Repositório RCAAP

De missangas e catanas: a contrução social do sujeito feminino em poemas angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos e são-tomenses

As angolanas Alda Lara e Paula Tavares, a cabo-verdiana Vera Duarte, a moçambicana Noémia de Sousa e as são-tomenses Alda Espírito Santo e Conceição Lima são as escritoras que melhor representam a poesia de autoria feminina em seus respectivos países e, embora pertençam a contextos socioeconômicos e culturais bastante diferentes, suas obras se aproximam tanto pela abordagem temática, quanto pela existência de um projeto de construção social do sujeito feminino. Assim, embasamo-nos, teoricamente, nos estudos em especial os de Michel de Certeau (2005) e Maria Odila da Silva Leite Dias (1992; 1994; 1998) em torno da hermenêutica do cotidiano feminino, a fim de demonstrar a importância dos papéis informais, das experiências vividas e da resistência das mulheres no processo de formação de suas subjetividades. Recorremos, ainda, a relatórios baseados em recenseamentos e a diversos documentos elaborados por organismos internacionais, a exemplo da ONU e da UNESCO, para estabelecer os pontos de contato entre a situação das mulheres e os contextos históricos-sociais em que estão elas inscritas, ou seja, Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Finalmente, aliando os aspectos teóricos e os contextuais, analisamos poemas contidos nas obras iniciais de cada uma das já referidas autoras respectivamente, Poemas (1966), Ritos de passagem (1985), Amanhã amadrugada (1993), Sangue negro (2001), É nosso o solo sagrado da terra (1978) e O útero da casa (2004) e procuramos demonstrar que as mulheres, muitas vezes portadoras de uma voz quase silenciosa e marcada pelas miudezas do cotidiano, inscrevem suas marcas na sociedade e têm o poder de (trans)formá-la e de transformar-se, decorrendo daí o título de nossa tese, De missangas e catanas, alusivo à simbologia da resistência empreendida por elas em favor do afloramento de suas subjetividades e do registro de suas historicidades.

Ano

2010

Creators

Érica Antunes Pereira

Do corpo ao texto: a mulher inscrita/escrita na poesia de Hilda HiIst e Ana Paula Tavares

Tendo como objeto de estudo obras poéticas de Hilda Hilst, brasileira; e Ana Paula Tavares, angolana, esta pesquisa visa a discutir caracteres da construção identitária culturalmente atribuídos à condição feminina, a partir das manifestações eróticas representadas poeticamente na obra dessas autoras. Embora sejam escritoras não diretamente vinculadas a um programa literário feminista, ao representarem poeticamente o erotismo, contribuem para promover a emancipação da mulher. Associam-se, assim, construção erótica e construção da cidadania, analisadas neste projeto de um ângulo simultaneamente literário e sócio-existencial.

Ano

2009

Creators

Mailza Rodrigues Toledo e Souza

A percepção do lugar

Na presente dissertação averigua-se a percepção do lugar em Trajectórias e Clima de Orlando Mendes bem como nos poemas em O Diabo, Mundo literário e Seara nova. Se na enunciação poética se conformam redes de relações, então estamos perante uma poética da relação. Através dos temas, confrontamos sua poesia com O amanuense Belmiro Cyro dos Anjos; Mensagem Fernando Pessoa e Sangue Negro Noémia de Sousa.

Ano

2009

Creators

Elídio Miguel Fernando Nhamona

Ramalho Ortigão e o Brasil

O propósito da presente tese é estudar os vínculos mantidos por Ramalho Ortigão, importante escritor da geração de 70, com o Brasil, notadamente com a imprensa dopaís. As suas conhecidas Cartas Portuguesas, publicadas pela Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, de 12 de julho de 1877 a 17 de outubro de 1915, num total de mais de 500 colaborações, assim como a temporada de três meses que passou no Brasil, no segundo semestre de 1887, demonstram muito bem o quanto foram estreitos e produtivos estes vínculos. A primeira parte do trabalho, de natureza histórico-analítica, compreende a apresentação e discussão de dados relativos às atividades jornalísticas do escritor, especialmente durante os anos de sua colaboração como correspondente em Lisboa da Gazeta de Noticias. A segunda parte da tese apresenta toda a pesquisa realizada neste jornal, em cujas páginas se fez o levantamento total das matérias firmadas por Ramalho, além de uma amostragem de cartas, não encontradas em livros deste escritor. Ao mapear pioneiramente toda a participação de Ramalho Ortigão na Gazeta de Notícias, a presente tese demonstra e atesta o importante papel por ele desempenhado na imprensa brasileira, sobretudo no último quartel do século XIX.

