, 1844 naturalmente infectados
No início de 2010, uma nova riquetsiose foi descrita em um paciente humano, que foi infestado por carrapato em Barra do Una, no litoral sul do Estado de São Paulo. Técnicas moleculares indicaram que esta nova doença foi causada por uma nova cepa de riquétsia, que foi denominada de Rickettsia parkeri cepa Mata Atlântica. Estudos mais recentes demonstraram que 10 a 15% dos carrapatos Amblyomma ovale, coletados em áreas de Mata Atlântica nos estados de São Paulo (incluindo a área do caso índice da infecção humana em Barra do Una) e Santa Catarina estavam infectados com R. parkeri cepa Mata Atlântica. Desta forma, o presente estudo iniciou-se a partir de fêmeas ingurgitadas de A. ovale, coletadas de cães naturalmente infestados em Barra do Una. No laboratório, foi constatado por PCR que parte dessas fêmeas (6,25%) estavam naturalmente infectadas por R. parkeri cepa Mata Atlântica; os ovos dessas fêmeas foram utilizados para formar uma colônia de A. ovale naturalmente infectada por R. parkeri. Ovos de fêmeas não infectadas, foram utilizados para formar uma colônia não infectada. As duas colônias foram estudadas de forma paralela no laboratório, visando analisar e quantificar a transmissão transestadial e transovariana de R. parkeri cepa Mata Atlântica e a competência vetorial do A. ovale. As infestações por larvas foram realizadas em roedores (Calomys callosus), enquanto ninfas e adultos foram alimentados em Oryctolagus cunicullus (coelho doméstico). Amostras de 10 indivíduos de cada uma das fases (larvas, ninfas e adultos F1, ovos, larvas e ninfas F2) foram testadas individualmente por um sistema de taqman real-time PCR, para presença de Rickettsia spp. Os soros sanguíneos de todos animais infestados foram testados por imunofluorescência indireta com antígeno de R. parkeri, no dia zero e 21 dias após a infestação por carrapatos, a fim de verificar soroconversão para antígenos de Rickettsia. Os resultados obtidos demonstraram 100% de transmissões transestadial (larva para ninfas e ninfas para adultos) e transovariana de R. parkeri em A. ovale, uma vez que todas as amostras de ovos, larvas, ninfas e adultos do grupo infectado foram positivas na PCR. Larvas e ninfas de A. ovale demonstraram alta competência vetorial, pois todos animais infestados por esses estágios infectados soroconverteram para R. parkeri. Por outro lado, adultos foram parcialmente competentes, pois apenas metade dos coelhos soroconverteu após ser infestada com carrapatos adultos infectados. Nenhum carrapato do grupo controle foi positivo na PCR, assim como nenhum animal deste grupo soroconverteu para R. parkeri. Fêmeas infectadas por R. parkeri cepa Mata Atlântica tiveram parâmetros reprodutivos inferiores aos das fêmeas não infectadas, indicando algum efeito deletério da infecção por este agente sobre os carrapatos. Os resultados sugerem a importância do carrapato A. ovale na epidemiologia desta nova riquetsiose brasileira, assim como sugerem uma capacidade vetorial de A. ovale para R. parkeri cepa Mata Atlântica, uma vez que este carrapato é frequentemente encontrado infestando humanos no bioma de Mata Atlântica.
