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OS INTELECTUAIS DO ISEB, CULTURA E EDUCAÇÃO NOS ANOS CINQÜENTA E SESSENTA.
A finalidade do presente artigo é empreender uma análise da relação estabelecida entre os intelectuais do ISEB e a produção cultural brasileira nos anos cinqüenta e sessenta, pois se vislumbrava nesta esfera um importante elemento difusor daquilo que um intelectual isebiano denominava consciência crítica. Entendendo que a cultura no sentido de um conjunto de manifestações artísticas conjuntamente com a atividade educacional pudesse aproximar a massa da população a realidade do país,esta esfera passou a ser paulatinamente realçada e estimulada por vários isebianos, que sem perderem de vista a esfera da política, optam pela luta pela cultura e educação como principal elemento transformador da sociedade brasileira.
O FIM DA GUERRA FRIA E OS ESTUDOS DE SEGURANÇA INTERNACIONAL: O CONCEITO DE SEGURANÇA HUMAN
Com o fim da Guerra Fria consolida-se uma nova agenda internacional, o que dá luz às ameaças não-estatais à segurança internacional. Nesta nova conjuntura internacional, emerge o conceito de Segurança Humana que possui dois aspectos principais: manter as pessoas a salvo de ameaças crônicas como a fome, as doenças, a repressão (freedom from want) e protegê-las de mudanças súbitas e nocivas nos padrões da vida cotidiana, por exemplo, das guerras, dos genocídios e das limpezas étnicas (freedom from fear). O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1994, centrou o seu Relatório nesse conceito, o que promoveu uma ampla divulgação em nível internacional. Dentro da concepção de Segurança Humana, questões que antes eram encobertas pelo Conflito Leste-Oeste, tornam-se as novas pautas da agenda internacional a partir da década de 90. Os problemas ambientais, as epidemias, o desemprego, o narcotráfico, a fome, os conflitos étnicos e religiosos, o terrorismo, os refugiados, a violação dos direitos humanos, dentre outros. E como estes problemas afetam diretamente os indivíduos, principalmente as populações mais vulneráveis, o conceito de segurança internacional estritamente relacionado às questões militares; torna-se cada vez mais insuficiente para explicar essas novas questões internacionais. Com base nisto, este trabalho abordará as condições e os debates teóricos durante a Guerra Fria, que permitiram o desenvolvimento do conceito de Segurança Humana, na década de 90. Além disso, o texto apresentará os seus debates e as críticas à proposta da Segurança Humana.
2009
OLIVEIRA, ARIANA BAZZANO DE
O sacerdote judeu e a rebelião escrava na moral: uma análise sob o ponto de vista das reflexões de Nietzsche
O artigo tem por objetivo fazer alguns apontamentos acerca daquilo que Nietzsche denomina a “rebelião escrava na moral”. Para tanto, a exposição terá como foco a figura do sacerdote judeu, seus instrumentos de poder, e sua obra. Tratase de uma tentativa de localizar e indicar historicamente este movimento no qual Nietzsche identifica a emergência de uma interpretação metafísicoteológica da história de Israel, com a qual o sacerdote põe em cena um mecanismo de pensamento onde a história dos hebreus, em especial a época do declínio, é interpretada como punição por desobediência a Deus. Com este gesto, de acordo com filósofo, o sacerdote inicia um processo onde gradativamente a realidade é despojada de sua inocência, sendo instituída em seu lugar, concomitantemente, uma “ordem moral do mundo”.
AS VEIAS ABERTAS: ACERCA DO DEBATE EM TORNO DE “MUDAR O MUNDO SEM TOMAR O PODER” DE JOHN HOLLOWAY
Parte-se de um contexto do tempo presente que concentra todas as forças produtivas e relações de produção sob a órbita da “mundialização do capital” (CHESNAIS, 1996) e, concomitantemente, um período em que a produção simbólica aproxima-se, cada vez mais, nos círculos de produção e reprodução da mercadoria atendendo a definição de Fredric Jameson (2006) de “lógica cultural” do capitalismo ontemporâneo. Nesse contexto, o destaque do livro Mudar o mundo sem tomar o poder de John Holloway tem ocupado um lugar privilegiado, sendo debatido por muitos pensadores, no interior do marxismo contemporâneo. Nossa hipótese é que a exposição de Holloway seria um exemplo de uma teoria “eclética” alimentando o descompasso entre texto e contexto que, conseqüentemente, vem empobrecer os contextos dos debates teóricos discutidos pelo autor. Almeja-se ilustrar e confrontar algumas insuficiências teóricas e práticas do autor, demonstradas pelo alinhamento dos argumentos de Daniel Bensaïd e Michel Löwy, que vem, além de colocar a pertinência de muitos dos temas de Holloway (por exemplo, a categoria do fetichismo), demonstrar uma fratura (principalmente no âmbito político, histórico e prático) entre texto e contexto que percorre na obra aludida. Procurar-se-á atribuir às características que estruturam a ossatura teórica de Holloway e as possíveis diferenças interpretativas pela ótica dos dois autores assinalados.
