Repositório RCAAP

Desigualdades sociais e a mortalidade por Aids em Campinas

Introdução: A partir da segunda metade da década de noventa, a oferta de tratamento com a Terapia Antiretroviral de Alta Potência contribuiu para a redução da mortalidade de pessoas vivendo com aids nos locais com acesso universal a medicação. Porém, a introdução de procedimentos efetivos tem sido apontada como associada a desigualdades em saúde, quando fatores sociais dificultam o acesso e a aderência ao tratamento. Objetivo: Descrever a evolução temporal da mortalidade nos bairros de Campinas, verificando se houve declínio após a disponibilização da terapêutica antirretroviral de alta potência em 1997 e se este declínio foi homogêneo entre três agregados de áreas da cidade, ou se foi de algum modo associada com a condição socioeconômica das mesmas. Métodos: Foram avaliadas as taxas de mortalidade por aids em bairros de Campinas, São Paulo, de 1996 a 2012, a fim de testar sua associação com o status socioeconômico da área de residência após o início da oferta universal e sem custo de Terapia Antiretroviral de Alta Potência. Foram calculadas as taxas de mortalidade anuais por aids, ajustadas por sexo e faixa etária, com base em informações oficiais de população e mortalidade. Foi estimada a tendência de declínio da mortalidade por aids, usando o procedimento de auto-regressão de Prais- Winsten para séries temporais. A taxa de declínio anual nos três agregados de bairros da cidade foi comparada segundo índices socioeconômicos estimados para o Índice de Condições de Vida. Resultados: A mortalidade por aids ajustada por sexo e idade em Campinas caiu de 13,6 óbitos/100.000 habitantes em 1996 para 4,6 óbitos /100.000 habitantes em 2012. O decréscimo anual foi de 5,5 por cento (Intervalo de Confiança 95 por cento 3,3 por cento -7,5 por cento ). Não foram observadas diferenças significantes de mortalidade (magnitude e taxa de redução) entre as áreas de moradia. Na faixa etária de adultos (20 a 49 anos), houve menor queda da mortalidade no sexo feminino, principalmente na área de pior status socioeconômico. Conclusões: O programa de tratamento para as pessoas com aids foi efetivo para a redução global da mortalidade devida à doença na cidade de Campinas. A redução de mortalidade foi homogênea entre as áreas, o que é compatível com a hipótese de redução das desigualdades em saúde. Porém, a menor redução na mortalidade de mulheres, na faixa etária de adultos, principalmente na região de pior condição socioeconômica, aponta a persistência de desigualdades sociais em saúde.

Ano

2014

Creators

Cláudia Barros Bernardi

Morbidade hospitalar por causas externas no Sistema Único de Saúde em São José dos Campos, SP

Objetivos. Realizou-se uma pesquisa com o objetivo de conhecer a qualidade dos dados de internação, os gastos diretos e a morbidade hospitalar por causas externas em São José dos Campos, São Paulo. Material e Métodos. Foram estudadas as internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por lesões decorrentes de causas externas no primeiro semestre de 2003, no Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence. Este hospital é referência para o atendimento ao trauma no Município. Foram analisados os prontuários de 990 internações. A concordância das variáveis relativas à vítima, à internação e ao agravo foi avaliada pela taxa bruta de concordância e pelo coeficiente Kappa. As lesões e as causas externas foram codificadas segundo a 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças. Resultados. A taxa de concordância bruta entre os dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS e a avaliação do pesquisador foi de boa qualidade para as variáveis relativas à vítima e à internação, variando de 89,0% a 99,2%. As lesões tiveram concordância ótima, exceto os traumatismos do pescoço (k=0,73), traumatismos múltiplos (k=0,67), e fraturas do tórax (k=0,49). As causas externas tiveram concordância ótima para acidentes de transporte e quedas. A confiabilidade foi menor para agressões (k=0,50), causas indeterminadas (k=0,37), e complicações da assistência médica (k=0,03). Houve concordância ótima nos acidentes de transporte em pedestres, ciclistas e motociclistas. Após ajuste do coeficiente Kappa para vieses e prevalência, os resultados mais baixos do coeficiente mudaram para melhor, exceto as causas indeterminadas. O maior gasto médio de internação foi por acidentes de transporte (R$ 614,63) seguido das agressões (R$ 594,90). As lesões com maior gasto médio foram às fraturas de pescoço (R$ 1.191,42) e traumatismo intracraniano (R$ 1.000,44). As internações com maior custo-dia foram às fraturas do crânio e dos ossos da face (R$ 166,72) e traumatismo intra-abdominal (R$ 148,26). A taxa de mortalidade hospitalar por causas externas foi de 4%, sendo maior entre pedestres (12,2%) e vítimas de agressões (8,2%). As principais causas externas de internação foram às lesões por acidentes de transporte (31,8%) e quedas (26,7%). A razão de masculinidade foi 3,1:1 e a faixa etária predominante foi 20-29 anos (23,3%). As partes do corpo mais atingidas foram membros inferiores (24,6%) e cabeça (22,0%). As lesões mais freqüentes foram às fraturas (49,8%) e o traumatismo intracraniano (13,5%). A maior taxa de internação ocorreu na região Norte do Município. Conclusões. As variáveis de estudo tiveram boa qualidade no nível de agregação analisado. Algumas variáveis relativas à vítima e alguns tipos de causas externas necessitam de aperfeiçoamento da qualidade dos dados. O perfil da morbidade hospitalar encontrado confirmou os acidentes de transporte como importante causa externa de internação hospitalar no Município.