2013
Felipe da Silva Krawczak
Estudo da transmissão horizontal de Mycobacterium avium em suínos
Haja vista a existência de quatro famílias de M. avium molecularmente distintas circulando na população de suínos do Sul do Brasil, a diferença de virulência constatada entre essas quatro famílias, a influência da virulência nos mecanismos de transmissão, as dúvidas existentes a respeito da existência e da importância da transmissão horizontal de M. avium em suínos e do significado desse conhecimento para o estabelecimento de métodos de controle eficientes, o presente projeto tem por objetivos: 1) Padronizar método de isolamento de micobactérias a partir de fezes suínas; 2) Caracterizar a eliminação de M.avium pelas fezes em suínos experimentalmente infectados pela via oral; 3) Verificar se existe transmissão horizontal entre suínos durante a fase de eliminação ativa, através de experimentos envolvendo infecção oral e exposição de animais contactantes; 4) Estudar, através de modelagem matemática, a dinâmica da infecção por M.avium em uma população suína. Como resultados, para cada um dos itens obteve-se: 1) Houve diferença significativa entre os protocolos de recuperação de micobactérias a partir de fezes de suínos (p< 0,05) e o método ácido com ressuspensão em solução de anfotericina B e semeadura em meio de Lowenstein-Jensen com antibióticos apresentou o maior percentual de recuperação (87%); 2) Foram constados dois períodos de eliminação fecal de MAC em suínos: um inicial, relativo à eliminação residual do inóculo, do 1º ao 4º, e um segundo, com início no 18º e término no 62º dias pós-inoculação, este último é resultado de suposta lesão aberta para a luz do intestino; 3) Cinco, dos sete animais contactantes, infectaram-se com o M.avium, estirpe PIG B e 4) A simulação matemática da doença, considerando a transmissão horizontal como mecanismo principal da ocorrência de condenações em matadouro por linfadenite granulomatosa é inconsistente com o que se observa na população. Portanto, o componente ambiental tem papel preponderante na dinâmica das infecções micobacterianas dos suínos produzidos no Brasil.
2005
Eugenia Marcia de Deus Oliveira
Disenteria de inverno: detecção de coronavírus bovino (BCoV) por reação de PCR dirigida ao gene Rp Rd e isolamento em cultivo celular de HRT-18G
Coronavirus bovino (BCoV), um membro da família i>Coronaviridae, causa severa diarréia em bezerros neonatos e tem sido associado a diarréias de inverno em vacas leiteiras em vários paises, incluindo o Brasil. A morbidade da disenteria de inverno e alta chegando ate 100% , sendo um fator importante para economia já que causa queda da produção leiteira, levando a grandes perdas as criações de vacas leiteiras. O objetivo deste trabalho foi pesquisar a ocorrência de BCoV em vacas, diagnosticando amostras positivas por RT-PCR gene Rp Rd e isolando estas amostras positivas em células da linhagem HRT-18G. As amostras de fecais foram obtidas de 43 vacas leiteiras com disenteria de 8 propriedades dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, Brasil. Das dez (10/43=23%) amostras positivas para esta técnica, 7 foram inoculadas em células da linhagem HRT-18G, sendo que o isolamento foi comprovado pela mesma técnica após seis passagens seriadas em 4 inoculações. Com isso, mostra-se que o BCoV também esta envolvido em disenterias de inverno em vacas leiteiras no Brasil. E através de isolamentos deste vírus, podemos contribuir para estudos continuados ajudar no esclarecimento de sua epidemiologia e possibilitar com um banco de vírus a prevenção de ordem também especifica da enfermidade.
Qualidade microbiológica da alimentação fornecida aos cães errantes nas imediações da reserva florestal da Cidade Universitária
Este trabalho analisou as condições microbiológicas em que se encontram os alimentos fornecidos aos cães errantes que se localizam na reserva florestal da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira Universidade de São Paulo. Trata-se de sobras de alimentos que foram consumidos em restaurantes locais e são fornecidos diariamente aos animais por um voluntário. Foram recolhidas amostras desses alimentos ao longo de cinco dias, e, em cada dia, foram escolhidas seis porções procurando a maior representatividade das amostras. Foram pesquisados os seguintes microrganismos: coliformes totais e termotolerantes, Staphylococcus coagulase positiva, Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Mycobacterium spp. Para coliformes totais (Log NMP/g) nas amostras de produtos cárneos a média foi 4,1, variando de 2,4 até >7,0, e para o grupo de outros alimentos a média foi 3,8 variando de 2,0 até 5,7. Para os coliformes termotolerantes (Log NMP/g) nas amostras de produtos cárneos a média foi 3,6, variando de 1,2 até 7,0; e para o grupo de outros alimentos a média foi 3,2, variando de 1,0 até 5,7. Para Staphylococcus coagulase positiva (Log UFC/g) nas amostras de produtos cárneos a mediana (distribuição dos dados não foi normal) foi <2 e o valor máximo foi 5,4; e para o grupo de outros alimentos a mediana foi <2 e o valor máximo 5,8. Houve ausência de Salmonella spp. em 25 g em todas as amostras, para Listeria monocytogenes 33,3% (10/30) das amostras foram positivas e 3,3% (1/30) das amostras houve presença de Mycobacterium spp. não pertencente aos complexos M. tuberculosis, M. avium-intracelulare. Considerando a susceptibilidade dos cães aos patógenos transmitidos por alimentos e as incertezas sobre dose-resposta aos desafios microbiológicos e, considerando ainda, o direito dos animais à alimentos seguros e saudáveis, conclui-se que os alimentos ofertados aos cães na CUASO apresentaram características microbiológicas insatisfatórias, interpretado pelos padrões microbiológicos da legislação para alimentação humana tendo em vista a inexistência de padrões específicos para alimentação animal.
