RCAAP Repository
Desenvolvimento e avaliação prospectiva de um sistema de vigilância baseada em risco para as fazendas de engorda de carcinicultura no nordeste do Brasil
O cultivo de camarão branco Litopennaeus vannamei tem provado ser um sector promissor para a economia do nordeste do Brasil. Contudo, a criação de camarão branco no Brasil tem sido afetada negativamente pela ocorrência de doenças virais, ameaçando a sua expansão e sustentabilidade. Por esta razão, depreende-se a importância da elaboração de um sistema de vigilância capaz de detectar e definir a ausência de doenças virais de elevado impacto econômico. O modelo estocástico AquaVigil é aqui implementado para avaliar prospectivamente diferentes estratégias de vigilância para determinar a ausência de doença e identificar a estratégia exigindo menor esforço de amostragem e simultaneamente, fazer o melhor uso dos recursos disponíveis através da implementação de vigilância baseada em risco. O estudo apresentado exemplifica a aplicação regional do sistema proposto para o estado do Ceará, podendo ser aplicado a outros estados do Brasil. O modelo AquaVigil pode analisar qualquer sistema de vigilância baseada em risco semelhante àquele aqui considerado. A criação de camarão no nordeste do Brasil tem sido alvo de vários desafios, desde a ocorrência de doenças virais a mudanças no acesso aos mercados internacionais. Tendo em consideração as dificuldades encontradas pela aquicultura de camarão no nordeste do Brasil, facilmente se compreende a importância de caracterizar e melhor compreender este setor e assim assegurar o seu desenvolvimento sustentável. Para este fim, foram aplicados métodos de análise de correspondência multipla e clustering particional a dados recolhidos durante um levantamento nacional de fazendas de carcinicultura de forma a obter informação necessária para caracterizar tendências e identificar falhas e necessidades existentes. Esta informação será útil no momento de melhorar o manejo das fazendas e elaborar legislação a favor do desenvolvimento do setor
2016
Ana Rita Pinheiro Marques
Sequenciamento do Genoma Completo do Mycobacterium bovis como instrumento de Sistema de Vigilância no Estado de Santa Catarina
Apesar de vários países terem erradicado a tuberculose bovina, o seu combate tem sido desafiador. Existem várias razões para a infecção residual nesses locais e a dinâmica da transmissão do Mycobacterium bovis ainda é pouco compreendida. O rastreamento da transmissão recente e suas redes de transmissão são essenciais no controle da tuberculose bovina. No entanto, as ferramentas clássicas de genotipagem não possuem poder discriminatório para determinar as rotas de transmissão e a temporalidade do foco de tuberculose bovina em uma área geográfica. Recentemente, esta abordagem epidemiológica pode ser realizada pelo sequenciamento do genoma completo (WGS), porém ainda não padronizada para facilitar investigações maiores, abrangendo diferentes laboratórios ou rastreamento de focos de tuberculose bovina. Com base nisso, objetivou-se analisar o Sequenciamento do Genoma Completo pela técnica do cgMSLT como ferramenta de Vigilância da Tuberculose Bovina no Estado de Santa Catarina. Este estudo forneceu a primeira descrição sobre a diversidade filogenética de isolados de M. bovis do Brasil baseado na análise do cgMSLT. Além disso, é a primeira confirmação independente do esquema cgMLST para o Complexo Mycobacterium tuberculosis, utilizada em isolados clínicos de M. bovis de amostras obtidas de bovinos com bTB, resultando -se na identificação de 11 Tipos de Complex. Na pesquisa atual, foi demonstrado que o conhecimento da epidemiologia combinado com dados do WGS pode fornecer um meio para investigações aprofundadas da dinâmica da bTB, destacando aspectos importantes e ainda não quantificados, como a extensão da transmissão entre espécies e a taxa de substituição. O custo decrescente, resolução adicional, e boa evidência com a localização espacial justicam o uso do WGS como ferramenta na vigilância da tuberculose bovina no Estado de Santa Catarina.
Pesquisa do vírus rábico em mamíferos silvestres de uma reserva natural particular no Município de Ribeirão Grande, São Paulo
No Brasil e em alguns países da América Latina, a incidência de raiva transmitida por animais domésticos tem diminuído enquanto tem aumentado em animais silvestres. Durante os últimos anos, no Brasil, a raiva tem sido diagnosticada em morcegos hematófagos ou não, primatas não-humanos, cachorros-do-mato, quatis, guaxinins, capivaras, cervos, gambás e outras espécies silvestres. O presente estudo foi realizado em parceria com biólogos, pesquisadores na área de monitoramento de fauna silvestre, e o objetivo foi pesquisar a presença do vírus rábico em mamíferos silvestres de vida livre, provenientes de uma reserva natural particular, localizado no município de Ribeirão Grande, São Paulo, região que já foi alvo de raiva nos últimos anos. Durante o período de 2002 a 2004, 104 amostras de cérebro de animais capturados foram enviadas para diagnóstico no Laboratório de Raiva da UNESP de Araçatuba, SP, acondicionadas em pipetas plásticas do tipo Pasteur individuais. Os animais pertenciam a três ordens, Chiroptera (47,1%), Rodentia (46,2%) e Marsupialia (6,7%), sendo de diferentes idades e sexos. As amostras foram submetidas ao teste de imunofluorescência direta e inoculação intracerebral em camundongos e todas apresentaram resultado negativo para a raiva. Segundo dados da Coordenação do Programa de Controle da Raiva do Estado de São Paulo a raiva é endêmica na região estudada e a porcentagem de positividade em morcegos nos últimos dez anos é de 1,8%. Embora dos diagnósticos tenham sido negativos neste estudo, não é possível afirmar que o vírus rábico não circula naquela propriedade
