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20 ANOS DEPOIS DE SALAMANCA... ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS?
Este artigo tem como foco o cenário da educação das pessoas com deficiência, 20anos depois de a Declaração de Salamanca da UNESCO ter lançado, em 1994, o princípio dainclusão e o movimento da educação inclusiva. Meu objetivo, neste ensaio, é o de discutirsobre o atual momento da política de inclusão escolar - Onde estamos? - e o que o futuroreserva educacionalmente para esse grupo social - Para onde vamos? - Para tanto, primeiro,trato da inclusão do estudante com deficiência na escola regular brasileira, por meio de umbreve panorama internacional do movimento da educação inclusiva pós-Salamanca. Segundo,discuto sobre o impacto dessa política educacional no sistema educacional brasileiro e comoela vem criando espaços excludentes nas escolas, apesar do discurso oficial pró-inclusão.Terceiro, com base nesse panorama, apresento minha visão acerca do futuro para estudantescom deficiência e apresento cinco fatores que demandam aprofundamento e reflexão críticapara qualificar politicamente o debate na área. Finalmente, apresento as considerações finaisdessa reflexão sobre a política de inclusão do governo federal, procurando evidenciar adesigualdade que é marca histórica do sistema educacional brasileiro.
ESCOLA NACIONAL FLORESTAN FERNANDES PRESENTE NA HISTÓRIA SOCIAL DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
O artigo enfoca a trajetória histórica da Escola Nacional Florestan Fernandes(ENFF), criada a partir da iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra –MST – e de movimentos sociais e militantes políticos. O objetivo do artigo é identificar demaneira sucinta as motivações que levaram à criação da ENFF, como também descreveralguns dos principais aspectos do projeto pedagógico que orienta as práticas existentes, comênfase na proposta de participação de representantes de movimentos sociais de diversospaíses, o que caracterizaria o internacionalismo presente no seu constructo. A análise utilizadocumentos da Associação de Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes - AAENFF,entrevistas e matérias veiculadas no espaço público. A ENFF é objeto de estudo em diversostrabalhos acadêmicos, que descrevem o processo que levou à sua criação e o seufuncionamento, havendo pouco esforço voltado à compreensão do seu caráterinternacionalista, característica que ganhou grande relevância. Estudar a dimensãointernacionalista da proposta educacional da ENFF é, sobretudo, legitimar sua importânciaenquanto um espaço que se edifica para contribuir na formação daqueles que participam daconstrução de alternativas ao modelo dominante de sociedade e que, atuando em diferentesorganizações e países identificam-se como membros de uma cultura de resistência. Éimportante ressaltarmos que o presente artigo diz respeito a uma pesquisa ainda emandamento, que pretende verificar a construção de um modelo de ação internacionalista comoparte da visão política do MST, principal sujeito político envolvido na criação da ENFF.
FORMAÇÂO DO PROFESSOR DE ARTE, ESTUDO CULTURAL E EDUCAÇÂO INCLUSIVA
O presente trabalho problematiza alguns dos percursos de formação deprofessores de arte tendo como base os estudos culturais e a educação inclusiva. Ao refletirsobre a formação do professor de arte sob estes focos, há uma preocupação com acompreensão de quem somos no mundo social. Isto parece ser uma das questões que maisatrai tanto a mídia como o mundo acadêmico da contemporaneidade. O mesmo interesse nãose atém somente à área de arte, mas perpassa as várias áreas do conhecimento e parece serjustificado, entre outras razões, pelas mudanças bruscas que enfrentamos neste início demilênio, notadamente, o acesso aos meios eletrônicos de comunicação, que torna possível,tanto nas telas da televisão como nas dos computadores, uma exposição constante e imediataà multiplicidade de discursos sobre quem somos ou uma visão da vida humana como múltiplae plural e ao mesmo tempo fragmentada. Esses encaminhamentos metodológicos constituemum conjunto de ideias e de teorias educativas em arte transformadas em opções e atos que sãoconcretizadas em projetos ou no próprio desenvolvimento das aulas de arte. Conduzem paraideias e teorias, ou posições a respeito de como devem ou deveriam ser as práticas educativasem arte baseadas ao mesmo tempo em propostas de estudiosos da área e nas práticas escolaresem arte e que se cristalizam nas propostas e aulas. É na cultura que se produzem e circulamsignificados que, ao nos interpelarem, requerem de nós uma posição de sujeito que é ocupadapor nós na medida em que nos aproximamos ou não do que está sendo dito. No processo derenovação de temas, objetos de estudo e influências teóricas, fica muito claro que apredominância de preocupações com a cultura e com novas teorizações (pós-modernismo,pós-estruturalismo, estudos culturais, pós-colonialismos e outros) se estabelecem nopanorama da contemporaneidade.