2013
Fernanda Montserrat Voss Arellano
Avaliação da eficácia de bacterina antileptospirose suína: relação entre o resultado do teste de inibição de crescimento de leptospiras in vitro aplicado ao soro de suínos com o obtido no teste de potência in vivo em hamsters
O controle da eficiência de bacterinas antileptospirose de uso animal é o teste de potência com desafio em hamsters, contudo, na atualidade, tem sido estimulada a busca de alternativas que dispensem o uso de animais de laboratório. O teste de inibição de crescimento de leptospiras in vitro (ICLIV) tem sido proposto como possível alternativa. O presente trabalho empregou os testes de ICLIV, soroaglutinação microscópica (SAM) e ELISA anti IgG para avaliar a intensidade e a duração da imunidade passiva em leitões em aleitamento e ativa em matrizes suínas e leitões desmamados imunizados com bacterina experimental antileptospirose aprovada no teste de potência em hamster. Foi produzida uma bacterina experimental antileptospirose com estirpe patogênica de Leptospira interrogans, sorovar Kennewicki, estirpe Pomona Fromm (LPF), padronizada para conter 109 leptospiras por mL e associada ao adjuvante de hidróxido de alumínio na proporção de 10% do volume da dose final. Para a avaliação da eficácia da concentração mínima de leptospiras a ser utilizada na bacterina, diluições seriadas de razão dez de cultivo de leptospiras variando de 105 a 109 leptospiras/mL, foram submetidas ao teste de potência com desafio em hamsters (Experimento A), apenas a bacterina produzida na concentração de 109 leptospiras/mL foi capaz de proteger os hamsters contra a infecção induzida pela estirpe LPF, quando a vacina foi testada na diluição de 1:800, critério internacional de aprovação. A bacterina na concentração de 109 leptospiras/mL foi submetida ao teste de potência em hamsters (Experimento B), imunizados com a vacina pura e em diluições seriadas de razão dois (200 a 25600). A bacterina foi aprovada no teste de desafio em hamster até a diluição de 1:6400. O controle do inóculo de desafio foi constituído por 100 DL50. Fêmeas suínas que nunca haviam sido vacinadas contra a leptospirose e que foram não reagentes no teste de soroaglutinação microscópica aplicado a leptospirose efetuado com 24 estirpes de referência e no teste ICLIV com a estirpe LPF (Experimento 1), receberam duas aplicações intervaladas de 30 dias e um reforço aos 210 da primeira dose da bacterina pura e em diluições seriadas de razão dois (400 a 3200). Estes animais foram 16 monitorados com colheitas de sangue efetuadas a cada 30 dias. Os picos máximos de anticorpos avaliados pelos testes de SAM e de ICLIV foram observados aos 30 dias da segunda aplicação da vacina, com maior magnitude para a vacina pura, contudo aos 120 dias da segunda aplicação da vacina houve um declínio acentuado nos níveis de anticorpos. Para encontrar um melhor intervalo entre as imunizações (Experimento 2), fêmeas suínas receberam duas aplicações da bacterina pura intervaladas de 30 dias e o reforço aos 150 da primeira dose. A redução do intervalo de revacinação após as duas doses iniciais determinou a persistência dos títulos de aglutininas e de anticorpos neutralizantes com níveis sempre superiores a 0,4 log. Nos leitões em aleitamento filhos das matrizes imunizadas com bacterina na concentração de 109 leptospiras/mL foi constatada a transferência de imunidade passiva, confirmada pelos títulos de anticorpos aglutinantes detectáveis no quinto dia de vida e de neutralizantes no quinto e décimo dia de vida. Nos ensaios realizados em leitões desmamados imunizados com uma série de diluições de razão dez variando de a 109 leptospiras/mL os picos máximos de anticorpos foram observados aos 30 dias da segunda imunização, com maior magnitude para a bacterina testada na concentração de 109 leptospiras/mL. Os parâmetros finalmente obtidos foram que matrizes suínas e leitões desmamados, primovacinados com duas aplicações intervaladas de 30 dias da bacterina aprovada no teste de potência com desafio em hamster, apresentaram no teste de ICLIV efetuado aos 60 dias da primo-vacinação, intervalos de títulos de anticorpos (95%) expressos em log variando, respectivamente de (0,87 a 1,35) e de (1,22 a 1,58). Os valores máximos (12.800) para o teste de ELISA anti IgG das matrizes suínas foram obtidos após o reforço efetuado aos 210 dias.
