RCAAP Repository
Infecção por Rickettsia spp em equídeos e carrapatos do Centro-Norte do Piauí
Com o objetivo de avaliar sorológica e molecularmente a ocorrência de infecção por Rickettsia spp em equídeos e carrapatos da região Centro-Norte do estado do Piauí, foram realizadas coletas de sangue e de carrapatos que parasitavam equídeos em 10 localidades distribuídas nas microrregiões de: Campo Maior, Teresina e Valença, nos meses de agosto dos anos de 2010 e 2011. Soros de 129 equinos e 110 asininos foram analisados pela Reação de Imunofluorescência Indireta para detecção de anticorpos anti-Rickettsia spp (R. rickettsii, R. parkeri, R. amblyommii, R. rhipicephali e R. bellii) e 105 Dermacentor nitens, oito Amblyomma cajennense e três Amblyomma parvum foram submetidos a reação de polimerase em cadeia utilizando os primers dos genes gltA, ompA e ompB específicos para o gênero Rickettsia e rickettsias do grupo da febre maculosa (GFM). Do total de animais examinados 52,3% foram positivos para pelo menos uma das rickettsias testadas. Somente em dois carrapatos dos 116 analisados, ambos A. parvum, foram positivos para Rickettsia do GFM, apresentando esta cepa 100% de similaridade com \"Candidatus Rickettsia andeanae\", obtida no Peru. Pelos achados sorológicos concluiu-se que \"Candidatus Rickettsia andeanae\" cepa Piauí e ou R. amblyommii, seriam juntamente com R. bellii, os prováveis agentes circulantes na região centro-norte do estado do Piauí. D. nitens, A. cajennense e A. parvum são espécies de carrapatos que infestam equídeos na mesorregião Centro-Norte do Piauí. \"Candidatus Rickettsia andeanae\" cepa Piauí teve seu primeiro relato no Brasil. Animais com acesso à mata ou mantidos em piquetes apresentaram associação com a ocorrência de anticorpos anti-Rickettsia spp (p<0.01).
Propostas para o sistema de vigilância de moluscos bivalves de Santa Catarina
Moluscos bivalves são organismos filtradores capazes de concentrar susbtâncias produzidas por microalgas tóxicas. No estado de Santa Catarina, líder na produção nacional, os cultivos têm sido oficialmente monitorados para a detecção de ficotoxinas causadoras dos Envenenamentos Diarreico (DSP), Amnésico (ASP) e Paralisante (PSP) por Consumo de Moluscos nas partes comestíveis. Amostras de água também são coletadas para a quantificação de algas nocivas. O objetivo deste trabalho foi sugerir o uso de áreas amostrais para coletas semanais, bem como calcular o tamanho das amostras agrupadas e analisar os dados de ocorrência. Diferentes cenários foram desenvolvidos para simular a variação dos tamanhos amostrais, utilizando-se o EpiTools®. Considerando-se uma alta prevalência e altas sensibilidades dos testes, é possível sugerir dois pools amostrais para a detecção de Toxinas Lipofíficas (2x30), duas para detectar PSP (2x15) e uma para detectar ASP (1x20) em cada uma das 24 áreas amostrais sugeridas. Se o teste de Cromatografia Líquida com Espectrometria de Massa (LC-MS/MS) for validado para todas as biotoxinas, apenas um pool amostral seria suficiente (1x15). Informações espaçotemporais de ocorrência também foram analisadas e apenas ficotoxinas causadoras de DSP foram encontradas. Utilizando-se os softwares SaTScan® e QGIS 2.12.2- Lyon®, foram desenvolvidos mapas de calor com os dois clusters espaciais encontrados para as detecções de DSP em moluscos e os quatro para Dinophysis acuminata (≥100cels/L) em amostras de água. Os resultados com maiores riscos relativos corresponderam ao cluster temporal do segundo semestre de 2014, os clusters espaciais das áreas 7 a 11 para DSP e áreas de 7 a 9 para D. acuminata. Esses resultados poderão contribuir para o planejamento de estratégias a serem incorporadas num futuro sistema de vigilância de moluscos bivalves do estado.
Caracterização genética de amostras brasileiras de Circovírus suíno tipo 2 (PCV-2)
O Circovírus suíno tipo 2 (PCV-2) pertence ao gênero Circovirus da família Circoviridae. É considerado vírus emergente", tendo sido associado, principalmente, à Síndrome de Refugagem Multissistêmica dos suínos (SRM). O genoma circular é composto por: (i) ORF-1 que codifica a proteína replicativa; (ii) ORF-2 que codifica a proteína estrutural formadora do capsídeo, (iii) região não codificadora que intercala as ORF-1 e 2 e contem a origem da replicação, denominada IGS-1 e (iv) região que intercala as ORF-1 e 2, denominada IGS-2. Oito amostras, denominadas amostras completas, tiveram mais de 1705 nucleotídeos seqüenciados (945 da ORF-1, 699 da ORF-2, 20 da IGS-1 e 39 da IGS-2); duas amostras tiveram em média 1692 nucleotídeos seqüenciados (945 da ORF-1 e 699 da ORF-2, os restantes correspondem às regiões IGS-1 e 2); uma amostra teve 1392 nucleotídeos seqüenciados (945 da ORF-1, 414 da ORF-2, 9 da IGS-1 e 24 da IGS-2) e nove amostras tiveram em média 970 nucleotídeos seqüenciados (196 da ORF-1 e 699 da ORF-2, os restantes correspondem às regiões IGS-1 e 2). Portanto, a partir dessas 20 amostras em estudo, foram obtidas: (i) oito amostras completas; (ii) 11 seqüências completas de ORF-1 e (iii) 19 seqüências completas de ORF-2, as quais foram analisadas. A identidade de nucleotídeo variou de: (i) 99,7% a 100% entre as oito amostras completas; (ii) 99,3% a 100% entre as 11 seqüências completas de ORF-1 e (iii) 91,9% a 100% entre as 19 seqüências completas de ORF-2. A topologia das árvores genealógicas utilizando as oito seqüências completas e as 11 seqüências completas de ORF-1 foi similar, agrupando todas as amostras em estudo em um só grupo denominado subtipo PCV-2a. Pela análise da genealogia da ORF-1 observou-se que todas as amostras agruparam-se com uma amostra de PCV-2 associada à Síndrome de Dermatite e Nefropatia suína (PDNS), formando um grupo separado das amostras de PCV-2 associadas à Síndrome de Refugagem Multissistêmicas dos suínos (SRM) e abortamento. A genealogia proposta para as 19 amostras que tiveram a ORF-2 seqüenciada, dividiu as amostras em dois grupos, sendo que 14 amostras agruparam-se num grupo denominado subtipo PCV-2a e 5 no subtipo PCV-2b. Os resultados mostraram a circulação de, pelo menos, dois subtipos de PCV-2 no Brasil
2005
Alessandra Marnie Martins Gomes de Castro
