RCAAP Repository
Caracterização e análise da rede de movimento de bovinos no Estado de Mato Grosso
O objetivo deste trabalho é analisar os dados de movimentação de bovinos, gerando informações úteis à vigilância epidemiológica do Estado de Mato Grosso. Analisou-se, para 2007, a distribuição de rebanhos nas propriedades, a movimentação por ecossistema de origem e destino, por finalidade (engorda, abate ou reprodução), e por época do ano. Observou-se que 81,54% do rebanho está concentrados em 20% das propriedades, indicando a existência de poucas propriedades com intensa comercialização para abate, engorda ou reprodução e muitas propriedades com pouca comercialização. Das 72.149 propriedades (de um total de 112.924) que realizaram algum tipo de movimentação, 65.773 movimentaram bovinos. A maioria das movimentações ocorreu internamente em cada ecossistema (Pantanal, Cerrado e Amazônia). O Pantanal recebeu o menor número de bovinos (4,98% dos animais recebidos, incluindo movimentação interna) e o Cerrado foi o que mais recebeu bovinos provenientes dos outros ecossistemas e o que enviou o menor número de bovinos (318.253, 25,79% do total de bovinos enviados a outro ecossistema). Observou-se uma redução do movimento em maio e novembro (vacinação contra febre aftosa), janeiro e fevereiro (férias dos frigoríficos e estação chuvosa) e setembro (manejo de natalidade, ausência da safra do boi gordo e desmama de bezerros). O percentual de movimentação interestadual foi de 2,65% dos animais movimentados, predominando as movimentações intraestaduais. Na análise de 539.526 documentos em 76.277 estabelecimentos calculou-se o grau de comercialização entre os estabelecimentos, para o semigrau interior a média e mediana foram (1 e 3) e para o semigrau exterior(2 e 3) respectivamente. As distâncias médias para movimentação de bovinos provenientes das propriedades da fronteira internacional e daquelas sabidamente positivas para brucelose foram 73,75 e 60,43 km respectivamente. Distâncias médias para movimentos destinados a frigoríficos, propriedades e eventos agropecuários foram inferiores a 116,70 km mostrando movimentação proveniente do próprio Estado. Em redes com características livre de escala supõe-se que a distribuição de grau P(k) pode ser ajustada pela lei de potência, no entanto observou-se que alguns estabelecimentos não seguiram o previsto para redes livre de escala. O ajuste de P(kin) mostrou que estabelecimentos que compraram maior quantidade de bovinos ultrapassaram o esperado pela lei de potência, o que pode estar relacionado ao comportamento de compra por frigoríficos e confinamentos. Para o ajuste de P(kout), a proporção de propriedades que venderam para muitos estabelecimentos (por exemplo, próximo a 100 estabelecimentos) está abaixo do previsto pela lei de potência, como também aquelas que venderam para menos de 10 outros estabelecimentos. As propriedades de subsistência, que movimentam poucos animais, influenciaram os valores de P(kin) e de P(kout) para valores baixos de kin e kout, respectivamente. Observou-se uma correção negativa (r= -0,54) entre o grau médio dos primeiros vizinhos e o grau do estabelecimento mostrando que estabelecimentos com grau elevado (volume elevado de compra e/ou venda) comercializam com estabelecimentos cujo grau é em média baixo (volume baixo de compra e/ou venda) e vice-versa. Essa característica da rede de movimentação de bovinos pode ter implicações no espalhamento de doenças infecciosas nos rebanhos, em função do contato entre grandes e pequenos estabelecimentos.
Genes de cisteíno proteases (catepsina L-like) de Leishmania infantum chagasi: caracterização, relações filogenéticas e diagnóstico molecular
Os parasitas pertencentes ao gênero Leishmania têm distribuição ubíqua. Este táxon inclui Leishmania infantum chagasi, agente etiológico da leishmaniose visceral nas Américas, uma zoonose negligenciada cujas metodologias diagnósticas acumulam uma série de limitações, requerendo a validação e padronização de metodologias diagnósticas satisfatórias. Vários fatores estão relacionados à patogênese causada por este protozoário, entre eles a catepsina L-like, uma cisteíno protease envolvida em processos regulatórios metabólicos e infecciosos. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia do gene de catepsina L-like isoforma CPA como alvo de diagnóstico molecular e como marcador filogenético que permita a compreensão das variações intraespecíficas e elucidem a história evolutiva de L. infantum chagasi no Brasil. Foram utilizados 44 isolados de L. infantum chagasi de diferentes estados brasileiros. Os fragmentos do gene de catepsina L-like foram amplificados, purificados, sequenciados, alinhados manualmente e analisados por métodos filogenéticos de máxima parcimônia e inferência bayesiana. As sequências geradas foram usadas para pesquisar e sintetizar iniciadores a serem usados em reações específicas para o parasita alvo. O gene de catepsina L-like não mostrou variabilidade intraespecífica entre os isolados analisados, sugerindo um evento recente de introdução do mesmo nas Américas. O par de iniciadores propostos amplificou o DNA alvo de isolados de L. infantum chagasi, sendo efetivo na amplificação de DNA em concentrações de até 10-11g / µl. O marcador proposto não apresentou reações cruzadas com outros hemoparasitas de importância clínica. Quando utilizado para o diagnóstico em um painel de amostras clínicas de cães, obteve-se uma frequência de positividade de 49,03% (102/208), contrastando com o valor de 14,42% (30/208) obtido com o marcador para o gene do espaçador ribossomal interno ITS. Quando testado em amostras de flebotomíneos se obteve um valor de 6,25% e em amostras de pacientes humanos o valor foi de 14,28%. Os marcadores também foram eficazes em amplificar DNA extraído de amostras de urina, de sangue fixado em papel filtro e mesmo em amostras de swab de lesões conjuntivas. Este conjunto de parâmetros permite inferir que o CatLeish- PCR é sensível e específico para o diagnóstico de L. infantum chagasi podendo ser aplicado tanto em pesquisas clínicas quanto em inquéritos epidemiológicos de vigilância.
