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Considerações sobre o perfil do alforriado em Rio de Contas, Bahia (século XIX)

O artigo aborda o perfil do alforriado em Rio de Contas, Bahia, no decorrer do século XIX. Para isso, examinaremos a origem (África ou Brasil), nação (no caso dos nascidos na África), cor, sexo e idade, quando possível, e sua influência nos termos das manumissões. Ademais, cotejaremos a origem e o sexo do alforriado com os tipos de alforria. Antes disso, é importante conhecermos a composição da escravaria, identificando as mesmas variáveis acima nos escravos que habitavam o município de Rio de Contas, de modo a compará-las com as dos cativos que conquistaram a liberdade. Analisamos as variáveis presentes nas cartas de alforria considerando os períodos entre 1800-1850; 1850-1871 e 18711888, e comparamos, sempre que possível, com outras regiões da Bahia e do Brasil.

A duras e pesadas penas: imprensa, identidade e nacionalidade no Brasil imperial

O texto apresenta estudo sobre a construção da imprensa brasileira durante o primeiro reinado. Reflete sobre a certificação da imprensa como espaço privilegiado da luta política. Analisa a relação centrípeta e centrífuga entre Bahia e Rio de Janeiro na efetivação da opinião pública. Interpreta discussões parlamentares sobre liberdade e censura de expressão. Afirma a importância da imprensa na consolidação da identidade nacional brasileira.

Regiões-províncias na Guerra da Tríplice Aliança

O texto destaca as principais incidências políticas dos países envolvidos na Guerra do Paraguai e os principais efeitos pela mesma. Serão tratados os problemas apresentados pelos componentes da Tríplice Aliança: da Confederação Argentina, tanto no litoral quanto no noroeste; do Uruguai, muito dependente das questões argentinas; do Brasil serão examinadas as questões relativas ao Rio Grande do Sul, aquela província mais diretamente envolvida pela guerra. A hipótese de que a Guerra do Paraguai não foi um fator de consolidação daquelas nações que compuseram a Tríplice Aliança obriga a formulação de outra questão: quais seriam as entidades políticas de fato na América platina, e em que medida a guerra a um inimigo externo mantinha ou mesmo reforçava as identidades regionais em contrapartida a uma unidade política nacional. O presente texto apresenta a hipótese de que eram as "regiões-províncias" as reais unidades políticas do espaço platino.

Year

2009

Creators

Guazzelli,Cesar Augusto Barcellos

Experiência, configuração e ação política: uma reflexão sobre as trajetórias do duque de Caxias e do general Osório

O objetivo desse artigo é realizar uma análise comparada das trajetórias do General Osório e do Duque de Caxias para, através dela, investigar diferentes experiências institucionais, ou, se preferirmos, outras formas de ser militar no Brasil do século XIX.

Os limites da ordem: respostas à ação da polícia em Vitória ao final do século XIX

A partir da análise de inquéritos policiais procuramos perceber como os indivíduos que viviam em Vitória (Espírito Santo, Brasil), no final do século XIX, se relacionavam com a polícia. O que nos interessa são as respostas que essas pessoas davam à ação da polícia a partir da perspectiva de que os policiais, ou os representantes da ordem pública, eram muito próximos daqueles que, em princípio, eles deviam manter em ordem. As funções e limites da polícia deviam ser redefinidos a cada momento pelas relações interpessoais na cidade já que a autoridade tinha de ser afirmada e reconhecida em cada situação.

A Agência Informativa Católica Argentina (AICA) e a política na Argentina durante o "Processo de Reconstrução Nacional"

O presente trabalho tem como objetivo analisar, através do noticiário publicado no boletim quinzenal da Agência Informativa Católica Argentina (AICA), o aparente consenso construído pelo episcopado argentino em torno do golpe militar ocorrido naquele país em 24 de março de 1976, chamado de El Proceso (Proceso de Reconstrucción Nacional). Nossa proposta é observar a dinâmica das relações entre a Igreja Católica na Argentina e os militares que tomaram o poder naquela ocasião sob o enfoque do noticiário da agência. Nesse momento nos interessam particularmente os boletins editados no final do ano de 1975 e no início de 1976 e como, através dos mesmos, o Episcopado estudava aquela conjuntura política e suas relações com as Força Armadas.