Presença de resíduos de antimicrobianos em amostras de diferentes tipos de leite comercializados no município de São Paulo
O setor de produtos lácteos transforma-se constantemente, uma vez que exigências feitas tanto pelo consumidor como por órgãos fiscalizadores, requerem produtos inócuos e com elevado padrão de qualidade, provocando mudanças significativas em toda a cadeia produtiva. Para tanto, medicamentos veterinários, em especial os antimicrobianos, têm sido amplamente utilizados na pecuária, quer para tratamento e prevenção de doenças, quer para incremento da produção. No entanto, quando utilizados em desrespeito às boas práticas, colocam em risco tanto a saúde animal como a humana, predispondo a população a eventuais reações alérgicas e expressão de resistência microbiana. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo pesquisar a presença de resíduos de antimicrobianos de uso veterinário em amostras de diferentes tipos de leite comercializados na cidade de São Paulo, verificando se a freqüência de ocorrência observada para essa contaminação correspondia à estimada de 1%. Foram analisadas, através do Delvotest® SP, 1.500 amostras de leite, durante os meses de abril de 2003 a março de 2004 e obteve-se dez amostras positivas, o que significa uma freqüência de ocorrência de antimicrobiano no leite de 0,66%, com intervalo de confiança entre 0,32 a 1,22%, valor este, menor que o estimado
2005
Flavia Bernardi Paes Leme
Identificação de estirpes do gênero Streptococcus pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) e espectrometria de massa MALDI-TOF
Métodos microbiológicos tradicionais como isolamento, coloração de Gram e testes bioquímicos auxiliam na identificação do gênero Streptococcus, no entanto, as espécies apresentam ampla variação fenotípica, tornando difícil a identificação ou diferenciação das mesmas apenas por estes métodos. Uma das espécies mais importantes em suínos, Streptococcus suis, tem provocado grandes prejuízos em todo o mundo e tem sido descrito como uma importante zoonose em alguns países. S. suis está presente nas vias respiratórias superiores, colonizando principalmente tonsilas, cavidades oral e nasal facilitando a alta disseminação por contato direto, principalmente em leitões entre 4 e 12 semanas de vida. Os quadros clínicos mais frequentes em suínos infectados pelo S. suis são meningite, artrite e pneumonia. O objetivo do presente estudo foi identificar estirpes do gênero Streptococcus mediante as técnicas de reação em cadeia pela polimerase (PCR), sequenciamento parcial do gene 16S rRNA e espectrometria de massa MALDI-TOF (MALDI-TOF MS). As análises por PCR e por MALDI-TOF MS resultaram na identificação de 215 estirpes como S. suis e 35 como diferentes espécies pertencentes ao gênero Streptococcus. Os resultados da identificação das 35 estirpes pertencentes a outras espécies do gênero Streptococcus pelo MALDI-TOF MS foram confirmados pelo sequenciamento parcial do gene 16S rRNA, sendo que as duas técnicas apresentaram 100% de concordância. Os resultados obtidos indicam grande eficácia na utilização das técnicas avaliadas para a identificação de S suis e de outras espécies do gênero Streptococcus. A técnica de MALDI-TOF MS, apesar do custo elevado do equipamento, apresentou a vantagem de ser rápida, apresentar baixo custo por análise e reduzida utilização de material
2015
Carlos Emilio Cabrera Matajira
Caracterização do fator de elongação Tu (EF-Tu) de Leptospira: aspectos relacionados à colonização e evasão ao sistema complemento do hospedeiro
A leptospirose é uma zoonose causada por bactérias patogênicas do gênero Leptospira. A doença representa um grave problema de saúde pública nos países tropicais subdesenvolvidos. Mais de 500.000 casos graves de leptospirose são notificados a cada ano e a taxa de mortalidade excede 10% (World Health Organization, 1999). Os roedores são o principal reservatório urbano da doença, e eliminam leptospiras viáveis no meio ambiente ao longo de toda a vida. As bactérias entram no hospedeiro por abrasões na pele ou por membranas mucosas e rapidamente se espalham pelo organismo atingindo vários órgãos. A identificação de mecanismos de invasão e de evasão imune apresentados por leptospiras patogênicas é extremamente relevante e tem sido alvo de pesquisas recentes desenvolvidas por vários grupos. Nesse contexto, a caracterização funcional de proteínas de membrana externa de Leptospira, principais alvos de interação com moléculas do hospedeiro, é de grande importância. O Fator de Elongação Tu (EF-Tu), uma proteína bacteriana abundante envolvida na síntese protéica, pertence à categoria das proteínas conhecidas como \"moonlighting\". Tais moléculas possuem a capacidade de exercer mais de uma função e, normalmente, localizam-se em diferentes compartimentos da célula. Há relatos de que EF-Tu de agentes patogênicos possa atuar como um fator de virulência. No presente trabalho, demonstrou-se que EF-Tu de Leptospira está localizado na superfície da bactéria e possui funções adicionais, sendo receptor para moléculas presentes no plasma do hospedeiro. Tal proteína interage com vários componentes da matriz extracellular e também com plasminogênio, de maneira dosedependente. Resíduos de lisina são importantes para essa interação. Plasminogênio ligado a EF-Tu é convertido em sua forma ativa, plasmina, que, por sua vez, é capaz de clivar os substratos naturais C3b e fibrinogênio. EF-Tu de Leptospira também se liga a Fator H, principal regulador da via alternativa do sistema complemento, e este mantém sua atividade funcional ao agir como co-fator de Fator I na clivagem de C3b. O potencial imunoprotetor de EF-Tu em modelo animal foi avaliado, tendo em vista o alto grau de conservação da proteína em diferentes espécies de Leptospira. EF-Tu não conferiu proteção significativa e, portanto, não deve ser considerado como um candidato vacinal contra a leptospirose. Em suma, EF-Tu de Leptospira deve contribuir para o processo de invasão e evasão ao sistema imune inato do hospedeiro, inativando o sistema complemento. Tanto quanto é do nosso conhecimento, essa é a primeira descrição de uma proteína \"moonlighting\" em Leptospira.