2016
Batista, Floida Moura Rocha Oliveira, Jáima Pinheiro de Deliberato, Débora
EM BUSCA DE UMA EDUCAÇÃO PARA A EMANCIPAÇÃO
Este artigo tem por objetivo analisar as deturpações que a alienação causa na vida dooperário (nas relações de produção), principalmente sua interferência na vida dos indivíduos, atravésde instituições educacionais, que exercem uma educação alienante, hegemônica e a serviço do sistemado capital. A “alienação” confere uma forma de conduta humana sem autonomia; os primeiros usosdesta palavra surgiram na filosofia hegeliana e posteriormente em Marx. A perspectiva adotada nesteestudo tem por base a produção de Marx (1988; 2001) e Mészáros (2008; 2009), através dos quaispercorreremos alguns campos em que se podem constatar a alienação e os devidos contratempos quecausa à realidade dos indivíduos, enquanto trabalhadores que produzem a mando de uma ordemestranha e para a satisfação de um poder alheio, o que acarreta na formação de indivíduos acríticos,apenas para compor mão de obra qualificada, em detrimento de uma formação comprometida com ousufruto da cidadania.
EXPANSÃO, DEMOCRATIZAÇÃO E A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
O presente artigo busca demonstrar os princípios democratizantes que influenciamo desenho das políticas e ações educacionais no Brasil, problematizando a relação entreexpansão da oferta de vagas e qualidade do ensino. O estudo se constrói por meio de pesquisaqualitativa, com abordagem teórica e documental. A pesquisa teórica fundamenta-se emestudiosos com Azanha (2004), Bobbio (2004), Carvalho (2004), Nogueira (1998) e outros. Jáa parte documental ancora-se em dados obtidos por meio de consulta em documentos doMinistério da Educação, do Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, bem comoem legislações nacionais. Para o desenvolvimento deste estudo, primeiramente apresenta-seum panorama histórico da expansão da escolarização no Brasil, demarcando a forma como aideia de democratização está posta nos ordenamentos legais, e mostrando índices que revelamos períodos em que houve maior taxa de expansão da educação brasileira. Posteriormente,expõe-se de que forma os princípios democratizantes aparecem no âmbito da educação apartir do marco legal da Constituição Federal de 1988. Em seguida, são expostos os diferentesposicionamentos que perpassam a questão da expansão da oferta da educação no Brasil e suarelação com a manutenção da qualidade ou desqualificação do ensino. Finalmente, é tecidauma reflexão acerca das demandas educacionais provenientes do processo de democratização.Como resultado, este estudo aponta para um quadro de avanço em termos de democratizaçãoda educação básica, que se institui por meio da ampliação da oferta de vagas, mas que não sedistancia dos ideais de uma educação de qualidade.
