Repositório RCAAP

A gravitação das formas: gêneros literários e vida social em Moçambique (1977-1987)

A crítica consagrou formas de observar a prática de gêneros literários no surgimento e desenvolvimento da literatura moçambicana: se, por um lado, tornou-se comum a percepção de que, durante o período colonial, esta literatura se consolida por meio de textos poéticos, por outro lado, tornou-se assente que, com a independência do país em 1975, a prosa passa a ser predominante, ao menos após a opção de expedientes romanescos no final da década de 1980. Esta tese se debruça a investigar porque a emancipação política e construção do Estado independente é um catalisador do fenômeno literário e em que medida a prática da poesia e a adoção de expedientes romanescos se relacionam com dinâmicas históricas e sociais que propiciam a emergência das articulações estéticas facultadas por essas opções genéricas. Tal dinâmica pode ser observada por meio da análise e interpretação histórica dos textos literários das coletâneas Poesia de combate (1977, 1979 e 1983) e da obra Ualalapi (1987), de Ungulani Ba Ka Khosa.

Ano

2019

Creators

Ubiratã Roberto Bueno de Souza

Especulações em Sérgio Sant\'Anna: relações dialógicas com a filosofia nietzscheana

Essa pesquisa tem por objetivo verificar na obra de Sérgio SantAnna uma possível ruptura com a tradição literária que chegou ao seu tempo, a década de 1970. Observamos que nesse período havia uma forte tendência a uma literatura de reportagem, aos relatos de costumes, apontando diversas formas de violência na sociedade e as crises familiares. Essa é a literatura que chegou com a herança do Realismo, que exercia essas práticas na ficção, e, agora, na literatura contemporânea, podemos encontrá-las nos textos de Dalton Trevisan e José Louzeiro, por exemplo. Mas Sérgio SantAnna demonstra enveredar por outros caminhos, os das especulações. Ao invés de produzir essa literatura mais interessada no reflexo do social, com ação narrativa, SantAnna parte para os palcos interiores, realizando uma literatura mais cerebral, que questiona ainda, sim, os valores instituídos no social, mas o faz explorando estilos de escrita, flutuando pelos gêneros de discursos tornando-os literários, expondo as engrenagens do narrar. Com esse panorama, podemos pensar à luz de Nietzsche, filósofo que rompeu com a tradição filosófica que chegou ao seu tempo, e pensava a arte como forma de transvalorar os padrões estabelecidos, os valores estipulados, e via na arte uma nova possibilidade de estilo de vida. Assim, aprofundamos com Deleuze e Foucault o conceito nietzscheano de Vontade de Potência enquanto Arte, para estabelecermos um diálogo entre a literatura e a filosofia. Onde encontramos Sérgio SantAnna: um escritor conceitual.

Ano

2011

Creators

André Luis de Paula Arneiro

A literatura infantil além do livro: as contribuições do jornal português O senhor e da revista brasileira O Tico-Tico

Há vários estudos sobre as relações entre Literatura e Imprensa, livros e periódicos, suas confluências e divergências, seus produtores e seus leitores. Quando o assunto é a literatura destinada ao público infantil, esses estudos tornam-se bastante reduzidos. Este trabalho tem como seu principal objetivo preencher essa lacuna, demonstrando a importante contribuição do jornal português O senhor doutor e da revista brasileira O Tico-Tico para a formação de leitores, assim como para a educação informal e a história da Literatura Infantil. . Verificamos, em uma perspectiva histórica e comparatista, como a literatura infantil foi construída além do suporte livro, levando em conta diferentes concepções de infância, tendências pedagógicas e a própria materialidade dos textos, além das diferentes práticas de leitura suscitadas. A partir desse pressuposto, levamos em conta a estrutura dos periódicos, a periodicidade dos gêneros, o contexto de produção e como a literatura infantil e seus leitores formaram-se além dos livros. É importante ressaltar que a forma como os textos literários para as crianças eram apresentados nos jornais, revistas e almanaques, no início do século XX, imprime-lhes uma legibilidade específica, própria da literatura infantil contemporânea. Essa especificidade confirma tais textos como fontes essenciais para a história dessa literatura, tanto no Brasil quanto em Portugal. Consideramos, portanto, que um estudo mais aprofundado sobre as produções literárias para crianças em periódicos torna-se necessário e justificável Acreditamos também que nossa pesquisa possa contribuir com uma visão mais ampla e consistente do processo de formação da literatura infantil em Língua Portuguesa, assim como sua contemporaneidade e perspectivas futuras.