Ano

2006

Creators

Luís Paulo Rodrigues Melione

Comparação de três armadilhas automáticas para coleta de mosquitos (Diptera: Culicidae) em áreas rurais no bioma de Mata Atlântica, sudeste do Estado de São Paulo, Brasil

Introdução: Armadilhas automáticas entomológicas são ferramentas importantes para a vigilância e controle de espécies de mosquitos vetoras. Vários estudos mostraram que a armadilha CDC com CO2 + Lurex® e a CDC luminosa são efetivas para a amostragem de culicídeos. A Mosquito Magnet® foi comparada com diferentes métodos de coletas, incluindo a isca humana, para amostragem de mosquitos vetores. Como resultado, a armadilha tem demonstrado boa capacidade de amostragem. No presente estudo, a eficácia da Mosquito Magnet® Independence foi comparada com as armadilhas CDC luminosa e a CDC com atrativos, mas sem luz. As coletas foram realizadas em áreas rurais no sudeste do bioma de Mata Atlântica. Objetivo: Comparar a eficácia da armadilha Mosquito Magnet® Independence + Lurex3® com a da CDC luminosa e da CDC com CO2 + Lurex3®. Métodos: As armadilhas foram instaladas em três locais diferentes durante três dias consecutivos em áreas rurais do município de Iguape, Estado de São Paulo, Brasil, de janeiro a junho de 2012. As armadilhas foram colocadas diariamente às 6h00 pm (ou 7h00 pm, durante os dias de horário de verão) e removidas às 6h00 am (ou 7h00 horas durante os dias de horário de verão). Para avaliar a eficácia das armadilhas para coleta de culicídeos, utilizamos os perfis de diversidade da Rényi, além de outros índices de diversidade, ou seja, riqueza, abundância, dominância, equabilidade e similaridade. Resultados: A armadilha Mosquito Magnet® coletou 53,84 por cento do total (19.016 indivíduos) de mosquitos obtidos com as três armadilhas. Por outro lado, a CDC luminosa obteve os maiores índices de diversidade de Margalef e Shannon. O índice de Pielou mostrou que as espécies se distribuem de maneira mais uniforme quando empregado o uso da armadilha CDC com atrativos. No entanto, a Mosquito Magnet® obteve o maior índice de dominância. O teste de Kruskal-Wallis mostrou diferença significativa apenas para os índices de riqueza observados na série de Rényi. O teste de Bonferroni apontou que apenas a armadilha Mosquito Magnet® apresentou diferença significativa em relação à CDC luminosa (p=6e-05). Os índices de similaridade apontaram maiores semelhanças entre as espécies coletadas pelas armadilhas Mosquito Magnet® e CDC com atrativos. Conclusões: O presente estudo mostrou que é possível coletar número elevado de espécimes de culicídeos com a Mosquito Magnet® Independence em áreas rurais no sudeste de São Paulo. Apesar da armadilha CDC não coletar uma grande abundância de culicídeos é considerado um método de coleta apropriado e indicado para os serviços de saúde, devido a sua funcionalidade e facilidade de transporte. No entanto, os resultados do presente estudo mostraram que a Mosquito Magnet® é mais eficaz do que a CDC luminosa e CDC com CO2 + Lurex3® para as atividades de vigilância entomológica.

Ano

2013

Creators

Denise Cristina Sant'Ana

Hierarquização de incapacidade funcional de idosos no município de São Paulo: uma análise longitudinal: Estudo SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento

Introdução. Incapacidade funcional está relacionada à dificuldade em realizar as atividades de vida diária de forma independente comprometendo sobremaneira a qualidade de vida da pessoa idosa. Requer adaptação do idoso, reorganização familiar e, muitas vezes, a presença de um cuidador. Reconhecer seu processo de instalação pode auxiliar no estabelecimento de medidas preventivas e adequação dos serviços sociais e de saúde. Objetivo: Construir escala hierárquica de dificuldades referidas no desempenho funcional de AVDs (incapacidades) em uma população de idosos do Município de São Paulo. Metodologia: Utilizando-se o método de escalonamento de Guttman, foram desenvolvidas escalas hierárquicas de incapacidades com a população idosa do Município de São Paulo utilizando a base de dados do Estudo SABE. Com a base de dados de 2000 a escala foi comparada à outra construída aproximadamente dez anos antes buscando verificar mudanças ocorridas no período e, com a base de dados de 2006 foi construída uma escala hierárquica da incidência de incapacidades nesse grupo onde foi aplicada uma escala de escores para classificação do nível funcional. Resultados: Verificou-se que a proporção de incapacidades aumentou em um período de dez anos. Para o seguimento de 2006 encontrou-se a seguinte ordem hierárquica crescente de dificuldades: comer (5,7 por cento ), higiene pessoal (6,3 por cento ), usar o banheiro (7,2 por cento ), locomover-se (7,8 por cento ), tomar banho (10,1 por cento ), vestir a parte de cima da roupa (11,9 por cento ), ser continente (fecal) (13,8 por cento ), administrar as próprias finanças (20,3 por cento ), tomar o próprio medicamento (21,2 por cento ), mobilizar-se (22,8 por cento ), usar o telefone (24,2 por cento ), vestir a parte de baixo (25,6 por cento ), fazer compras (30,5 por cento ), ser continente (urinário)(40,5 por cento ) e utilizar transporte (43,8 por cento ). Nos dois períodos, percebeu-se que os homens apresentaram maiores proporções de incapacidades, apesar de as mulheres as acumularem mais e que as dificuldades aumentaram com o avançar da idade. Conclusões: Foram verificadas mudanças no padrão de instalação e aumento das proporções de incapacidade em quase uma década. A escala hierárquica possibilitou a determinação de níveis de incapacidade

Ano

2009

Creators

Michelle Vicente Torres

Análise multigênica e distribuição especial de espécies do Subgrupo Strodei de Anopheles (Nyssorhynchus) (Diptera: Culicidae)

INTRODUÇÃO: O subgrupo Anopheles strodei é pouco estudado apesar de sua importância epidemiológica potencial. Espécies desse subgrupo foram encontradas naturalmente infectadas por parasitos que causam malária em humanos, Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax e Plasmodium malariae, no Brasil. O subgrupo Anopheles strodei compreende oito espécies: An. rondoni (Neiva & Pinto), An. albertoi Unti, An. arthuri Unti, An. strodei Root, An. strodei CP, e três outras espécies que foram propostas por Bourke et al. (2013), mas não foram descritas: An. arthuri B, An. arthuri C e An. arthuri D. OBJETIVOS: A definição e delimitação precisa de espécies que atuam como vetores de agentes infecciosos é um dos objetivos da entomologia da saúde pública. Os objetivos deste estudo foram: 1) Estabelecer as relações filogenéticas entre espécies do Subgrupo Strodei; 2) Estimar a distribuição espacial potencial das espécies do Subgrupo Strodei; 3) Confirmar a presença de quatro espécies sob o nome An. arthuri. MÉTODOS: Sequências de DNA de um gene mitocondrial (fragmento de 658 pares de bases do código de barras do gene COI, citocromo oxidase subunidade I) e de três genes nucleares codificadores de proteínas (White, CAD e CAT) foram empregadas para estabelecer as relações filogenéticas potenciais entre as espécies que compõe o subgrupo An. strodei. As análises filogenéticas foram conduzidas utilizando abordagem Bayesiana das sequências de DNA dos quatro genes. Para estabelecer a distribuição espacial potencial das espécies, utilizou-se abordagem de máxima entropia de nichos ecológicos. Para isso as localidades das coletas, juntamente com os dados climáticos e geográficos foram introduzidos no programa MAXENT. RESULTADOS: Os resultados das análises filogenéticas demonstraram e, portanto, confirmaram o monofiletismo do Subgrupo Strodei, a presença de pelo menos sete espécies sob o nome An. strodei, ou seja, corroborou a validade de An. albertoi, An. arthuri, An. strodei, An. strodei CP, além das espécies denominadas, preliminarmente, como An. arthuri B, An. arthuri C e An. arthuri D. Portanto, como definida atualmente, An. arthuri não representa grupo monofilético, pois inclui táxons que deverão ser formalmente descritos em estudos futuros. CONCLUSÃO: As distribuições potenciais de espécies do Subgrupo Strodei foram propostas pela primeira vez. Cinquenta e cinco sequências do gene nuclear CAT e outras 46 sequências do gene nuclear CAD únicas foram recentemente caracterizadas para espécies do Subgrupo Strodei de Anopheles (Nyssorhynchus), confirmando a presença de pelos menos sete espécies, além de An. rondoni que não foi alvo deste estudo, mas de outros anteriores que confirmaram a validade da mesma.