2018
Ryan Emiliano da Silva
Diversidade molecular do gene Cap (ORF-2) do circovírus suíno 2 (PCV2) detectado em amostras de pulmão com e sem lesões pneumônicas macroscópicas em suínos abatidos no Estado de São Paulo
Circovirus suíno 2 (PCV2) associado a doenças (PCVAD do inglês Porcine circovirus associated disease) pode se manifestar como infecção sistêmica, enterite, problemas reprodutivos, síndrome de dermatite e nefropatia suína e complexo de doenças respiratórias (PRDC). A ocorrência de PRDC, que afeta, principalmente, animais de crescimento e terminação, caracteriza-se por crescimento lento, tosse prolongada e dispnéia, assim como lesões macroscópicas características em pulmão. PCV2 possui três principais regiões abertas de leitura (ORFs): ORF-1 codifica proteínas envolvidas na replicação (gene Rep); ORF-2 codifica proteína estrutural do capsídeo (gene Cap) e ORF-3 codifica proteína envolvida na indução de apoptose celular. O gene Cap é a região mais variável do PCV2, havendo indícios da associação entre a proteína Cap e patogenicidade. De acordo com a nomenclatura unificada proposta por Segalés et al., três diferentes genótipos são atualmente reconhecidos (PCV2a, - 2b, -2c). O aumento na incidência e gravidade da PCVAD foi atribuído ao surgimento do PCV2b tornando-se o mais prevalente subtipo em países da América do Norte, Europa, e no Brasil. Diante dos prejuízos que a PRDC acarreta, 200 amostras de pulmão com e sem lesões pneumônicas macroscópicas foram analisadas para PCV2 pela PCR; 88,5 % (177/200) foram positivas para PCV2 por PCR corroborando com estudos em que o PCV2 foi encontrado em um grande numero de amostras e poderia desenvolver um papel da PRDC. Entretanto, não houve associação significativa entre amostras positivas e presença ou ausência de lesões pneumônicas macroscópicas (p=0,26). A análise filogenética de 27 amostras PCV2 positivas sequênciadas (22 genoma completo e cinco ORF-2 completa) foram agrupadas no genótipo PCV2b. Devido à alta identidade de nucleotídeos e aminoácidos entre as sequencias obtidas e as recuperadas de estudos anteriores com presença e ausência de PCVAD, não há indícios de associação entre patogenicidade e o subtipo de PCV2 identificado neste trabalho
Uso de suabe conjuntival na detecção de Leishmaniose Visceral Canina por PCR
A leishmaniose visceral canina é uma zoonose, no Brasil causado pelo protozoário Leishmania chagasi (syn. L. infantum). É endêmica em 88 países, os quais compreendem regiões tropicais e subtropicais do Velho e do Novo Mundo, com incidência estimada em 2 milhões de casos por ano. No ambiente urbano, o cão doméstico é considerado o principal reservatório do parasito. A transmissão da doença ocorre através da picada do vetor, díptero flebotomíneo, da espécie Lutzomyia longipalpis. O diagnóstico pode ser feito através de métodos diretos, como esfregaço preparado com os diferentes órgãos linfoides, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), cultivo in vitro do parasito, ou por métodos sorológicos, como ELISA (Ensaio Imunoenzimático) e RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta). O controle epidemiológico da doença humana envolve o tratamento sistemático dos casos humanos, borrifação de inseticida em região domiciliar e peridomiciliar e eliminação de cães soropositivos, ponto mais controverso do programa de controle. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a técnica não invasiva do suabe conjuntival na identificação por PCR de leishmaniose canina. As amostras, de sangue e suabe conjuntival, foram coletadas durante inquérito epidemiológico realizado na cidade de Ilha Solteira - SP. A prevalência de animais positivos em pelo menos um dos três testes (RIFI, PCR de sangue, e PCR de suabe conjuntival) foi de 28,17% (60/213). No teste sorológico RIFI, um total de 13,6% (29/213) dos cães reagiram positivamente. Na PCR do suabe conjuntival, 13,1% (28/213) dos cães foram positivos, e na PCR de sangue total também obtivemos 13,1% (28/213) positivos. Comparando os animais testados pela RIFI e pela PCR de suabe conjuntival, 7,9% (17/213) animais foram positivos em ambos os testes, enquanto 81,2% (173/213) animais foram negativos em ambos os testes (PCR-SC e RIFI). Dos animais testados para PCR-SC, 5,1% (11/213) foram positivos apenas neste teste. Na sorologia, 5,6% (12/213) reagiram positivamente apenas pela RIFI. A sensibilidade e especificidade da PCR-SC foram respectivamente 58,6% e 94,0%, valor preditivo positivo de 61,0%, valor preditivo negativo de 94,0%, e o índice kappa 0,53, o qual demonstra moderada concordância entre os testes. Ao se comparar a RIFI com a PCR-SG, dos animais testados, 3,3% (7/213) foram positivos nos dois testes simultaneamente, 13,6% (29/213) foram positivos apenas na RIFI, logo, 9,9% (21/213) foram positivos apenas na PCR-SG. Foram negativos nos dois testes 76,5% (163/231). A PCR-SG demonstrou sensibilidade de 24,1%, especificidade de 88,5%, valor preditivo positivo de 25,0% e valor preditivo negativo de 88,0% e índice kappa de 0,13, quando comparado à RIFI, indicando uma fraca concordância. Além disso, foram positivos em todos os três testes 2,35% (5/213), e apenas 0,47% (1/213) foi positivo nos testes de PCR-SG e PCR-SC. Os resultados demonstraram que o suabe conjuntival é uma boa alternativa, fácil e pouco invasiva, que pode ser utilizada para auxiliar inquéritos e estudos epidemiológicos da Leishmaniose Visceral Canina.