2013
Danielly Gonçalves Wolff
Pesquisa de genes codificadores de adesinas em Staphylococcus spp. isolados de mastite bovina
No universo da pecuária leiteira, a mastite representa um importante desafio, sendo responsável por perdas econômicas consideráveis relacionadas principalmente com redução na produção de leite. O gênero Staphylococcus assume elevada importância como agente etiológico das mastites devido à sua ampla distribuição e freqüência de ocorrência. Foram coletadas amostras de leite de fêmeas bovinas com mastite subclínica para exames microbiológicos e contagem de células somáticas (CCS). Após o isolamento e identificação dos micro-organismos, as amostras positivas foram submetidas a análises das medianas das CCS, testes de susceptibilidade \"in vitro\" frente a diferentes antimicrobianos, assim como pesquisa de genes codificadores das adesinas - genes que codificam para proteína ligadora de colágeno (cna), proteína ligadora de laminina (eno), proteína ligadora de elastina (ebp), proteína ligadora de fibrinogênio (fib), proteína A ligadora de fibronectina (fnbA), proteína B ligadora de fibronectina (fnbB) e proteína associada à formação de biofilme (bap), por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). De acordo com os achados do presente estudo, dentre as bactérias do gênero Staphylococcus isoladas, os S. aureus foram verificados com maior freqüência, seguido por Staphylococcus coagulase-negativos - S. intermedius, S. chromogens e S. warneri. Com respeito às medianas das CCS, o gênero Streptococcus spp. apresentou o maior valor. O perfil de sensibilidade e resistência aos antimicrobianos testados foi semelhante entre as espécies de Staphylococcus coagulase-positivos e negativos, sendo os antimicrobianos cefalexina, cefalotina e ceftiofur os que apresentaram maior frequência de sensibilidade, e penicilina, amoxicilina e ampicilina os que apresentaram maior resistência. Com exceção do (fnbA), todos os outros fatores de virulência estudados foram detectados, sendo os genes eno, fib e a associação dos genes \"eno/fib/bap\" os mais freqüentemente detectados. Nas amostras coletadas dos tanques de refrigeração não foram detectadas todas as espécies de Staphylococcus spp. isoladas dos quartos mamários. Tais informações acerca do assunto permitem o desenvolvimento de estratégias mais eficientes de tratamento e controle desta enfermidade, possibilitando o aumento da produtividade leiteira.
Pesquisa de Leptospira spp. em fêmeas bovinas pertencentes ao município de Novo Repartimento - Pará
O presente estudo objetivou detectar a infecção por Leptospira spp. mediante ensaio sorológico, bacteriológico e molecular em 208 fêmeas bovinas do município de Novo Repartimento e em 58 fetos não abortados destas fêmeas. Em um matadouro municipal da região do Baixo Tocantins - PA foram colhidas amostras de soro sanguíneo, urina e fragmentos dos rins das fêmeas bovinas e amostras de líquidos cavitários, fragmentos dos órgãos e conteúdo gástrico dos fetos. Os testes empregados foram a soroaglutinação microscópica (SAM), o cultivo bacteriológico, a reação em cadeia pela polimerase (PCR) e o sequenciamento de DNA. A frequência de fêmeas bovinas reagentes foi de 65,86% (137/208), com títulos variando de 100 a 3.200, sendo L. interrogans sorovar Hardjoprajitnoe L. borgpetersenii sorovar Hardjobovis os mais prevalentes. Não houve o isolamento de leptospiras, mas o DNA da bactéria foi detectado em 5,76% (12/208) das amostras de rins e em 14,90% (31/208) das amostras de urina. O sequenciamento de DNA direto dos produtos da PCR foi possível em 30 amostras, distribuídas em quatro espécies diferentes: L. borgpetersenii a mais prevalente com 56,70% (17/30), seguida por L. kirschneri com 33,30% (10/30), L. interrogans com 6,70% (2/30) e L. santarosai com 3,30% (1/30). Tanto o genótipo Hardjoprajitno como Hardjobovis foram identificados. Em nenhum dos fetos foi detectado anticorpos anti-Leptospira spp. nos líquidos cavitários e nem o DNA da bactéria no pool de órgãos e conteúdo gástrico, mesmo que em alguns fetos foram observadas alterações patológicas macroscópicas sugestivas de leptospirose. Estes resultados inéditos revelam uma diversidade e peculiaridade para a leptospirose bovina em Novo Repartimento, principalmente pela baixa prevalência de L. santarosai e mais surpreendente, a presença de L. kirschneri, comumente não encontrada em bovinos, diferentemente do que ocorre em outras regiões do país.