Ano

2016

Creators

Susan Elaine Greni

Análise temporal, espacial e espaçotemporal da ocorrência da dengue, leishmaniose tegumentar americana e malária no estado do Acre

Introdução: Dentre as inúmeras doenças infecciosas que ocorrem na Região Amazônica, destacam-se a malária, a leishmaniose tegumentar americana (LTA) e a dengue. Todas estas doenças têm em comum o fato de serem transmitidas por vetores, além de apresentarem elevadas incidências no Acre. Objetivos: Avaliar a ocorrência de malária, LTA e dengue no estado, a partir de uma abordagem no tempo, espaço e espaçotempo no período entre 2000 a 2015. Métodos: Os estudos sobre as três doenças tiveram delineamentos ecológicos. As áreas de estudo foram as mesorregiões (Vale do Acre e Vale do Juruá) e microrregiões do Acre (Rio Branco, Brasiléia, Sena Madureira, Cruzeiro do Sul e Tarauacá). As fontes dos dados secundários foram os sistemas de vigilância epidemiológica que estão sob a supervisão do Ministério da Saúde. De modo geral, foram estimados nestes estudos, os coeficientes de incidência, mortalidade e letalidade; realizadas análises de tendências temporais utilizando o programa Stata 13; e realizadas análises de aglomerados espaciais e espaçotemporais com o auxílio do programa SaTScan. Os resultados foram apresentados em mapas corocromáticos, gráficos e tabelas. O estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Acre. Resultados: No estudo sobre malária foram identificados um aglomerado de alto risco no Vale do Juruá e três de baixo risco no vale do Acre, tanto no espaço como no espaçotempo e para os dois tipos de plasmódio. Os grupos de menores de 19 anos e mulheres mostraram alta incidência no Vale do Juruá, porém no Vale do Acre homens na idade produtiva foram os mais acometidos. O coeficiente de mortalidade por malária evidenciou tendência decrescente em todo estado, enquanto a taxa de letalidade aumentou apenas na microrregião de Rio Branco. No estudo sobre LTA detectaram-se um aglomerado de alto risco e três de baixo risco tanto no espaço como no espaçotempo. Apesar de quatro das cinco microrregiões do Acre terem apresentado tendência temporal estacionária, a tendência no estado foi decrescente. O perfil de transmissão da doença variou conforme as microrregiões. De modo geral, a doença no estado acometeu mais pessoas jovens, do sexo masculino e da zona rural. No estudo sobre dengue, todas as microrregiões, com exceção de Rio Branco, apresentaram tendência 8 crescente no número de casos de dengue. A doença apresentou sazonalidade, com maiores incidências entre os meses de janeiro e março. Ocorreram epidemias nos anos de 2009, 2010, 2011, 2014 e 2015, sendo que o município de Rio Branco foi o mais atingido nos três primeiros anos e Cruzeiro do Sul, nos dois últimos. Estes dois municípios foram identificados como aglomerados de alto risco no estado. Adultos, independente do sexo, foram os mais acometidos. Apesar da elevada incidência observou-se uma baixa mortalidade. Conclusões: A malária, a LTA e a dengue estão sujeitas a diferentes padrões no tempo, espaço e espaçotempo, assim, estratégias de controle devem ser sempre adotadas buscando o melhor modelo para cada localidade. Ressalta-se a importância na análise da variável espaço e tempo como alternativa metodológica para auxiliar no planejamento, monitoramento e avaliação das ações em saúde.

Ano

2016

Creators

Leonardo Augusto Kohara Melchior

Meningites de etiologia indeterminada no município de São Paulo, 1960 a 1977

E realizado o estudo epidemiológico das meningites de etiologia indeterminada no Municlpio de São Paulo, no período de 1960 a 1977. O trabalho é apresentado em quatro partes. Na primeira parte são apresentados e discutidos os diferentes modos de diagnóstico etiológico das meningites (presuntivos e de certeza) e é enfatizada a necessidade do estudo das meningites indeterminadas. Na segunda parte é apresentado o comportamento epidemiológico da doença meningocócica no Município de São Paulo, no período 1960 a 1977. Esta apresentação é feita visando comparar e procurando verificar a influência da doença meningocócica no comportamento epidemiológico das meningites de etiologia indeterminada. Na terceira e quarta partes são apresentados os caracteres epidemiológicos das meningites de etiologia indeterminada. Inicialmente os casos são classificados em meningites indeterminadas de provavel etiologia bacteriana ou viral, utilizando-se como parâmetro para a classificação o percentual de neutrófilos no liquor. Em seguida são apresentados e analisados os comportamentos segundo variaveis da pessoa (idade e sexo), do local de residência (segundo distritos e areas homogêneas do município), do tempo (variação anual e mensal), modo diagnóstico, evolução clinica, tempo de hospitalização. O estudo mostra que entre 1972 e 1977 ocorreu no Município de São Paulo um aumento significativo de casos de meningite de etiologia indeterminada; grande parte dos casos, provavelmente, era constituída por casos de meningite meningocócica, dos quais não foi possivel a determinação etiológica. Ocorreu também, concomitantemente, um aumento significativo de meningites de provável etiologia viral. O percentual de neutrófilos no liquor (primeiro exame) em épocas epidêmicas, pode ser utilizado como parâmetro para classificacão epidemiológica meningites segundo etiologia provavelmente bacteriana ou viral.