Ano

2012

Creators

Ligia Regina Maximo Cavalari Menna

História em quadrinhos: gênese, estrutura e sociedade

A presente dissertação está inserida na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa em razão de dialogar com a produção artística de várias culturas e tem o objetivo de analisar a manifestação cultural, histórica e comunicativa, chamada de História em Quadrinhos (HQ), principalmente no que concerne a leitura da imagem e sua relação com diferentes sociedades. Para tanto, realizou-se um levantamento em diferentes linhas de pesquisa das diversas concepções a respeito da História em Quadrinhos, suas distintas nomenclaturas em cada país, bem como de seus limiares e estruturas heterogêneos. A HQ se utiliza tanto de ícones figurativos quanto linguísticos para transmissão de ideias, pensamentos e sentimentos, que pode ocorrer entre uma ou mais pessoas, e utilizar-se de uma ou mais imagens em vários suportes, temáticas e estéticas, na forma de texto para uma ampla gama de intencionalidades. Para um objeto de estudo tão atual e peculiar permitiu-se que ele próprio, o objeto, fosse apontando a metodologia para a pesquisa. A princípio, foi elaborado um perfil espaço-temporal para ressaltar que os fatores que consolidaram os elementos da HQ (como sua linguagem e temática, por exemplo) em dado contexto se deveu mais a fatores externos, mercadológicos ou censores, do que a limitações linguísticas, estéticas ou relativas a necessidade de suportes específicos. Acompanhando a história da História em Quadrinhos é possível perceber sua elasticidade, pois suas relações fundamentais foram construídas de formas tão diversas que poderiam parecer antagônicas. Isso nos levou à segunda parte, um estudo da estrutura da História em Quadrinhos em suas aplicações práticas. Com base em teóricos que estudaram as características da linguagem dos quadrinhos, empregamos suas concepções nas diversas manifestações encontradas, sem traçar fronteiras restritivas nas potencialidades do meio.

Ano

2018

Creators

Marcia de Souza Ravaglio

Identidade, memória e gênero nas obras literárias de Orlanda Amarílis e Clarice Lispector

Esta Dissertação insere-se na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e tem por objetivo estabelecer uma analogia entre as narrativas de duas escritoras que viveram na diáspora. Para tanto, examinaremos Desencanto e Cais-do- Sodré, do livro Cais-do-Sodré te Salamansa1, e Thonon-les-Bains, do livro Ilhéu dos Pássaros2, ambos de Orlanda Amarílis, e A Hora da Estrela3, de Clarice Lispector. Partindo dessas obras literárias, pretendemos mostrar como a realidade da mulher migrante encontra pontos comuns mesmo em países tão distantes como Brasil e Cabo Verde, e, ainda, sempre sob a ótica de gênero, as múltiplas identidades que se estabelecem quando se está em situação de diáspora. Destacar-se-á de cada conto de Orlanda Amarílis apenas um núcleo temático (diáspora e identidade cultural, memória na diáspora e gênero, respectivamente), que será trabalhado comparativamente à narrativa de Clarice Lispector, A hora da estrela, evitando-se, dessa forma, que haja redundância ou repetições de temas.