Afoxés em Pernambuco: usos da história na luta por reconhecimento e legitimidade

Este trabalho objetiva discutir as relações existentes entre os afoxés e as religiões de divindades e de entidades, especialmente o candomblé, nas cidades do Recife e Olinda entre os anos de 1980 a 2000. Tomados como candomblé de rua por boa parte dos intelectuais do movimento negro em Pernambuco, os afoxezeiros utilizam-se desse discurso para defenderem-se dos ataques feitos por folcloristas, memorialistas e parte significativa dos intelectuais pernambucanos. Estes acusam o afoxé de ser uma manifestação cultural baiana e, por conseguinte, não merecedora de recursos e atenções dos poderes públicos locais. Mas o que são os afoxés? Quem os faz? Onde moram? A quem serve os discursos de origem das manifestações culturais? Para este trabalho foram utilizados como fonte entrevistas realizadas com afoxezeiros e militantes do movimento negro pernambucano, que serão analisados à luz das novas abordagens teórico-metodológicas da História Social da Cultura, além de notícias dos jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Comercio.

Year

2009

Creators

Lima,Ivaldo Marciano de França

Transferências de plantas em uma perspectiva histórica: o estado da discussão*

Este artigo explora algumas rotas dentro da história da transferência de plantas, especialmente durante o período do imperialismo europeu. Tenta extrair conhecimento de diferentes campos de pesquisa, que geralmente não estão justapostos, tecendo em conjunto perspectivas advindas de disciplinas contrastantes. Não pretende oferecer uma história completa, pois tal seria uma tarefa muito mais complexa. Tentamos incluir deliberadamente plantas cultivadas para a agricultura, plantas de jardim, ervas daninhas e plantas invasoras na mesma estrutura de análise, pois é difícil definir algumas espécies apenas dentro de uma dessas categorias culturalmente construídas. O artigo desenvolve três pontos principais. Primeiramente, ele levanta questões sobre o padrão assimétrico de transferência de plantas durante o período imperialista, consequentemente desafiando algumas das proposições presentes no livro Ecological imperialism, de Alfred Crosby. Em segundo lugar, avaliamos a literatura recente com relação à história da botânica e das instituições botânicas e sugerimos que uma área mais ampla de atuação humana necessita ser considerada, assim como as transferências acidentais, se quisermos mapear e compreender os movimentos globais das espécies de plantas. Em terceiro lugar, argumentamos que, na busca de generalizações sobre os padrões de transferência, os cientistas têm se concentrado em demasia nas propriedades das plantas e os historiadores, no entendimento das instituições políticas e econômicas. A construção de uma história global, assim como de histórias de plantas específicas, requer uma combinação de percepções e pesquisas advindas das ciências exatas, sociais e humanas.

Year

2009

Creators

Beinart,William Midleton,Karen

O espaço da leitura em Bizâncio

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A genealogia do Estado Moderno

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Em busca do tempo de Alceu

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É possível pensar a história em uma era pós-subjetiva?

O ensaio discute as categorias de sujeito, temporalidade e modernidade, a partir do empreendimento teórico de Koselleck, nos marcos do debate contemporâneo em torno das articulações entre filosofia, história e política. O exame das mutações conceituais experimentadas, no tempo, pela ideia de subjetividade, desde a sua origem às formulações mais recentes, propõe pensar a História, isto é, a agência humana, em uma era pós-subjetiva marcada pela ruptura de qualquer projeto de sentido.

O mundo natural e o erotismo das gentes no Brasil Colônia: a perspectiva do estrangeiro

O ensaio aborda a literatura de viagem sobre o Brasil, escrita ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, com o intuito de extrair daí uma pequena amostra da imagem que o europeu construiu do mundo natural e de um dos aspectos da conduta moral das gentes dos trópicos portugueses, aquele ligado à vida erótica do brasileiro, à sua relação com os prazeres da carne. Trata, pois, de uma tentativa muita limitada de mapear uma pequena parte das verdades sobre o Brasil e suas gentes que o europeu construiu e partilhou ao longo dos séculos, verdades que, em larga medida, guiaram as suas ações nesta parte do globo.

O Padre Lourenço de Mendonça: entre o Brasil e o Peru (c. 1630 - c. 1640)

O artigo tem como objetivo examinar a articulação entre indivíduo e sociedade, a partir de uma reconstituição biográfica do Padre Lourenço de Mendonça, vigário, comissário do Santo Ofício e predicador geral do arcebispado no Peru e no Brasil, na primeira metade do século XVII. A análise dos memoriais dirigidos pelo Padre Mendonça ao rei e aos seus conselhos permite perceber que seus propósitos pessoais encontravam-se subordinados a uma estratégia orientada para a conversão, missionação e estabelecimento de um poder eclesiástico na América colonial.