Ano

1988

Creators

Alexandre Vranjac

Decodificação de um texto sobre hanseníase por estudantes, docentes e pessoal da enfermagem

O presente estudo tem por objetivo analisar a compreensão de um texto sobre Hanseniase, por diferentes grupos ligados à enfermagem, constituidos por docentes, enfermeiras, estudantes de enfermagem e pessoal auxiliar de enfermagem. A Metodologia utilizada foi capaz de extrair o conteúdo quantitativo e qualitativo existente nos textos recontadps por escrito, pela população, após ouvir o referido texto gravado. Duas formas de análise foram aplicadas: recodificação e recuperação das frases recontadas, que geraram por sua vez, os \"textos médios\", representativos da compreensão do texto original pelos grupos. Essa análise foi facilitada não somente pela presença do jargão ou sub-linguagem existente dentro de um contexto específico, mas pelo conhecimento da estrutura informacional do texto utilizado. Para estudar a forma de organização da informação decodificada pelo entrevistado, foi utilizada a Teoria dos Grafos. Os resultados encontrados apontaram o grupo de docentes como aquele que decodificou de maneira mais completa o texto apresentado, em contraposição com o grupo pessoal auxiliar de enfermagem, que apresentou a decodificação mais pobre. Os \"textos Medios\" apresentados pelos grupos de estudantes e de enfermeiras, refletiram a experiência vivenciada na prática por esses grupos. Com o auxílio do computador, a metodologia aqui adotada para recupeção do conteúdo e estrutura de textos, mostrou uma nova forma de análise da linguagem até então inexeqüível pelos métodos convencionais.

Ano

1990

Creators

Marly Theoto Rocha

Acurácia dos critérios de risco do programa de defesa da vida dos lactentes do município de Bauru entre 1986 e 1988

A partir dos dados coletados pelo Programa de Defesa da Vida dos Lactentes da Secretaria de Higiene e Saúde do Município de Bauru no período de 11 de maio de 1986 a 10 de novembro de 1987, avaliou-se a capacidade de elementos clínicos e sociais, de fácil obtenção no momento do parto, predizer a mortalidade e internação de crianças entre O e 6 meses. O critério diagnóstico com maior sensibilidade para discriminar um grupo de crianças que devem receber uma atenção especial nos períodos de O a 6 dias e de 7 dias a 6 meses foram: - O a 6 dias: peso do recém nascido abaixo de 2500 gr, mãe menor de 18 anos e malformação congênita. - 7 dias a 6 meses: peso ao nascer abaixo de 2750 gr, renda familiar per capita abaixo de 0.75 salário mínimo, e malformação congênita. Outros critérios diagnósticos são apresentados e comparados com estes, entre os quais o do Programa de Defesa da Vida dos Lactentes, calculando-se as respectivas sensibilidades, especificidades e percentual de crianças classificadas como de risco. O mesmo critério diagnóstico proposto para prevenir a mortalidade entre 7 dias e 6 meses foi utilizado para calcular a sensibilidade quando o desfecho e a internação.

O ensino e a prática do enfermeiro em hanseníase

Este estudo focaliza como o enfermeiro está sendo formado para atuar na area de hanseníase e como se configura a realidade concreta de sua prática nos serviços públicos de saúde junto ao programa de controle da endemia. Partiu-se do referencial teórico sobre a questão da saúde no Brasil, com enfoque histórico-social da mesma, sem perder de vista o componente biológico do processo saúde-doença. Fez-se uma análise do sistema de saúde vigente com ênfase na política atual, e a inserção do Programa de Controle da Hanseníase nesse contexto. Buscou-se, ainda, registrar a situação epidemiológica da hanseníase, caracterizando-a como um problema de saúde pública. A formação do enfermeiro foi verificada junto aos docentes responsáveis pelo ensino da hanseníase em 66,60% dos Cursos de Graduação em Enfermagem do Estado de São Paulo. As informações sobre o desenvolvimento de sua prática na área de hanseníase foram obtidas através dos próprios enfermeiros nas unidades ambulatoriais da rede de serviços públicos do Estado; utilizou-se um formulário próprio para o levantamento de dados que ocorreu durante o primeiro semestre de 1989. Os resultados obtidos apontam para uma deficiência no ensino da hanseníase, sendo necessário dar maior importância ao tema, através de uma reformulação do mesmo nos currículos dos Cursos de Graduação em Enfermagem. Foram identificadas como sendo papel do enfermeiro em hanseníase as seguintes funções: educação em saúde, assistência de enfermagem, administração de serviços e vigilância epidemiológica. A prevenção de incapacidade foi a atividade que apresentou a maior freqüência de respostas nas questões relacionadas ao ensino assim como naquelas vinculadas ao papel do enfermeiro no programa de controle da hanseníase.

Ano

1990

Creators

Elisete Silva Pedrazzani

Meta-análise: avaliação da eficácia de intervenções medicamentosas para controle de lipídios plasmáticos na prevenção de doenças cardiovasculares em diabetes tipo 2

OBJETIVO Analisar a heterogeneidade e a combinação dos resultados de estudos sobre a eficácia de intervenções medicamentosas para controle de lipídios plasmáticos na prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes portadores de diabetes tipo 2. MÉTODOS Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, por intermédio dos bancos de dados MEDLlNE e Cochrane, onde foram identificados os ensaios clínicos randomizados, referentes ao assunto em questão, publicados entre 1980 e 2003. A meta-análise foi efetuada, incluindo os estudos selecionados, de acordo com os critérios de elegibilidade previamente estabelecidos. Para tanto utilizou-se a análise de heterogeneidade dos estudos e o cálculo da estimativa sumária, com base no modelo de efeitos aleatórios. RESULTADOS Na análise final foram incluídos 8 estudos que avaliavam a eficácia do controle medicamentoso dos lipídios plasmáticos na prevenção de doenças cardiovasculares em diabetes tipo 2. Dentre estes estudos, 6 avaliaram a eficácia dos inibidores da enzima HMG CoA reductase (statins), e os dois restantes, os derivados de ácido fíbrico. A estimativa sumária dos estudos combinados foi calculada, e apresentou o RR de 0.615 (IC95% 0.56 - 0.69). A análise de subgrupo segundo o tipo de prevenção apresentou uma redução de 44% nas intervenções a nível primário de prevenção e 36% a nível secundário. CONCLUSÕES A eficácia das intervenções medicamentosas para controle dos Iípidios plasmáticos na prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes portadores de diabetes tipo 2 foi fundamentada, com base na análise das pesquisas realizadas nos anos mais recentes, que propuseram-se a realizar esta avaliação. A estimativa sumária destes estudos indicou uma redução aproximada de 39% dos eventos cardiovasculares em pacientes diabéticos tratados com medicamentos para controlar os lipídios plasmáticos. Este estudo reforça a recomendação para tratamento e controle deste fator de risco de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2, particularmente em prevenção primária.

