Repositório RCAAP
População domiciliada de cães e gatos em São Paulo: perfil obtido através de um inquérito domiciliar multicêntrico
Introdução: A relação entre cães, gatos e seres humanos é antiga e ainda polêmica ,principalmente, nos aspectos referentes à questão da saúde. O desequilíbrio na população animal levou a excessos populacionais, que junto com a falta de saneamento e o crescimento desordenado das cidades, propiciaram a disseminação de zoonoses, principalmente, nas metrópoles. Ainda não é claro o risco dos animais à população humana frente aos benefícios possíveis. Justificativa: As freqüentes interações entre o homem e animais de estimação propiciam surgimento de novas zoonoses, tornando fundamental o conhecimento da dinâmica populacional de cães e gatos nas diferentes cidades brasileiras. A análise desses parâmetros, através de um inquérito domiciliar, abrirá um novo leque de opções, que permitirá novos conhecimentos técnicos e poderá ser um norteador de políticas públicas para essa área tão carente de informação. Objetivo: Analisar o perfil da população domiciliada de cães e correlacionando com as condições dos domicílios e do seu entorno e o nível sócio- econômico dos proprietários de animais. Material e Método: Foram utilizados dados de estudos de corte transversal e base populacional, com uso de questionários aplicados em entrevistas domiciliares. A área estudada foi o município de São Paulo, as entrevistas foram realizadas em 2003, como parte do Inquérito de Saúde no Município de São Paulo ISA - CAPITAL". O presente projeto analisou o bloco de entrevistas que versa sobre a questão de cães e gatos nos domicílios. A análise geral dos dados foi realizada pelos softwares SPSS e STATA. Resultados: Em 42,77 % dos lares há presença de cães e/ou gatos. A média de idade dos cães nas residências é de 4,28 anos e a dos gatos é de 3,44 anos. Houve predominância de fêmeas na população felina e de machos na canina. Foi notada uma alta porcentagem, 90,13 % dos cães e 71,93% dos gatos, de vacinação contra a Raiva , nos últimos 12 meses. As clínicas particulares têm grande importância na vacinação contra a Raiva com 29,8 % dos cães vacinados em clínicas e 55,5 % dos gatos. Conclusões Finais: Há necessidade de um sistema de informação entre clínicas particulares e serviço público, principalmente no tocante à vacinação contra a raiva; maior número de estudos sobre a população felina na cidade; programas educativos para a população em geral e para os cuidadores" de cães.
Casos notificados de AIDS no município do Rio de Janeiro, 1983-1993: análise de sobrevida
O objetivo desta tese foi analisar a sobrevida dos pacientes notificados com aids no Município do Rio de Janeiro de 1983 a 1993 enfocando, especialmente, os modelos de Kaplan-Meier e de riscos proporcionais de Cox. Utilizamos o banco de dados (Aidscon) da Vigilância Epidemiológica do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis/ Aids, da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, onde corrigimos as informações até 1987, considerando as variáveis sexo, escolaridade, ano do diagnóstico, categoria de exposição e doença de apresentaçâo. Até essa data, a duração da sobrevida mediana correspondeu a 96 dias e, quando foram retirados os indivíduos com somente um dia de observação, esta aumentou para 146 dias. Observou-se uma mediana de 124 dias e 62 dias para indivíduos com idades respectivamente até 35 anos e 36 anos ou mais, cuja razão da função de riscos (HR) correspondeu a 1,41 (95% de I.C. = 1,20 - 1,66) com valor de p < 0,001. Quanto à doença de apresentação, indivíduos que tiveram tuberculose apresentaram uma sobrevida mediana de 197 dias. A razão de riscos quando comparados com as demais doenças de apresentação foi de 0,70, com valor de p = 0,002. Para aqueles que tiveram sarcoma de Kaposi como doença de apresentação, a sobrevida mediana correspondeu a 244 dias com HR de 0,72 e valor de p = 0,007. Verificamos, também, a existência da associação entre o sarcoma de Kaposi com ou sem candidíase oral como doença de apresentaçâo e a prática homo/bissexual (OR = 3,78). O pior desempenho na duraçâo da sobrevida mediana (49 dias) foi verificado para os pacientes diagnosticados com criptosporidíase com candidíase oral, cuja HR foi 1,45 e valor de p = 0,016. Analisamos conjuntamente os efeitos da idade e da doença de apresentação, observando que estes efeitos eram independentes. As demais variáveis não mostraram diferenças significativas na sobrevida. No período de 1987-1993, detectamos uma piora no registro de informação da maioria das variáveis, particularmente, na data do óbito, intensificada a partir de 1988, o que inviabilizou a extensão da análise de sobrevida até 1993. A análise comparativa com o SINAN (atual banco de dados utilizado pelo Programa DST-Aids) apontou redirecionamentos em sua estrutura. Foram feitas sugestões para o funcionamento da vigilância epidemiológica, entre elas, a necessidade de ênfase no treinamento dos recursos humanos e a incorporação e melhoria na utilizaçâo de outras fontes de dados como o Sistema de Mortalidade e de Registro de Internações Hospitalares.
1997
Angela Maria Jourdan Gadelha
Análise de estimadores das curvas de sobrevivência em estudos de pequena escala, sob dados censurados
Mediante o estudo do viés e erro médio quadrático, foi com- parado o desempenho dos estimadores F-N-P* de Kaplan e Meier (1958) e de Kitchin (1980) e do estimador bayesiano** de Salinas e Pereira (1992), das curvas de sobrevivência sob dados censurados. Além disso, foi pesquisado e comparado outro estimador F-N-P para esse mesmo fim, que foi chamado estimador modificado de Kitchin (pela mudança realizada na taxa de risco acumulada do estima dor de Kitchin nos subintervalos formados pelos tempos consecutivos das ocorrências dos eventos de interesse). As estimativas são calculadas e comparadas primeiramente em um exemplo de dados clínicos reais de transplantes renais humanos e depois em amostras geradas por simulação a partir de modelos teóricos, assumindo distribuições exponencial e de Weibull. As simulações indicaram que o estimador de Kaplan e Meier é melhor que os demais, isto é, tem menor erro quadrático médio em todas as circunstâncias abordadas. Neste mesmo sentido o estimador modificado apresentou-se melhor que o de Kitchin. Com uma priori não informativa, o estimador de Salinas e Pereira teve melhor desempenho que o modificado de Kitchin. A análise simultânea do desempenho e simplicidade operacional aponta para os estimadores de Kaplan e Meier e Modificado de Kichin, nessa ordem. * A sigla refere-se à inferência estatistica segundo a metodologia desenvolvida por Fisher, Neyman e Pearson, também conhecida como \"inferência clássica\"(15,37). ** O termo refere-se à inferência estatística desenvolvida segundo a linha filosófica sugerida por um trabalho de Bayes (1763) (15).