Ano

2009

Creators

Suely Alves de Carlos

A consciência da subalternidade: trajetória da personagem Rami em Niketche de Paulina Chiziane

O nosso projeto de Mestrado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, com ênfase na literatura moçambicana, surgiu de uma constatação do quotidiano de mulheres africanas em geral. Decidimos trabalhar, no caso da nossa dissertação, a questão da trajetória da personagem Rami no romance Niketche: uma história de poligamia, para encarar o feminismo fora das bandeiras ocidentais tal como o conhecemos e dar ao termo uma conotação africana, destacando de fato certa singularidade na(s) ideologia(s) feminista(s): a consciência da subalternidade. Esta singularidade naquela(s) ideologia(s) vem se afastando da política que radicaliza o debate e o orienta na direção da negação do homem. O nosso crescente interesse pela escrita feminina nasceu do fato de, em quase todos os romances africanos, de autoria feminina, lidos, termos descoberto uma certa convergência na abordagem relativa à questão do estatuto das mulheres dentro das sociedades africanas. Neste contexto, a autora Paulina Chiziane, de Moçambique, evidencia bem, com o seu romance Niketche, uma história de poligamia, esse questionamento ao estatuto das mulheres, construindo personagens que vão, no decorrer da narrativa, realçar o contexto ideológico do feminismo africano. Três críticos nos ajudarão, com suas reflexões, para a aproximação da trajetória da personagem com a ideologia feminista africana. São eles: Pierrette Herzberger-Fofana (2000) para a questão do feminismo africano, Antonio Candido (1963) e Roland Bourneuf (1976) para tratar das personagens.

Ano

2010

Creators

Badou Koffi Robert

Eça de Queirós e os brasileiros

Este trabalho analisa o delineamento da imagem do escritor português José Maria Eça de Queirós (1845-1900) no Brasil, tomando como base a crítica seminal queirosiana brasileira e verificando como se dá o diálogo entre ela e outras leituras críticas sobre o autor até o final do século passado. Para a realização deste estudo, dividiu-se a crítica queirosiana produzida no Brasil em três momentos: o primeiro, que remonta à primeira crítica de peso sobre Eça, escrita por Machado de Assis, em 1878 até 1942, último livro sobre o escritor que antecede as comemorações da primeira efeméride em 1945, conjunto de textos aqui definido como crítica seminal; o segundo, que apresenta as publicações baseadas no modelo dessa crítica seminal, realizando releituras dos textos fundadores entre as duas grandes efemérides, de 1945 e de 2000; e finalmente o terceiro, que apresenta as publicações não seguidoras da crítica seminal, inaugurando novas abordagens à respeito da vida e da obra de Eça, perfazendo o mesmo período entre 1945 e 2000. Resta, então, demonstrar como a crítica seminal permanece, ainda hoje, como fundamento da imagem vulgarizada do escritor no Brasil.

Ano

2010

Creators

Cristiane Navarrete Tolomei

Figurações da homossexualidade e da homoafetividade em King & King e Orações para Bobby

O presente trabalho estuda as figurações da homossexualidade e da homoafetividade no livro King & King, de Linda de Haan e Stern Nijland, e no filme Orações para Bobby, de Russel Mulcahy. Dialogamos com as duas e apontamos para as suas diferenças e complementaridades. Nossa análise está centrada nas relações de poder e afetividade presentes em seus processos discursivos. Nossa pesquisa fundamenta-se, primordialmente, em dois fecundos teóricos da modernidade, Michel Foucault e Judith Butler, e visa a compreender o exercício disciplinador na construção e manutenção das ordens regulatórias da homossexualidade e da homoafetividade.

Ano

2016

Creators

Itamar Onório dos Santos

A busca da adequação entre formas literárias e momento histórico: um estudo comparativo entre O Guarani de José de Alencar e O Escravo de José Evaristo de Almeida

A dissertação de mestrado intitulada A busca da adequação entre formas literárias e momento histórico: um estudo comparativo entre O guarani de José de Alencar e O escravo de José Evaristo de Almeida tem o objetivo de fazer um estudo comparativo dos romances em questão, apontando os elementos do gênero épico presentes em O guarani, e os elementos do gênero trágico presentes em O escravo. Para tanto, reportaremos o leitor ao momento histórico pelo qual passava o Brasil e Cabo Verde, porque a representação da realidade política e social desses países demandava um diálogo com esses gêneros clássicos, os quais, sem dúvida, deram uma maior legitimidade e verossimilhança aos romances.