2013
Vanessa Figueredo Pereira
Avaliação da infecção por Rickettsia spp. em Amblyomma triste Koch (Acari: Ixodidae) e em algumas espécies de Ornithonyssus Sambon (Acari: Macronyssidae)
O gênero Rickettsia compreende bactérias intracelulares obrigatórias e há por enquanto 22 espécies que, comprovadamente, são patogênicas ao homem. A transmissão da maioria das espécies de riquétsias está associada a carrapatos, mas também podem ser veiculadas por pulgas, piolhos e ácaros. O presente estudo teve por objetivos avaliar a infecção de Rickettsia parkeri em carrapatos da espécie Amblyomma triste (Acari: Ixodidae) e também avaliar a infecção de Rickettsia spp. em algumas espécies de Ornithonyssus Sambon (Acari: Macronyssidae). Foram obtidas fêmeas de A. triste de um cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) atropelado e as posturas testadas por PCR para o estabelecimento de uma colônia naturalmente infectada com R. parkeri (grupo infectado) e outra livre de infecção (grupo controle). Para avaliar a infecção de Rickettsia spp. em ácaros foram realizadas 15 campanhas de capturas de pequenos mamíferos terrestres nos estados de São Paulo e Paraná. Após anestesisa e escovação, os ácaros foram removidos dos hospedeiros e mantidos em nitrogênio líquido para a tentativa de isolamento através da técnica de shell vial. Foram estudadas quatro gerações de A. triste infectada e não infectada com R. parkeri. Os resultados revelaram que R. parkeri é moderadamente patogênica para A. triste e a fase do ciclo biológico do carrapato mais sucetível ao efeito deletério da bactéria é o estágio ninfal. Foram capturados 165 mamíferos silvestres das seguintes espécies: Akodon cursor, Akodon montensis, Didephis aurita, Euryzoryzomys russatus, Metachirus nudicaudatus, Monodelphis sp., Nectomys squamipes, Oecomys sp., Oligoryzomys sp, Oxymycterus sp., Sciurus aestuans and Thaptomys nigrita. Destes, somente 13 estavam infestados com três espécies de Ornithonyssus spp. Foi obtido um isolado de O. vitzthumi que parasitavam Oxymycterus sp., contudo não foi possível sua caracterização, pela não amplificação pelos marcadores clássicos para o gênero Rickettsia.
2012
Fernanda Aparecida Nieri Bastos
Validação de método para detectar resíduos de ivermectina em leite bovino
Níveis não aceitáveis de resíduos de ivermectina (IVM), uma droga anti-parasitária amplamente utilizada no Brasil para controle de endectoparasitas, pode estar presente no leite para consumo humano se administrada incorretamente. O nível máximo de resíduos no leite para este composto é de 10 ng mL-1 e sua presença tem sido comprovada em pesquisas realizadas por orgãos reguladores. Com o conhecimento deste problema, um método para a detecção de ivermectina em amostras de leite foi desenvolvido utilizando a extração líquido-líquido com base em acetonitrila e hexano, seguida por derivatização com 1-metilimidazol (MI), trietilamina (TEA), ácido anidro trifluoroacético (TFAA) e ácido trifluoroacético (TFA) e cromatografia líquida com detecção fluorescente (LC-FL) para a análise. Além disso, o método proposto foi testado de acordo com parâmetros de validação estabelecidos pela ANVISA. Parâmetros, tais como seletividade, linearidade (R² 0,98), precisão (coeficiente de variação entre 0,6-19%), recuperação (90-95%) e robustez foram avaliados durante o processo de validação. Subsequentemente, foi testado em amostras de leite de vacas tratadas com uma formulação comercial de ivermectina a 1%. O método aplicado em amostras de campo, provou possuir um perfil de quantificação e de confirmação para o método concebido no presente estudo.
2015
Saulo de Tarso Zacarias Machado
Situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado de Alagoas
De abril a outubro de 2018, realizou-se estudo populacional para estimar a prevalência e os fatores de risco associados a brucelose bovina no estado de Alagoas, Brasil. Por meio do delineamento amostral em dois estágios, foram colhidas amostras de sangue de 3.046 fêmeas bovinas com idade ≥ 24 meses oriundas de 634 rebanhos. Em cada rebanho foi aplicado um questionário para avaliar o grau de associação de possíveis fatores de risco com a doença. Um modelo de regressão logística foi aplicado para quantificar a associação entre as características demográficas e de manejo com o status sanitário do rebanho. Para o diagnóstico, aplicou-se protocolo de testes sorológicos em série, utilizado o teste do antígeno acidificado tamponado como triagem e a fixação de complemento como teste confirmatório. A prevalência estimada de rebanhos de Alagoas com pelo menos um animal soropositivo foi de 3,2% [95% IC 2,1-4,9], e a prevalência estimada de animais soropositivos foi de 0,9% [95% IC 0,5- 1,4]. Aluguel de pasto (OR = 3,11 [95% IC 1,28-7,37]) e rebanhos com ≥ 14 fêmeas em idade reprodutiva (OR=4,91 [95% IC 2,02-11,66]) foram as variáveis mais associadas à condição de foco de brucelose. Preconizam-se ações de educação sanitária das cadeias produtivas da carne e do leite para evitar aluguéis de pastagem e incentivar adoção de cuidados sanitários para a brucelose nos plantéis. A estruturação de sistema de vigilância visando erradicar a brucelose bovina deve ser considerada pelo estado.