Mortalidade em migrantes: o caso dos japoneses no estado do Paraná
Introdução - Tendo como premissa o entendimento que o estudo acerca do perfil de morbimortalidade de populações migrantes pode trazer contribuições para melhor compreender a epidemiologia das doenças, principalmente as de natureza crônico- degenerativa, analisou-se a experiência de mortalidade de uma população de nascidos no Japão, residentes no Estado do Paraná, comparativamente à dos habitantes no Japão e no Estado do Paraná. Material e método - A população analisada foi constituída pelos imigrantes japoneses - isseis - residentes no Estado do Paraná, com 50 anos e mais de idade, identificados por ocasião do X Recenseamento Geral do Brasil, em primeiro de setembro de 1991. Informações sobre óbitos, ocorridos entre primeiro de março de 1990 e 28 de fevereiro de 1993, foram apuradas do banco de dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. As principais causas básicas de morte foram analisadas após calcular coeficientes de mortalidade padronizados por idade, ajustados pela população mundial de 50 anos e mais, em cada sexo, para isseis, residentes no Japão e no Paraná. A Razão de Mortalidade Padronizada (RMP) e o respectivo intervalo de 95% de confiança foram estimados para causas selecionadas entre isseis/residentes no Japão e isseis/residentes no Paraná. Resultados - Entre os principais resultados, observou-se que o coeficiente padronizado de mortalidade geral das mulheres isseis de 50 anos e mais situou-se em posição iatermediária quando comparado ao das residentes no Japão e no Paraná, enquanto que o dos homens apresentou valor bastante próximo ao da população masculina do Japão. No tocante às causas específicas, observou-se entre isseis do sexo masculino, quando comparados com a população do Japão, coeficientes significativamente mais baixos para câncer de estômago, cólon, pulmão e próstata, porém, mais altos para diabetes, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares. Em relação às mulheres isseis de 50 anos e mais, somente o coeficiente de mortalidade por câncer de pulmão apresentou-se significativamente inferior ao das habitantes do Japão. Com exceção de câncer de estômago (mulheres), câncer de cólon e suicídio, para a maioria das outras causas estudadas foram verificados coeficientes de mortalidade entre isseis (de ambos os sexos) comparativamente mais baixos do que da população total do Paraná; esta diferença foi estatisticamente significante. Todavia, especificamente para diabetes mellitus e doenças cerebrovasculares (mulheres), não foram constatadas diferenças significantes. Conclusão - Os resultados obtidos permitem evidenciar um afastamento do padrão de mortalidade de isseis quando comparado ao de seu país de origem e uma sensível aproximação ao padrão do local de destino. Tais constatações sugerem influência de fatores sócio-culturais, principalmente das práticas dietéticas, no perfil apresentado.
1997
Regina Kazue Tanno de Souza
Acidentes de transporte terrestre em Londrina - PR: análise das vítimas, dos acidentes e das fontes de informação
Foram estudadas as vítimas (3643) de acidentes de transporte terrestre ocorridos no primeiro semestre de 1996, em Londrina, Estado do Paraná. Esse conjunto de vítimas abrangeu aquelas registradas pela Polícia Militar, as que faleceram no local do evento ou no trajeto para o hospital, além daquelas que compareceram aos serviços de prontos-socorros para atendimento ou internação através do Sistema Único de Saúde, para as quais foi observado um prazo de 180 dias para verificação de ocorrência de óbito. As fontes de dados foram os Boletins de Ocorrência policial, as fichas de atendimento em pronto-socorro, os laudos das Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs), as Declarações de Óbito e outras fontes complementares, como as Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), notícias publicadas na imprensa escrita e entrevistas com as vítimas ou familiares. O objetivo do trabalho foi o de caracterizar as pessoas segundo seu papel desempenhado no acidente (de acordo com a Classificação Internacional de Doenças, décima revisão) e através de outras variáveis de importância epidemiológica. Visou, ainda, a avaliar a cobertura e qualidade das diversas fontes oficiais de dados, do Município, sobre vítimas de acidentes de transporte terrestre, através da comparação dos dados obtidos por essas fontes com o que se verificou após a pesquisa. Os resultados mostraram que as principais categorias de vítima acidentadas no Município de Londrina foram os motociclistas (44,4%), ciclistas (20,9%), ocupantes de automóvel (19,2%) e pedestres (11,6%). Entre essas vítimas, predominaram as jovens (15 a 24 anos) e as do sexo masculino, embora diferenças quanto a esse perfil tenham sido evidenciadas paras as diferentes qualidades de vítimas. A maioria dos acidentes foi classificada como de trânsito e de veículo a motor (92,2%). Quanto ao local de moradia, quase a totalidade (93,7%) era residente em Londrina, sendo que a área rural apresentou um coeficiente de incidência menor do que a área urbana e, nesta, houve variações, por regiões, desde um coeficiente de 1266,8 até 2066,1 por 100.000 habitantes. A análise segundo o nível de atendimento e evolução mostrou que, da coorte de 3643 vítimas, 393 (10,8%) foram internadas e 65 (1,8%) faleceram após o acidente ou em um período de até 180 dias. De forma geral, pedestres apresentaram as maiores taxas de internação e de letalidade (18,0% e 4,9%, respectivamente), seguidos dos motociclistas (11,7% e 1,1%). Análise das características dos acidentes, no entanto, evidenciou maiores taxas de letalidade para os motociclistas que colidiram com objeto fixo (29,4%) e para pedestres atropelados por veículo de transporte pesado ou ônibus (22,2%). Relacionando idade e qualidade da vítima, os maiores coeficientes de mortalidade, para residentes no Município, foram apresentados por pedestres de 70 a 79 anos e por motociclistas na faixa dos 15 aos 29 anos. Com relação às lesões apresentadas, entre as vítimas atendidas em pronto-socorro, que receberam alta, predominaram os traumatismos superficiais. Fraturas foram os principais tipos de lesões entre os internados e, nos que morreram, prevaleceu o traumatismo intracraniano. Os tipos e segmentos corpóreos apresentaram distribuições diferentes, conforme a qualidade da vítima e evolução. Apesar de uma perda importante de informação quanto às características do acidente, verificou-se que a maior parte das pessoas acidentou-se no final de semana e no horário compreendido entre 18 e 24 horas, com diferenças segundo as diversas qualidades das vítimas. No que se refere ao local do acidente, verificou-se maior concentração de vítimas, por quilômetro quadrado, na região Centro, seguida pela Norte, com amplas variações dessas taxas nos diferentes espaços urbanos. O mapeamento dos acidentes que resultaram em óbito indicam algumas vias propícias para esses eventos, principalmente aquelas que possibilitam, para os veículos, o desenvolvimento de velocidades altas, como as avenidas e rodovias que cruzam a área urbana. Quanto às diversas fontes de dados, os resultados apontam para a necessidade de melhoria, tanto da cobertura dos registros policiais, que captaram somente 32,5% das vítimas, como da qualidade da informação médica no que se refere às circunstâncias do acidente.