Ano

2008

Creators

Fabrizia de Souza Carrijo

A leitura escolar revisada: de um projeto de leitura a leituras em projeto

O estudo comparado da linguagem estruturada no e pelo diálogo intercódigos, que caracteriza os cinco livros da literatura infantil brasileira e portuguesa analisados na pesquisa, pretende examinar como e por que esse suporte de leitura pode produzir no leitor tanto associações perceptivas mecânicas, pragmáticas, como também associações perceptivas termodinâmicas, mais estéticas. A análise das associações perceptivas resultantes de estratégias de leitura, propostas em uma prática de leitura escolar revisada o projeto Viagem Nestlé pela Literatura pretende também examinar como o exercício do olhar crítico sobre a linguagem intercódigos do livro de literatura infantil pode auxiliar o professor no seu papel de mediador de leituras e de leitores.

Ano

2007

Creators

Vera Lucia de Carvalho Marchezi

Alicerce e revestimento: tradição e modernidade em A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela

A presente dissertação propõe uma análise do romance A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela, com o objetivo de investigar de que forma os conceitos de modernidade e tradição se articulam com aspectos sociais da obra e do contexto em que ela foi escrita. A pesquisa investiga de que maneira a estrutura formal do romance-folhetim de Vilela uma narrativa de cunho policial está relacionada com a dinâmica das questões de classes, raças e gênero que compunham a sociedade recifense na segunda metade do século XIX. Verificou-se, por fim, a hipótese de que o princípio estrutural da obra formalizaria o deslocamento entre ideias liberais e prática brasileira, revelando uma relação de aparência e essência no seio de uma sociedade cuja modernização não passaria de um revestimento sobre os fortes alicerces de uma formação escravocrata e patriarcalista.

Ano

2018

Creators

Carolina Silva Mercês

Nações em trânsito em A árvore das palavras e A candidata: Moçambique - Cabo Verde

Esta dissertação analisa a categoria espaço nos romances A árvore das palavras (1997), de Teolinda Gersão, e A candidata (2003), de Vera Duarte, com o objetivo de demonstrar como Cabo Verde e Moçambique, países pertencentes ao macrossistema de língua portuguesa, foram mapeados pelas narrativas, que acompanham a formação identitária das protagonistas e de suas respectivas nações. Diante disso, centramos as análises nas personagens femininas protagonistas das narrativas, Gita e Marina, por considerá-las sujeitos históricos imbricados no jogo de relações sociais e culturais, cuja interação se revela nas identidades constitutivas dessas nações. A investigação desenvolveu-se a partir da apresentação de dados biográficos, produção literária e algumas estratégias discursivas das autoras analisadas, para posteriormente pautar-se em categorias glissantianas como rizoma, acumulação, paisagem e poética da relação. Discutimos, também, a intersecção entre espaço e memória, com apoio de Halbwachs. Ressaltamos que, quando abordamos o percurso da protagonista Marina, optamos por fazêlo nos espaços que compõem o mundo caboverdiano: o arquipélago e a diáspora. Buscamos demonstrar, em nossa pesquisa, com a escritura de Teolinda Gersão e Vera Duarte, a partir de pontos de convergência e dissonância, contribuir para a apreensão dos espaços moçambicano e caboverdiano, em interface com o espaço cultural e político português, que opera ora como pólo de confronto (colonizador), ora como pólo de mediação (diáspora).

Ano

2010

Creators

Aparecida de Fátima Bosco Benevenuto

Leitura e escrita em espaços de guerra: resgatando identidades em Terra Sonâmbula, de Mia Couto

O presente trabalho tem por objetivo descrever como os processos de escrita e leitura são capazes de suscitar transformações nas identidades e subjetividades das personagens de Terra sonâmbula, romance de Mia Couto. Ainda, buscar-se-á demonstrar como a leitura pode tornar-se fundamental na promoção de significativas mudanças na vida de leitores que habitam espaços dilacerados pela guerra, como ocorre, por exemplo, com Muidinga, uma das personagens da obra que será analisada.