2021
Sonia Luisa Silva Lages
Estudo epidemiológico de Rickettsia felis em áreas endêmicas e não-endêmicas para febre maculosa no Estado de São Paulo
Estudos recentes demonstraram a existência de Rickettsia felis, riquétsia do Grupo da Febre Maculosa, em sangue de pacientes com quadro clínico compatível com a doença e em pulgas infectadas. Este projeto visa determinar a prevalência de R. felis em vetores (pulgas e carrapatos) e em potenciais reservatórios (gambás, cães, gatos, eqüinos e humanos), procedentes de áreas endêmicas (Mogi das Cruzes, Pedreira, Piracicaba e São Paulo), e não endêmicas (Pirassununga) para FM no Estado de São Paulo. Foram utilizados métodos moleculares (reação em cadeia pela polimerase e sequenciamento de DNA), diagnóstico sorológico e cultivo celular. Em gambás capturados (Didelphis aurita e Didelphis albiventris) foram colhidas 312 pulgas, pertencentes às Famílias Pulicidae (141), Rhopalopsyllidae (170) e Ctenophthalmidae (1) e 709 carrapatos (Amblyomma spp e Ixodes loricatus). Nos cães foram colhidos 212 pulgas (Ctenocephalides felis felis) e 115 carrapatos (Amblyomma cajennense, Amblyomma aureolatum e Rhipicephalus sanguineus). Nos gatos foram colhidos 66 pulgas (59 C. felis felis e 7 Rhopalopsyllus lutzi lutzi) e 10 carrapatos (R. sanguineus e Amblyomma spp). A colheita de sangue foi realizada em 94 gambás, 55 cães, 25 gatos, 85 eqüinos e 238 humanos. Rickettsia felis foi detectada em 42-45,8% das pulgas C. felis felis de gambás, cães e gatos; em 4% das pulgas Polygenis (N) atopus de gambás e em 1,8% e 0,7% de carrapatos I. loricatus e Amblyomma spp, respectivamente, colhidos de gambás. Rickettsia bellii foi detectada em carrapatos I. loricatus (59,1%), A. dubitatum (8,7%) e Amblyomma spp (0,9%) e em uma pulga P. (N.) atopus (1%). Não foi possível a detecção de infecção por Rickettsia spp em sangue dos animais e humanos. Contudo, constatou-se presença anticorpos frente aos antígenos de Rickettsia rickettsii, Rickttesia parkeri, R. felis e R. bellii nas áreas estudadas. A titulação obtida sugere infecção por R. rickettsii em gambás, cães, eqüinos e humanos e por R. parkeri em gambás, cães e eqüinos. R. felis e R. bellii foram isoladas e cultivadas com a utilização de células C6/36 e VERO, respectivamente.
2006
Mauricio Claudio Horta
Isolamento e caracterização de Campylobacter spp. em amostras de fezes e carcaças de suínos provenientes de abatedouros do Estado de São Paulo
A importância da espécie suína na transmissão de Campylobacter spp. assemelha-se aos demais grupos de animais que se destinam à produção de carne, incluindo aves, bovinos e ovinos. Os objetivos deste estudo foram isolar Campylobacter spp. a partir de fezes e carcaças de suínos abatidos no Estado de São Paulo; identificar as espécies de Campylobacter spp. presentes nos animais abatidos; caracterizar os isolados obtidos através do Polimorfismo do Comprimento de Fragmentos Amplificados (AFLP). Para tal, foram utilizadas 120 amostras de fezes e 120 suabes de carcaças de suínos, colhidas de quatro diferentes abatedouros do Estado de São Paulo. Das 120 amostras de fezes analisadas, 30 foram positivas para o isolamento de Campylobacter coli (25%) e duas foram positivas para isolamento de Campylobacter jejuni (1,6%). Todas as amostras analisadas de suabes de carcaça foram negativas para Campylobacter spp. As estirpes isoladas que apresentaram características bioquímicas sugestivas de Campylobacter spp. foram submetidas ao teste de susceptibilidade ao ácido nalidixico e cefalotina, destas 19,16% (23/120) apresentaram resistência ao ácido nalidixico apesar de todas as características bioquímicas indicarem se tratar de Campylobacter coli. Foram selecionadas para a análise genotípica 38 amostras isoladas, sendo 36 de C. coli e dois de C. jejuni. A análise dos isolados através do AFLP revelou a presença de 28 perfis que foram designados P1 a P28. A técnica discriminou as cepas de acordo com a espécie, porém, uma cepa previamente caracterizada como C. coli foi agrupada com isolados de C. jejuni. Não foi possível estabelecer a correlação entre os isolados e o abatedouro de origem, no entanto observa-se uma forte tendência dos isolados resistentes ao ácido nalidixico em formar grupamentos de maior similaridade.