Aspectos epidemiológicos e avaliação das medidas de controle da leishmaniose visceral americana no Estado de São Paulo, Brasil
O controle da leishmaniose visceral americana (LVA) tem encerrado controvérsias quanto à efetividade das diferentes medidas empregadas, e sua manutenção apresenta custos elevados. Dada a essa problemática, esse estudo teve como objetivo avaliar as intervenções do Programa de Controle da LVA no Estado de São Paulo. Foram selecionadas três áreas no município de Araçatuba onde a LVA canina vinha ocorrendo: área Testemunha, onde se realizou somente a eliminação de cães soropositivos; área Tratada, onde foram realizadas a aplicação de cipermetrina nos imóveis e anexos, e a eliminação de cães soropositivos; área Calagem, onde foram realizados o manejo ambiental pela remoção de matéria orgânica e aplicação de calcário dolomítico no peridomicílio e terrenos baldios e a eliminação de cães soropositivos. As capturas mensais de flebotomíneos foram realizadas numa amostra de 123 residências, de 1999 a 2001. Para conhecer a preferência alimentar de L. longipalpis foi utilizado o teste de precipitação com antisoros de humano e de animais domésticos. Durante as capturas foram realizadas as medidas de temperatura e umidade relativa do ar. Quanto ao cão, uma coorte dinâmica foi acompanhada em cada área. A infecção canina foi detectada pela técnica de imunofluorescência indireta e calculadas as taxas de prevalência e incidência. A eliminação ocorreu quando os títulos foram iguais a 1/40. Para comparar as médias de L. longipalpis no intra e peridomicílio das áreas Tratadas e Calagem com a Testemunha foi utilizado o teste H de Kruskall-Wallis. A análise dos fatores associados com a presença do vetor foi feita pelo método de regressão logística múltipla. A probabilidade do cão de adquirir a infecção foi realizada pela técnica de regressão complementar loglog. Também, foi analisada a relação custo-efetividade das atividades do Programa. A análise da freqüência de L. longipalpis revelou maior densidade nos meses de janeiro a abril e de setembro a dezembro. A maior chance da presença do vetor no peridomicílio foi observada no horário das 20h00 às 21h00, temperaturas médias entre 20 a 29°C, e umidade relativa do ar inferior a 80%. O vetor apresentou hábito alimentar eclético, porém com elevado grau de cinofilia. Os tratamentos químicos dos imóveis e o manejo ambiental mostraram eficácia na redução do vetor no intradomicílio. Verificou-se que a chance x de presença do vetor foi mais elevada na área sem nenhuma intervenção contra o vetor (OR=6,13), enquanto a área Calagem mostrou metade dessa chance (OR=3,08) quando comparada à área com intervenção química. Em relação ao cão, observou-se que a infecção foi maior em cães sem raça definida do que entre os cães de raça. Entre os cães e raça, as maiores positividades ocorreram entre cães de tamanho grande, do tipo Dogue, onde a chance de infecção foi mais 2,5 vezes do que nos demais do grupo; os cães de pêlo liso tiveram 2,06 vezes mais chance de infecção do que os de pêlo crespo; cães com hábito de dormir no intradomicílio demonstraram menor participação na manutenção na doença. A comparação entre as prevalências inicial e final não mostrou diferença significativa nas três áreas estudadas, bem como, não houve diferença no comportamento da incidência acumulada canina nas três áreas. Considerando os períodos de maior densidade vetorial e maior prevalência da infecção canina, o período pré-patente para a detecção de títulos IFA no cão pode ser considerado de 4 a 5 meses. Com o controle vetorial houve a redução da densidade de L. longipalpis. Entretanto, não houve diferença significativa na incidência da LVA canina entre as áreas, levando a concluir que a redução da população do vetor não teve efeito sobre a doença canina, no entanto nenhum caso humano ocorreu nas três áreas, embora tenham ocorrido nas áreas vizinhas do município. Isto sugere que as medidas de controle foram eficientes e a eliminação de cães infectados reduziu a chance de infecção humana. Para a diminuição da incidência humana, a eliminação de cão foi a medida de melhor relação custo-efetividade. Em relação ao vetor, o manejo ambiental foi a medida mais custo-efetiva atingindo 80 a 100% de efetividade para o intradomicílio. No peridomicílio, as duas medidas de controle foram inefetivas para redução da população do vetor. Recomenda-se que o manejo ambiental seja empregado em todo o município como medida de prevenção em área urbana, e o controle químico passe a ser empregado em situações epidêmicas envolvendo a população humana.