2016
Rosa, Chaiane de Medeiros Lopes, Nataliza Francisca Mezzari Carbello, Sandra Regina Cassol
AMIGOS DA ESCOLA E A GESTÃO EDUCACIONAL
O livro Gestão Educacional – amigos da escola em ação é o resultado do trabalho dequatro autores: Adolfo Ignacio Calderón, Pós-doutor em Ciências da Educação pelaUniversidade de Coimbra, e docente-pesquisador do Programa de Mestrado em Educação daPontifícia Universidade Católica de Campinas; Elza Maria Tavares Silva, Doutora emPsicologia pela PUC-Campinas e pós-doutoranda em Psicologia pela escola UniversidadeCamilo Castelo Branco; Maria Angélica Batista, Doutora em Educação pela PUC-SP, docentena Universidade de Mogi das Cruzes e supervisora de ensino da rede estadual de ensino de SãoPaulo e Neusa Haruka Sezaki Gritti, Doutora em Psicologia pela PUC-Campinas e docente naárea de Letras, atuando nas Faculdades Atibaia, na Universidade de Mogi das Cruzes e nasFatecs, de Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes.
2016
Mendonça, Samuel Tercioti, Ana Carolina Godoy
PERFIL COMUNICATIVO DE ESCOLARES COM NECESSIDADES ESPECIAIS: BASE PARA ASSESSORIA EDUCACIONAL
O objetivo desse estudo foi traçar o perfil comunicativo de alunos que frequentavam escolas especial e regular, com foco para intervenções junto ao processo de ensino-aprendizagem. Participaram da pesquisa nove escolares, com idade entre sete e quinze anos, sendo seis meninos e três meninas. Sobre os diagnósticos, verificou-se: Paralisia Cerebral (5), Síndrome de Down (3), Atraso Global de Desenvolvimento (1). Os dados indicaram algumas necessidades: início de ações relacionadas à identificação de vocabulário funcional, em ambientes domiciliar e escolar, para implementação de Comunicação Alternativa e/ou Suplementar; suporte em relação aos aspectos de aquisição de linguagem oral; adaptações curriculares; orientações sobre o ingresso de indivíduos no ensino regular. Os dados indicaram também uma regularidade no início das ações necessárias. Para os indivíduos com Paralisia Cerebral, iniciou-se com a Comunicação Alternativa e/ou Suplementar, independentemente do ambiente (familiar e/ou escolar). Quanto aos indivíduos com Síndrome de Down, o suporte inicial deveria favorecer o uso funcional da linguagem, por meio de observações em ambientes específicos de interação. Os resultados permitiram considerar, por fim, que uma atenção especial deve ser dada à variabilidade do processo de aquisição de linguagem, diante de diagnósticos semelhantes.
2020
Schier, Ana Candida Soriano, Karen Regiane Oliveira, Jáima Pinheiro de
Educação Ambiental no Ensino Fundamental: Plantando Sementes, Colhendo Consciência
O presente artigo apresenta os resultados de um projeto de Educação Ambiental, realizado em 2002 e que, desde então, tem reedições anuais. Na primeira edição participaram professores e alunos de duas escolas – uma estadual e a outra municipal –, localizadas no município de Santa Helena, no extremo Oeste Paranaense além de representantes de órgãos federais, estaduais e municipais. O Projeto, que recebeu à época a denominação “Eco Escola 2002” foi premiado em 2012 pelo Programa Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional. Os resultados apontam para atitudes de respeito e preservação do ambiente e dos recursos naturais, bem como, a apropriação de conceitos de sustentabilidade pela comunidade escolar.
2018
Neumann, Sofia Saucedo, Kellys Regina Rodio Strieder, Dulce Maria Malacarne, Vilmar
Sociedade, indivíduo e educação infantil: reflexões sobre a formação humana
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre os processos de formação humana a partir dos pressupostos da teoria crítica frankfurtiana, destacando os estudos de Adorno e Horkheimer sobre a relação entre indivíduo e sociedade no sentido de empreender um esforço reflexivo para pensar o sentido e o significado da Educação Infantil nos tempos atuais. Para tanto, sistematizamos este texto em tres momentos, o primeiro busca resgatar a compreensão da relação entre indivíduo, sociedade e educação. No segundo momento nos aproximamos da perspectiva da Educação como meio para a conquista da autonomia e emancipação humana e por fim discorresmos sobre a Educação Infantil na sociedade contemporânea a partir desses conceitos.Palavras chaves: Sociedade. Indivíduo. Formação humana, Educação Infantil.