2007
Fabíola Ribeiro Campos
Um estudo sobre a distribuição da raiva no Estado do Paraná de 1981 a 2012
A raiva é uma zoonose viral que afeta o Sistema Nervoso Central (SNC) causando encefalite e meningoencefalite, de evolução aguda e fatal, que acomete mamíferos carnívoros e morcegos, e periodicamente se manifesta sob a forma de epizootias ou surtos epidêmicos em populações humanas. Neste estudo foram analisadas 16.190 amostras de bovinos, equídeos e morcegos, e menos frequentemente de outros mamíferos durante o período de 1981 a 2012, provenientes do Estado do Paraná. Desse total, 2.766 amostras foram positivas para raiva; 81,74% foram de bovinos, 10,34% de equídeos, 4,05% de morcegos, 2,31% em animais de produção não bovinos, 1,52% em caninos e 0,04%em outros animais. Ao longo da série histórica, há, para os bovinos, uma tendência de aumento das notificações e não foram observadas variação sazonal e cíclica. Na análise espaço-temporal foi detectado um aglomerado mais provável de notificações de raiva em bovinos, envolvendo 20 municípios da região litorânea e metropolitana de Curitiba entre 1981 e 1987. Além dele, foram detectados seis aglomerados secundários sugerindo uma migração da raiva ao longo do tempo no Estado do Paraná. Ao longo da série histórica dos equídeos há uma tendência de diminuição das notificações e não foram observadas variação sazonal e cíclica. Os clusters encontrados na análise espaço-temporal da raiva nos equídeos corroboram com aqueles encontrados na análise dos bovinos localizados nas mesmas regiões durante no mesmo período, sugerindo a migração do vírus da raiva no mesmo sentido da observada na análise dos bovinos. Durante o período de 1981 a 1997, os casos de raiva em morcegos acompanham o trajeto da migração dos aglomerados dos bovinos e dos equídeos, o que demonstra que a raiva ocorre endemicamente no território do Estado do Paraná em herbívoros e morcegos.
Avaliação da expressão do gene bap como fator de virulência de Staphylococcus spp. isolados de mastite bovina
A mastite bovina é inquestionavelmente, uma das patologias que causa maior impacto financeiro na cadeia produtiva do leite, através dos prejuízos gerados em suas diferentes etapas. As perdas se iniciam na propriedade, com o descarte precoce de animais, a diminuição de seu potencial produtivo e os onerosos tratamentos veterinários, e tem continuidade na indústria de beneficiamento, onde o leite tem seu rendimento e qualidade diminuídos, que faz com que em seu destino final, o consumidor tenha o mais importante de todos os prejuízos, os danos causados à sua saúde, pela ingestão de alimentos de baixa qualidade, com potencial de risco à saúde humana, devido à presença de microrganismos patogênicos e resíduos de antibióticos. As mastites podem ser causadas por diferentes tipos de microorganismos, sendo as bactérias do gênero Staphylococcus, um dos mais comuns agentes etiológicos, também envolvidas em uma ampla variedade de doenças em humanos e animais e têm sua patogenicidade relacionada principalmente aos seus fatores de virulência, sendo motivo de preocupação para a saúde pública e animal. Entre os diversos fatores de virulência conhecidos, a produção de biofilme, tem grande importância, sendo uma das maneiras encontradas pelos microrganismos para dificultar o tratamento das infecções e driblar o sitema imune do hospedeiro. A formação do biofilme é mediada por vários genes, entre eles, o gene bap que codifica a proteína BAP, porém apenas a presença dos genes não garante que suas funções estão sendo executadas, sendo necessária a expressão destes, para que assim atuem como um fator de virulência e desempenhem seu importante papel no que tange a resistência bacteriana aos antibióticos. Face a importância deste assunto, os Staphylococcus devem ser amplamente estudados para compreender quais são as melhores forma de controle e tratamento das infecções por eles causadas e principalmente quais são os mecanismos e fatores de virulência envolvidos na sua resistência frente aos antimicrobianos, em humanos e em animais. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo detectar a expressão do gene bap, como fator de virulência, em amostras de Staphylococcus spp. isolados de mastite bovina. Foram utilizadas 283 amostras de Staphylococcus isolados de mastite bovina, previamente submetidas ao sequenciamento genético rpob e à detecção do gene bap, sendo positivas para ele. Para a avaliação da expressão do gene bap foram realizadas, a extração de DNA, o processo de obtenção do DNA complementar (cDNA), e a detecção da expressão, através de reação de PCR. Os resultados obtidos mostram que 35,7% das amostras expressaram o gene bap, enquanto que em 64,3% das amostras não houve a expressão do mesmo gene.
2019
Graziella Ulbricht Benvenga
Ocorrência e caracterização molecular de Cryptosporidium spp. (Apicomplexa: Cryptosporidiidae) em aves domésticas e em aves exóticas mantidas em cativeiro no Brasil
A criptosporidiose é considerada uma das principais infecções por protozoários em aves, e já foi descrita em mais de 30 espécies de aves de várias Ordens, como Anseriformes, Charadriformes, Columbiformes, Galliformes, Passeriformes, Psitaciformes e Struthioniformes. Três espécies de Cryptosporidium infectam aves: Cryptosporidium baileyi, Cryptosporidium galli e Cryptosporidium meleagridis. Além dessas espécies, há vários genótipos distintos geneticamente das espécies de Cryptosporidium já descritas em aves, como os genótipos I, II, III e IV de aves. Há vários relatos de infecção por Cryptosporidium nos tratos gastrintestinal, respiratório e na bursa de Fabricius, resultando em perdas econômicas e mortalidade. O objetivo desse estudo foi a detecção de Cryptosporidium e sua caracterização molecular, em amostras de fezes de aves domésticas e de aves exóticas mantidas em cativeiro no Brasil. Foram coletadas 966 amostras de fezes de 18 famílias de aves. As amostras foram conservadas em solução de dicromato de potássio 2,5% a 4º C, até o processamento. Para purificação e concentração dos oocistos, foi utilizada a técnica de centrífugo-flutuação em solução de Sheather seguida de análise microscópica, em 463 amostras, por meio da técnica de coloração negativa com verde malaquita e de extração do DNA genômico dos oocistos, em amostra positivas à microscopia, ou, alternativamente, a extração de DNA foi realizada, sem a realização prévia de microscopia, em outras 503 amostras. A análise molecular foi realizada por meio da reação de nested-PCR, para amplificação de fragmentos da subunidade 18S do gene do RNA ribossômico e do gene da actina. Foi observada amplificação para Cryptosporidium em 47 (4,86 %) amostras. O sequenciamento dos fragmentos amplificados possibilitou a identificação das três espécies que infectam aves: C. galli> em canário (Serinus canaria), galinha doméstica (Gallus gallus domesticus) e calopsita (Nymphicus hollandicus), C. meleagridis e C. baileyi em galinha doméstica (G. g. domesticus), Cryptosporidium genótipo I de aves em pavão azul (Pavocristatus) e canário (Serinus canaria), Cryptosporidium genótipo III de aves em agapornis (Agapornis roseicolis) e calopsita (N. hollandicus) e Cryptosporidium genótipo II de aves em avestruzes (Struthio camelus).