2004
Vera Lúcia Fonseca de Camargo Neves
Epidemiologia da rubéola no município de São Paulo, 1992 - 2001
O objetivo deste trabalho é estudar o comportamento epidemiológico da Rubéola no Município de São Paulo, Brasil, de 1992 a 2001, numa análise série-temporal, a partir da inclusão do plano de controle. Descreveu-se a distribuição espacial da circulação do vírus da Rubéola no Município segundo Distritos de Saúde e avaliou-se a possibilidade de concentração da incidência da rubéola em áreas geográficas específicas. A partir de dados fornecidos pela Divisão de Doenças de Transmissão Respiratórias da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo, foram levantados números de casos categorizados por data, idade, sexo, situação vacinal, se gestante, contato com outro caso de rubéola e domicílio. O ano de 2000 foi o de maior ocorrência com Coeficiente de Incidência (Cl) de 13,361100.000 hab. A faixa etária com maior incidência foi de 20-29 anos, (40,16/100.000 habitantes) no mesmo ano. A distribuição por sexo, não apresentou diferença significativa. Quanto à situação vacinal 13,16 % tinham conhecimento de ter tomado a vacina contra a rubéola. 3% dos casos de rubéola ocorreram em gestantes nos 10 anos de notificação. 23,7% dos pacientes referiram contato anterior a infecção, com pessoas com rubéola. Estes pacientes se concentraram em dois ambientes com maior porcentagem de contágio: o domicílio (37,15 %) e o local de trabalho (22,89 %). Os Distritos de Saúde onde ocorreram repetições de valores atípicos alto do período de notificação foram: Butantã, Santana, Mooca, Sto. Amaro, Jabaquara, Santa Cecília e Vila Matilde. Não houve evidência de agregação geográfica no período. Ocorreram repetições de valores atípicos baixos com zero notificação em vários distritos de saúde em cinco anos do estudo. Foram feitas comparações da distribuição espacial da rubéola com a densidade demográfica e com a renda média mensal nos distritos de saúde e não foi encontrada associação.
Participação da enfermagem na melhoria de assistência aos pacientes portadores de Blastomicose Sul-Americana
No presente estudo procurou-se informações sobre o nível de conhecimentos sobre B.S.A., do pessoal de enfermagem e demais pessoal que trabalha na Clínica de Medicina Tropical do Hospital das Clínicas da UFGO, bem como as possíveis causas do não comparecimento dos pacientes à consulta, após alta. Procurou-se também mostrar a necessidade de um trabalho educativo junto aos pacientes hospitalizados, a fim de prepará-los para uma vida nomal no âmbito da família e da comunidade a que pertencem. Concluiu-se que o conhecimento sobre B.s.A. do pessoal que trabalha na referida Clínica é insuficiente para o seu devido tratamento e controle, e que as possíveis causas do não retorno são: não sentem piora da doença, viagens, esquecimento, imprevistos e não julgarem necessário.
Contribuição da educação para a saúde nos programas de luta contra a tuberculose
Na parte inicial do trabalho, são apresentadas considerações gerais sobre Educacão Geral e Educacão para a Saúde. A filosofia atual destes processos é mostrada, como práticas essencialmente ativas que dão ênfase especial ao indivíduo como ser humano e como tal, influenciado no seu comportamento pelos vários fatores que o envolvem. A história da Tuberculose é relembrada, com suas características especiais de infecciosidade e contágio. A Revisão Bibliográfica inclue trabalhos que mostram a evolucão das atividades educativas específicas. Numa análise retrospectiva os assuntos são interligados, de forma a proporcionar a todos os que participam da luta contra a tuberculose a compreensão de suas responsabilidades educativas e a necessidade de desempenhá-las dentro de um verdadeiro trabalho de equipe. Destaque deve merecer a inclusão da Educação para a Saúde nos programas. Juntamente com outras medidas profiláticas, o seu emprego proporciona contribuição sensível para o desenvolvimento do controle da doença.
Estilo de vida saudável em São Paulo
Estudos epidemiológicos têm comprovado a associação que as doenças cardiovasculares mantêm com um conjunto relativamente pequeno de fatores de risco modificáveis, como o tabagismo, o consumo de álcool, a dieta inadequada e a inatividade física. Objetivos: Analisar o estilo de vida saudável e não saudável da população adolescente, adulta e idosa do município de São Paulo, de acordo com as variáveis demográficas, socioeconômicas e com a quantidade e o tipo de domínios não cumpridos. Métodos: Trata-se de estudo transversal, de base populacional, realizado em 2008 e que utilizou dados do Inquérito de Saúde do Município de São Paulo (ISA-Capital 2008). As informações foram obtidas por meio de um questionário estruturado e entrevistas domiciliares realizadas por pessoas treinadas e supervisionadas durante toda a realização do inquérito. A população do estudo foi obtida por amostragem probabilística complexa, por conglomerados, em dois estágios: setores censitários e domicílios. Das 3271 pessoas entrevistadas, 1652 indivíduos adolescentes (1219; =15,3 anos), adultos (2059; =38,7 anos) e idosos (60 ou mais; =70,8 anos) de ambos os sexos possuíam dados de avaliação da atividade física, tabagismo, consumo alimentar, consumo abusivo e dependência de álcool. O estilo de vida foi determinado pela avaliação de cinco domínios: atividade física, consumo alimentar, tabagismo, consumo abusivo e dependência de álcool, de acordo com as respectivas recomendações. Os indivíduos foram classificados em: estilo de vida saudável ou não saudável. Aqueles classificados como não saudável também foram categorizados de acordo com a quantidade e o tipo de domínios não cumpridos. Foram calculadas as estimativas de prevalência e o teste qui-quadrado, com p<0,05. Resultados: A prevalência de estilo de vida saudável foi de 36,9 por cento entre os idosos, 15,4 por cento entre os adultos e 9,8 por cento entre os adolescentes (p=0,000). Entre os idosos (p=0,0001) e adultos (p=0,0015), o sexo feminino teve uma prevalência maior de estilo de vida saudável, quando comparado com o sexo masculino. Nos adultos, houve uma diferença na escolaridade em anos de estudo, sendo maior para 12 anos ou mais (p=0.0019); e na morbidade de 15 dias, sendo maior entre os que referiram morbidade (p=0,0006). Entre os indivíduos com estilo de vida não saudável, 51,5 por cento dos idosos, 32,2 por cento dos adultos e 57,9 por cento dos adolescentes não cumpriram um domínio, sendo que não atingiram a recomendação para uma dieta adequada. Conclusões: A prevalência de estilo de vida saudável foi maior entre os idosos, seguida pelos adultos e adolescentes. Entre os idosos e os adultos, o estilo de vida saudável foi maior no sexo feminino do que no sexo masculino. Em todas as faixas etárias, o consumo alimentar foi o principal domínio responsável pelo estilo de vida não saudável neste município, evidenciando a importância de estratégias de intervenção para a promoção do estilo de vida saudável e, principalmente, da dieta adequada.