Potência de bacterinas anti-leptospirose canina comercializadas no Brasil: desafio efetuado com estirpes autóctones dos sorovares Canicola e Copenhageni
Foi efetuada a avaliação comparativa da potência de vacinas anti-leptospirose canina comercializadas no Brasil, empregando no desafio estirpes de leptospiras dos sorovares Canicola e Copenhageni autoctones isoladas no Brasil. Foram comparadas nove bacterinas comerciais polivalentes produzidas para uso em cães, identificadas pelas letras A, B, C, D, E, F, G, H e I. O desafio foi efetuado com as estirpes L1-130 e LO4, respectivamente dos sorovares Copenhageni e Canicola tipificadas pela prova de anticorpos monoclonais. O protocolo adotado seguiu as normas técnicas americanas, 9 CFR 113.103 Leptospirose Canicola - 2006 . A dose infectante do sorovar Copenhageni empregada no desafio (5,4) foi inferior ao limite inferior estabelecido pela norma técnica (10) e a do sorovar Canicola foi de 10.000. Os animais foram observados por 21 dias consecutivos, contabilizando-se os que morreram por leptospirose. Ao final deste período, os sobreviventes foram submetidos à eutanásia por inalação de gás carbônico (câmara de CO2), e necropsiados para colheita dos rins e realização de cultivos destinados ao controle de infecção renal por leptospiras. Das nove vacinas avaliadas, sete foram reprovadas para os dois sorovares testados e duas foram aprovadas contra a doença clinica e infecção renal para o sorovar Canicola LO4, porém apenas contra a doença clínica para o sorovar Copenhageni L1-130. Os laboratórios fabricantes de bacterinas anti-leptospirose canina que estão sendo comercializadas no Brasil, necessitam rever a qualidade dos seus produtos no relativo a proteção contra a doença e infecção pelos sorovares Canicola e Copenhageni.
2010
Wilsilene Aparecida Silva Coelho
Semelhanças e diferenças entre adotar, comprar ou ganhar um cão de companhia na cidade de São Paulo
Com mais de 50 milhões de cães de companhia, o Brasil é o segundo maior mercado mundial para este segmento, com uma grande variedade de produtos e serviços, sendo alguns deles tipicamente humanos, revelando um movimento de antropomorfização dos animais de companhia. A antropomorfização permite um estreitamento dos laços entre o homem e o animal, mas gera expectativas irreais sobre o comportamento deste, o que pode trazer graves consequências, como o abandono. Isto pode ocorrer tanto com animais comprados ou recebidos de presente quanto com adotados, mas há diferenças entre estes modos de aquisição. Esta pesquisa tem como objetivo identificar semelhanças e diferenças no processo de aquisição de cães e investigar a vinculação entre o homem e o cão. Foi utilizado um questionário disponibilizado na Internet para compreender a aquisição e uma escala para avaliar o vínculo (Dog Attachment Questionnaire), aplicados em até um ano da aquisição e um ano depois. A maioria dos animais é adotada (61,3%), seguido por 26,3% de cães comprados e 12,1% de animais recebidos de presente. Adotar esteve relacionado a aquisições sem planejamento, pessoas divorciadas, com menor escolaridade, animais esterilizados, mais velhos, oriundos da rua, sem raça definida, escolhidos pela própria pessoa, que residem em casas, com maior número de cães. Comprar esteve mais associado a maior renda, pós-graduação, morar em apartamento, pessoas mais jovens, casadas ou solteiras, aquisições planejadas, animais de porte pequeno, de raça. Ganhar um cão de companhia esteve mais associado a menor escolaridade, menor renda, morar em chácara/sítio/fazenda, animais esterilizados, de porte grande. O vínculo é favorecido pela pessoa ser do sexo feminino, jovem, solteiro ou divorciado, com escolaridade e renda médias, que escolhem seus próprios animais e são inteiramente responsáveis por eles, os quais são esterilizados, pegos da rua, sem planejamento e residem em casas com mais animais. O vínculo é desfavorecido pela pessoa ser do sexo masculino, mais velho, casado, com alta escolaridade e renda, que mora em apartamento ou chácara/sítio/fazenda, sem outros animais, cuja responsabilidade por eles é dividida, tendo o animal sido escolhido por terceiros e de uma raça específica. Não houve relação direta entre o vínculo e o modo de aquisição, mas diversas relações indiretas indicam que o vínculo é maior para quem adotou um cão de companhia do que para quem comprou um cão. No passar de um ano, o valor do vínculo diminuiu. Para evitar que este quadro se perpetue, é importante incentivar a adoção em detrimento da compra de cães de companhia, além de educar as crianças sobre o real valor dos animais e alterar a forma com que animais são representados na cultura e na mídia
2015
Alice de Carvalho Frank
Avaliação de possíveis variáveis epidemiológicas associadas à distribuição espacial da infecção por Rickettsia rickettsii em cães e carrapatos em uma área endêmica para febre maculosa brasileira na Região Metropolitana de São Paulo
A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma doença infeciosa aguda causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e transmitida por diferentes espécies de carrapatos. Por gerar efeitos deletérios nos carrapatos, a transmissão horizontal da R. rickettsii por meio de um hospedeiro amplificador é crucial para a sua manutenção na população de carrapatos em áreas endêmicas para a FMB. Na Região Metropolitana de São Paulo, o carrapato Amblyomma aureolatum é o vetor da R. rickettsii; no entanto, não se sabe qual vertebrado poderia atuar como hospedeiro amplificador para essa espécie de carrapato. O cão doméstico é o principal hospedeiro dos adultos de A. aureolatum nas áreas endêmicas desta região metropolitana, sendo um ótimo sentinela para a ocorrência da doença em humanos. Para avaliar a capacidade do cão em atuar como hospedeiro amplificador, carrapatos adultos de A. aureolatum foram alimentados em dois grupos de cães: o grupo infectado e o grupo controle, infestados respectivamente por carrapatos infectados com R. rickettsii e por carrapatos não infectados. Todos os cães do grupo infectado desenvolveram bacteremia suficiente para infectar as fêmeas de A. aureolatum, e parte delas foi capaz de transmitir a bactéria para sua progênie. A fim de investigar as possíveis variáveis associadas à exposição de cães a R. rickettsii, um inquérito sorológico foi conduzido em cães do bairro Recreio da Borda do Campo, município de Santo André, área endêmica para FMB. Por meio de tal inquérito, obtiveram-se 31% de amostras positivas. Por meio de uma regressão logística, obteve-se que as variáveis que mostraram associação à soropositividade dos cães foram “maior frequência de acesso não supervisionado à rua”, “menor distância ao caso humano de FMB mais próximo” e “maior distância à principal via de acesso ao bairro”. Por fim, para avaliar a dinâmica populacional de cães foram realizadas campanhas de captura e recaptura fotográficas em duas áreas do bairro com diferentes densidades de animais soropositivos. Foram realizadas quatro campanhas ao longo de nove meses. A abundância de cães não foi diferente entre as duas áreas, no entanto a área com maior densidade de cães soropositivos apresentou também uma maior entrada de novos indivíduos. Com esse estudo, pudemos demonstrar que parte das fêmeas de A. aureolatum alimentadas em cães infectados por R. rickettsii são capazes de transmitir a bactéria de forma eficiente para parte de sua progênie, indicando que o cão poderia atuar como hospedeiro amplificador da R. rickettsii para essa espécie de carrapato. Nossos resultados confirmam o excelente papel do cão como sentinela de casos humanos de FMB, além de mostrar a associação da exposição de cães a R. rickettsii ao acesso não supervisionado a rua. A maior presença de cães soropositivos nas áreas mais distantes da via de acesso ao bairro poderia estar associada a uma maior introdução de novos indivíduos, especialmente por meio de abandonos frequentes, como foi relatado por moradores do bairro e verificado em nosso estudo de avaliação da dinâmica populacional dos cães.