Efeito da infecção pelo Toxoplasma gondii na expressão de genes associados à resposta imune em tecidos de suínos
A toxoplasmose é uma zoonose de ampla distribuição mundial afetando homens e diversas espécies animais. Levantamentos sorológicos indicam elevados índices de infecção, porém relatos de doença severa é rara. A infecção pelo T. gondii induz uma intensa resposta imune mediada pelo interferon-γ (IFN-γ) que rapidamente controla a multiplicação parasitária. Com o objetivo de explorar a resistência da espécie suína à toxoplasmose como modelo de estudo para a compreensão dos mecanismos de defesa a infecção, foram realizadas infecções orais com 4,5 x 105; oocistos (cepa VEG) e colheitas de amostras de linfonodo hepato-esplênico (LN HS), mesentérico (LN M) e íleo-cólico (LN IC), fígado, sangue, íleo, jejuno, baço e timo aos 2, 4, 7 e 14 dias pós-infecção (DPI). Analisou-se a expressão de 69 genes ligados a resposta de defesa às infecções pela Real-Time RT-PCR*. LN M, LN HS e fígado foram as amostras que apresentaram a maior quantidade de genes e maior intensidade de ativação enquanto que células mononucleares de sangue periférico (CMSP) e timo apresentaram reduzida resposta à infecção. A expressão e a produção de IFNG foram mais altas nas amostras de LN M e LN HS comparadas às amostras de LN traqueo-bronquial e CMSP, indicando diferentes níveis de resposta local. Intensa indução de resposta inata e inflamatória foi observada em vários tecidos, envolvendo os genes IL1B, IL6, IFNA1, TNF, ORM1, MYD88, TLR2, TLR4; estimulação de resposta Th1, mediada por IFNG incluiu os genes IRF1, IL23A, IL18, STAT1, SOCS1, SOCS3, ICSBP1, TBX21; balanceada pela expressão de citocinas regulatórias IL10, TGFB1 e TGFB3. Uma proeminente indução de ARG1, INDO and SLC11A1 indica ativação de mecanismos de proteção do hospedeiro envolvendo metabolismo de aminoácidos (arginina, triptofano) e ferro. A presença de parasitas foi detectada no LN M aos 2DPI pela Real-Time PCR e pela imunohistoquímica. Aumento do número de parasitas no 4DPI foi seguida de intensa resposta inflamatória, edema e necrose tecidual no 7DPI principalmente no fígado e no LN M. Elevados níveis de AST sérico no 7DPI confirmam a lesão de hepatócitos. A diminuição da inflamação e da quantidade de parasitas no 14DPI sugerem controle da proliferação parasitária. Elevados níveis de haptoglobina e óxido nítrico séricos detectados aos 4DPI (α=0,05) indicam respectivamente a ativação de proteínas de fase aguda e de macrófagos. A análise de citometria de fluxo mostra elevação da porcentagem de células CD2/CD16 DP sugerindo envolvimento de células NK e não foram observadas alterações na porcentagem de células CD4+/CD8+, CD3+/CD25+. A estimulação na expressão gênica, a produção de IFN-γ, as determinações séricas e lesões histológicas apresentam padrão similar, com início de resposta no 2DPI, elevação no 4DPI e 7DPI e diminuição no 14DPI. A análise da expressão de mRNA nos tecidos revelou alguns dos mecanismos de defesa do hospedeiro ativados durante a infecção pelo T. gondii. Observou-se uma equilibrada ativação de citocinas pró- e anti-inflamatórias envolvendo uma intrincada rede de mecanismos co-estimulatórios e regulatórios coordenando a resposta do tipo Th1. *Siglas dos genes segundo o Human Gene Nomenclature Committee (HGNC)
Análise dos perigos associados ao camarão Litopenaeus vannamei no Brasil
O objetivo deste trabalho foi identificar na cadeia produtiva do camarão Litopenaeus vannamei os perigos à saúde animal e à saúde pública e as respectivas medidas de controle, a partir de levantamentos bibliográficos. Os principais perigos à saúde animal identificados foram os vírus da Mancha Branca, Cauda Amarela, Mionecrose Infecciosa, síndrome da Taura e bactérias hepatonecrosantes dos camarões, que ocasionam grandes prejuízos para a cadeia produtiva, devido à queda da produtividade e às elevadas taxas de mortalidade. Esses perigos apresentam riscos à saúde animal, quando se mantêm viáveis nas plantas de cultivo, decorrente das práticas inadequadas de manejo sanitário e da queda de qualidade da água nos viveiros. Quanto aos riscos à saúde humana, alguns patógenos como: Vibrio spp, Salmonella spp e Staphylococcus aureus apresentam perigo se presente e viável no camarão contaminado. O uso abusivo e indiscriminado de metabissulfito de sódio em diferentes concentrações nas plantas de processamento, de contaminantes inorgânicos e resíduos de medicamentos veterinários nas criações podem resultar em níveis elevados de toxicidade aos animais e ao ambiente, precisando, consequentemente ser corrigido com a adoção de boas práticas de manejo do ambiente, implantação de vazio sanitário e estabelecimento de parâmetros microbiológicos e ambientais nos viveiros. Por ser uma atividade promissora para o desenvolvimento socioeconômico do país, é de extrema importância a adoção de medidas de controle destes perigos, que incluem a aplicação dos princípios das "Boas Práticas" e da "Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle" no manejo ambiental e sanitário em todos os elos da cadeia produtiva, dos criatórios até o consumo.