2014
Tatiane Kosimenko Ferrari
Síndrome pós-poliomielite: aspectos epidemiológicos e prognósticos
Objetivos: Descrever aspectos clínicos e epidemiológicos da síndrome pós-poliomielite (SPP) e fatores associados, bem como suas repercussões na capacidade funcional e à sua gravidade. Métodos: Estudo descritivo de série de casos e fatores prognósticos da SPP, em população de pacientes com diagnóstico de SPP acompanhados no Ambulatório de Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo. A definição de caso utilizada foi história prévia de poliomielite, período de estabilidade funcional maior ou igual a 15 anos, presença de nova fraqueza muscular por período maior de 1 ano e a exclusão de outras enfermidades que pudessem afetar a força muscular. A descrição da doença foi efetuada segundo aspectos relativos ao tempo, espaço e pessoa. A associação entre formas graves e exposições de interesse foi investigada pelas estimativas não ajustadas e ajustadas da odds ratio, com os respectivos intervalos de confiança de 95%, usando regressão logística não condicional. Resultados: Dos 132 casos de SPP estudados, 63,6% eram do sexo feminino; a mediana da idade foi de 45,5 anos. A mediana da idade da poliomielite aguda foi de 17 meses, do período de recuperação funcional foi de 3,0 anos e do período de estabilidade funcional 33,7 anos; 50,4% foram considerados graves. Mostraram-se independentemente associados à gravidade: período de recuperação neurológica e funcional máximo menor e igual a 4 anos (OR= 2,8;IC95%:1,2-6,7), seqüela crônica de dois membros (OR=3,6;IC95%:1,5-8,7) e ter residido na época da poliomielite aguda em município com acesso a assistência médica de maior complexidade (OR=2,5;IC95%:1,15,6).Conclusões: A alta proporção de casos graves e as perdas funcionais dos pacientes com SPP no Brasil indicam a necessidade de políticas públicas focalizando o problema.
2007
Mônica Tilli Reis Pessôa Conde
A doença meningocócica na região de Sorocaba no período de 1999 a 2008
Este trabalho descreve a ocorrência da doença meningocócica na região de abrangência da Divisão Regional de Saúde de Sorocaba-SP, no período de 1999 a 2008. Fundamentado em dados fornecidos pelo Instituto Adolfo Lutz e pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica, a incidência e a letalidade foram calculadas, para toda a população e por faixa etária. Os valores obtidos foram comparados com os dados do Estado de São Paulo e do Brasil. Além disso, foram obtidas as distribuições de ocorrência por manifestação clínica e de critérios diagnósticos utilizados, permitindo a análise da situação epidemiológica da doença meningocócica, na região em estudo. Ao verificar os resultados relativos aos sorogrupos, sorotipos e soross ubtipos identificados, foi possível estabelecer o fenótipo das cepas que, predominantemente, causam a doença na região. Em relação à incidência, conclui-se que, durante praticamente todo o período em estudo, é maior do que os valores endêmicos encontrados nos países desenvolvidos. A faixa etária mais atingida, tanto do ponto de vista da incidência como da letalidade é a de 0 a 4 anos, indicando a necessidade de incremento e continuidade dos programas de vacinação relativos a esse grupo populacional. Em relação às cepas circulantes, os fenótipos B:4,7:P1.19,15 e C:23:P1.14-6 predominam, fato coerente com os resultados obtidos para a Grande São Paulo e Baixada Santista
2011
Miriam Vannucchi Leme de Mattos
Teste de caminhada de seis minutos como preditor de morbidade e mortalidade cardiovascular em pacientes após infarto agudo do miocárdio
Introdução: O teste de caminhada de seis minutos (TC6M) é um teste muito utilizado para avaliar as condições de saúde de idosos e saudáveis, bem como pacientes com doenças pulmonares e cardiovasculares. Porém, poucos são os relatos na literatura científica habitual sobre a utilização do teste de caminhada de seis minutos para avaliar a morbidade e mortalidade de pacientes após infarto agudo do miocárdio (IAM). Objetivo: O objetivo deste estudo foi verificar se o TC6M tem valor preditivo para morbidade e/ou mortalidade cardiovascular após IAM. Queremos verificar o ponto de corte da distância no TC6M para síndrome coronariana aguda, insuficiência cardíaca, re-hospitalização ou óbito por causa cardiovascular. Método: Trata-se de um estudo observacional, no qual se utilizou análise de prontuários, contato telefônico, correio e SIM (Sistema de Informação de Mortalidade da Secretaria de Saúde) de pacientes com diagnóstico de IAM não complicado que realizaram o TC6M antes da alta hospitalar. Desfechos observados: síndrome coronariana aguda, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, re-hospitalização e óbito por causa cardiovascular. A coleta de dados se deu no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, por meio de análise de prontuário e foram incluídos no estudo, os pacientes com diagnóstico de IAM não complicado que realizaram o teste de caminhada de seis minutos antes da alta hospitalar. Para análise estatística foram utilizados: correlação de Pearson ou Spearman, teste t de Student ou Mann-Whitney e ANOVA ou teste de Kruskall Wallis para analisar os efeitos das características físicas e clínicas dos pacientes analisados na distância percorrida no TC6M. Estas características e a distância percorrida foram avaliadas nos desfechos, ao longo de tempo, observando a curva de viii sobrevivência de Kaplan-Meier