Ano

2009

Creators

João Carlos Zan

Literatura infantil e cultura hipermidiática: relações sócio-históricas entre suportes textuais, leitura e literatura

Utilizando como quadro teórico-metodológico os Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, a presente pesquisa estuda a relação entre literatura e sociedade no que concerne à influência das novas mídias (hipermídia) na literatura infantil/juvenil no Brasil. A relação entre práticas textuais, suportes para os textos e práticas de leitura é evidente ao longo da história. Com o advento da computação e da internet, surgem novos suportes com características que têm modificado as práticas textuais e de leitura. Três traços definem a linguagem hipermidiática contemporânea: diálogo intercódigos, hipertextualidade e interatividade. O corpus literário utilizado apresenta uma série de obras com características dessa linguagem, em especial: A interminável Chapeuzinho (Angela Lago), o ciberpoema Chá (Sérgio Capparelli), Princesas esquecidas ou desconhecidas... (Philippe Lechermeier) e Todos contra D@nte (Luís Dill).

Ano

2009

Creators

Jose Augusto de Abreu Nascimento

Vidas secas, do livro ao filme: estudo sobre o processo de adaptação

A dissertação Vidas secas, do livro ao filme se propõe a fazer um estudo da estrutura e da questão narrativa das obras Vidas secas, livro de Graciliano Ramos e do filme homônimo de Nelson Pereira dos Santos, levando-se em consideração as diferenças entre os dois meios, os fenômenos decorrentes da adaptação, as circunstâncias de produção e a distância temporal entre as duas obras. A adaptação é mais uma questão de diálogo e admiração do que de diferenças fundamentais entre os autores. Mais do que ser apenas a adaptação de uma obra-prima da literatura nacional, a leitura cinematográfica que Nelson Pereira dos Santos fez de Vidas secas de Graciliano Ramos quis também ser uma intervenção na conjuntura política contemporânea, nesse caso como parte do debate então vigente sobre a reforma agrária e a estrutura social brasileira na década de 1960. O que pretendemos com esta dissertação é, valendo-se de diversos embasamentos teóricos ligados aos Estudos Comparados e à Literatura Comparada, chegar a uma leitura analítica focada na compreensão da construção das duas formas narrativas de Vidas secas: romance (livro / narrativa original / linguagem literária) e filme (produto final de uma releitura audiovisual / linguagem cinematográfica

Ano

2011

Creators

Julio Cesar Borges Bomfim

Vanguardas poéticas em permanência: a revalidação de Wlademir Dias Pino e Silva Freire

Esta tese apresenta um estudo comparado de poetas brasileiros de vanguarda que trabalharam, em algum momento, com a visualidade na segunda metade do século XX. São enfocados poetas do Intensivismo, realizado em Mato Grosso; Concretismo, a partir de obras fulcrais de Wlademir Dias-Pino, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Silva Freire e Haroldo de Campos; Poema-Processo até chegar aos poemas visuais. Considera-se, neste estudo, que a historiografia literária e a crítica literária não deram o enfoque devido a todos esses autores, em face disso questiona-se o cânone centralizado. O estudo dessas vanguardas poéticas costuma ser apresentado de forma fragmentada dentro da Academia. Por isso, conjugando a poética diacrônica com a sincrônica, procurou-se discutir o posicionamento crítico a partir de suas obras e fazer uma abordagem analítica de períodos expressivos desses autores. Os diálogos poéticos se intercalam com os críticos, estes últimos, muitas vezes originam-se dos próprios poetas que realizam o exercício da metacrítica. Trata-se de um estudo, que compara, pela primeira vez, o núcleo do grupo concretista Noigandres com poetas que produziram em Mato Grosso. No bojo deste trabalho, destacam-se a revalidação de Wlademir Dias-Pino e Silva Freire como vanguardas poéticas em permanência.