A REPRESSÃO AO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA DITADURA MILITAR.
Durante os anos da ditadura militar os movimentos populares no Brasil sofreram intensa repressão. Dentre estes movimentos se destacou o Movimento Estudantil (ME) que liderou diversas manifestações e protestos. O ME foi alvo de disputas entre alguns partidos e organizações políticas nestes anos e suas ações refletiam a influência destes grupos. O objetivo deste artigo é analisar as ações do ME no período da ditadura militar correspondente a 1964-1979. Faz-se necessário também analisar a situação da esquerda na época, os ideais revolucionários e as formas de luta desenvolvidas pelos partidos e organizações políticas, principalmente as influências destes grupos no ME.
Apresentação
No final deste semestre, a Revista Aurora completa três anos de existência. Para celebrar esse momento, o comitê executivo, com o apoio do programa de pós-graduação da UNESP, organizou uma edição especial impressa da revista. Nessa edição, na qual se buscou contemplar as quatro linhas de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UNESP de Marília, foram reunidos alguns trabalhos publicados anteriormente na versão eletrônica. O resultado veio reafirmar o caráter da revista: plural nas temáticas e abordagens, mas unitária na perspectiva crítica.
CRISE ECONÔMICA ATUAL E SEUS IMPACTOS PARA A ORGANIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA
A atual crise pela qual passa o capitalismo contemporâneo permite resgatar ao menos duas coisas fundamentais para o entendimento da natureza de funcionamento do capitalismo. Em primeiro lugar, o fato de que o processo de acumulação de capital se dá em ciclos. Em segundo lugar, a perspectiva marxista como um referencial teórico sólido para o entendimento desse fato.
OS INÍCIOS DAS ORGANIZAÇÕES DOS TRABALHADORES
A s primeiras lutas operárias, antes inclusive da Revolução Industrial, trouxeram consigo os primórdios da organização. Em 1724, os operários chapeleiros de Paris declararam greve por causa da redução injustificada de seus salários. Criaram, para financiar essa ação, um "caixa de greve". Os primórdios do movimento operário, na Inglaterra, por sua vez, vincularam-se ao movimento democrático radical, por direitos políticos iguais para todos. Filho de um rico comerciante, John Wilkes começou sua carreira política atacando desde seu jornal, o North Briton, o Rei Jorge III, transformando-se no paladino das liberdades civis fundamentais. Logo virou líder de massas em Londres, com grande apóio para seu movimento de reforma democrática. Foi perseguido e detido diversas vezes. A 10 de maio de 1768, uma multidão se reuniu para exigir sua liberdade. A repressão da manifestação provocou seis mortos e muitos feridos.
A EMPREGABILIDADE COMO ESTRATÉGIA DO CAPITAL PARA A PULVERIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA
Esta reflexão resulta de nossa pesquisa sobre a política de educação profissional de nível básico, modalidade não formal para trabalhadores pobres, financiada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador, no período de 2001 a 2005. Tem por objetivo analisar a empregabilidade enquanto estratégia do capital para a pulverização da classe trabalhadora, expressão do aprofundamento da polarização das qualificações, que impõe perfis de trabalhador que mudam, de acordo com as vicissitudes do mercado de trabalho. Aparentemente, existe uma contradição em que a noção de empregabilidade pode ser entendida como um instrumento de valorização dos conhecimentos do trabalhador, certificados no capitalismo, que sobrevive da elevação dos níveis de exploração. Interrogamo-nos se a empregabilidade é uma noção que contribui à valorização do trabalho ou um recurso de destituição do valor do trabalho e, consequentemente, de intensificação da exploração da mais-valia, e quais são as consequências da empregabilidade sobre o processo de pulverização da classe trabalhadora pelo capital. A hipótese é a de que a empregabilidade é uma noção construída na nova organização do trabalho toyotista, embora desde sempre o capital estabelece perfis de trabalhador a ser definidos como critério de recrutamento e seleção, e que tem servido a ratificar o argumento liberal da responsabilização do próprio trabalhador pelo desemprego, mas que, na verdade, se deve às oscilações do mercado.