Desenvolvimento de Reações em Cadeia pela Polimerase (PCRs) para o diagnóstico diferencial das principais espécies de Brucella
A brucelose é uma doença altamente contagiosa, responsável por grandes prejuízos econômicos e de saúde pública. É causada por bactérias do gênero Brucella, cujas espécies e seus biovares costumam ser caracterizados pelo isolamento e identificação de características fenotípicas da colônia. Dificuldades como, o perigo na manipulação dos microrganismos, processos laboriosos de tipificação, demora na obtenção de resultados e a instabilidade de características fenotípicas ou isolamento de linhagens atípicas dificultam a tipificação e encorajaram a busca de técnicas mais sensíveis e específicas, como a PCR, que resolveria as dificuldades e facilitaria a investigação epidemiológica dos casos humanos e animais. Diversas análises e o sequenciamento de determinados genes e do genoma completo de algumas espécies, demonstraram a existência de polimorfismos únicos no DNA das brucelas, que podem ser utilizados na sua identificação. Baseado nas dificuldades de identificação e na descoberta de polimorfismos únicos no DNA bacteriano das espécies, nosso objetivo foi desenvolver primers específicos para identificação de seis espécies do gênero B. abortus, B. melitensis, B. suis, B. canis, B. ovis e B. neotomae, e padronizar PCRs que permitissem identificá-las com maior sensibilidade e rapidez. Tentamos caracterizar marcadores moleculares para o desenho de primers espécie-específicos, através da amplificação randômica e clonagem dos fragmentos específicos, sem resultados satisfatórios. Apenas um primer para B. abortus foi conseguido quando foram analisados os polimorfismos já descritos na literatura. Assim, realizou-se o alinhamento múltiplo das sequências dos cromossomos I e II das espécies de Brucella, que permitiu a identificação de vários eventos polimórficos específicos para cada espécie, dos quais foram escolhidas regiões potenciais para o desenho de sete primers (dois para B. canis, B. melitensis e B. ovis, e outro para B. canis/B. suis) que tiveram sua especificidade analítica verificada com o programa Primer BLAST e testada nas 18 cepas de referência de Brucella, compreendendo a B. abortus, B. melitensis, B. suis e seus biovares, além da <iB. canis, B. ovis e B. neotomae, e em 231 isolados de campo, incluindo B. abortus, B. canis e B. suis. Os testes de especificidade dos primers resultaram na amplificação do fragmento esperado de quase todas as cepas de referência e de campo, exceto para o primer de B. canis e o de B. canis/B. suis. Estes resultados sugerem que os marcadores desenhados são promissores na diferenciação das espécies.