Caracterização epidemiológica da brucelose bovina no Estado da Bahia
Em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Agencia Estadual de Defesa Agropecuária do Estado da Bahia (ADAB) e o Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, foi realizado um inquérito soroepidemiológico da brucelose bovina no Estado da Bahia, localizado na Região Nordeste do Brasil. Para este estudo, o Estado da Bahia foi dividido em quatro circuitos produtores, com objetivo de estimar a prevalência de fêmeas bovinas com idade igual ou superior a 24 meses soropositivas para a brucelose, além da prevalência de focos em cada circuito produtor e no Estado da Bahia. Além disso, caracterizou-se epidemiologicamente os circuitos produtores e o Estado da Bahia e verificou-se os fatores de risco associados à presença de brucelose bovina. As prevalências de focos de brucelose bovina e de animais soropositivos no Estado da Bahia foram 4,20% [3,10-5,30] e 0,66% [0,41-0,93], respectivamente. Nos circuitos produtores 1, 2, 3 e 4 as prevalências de focos foram de 5,75% [3,64-8,71], 3,07% [1,48-5,56], 6,31% [4,05- 9,33] e 0,60% [0,07-2,16], respectivamente e a prevalência de fêmeas soropositivas nos circuitos produtores 1, 2, 3 e 4 foram de 0,86% [0,41-1,32], 1,17% [0,25-2,09], 1,66% [0,66-2,66] e 0,07% [0,00-0,21], respectivamente. Os fatores de risco para a brucelose bovina no Estado da Bahia foram a compra de reprodutores (OR = 2,26) e 10 presença de áreas alagadiças (OR =1,76). A vacinação entre três e oito meses foi um fator protetor contra a doença em todo o Estado (OR =0,52).
2008
Ana Julia Silva e Alves
Análise das funções moolighting de duas proteínas de Leptospira: Enolase e GAPDH
Mais de 25% das mortes em humanos são causadas por doenças infecciosas. Muitas dessas doenças são emergentes e de importância zoonótica. A leptospirose é considerada uma das mais importantes doenças zoonóticas emergentes. Sua distribuição global e seu potencial epidêmico constituem um problema de Saúde Pública. Estima-se que ocorram anualmente 1.03 milhão de casos e 58.900 mortes por leptospirose em todo o mundo, mas, em se tratando de uma doença negligenciada, a real prevalência da doença é subestimada. O Rattus norvegicus é o principal reservatório associado a epidemias urbanas. Leptospiras possuem a capacidade de aderir às células dos túbulos renais e interagem com muitos componentes da matriz extracelular do hospedeiro, o que facilita a invasão e colonização. Possuem também mecanismos de evasão ao sistema complemento do hospedeiro. A identificação destes mecanismos tem sido alvo de pesquisas desenvolvidas por vários grupos. Enolase e Gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase (GAPDH) pertencem à categoria de proteínas conhecidas como proteínas moonlighting. Estas englobam um grupo de proteínas multifuncionais. Enolases são metaloenzimas citossólicas que catalisam a conversão de 2-D-fosfo-glicerato em fosfoenolpiruvato. Apesar de não possuírem sequência clássica de ancoragem à membrana, são encontradas na superfície de uma variedade de células eucarióticas e procarióticas, tendo a capacidade de interagir com plasminogênio. GAPDH é uma enzima da via glicolítica responsável pela conversão de gliceraldeído 3-fosfato em D glicerato 1,3-bifosfato. Estudos recentes mostram que a GAPDH tem múltiplas funções independentes do seu papel no metabolismo de energia. Neste trabalho demonstrou-se que GAPDH de Leptospira está localizada na superfície da bactéria, e que tanto GAPDH como enolase interagem com plasminogênio, o qual é convertido em sua forma ativa, a plasmina, na presença do ativador exógeno uPA. A capacidade da plasmina gerada sobre a enolase de clivar substratos fisiológicos foi testada. A cadeia β do fibrinogênio foi totalmente degradada, e a molécula vitronectina parcialmente clivada em fragmentos de 61- 64 kDa. Ainda, mostrou-se que a enolase interage com os reguladores do complemento C4BP e FH. Ambos os reguladores permanecem funcionais, agindo como co-fatores de Fator I na degradação de C3b (FH) e C4b (C4BP). No que diz respeito à GAPDH, os dados claramente mostram que a plasmina ligada à GAPDH degrada as cadeias α e β do fibrinogênio, assim como a isoforma de 75 kDa da vitronectina, de forma tempodependente. Ainda, na presença de GAPDH, a plasmina degradou totalmente a cadeia α de C5, mas não degradou C3b. Por fim, resultados obtidos por Far Western Blot revelam que GAPDH interage com C1q, molécula-chave da via clássica do sistema complemento, e também com fibronectina plasmática, podendo, portanto, contribuir para a adesão da bactéria durante a colonização do hospedeiro. Em suma, no presente estudo caracterizamos duas novas proteínas moonlighting de Leptospira: enolase e GAPDH. A caracterização funcional destas proteínas, assim como a identificação das moléculas-alvo do hospedeiro com as quais essas proteínas são capazes de interagir, podem contribuir para a compreensão dos mecanismos de invasão, disseminação e evasão imune utilizados por leptospiras patogênicas.