2013
Marcela Leite do Nascimento
Interação da proteína de superfície LcpA de Leptospira com Fator H, principal regulador solúvel da via alternativa do sistema complemento humano
A leptospirose é uma zoonose de distribuição mundial, com maior incidência nas regiões tropicais. As bactérias que causam a doença pertencem ao gênero Leptospira, família Leptospiracea e ordem Spirochaetales. A leptospirose é mantida na natureza pela colonização persistente dos túbulos renais proximais dos animais portadores. Uma estratégia adotada por estas espiroquetas para sobreviver à ação do sistema imune inato do hospedeiro é a capacidade que possuem de interagir com os reguladores do sistema complemento Fator H (FH) e proteína de ligação a C4b (C4BP). O sistema complemento é um componente vital da imunidade inata, uma vez que desempenha um papel crucial na defesa do hospedeiro, particularmente contra bactérias Gram-negativas. Dados recentes gerados por nosso grupo mostraram que C4BP interage com a proteína de superfície LcpA de Leptospira. Com cerca de 20 kDa, essa proteína é capaz de se ligar a C4BP purificado ou solúvel no soro de maneira dose-dependente. Uma vez ligado à proteína, C4BP permanece funcional agindo como cofator de Fator I na clivagem de C4b. O presente estudo teve como principal objetivo avaliar a interação da proteína LcpA com FH humano, principal regulador solúvel da via alternativa do sistema complemento. A proteína LcpA e suas porções N-Terminal, Intermediária e CTerminal recombinantes foram purificadas por cromatografia de afinidade a metal a partir da fração insolúvel. A interação dessas proteínas com FH foi avaliada por dois métodos distintos: ELISA e Western blot com overlay. Os resultados indicaram que a porção C-Terminal da proteína LcpA é responsável pela interação com FH. Curiosamente, C4BP também se liga a esse domínio da proteína. Uma vez que esses dois reguladores solúveis do sistema complemento interagem com o mesmo segmento da LcpA, realizaram-se, a seguir, ensaios de competição com o objetivo de avaliar se ambos compartilhariam os mesmos sítios de interação. Os dados mostraram que FH e C4BP devem se ligar a sequências distintas desta proteína. Com o objetivo de se avaliar a funcionalidade de FH ligado à LcpA, realizou-se um ensaio para investigar sua atividade de co-fator de Fator I na clivagem de C3b. Produtos de degradação de 46 kDa e 43 kDa da cadeia α' de C3b foram detectados, indicando que FH permanece funcional. Em se tratando de uma proteína com funções relacionadas ao processo de evasão ao sistema imune inato, decidiu-se realizar ensaios de desafio em modelo de hamster com a finalidade de se avaliar seu potencial imunoprotetor. Os três ensaios realizados indicaram que a proteína não é capaz de conferir proteção. Os ensaios de ELISA visando à avaliação dos títulos de anticorpos mostraram que LcpA não é imunogênica, fato que explica os resultados dos ensaios de desafio observados. Portanto, embora interaja com moléculas do hospedeiro e pareça contribuir para o processo de evasão ao sistema imune inato, essa proteína de membrana não se mostrou promissora como candidato vacinal contra leptospirose.
2013
Ludmila Bezerra da Silva
Validação de um instrumento para caracterização de cultura de segurança de alimentos para o português brasileiro
Este estudo tem o objetivo de validar um instrumento (questionário) em português do Brasil para avaliação de cultura de segurança de alimentos (CSA). O cenário do estudo foi composto por áreas de manipulação de alimentos prontos para consumo de uma rede de lojas de hipermercado (RLH). A empresa possuía 2204 colaboradores de manipulação de alimentos em 28 lojas hipermercado. Foi realizada uma revisão da literatura científica nacional e internacional para identificar qual instrumento se adequa melhor segundo a realidade brasileira para autoavaliação da percepção dos colaboradores que manipulam alimentos a respeito da CSA. Os critérios para escolha do instrumento foram a disponibilidade do questionário para ser avaliado, a explicação dos elementos que compõem a CSA, itens condizentes com o dia a dia de manipulação de alimentos e limite de até 50 itens. Um instrumento de 31 itens e escala Likert de sete pontos foi escolhido. O processo de validação do instrumento baseou-se no trabalho de Borsa et. al. (2012) que estabeleceram seis passos: tradução do instrumento para o novo idioma, síntese das versões traduzidas, avaliação da síntese por experts, avaliação pelo público- alvo, backtranslation (retradução) e estudo piloto. Uma entrevista com um responsável pela segurança de alimentos da RLH foi coletada para obter outra fonte de informação sobre a CSA. O instrumento foi aplicado em 383 participantes de 15 lojas da RLH. Após a aplicação empírica do instrumento na RLH sucederam-se análises estatísticas descritivas e multivariadas dos dados. O instrumento foi validado para diagnosticar CSA em português brasileiro após as etapas descritas. Os resultados das respostas do instrumento demonstraram que a CSA possui tendência positiva. A entrevista corroborou as respostas dos participantes e mostrou uma CSA desenvolvida.