Ano

2003

Creators

Renato Spindel

Atividade física habitual e sua relação com a composição corporal em adultos portadores do HIV/Aids em uso de terapia anti-retroviral de alta atividade

Objetivo. Verificar a relação entre atividade física habitual e composição corporal em adultos portadores do HIV/Aids. Material e métodos. Este foi um estudo observacional transversal, abrangendo 169 homens e 51 mulheres. O estudo foi desenvolvido na Casa da Aids/Divisão de Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Universidade São Paulo. As variáveis dependentes analisadas foram circunferência da cintura, razão cintura-quadril, gordura subcutânea central, razão da gordura subcutânea central e periférica, percentual de gordura e massa magra. As variáveis independentes foram os escores de atividade física ocupacional, exercício físico no lazer, atividades de lazer e locomoção, escore total de atividade física. As variáveis de controle foram idade, consumo diário de cigarros, consumo energético (kcal), anos de diagnóstico de aids, nível de linfócitos T-CD4+ (células por mm3) e tempo de utilização de inibidores de protease (meses). A análise estatística foi realizada através de modelos de regressão linear múltipla. Resultados. O acúmulo de gordura centrípeta apresentou-se como um problema de saúde em ambos os sexos. O escore de atividades de lazer e locomoção foi relacionado negativamente com a gordura central e total nas mulheres, enquanto que o escore de exercícios físicos no lazer foi relacionado negativamente com a gordura total nas mulheres e positivamente com a massa magra nos homens. O escore total de atividade física foi relacionado negativamente com a gordura central nos homens e com a gordura total nas mulheres. Conclusão. Recomenda-se o monitoramento de indicadores da composição corporal juntamente com a implementação de programas de exercício físico e de educação para atividade física com ênfase nas atividades de lazer e locomoção para portadores do HIV/aids em terapia anti-retroviral de alta atividade.

Ano

2003

Creators

Alex Antonio Florindo

Óbitos de mulheres em idade fértil em Aracaju (SE): estratégias para melhorar a qualidade da informação

Objetivo. Descrever óbitos de mulheres de 10 a 49 anos (MIF), residentes em Aracaju (SE), entre 1979 e 2001, enfatizando a melhora da informação sobre mortes maternas. Métodos. Desenvolvido em 3 fases: a primeira descritiva (1979-2001) e aplicando 2 fatores de correção para a Razão de Mortalidade Materna - RMM. Na segunda (2001) realizou-se inquérito simplificado (hospitais, instituto médico legal, unidade de saúde e domicílios). A terceira (2001) utilizando Sistemas de Informação em Saúde (Sistema de Informação de Mortalidade-SIM, Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos- SINASC, Sistema de Informação da Atenção Básica- SIAB e Sistema de Informações Hospitalares- SIH) para melhorar a informação. Resultados. Os óbitos (4299 de 1979-2001) apresentaram tendência de queda. Principais causas: circulatórias (23,3%), neoplasias (19,8%) e causas externas (19,1%). A tendência da RMM é de queda, verificando-se ampla variabilidade entre a curva observada e a estimada pelo maior dos fatores de correção aplicados. Nas fases subseqüentes, os óbitos de MIF foram provenientes de casos do SIM (196 casos, sendo 7 com presença de gravidez até um ano antes do óbito), SIAB e SIH totalizando 216 casos. Na segunda foi elaborado o PADRÃO-OURO (177 entrevistas, 13 exclusões/ 26 perdas). Houve mudança no perfil de mortalidade das MIF. Na terceira fase (204 casos, 12 exclusões) as DOs foram complementadas (SIAB, SIH, SINASC e SIM). Quanto à causa básica as alterações não se mostraram satisfatórias. Quanto à presença de gravidez até um ano antes do óbito, a soma das fases 2 e 3 resultou em 13 casos, 7 matemos (RMM: 70,8/100.000 NVs). Conclusões: os SIS melhoraram a quantidade das informações de óbitos MIF e os relativos à gravidez. O inquérito complementou a fase 3 e melhorou a qualidade das informações. A metodologia é factível, tomando as informações mais fidedignas.

Ano

2003

Creators

Anna Klara Bohland

Associação entre hanseníase e infecção pelo vírus da hepatite B: estudo de caso-controle