Vírus Schmallenberg: uma virose de ruminantes emergente na Europa em 2011. Desenvolvimento de recurso diagnóstico e pesquisa da circulação viral no Brasil
Identificado pela primeira vez na Alemanha em 2011, o vírus Schmallenberg- SBV (gênero Orthobunyavirus sorogrupo Simbu) é um RNA vírus emergente, com forte repercussão em países europeus assim como em alguns asiáticos e africanos. A infecção é relatada especialmente em ruminantes e sua transmissão é feita principalmente por Culicoides spp., ou verticalmente in utero. As manifestações clínicas são caracterizadas por aborto, malformações congênitas e natimortos. O Brasil possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, é um dos maiores exportadores de carne e a presença de potenciais vetores do SBV é muito abundante em todo território nacional. Não obstante estas duas importantes características, a literatura compulsada até o presente momento não relata o estabelecimento no Brasil de metodologia diagnóstica, bem como qualquer informação laboratorial sobre a circulação do SBV no rebanho bovino brasileiro. Assim, o objetivo do presente estudo foi padronizar e validar um método direto de detecção do SBV baseado na Transcrição Reversa seguida pela Reação em Cadeia da Polimerase Quantitativa (RT-qPCR) e obter os primeiros dados laboratoriais sobre a eventual circulação do SBV no Brasil em amostras clínicas colhidas no período de 2011 a 2019. Adicionalmente foram também pesquisados anticorpos anti SBV empregando um kit de ELISA comercial. A RT-qPCR foi padronizada e validada utilizando primers e sonda que amplificam o segmento S do genoma do SBV. Por motivos de biossegurança, como controle positivo foi construída uma sequência sintética desse segmento, clonada no plasmídeo pTZ57R e propagada em E. coli (estirpe JM109). Foram analisadas 1665 amostras de sangue total e 313 amostras de pool de órgão de fetos abortados para pesquisa direta do SBV além de 596 amostras de soro para a pesquisa indireta. Os ácidos nucléicos foram extraídos utilizando cador®Pathogen 96 QIAcube® HT conforme o manual do fabricante. As amostras de sangue total e fetos foram amplificadas pela RT-qPCR padronizada e validada. A análise sorológica foi realizada por ELISA indireto (ID Screen® Schmallenberg virus Indirect Multi-species- IDvet). A RT-qPCR padronizada apresentou sensibilidade analítica de 1 cópia de RNA/µL. Todas as amostras clínicas analisadas por RT-qPCR e ELISA foram negativas para o SBV. O Brasil é destaque na pecuária bovina e apesar de ter condições favoráveis para a disseminação do SBV, os dados obtidos sugerem que o SBV não circulou na população bovina estudada em território brasileiro. Manter condição de livre para essa doença é fundamental para evitar as perdas decorrentes da infecção, bem como aquelas decorrentes de barreiras internacionais impostas pelos países importadores. O presente estudo contribuiu para o estabelecimento de estrutura diagnóstica e trouxe as primeiras informações objetivas sobre a circulação do SBV no Brasil, fatos de extrema importância para a Defesa Sanitária e para atender às exigências de mercados internacionais.
2020
Maira de Souza Nunes Martins
Study on Anaplasma, Borrelia, Coxiella, Ehrlichia, Rickettsia and Hepatozoon agents in ticks (Acari: Ixodoidea: Argasidae, Ixodidae) from Chile, and a taxonomic study on Ornithodoros capensis sensu lato (Acari: Argasidae) in South America São Paulo
Until 2014, scientific knowledge on the diversity of Chilean Ixodoidea summarized 19 species and only agents of Borrelia and Rickettsia genera had been detected. The objectives of this study were to evaluate the occurrence of further agents of Anaplasma, Borrelia, Coxiella, Ehrlichia, Rickettsia and Hepatozoon by means of molecular tools. Obtained sequences were inserted into a phylogenetic context in order to evaluate their relatedness to microorganisms of know pathogenic roles. As agents of Coxiella genus resulted to be related to endosymbiotic bacteria, data on these organisms was used to perform a taxonomic study with ticks of the Ornithodoors capensis sensu lato complex. The results confirm that Chilean ticks harbor at least three new borrelial, one new rickettsial, and three new Hepatozoon species for science. Moreover, Rickettsia amblyommatis, Rickettsia hoogstraalii and Rickettsia lusitaniae are added to the list of Chilean rickettsiae. Although ticks were positive to Anaplasmataceae PCRs, an accurate study including longer fragments of the 16S RNA targeted gene must be performed in order to confirm their specific identity. Coxiella-like endosymbionts are specific of every of the four O. capensis s. l. species analyzed in this study, and therefore constitute a useful tool in order to confirm the identities and define genetic boundaries of ticks of this group in South America. Finally, the results of this study add at least five new species of Argasidae family into Chilean fauna of ticks, and point the occurrence of several forms that need further assessment in order to accurately confirm their identities.