2018
Victor Chiaroni Galvão
Investigação da infecção pela bactéria Rickettsia parkeri em carrapatos Amblyomma triste no Estado de São Paulo: isolamento e caracterização molecular da bactéria
Em janeiro de 2005, foram coletados 31 carrapatos adultos da espécie Amblyomma triste em uma propriedade rural da CESP, localizada no município de Paulicéia, Estado de São Paulo. Três carrapatos foram positivos para o teste de hemolinfa, demonstrando estruturas compatíveis com riquétsias no interior de hemócitos. Dois desses carrapatos foram submetidos à tentativa de isolamento de riquétsias em células Vero, através da técnica de Shell vial. Um isolado foi obtido com sucesso, estando já estabelecido em cultivo celular, com várias passagens e partidas congeladas. Do restante do carrapato utilizado para este isolamento, foi extraído o DNA e este foi submetido a PCR para um fragmento do gene ompA de Rickettsia spp. Foi realizada a caracterização molecular do isolado, através do sequenciamento genético de quatro genes de Rickettsia spp: gltA, htrA, ompA e ompB e os genes apresentaram 99,8 a 100% de identidade com as seqüências correspondentes de Rickettsia parkeri no GenBank. Todos os 31 carrapatos tiveram o DNA extraído, sendo processados pela PCR para um fragmento do gene gltA e para um fragmento do gene ompA. Três (9,7%) foram positivos a PCR para o gene gltA e os mesmos 3 carrapatos foram positivos para o ompA, sendo exatamente os 3 carrapatos previamente positivos ao teste de hemolinfa). O material amplificado destes 3 carrapatos para o fragmento de gene ompA foi processado para o sequenciamento automático de nucleotídeos resultando em 100% de identidade com a seqüência correspondente de Rickettsia parkeri no GenBank. Este trabalho relata pela primeira vez a bactéria R. parkeri no Brasil, o que foi confirmado pelo isolamento do agente em cultivo de células
Eventos Operacionais de Trânsito EOTr(s) envolvendo capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) no quilômetro 207 da Rodovia Anhanguera, SP-330
As transformações ocorridas no território brasileiro devido à da ocupação do espaço geográfico, por meio das expedições de exploração com o avanço da agricultura e a prática da mineração facilitaram o surgimento das primeiras cidades. Desta forma, houve o desenvolvimento linear através da construção das estradas, ferrovias e rodovias. A urbanização desencadeada por estes projetos viários foi justificada pela supremacia do interesse público, pela relevância social e econômica, não levando em consideração o impacto ambiental negativo. A fragmentação dos ambientes naturais modificou a dispersão de espécies, a contínua perda de indivíduos por atropelamentos e a disjunção das relações ecológicas nos ecossistemas. Os atropelamentos de vertebrados são considerados uma das principais ameaças à conservação da biodiversidade. No entanto, os registros dos sinistros de trânsito envolvendo animais, realizados pela Polícia Militar Rodoviária de São Paulo, não possui um campo específico para qualificar a fauna envolvida nos sinistros. Essa informação é completa nos registros das Empresas Concessionárias de Rodovias, que possuem o banco de dados do “Evento Operacional de Trânsito” (EOTr), o qual contém as informações técnicas das ocorrências e da interação da fauna. Além das ocorrências dos sinistros de trânsito, o EOTr contempla os eventos nos quais o animal é recolhido vivo, ferido, morto, afugentado ou não localizado. Por meio dos EOTr(s) foi identificada a importância do estudo das capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) na área da região centro-leste de São Paulo. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivos estabelecer uma análise técnica e avaliar a interação da fauna por meio dos EOTr(s), associando os resultados com o monitoramento do comportamento de um grupo de capivaras, por meio do alinhamento estratégico com os profissionais envolvidos, a fim de auxiliar as pesquisas relacionadas às medidas de mitigação de sinistros de trânsito, buscando aperfeiçoar a gestão do atendimento do EOTr e, em especial, os eventos com a interação das capivaras.
Micobacteriose de ovinos (Ovis aries) do Estado de São Paulo, Brasil. Correlação entre teste imunoalérgico, cultivo e histopatológico
A escassez de dados sobre tuberculose e micobacterioses em ovinos (Ovis aries) motivou o presente trabalho de isolamento e tipificação de microorganismos presentes em linfonodos e lesões macroscópicas sugestivas de tuberculose. Foram avaliados pelo teste tuberculinico, 353 ovinos das raças Santa Inês e Texel de duas propriedades da região de Pindamonhangaba - São Paulo. Dos 57 animais selecionados para abate, 31 apresentavam reação ao PPD bovino maior que ao PPD aviário e 26 com reação ao PPD bovino menor que ao PPD aviário. Onze animais (19,3%) apresentaram na necrópsia lesões sugestivas de tuberculose. Os órgãos afetados foram o fígado, linfonodo submandibular, intestino, pulmão, linfonodo mediastino e glândula mamária. Foram isoladas micobactérias de sete (12,3%) animais e a tipificação genética pelo método de PRA demonstrou cinco (71,42%) infectados pelo Mycobacterium flavescens 1, um (14,28%) pelo M. kansasi, e um (14,28%) por micobactéria pertencente ao Complexo M. tuberculosis. Exames bacteriológicos para outras bactérias e/ou fungos isolaram Corynebacterium pseudotuberculosis em quatro (7,01%) dos 57 animais abatidos. Houve isolamento simultâneo de micobactérias e de Corynebacterium pseudotuberculosis em dois (3,5%) dos 57 animais abatidos. Os exames histopatológicos apontaram em nove (15,78%) animais a presença de granuloma e coloração de Ziehl-Neelsen positivo. A análise dos resultados obtidos permitiram concluir que, neste trabalho, os testes imunoalérgicos (Teste Cervical Simples e Teste Cervical Comparativo) não foram capazes de diferenciar infecção provocada pelo M. flavescens 1, M. kansasi, complexo M. tuberculosis e C. pseudotuberculosis. Nos exames macroscópico e histopatológico lesões provocadas por M. flavescens 1, M. kansasi, e C. pseudotuberculosis não foram diferenciáveis das provocadas pelo complexo M. tuberculosis.