Ano

2011

Creators

Isaac Newton Almeida Ramos

Cinema e os países africanos de língua oficial portuguesa

Nas últimas décadas, os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) passaram por transformações políticas bastante intensas, das quais o cinema foi um importante participante. A partir de um extenso corpus de filmes, é apresentado um mosaico de histórias que traduzem elementos significativos destas determinadas nações africanas. No período colonial, o cinema significava um forte instrumento de propaganda do regime português; durante a luta pela independência, o cinema foi usado como uma arma que somava esforços aos movimentos nacionalistas; nos anos iniciais das novas nações independentes, as produções cinematográficas fortaleceram os interesses dos novos estados; e, enfim, depois da década de 1990, com a abertura política e o multipartidarismo, começaram a se desenvolver diversos e variados tipos de cinema relacionados com estes cinco países (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), alguns mais críticos, outros mais voltados ao entretenimento. Este trabalho é uma visita guiada por esta filmografia, com o objetivo principal de ampliar nosso contato com os cinemas dos PALOP. Os filmes são pouco conhecidos pelo público brasileiro, então o trabalho adquire importância ao proporcionar o acesso aos filmes pelos pesquisadores interessados, das mais diversas áreas. Os filmes são apresentados conforme uma ordem que respeita elementos comparativos e realça aspectos que sinalizam possíveis critérios de estudo destes cinemas.

Ano

2017

Creators

Marina Oliveira Felix de Mello Chaves

A infância revisitada: um estudo sobre o protagonismo infantil na literatura brasileira ao raiar do século XX

O objetivo da presente pesquisa foi estudar as representações da infância na literatura brasileira em uma época marcada por importantes transformações políticas, sociais e econômicas, não somente no Brasil, mas em todo o mundo a primeira metade do século XX. Desse período, compreendido mais especificamente entre 1920 e 1945, elencamos para o estudo quatro textos que apresentam perfis de diferentes protagonistas infantis: o conto Negrinha, de Monteiro Lobato, integrante da coletânea homônima publicada em 1920, e os romances Menino de engenho, de José Lins do Rego (1932), Capitães da Areia, de Jorge Amado (1937) e Infância, de Graciliano Ramos (1945). Enquanto o conto lobatiano precede a eclosão do Modernismo, os três romances analisados fazem parte do chamado movimento regionalista nordestino, que se estabeleceu especialmente durante a década de 1930 e apresentou como principais novidades a liberdade temática e o vigor estilístico na prosa literária. O intervalo de tempo escolhido, localizado entre o prenúncio e o fim do movimento modernista, revelou outra interessante coincidência: ao mesmo tempo que de um lado diferentes autores dedicavam-se a escrever sobre a infância brasileira, de outro se constituía por meio das obras infantis do próprio Monteiro Lobato uma literatura infantil genuinamente brasileira. Tomando os estudos sociológicos de Gilberto Freyre acerca das relações sociais e da constituição da família brasileira nos séculos anteriores ao período estudado, tivemos também como interesse durante a pesquisa buscar nos textos de ficção traços da infância descrita pelo sociólogo e vestígios de uma sociedade patriarcal e escravocrata. E, por fim, a partir de um breve estudo biográfico de cada um dos autores estudados, procuramos estabelecer ainda algumas relações entre infância, juventude, memória e criação. Como resultado de nossa análise, constatamos que, apesar das diferenças entre estilos e contextos que permeiam as quatro narrativas, alguns temas são recorrentes em todas elas, promovendo diálogos possíveis. Vestígios da escravidão, castigos corporais a que as crianças são submetidas, contraposição entre liberdade e sujeição e a despedida da infância são alguns deles. Considerando-se também o cenário sociocultural em que as obras foram concebidas e as histórias de vida de seus autores, é possível concluir que, mais que retratos esparsos de crianças construídas de papel e tinta, os textos, em seu conjunto, trazem-nos importantes reflexões sobre a infância no Brasil nesse período situado na primeira metade do século XX.