ou a sobrevivência em média de Cox, a significância dos efeitos foi testada por teste de log-rank ou pelo modelo de riscos proporcionais de Cox, respectivamente. Também foi ajustado um modelo de sobrevivência de Cox final para avaliar o efeito de todas as co-variáveis juntamente presentes no desfecho. Na análise múltipla foi utilizado o método de seleção de variáveis forward para selecionar as variáveis mais associadas à sobrevida. O tamanho dos efeitos, quando significativos, foi medido pela odds ratio (OR). Resultados: Foram incluídos 234 pacientes, 173(73,9 por cento ) do sexo masculino, 57,18 (10,35) anos, 103(44 por cento ) IAM anterior, 182 (77,8 por cento ) Killip I, 190 (81,2 por cento ) com terapia de reperfusão e fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 49,99 (10,14) por cento . Foram observados 89 (38,03 por cento ) pacientes com pelo menos um desfecho adverso, sendo 18 (8,1 por cento ) óbitos por causa cardiovascular num período de seguimento médio de 1.355,47 (777,53) dias. A distância do TC6M não se associou à ocorrência dos desfechos adversos, porém à ocorrência de óbito, resultando dois modelos: a) metragem do primeiro quartil (370,5 m) (OR = 2,737; p = 0,046), índice de percepção de esforço (IPE) de Borg (OR = 1,380; p = 0,020) e saturação periférica de oxigênio (SpO2) < 90 por cento (OR = 2,326; p = 0,103); b) metragem do teste de log rank (232 m) (p = 0,036; OR = 3,459), índice de Borg (OR = 1,351; p = 0,044) e SpO2 < 90 por cento (OR = 2,936; p = 0,030). A metragem e a SpO2 também se associaram à pior sobrevida ao longo do tempo: modelo 1) IPE Borg (OR = 1,334; p = 0,041, SpO2 < 90 por cento (OR = 2,675; p = 0,067) e a distância de 370,5m (OR = 2,882; p = 0,042) e modelo 2: SpO2 < 90 por cento (OR = 4,193; p=0,004) e distância de 232m (OR = 5,014; p=0,005). Numa análise do comportamento da FC, SpO2 e PS e PD ao longo do tempo no TC6M entre os grupos óbito e não óbito foram observadas diferenças significantes apenas da FC (p < 0,0001) e SpO2 (p < 0,0001). Conclusão: Na amostra estudada, a distância e a SpO2 < 90 por cento no TC6M se associaram ao óbito e à pior sobrevida em pacientes após IAM não complicado.
2014
Iracema Ioco Kikuchi Umeda
Linhas telefônicas residenciais: uso em inquéritos epidemiológicos no Brasil
Objetivos: Estudar as possibilidades de uso de cadastros de linhas telefônicas residenciais para implementação de inquéritos por amostragem. Descrever presença de vícios potenciais, associados às taxas de coberturas de LTR, nas principais variáveis que usualmente compõem o núcleo de informações de inquéritos epidemiológicos. Métodos: Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) no período de 1998 a 2003, exceto 2000, foram estimadas por intervalo de confiança de 95%, as médias e proporções. Nas análises dos dados considerou-se o plano de amostragem complexa. Resultados: No Brasil, houve um crescimento de 50% dos domicílios atendidos por LTR, no período. No entanto, essa evolução não ocorreu de forma uniforme no Brasil. Foram identificados diferentes perfis de usuários de LTR, sendo as principais características relacionadas com a escolaridade, a raça, a posse de um plano de saúde e a localização geográfica. Nas regiões com baixa cobertura de LTR podem ocorrer vícios nas estimativas de prevalências de doenças crônicas. Conclusão: O uso das linhas telefônicas residencias para a realização das entrevistas em inquéritos epidemiológicos mostrou-se viável para as unidades de federação com taxas de cobertura de LTR acima de 70%.
2006
Regina Tomie Ivata Bernal
Tendências de incidência do câncer das vias aéreas e digestivas superiores segundo 18 registros de câncer de base populacional com destaque ao município de São Paulo. 1969-1999
Introdução: O câncer das Vias Aéreas e Digestivas Superiores compreendem um grupo de tumores que se distribuem por diversas regiões anatômicas. Para a maioria das localizações os principais fatores de risco são o tabaco e o álcool. Como os fatores de risco são conhecidos espera-se que as diversas campanhas de prevenção e detecção precoce estivessem propiciando à diminuição da incidência. Objetivos Estimar em algumas localidades do mundo as tendências da incidência dos tumores de lábio, língua, boca, glândulas salivares, orofaringe, nasofaringe e hipofaringe de 1969 a 1999. Métodos Analisou-se os coeficientes de incidência de 18 Registros de Câncer de Base Populacional que possuíam toda a série histórica publicada no Cancer Incidence in Five Continents".utilizando-se modelos de regressão polinomial.Resultados Houve tendência de aumento, estatisticamente significativo, para o câncer de língua e boca em São Paulo em mulheres e em homens de diversos países europeus e localidades dos EUA. Em contrapartida houve queda em Porto Rico, Mumbai e Cingapura. O câncer de lábio decresceu na maioria das localidades em homens. Entretanto em países do norte da Europa e em Iowa houve aumento em mulheres. O câncer de orofaringe aumentou em homens na Europa e em Iowa e decresceu em Cali, Quebec, e localidades da Ásia. O câncer de hipofaringe apresentou tendência crescente em várias localidades da Europa em homens e queda na Suécia, Inglaterra, Cingapura e Porto Rico. Conclusão os tumores de língua, boca e orofaringe continuam apresentando tendências de crescimento para diversas localidades. Por isso há a necessidade de campanhas propiciando a prevenção e a detecção precoce.