2018
Pereira, Marcia Ferreira Torres Souza, Rosiris Pereira de
ESCOLA ITINERANTE MST PR: DA LUTA PELA TERRA À LUTA PELO DIREITO A EDUCAÇÃO DO CAMPO NOS ACAMPAMENTOS
O artigo apresenta elementos históricos referentes a constituição do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, e a trajetória de luta pela garantia do direito a educação nos acampamentos. Versa sobre a gênese da Escola Itinerante no Paraná e o percurso na luta pela responsabilização do Estado no financiamento das condições para assegurar para as famílias acampadas o direito fundamental de acesso à escola, sobretudo, uma educação visando à formação humana e voltada às aspirações emancipatórias.
2018
Leite, Valter de Jesus Poroloniczak, Juliana Aparecida
ENSINO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA: UMA VISÃO DIDÁTICA?
Este texto trata-se de um artigo de revisão bibliográfica acerca do ensino das estratégias de leitura, as quais objetivam a formação de um leitor ativo, capaz de automonitorar seu processo de leitura. Neste trabalho, adota-se uma perspectiva didática, sendo direcionado para professores de todas as áreas de ensino, que estejam comprometidos com a formação de bons leitores, o que pressupõe sujeitos que reconhecem ironias, que produzem inferências e que relacionem a nova informação com o conhecimento prévio. O aporte teórico está pautado especialmente em Solé (1998) e em Serra e Oller (2003). Também, com base em Rissi (2009), são discutidas as estratégias de leitura em textos digitais, ou seja, em hipertextos. Além de acepções teóricas, são desenvolvidas e apresentadas duas transposições didáticas – a partir de uma reportagem e de um artigo de opinião –, para evidenciar como essas estratégias de leitura podem ser aplicadas em textos e desenvolvidas em sala de aula.
2018
Diesel, Aline Forneck, Kári Lúcia Neumann Martins, Silvana
O LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA: ENTRE IMAGENS E DISCURSOS
Neste artigo buscamos analisar as imagens de três coleções de livros didáticos de matemática, destinados aos anos finais do ensino fundamental, utilizadas nas escolas da rede estadual de educação no município de Sinop/MT, no tocante a questões étnico-raciais e gênero, no intuito de identificar a qual concepção de multiculturalismo essas imagens convergem. A investigação é de abordagem qualitativa e se caracteriza como interpretativa, buscando refletir sobre o papel sociopolítico da educação matemática. Observamos que nas três coleções há uma preocupação em representar a diversidade étnica de nosso povo e a igualdade entre homens e mulheres, através de suas imagens, e que as mesmas nos remetem a um discurso que atrelamos ao multiculturalismo humanista liberal, o que, a nosso ver, não contribui efetivamente para a justiça social. Entendemos que precisamos nos desfazer de um olhar ingênuo, como forma de buscar compreender os discursos explícitos ou implícitos dos livros didáticos de matemática, contribuindo para uma educação matemática que estimule o desenvolvimento do senso crítico, afastando-se de uma visão unicamente conteudista da matemática.
2018
Trevisan, Andreia Cristina Rodrigues Trevisan, Eberson Paulo
APRESENTAÇÃO
A formação de professores tem sido uma temática muito valorizada nos discursos políticos que versam sobre os desafios da educação brasileira nas últimas décadas. Tem sido comum a máxima de que, se bem feita, ela é a panaceia para os males que afligem a formação, em todos os níveis. Entretanto, os pensadores e as análises recorrentes nos discursos, nas publicações, nos projetos e nos eventos pedagógicos configuram-se um consenso em torno de uma cultura otimista, superficial e estetizante (prá inglês ver..): são priorizados, salvo raras exceções, os pensadores mais apetecíveis ao apetite do mercado ou aos consensos acadêmicos: os “politicamente corretos”, os “companheiristas”, os “revolucionários”, os “salvacionistas”, os “modistas” etc.