2007
André Guaragna Marcondes
Eliminação dos riscos de transmissão da Febre Maculosa Brasileira através do manejo de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) em uma área de transmissão no município de Itu-SP
A bactéria Rickettsia rickettsii é o agente etiológico da Febre Maculosa Brasileira (FMB), que tem ocorrido em torno de 80% de letalidade no sudeste do Brasil. A maioria dos casos de FMB no sudeste do Brasil tem sido associada à transmissão por Amblyomma sculptum em áreas onde esta espécie de carrapato foi mantida principalmente por capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris). Neste trabalho, avaliamos a expansão de uma população de capivaras em um condomínio residencial no Estado de São Paulo e as implicações dessa expansão para a ocorrência de carrapatos e FMB. Para esse fim, quantificações do número de capivaras foram feitas visualmente de 2004 a 2013. Em 2012, houve um caso humano da FMB na área, o que motivou uma intervenção oficial que consiste no cercamento do perímetro do residencial e na eutanásia de toda a população de capivaras entre 2012 e 2015. Posteriormente, as contagens de capivara durante 2016-2018 confirmaram a ausência de capivaras na área. A contagem de carrapatos no ambiente foi realizada por armadilhas de gelo seco (CO2) de 2005 a 2018, e os resultados são apresentados como número médio de carrapatos por armadilha. Durante 2017-2018, realizamos a captura de ratão do banhado (Myocastor coypus) nas áreas anteriormente ocupadas pelas capivaras. Finalmente, cães domésticos em 2006 e 2011, capivaras em 2012 e ratões do banhado em 2017-2018 foram testados sorologicamente para a presença de. anticorpos de anti-R. rickettsii. Os resultados mostram que o número de capivaras aumentou 5 vezes durante num período de 8 anos, de 2004 (quando 41 capivaras foram contadas) para 2012, quando 230 capivaras foram contadas e o programa de remoção foi iniciado devido a um caso de FMB naquele mesmo ano. Nenhuma capivara foi observada no condomínio durante as contagens de 2016 a 2018. As armadilhas de gelo seco coletaram duas espécies de carrapatos: A. sculptum e Amblyomma dubitatum. O número de carrapatos adultos de A. dubitatum foram geralmente mais altos do que os adultos de A. sculptum durante 2005-2006; no entanto, durante 2012-2013, A. sculptum superou em número A. dubitatum por uma grande diferença. Durante 2016-2018 (após a remoção de capivaras), o número de ambas as espécies foi sempre muito baixo e estatisticamente semelhante. Considerando cada espécie separadamente, os números de A. dubitatum foram relativamente constantes durante 20052013. Em contraste, os números de A. sculptum mostraram um aumento significativo de 2005-2006 para 2012. Comparando o número de carrapatos adultos por armadilha com o número de capivaras no condomínio, o baixo número de adultos de A. sculptum durante 2005 -2006 coincidiu com números relativamente baixos de capivaras (<80). Por outro lado, em 2012 foram contabilizados os maiores números de carrapatos e capivaras de A. sculptum (230 animais). Apenas quatro ratões do banhado foram capturados durante 2017-2018, infestadas por 0 a 5 ninfas de A. dubitatum. Todas as amostras de sangue caninos de 2006 (30 cães) e 2011 (10 cães) foram soronegativas para R. rickettsii, assim como as quatro ratões do banhado de 2017 - 2018. De um total de 172 capivaras testadas em 2012-2013, 83 (48,3%) foram sororeativos para R. rickettsii. Nossos resultados indicam que o surgimento do FMB no condomínio foi conseqüência do aumento da população de capivaras na área, que por sua vez, proporcionou o incremento da população de A. sculptum. A eutanásia de toda a população de capivaras condomínio resultou na supressão local ambiental da quantidade de A. sculptum e A. dubitatum, eliminando os riscos de novos casos de FMB entre moradores do condomínio.
2019
Fernanda Battistella Passos Nunes
Caracterização fenotípica e genotípica de isolados de Actinobacillus pleuropneumoniae provenientes de diferentes estados brasileiros
A infecção por Actinobacillus pleuropneumoniae, doença conhecida como pleuropneumonia suína, assumiu grande importância na suinocultura moderna devido à alta ocorrência observada nos rebanhos. O impacto da doença está relacionado à capacidade do agente em causar pneumonia severa, levando os animais a óbito ou doença crônica, resultando em graves prejuízos zootécnicos. Diante desse cenário, o controle e monitoramento do agente se faz importante por meio da identificação dos diferentes sorotipos, da análise genética e da determinação dos perfis de resistência aos antimicrobianos. O objetivo do presente estudo foi caracterizar fenotípica e genotípicamente estirpes de Actinobacillus pleuropneumoniae isoladas a partir de quadros de pneumonia em suínos. Um total de 85 estipes de A. pleuropneumoniae foram submetidas a reação em cadeia pela polimerase (PCR) para identificação e sorotipagem, determinação da concentração inibitória mínima de antimicrobianos, polimorfismo do comprimento de fragmentos amplificados (AFLP) e eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE). Os sorotipos mais frequentes foram: 5 (38,8%), 10 (29,4%), 7 (5,9%), 8 (5,9%) e 6 (3,5%), sendo que 14 (16,5%) estirpes foram não tipáveis. Foi observada alta heterogeneidade de perfil genético entre as estirpes analisadas, tanto pelo AFLP quanto pelo PFGE, e o índice discriminatório para cada técnica foi 0,97 e 0,84, respectivamente. Todas as estirpes foram sensíveis ao ceftiofur, gentamicina, tulatromicina e tilmicosina, sendo que 98,8% das estirpes foram resistentes à tilosina e altas taxas de resistência foram observadas ainda para as tetraciclinas, clindamicina e sulfadimetoxina.