Ano

2017

Creators

Maria Paula de Jesus Correa

O tempo: fator de identidade nas obras de Florbela Espanca e de Cecília Meireles

Neste trabalho, cotejamos diferentes concepções contextuais relativas à visão de mundo, à busca de identidade, à efemeridade e à transitoriedade do ser humano, articuladas na linguagem poética de Florbela Espanca e Cecília Meireles, muitas vezes em tempos da memória e do sonho. Selecionou-se, da obra de Florbela Espanca, os sonetos retirados dos seus três primeiros livros, escolhidos pela própria autora, sendo os dois primeiros publicados em vida: Livro de Mágoas (1919); Livro de Sóror Saudade (1923) e Charneca em Flor (1931), póstumo. Os textos de Cecília Meireles foram retirados de suas obras poéticas, reunidas, principalmente, em Cecília Meireles - Poesia Completa, obra organizada por Antonio Carlos Cecchin. Esta pesquisa ressalta um rico manancial teóricocrítico na tentativa de resposta aos questionamentos sobre uma possível compreensão dos universos complexos do transitório e do efêmero marcados no tempo, como provável recurso comparativo entre as obras de Florbela Espanca e Cecília Meireles, pois, no paralelo traçado, constata-se a existência de uma ponte entre as imagens construídas e organizadas em torno do fluir do tempo, da solidão do homem, do caos existencial, e do universo de sonhos. O intuito desta tese é, portanto, desenvolver um estudo sobre o tempo, a transitoriedade e a efemeridade nos poemas de Florbela Espanca e Cecília Meireles que apontam para um novo ponto de apoio que a modernidade, face a um descentramento generalizado, empenha-se em descobrir.

Ano

2008

Creators

Elizete Dall' Comune Hunhoff

A literatura infantil e o autoritarismo no século XX: um estudo comparativo entre Ruth Rocha e José Cardoso Pires

Este trabalho realiza um diálogo entre as obras dos autores Ruth Rocha, escritora brasileira, e José Cardoso Pires, escritor português. De Ruth Rocha utilizamos: O reizinho mandão, O sapo-vira-rei-vira-sapo, O rei que não sabia de nada, O que os olhos não vêem; e de Cardoso Pires: Dinossauro excelentíssimo. Ao trabalhar com esses livros, pretendemos mostrar a relação da ficção com a realidade dos países envolvidos. Partimos da hipótese de que essas obras, escritas durante o período militar brasileiro e o Salazarismo, colaboraram para o reconhecimento da importância de um regime político democrático para trazer a liberdade às nações brasileira e portuguesa. Nosso objetivo é também demonstrar como os autores denunciaram as situações históricas dos dois países, por meio da paródia, da alegoria e da carnavalização. As obras analisadas são destinadas tanto aos leitores mirins como aos adultos. Nossa pesquisa ampara-se em obras de Literatura Comparada, Literatura Infantil e Juvenil, História Política e Social do Brasil e de Portugal.

Ano

2012

Creators

Juliana Camargo Mariano

A experiência do tempo em dois romances africanos: Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra e Mãe, materno mar

Nossa pesquisa teve como objeto de estudo os romances Mãe, materno mar (2001), do angolano Boaventura Cardoso (1944-), e Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (2003), do moçambicano Mia Couto (António Emílio Leite Couto [1955-]). O estudo centrou-se na análise comparativa dos dois romances, procurando desvendar, através da forma, as estratégias empregadas na construção temporal de suas narrativas, e a capacidade de as mesmas refletirem e iluminarem o conflito modernidade versus tradição na experiência social onde as obras se produziram. E, conseqüentemente, apontar o quanto tais estratégias revelam das peculiaridades do gênero romanesco em sua versão africana. Para embasar a hipótese do tempo como elemento-chave em nosso estudo, elegemos alguns recursos teóricos e interpretativos de Norbert Elias, Paul Ricoeur e Leda Martins, além das contribuições gerais da crítica literária africana e africanista.