2017
Sebastián Alejandro Muñoz Leal
Comparação entre o crescimento de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) de Staphylococcus spp. e Klebsiella pneumoniae e a sensibilidade destas cepas ao processo de pasteurização lenta
Introdução: O leite pode ser considerado um dos alimentos mais completos por apresentar alto teor de proteínas e sais minerais, porém, também é considerado excelente meio de cultura para microrganismos. Objetivos: Identificar o número de UFC de Staphylococcus spp. e Klebsiella pneumoniae, cultivados isoladamente ou em associação, em leite integral estéril, a 6 oC, 27 oC e 37 oC e descrever a curva de morte térmica, quando submetidas ao processo de pasteurização lenta isoladamente ou em associação. Material e Métodos: Avaliação através da contagem das UFC, do comportamento de Staphylococcus spp. e K. pneumoniae, isoladas de tanque de refrigeração de leite, submetidas a temperaturas que simulam o leite em condições de refrigeração (6 °C), condições ambientais (25 °C) e na temperatura ideal de crescimento de patógenos mesófilos (36°C). Avaliação da sensibilidade de Staphylococcus spp. e K. pneumoniae isoladas e em associações ao processo de pasteurização lenta. Resultados: Na escala 1 de Mac Farland a média de UFC de K. pneumoniae foi maior que a de Staphylococcus spp. A 6 °C as bactérias no leite, isoladas ou em associação crescem na mesma velocidade. A 25 °C a K. pneumoniae cresce mais que o Staphylococcus spp. A 25 °C K. pneumoniae associada ao Staphylococcus spp. cresce mais do que quando encontra-se isolada. A 36 °C K. pneumoniae associada ao Staphylococcus spp. cresce mais do que quando encontra-se isolada e ainda mais que a 25 °C. A pasteurização lenta foi efetiva, pois reduziu em no mínimo 90% as UFC no leite após 30 minutos a 65 °C. Conclusão: a medida que aumenta a temperatura, até 36 °C, a Klebsiella pneumoniae apresenta crescimento superior ao Staphylococcus spp., a contaminação de leite por Klebsiella pneumoniae (contaminação ambiental) irá influenciar mais na qualidade do produto final, comparando-se à contaminação por Staphylococcus spp., oriundo de mastite e a interação de microrganismos altera a morte dos mesmos, recomendando-se que novos estudos sejam realizados para que se entenda melhor esse processo.
2008
Gisele Dias de Freitas
Caracterização do estado sanitário dos carnívoros selvagens da RPPN SESC Pantanal e de animais domésticos da região
Nas últimas décadas, pesquisadores vêm atribuindo crescente importância à ocorrência de agentes patogênicos para a conservação de animais selvagens. Epizootias em carnívoros selvagens na África e América do Norte levaram a declínios significativos nas populações afetadas. Por outro lado, animais selvagens podem agir como reservatórios para agentes que afetam o homem e animais domésticos. O objetivo deste estudo foi pesquisar a exposição de carnívoros selvagens e de animais domésticos da região da RPPN SESC Pantanal a patógenos importantes para a conservação dos carnívoros selvagens e para o homem. Para isto, entre 2002 e 2006, 76 carnívoros selvagens (43 cachorros-do-mato, Cerdocyon thous, 13 guaxinins, Procyon cancrivorous, oito lobos-guarás, Chrysocyon brachyurus, quatro jaguatiricas, Leopardus pardalis, sete suçuaranas, Puma concolor e um cachorro-vinagre, Speothos venaticus) foram capturados e tiveram amostras sangüíneas coletadas. Também foram amostrados 103 cães domésticos em comunidades humanas localizadas ao norte da RPPN e 27 cavalos utilizados no interior da reserva. Para os carnívoros (selvagens e domésticos) foi realizado sorodiagnóstico para o vírus da cinomose (soroneutralização), parvovírus (HI), raiva (SFIMT) e Leptospira spp. (MAT), além do diagnóstico direto para Leishmania spp., através da PCR. A sorologia para Leptospira spp. também foi realizada nos eqüinos. Dentre os carnívoros selvagens, 21 de 75 animais testados apresentaram título >= 8 de anticorpos para o vírus da cinomose, 70 de 76 apresentaram título >= 80 de anticorpos para o parvovírus, 4 de 76 apresentaram título >= 10 UI/ml de anticorpos para o vírus da raiva, 32 de 75 apresentaram título >= 100 de anticorpos para Leptospira spp. e 7 de 21 foram positivos para Leishmania spp. Dentre os cães domésticos, foram diagnosticados 65 positivos à sorologia para o vírus da cinomose dos 79 indivíduos testados, 98 de 102 para o parvovírus, 27 de 102 para o vírus da raiva e 18 de 103 para Leptospira spp. Para Leishmania spp., 20 de 70 foram positivos. As amostras dos animais positivos para Leishmania foram identificadas como pertencentes ao sub-gênero Viannia, sendo duas delas identificadas especificamente como Leishmania (V.) braziliensis. Vinte de 27 cavalos foram positivos sorologicamente para Leptospira spp. Os resultados obtidos indicam que os carnívoros selvagens e cães domésticos foram expostos aos cinco agentes pesquisados, demonstrando a presença destes na região. Isto indica que os carnívoros selvagens da região podem ser ameaçados pela presença dos patógenos que comumente circulam nas populações de cães domésticos. Também demonstram que agentes zoonóticos circulam nestes animais na região. No entanto, nem a mortalidade de carnívoros selvagens em decorrência de doenças nem o papel dos animais selvagens como reservatórios de agentes zoonóticos puderam ser claramente demonstrados. Apesar disto, é evidente a necessidade de implementação de medidas preventivas visando evitar a transmissão de patógenos aos carnívoros selvagens, como vacinação e controle populacional dos cães domésticos, e de um sistema de vigilância para as leishmanioses, para a raiva e para a leptospirose, aliado a um programa de educação em saúde na comunidade de São Pedro de Joselândia e adjacências.