2006
Alexandre Tadeu Patronieri
Sistema ecológico da malária
As alterações das paisagens promovidas pelo homem, em razão das atividades relacionadas ao uso e ocupação do solo, representam um desafio para as atividades de controle da malária na Amazônia brasileira. Desse modo, buscou-se avaliar o sistema ecológico da malária através da construção de três eixos: desmatamento, uso do solo e diversidade de Culicidae. Esses eixos tiveram a paisagem como centro de conexão, modulados por fatores de pressão (hospedeiro humano), de risco (o vetor) e de causa (o agente infeccioso). A transmissão de patógenos, incluindo espécies de Plasmodium, ocorre na intersecção entre os nichos do hospedeiro humano, dos vetores e dos parasitos, em ambiente que permite a interconexão dos mesmos. Nesse sentido, verificou-se que cada quilômetro quadrado de área impactada pelo desmatamento, entre 2009-2015, produziu 27 novos casos de malária (r² = 0,78; F1,10 = 35,81; P <0,001) na Amazônia Legal brasileira, com uma correlação positiva altamente significativa entre o número de áreas de florestas impactadas com menos de 5 km² e a incidência da doença. Em virtude das relações indiretas com o desmatamento, foi possível verificar que o aumento da produção de soja, madeira, gado e óleo de palma no mundo apresentou alta correlação positiva significativa com a incidência de malária em países tropicais. No cenário brasileiro, a abundância de Nyssorhynchus darlingi respondeu positivamente à perda da cobertura florestal de áreas endêmicas de malária. Ao contrário, a diversidade de Culicidae diminuiu, deixando os vetores como espécies dominantes, favorecendo a taxa de picada e a capacidade de transmissão do Plasmodium. Desse modo, foi possível concluir que a incidência da doença, em áreas rurais, está fortemente associada aos padrões de uso e ocupação do solo. A estrutura da paisagem pode ser indicador de risco para a doença, em virtude das dinâmicas ecológicas do Ny. darlingi.
2018
Leonardo Suveges Moreira Chaves
Estudos de carrapatos e pequenos mamíferos silvestres naturalmente infectados com espiroquetas semelhantes à Borrelia, no município de Itapevi, Estado de São Paulo
Diversos casos humanos de borreliose de Lyme foram encontrados em diferentes regiões brasileiras entre 1990 e 1995. Quatro destes casos foram registrados nos município de Cotia e Itapevi, Estado de São Paulo. A proposta deste estudo, foi contribuir para elucidar os aspectos de transmissão da borreliose, em um condomínio residencial no município de Itapevi, SP, onde foram registrados os primeiros casos humanos com quadro clínico e sorológico compatíveis com a doença de Lyme. Os focos naturais de espiroquetas foram estudados no período entre Janeiro/1995 e Junho/1996. Um total de 134 pequenos mamíferos e 88 carrapatos coletados nestes hospedeiros foram investigados. Os carrapatos adultos foram identificados como Ixodes didelphidis, Ixodes loricatus e Amblyomma cajennense e os estágios imaturos como lxodes sp. Para ambos, hospedeiros e carrapatos, foi calculado o índice de densidade relativa e correlacionado com dados meteorológicos pelos coeficientes de Spearman e Pearson. Para marsupiais e carrapatos estas correlações não foram significantes. Para roedores as correlações foram significantes e diretamente relacionadas às baixas temperaturas e índices pluviométricos (p<0.05). A maior freqüência de carrapatos imaturos ocorreu na estação seca, principalmente em roedores; entretanto, carrapatos adultos predominaram durante a estação chuvosa, ocorrendo somente em marsupiais. Sangue e órgãos dos hospedeiros e carrapatos foram inoculados em meio BSK. Foram observadas espiroquetas semelhantes à Borrelia em culturas de sangue de 13% dos marsupiais da espécie Dídelphís marsupíalís e em 36.4% dos carrapatos coletados neste hospedeiro. Espiroquetas foram também observadas em 9.7% das culturas de sangue e órgãos dos roedores Akodon cursor, Bolomys lasiurus e Oxymycterus hispidus e em 30.3% dos carrapatos coletados nestes hospedeiros. Os mamíferos e carrapatos adultos infectados ocorreram principalmente na estação chuvosa e os carrapatos imaturos infectados somente na estação seca. Há fortes evidências de que estas espiroquetas pertençam ao gênero Borrelia: Foram encontradas em pequenos mamíferos e carrapatos; cresceram em meio inoculado com material proveniente de larvas de Ixodes coletadas em roedores não infectados, sugerindo transmissão transovariana e crescem em meio característico para Borrelia.
1998
Darci Moraes Barros-Battesti
Soroprevalência e condicionantes para Doença de Chagas (Tripanossomíase americana), região do sopé da Cordilheira Oriental, Estado de Meta, Colômbia, 1998
Objetivo: Determinar a soroprevalência para doença de Chagas, estabelecer a distribuição dos triatomíneos domiciliados nas moradias amostradas e a vulnerabilidade das comunidades em relação à doença de Chagas. Métodos. Estudou-se uma amostra aleatória da população de 5 a 14 anos, residente nos municípios que conformam a região fisiográfica do sopé da cordilheira oriental do estado de Meta; e por conveniência da população de 15 ou mais anos, nos municípios onde foram encontrados triatomíneos. As 582 amostras foram tomadas mediante punção venosa. Seu processamento foi realizado no Laboratório Zonal, Instituto Nacional da Saúde, Colômbia e no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo. As técnicas aplicadas foram ELISA (UMELISA, EPI e TESA) e IFI. Considerou-se caso positivo quando no mínimo duas provas de cada amostra foram positivas. As moradias foram fumegadas com K-Otrine 50 (deltametrhin) e Lambdacyalotrina (Icon). Resultados: Soroprevalência negativa na população de 5 a 14 anos e 7,7% na população de 15 ou mais anos, nos municípios, onde verificou-se a presença de população amostral infectada pelo T. cruzi - área endêmica-, a soroprevalência rural, calculada por 10.000 habitantes, foi de 7,4 em Cumaral e 2,7 em San Juan de Arama. A soroprevalência urbana foi de 4,8 em San Juan de Arama e 0,09 em Vilavicencio, constituindo-se assim em área endêmica. Na região estão presentes condições ecológicas, socioeconômicas - 22% a 30% de ranchos, moradias provisórias, alta migração e pobreza - e político-ideológicas que tornam vulnerável esta região à domiciliação dos triatomíneos. Se acharam 52 exemplares: R. prolixus (67,1%), R. pictipes (27,0%)e T. dimidiata (3,9%). Após 8 meses, não se detectou reinfestação por triatomíneos em 20% das moradias. Os índices de infestação, densidade e dispersão encontrados foram respectivamente 2,1 %, 7,7% e 24,4%. Antecedentes transfusionais, sexo e tipo de moradia (ranchos), zona de procedência, não foram estatisticamente significantes (p<0.05) quando associados aos casos positivos. Conclusões. Baseado na soroprevalência negativa na população de 5 a 14 anos conclui-se que na região do sopé da cordilheira do Estado de Meta não está ocorrendo transmissão vetorial. A população de 15 ou mais anos apresentou soroprevalência de 7,7%, (7/90), sendo que quatro dos casos positivos correspondiam ao grupo etário de 35 a 49 anos, que analisados, foram considerados como autóctones do Estado. A área de risco, onde foram encontrados triatomíneos, ficou constituída pelos municípios de Cumaral, Restrepo, Lejanias, San Juan de Arama, Guamal e Villavicencio. A área endêmica, onde se verificou a presença de casos positivos, abrange os municípios de Villavicencio, Cumaral e San Juan de Arama, sem acrescentar aqueles com casos confirmados por IFI do Laboratório Zonal. Entretanto, todos os municípios oferecem condições ecológicas e socioeconômicas favoráveis à domiciliação dos triatomíneos, dentre delas, o conflito armado afeta predominantemente. Considera-se que estes fatores tomam os municípios extremamente vulneráveis à infestação e/ou reinfestação de vetores.