2016
Silva, Sergio Pereira da
SCHOPENHAUER COMO EDUCADOR: UM MODELO DE MESTRE
O artigo aborda a concepção educativa nietzscheana que coloca Schopenhauer como modelo de mestre para os formadores de docentes. Analisa obras da primeira etapa do pensamento de Nietzsche, quando a educação ocupa um lugar central na sua reflexão filosófica. Conclui sustentando que Nietzsche, sob a inspiração de Schopenhauer, entendido como “filósofo educador”, coloca no âmago da sua reflexão pedagógica o convite à realização de si, à concretização daquilo que constitui o mais próprio de cada um, a “chegar a ser o que se é”.
EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO ESCOLAR: UM OLHAR A PARTIR DO PENSAMENTO DE NIETZSCHE
Este texto tem o objetivo de refletir sobre a educação na modernidade, especialmente sobre o sentido da educação, enfrentando a pergunta: que modelo está estruturada a educação a partir da modernidade? Qual é o objetivo desse modelo de educação? Para refletirmos sobre essas questões tomamos o pensamento de Friedrich Nietzsche especialmente em seus escritos de juventude, Sobre o futuro de nossos estabelecimentos de ensino e Schopenhauer como educador, oportunidade na qual crítica a educação da Alemanha no século XIX, e nos convida a pensar um novo tipo de educação, não mais estruturada para atender a demanda do mercado na formação de trabalhadores, mas sim uma educação como formação de si. Nessa perspectiva há que se estabelecer uma nova relação entre educador e educando estabelecida na exemplaridade do mestre. Embora Nietzsche tenha diagnosticado e criticado a educação da Alemanha no século XIX, sua reflexão é extremamente atual e nos possibilita repensar o papel da educação frente ao tipo de homem que se deseja formar.
2016
Danelon, Márcio Lima, Sílvia Cristina F.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES: entre a “estetização” que afirma a vida, como ela é, e a “racionalização” que a nega
O autor utiliza o pensamento de Nietzsche e de comentaristas, além de alguns filósofos da educação brasileira, como referências teóricas para analisar o que chamou de “a decadência da formação de professores, no Brasil”. Inicia sua análise no período mítico-trágico dos gregos antigos, época de uma cultura estética e afirmadora da vida e analisa o processo de ruptura, que silencia a cultura trágica e estética e dá voz à cultura racional que emerge, sobretudo com Platão, Paulo de Tarso e Agostinho. Com este último, a “metafísica cristã” se institucionaliza como laudatória do catolicismo em direção a toda Europa medieval, além de outros povos. O autor situa na ruptura mencionada a origem do ressentimento ou da reatividade que são dois fenômenos culturais que fundamentam o que ele chamou “Pedagogia do Ressentimento”, ou seja, um discurso pedagógico reativo, responsável, no entendimento do autor, pela decadência do processo de formação de professores.
DE HANNAH ARENDT A KARL MARX: O NOVO E PRECÁRIO MUNDO DO TRABALHO, NO SÉCULO XXI
A partir dos conceitos de ação, trabalho e labor Hannah Arendt elaborou uma das críticas mais contundentes aos pressupostos de Marx e à sua interpretação da sociedade moderna. Esses pressupostos de Arendt são apresentados a partir do ideário liberal e da tradição antiga que, em sua concepção, apontam para a glorificação do trabalho no âmbito da modernidade capitalista. No presente artigo procuramos demonstrar que a argumentação teórica da autora não se sustenta ao equiparar o estatuto do trabalho de Marx ao da Economia Política clássica, reduzindo a teoria social marxiana aos fundamentos teóricos do liberalismo que legitimam a propriedade privada a partir da defesa da “produtividade natural” do trabalho. Arendt desconsidera, assim, não apenas a crítica de Marx à Economia Política, como o cerne de seu projeto de emancipação do homem: a abolição da propriedade privada e do trabalho alienado. Somos da opinião de que a classe trabalhadora no século XXI, em plena era da globalização, é mais fragmentada, mais heterogênea e ainda mais diversificada. Pode-se constatar, neste processo, uma perda significativa de direitos e de sentidos, em sintonia com o caráter destrutivo do capital vigente. O sistema de metabolismo, sob controle do capital, tornou o trabalho ainda mais precarizado, por meio das formas de subempregado, desempregado, intensificando os níveis de exploração para aqueles que trabalham.