Avaliação clínica, sorológica e parasitológica de serpentes naturalmente infectadas com Cryptosporidium serpentis
A infecção por Cryptosporidium serpentis é uma das enfermidades mais importantes em répteis e se caracteriza por infecção crônica, clínica ou subclínica, e presença de gastrite hipertrófica severa, regurgitação, perda de peso progressiva, mortalidade eventual e eliminação contínua e intermitente de oocistos em fezes. O objetivo deste estudo foi padronizar um teste imunoenzimático (ELISA) indireto para detecção de anticorpos contra C. serpentis, e acompanhar a evolução clínica, parasitológica e da resposta imune humoral em serpentes naturalmente infectadas com C. serpentis. Foram utilizadas 21 serpentes naturalmente infectadas com C. serpentis e alojadas no Instituto Butantan, São Paulo, Brasil. As análises clínica e parasitológica foram realizadas em 21 serpentes por meio do registro diário dos sinais clínicos apresentados e pesquisa mensal da eliminação fecal de oocistos, em lâminas coradas pela técnica de Kinyoun. A avaliação sorológica foi realizada mensalmente utilizando o ELISA indireto para pesquisa de anticorpos anti-C. serpentis, pelo período de 12 meses em 8 animais, 8 meses em 3 animais e 6 meses em 1 animal. O ELISA indireto foi padronizado em bloco com utilização de antígeno produzido a partir de oocistos de C. serpentis, IgY de galinha anti-gamaglobulinas de serpentes e conjugado contendo IgG de coelho anti-IgY de galinha ligada à peroxidase. Os sintomas clínicos observados foram regurgitação, inapetência alimentar e perda de peso progressiva. A análise parasitológica revelou eliminação de quantidade variável de oocistos, de forma intermitente, em todas as serpentes, com positividade de 92% (116/126). O ELISA indireto apresentou positividade em 42,9% (54/126) das amostras. Foi observada resposta imune humoral na maioria dos animais, no entanto, com presença título flutuante de anticorpos e alternância de resultados positivos e negativos, em um mesmo animal.
2012
Philipp Ricardo Scaciotte de Oliveira Paiva
Estudo da prevalência da anemia infecciosa equina no Estado do Paraná
A anemia infecciosa equina (AIE) é uma doença infecciosa transmissível que não possui tratamento. A legislação sanitária determina a eutanásia dos equídeos infectados, resultando em perdas econômicas para as propriedades afetadas O presente estudo estimou a prevalência da AIE no Estado do Paraná no ano de 2018 e avaliou potenciais fatores de risco a partir de um desenho amostral do qual 4061 equídeos de 981 propriedades foram testados e as informações obtidas foram submetidas a regressões logísticas. As análises foram realizadas pela técnica de Imunodifusão em Ágar gel (IDGA) e a prevalência verdadeira encontrada foi de 1,71% (CI 95%: 0,68% - 2,75%) nas propriedades e 0,56% (CI 95%: 0,14% - 0,97%) nos equídeos. Entre os fatores de risco analisados, apenas o número total de machos, a presença de áreas alagadas nas propriedades e a introdução de equídeos apresentaram associação estatísticas com a AIE. A baixa prevalência da doença limitou a interpretação das associações estimadas. Se faz necessário investigar o risco associado aos equídeos não testados que permanecem nas propriedades como reservatórios da doença e àqueles que transitam ilegalmente.
2021
Ricardo Gonçalves Velho Vieira
Leptospirose bovina no Estado da Bahia Brasil. Prevalência, sorovares predominantes, distribuição espacial e fatores de risco
O objetivo do presente trabalho foi determinar a soroprevalência da leptospirose bovina no Estado da Bahia, bem como identificar fatores de risco associados à infecção. A amostragem foi delineada para a determinação da prevalência de propriedades positivas (focos) e de animais soropositivos para a leptospirose. O Estado foi dividido em quatro circuitos produtores, nos quais foram amostradas 10.823 fêmeas bovinas com idade ≥24 meses distribuídas em 1.414 propriedades. Na ocasião da colheita de sangue, foi aplicado um questionário epidemiológico por propriedade e as coordenadas geográficas foram obtidas com um aparelho de GPS. A reação de Soroaglutinação Microscópica (SAM), empregando 24 sorovares de Leptospira spp. como antígenos, foi utilizada como teste diagnóstico. O rebanho foi considerado foco quando apresentou pelo menos um animal soropositivo. As prevalências de foco e de animais soropositivos no Estado foram de 77,93% [75,73% 79.99%] e 45,42% [42,00% 48,88%], respectivamente. O sorovar mais freqüente foi o Hardjoprajitno, com 34,49% [31,93% 37,14%] de propriedades positivas e 14,95% [12,59% - 17,67%] de animais soropositivos. Nos circuitos produtores 1, 2, 3 e 4, as prevalências de focos foram de 62,40% [57,43% 67,13%], 88,10% [84,16% 91,15%], 77,47% [72,88% 81,49%] e 78,25% [73,47% 82,37%], e as prevalências de animais soropositivos foram de 42,52% [35,82% 49,51%], 48,60% [43,68% 53,56%], 47,72% [40,36% 55,18%] e 44,18% [38,13% 50,41%], respectivamente. A compra de reprodutores, presença de animais silvestres, utilização de pasto compartilhado, presença de eqüinos, cães e suínos, presença de cervídeos, abate de reprodutores nas fazendas, existência de áreas alagadiças, exploração de corte, aluguel de pasto e predominância de raças especializadas foram os principais fatores de risco identificados. A presença de gatos foi um fator de proteção contra a leptospirose.