Ano

2017

Creators

Laís de Almeida Cardoso

Tradição reinventada: narrativas ilustradas em Contos da Nova Cartilha, de Liev Tolstói

A dissertação tem por objeto de pesquisa as edições de 2005 e de 2013 de Contos da Nova Cartilha, de Liev Tolstói (1828-1920); contêm as narrativas infantis criadas no século XIX pelo autor russo e traduzidas recentemente para o português. A edição de 2013 traz em seu projeto gráfico ilustrações produzidas por crianças russas da Escola de Artes nº 9, de Ijevsk, entre os anos 2011 e 2012, com base nos textos de Tolstói. Por meio de uma abordagem de linha comparativista, foram analisadas as fábulas, os contos maravilhosos e demais gêneros da tradição oral classificados como formas simples (Jolles), selecionados e recontados por Tolstói, como também foram examinados recursos de linguagem, como o efeito de estranhamento (Chklovski), que concorrem na constituição do valor estético das escrituras. Assim, o cotejo entre a matéria verbal e não verbal (ilustrações) suscitou considerações que sinalizam, em relação à recepção da fatura escrita ora a manifestação de redundância, ora de contradição (Barthes, Santaella & Nöth), evidenciando certas particularidades do uso dos meios expressivos na recriação de um sistema de signos em outro.

Ano

2019

Creators

Lívia Galeote

Histórias de guerra: uma leitura de crônicas de António Lobo Antunes e Mia Couto

A proposta desta dissertação é analisar comparativamente a maneira como António Lobo Antunes e Mia Couto retratam a guerra em suas crônicas. Para isso, foram selecionadas narrativas publicadas nos livros: Livro de Crônicas, Segundo Livro de Crônicas e Terceiro Livro de Crônicas, do escritor português, e Cronicando, do escritor moçambicano. Ao abordarem episódios relacionados à guerra propõem também uma releitura do processo histórico de seus países e incitam seus leitores à criticidade em relação aos fatos retratados. A partir da articulação entre História e Ficção, os autores explicitam os mecanismos de sustentação da guerra e particularizam os efeitos do conflito nas relações humanas, dando-lhes perspectivas divergentes, notadamente, utópica e melancólica.

Ano

2009

Creators

Flávia Cristina Bandeca Biazetto

A poética de Gilberto Mendes: texto e música

No ponto de intersecção entre música e literatura na construção da unidade de uma obra musical que faz uso de texto canção, música coral etc. reside um artesanato cuja abordagem do processo criativo é tão antigo quanto a própria expressão verbal da qual podese hipoteticamente afirmar como originária da música quanto arte: observa-se a forte presença da voz na música antiga (ars antiqua, ars nova). Tal aproximação racional com os formantes sígnicos do texto semantizado pela música levou a um senso comum entre os compositores na teoria (ou doutrina) dos afetos em voga desde o período barroco e nos posteriores. A música de Gilberto Mendes em seu itinerário pode nos mostrar como as ferramentas da composição musical podem ir além das configurações elementares da música (melodia, harmonia, ritmo, timbre, dinâmica) como forma de semantizar o texto. Compositor em estreito relacionamento com a literatura, cinema, com a arte de um modo geral, Gilberto Mendes nos oferece uma ampla gama de exemplos que extrapola a uma criação restrita e se abre a uma pluralidade cultural, servindo assim, como reflexo criativo da arte do século XX XXI. Através da análise do texto literário e da análise musical, tanto no seu âmbito formal quanto estética, foi possível detectar os elementos que conjugam a unidade da obra.