2008
Rodrigo Silva Pinto Jorge
Situação epidemiológica da brucelose e tuberculose bovinas no circuito pecuário 2 do Estado de São Paulo, Brasil, 2011
Realizou-se um estudo para caracterizar a situação epidemiológica da brucelose e tuberculose bovinas no circuito pecuário 2 do Estado de São Paulo, já que o Estado foi estratificado em sete circuitos pecuários. No total, foram amostrados 269 rebanhos tanto para brucelose quanto para tuberculose. As colheitas de amostras de sangue para o diagnóstico da brucelose e as inoculações intradérmicas para o diagnóstico da tuberculose foram realizadas, aleatoriamente, em 2.072 e 3.201 fêmeas bovinas com idade superior a 24 meses, respectivamente. Para o diagnóstico da brucelose, utilizou-se um protocolo de testes sorológicos em série, sendo o teste de soroaglutinação do antígeno acidificado tamponado (AAT) utilizado como método de triagem e o teste de fixação de complemento (FC) utilizado como teste confirmatório. Para o diagnóstico da tuberculose, utilizou-se o teste cervical comparativo (TCC). A prevalência estimada de rebanhos foi de 12,27% [8,60- 16,80%] para a brucelose e de 11,15% [7,65-15,54%] para a tuberculose, enquanto a prevalência estimada de animais reagentes foi de 3,1% [1,90-5,00%] para a brucelose e de 2,20% [1,10-4,20%] para a tuberculose. Em cada rebanho, foi também aplicado um questionário epidemiológico para verificar o tipo de exploração e as práticas zootécnicas e sanitárias que poderiam estar associadas ao risco de infecção pela doença utilizando como medida de associação a Odds Ratio (OR), também chamada de razão de chances. O fator de risco associado à condição de propriedade foco para a brucelose e para a tuberculose foi possuir rebanhos com mais que 23 fêmeas com idade superior a 24 meses, cujo valor de OR foi de 3,893 para a brucelose e 3,125 para a tuberculose.
2013
Rodrigo de Souza Ferreira
Identificação e caracterização de tripanossomatídeos que infectam gatos domésticos (Felis catus) de área endêmica para leishmaniose visceral
Um total de 100 gatos procedentes de dois abrigos de animais domésticos de Ilha Solteira, SP, participaram do estudo. Pelas técnicas sorológicas 74% e 34% dos gatos apresentaram anticorpos anti- Leishmania spp. pela Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) e o Ensaio Imunoenzimático Indireto (ELISA), respectivamente. No parasitológico direto, dois animais (2%) apresentaram formas amastigotas no interior de macrófagos de linfonodo e medula óssea, enquanto na hemocultura, oito gatos (8%) apresentaram flagelados. Pela Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) das amostras de sangue dos gatos do estudo, oito (8%) foram positivos por esta técnica e verificou-se a presença de sequências de DNA com 100% de identidade com L. infantum em cinco gatos, e sequências de DNA com ao menos 80% de identidade com L. major em dois animais. Dois dos quatro animais positivos pela cultura de aspirado de linfonodo e medula óssea apresentaram fragmentos de DNA de tripanossomatídeos, e quando sequenciados, revelaram a presença de DNA de L. infantum e Crithidia fasciculata. Um mesmo gato apresentou três espécies de tripanossomatídeos (L. infantum, C. fasciculata e L. major), detectadas pelo sequenciamento de amostras de DNA de sangue e DNA de cultura de aspirado de linfonodo, e caracterização de espécie pela Eletroforese Enzimática Multilocus (MLEE) de cepa obtida do isolado de aspirado de linfonodo, respectivamente. A maioria dos animais do estudo (74%) apresentou ao menos uma alteração clínica. Em relação aos parâmetros hematológicos, o grupo dos gatos positivos para L. infantum apresentou redução das plaquetas (p=0,01076 p<0,05), quando comparado ao grupo dos animais negativos, mostrando uma associação entre infecção por L. infantum e trombocitopenia. Sessenta animais (60%) foram positivos pela reação intradérmica de Montenegro (RIM), mas a maioria (80%) dos gatos positivos para L. infantum pelos testes moleculares e parasitológicos, não respondeu à RIM. Das sete espécies de flebotomíneos capturadas no estudo, Lu. longipalpis foi a mais frequente, sendo encontrado DNA de L. infantum em uma das fêmeas.
Caracterização da brucelose bovina no Estado de Mato Grosso
Caracterizou-se a brucelose bovina em Mato Grosso por um estudo transversal realizado em 2003 pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso e o Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. O Estado foi estratificado em 4 circuitos pecuários (CP1, CP2, CP3, CP4) e 1152 rebanhos foram sorteados aleatoriamente. Foram utilizados os testes RTB (Teste de Rosa Bengala) para a triagem e RTB e 2-mercaptoetanol concomitantemente para o resultado conclusivo. A constante sistemática da prova foi 10 amostras em rebanhos até 99 fêmeas e 15 naqueles com 100 ou mais fêmeas com idade igual ou superior a 24 meses. Analisaram-se 1115 rebanhos bovinos, descartando-se 37 rebanhos (34 inconclusivos nas provas e 3 com bubalinos). Para o Estado, a prevalência estimada em propriedades foi de 41,19% e nos quatro circuitos pecuários foi de 36,91%, 27,25%, 40,4% e 50,33%, respectivamente. A prevalência estimada em animais foi 10,25% para o Estado, e 7,92%, 4,11%, 8,13% e 15,26% nos quatro circuitos pecuários, respectivamente. Um rebanho bubalino e 428 bovinos foram soropositivos para brucelose. Registraram-se as coordenadas geográficas das sedes das propriedades por ocasião da colheita que permitiu a análise epidemiológica espacial, mas não foram identificados agrupamentos de focos de brucelose no Estado de Mato Grosso. Na análise univariada estudaram-se 28 variáveis independentes e mantiveram-se as variáveis com P<0,20 para a análise de regressão múltipla. Foram variáveis associadas: exploração corte (OR=1,8), exploração mista (OR =1,8), propriedades com 11 a 50 fêmeas (OR=4,81), propriedades com 51 ou mais fêmeas (OR=6,8), e ocorrência de aborto (OR =1,7) para o Estado; produção de leite acima de 50 litros (OR=5,4) e presença de aborto (OR=2,7) no CP1; propriedades com mais de 242 fêmeas (OR=3,6) e propriedades que realizam teste de brucelose apenas quando compram animais ou quando é exigido para trânsito (OR=3,8) no CP2; propriedades com 135 a 333 fêmeas (OR=2,4), propriedades que abatem as fêmeas no final da vida reprodutiva em estabelecimento com inspeção (OR=4,0), propriedades que abatem as fêmeas no final da vida reprodutiva em estabelecimento sem inspeção ou na própria fazenda (OR=2,5) no CP3; exploração mista (OR=2,7), propriedades com 38 a 96 fêmeas (OR=2,6), e acima de 361 fêmeas (OR =4,1) no CP4. Essa análise nos permite verificar que a brucelose está homogeneamente distribuída no Estado de Mato Grosso, favorecendo a utilização de medidas sanitária uniformes no território matogrossense. Os fatores de risco com valores mais elevados de OR estão relacionados a propriedades com rebanhos maiores, o que justifica a adoção de medidas sanitárias específicas para estas propriedades. Como medida adicional homogênea para o Estado, sugere-se a intensificação da vacinação de fêmeas, sendo que, com base em estudos anteriores, os benefícios advindos desta medida poderão levar décadas.