2008
Flávia Carolina Souza de Oliveira
Isolamento de ureaplasma e micoplasma do trato reprodutivo de ovinos e caprinos e tipificação genotípica por meio da PFGE e seqüenciamento do gene 16S rRNA
Micoplasmas e ureaplasmas têm sido isolados de pequenos ruminantes, mas existem poucos estudos. O Mycoplasma ovine/caprine sorotipo 11, conhecido como cepa 2D, ainda não classificado como espécie, vem sendo relacionado a casos de vulvovaginite e problemas reprodutivos em ovinos e caprinos. Os ureaplasmas apresentam a habilidade em induzirem doenças no trato genital, confirmada por inoculações experimentais de isolados obtidos de animais doentes em animais saudáveis, resultando em moderada granularidade e hiperemia na vulva. Estes ureaplasmas não receberam ainda a designação de espécie, sendo apenas conhecidas suas características sorológicas, nas quais é fundamentada a classificação em nove sorotipos, sendo o IX relacionado a infertilidade e aborto em ovelhas. Este trabalho teve como objetivo o isolamento de micoplasmas e ureaplasmas do trato reprodutivo de fêmeas e machos das espécies caprina e ovina e tipificação genotípica dos isolados por meio de PFGE e sequenciamento do gene 16S rRNA. Foram obtidos 20 isolamentos de ureaplasma no trato reprodutivo de fêmeas e machos da espécie ovina, um isolamento de micoplasma e sete com crescimento misto de micoplasma e ureaplasma. Nas fêmeas da espécie caprina foram obtidos cinco isolamentos, sendo quatro de ureaplasma e um de micoplasma. Dos isolados submetidos a PFGE , 11 de origem ovina resultaram em oito diferentes perfis confirmando a capacidade da técnica em tipificar ureaplasma de origem ovina. O sequenciamento do gene 16S rRNA, analisado pelo UPGMA, permitiu agrupar seis isolados ao Ureaplasma diversum ATCC 49782, e quatro não foram agrupados com nenhuma outra espécies de ureaplasma, quando utilizado o ponto de corte 97%. Em nosso estudo, os isolados de ovino e caprino agrupados às referências de U. diversum não permite concluir que sejam da mesma espécie. A utilização do gene 16S rRNA gera grande quantidade de informações úteis para inferências filogenéticas e pode ser a primeira escolha na investigação de novas espécies. Técnicas filogenéticas como sequenciamento do espaço intergênico 16S-23S rRNA, e gene da urease podem auxiliaram futuramente na classificação dos isolados obtidos de ovino e caprino.