Ano

2012

Creators

Eduardo Aparecido de Oliveira

Fabiano e Macabéa: a reinvenção dos sertanejos nordestinos em Vidas Secas e A hora da estrela 

A literatura, como produto artístico que é, pode tanto representar modelos sociais como questionar esses modelos a fim de inquirir sobre determinadas engrenagens, tanto do mundo concreto como no âmbito de suas representações ficcionais. O personagem sertanejo nordestino foi retratado em uma vasta produção literária como um sujeito esvaziado de subjetividade, entregue ao fanatismo religioso e à violência. Embora essa descrição seja observada na literatura, sobretudo do século XIX, ela foi inspirada em muitas crônicas e relatos de viajantes europeus, que escreveram suas primeiras impressões sobre as diferentes regiões do Brasil. Assim, a visão estereotipada a respeito do personagem sertanejo na literatura é fruto desse olhar encontrado nos primeiros relatos que marcaram a diferença entre as regiões do país. Desejamos apontar na literatura nacional duas obras que rompem com essa representação pejorativa do personagem sertanejo nordestino, são elas Vidas secas, de Graciliano Ramos, e A hora da estrela, de Clarice Lispector. Para a análise dessa perspectiva, são basilares para este estudo as contribuições de Benedict Anderson, na obra Comunidades imaginadas, em consonância com o livro A invenção do Nordeste e outras artes, do historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, assim como as reflexões de Theodor Adorno a respeito do narrador no romance contemporâneo. Acreditamos que o corpus selecionado apresenta personagens que implodem a cristalização de uma representação do sertanejo nordestino observada em obras que tentaram dizer do sertão e dos sertanejos e para isso repetiram um olhar hierarquizado, no qual a representação do sertanejo nordestino era esvaziada de subjetividade e colocada como menor. Acreditamos que, ao se aprofundarem na subjetividade dos personagens de Vidas secas e A hora da estrela, os escritores Graciliano Ramos e Clarice Lispector rompem com essa representação. Essa ruptura é percebida sobretudo no trabalho de composição dos personagens da trama, que são traçados com extrema complexidade subjetiva, como observado ao longo deste estudo.

Ano

2020

Creators

Adilma Secundo Alencar

Descaminhos narrativos: estudo dos romances \"O sol dos trópicos\" e \"O velório d\'oiro\", de Henrique Galvão e o \"Esplendor de Portugal\", de António Lobo Antunes.

O trabalho em questão estabelece um estudo dos romances O velo d?oiro e O sol dos trópicos, de Henrique Galvão e o Esplendor de Portugal, de António Lobo Antunes em dois momentos historicamente importantes para Portugal. Nas duas primeiras narrativas, também conhecidas como Literatura Colonial, escritas nas primeiras décadas do século XX, observaremos o colonizador em seu deslocamento para o espaço africano, onde prevalecendo-se do poder outorgado pelo Império, encontra nas colônias um prolongamento da nação lusitana. Por outro lado, observaremos no crítico romance de Lobo Antunes, a figura do português em dois momentos distintos: no auge da colonização, em que usufruía dos benefícios proporcionados pelo colonialismo e no processo de descolonização, pós 25 de abril, quando afloram seus conflitos, decorrentes da inversão de papéis, conferidos pelos ventos da história

Ano

2007

Creators

Jeane de Cassia Nascimento Santos

Imaginários da linguagem de Alice Vieira e Lygia Bojunga Nunes: a modernidade em diálogo na literatura para crianças e jovens

Esta dissertação inicia-se com uma pesquisa sobre o conceito de modernidade, e suas denominações: Modernidade/Pós-modernidade; a seguir, recorremos à Arte Moderna, para depois adentrarmos a Estética literária no projeto da modernidade, foco da pesquisa e, para tanto, apresentamos valores literários de alguns escritores-críticos modernos. Assim, expostas as idéias em diálogo na modernidade, procedemos a formatação de um paradigma a que chamamos de paradigma Projeto da Modernidade. Discorremos sobre a crítica literária atual, e as autoras pesquisadas: a portuguesa Alice Vieira e a brasileira Lygia Bojunga Nunes. Selecionamos e realizamos um estudo paradigmático analíticocrítico em duas obras literárias para crianças e jovens, a saber: Flor de Mel de Alice Vieira e Corda bamba de Lygia Bojunga Nunes. Fizemos uma aproximação do paradigma PM formatado para este estudo ao final de cada análise, assim como uma aproximação entre Flor de Mel e Corda bamba. Dessa forma, pudemos constatar o quanto a qualidade estética do texto narrativo; desconsiderando se a obra pode ser endereçada ao receptor adulto ou criança, ou seja, se é chamada de literatura para crianças e jovens, ou não; comprova a estética literária da modernidade a que nos propusemos investigar neste estudo.