Um estudo de caso-controle para investigar a associação entre a hanseníase e infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) foi conduzido no período de 1992/93, na cidade de Goiânia e municípios contíguos - Estado de Goiás. Avaliou-se, também, a distribuição espacial da hanseníase neste aglomerado urbano. Inicialmente, os indivíduos com suspeita clínica de hanseníase foram submetidos a exames baciloscópicos e histopatológicos, independentemente da rotina do Programa de Controle de Hanseníase. Do total de 855 pacientes recémdiagnosticados de hanseníase, 600 eram residentes em área urbana, e foram categorizados em casos multibacilares (31,3 por cento ), paucibacilares (51,8 por cento ) e prováveis (16,8 por cento ). Foi realizada análise descritiva desta casuística, havendo nítida predominância do sexo masculino na forma multibacilar de hanseníase. A distribuição espacial dos pacientes possibilitou, através da análise exploratória das taxas de detecção, discriminar estratos de risco intra-urbano. Para o estudo de caso-controle, 552 pacientes de hanseníase de 1 O a 70 anos foram incluídos. Os controles (N =552) foram selecionados de indivíduos com ausência de sinais e sintomas sugestivos de hanseníase oriundos da demanda espontânea de ambulatórios de 7 unidades de saúde, localizadas na região de procedência dos casos. Os participantes - casos e controles - foram entrevistados para avaliar fatores de risco para hanseníase e infecção pelo vírus da hepatite B. Foram coletadas amostras de sangue para detecção de marcadores ao vírus da hepatite B pela técnica de ELISA. Comparou-se a prevalência de marcadores de exposição (anti-HBc), de imunidade (anti-HBs) e de portador (AgHBs) entre casos e controles. Foram avaliados como potenciais fatores de confusão: sexo, idade, condições sócio-econômicas, estado nutricional, cicatriz vacinal de BCG e utilização dos serviços de saúde. Casos e controles foram similares quanto às características sócio-econômicas e nutricionais indicando que o princípio de selecionar controles da mesma base populacional que os casos parece ter sido adequado. Cicatriz vacinal de BCG esteve estatisticamente associada aos diferentes tipos de hanseníase. Houve maior proporção de indivíduos hospitalizados nos útimos 5 anos entre casos que em controles indicando que o emparelhamento por local de residência não eliminou completamente as diferenças entre os grupos em relação ao uso dos serviços de saúde. Entre os participantes do estudo, 18,1 por cento dos casos e 19,6 por cento dos controles foram soropositivos ao anti-HBc. Em análise multivariada, utilizando-se o modelo de regressão logística politômica, a associação da hanseníase e anti-HBc entre casos e controles apresentou odds ratio de 0,9 (IC95 por cento O, 7-1 ,3) para a categoria de multibacilar; 1,0 (IC 95 por cento 0,7-1,3) para a de paucibacilar e 1,1 (IC95 por cento 0,8-1,5) para a de provável. Estes resultados mostraram que subgrupos de casos e os controles estiveram igualmente expostos ao vírus da hepatite B. As proporções de indivíduos imunes foram semelhantes nos grupos de casos (9,2 por cento ) e controles (10,2 por cento ). Casos multibacilares responderam à exposição viral com formação de anticorpos protetores, qualitativa e quantitativamente de maneira semelhante aos pacientes paucibacilares e grupo controle. Os resultados dos índices de persistência de infecção (PPI) indicaram não haver diferença quanto ao clearance do antígeno viral nos subgrupos de casos e controles. Os resultados obtidos nesta investigação mostraram nos subgrupos de casos e controles: (i) prevalências semelhantes dos marcadores de exposição, de imunidade e de estado de portador; (ii) capacidade similar para produção de anticorpos protetores, avaliada através dos percentuais do marcador anti-HBs e, quantitativamente, através do Índice de Elisa e (iii) baixa probabilidade de persistência da antigenemia mensurada pelo PPI. Em conclusão, não houve evidências epidemiológicas de uma associação entre hanseníase e infecção pelo vírus da hepatite B, avaliada através de estudo de caso-controle, conduzido em área de baixa endemicidade ao VHB e alta endemicidade de hanseníase.

Ano

1995

Creators

Celina Maria Turchi Martelli

Estudo epidemiológico da dengue em Maceió, Alagoas, no período 1997 a 2002

Objetivos: Descrever a incidência, os fatores entomológicos e os ambientais para análise do perfil epidemiológico da dengue no município de Maceió. Métodos: O estudo compreendeu o período de 1997 a 2002, utilizando-se dados secundários sobre casos da dengue, índice de infestação por Aedes aegypti, temperatura e chuva, obtidos na Fundação Nacional de Saúde e Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas. Os coeficientes foram calculados para anos, meses e bairros. O Índice Predial e a chuva foram obtidos mensalmente. Teste de correlação estatística foi empregado para observar associações entre as variáveis chuva, temperatura, incidência e índice de infestação vetorial. Resultados: Os coeficientes de incidência anuais no período de estudo variaram de 3,3 a 65,4 casos por 10.000 habitantes, enquanto que as incidências mensais variaram de 1,1 a 229,3 casos por 100.000 habitantes. Nos anos de 1999, 2000 e 2001, as incidências para dengue no município estiveram em torno de 3,9 casos por 10.000 habitantes. Verificou-se que o maior número de casos notificados ocorreu entre a 9ª e 25ª semanas epidemiológicas, período referente aos meses de março a junho. As faixas etárias menor de 14 anos; 15 a 49 anos e 50 e mais, mostraram valores diferentes segundo o ano examinado. Análise comparativa entre os anos epidêmicos de 1998 e 2002 mostrou que apenas os meses de março a junho apresentaram coeficientes entre 17,3 a 39,0 casos por 100.000 habitantes. O coeficiente de incidência foi sempre maior no sexo feminino no período. Conclusões: O padrão sazonal da dengue em Maceió revelou níveis de ocorrência mais elevada no primeiro semestre de cada ano. Ficou claro que as condições ambientais favoreceram a endemicidade dos três sorotipos da dengue. A medida da infestação pelo Índice Predial (IP) revelou urna distribuição não homogênea da presença de Ae. aegypti entre os bairros de Maceió.

Ano

2003

Creators

Ozinaldo Oliveira dos Santos

Acurácia do preenchimento dos atestados de óbito com a validação diagnóstica por meio das autópsias realizadas em hospital universitário do município de São Paulo, 2001

Este trabalho teve por objetivo avaliar a acurácia na declaração da causa básica de morte nos atestados de óbito comparando-os com a história clínica e autópsia de casos de pacientes falecidos no ano de 2001 em um Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo do Município de São Paulo. É um estudo transversal com delineamento observacional, aferição histórica e não controlado. Os resultados demonstraram que, dos 258 óbitos estudados, 213 (82,5%) apresentaram concordância e 45 (17,5%) discordância na análise da história clínica x autópsia, história clínica x atestado de óbito e atestado de óbito x autópsia. Dos 45 óbitos, 28 (62%) apresentaram discordâncias entre o atestado de óbito x autópsia e 17 (38%) concordâncias entre o atestado de óbito e autópsia. Desses 28 óbitos, 27 apresentaram as causas consequenciais de morte da Parte I do atestado de óbito preenchidos incorretamente e apenas 1 (um) apresentou a causa básica de morte preenchido incorretamente. Na Parte II do atestado de óbito não houve mensão de fatores de risco como tabagismo, obesidade, etilismo e outros, quando referidos na história clínica. O mesmo ocorreu com os intervalos entre o início da doença e a morte. Portanto, mesmo sendo considerados \"padrão ouro\", os diagnósticos de autópsia, os atestados de óbito não foram preenchidos corretamente e portanto a acurácia de 100% que se esperava não foi atingida.