2008
Rosangela Claret de Oliveira
Pesquisa e caracterização genética de amostras do Torque teno sus virus 1 e 2 circulantes em suínos domésticos do estado de São Paulo e porco Monteiro do Pantanal
O Torque teno vírus suíno é classificado como pertencente à família Anelloviridae gênero Iotatorquevirus que compreende as espécies: Torque teno sus virus 1a (TTSuV1a) e Torque teno sus virus 1b (TTSuV1b); e o gênero Kapatorquevirus que compreende apenas a espécie Torque teno sus virus k2 (TTSuVk2). O TTSuV foi identificado como potencial agente causador de falhas reprodutivas em porcas, como agente desencadeante nos quadros de doenças associadas ao circovírus suíno tipo 2 (PCVAD) e em associação com outros agentes como o vírus da síndrome respiratória e reprodutiva dos suínos (PRRSV), vírus da influenza suína (SIV) e Mycoplasma hyopneumoniae como co-agentes na manifestação clínica do complexo respiratório suíno (PRDC). No presente estudo foi utilizada uma PCR direcionada a região não traduzida do genoma viral (UTR), e foi investigado um total de 391 amostras divididas entre fetos abortados e mumificados, leitões natimortos, soro, fezes e pulmão de suínos de dez propriedades localizadas no Estado de São Paulo. Diferenças entre as frequências do TTSuV1 e do TTSuVk2 foram comparadas entre amostras de porcas com problemas reprodutivos (fetos abortados e mumificados e leitões natimortos), diferentes fases da criação de suínos (porcas, leitões da creche e crescimento), leitões apresentando ou não diarréia, entre animais da terminação vacinados ou não contra o PCV2 e ainda entre amostras positivas e negativas para o PCV2. Amostras positivas de pulmão de suíno e um pool de soro de Porco Monteiro do Pantanal foram submetidos a uma PCR para amplificação da ORF1 de ambos os gêneros do TTSuV, seguida pela clonagem e posterior sequenciamento para reconstrução da filogenia. Foi investigada a ocorrência de eventos de recombinação entre as amostras, pressão de seleção e propriedades da proteína relacionadas à ligação com anticorpos. O TTSuVk2 foi mais presente infectando tanto fetos abortados quanto leitões natimortos. Porcas e leitões da creche foram mais frequentemente infectados pelo TTSuV1 enquanto que leitões do crescimento pelo TTSuVk2. A coinfecção (TTSuV1 + TTSuVk2 + PCV2) foi mais frequente em amostras fecais diarreicas que nas não diarreicas. Animais da terminação apresentaram alta frequência de coinfecção (TTSuV1 + TTSuVk2), sendo ainda maior na associação com o PCV2. A filogenia construída pelo método neighborjoing baseada na sequência da ORF1 revelou existir quatro tipos do TTSuV1 (1a, 1b, 1c e 1d) e sete subtipos do TTSuVk2 (2a, 2b, 2c, 2d, 2e, 2f, 2g) circulantes nas populações de suínos domésticos e ferais do Brasil. Entre as estirpes virais circulantes foram detectados eventos de recombinação intra-hospedeiro, inter-hospedeiro, intra-genótipo e inter-genótipo. A região carboxi-terminal da proteína demonstrou agrupar características relacionadas à ligação com anticorpos. Este estudo é o primeiro a caracterizar geneticamente amostras de TTSuV circulantes em suínos domésticos e ferais do Brasil e contribui para um melhor entendimento sobre a epidemiologia do vírus.
Vírus da influenza aviária: monitoramento em aves de subsistência criadas no entorno de sítios de aves migratórias no Brasil
A influenza aviária é uma enfermidade viral causada por vírus influenza A que acomete várias espécies de aves. No Brasil, a influenza aviária é considerada uma doença exótica, uma vez que os subtipos H5 e H7 nunca foram detectados. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento realiza vigilância permanente para esta enfermidade nos plantéis comerciais de produção avícola e também em aves de subsistência criadas no entorno de sítios de aves migratórias com o intuito de detectar precocemente a introdução dos subtipos H5 e H7 no país. No entanto, se desconhece a situação sanitária das aves de subsistência no que se refere à infecção por outros subtipos do vírus da influenza aviária. Considerando a importância deste tipo de criação como fonte de alimentos e de rendimentos em comunidades de baixa renda e o risco que provavelmente representa para a introdução da influenza aviária no Brasil, o objetivo deste trabalho foi monitorar as criações de aves de subsistência criadas no entorno de sítios de aves migratórias no período de 2011 a 2015, a fim de verificar a circulação de todos os subtipos do vírus da influenza aviária (AIV). Foram colhidas amostras de soro e suabes de traqueia e cloaca de 2816 aves criadas em onze diferentes sítios de aves migratórias localizados em sete estados