Ano

2008

Creators

Daniela Yuri Uchino Santos

A simbologia das casas em Os Maias e Dom Casmurro

Com o intuito de aproximar as Literaturas Portuguesa e Brasileira, mais especificamente Machado de Assis e Eça de Queirós, este trabalho procura elucidar pontos de convergência e de divergência na elaboração e utilização da simbologia literária num estudo comparado da construção e personificação das casas em Dom Casmurro e Os Maias, relevando os aspectos em que a simbologia das casas em Eça (O Ramalhete e a Toca) e Machado (Matacavalos) é antitética ou análoga. Além da simbologia das casas e sua personificação, aborda- -se ainda a copiosa exploração dos símbolos ligados a nomes próprios, cores, números e objetos, integrados todos para construir a riqueza narrativa das duas obras, e procura-se traçar um paralelo de algumas semelhanças literárias de criação, a par de contrastes igualmente detectados.

Ano

2008

Creators

Antonio Eduardo Galhardo Gasques

Pensamento crítico-teórico de Aquino Corrêa: considerações sobre crítica e teoria literárias em Mato Grosso

Este trabalho procura explorar o ponto de vista de Aquino Corrêa, que pressupõe a adoção de um comportamento crítico diante do poema, assentado na análise da forma e do conteúdo, admitindo a existência de uma norma de uso da língua na modalidade literária capaz de expressar na obra a distinção dessas duas entidades: a forma e a matéria ou fundo. A perspectiva adotada para a realização deste estudo foi a de análise do discurso crítico com que Aquino Corrêa analisa estas duas entidades para determinar a função das obras, no interior do sistema literário de onde elas emergiram. Alicerçados na sua biobibliografia elegemos os pontos fundamentais que sustentam o estilo particular do escritor e os critérios que o mesmo defende para conceber o texto elevado à categoria de literário mediante o tratamento dispensado à forma e ao conteúdo. O princípio teórico fundamental desta tese assenta-se na concepção da natureza universal do texto literário constituído como expressão de um conteúdo que ganha uma forma determinada tanto no processo de escrita quanto de análise do texto, implicando em procedimentos essenciais à realização da crítica literária, a qual visualiza a obra configurada no desabrochamento simultâneo de uma estrutura e de um pensamento, no amálgama solidário de uma forma e de uma experiência individual. Nesta relação, distinguemse a literatura enquanto arte criativa e os estudos literários como um enfoque especializado do texto que possibilita à crítica traduzir a experiência criativa da literatura através de procedimentos específicos que a subsidiam e a legitimam.Neste prisma em que o texto é analisado nas suas categorias estruturais e nas relações de significação com o autor, a língua literária subordina-se a determinadas normas lingüísticas que funcionam como reguladoras dos procedimentos tanto de elaboração como de avaliação crítica do texto, promovendo a depuração dos excessos tanto da linguagem revolucionária dos modernistas quanto dos resíduos lusófilos dos tradicionalistas (LEITE, 2006: 31).

Ano

2008

Creators

Nancy Lopes Yung Delbem

Narrativas orais, literatura infantil e juvenil e identidade cultural em Cabo Verde

Tanto as tradições orais apropriadas pela Literatura Infantil e Juvenil quanto pela Literatura de maneira geral contribuem para a formação da identidade cultural, porque trazem elementos da cultura através dos quais nos reconhecemos e nos identificamos pelos laços de pertencimento. Destacamos como objetivo precípuo deste trabalho a imersão no processo de construção da identidade cultural cabo-verdiana, híbrida e plural, a fim de dar visibilidade a estratégias de que lança mão a literatura para se apropriar tanto do patrimônio oral quando das vivências históricas para dinamizar o imaginário infantil e juvenil. A oralidade, resgatada em vários números da Revista Claridade (1936 e 1937), evidencia-se na narrativa oral O Lobo e o Chibinho, transposta para a linguagem literária por Baltasar Lopes, no excerto Bibia, do romance Chiquinho, e ainda em cinco capítulos dessa obra publicados naquela revista. O imaginário infantil e juvenil crioulo será ainda por nós analisado a partir da leitura de Infância, primeira parte de Chiquinho, e da obra Comandante Hussi, de Jorge Araújo, em que enfatizamos diálogos interculturais e intertextuais ensejados pela paródia a texto jornalístico que motivou a obra. As categorias teóricas em que apoiamos nossas análises foram, respectivamente, identidade cultural (Stuart Hall) e hibridação (Néstor Canclini).