Ano

2003

Creators

Ana Maria Sanches

Estudo epidemiológico sobre a malária humana e simiana e infecção de anofelinos em áreas de baixa endemicidade no Estado de São Paulo

Foi realizado estudo epidemiológico de malária em duas localidades do Vale do Ribeira: Parque Estadual Intervales e Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Nestas regiões circundadas por Mata Atlântica, são encontradas algumas espécies de macacos e anofelinos, estes últimos, representados em sua maioria pelo subgênero Kerteszia. Em nossas áreas de estudo e nos municípios que as circundam têm ocorrido anualmente casos de malária autóctone. Os objetivos principais do estudo foram: avaliação da prevalência de anticorpos anti-formas assexuadas de P. vivax e P. malariae, de anticorpos antiproteína circumsporozoíta de P. vivax \"clássico\", suas variantes e P. malariae/P. brasilianum e de infecção de populações humanas, de anofelinos (provenientes das áreas de estudo) e de macacos (provenientes do Estado de São Paulo) por plasmódios. Foram feitas fichas de investigação e examinadas lâminas com esfregaços e gotas espessas de 318 indivíduos, que foram negativas. De 61 lâminas de macacos do DEPAVE, em 2 delas foram vistas formas trofozoítas semelhantes ao P. vivax. Os soros foram submetidos às reações de Imunofluorescência Indireta (IFI) com antígenos de formas assexuadas de P. vivax e P. malariae e à reação imunoenzimática (ELISA) com peptídeos sintéticos contendo as regiões repetitivas da proteína circunsporozoíta (CSP) de P. vivax \"clássico\" (Pvc), P. vivax VK247 (Pvk), P. malariae/P. brasilianum (Pm/Pb) e P. vivax-like humano/P. simiovale (Pvl). Das hemácias de humanos e macacos foi extraído DNA para ser submetido à Reação de Polimerização em Cadeia (PCR) para detecção de plasmódios. A positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG foi surpreendentemente elevada nas 2 áreas em estudo: 49,0% no PETAR e 32% em Intervales. Nesse mesmo teste com antígeno de P. malariae, a positividade no PETAR foi de 19,3% e em Intervales, 16,0%. Na técnica de ELISA, foi encontrada maior prevalência para o peptídeo de Pvl (29,7%) no PETAR e em Intervales, para Pvc (35,0%). Entre os macacos, a positividade na IFI com antígeno de P. vivax da classe IgG também foi elevada, ou seja, 44,0%. Com o antígeno de P. malariae, a positividade em IFI foi de 26,5%. Em ELISA, as maiores prevalências foram encontradas com os peptídeos de Pvc (23,0%) e Pm/Pb (18,0%). No PCR em humanos, foi encontrado um indivíduo de Intervales com P. malariae, 2 indivíduos também de Intervales com P. falciparum e 3 indivíduos do PETAR positivos para P. falciparum e P. vivax. No PCR em macacos, 3 deles (1 macaco prego e 2 bugios) foram positivos para o gênero Plasmodium. Os anofelinos capturados no PETAR e no Parque Intervales tiveram PCR negativo. A elevada positividade encontrada em IFI, especialmente com antígeno de P. vivax, foi surpreendente, mas reproduziu o resultado descrito em trabalhos anteriores. Dentre 318 indivíduos do PETAR e Intervales, 15 tiveram IFI da classe IgM positiva com antígeno de P. malariae e 3 deles, com antígeno de P. vivax, isso em regiões onde as pessoas não relatam sintomas típicos de malária, por vezes, queixam-se de sintomas semelhantes aos da gripe ou resfriado. Diante dos casos de malária assintomática que foram encontrados nas áreas de estudo, preocupamo-nos com as diretrizes traçadas para o controle da malária em tais regiões. Assim sendo, pretendemos que nossos resultados venham contribuir para reformular o Programa de Controle de Malária desempenhado pela Superintendência de Controle de Endemias - SUCEN, a fim de procurar minimizar o aumento do número de casos de malária autóctone nessas áreas ou até mesmo diminuí-los e evitar que moradores dessas localidades funcionem como fonte de infecção.

Aspectos epidemiológicos da malária humana e simiana em área de influência do reservatório da usina hidrelétrica de Porto Primavera, Município de Presidente Epitácio, São Paulo, Brasil