2018
Matilde Costa Lima de Souza
Diferentes olhares sobre o comércio de alimentos na Universidade de São Paulo/Brasil
A presente dissertação, apresentada em dois estudos, buscou verificar as condições de boas práticas de higiene e manipulação (BPHM) e de infraestrutura (IE) de oito restaurantes/lanchonetes e de sete pontos de comércio ambulante localizados na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira (CUASO-USP) e a qualidade higiênico-sanitária de 45 amostras de alimentos prontos para o consumo colhidas nos mesmos. O primeiro estudo traz uma abordagem exploratória e qualitativa através da aplicação de listas de verificação; o segundo analisa laboratorialmente aspectos higiênico-sanitários dos alimentos comercializados pelos estabelecimentos alvo do estudo anterior. Concluiu-se que 1) os estabelecimentos de comércio alimentício da CUASO-USP apresentaram índices regulares de cumprimento de BPHM e adequação de IE, sendo que o eixo de higiene e manipulação de alimentos mostrou-se em melhor situação quando comparado ao de infraestrutura; 2) os ambulantes analisados apresentaram melhores resultados no cumprimento das normas de BPHM e IE e na avaliação das condições higiênico-sanitárias quando comparados aos estabelecimentos fixos de comércio alimentício. Constatou-se que é possível a prática do comércio de alimentos de rua com qualidade higiênico-sanitária, sem caracterizar uma ameaça à saúde publica, desde que o empreendedor conheça e aplique os procedimentos necessários e críticos à obtenção da garantia dos produtos comercializados, assumindo responsabilidade social ao realizar o seu modo de produção mercantil simples, porém comprometido moralmente com a sociedade.
2014
Thaís Helena Nishikata de Oliveira
Isolamento e caracterização de amostras de Bordetella bronchiseptica através da eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE)
Bordetella bronchiseptica é um dos agentes etiológicos da tosse dos canis, infecções do trato respiratório superior em gatos, rinite atrófica, broncopneumonia em suínos, sendo freqüentemente isolada em coelhos e animais de laboratório. O impacto deste agente em saúde humana ainda é subestimado, o risco da infecção de pessoas imunodeprimidas que tem contato com animais domésticos existe e é relatado na literatura. No Brasil não há estudos caracterizando o agente isolado a partir de espécies de animais de companhia. O conhecimento dos aspectos epidemiológicos da infecção por Bordetella bronchiseptica é de fundamental importância para a adoção de medidas efetivas de controle e prevenção da infecção em seres humanos e animais domésticos, neste sentido, estudos de epidemiologia molecular são de grande relevância. O presente estudo tem como objetivos caracterizar amostras de Bordetella bronchiseptica isoladas de cães e gatos através da eletroforese em campo pulsado (PFGE) e do perfil de resistência a antimicrobianos. Foram isoladas 45 amostras provenientes de três cães e onze gatos de diferentes gatis, canis e clínicas veterinárias e as mesmas foram discriminadas em sete perfis através dos padrões de resistência e em quatorze perfis genotípicos através da PFGE.
2011
Maria Roberta Felizardo
Aspectos da qualidade higiênico-sanitária de alimentos consumidos e comercializados na comunidade São Remo, São Paulo, Capital
A segurança alimentar é um tema que está ganhando importância a cada dia. A ocorrência de casos e surtos de doenças transmitidas por alimentos é grande e traz prejuízos tanto à saúde quanto à economia. O presente trabalho tem por objetivos levantar alguns aspectos da qualidade higiênico-sanitária e do padrão de consumo de alimentos na comunidade São Remo, São Paulo, Capital, no que se refere aos conhecimentos e hábitos higiênicos em relação aos alimentos. Foram colhidas amostras de alimentos para análise microbiologia e realizadas entrevistas com os moradores da Comunidade e com os comerciantes de alimentos da mesma área. Constatou-se a existência de alimentos com risco de intoxicação alimentar e a falta de informação aprofundada sobre os microrganismos e sobre como evitar sua multiplicação no ambiente da cozinha. Concluiu-se que há necessidade de treinamento dos comerciantes e da população priorizando a características da Comunidade e participação da população.
2003
Paula Christina Gonzales Praxedes
Detecção de genes de virulência em diferentes fagotipos e ribotipos de Salmonella Enteritidis utilizando a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
O objetivo deste estudo foi o de verificar a ocorrência de quatro genes de virulência em Salmonella Enteritidis de acordo com o fagotipo e ribotipo, assim como a virulência in vivo". Os genes estudados foram invA, spvC, sefC e pefA em 120 amostras isoladas de várias fontes, pertencentes a diferentes fagotipos e ribotipos provenientes de sete estados brasileiros. Para a verificação da presença dos genes, as amostras foram examinadas pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) individualmente e em multiplex. A ocorrência para o gene invA foi de 100% nas amostras (120/120), spvC em 94% (113/120), sefC em 97,5% (117/120) e pefA em 97% (116/120) das amostras. Foi possível caracterizar as amostras em cinco diferentes perfis. O primeiro, P1, foi positivo para os genes invA, spvC, sefC e pefA, P2 para invA, spvC e pefA, P3 para invA, sefC e pefA, P4 para invA e sefC e o último P5 para os genes invA e spvC. Para as amostras PT4RT1 obteve-se o perfil P1 em 94% (64/68), P2 em 1,5% (1/68), P3 em 3% (2/68) e P4 em 1,5% das amostras (1/68). Para as amostras PT4RT2, 86% (18/21) pertenceram ao perfil P1, 5% (1/21) ao P3 e 9% (2/21) das amostras ao perfil P4. Nas amostras PT4RT3 80% (4/5) pertenceram ao perfil P1 e 20% (1/5) ao P2. Nas amostras PT4TR9, 91% (10/11) pertenceram ao perfil P1 e 9% (1/11) ao P3. Todas as amostras PT4RT5, PT7RT1 e PT4RT10 pertenceram ao perfil P1 e apenas a amostra PT1 apresemtou o perfil P5. A virulência foi avaliada desafiando as aves via oral e subcutânea, através da colonização do ceco e invasão do fígado e baço. O gene spvC está relacionado com a sobrevivência e aumento da média de crescimento da bactéria no fígado e baço, mas neste estudo não demonstrou diferença na porcentagem de aves com reisolamento positivo para a bactéria nestes orgãos. Os genes sefC e pefA foram importantes para promover a colonização cecal, pois somente quando estes dois genes simultaneamente estiveram presentes no perfil, obteve-se o reisolamento cecal quando as aves foram desafiadas oralmente sendo esta via a principal rota de infecção deste patógeno.