FRANÇA, LUTAS SOCIAIS E OPERÁRIAS E A QUESTÃO DA CENTRALIDADE REVOLUCIONÁRIA DA CLASSE TRABALHADORA
Os acontecimentos dos últimos dez a quinze anos na França são expressivos quando se pretenda xaminar o papel da classe operária nas lutas sociais em um grande país contemporâneo e, ao mesmo tempo, os limites e travas que aquela classe enfrenta para tornar-se hegemônica politicamente.
MOVIMENTO OPERÁRIO DO ABC PAULISTA (1978-2010): CONTESTAÇÃO, INTERMEDIAÇÃO E COLABORACIONISMO
Temos como foco o movimento de organização da classe operária do ABC paulista. Considerando que as transformações em suas formas organizativas ao final da década de 1970 e 1980. Discutimos alguns dos desdobramentos organizativos das greves operárias no ABC decorridas nos anos 1978, 1979 e 1980, tal com a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Consideramos tais metamorfoses face às transformações pelas quais passou o sistema produtivo brasileiro, e as entidades que reivindicam a representação dos trabalhadores. Consideramos ainda, a partir de 1990 as transformações ligadas ao novo período histórico da mundialização do capital. Trata-se de um período mundial de contra-reformas, onde o capital (enquanto relação social onde impera a dominação de classe) reorganizado impera de forma diferenciada sobre o trabalho. Subsumindo a classe operária do mundo todo.
AS RELAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO NO TRABALHO E NA REPRODUÇÃO
relações sociais de gênero, entendidas como relações desiguais, hierarquizadas e contraditórias, seja pela exploração da relação capital/trabalho, seja pela dominação masculina sobre a feminina, expressam a articulação fundamental da produção/reprodução. De certa forma, essa articulação nos remete ao binômio da exploração/opressão de gênero confirmando a nossa opção de refletirmos, sobre a divisão sócio-sexual do trabalho, tanto no espaço produtivo, quanto no reprodutivo, pois, dessa forma, temos a oportunidade de salientar as dimensões objetivas e subjetivas, individuais e coletivas existentes nessa relação.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEORIA MARXISTA CLÁSSICA DO IMPERIALISMO
Nos trabalhos da teoria marxista clássica do imperialismo, especialmente o de Lênin (Imperialismo, fase superior do capitalismo), o imperialismo é analisado como expressão das mudanças na esfera social, econômica e política das sociedades capitalistas. Esse é ponto de partida para se entender os conceitos de capital financeiro, parasitismo econômico, exportações de capitais e as estratégias políticas no sistema mundial de Estados.
2010
SILVA, CRISTIANO MONTEIRO DA
NOTAS SOBRE O CONCEITO DE INDIVÍDUO NA TEORIA SOCIAL CONTEMPORÂNEA: Um percurso a partir das obras de Stuart Hall, Norbert Elias, Richard Sennett e Zygmunt Bauman
O artigo investiga o modo como alguns autores da Teoria Social contemporânea (Stuart Hall, Norbert Elias, Richard Sennett e Zygmunt Bauman) desenvolveram diversas críticas à noção de Indivíduo pertencente ao pensamento social clássico. Em comum, estes pensadores consideraram necessário reformular o arcabouço teórico legado pela Sociologia Moderna, julgando que muitos dos instrumentais teóricos utilizados por ela não são mais capazes de captar a complexidade e a multiplicidade dos processos de individualização que ocorrem na época contemporânea. Com base numa leitura aberta destas diversas críticas levantadas por estes autores, o artigo busca demonstrar que o conjunto destas objeções pode ser visto como uma nova forma de representar a noção de Indivíduo, que atribui poderes, funções e expectativas a estes novos sujeitos muito diferentes daquelas apresentadas pelo pensamento clássico. Após apresentação deste novo quadro conceitual concedido à categoria de Indivíduo no mundo contemporâneo, o artigo se encerra colocando para a discussão quais os novos problemas e os desafios contidos no surgimento deste novo modelo.