Ano

2008

Creators

Sueli da Silva Saraiva

Navegar é preciso: o leitor contemporâneo e os desafios da leitura hipertextual em Abrindo caminho e A maior flor do mundo

Esta dissertação, sob os princípios renovados da Literatura Comparada, estuda Abrindo caminho, de Ana Maria Machado, e A maior flor do mundo, de José Saramago, visando discorrer sobre os desafios do leitor contemporâneo que navega pelas vias da rede textual, uma vez que as obras contemporâneas de literatura para infância e juventude supracitadas configuram-se como hipertextos em língua portuguesa, em virtude de suas arquiteturas labirínticas.

Ano

2011

Creators

Juliana Pádua Silva Medeiros

A literatura em face da alteridade na obra de Fernando Namora: ficção e não-ficção nas narrativas sobre a saúde

Esta pesquisa se articula em caráter interdisciplinar entre a literatura e a medicina na medida da perspectiva das relações e inter-relações do recorte proposto. O conceito de alteridade - segundo a concepção de ética da alteridade, onde se vê explícita a questão da responsabilidade individual, defendida pelo filósofo contemporâneo Emmanuel Lévinas (1906-1995) - é a chave interpretativa para investigação que transcorre nas linhas da escrita ficcional e não-ficcional do médico e escritor português Fernando Namora. Centrada nas narrativas literárias da sua obra referencial intitulada Retalhos da vida de um médico e em publicações factuais que constam de o Jornal do Médico. O objetivo da presente pesquisa é pensar nas narrativas jornalísticas sobre a saúde humana a partir do corpus das obras referidas, tomados por base os estudos da teoria literária (em limite da crítica e gêneros literários) como princípios de análise, partindo do pressuposto de que as relações éticas, mediante as questões de alteridade, se sustentam de maneira efetiva no face-a-face (ou em face) com o outro.

O fardo do passado e a imobilidade no presente: possibilidades realistas em Angústia e Uma abelha na chuva

O objetivo desta tese é realizar uma análise comparativa de Angústia, de Graciliano Ramos, e Uma abelha na chuva, de Carlos de Oliveira tomando como aspecto central a paralisia no presente dos protagonistas e das relações entre as diferentes classes sociais no interior das narrativas. Os autores procuram figurar os destinos humanos de setores das classes dominantes de cada um dos países que, sem serem protagonistas do processo de modernização capitalista, buscam ou retomar a posição de dominação ou impedir qualquer mudança; com isso procuramos demonstrar a possibilidade de figuração das forças sociais em luta na realidade. É parte do nosso problema também a estruturação das obras a partir de técnicas como o monólogo interior, no caso do romance brasileiro, e da adoção dos pontos de vista dos diferentes personagens por parte do narrador da narrativa portuguesa. Nossa comparação consiste, então, em compreender como apesar das inovações formais mencionadas eles não eternizam as angústias vividas pelos personagens, antes as enraízam nas relações sociais estabelecidas por eles dentro da dinâmica do romance; estas por sua vez remetem à realidade histórica da produção das obras. Tomamos como ponto de partida, aqui, a teoria do realismo tal como desenvolvida por G. Lukács, com a ressalva de que a compreendemos como um método e não um modelo, ou seja, uma atitude diante do real e não um conjunto de normas de composição.

Ano

2018

Creators

Miguel Makoto Cavalcanti Yoshida

Da partilha do sensível no Brasil: uma leitura de \'A hora e a vez de Augusto Matraga\' e \'Buriti\'

Este trabalho propõe uma leitura dos aspectos estruturais de narração, construção de personagens e enredo a partir de uma perspectiva que os considera como dados essenciais para aquilo que Rancière (2004) chamou de política da literatura. Os textos escolhidos, A hora e a vez de Augusto Matraga, de Sagarana, e Buriti, de Corpo de baile, foram considerados dentro de uma tradição brasileira da fala sobre um outro cultural, presente desde os românticos até os modernos. Tentou-se compreender como as inovações estruturais principalmente a reformulação do discurso indireto livre podem ser lidas como mais ou menos democráticas, a partir de uma reflexão sobre a partilha do sensível (Rancière, 2005) e a letra muda (Rancière, 2004).

Ano

2015

Creators

Thaís Travassos