Objetivo: Verificar a prevalência de infecções maláricas, anticorpos contra formas infectantes (esporozoítos) e anticorpos contra formas sangüíneas (assexuadas) de plasmódios, nas populações humanas e de bugios (Alouatta caraya), que habitam a região do reservatório da UHE de Porto Primavera, no Município de Presidente Epitácio, no Estado de São Paulo; área com história de malária autóctone. Comparar os resultados encontrados em ambas populações e realizar análise epidemiológica sobre o risco da re-introdução da malária na região e a possibilidade do envolvimento de bugios no ciclo de transmissão. Métodos: Amostras de sangue de 216 moradores de duas áreas que se situam às margens do reservatório, Campinal (área nativa) e Reassentamento Lagoa São Paulo (RLSP); e amostras de sangue de 239 bugios capturados nas matas ciliares das margens correspondentes aos lados do de São Paulo e Mato Grosso do Sul, por ocasião das inundações do lago artificial. Foram realizados exame parasitológico de gota espessa e esfregaço sangüíneo e reação de polimerização em cadeia (PCR), com \"primers\" correspondentes a região 18S rRNA gênero específica de plasmódio e, \"primers\" correspondentes ao gene da proteína circumsporozoíta (CS) de Plasmodium vivax, P. falciparum e P. malariae, para identificação de infecções maláricas. Foram realizados os seguintes testes sorológicos para detecção de anticorpos da classe IgG: ELISA com peptídeos sintéticos correspondentes à região repetitiva da proteína CS de P. vivax \"clássico (VK210) (Pvc), P. vivax \'\'variante\'\' (VK247) (Pvk), P. vivax-like humano (Pvl), P. malariaelP.brasilianum (PmlPb) e P. falciparum (Pf), e Imunofluorescência Indireta (IFI) com antígenos de formas sangüíneas de P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Resultados: No exame parasitológico, foram encontradas formas semelhantes ao P. vivax em 7 lâminas de gota espessa (2,9%) de bugios, sendo 2 espécimes de São Paulo (SP) e 5 do Mato Grosso do Sul (MS). Na técnica de PCR, foram observadas amplificações em 7 amostras de DNA de bugios (4 de SP e 3 do MS) com os \"primers\" 18S rRNA gênero específico (2,9%), sendo que destas, 4 amplificaram também, com os \"primers\" correspondentes ao gene CS de P. vivax, e 2 com \"primers\" espécie específicos de P. falciparum (18S rRNA). Não foram observadas amplificações nas 7 amostras positivas testadas com os \"primers\" CS de P. falciparum e P. malariae. Não foram identificadas infecções maláricas na população humana amostrada, por meio dos métodos utilizados. Na reação de ELISA verificamos alta prevalência de anticorpos contra a proteína CS com os peptídeos do \"Complexo vivax\" na população humana (17,6%). No Campinal a positividade foi de 22,3%, sendo a maioria dos soros positivos com o peptídeo Pvc (11,5%), no RLSP a positividade foi de 10,5%, sendo a prevalência maior para o peptídeo Pvl (7,0%). A prevalência com os peptídeos PmJPb e Pf foi de 3,8% para ambos no Campinal, e de 2,3% e 7,0% no RLSP, respectivamente. Na reação de IFI com antígeno de P. vivax, a positividade total foi de 20,8%, sendo 21,5% no Campinal e 19,8% no RLSP. Os soros humanos foram negativos com os antígenos de P. falciparum e P.malariae. Na população de bugios foi verificada também alta prevalência de anticorpos com os peptídeos do \"Complexo vivax\", sendo 19,6% e 8,8% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Houve maior predominância de soros positivos com peptídeo Pvk em ambas localidades. A positividade com os peptídeos Pm/Pb e Pf foi de 12,7% e 10,8% nos macacos de SP, respectivamente; e 7,3% nos macacos de MS, para ambos os peptídeos. Na reação de IFI, foi observada alta prevalência de anticorpos contra formas sangüíneas de P. vivax nos bugios (17,6%), sendo 15,7% e 19,0% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Com o antígeno de P. falciparum a prevalência na totalidade da amostra foi de 5,0%, sendo 5,9% e 4,4% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Com o antígeno de P. malariae a positividade foi de 13.4%, sendo 9.8% e 16.1% nos bugios de SP e MS, respectivamente. Conclusões: Não foi observada a circulação de plasmódios na população humana, entretanto foi verificada a presença de P. vivax e P. falciparum nos bugios. A prevalência de anticorpos contra esporozoítos (proteína CS) de plasmódios (P. vivax, P. falciparum e P.malariae), indicou que ambas populações, humanas e de bugios da área de estudo, entram em contatos com estes parasitos. A prevalência de anticorpos contra formas sangüíneas indicou o desenvolvimento de infecções maláricas em ambas populações, humanas e de bugios, sugerindo a ocorrência de quadro assintomático entre humanos e confirmando a ocorrência de infecção entre os macacos. A comparação dos resultados sugere a ocorrência de um quadro de transmissão na população de bugios, que possivelmente envolve a população humana na situação epidemiológica atual. Em função dos resultados das pesquisas entomológicas conduzidas paralelamente na mesma área de estudo, indicarem o aumento da densidade de espécies vetoras, este quadro pode mudar, e com isso prevemos o aumento do risco da re-introdução da malária na população humana.

Ano

2003

Creators

Ana Maria Ribeiro de Castro Duarte

Avaliação da organização da assistência ambulatorial a pessoas vivendo com HIV/AIDS no Brasil: análise de 322 serviços em 7 estados brasileiros (CE, MA, MS, PA, RJ, RS, SP)

Os resultados do Programa de Aids dependem da qualidade do cuidado prestado, especialmente no contexto de acesso universal à terapia tripla combinada de alto impacto (HAART). Este estudo objetivou avaliar a qualidade do cuidado de 322 serviços ambulatoriais que prestam cuidado a 72% (87.000) dos pacientes brasileiros em uso da HAART. As equipes dos serviços responderam 112 questões estruturadas que descrevem as características do serviço prestado, disponibilidade de recursos e de gerenciamento. Grupos focais e estudo piloto em 20 serviços definiram o questionário. As respostas foram classificadas em 3 escores: zero (baixo), 1 (médio) e 2 (alto). Os serviços foram classificados de acordo com as médias de todas as variáveis e foram agrupados baseados na técnica \"K-means Cluster Analysis\". A análise foi validada por comparação com avaliação qualitativa realizada previamente em 27 serviços. O resultado mostrou médias altas nos indicadores de disponibilidades de medicamentos, teste laboratoriais e recursos humanos. Os indicadores mostraram que o processo do cuidado e a gerência técnica têm médias baixas. A média geral dos serviços foi 1,128 (56% do máximo), a menor foi 0,563 (28%) e a maior foi 1,680 (84%). A análise das K\'Médias distinguiu quatro grupos de qualidade. O melhor grupo inclui 76 serviços (23,6%), o segundo 53 (16,4%), o terceiro 113 (35%) e o pior 80 (24,8%). Estes resultados foram discutidos com administradores e profissionais do Programa de Aids. Eles serão usados para desenvolver um guia de condutas a ser disponibilizado pela Internet para ajudar os gerentes a monitorar a qualidade do cuidado em todo o país.

Ano

2003

Creators

Regina Melchior

Contribuição para o estudo da resposta imunológica conferida pela vacina BCG

O presente trabalho tem como finalidade estudar a resposta imunológica em escolares do sexo masculino, de 14 a 20 anos de idade, vacinados há 2 e 12 meses com BCG intradérmico, pertencentes a três Escolas do SENAI, nos municípios de Osasco, São Bernardo do Campo e São Paulo, Brasil, no período de agosto a dezembro de 1979. A população de estudo, constituída de 900 escolares, foi distribuída em três grupos: vacinados há 2 meses, vacinados há 12 meses e não vacinados, segundo as variáveis: idade, cor, sintomático respiratório, comunicante e presença de cicatriz pós-vacinal. Foram feitos 270 testes imunológicos, de transformação blástica de linfócitos para avaliar a resposta celular, e teste de hemaglutinação passiva para verificar a resposta humoral, pela pesquisa de anticorpos específicos. Simultaneamente foi realizado o teste tuberculínico com PPD Rt23 2UT,para avaliar a conversão tuberculínica pós-vacinal e a correlação da mesma com as respostas imunológicas. A resposta imunológica celular apresentou maior porcentagem de positividade do que a resposta humoral e se manteve praticamente inalterada no decurso de 2 para 12 meses. Não houve associação estatisticamente significativa entre a resposta imunológica celular e reatividade tuberculínica, nas pessoas vacinadas há 2 e 12 meses. Não houve relação entre reatividade tuberculínica, presença de cicatriz pós-vacinal e resposta imunológica.

Ano

1982

Creators

Eloisa Aparecida Guedes