2017
Bárbara Letícia Pereira Costa
Análise multigênica de rotavírus do grupo A em aves de criações comerciais brasileiras
Os rotavírus, membros da família Reoviridae, são uma importante causa de diarreia em mamíferos e aves. São partículas icosaédricas não envelopadas e seu genoma é formado por 11 segmentos de RNA fita dupla que codificam seis proteínas estruturais e seis proteínas não estruturais. O objetivo deste estudo foi caracterizar os genes codificadores das proteínas não estruturais (NSP1-5) e estruturais (VP1-4, VP6-7) dos rotavírus do grupo A em aves de criações comerciais (corte, postura, matrizeiros e avozeiros) localizadas em 12 estados brasileiros, seguido de análises de recombinação e pressão de seleção das amostras definidas. Um total de 226 amostras fecais foram triadas através de reações de RT-PCR tendo como alvo a amplificação da VP6 e NSP5. A frequência de ocorrência, baseada em cada uma destas provas, variou de 9,7% a 18,14%, respectivamente. Em seguida, 10 das amostras positivas foram processadas com primers específicos visando a amplificação dos demais genes, seguido do sequenciamento nucleotídico e filogenia baseada no método de maximum likelihood, tendo como modelos de substituição GTR (NSP1-3, VP1-3, VP4, VP6, VP7) e HKY (NSP4, NSP5) e 1.000 repetições de bootstrap. Foram definidas sequências parciais para os genes codificadores da VP1-4, VP6-7 e NSP1-4 e sequências completas para NSP5. As respectivas árvores demonstraram que as dez amostras definidas se agruparam em clados aviários previamente descritos. Duas constelações genotípicas foram caracterizadas: G19-P[31]-I11-R6-C6-M7-A16-N6-T8-E10-H8 e G19-P[31]-I4-R4-C4-M4-A16-N4-T4-E4-H4. Estes genotipos são tipicamente encontrados em aves, mas quando analisados em conjunto, esta é a primeira descrição destas constelações. Eventos de recombinação foram observados nos genes NSP2, VP1, VP3 e VP7. Pelo menos um códon com pressão de seleção positiva foi encontrado nos genes codificadores das proteínas NSP1, VP2 e VP3. Este estudo propicia um melhor entendimento acerca da epidemiologia e diversidade viral circulante nas criações aviárias brasileiras, servindo de base para o estabelecimento de medidas profiláticas mais eficazes.
2017
Laila Andreia Rodrigues Beserra
Pesquisa de infecção por riquétsias do grupo da Febre Maculosa em humanos, eqüídeos, caninos e em diferentes estádios de vida de Amblyomma cajennense, provenientes de uma área endêmica do Estado de São Paulo
A febre maculosa é uma zoonose emergente causada por bactérias do gênero Rickettsia do Grupo da Febre Maculosa (GFM). Este estudo foi delineado para comprovar indiretamente a infecção por riquétsias em humanos e animais e, diretamente em carrapatos Amblyomma cajennense. As amostras foram colhidas no município de Pedreira, região endêmica do estado de São Paulo. A reação de imunofluorescência indireta foi positiva em 31,2% e 77,3% dos soros de cães e eqüinos, respectivamente. Nenhum humano se apresentou positivo para esse teste. Para confirmar a infecção natural dos carrapatos adultos, utilizou-se o teste de hemolinfa, que se revelou insatisfatório. Larvas, ninfas e adultos de A. cajennense foram submetidos à técnica de reação em cadeia pela polimerase (PCR). As reações resultaram na amplificação de um fragmento (230pb) do gene codificador da proteína 17 kDa, somente em adultos (4,7%) e em larvas (1,1%). Não foi possível a amplificação de nenhum fragmento de outros genes testados (citrato sintase, OmpA e OmpB). Os produtos amplificados pela PCR de dois carrapatos adultos e de quatro larvas foram seqüenciados, apresentando 100% de similaridade com Rickettsia felis; e de 99,4% a 100% de similaridade com Rickettsia rickettsii, Rickettsia conorii, Rickettsia parkeri e Rickettsia peacockii, respectivamente. A detecção de positividade em larvas não alimentadas confirma a ocorrência da transmissão transovariana de riquétsias na espécie A. cajennense. A alta identidade observadas entre as riquétsias estudadas e as espécies acima mencionadas sugere a existência dessas bactérias na região. Contudo, maiores estudos deverão ser realizados, uma vez que as sequências de bases do fragmento de DNA estudado não permite a distinção entre as diferentes riquétsias do GFM.
2002
Mauricio Claudio Horta
Emprego do Hamster sírio (Mesocricetus auratus) como modelo biológico para a indução de portador renal de leptospiras
O emprego do hamsters (Mesocricetus auratus) como modelo biológico experimental para a reprodução da condição de portador renal de leptospiras foi investigado em machos e fêmeas jovens com 80 a 120 g de peso vivo. Os animais foram experimentalmente infectados com estirpe patogênica do sorovar Pomona caracterizada por provocar a morte por leptospirose entre o quinto e o décimo dia pós-infecção. No segundo dia pós-infecção os animais foram tratados com estolato de eritromicina, nas concentrações de 10, 20, 40 e 80 mg/kg de peso vivo. Aos 30 dias, da infecção experimental os sobreviventes foram anestesiados com isofluorano e procedeu-se a colheita de sangue para a determinação dos indicadores da função hepática e renal (Proteínas totais, Albumina, Uréia, Creatinina, Fosfatase Alcalina, Alanina Aminotransferase, Aspartato Aminotransferase, Bilirrubinas Indireta, Bilirrubinas Direta e Bilirrubinas Totais), bem como o titulo de aglutininas pela prova de soro aglutinação microscópica. A seguir, com o aprofundamento da anestesia, os animais foram submetidos a eutanásia e necropsiados para a colheita de tecido renal e hepático destinados aos exames histopatológicos pelas colorações de Hematoxilina - Eosina e Warthin- Starry, bem como do isolamento de leptospiras por cultivo em meio de Fletcher. Houve controles do inóculo infeccioso, do tratamento com antibiótico e do sistema de manejo adotado. O número de DL 50 efetivamente empregadas no inóculo infeccioso foi de 7,11. No grupo controle do antibiótico foi constatado elevação do nível de fosfatase alcalina e degeneração vacuolares dos hepatócitos para as concentrações de 40 a 80 mg de antibiótico. Os portadores renais de leptospira foram obtidos entre os animais tratados com 40 ou 80 mg de estolato de eritromicina, independentemente do sexo; estes animais apresentaram elevação dos níveis séricos de creatinina e proteínas totais já as determinações de albumina, uréia, alanina aminotrasferase, aspartato aminotransferase, bilirrubinas direta, bilirrubinas indiretas e totais foram iguais as encontradas em animais não infectados por leptospiras e não tratados com antibióticos. As alterações histológicas encontradas nos animais portadores de leptospiras foram degeneração vacuolar em hepatócitos, sangue no espaço porta, congestão glomerular. Nos animais induzidos a condição de portadores renais de leptospiras os títulos de anticorpos aglutinantes, para o sorovar homólogo ao da infecção, expressos em logaritmo de base, 10 foram iguais ou superiores a 1,19.