Tecer redes, proteger relações: portugueses e africanos na vivência do compadrio (Minas Gerais, 1720-1750)

Este artigo analisa as relações de compadrio tecidas em importante núcleo minerador no âmbito da América Portuguesa e levanta novas questões sobre o tema. Através da história de livres, escravos e forros procura-se entender como a sociedade colonial institucionalizou práticas ao transgredir a norma eclesiástica que proibia a participação de pais como padrinhos dos próprios filhos. Além disso, a análise aponta como os vínculos entre compadres, padrinhos e afilhados produziram várias reciprocidades e como o apadrinhamento também se refletia em legados e bens deixados por aqueles que fizeram do compadrio prática de eleição de uma povoação em processo de formação.

Deportação ou integração. Os dilemas negros de Lincoln

O artigo discute a evolução da posição de Abraham Lincoln com respeito à emancipação nos Estados Unidos. Seu pensamento variou da perspectiva colonizadora, na qual os negros livres e os libertos seriam deportados do território norteamericano, para uma posição próxima à integração, na qual os mesmos seriam assimilados com direitos restritos, na sequência à abolição. Três elementos importantes nessa transição foram: as origens políticas de Lincoln no partido Whig. O debate sobre o "solo livre" e a política presidencial durante a Guerra Civil. Nas páginas que se seguem farei uma revisão das principais posições apresentadas pelo debate historiográfico a respeito da influência desses fatores sobre o 16º presidente norte-americano.

José Majojo e Francisco Moçambique, marinheiros das rotas atlânticas: notas sobre a reconstituição de trajetórias da era da abolição

Este artigo pretende-se um exercício de reconstituição de trajetórias de vida da era da abolição, a partir dos casos dos africanos José Majojo e Francisco Moçambique, marinheiros escravos do navio Dois de Fevereiro na rota Rio de Janeiro-Benguela, que foram emancipados e enviados para Trinidad depois que o navio foi apreendido pela Marinha Real britânica em 1841. Além de discutir a documentação gerada pela campanha de repressão ao tráfico de escravos empreendida pela Grã-Bretanha e outras fontes pertinentes, o artigo situa os dois personagens nos contextos conhecidos da história do Atlântico na era da abolição e propõe contextos novos, que, por sua vez, são iluminados pelas trajetórias desses africanos.

O "crioulo Dudu": participação política e identidade negra nas histórias de um músico cantor (1890-1920)

A partir da trajetória, das composições e do repertório musical de Eduardo Sebastião das Neves, conhecido como o "Crioulo Dudu", pretendo discutir as possibilidades de expressão política de um músico negro na Primeira República. Levando em consideração os debates em torno do Atlântico Negro, o crescimento do mercado editorial e da indústria fonográfica, foi possível situar Eduardo das Neves como um produtor atuante do campo musical popular que se construía entre o final do século XIX e início do XX. Dudu conferiu ao mundo musical dimensões políticas especiais, ao criar e divulgar canções que valorizavam o patriotismo e discutiam, de uma forma irônica e irreverente, as relações raciais e a identidade do homem negro no pós-abolição. O exame da trajetória e da obra musical de Dudu permite repensar antigas concepções sobre participação política e identidade negra na Primeira República.

Da tutela ao contrato: "homens de cor" brasileiros e o movimento operário carioca no pós-abolição

Este artigo tem como objetivo demonstrar por que, para se compreender a participação dos libertos e seus descendentes na formação do movimento operário da Primeira República, é preciso ir além dos estudos que privilegiam o agir humano (agency) e as experiências individuais, sem buscar inseri-las em análises estruturais do mercado de trabalho, das relações de produção e dos processos de trabalho. Para tanto, constrói-se o argumento a partir de uma análise substantiva, cujos fios condutores são a elucidação de "termos de época" e a discussão dos significados do conceito de liberdade implícitos nas falas dos patrões e operários em momentos de conflito aberto.

As armadilhas da memória: história e mito em Emir Rodríguez Monegal

Um homem jovem, de uma família da classe média, converte-se em intelectual. Esse homem ocupa um espaço central na cultura literária do seu país (Uruguai) e, aos poucos, na América Latina. Mas, ele carrega consigo um drama pessoal, uma marca de origem, que sempre procura encobrir e que, no entanto, sua própria escrita acaba por desvendar. Este artigo explora a(s) história(s) e os caminhos de Emir Rodríguez Monegal (1921-1985), um dos principais especialistas em literatura latino-americana no século XX. Em especial, Monegal foi um leitor privilegiado, desde os anos 1940, da obra de Jorge Luis Borges, cuja escrita foi fundamental, também, para que o crítico pudesse compreender-se a si mesmo.