O COLAPSO DA MODERNIZAÇÃO PERIFÉRICA: A FRATURA BRASILEIRA DO CAPITALISMO MUNDIAL
Desde a gênese da formação social brasileira, a teoria social e a experiência estética nacional assumiram formas variadas na tentativa de adequar os conceitos e as categorias teóricas clássico-européias às características singulares do Brasil. Pretende-se neste ensaio reconstruir alguns elementos da dialética entre as nossas singularidades e o ritmo universal e desigual da acumulação capitalista, assim como sublinhar algumas das formas através das quais nossa experiência intelectual e estética respondeu a ela. Busca-se igualmente versar algumas notas preliminares sobre a importância e o significado dessas questões no mundo atual, quando o próprio processo de modernização, naquele seu sentido clássico (que determinou boa parte da nossa melhor tradição teórica), parece estar se esgotando, a ponto de o ritmo desigual e dualista da nossa modernidade, recheada de grandes bolsões de pobreza, tornar-se enfim uma das expressões mais sintomáticas da fratura social do capitalismo contemporâneo.
AS RELAÇÕES DE GÊNERO, SEXUALIDADE E VIOLÊNCIA NOS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO/DIVÓRCIO
A proposta do trabalho é refletir sobre o valor histórico de homens e mulheres, enfatizando a trajetória das mulheres na história, identificando as relações humanas. Inicialmente, pretende-se discutir a trajetória feminina, fazendo abordagens acerca do casamento, salientando o processo de reconfiguração das subjetividades femininas e masculinas os espaços e contextos que estão inseridos. Em seguida, discutimos o fato de a sociedade contemplar modelos de famílias que correspondem a diferentes papéis para homens e mulheres, onde as mulheres pesquisadas confirmam o que dizem os autores acerca da família, da construção de gênero, das dificuldades e desafios, a inserção da mulher no mercado de trabalho, violência, sexualidade, como também sobre políticas públicas, que estudam esse fenômeno.
2010
SANTANA, ANABELA MAURÍCIO DE
O DESENVOLVIMENTO DA CRÍTICA SOCIAL NORTE-AMERICANA (1870-1920)
O artigo enfoca o contexto histórico norte americano de fins do século XIX e princípios do XX, preocupandose em apresentar a crise social decorrente da extraordinária dinâmica econômica do período e os discursos sociais que surgiram como interpretação desse novo quadro. Dáse especial relevância ao movimento conhecido como Reformismo e aos ensaios teóricos que dele se desdobraram,auxiliando na definição das ciências sociaisdo país no que diz respeito aos temas,preocupações iniciais e demarcação das fronteiras disciplinares.
NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS CLASSISTAS
ste título é propositalmente uma provação, pois há vários trabalhos que, implícita ou explicitamente, abandonam o conceito de classe na análise dos movimentos ou os identifica com a noção de classes populares que, embora operacional para fins descritivos, é insuficiente como definição teórica. Cite-se, para efeito de exemplo e argumento, as contribuições já clássicas de Cardoso (1983), Evers (1984), Doimo (1995) e Kowarick (1987). Dos quatro trabalhos acima citados, o de Kowarick tem a particularidade de se propor a fazer um balanço da literatura, resultado a que chega com êxito; os demais pretendem uma análise dos próprios movimentos na qual o conceito de classe é substituído por outro como principal variável explicativa.
KOIXOMUNETI: XAMANISMO E PRÁTICA DE CURA ENTRE OS TERENA
ernanda Schmuziger Carvalho é uma das intelectuais emblemáticas entre os membros da segunda geração do Centro de Estudos Indígenas Miguel Angel de Menéndez (CEIMAM) da UNESP de Araraquara. Nos anos 80, participara das interlocuções com os Terena na região de Aquidauana, resultando em seu trabalho de pesquisa, vindo apenas tardiamente a ser publicado como livro em 2008 e que nos ocupamos aqui de apresentar aos leitores por se tratar de um importante trabalho, há anos, referencial para os pesquisadores que se ocupam do estudo sobre o povo Terena do MS2.
2010
MENEZES, JEAN PAULO PEREIRA DE
Apresentação
evista dos Discentes do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Unesp/FFC Número VII - Relações Internacionais e Desenvolvimento