Situação epidemiológica da leptospirose bovina, canina e humana na área rural do município de Pirassununga, SP
Com o objetivo de estudar a situação epidemiológica da leptospirose bovina, canina e humana nas propriedades rurais do município de Pirassununga, SP, partiu-se de um banco de soros e um banco de dados já estruturados de 86 propriedades amostradas. Através da técnica de soroaglutinação microscópica, 2259 soros de bovinos, 273 de cães e 445 de humanos foram examinados, empregando-se uma coleção de antígenos vivos de 24 sorovares de leptospiras. As prevalências aparentes de focos de leptospirose nas propriedades rurais de Pirassununga, segundo as espécies examinadas foram: 88,4% [79,7-94,3] para os bovinos, sendo Hardjo o sorovar mais provável, com 43,4% [32,1-55,3], seguido do Wolffi com 11,8% [5,6-21,3], Autumnalis e Patoc empatados em 5,3% [1,5-12,9], Australis com 3,9% [0,8-11,1], Hebdomadis com 2,6% [0,3-9,2] e Shermani com 1,3% [0-7,1]; 14,3% [7,4-24,1] para os cães, sendo Bratislava o sorovar mais provável, com 54,5% [23,4-83,3], seguido do Australis,Autumnalis e Pyrogenes empatados com 9,1% [0,2-41,3]; 14,1% [7,5-23,4] para os humanos, sendo Patoc o sorovar mais provável, com 58,3% [27,7-84,8], seguido pelo Pyrogenes com 16,7% [2,1-48,4] e empate entre os sorovares Bratislava, Autumnalis e Icterohaemorragiae com 8,3% [0,2-38,5] cada. A prevalência aparente da leptospirose nos bovinos da área rural do município de Pirassununga foi de 30,3% [28,4-32,2], nos cães de 5,1% [2,8-8,5] e nos humanos de 2,9% [1,6-4,9]. Os fatores de risco associados à condição de foco de leptospirose bovina para qualquer sorovar foram ter mais de 21 cabeças no rebanho, OR =14,354 [1,535-134,215] e presença de cocho para sal mineral, OR = 6,995 [1,180-41,470]. Os fatores de risco associados à condição de foco para os sorovares Hardjo e/ou Wolffi foram ter mais de 21 cabeças no rebanho, OR =15,750 [1,264- 196,269] e presença de cocho para sal mineral, OR = 6,537 [1,008-42,397]. Foram discutidas as implicações destes resultados para o entendimento da epidemiologia da leptospirose na área rural de Pirassununga e também foram feitas recomendações para o controle da doença no rebanho bovino.
Premating stress alters the vaginal microbiota of gilts
Pre-mating period is often associated with intense stress for sows in commercial production systems, due to the change of management, diet, facilities, among others. Sows are kept in crates during the pre-mating period, which challenge their welfare, occurring the release of cortisol, altering their physiology, modifying responses to pain, infection, injury and stress response. A prolonged exposure to stress can suppress the immune system and increase the susceptibility to infections, often caused by Gram-negative bacteria than contains lipopolysaccharide (LPS) in their cell wall. The role of microbiota in the gut-brain axis is recognized in processes related to stress, obesity, psychiatric disorders, among others, being influenced by environmental, physiological, genotypic and social factors. The hypothesis of this study is that the vaginal microbiota is altered by the stress that female undergoes during the pre-mating period and this alteration compromises their health and welfare. In this study, we investigated the consequences of housing 42 gilts in crates (n=14), indoor group housing (n=14) and outdoors (n=14), three different housing systems, prior to mating. Half of the gilts were challenged with an inoculation of lipopolysaccharides (LPS), in the day of the estrus, simulating an inflammatory condition. Measures of salivary cortisol, behavior, vaginal microbiota, temperature and post-mortem samples were collected. Our data indicates that housing can modulate behavior and physiology, influencing how animals cope with an LPS challenge, which induces a rise in temperature, thus interfering in their welfare. We propose that indoor group housing system, being a barren and poor environment, due the physical and social environment, was more favored to the appearance of pathogens in the swab samples. Greater bacterial diversity was observed in animals housed outdoors when compared with animals housed in crates, corroborating our initial hypothesis, along with a higher prevalence of Enterobacter and Klebsiella in animals housed in crates when compared to outdoor housed animals. Salivary cortisol results suggested that LPSs challenge did not compromised animals hypothalamic-pituitary-adrenal axis (HPA), maybe due the estrus period. We demonstrated that LPS is effective inducing an increase in body temperature, corroborating previous studies, modifying animals behavior. We demonstrated that environmental complexity, as experienced by animals housed outdoor, could indicate better welfare than indoor, barren group housing system and crates. We showed that the housing system influences animals level of activity, with crated animals being less active and performing more biologically irrelevant tasks. Our data showed that keeping gilts in crates compromises their welfare.