brasileiros, totalizando 391 explorações de fundo de quintal amostradas. As amostras de soro (n = 2716) foram submetidas a triagem para pesquisa de anticorpos para a proteína NP do influenza A utilizando-se um kit comercial de ELISA competitivo, com posterior subtipificação das amostras positivas pela técnica de inibição da hemaglutinação para os dezesseis subtipos do vírus influenza A. Os suabes de cloaca e traqueia foram submetidos à prova de PCR em tempo real para detecção do RNA do vírus influenza A. Não foram detectados anticorpos para os subtipos H5 e H7 do AIV, mas anticorpos para os subtipos H1, H3, H4, H6, H8, H9, H10, H12, H13 e H16 foram identificados em aves oriundas de nove dos onze sítios. O RNA do AIV foi detectado em apenas três amostras pertencentes a uma mesma propriedade e nenhum vírus hemaglutinante foi isolado a partir deste material. Os resultados obtidos permitem concluir que os vírus de influenza aviária de baixa patogenicidade circulam em aves de subsistência criadas no entorno de sítios de aves migratórias no Brasil e alertam para a importância da ampliação da vigilância ativa nesta população
Desenvolvimento de um teste dipstick para o diagnóstico da leptospirose animal
A leptospirose é uma doença bacteriana infectocontagiosa, de curso agudo ou crônico, causada por espiroquetas do gênero Leptospira, de caráter zoonótico e cosmopolita que acomete o homem e os animais domésticos e silvestres. Pode ser transmitida de forma direta pelo contato com os fluidos contendo leptospiras, através das vias transplacentária e hematogênica, genital e o ato de mamar; ou de forma indireta pelo contato com ambiente contaminado com leptospiras. O conhecimento da gravidade da infecção, da distribuição geográfica, dos fatores de risco e das estirpes circulantes é de extrema importância para o estabelecimento da epidemiologia e o aprimoramento de medidas preventivas e diagnósticas. Neste estudo, avaliou-se a utilização de proteínas recombinantes de Leptospira spp. como antígenos no desenvolvimento de um teste rápido baseado em ensaio imunocromatográfico do tipo dipstick, como método diagnóstico da leptospirose animal. Foram selecionadas 11 proteínas recombinantes como candidatos a antígenos. As proteínas recombinantes purificadas foram avaliadas na detecção de anticorpos específicos por Western-blotting e ELISA. Somente a LipL32 apresentou reatividade com os soros positivos para leptospirose. Dois testes imunocromatográficos, utilizando a proteína LipL32, foram desenvolvidos. Um teste tipo I utilizando a proteína LipL32 conjugada ao ouro coloidal e outro tipo III com o ouro coloidal conjugado a proteína A e a LipL32 na linha teste. Em ambos as linhas teste e controle reagiram, demonstrando que os testes estão funcionando. O teste tipo I realizado manualmente mostrou resultados satisfatórios para os soros bovinos e soro hiperimune de coelho. O tipo III mostrou reatividade para as amostras de soro bovino, equino, coelho e cão. Quando se aplicou este dois testes em máquinas automatizadas não foi possível detectar a linha teste, provavelmente devido a necessidade de nova padronização de todos os parâmetros do método.
2015
Tatiana Barrionuevo Gotti
Use of high pathogenicity avian influenza propagation models in the Dominican Republic
The use of epidemiological models as a tool to evaluate the behavior of some diseases is increasingly common. Models have been used to represent infection with avian influenza, based on the history of outbreaks caused by the highly pathogenic H5N1 subtype, besides that, within-flock transmission due to H7N7 has been modeled from mortality data. The first outbreaks of influenza in poultry in the Americas arose from subtype H5N2; since then and for more than 30 years the subtype H5N2 North American lineage has been detected in other countries of the Americas. A virus of the same subtype and lineage was detected in 2007 in the Dominican Republic; to study the possible impact of an outbreak on the population we have developed a SIR model with several infection scenarios using parameters from the H5N2 North American lineage. The study was based on a real population through the poultry network contact of 951 farms; high and low pathogenic transmission was represented during a period of 100 days without the use of control strategies. Six scenarios for highly pathogenic and six scenarios for low pathogenic were simulated with seven repetitions each; all scenarios led to outbreaks with similar progression with epidemic curve declining from day 34; in low pathogenic the infection is maintained over time.
2017
Dejelia Ramona Gomez Gonzalez