Ano

2015

Creators

Avani Souza Silva

Entre a magia da voz e a artesania da letra: o sagrado em Manoel de Barros e Mia Couto

Sabemos que a literatura assume contornos singulares nas franjas dos núcleos hegemônicos. Brasil e África são territórios marcados por uma profunda e complexa tensão entre elementos genuínos e elementos impostos pela colonização. Irmanar essas experiências fronteiriças é nossa tentativa neste tempo de mundialização. Esta tese analisa a dimensão do sagrado com base no estudo comparado de Manoel de Barros e Mia Couto. Compreendido como uma dimensão da existência, qualitativamente diferente da dimensão profana, embora nela manifestado, o sagrado participa do projeto estético e do projeto político dos dois autores, sendo elemento importante tanto para afirmar a identidade das duas culturas quanto para projetar um novo homem e uma nova forma de conhecimento para o século XXI. Tanto de maneira visível quanto camuflada, o sagrado compõe tanto a cultura tradicional quanto a moderna, revelando-se nas obras literárias dirigidas a adultos e a crianças. Por meio de suas fulgurações, tanto na poesia quanto na prosa, torna-se possível evidenciar raízes similares e marcas identitárias das duas culturas e das duas literaturas que compõem um macrossistema, no interior do qual nenhuma das literaturas afirma-se como paradigmática. A língua portuguesa é o instrumento com o qual Brasil e Moçambique fortalecem e irmanam suas experiências. Importa-nos, dentro do pensamento crítico, nas novas perspectivas de perceber o mundo como uma realidade de fronteiras múltiplas, buscar enlaçamentos nas sendas do comunitarismo cultural. Nosso desejo é criar laços de solidariedade passíveis de extrapolarem as fronteiras nacionais e atingirem o supranacional. Os elementos transcendentes com que o leitor entra em contato pela via do imaginário fertilizam sua experiência vivida, potencializando transformações no porvir. Acreditamos ser a literatura terreno fértil da cultura, chão de criar e de projetar o homem, instrumento catalisador da conscientização e da transformação humana.

Ano

2007

Creators

Maria Auxiliadora Fontana Baseio

Labirintos poéticos e os enigmas do tempo na poesia de Quintana: confluências com poemas de Camões e de Antônio Nobre e com pinturas de Van Gogh

O estudo da poética de Mario Quintana terá por base as investigações da Literatura Comparada e da Teoria Literária, considerando o pensamento de Wellek, Ortega y Gasset, Bloon, Bakhtin, Paz, Pound, Antonio Cândido, entre outros. A primeira e a segunda partes da pesquisa se voltam às relações da literatura com a própria literatura e com outros campos do saber que têm nas relações sociais o pano de fundo para o desenvolvimento da produção artística e da visão de mundo expressa nas criações. Na parte seguinte, a dimensão simbólica do tempo é base dos estudos tanto na poesia como na pintura. Na quarta parte, é observado o processo das influências que estimulou a produção poética de Mario Quintana. Para tanto, a temática temporal, constante preocupação da lírica, foi o eixo centralizador das aproximações entre as suas poesias e as de Camões, com enfoque na problemática do carpe diem; nesta mesma parte, com relação ao tratamento da saudade, destacase a produção de Antônio Nobre, poeta português que, assim como Quintana, resgata em sua obra o passado vivido ou sonhado. Ampliando as inter-relações entre diferentes formas de expressão há, na quinta e na última parte, interesse nas analogias entre a poesia e a pintura com foco nas retomadas que Quintana faz da obra de vários pintores, privilegiando a de Van Gogh.

Ano

2007

Creators

Mônica Luiza Socio Fernandes