Avaliação de tratamento Homeopático em suínos infectados por Escherichia coli
Escherichia coli é o agente etiológico mais importante das diarréias neonatais em suínos, sendo a Enterotoxigênica (ETEC) a mais comumente isolada. Foram descritos cinco tipos principais de fímbrias: F4 (K88), F5 (K99), F6 (987P), F18 e F41 e enterotoxinas termolábeis (LT), termoestáveis (ST), e a toxina shiga-like ou verotoxina (Stx2) em isolados de origem suína envolvidas no processo de diarréia. A exigência do consumidor em busca de carnes sem resíduos químicos e a proibição do uso de antibióticos e quimioterápicos na produção de suínos, bem como o custo de tratamentos alopáticos, tem levado a suinocultura a procurar alternativas. O presente estudo foi desenvolvido em granjas de suínos no Estado de São Paulo e Mato Grosso, Brasil. Foram avaliados 157 leitões, e realizados 243 coletas de fezes. Coletas de fezes de 3 e 8 leitões com diarréia foram realizadas em cada granja, visando a pesquisa da presença de Escherichia coli para a preparação do medicamento Bioterápico. Concomitantemente uma anamnese detalhada foi feita para a escolha do medicamento homeopático ideal para cada granja (China off 30 CH, Phosphorus 30 CH e Pulsatilla 30 CH respectivamente). Formados 4 grupos de 12 leitões e suas respectivas mães (primíparas), os tratamentos foram simultâneos: controle (antimicrobiano empregado na granja), medicamento homeopático, Bioterápico de E.coli e medicamento homeopático associado com o respectivo Bioterápico. Os medicamentos foram feitos segundo a farmacotécnica homeopática brasileira. Foi realizada a pesquisa de fatores de virulência e enterotoxinas em 154 colônias de. Escherichia coli através da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). No tratamento da diarréia os grupos tratados com medicamentos homeopáticos passaram de 58,3% de animais com diarréia para 5,5% ao final do tratamento, uma diferença estatisticamente significante (p< 0,05), e os grupos de medicamento e Bioterápico 30 CH associados também apresentaram significante redução de animais doentes (p< 0,05), pois passaram de 47,0% de animais com diarréia no inicio para 20,0% ao final. No ganho de peso os mesmos grupos obtiveram maiores ganhos, com resultados de forma estatisticamente significante (p< 0,05) em relação aos outros grupos. Nos animais com E.coli foram encontrados apenas o fator de virulência F41 em 10,4% dos animais e a enterotoxina Stb em 1,9% dos animais. Concluí-se que os medicamentos homeopáticos são uma alternativa eficiente para o uso em distúrbios entéricos em suínos, assim como para aumentar o ganho de peso, além de ser mais econômico.
2010
Cidéli de Paula Coelho
Formulação, aplicação e avaliação de programa de educação em saúde em escola de Visconde de Mauá, distrito de Resende, Rio de Janeiro, RJ
Os cães já fazem parte do cotidiano do homem há milhares de anos. Atualmente, os cães assumem o papel de membros da família, apresentando um forte vínculo com os familiares, incluindo crianças. No entanto, as crianças, assim como a maioria dos adultos, pouco sabem ou aprendem sobre como cuidar de um animal, como prevenir zoonoses ou exercer a Guarda Responsável, propagando uma visão antropocêntrica. O presente trabalho visou mostrar de que maneira a Educação em Saúde pode trazer benefícios na formação ética e psicológica, por melhorar a relação criança-animal, ao mesmo tempo em que reduz a os riscos inerentes às doenças zoonóticas e o abandono de animais. As avaliações foram feitas com a utilização de questionários com questões abertas e fechadas em duas etapas, antes e após o projeto educativo. Para a comparação dos dados quantitativos obtidos nas duas fases, utilizou-se os testes de McNemar e de Homogeneidade Marginal, para análise qualitativa foram realizados grupos focais com crianças e professoras. O projeto educativo proporcionou a aquisição de conhecimento sobre os temas abordados e algumas mudanças de atitudes das crianças com seus animais de companhia, o que pode ser percebido pelo grupo focal e por algumas mudanças estatisticamente significantes entre as fases 1 e 2.
2011
Gabriela Nery Faria Guedes
Emprego da reação em cadeia pela polimerase em tempo real para o controle de eficiência de bacterinas anti-leptospirose
A estirpe Fromm de Leptospira interrogans sorovar Kennewicki foi utilizada para produção de uma bacterina experimental anti-leptospirose. A extração do RNA total utilizado para transcrição reversa e quantificação dos antígenos LigA e LipL32 por PCR em Tempo Real, foi efetuada a partir de alíquotas colhidas das diluições da bacterina antes da sua inativação, as quais foram armazenadas à temperatura de -80ºC. O volume restante da bacterina foi inativado em banho-maria à 56ºC e mantido à temperatura de -20ºC para avaliação da sua potência em hamsters bem como da detecção e quantificação dos antígenos LigA e LipL32 em ensaios de ELISA Indireto e ELISA Sanduíche Indireto. Os resultados do ensaio de potência em hamsters demonstraram que a bacterina foi aprovada de acordo com as exigências dos padrões internacionais de qualidade até a diluição 1/6400, protegendo os hamters contra a infecção letal frente ao desafio com a diluição 10-6 (100 doses infectantes 50%/ 0,2mL). Os resultados das reações de Real Time PCR detectaram 3,2 x 103 e 2,3 x 101 cópias do mRNA que codifica a proteína LigA, na bacterina pura e diluída a 1:200, respectivamente. Apenas oito cópias do mRNA que codifica a proteína LipL32 foram detectadas na amostra de bacterina pura. Os ensaios com ELISA Indireto não detectaram a proteína LigA na amostra de bacterina inativada, mas demonstraram a detecção da proteína LipL32 até a diluição 1/1600 da bacterina. Os ensaios de ELISA Sanduíche Indireto apresentaram reações cruzadas nas placas controle, e, portanto seus resultados não puderam ser considerados nas análises. Os resultados da real time PCR não puderam ser correlacionados com o teste de potência em hamsters, mas os ensaios de ELISA Indireto para a proteína LipL32 demonstraram resultados condizentes com os apresentados pelo teste de potência em hamsters oferecendo uma possível alternativa in vitro para avaliação de potência de bacterinas anti-leptospirose.