Listeria monocytogenes em queijo minas meia cura: análise quantitativa, qualitativa e perfil molecular das cepas isoladas
O queijo minas meia cura, popular entre os consumidores no Brasil, não é regulamentado, o que pressupõe que estes produtos sejam de origem informal, fabricados com leite cru, sem controle das condições higiênicas e sanitárias ou do processo de cura. Esta pesquisa se dispôs a estudar os fatores, tanto relacionados ao queijo (pH, Aw e U%) quanto aos relacionados à Listeria monocytogenes (análise qualitativa, quantitativa nas amostras que forem positiva e identificação e caracterização genotípica) como também pesquisar possível atividade antagônica das bactérias lácteas sobre a Listeria monocytogenes.Foram analisadas 165 amostras provindas de barracas de feiras do município de São Paulo. As análises físico-químicas classificaram as amostras como queijo de média umidade (57,6%) e de baixa umidade (34,5%); quanto ao pH, o valor mínimo registrado foi de 4,3 e o máximo foi de 7,5; e os valores da Aw variaram de 0,86 a 0,98. Listeria monocytogenes foi isolada em 3% das amostras (5/165) pelo método qualitativo, enquanto os testes de quantificação (feitos nas amostras positivas) não revelaram o agente, sugerindo que o nível de contaminação apresentava-se entre os limites de detecção das técnicas, a saber: 1 UFC/25g ou 0,04 UFC/g para a qualitativa e 3 NMP/g para a quantitativa . Em ambas as técnicas de caracterização genotípica (AFLP e PFGE) foram gerados cinco pulsotipos, cada um representando uma amostra. De 480 colônias isoladas das amostras, 6,66% apresentaram antagonismo pela L. monocytogenes. A freqüência de Listeria monocytogenes em queijo tipo minas meia cura é relativamente baixa e, quando presente, encontra-se em baixos níveis de contaminação. No entanto, do ponto de vista geográfico, o agente encontra-se no queijo tipo minas meia cura de todas as regiões do município de São Paulo.
2013
Daniele Cristine Raimundo
Pesquisa de genes codificadores de adesinas em Staphylococcus spp. isolados de amostras clínicas em cães e gatos
Os Staphylococcus spp., são bactérias Gram positivas com importância clinica, as quais são capazes de causar uma ampla variedade de doenças em seres humanos e animais. O uso excessivo de antimicrobianos pode selecionar bactérias resistentes aos antimicrobianos de uso comum em Veterinária, o que representa uma grande ameaça para a saúde animal, e a saúde publica no mundo inteiro. Apesar de sua importância clinica, existe um conhecimento limitado sobre a patogênese das infecções estafilococicas em animais de estimação, e os fatores de virulência bacterianos específicos envolvidos em estas doenças. A Infecção estafilocócica iniciasse a partir da adesão do micro-organismo ao tecido do hospedeiro. A adesão é favorecida pela presença de fatores de virulência conhecidos como adesinas, que estão agrupadas em uma família conhecidas como as microbial surface components recognising adhesive matrix molecules (MSCRAMM). Após o isolamento e identificação dos micro-organismos, 118 estirpes de Staphylococcus spp., foram identificadas, 111 (94.07%), estirpes em cães, e 7 (5.93%) em gatos. Entre os Staphylococcus, sete espécies diferentes foram isoladas: 82 (69.49%) Staphylococcus pseudointermedius, 19 (16.10%) Staphylococcus epidermidis, 7 (5.93%) Staphylococcus xylosus, 4 (3.39%) Staphylococcus chromogenes, 3 (2.54%) Staphylococcus spp., 2 (1.69%) Staphylococcus aureus, 1 (0.85%) Staphylococcus schleiferi. A susceptibilidade a 26 agentes antimicrobianos foi determinada em todos os isolados. A pesquisa pelas MSCRAMM e o gene formador de biofilme nas estirpes de Staphylococcus spp., foi realizada usando a reação em cadeia da polimerasa (PCR), foram usados diferentes pares de primers para detectar os genes que codificam para a proteína ligadora de colágeno (cna), proteína ligadora de laminina (eno), proteína ligadora de elastina (ebpS), proteína ligadora de fibrinogênio (fib), proteína A ligadora de fibronectina (FnbA), proteína B ligadora de fibronectina (FnbB), e proteína associada a formação de biofilme (Bap). A resistência apresentada pelas estirpes isoladas aos diversos antimicrobianos foi observada com frequência, a percentagem de resistência geral das cepas de Staphylococcus spp isoladas foi: 54,32% para eritromicina, 40,79% para clindamicina, e 29,91% para norfloxacina. A susceptibilidade a oxacilina tambem foi testada, o 85,96% das estirpes isoladas foram susceptíveis. Todos os genes foram identificados com exceção do Bap e EbpS, o gene mais frequentemente isolado foi o Eno (89,9%), a associação entre os genes Eno/Fib/FnbA e Eno/FnbB foram também detectadas. Nossos resultados evidenciaram que os membros do gênero Staphylococcus apresentam frequentemente resistência in vitro aos antimicrobianos usados comumente. É necessário fazer um uso criterioso de antibióticos em animais de estimação em Medicina Veterinária. A informação sobre o assunto pode permitir o desenvolvimento de estratégias mais eficazes para o tratamento e controle das infeções causadas por Staphylococcus spp., em pequenos animais
2015
Juan David Valencia Bacca