INFÂNCIA, NATALIDADE E FORMAÇÃO DO PROFESSOR: DIÁLOGOS COM HANNAH ARENDT
O texto discute e aproxima os conceitos de infância, formulados por Giorgio Agamben e Walter Kohan, do conceito de natalidade, desenvolvido por Hannah Arendt. Temos o objetivo de apontar e de problematizar aspectos fundamentais da formação inicial do professor que atua com crianças pequenas em instituições de educação infantil. A polêmica entre "protecionistas" e "autonomistas", em torno da proclamação da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, no ano de 1989, é tomada como referência para propor a natalidade como alternativa superadora das posições polarizadas. Elaborado por Hannah Arendt, no interior de sua filosofia política, este conceito pode revigorar tanto as pesquisas para com a criança e sobre a criança, além da infância e da educação infantil. Entendemos que os projetos de formação inicial, deste modo, possibilitam ao professor perceber que o seu trabalho reconhece e afirma o direito da criança à liberdade e à igualdade quando a prepara para os desafios da vida adulta. Nessa perspectiva, a natalidade, como capacidade que a criança tem de iniciar algo inteiramente novo, dialoga com as concepções de infância que sustentam a capacidade da a criança de aprender e de entrar no mundo humano da linguagem, conquistando cada vez mais autonomia e liberdade. Para isso, o texto argumenta que o poder da infância de falar e de dizer o que pensa e sente a respeito de si mesma, dos outros e do mundo precisa ser educado.
A POSSIBILIDADE DE UMA PEDAGOGIA ARTÍSTICA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES E DE EDUCANDOS
Com base nos escritos de Nietzsche sobre educação, especificamente os elaborados na primeira fase de sua obra, pretendemos esclarecer sua proposta para o desenvolvimento da cultura – verdadeira cultura/cultura filosófica (NIETZSCHE, 2003) - nos estabelecimentos de ensino, analisando, especificamente, a prática da dança na concepção do filósofo alemão. Assim, abordamos o tema “A possibilidade de uma pedagogia artística na formação de educadores e DE educandos.” Nossa proposta é analisar, a partir dos textos da bibliografia primária e secundária do filósofo, o desenvolvimento da cultura e da educação nos estabelecimentos de ensino de hoje. Focamos a importância da arte na visão pedagógica nietzschiana, destacando a relevância da dança como expressão estética e como modelo de um aprendizado que liberta todas as potencialidades criativas do discente. Consideramos a prática da dança como um dos caminhos possíveis para o alcance de uma educação plena, afirmando a cultura como base formadora do homem e de suas diversas capacidades: intelectuais, corporais, artísticas.
A CONCEPÇÃO DE SUPER-HOMEM COMO UM PROCESSO DE TRANS-FORMAÇÃO HUMANA
O artigo analisa a relação do termo “super-homem”, presente na filosofia de Friedrich Nietzsche, com uma perspectiva de educação que prioriza a transformação humana. Pretende-se demonstrar que para esse filósofo é mais coerente pensar a educação como um processo mais de transformação do que de formação, pois na perspectiva nietzschiana, a ideia da formação remete a visões estáticas de ser humano, enquanto a transformação remete ao seu sentido como um devir vital. No itinerário de enfrentamento a essas questões é preciso analisar: quem é o super-homem de Nietzsche e qual a sua relação com a educação? O aprofundamento sobre o tema parte do estudo dos conceitos de gênio, espírito livre e super-homem, cada qual elaborado em uma das três fases do pensamento nietzschiano: metafísica de artista, positivismo e consolidação da obra, respectivamente. O texto aborda a relação de continuidade e descontinuidade entre esses três conceitos e mostra como a partir da ideia de super-homem é possível encontrar uma visão educativa que remete à transformação humana.