2003
Karina Salvagni Castilla
Caracterização genotípica e fenotípica de cepas de Escherichia coli associadas à doença do edema em suínos
A doença do edema afeta os leitões desmamados e é causada por cepas de Escherichia coli adaptadas ao hospedeiro e produtoras da toxina Stx2e. A doença do edema é caracterizada por edema de pálpebras, ataxia, pedalagem, dificuldade locomotora, e morte súbita. No presente estudo foram avaliadas 158 cepas de E. coli positivas para presença do gene codificador da toxina Stx2e isoladas de 62 animais provenientes de 13 granjas localizadas nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Goiás e Minas Gerais. As cepas foram submetidas a determinação do perfil de resistência, caracterização dos genes de virulência, determinação do grupo filogenético, expressão da toxina em cultivos de célula Vero, caracterização genotípica através da eletroforese em campo pulsado (PFGE) e polimorfismo do comprimento de fragmentos amplificados com uma única enzima (SE-AFLP). Dentre as 158 cepas stx2e+ foram identificadas 83,5% (132/158) apresentando resistência a três classes de antimicrobianos ou mais. Altos níveis de resistência forma identificados contra tetraciclina, sulfonamidas e florfenicol. A frequência dos genes de virulência associados a doença do edema como a fímbria F18, por exemplo, foi baixa em relação a outros estudos. Todas as 158 cepas testadas apresentaram a expressão da toxina e efeito citotóxico em células Vero. A caracterização dos grupos filogenéticos permitiu a distribuição das cepas nos quatro grupos descritos a seguir: grupo A 27,2% (43/158), grupo B1 3,8% (6/158), grupo B2 39,2% (62/158) e grupo D 29,8% (47/158). As cepas foram caracterizadas através da PFGE e do SE-AFLP e ambas as técnicas apresentaram altos índices discriminatórios (0,98 e 0,99 respectivamente). A associação mais frequente nas duas técnicas genotípicas foi observada em relação ao animal e a granja de origem. Apesar de pertencerem a um patotipo definido (STEC) e de serem altamente especializadas em relação ao hospedeiro, o suíno, foi observada uma grande variabilidade genética e de perfis de resistência entre as cepas de E. coli estudadas.
2013
Vasco Tulio de Moura Gomes
Avaliação de diferentes protocolos de extração de DNA para detecção de Brucella abortus a partir de diferentes tecidos de vacas infectadas experimentalmente com a cepa 2308
Este estudo comparou o desempenho de quatro protocolos de extração de DNA a partir de homogeneizados de diferentes órgãos provenientes de vacas infectadas experimentalmente com a B. abortus 2308. Os protocolos de extração comparados foram o método de GT (lise com isotiocianato de guanidina), Boom (lise com GT e tratamento com suspensão carreadora Diatomaceous earth), PK (lise com proteinase K) e Santos (lise por fervura e congelamento com nitrogênio líquido). Foram constituídos os grupos padrão ouro positivo e negativo baseados na bacteriologia clássica e compostos por: 54 cotilédones (27 pos. e 27 neg.), 39 linfonodos supra mamários (12 pos. e 27 neg.), 44 pré-escapulares (17 pos. e 27 neg.), 33 fígados (6 pos. e 27 neg.), 37 baços (10 pos. e 27 neg.), e 34 úberes (7 pos. e 27 neg.). Todas as amostras foram submetidas aos quatro protocolos de extração e a um mesmo processo de amplificação com os primers B4 e B5. Nos resultados consolidados por órgãos, a proporção de positivos no cotilédone foi maior do que a encontrada no linfonodo supramamário (p=0,0001), linfonodo pré-escapular (p<0,0001), fígado (p=0,0006), baço (p<0,0001) ou úbere (p=0,0019). Os resultados acumulados para os métodos de extração mostraram que o protocolo de Santos teve maior sensibilidade relativa do que o método de Boom (p=0,003) e GT (p=0,0506), e foi igual ao PK (p=0,2969). As demais comparações de proporções não resultaram em diferenças estatisticamente significantes. No estudo verificou-se amostas positivas a PCR e negativas ao isolamento e viceversa. Assim, apesar das desvantagens do método bacteriológico clássico, a melhor estratégia para o diagnóstico direto da infecção de vacas por B. abortus em homogeneizado de órgãos é a utilização conjunta do isolamento e da PCR, examinando os cotilédones e utilizando os métodos de extração de DNA Santos ou PK.
2009
Maria Del Pilar Vejarano Ruibal