1998
Ana Teresa Castro Torres
Impacto da assistência médica sobre a mortalidade: um estudo da variação geográfica da mortalidade evitável nas capitais brasileiras (1979/1992)
Introdução: A distribuição regional e temporal dos óbitos evitáveis, considerados como eventos sentinelas de saúde, têm sido utilizadas como indicador negativo da qualidade dos cuidados de saúde, do nível de saúde da população em geral e do efeito nele provocado por fatores econômicos, políticos e ambientais. Os estudos de análise de tendência temporal, em geral, demonstram que a mortalidade evitável declina mais rapidamente nas últimas décadas que a maioria das outras causas de óbito e sugerem que o declínio está associado à introdução de inovações nos serviços de saúde. Os estudos de variação geográfica demonstram que a mortalidade evitável está associada de modo consistente a fatores socioeconômicos e que a associação com o nível de recursos materiais e humanos de cuidados de saúde é fraca e inconsistente. Nesses estudos, a variação geográfica da mortalidade observada, não parece refletir diferenças de efetividade dos serviços de saúde mas flutuações \"espontâneas\" na incidência ou severidade dessas condições. Objetivos: Tendo como premissa que deve ser inversa a relação entre a efetividade da assistência médica e a incidência de óbitos evitáveis por causas indicadoras de cuidados de saúde (CICS), é proposta uma lista de causas de doenças que possuem prevenção e tratamento reconhecidos e cuja ocorrência do óbito pode ser minimizada. Em seguida, é estimada a variação geográfica dos óbitos e do nível de mortalidade nos periodos de 1979-1982 e 1989-1992 e estimado o impacto da assistência médica no declínio da mortalidade por CICS nas capitais brasileiras em 1992. Metodologia: São construidas vinte e seis bases de dados de área geográfica (25 capitais e o Distrito Federal) contendo todas as causas de óbito classificadas em quatro grupos de análise: Todas as causas (exceto as evitáveis), Todas as causas evitáveis (29 causas básicas), subdividido em (1) Causas indicadoras de políticas sociais e de saúde- CIPSS (6 causas básicas) e Causas indicadoras de cuidados de saúde - CICS (23 causas básicas), codificadas em três dígitos de acordo com a 9a Classificação Internacional de Doenças de 1975, agregadas anualmente para ambos os sexos em sete grupos etários de O a 64 anos de idade abrangendo o periodo de 1979-1992. As populações das capitais são estimadas a partir dos dados dos Censos Nacionais de 1980 e 1991, ajustadas aritmeticamente para 1°. de julho e calculada a taxa geométrica de crescimento intercensitária. A análise da variação regional dos óbitos, visa esclarecer se ocorre mais variação sistemática entre as áreas do que poderia ser explicado por fatores aleatórios (\'X POT. 2\', gl=k-1=25, p=0,002) e pela análise exploratória da distribuição de freqüência da variância existente. A Razão da Mortalidade Padronizada - RMP (Standardised Mortality Ratio - SMR) é calculada pela divisão da taxa diretamente padronizada em cada área pela taxa de mortalidade da área de referência (conjunto das capitais e Distrito Federal). O nível de significância da divergência com padrão de referência (razão entre óbitos observados e esperados com a padronização) é analisado pelo teste \'X POT. 2\' (g1 =1; p=0,002). O impacto da assistência médica sobre o declínio da mortalidade é estimado pela Razão de Mortalidade Evitável (RME). A RME indica a diferença percentual do nível de mortalidade por CICS observada em 1992 em relação ao que provavelmente ocorreria na ausência da assistência médica (\'X POT. 2\'; g1 =1; p=0,002). Esse cenário de previsão é simulado pela aplicação do coeficiente de regressão das taxas padronizadas de mortalidade por CIPSS (1979-1992), obtido pela análise de regressão loglinear, na taxa de mortalidade por CICS estimada para 1979 por regressão loglinear. Resultados: A mortalidade por CICS declina exponencialmente (5,4% aa.) de 1979 a 1992 e sua distribuição toma-se mais homogênea no conjunto das capitais ao final do periodo. A intervenção médica, quando medida pela RME, contribui de forma significativa (p=0,002) e abrangente (85% das capitais) para este declínio (2,5% aa. no conjunto, variando de 11,1% aa. em Fortaleza a 0,3% aa. em Vitória). A intetvenção médica é igualmente efetiva no declínio da mortalidade por CICS na maioria das capitais, seja quando interpretada pela freqüência de resultados significativos alcançados entre capitais de uma mesma macrorregião, exceto para Boa Vista (\'X POT. 2\'=5,27 p=0,02165), onde desempenho é superior ao esperado para as demais capitais da região, seja quando a comparação se faz entre todas as capitais, exceto para Boa Vista (\'X POT. 2\'=9,84 p=0,00171) e Goiânia (\'X POT. 2\'=4,30 p= 0,03815), ou mesmo entre as macrorregiões (\'X POT. 2\'=3,89 p=0,42163). Portanto, se há diferença geográfica de efetividade da intervenção médica, ela não pode ser explicada pela proporção de causas de óbito evitável que têm parte importante de seu declínio devido à influência da assistência médica. A intervenção médica é mais freqüentemente efetiva nas capitais com nível de mortalidade por CICS (RMP) superior ao esperado. Esta comparação é tão válida para o periodo de 1979-1982 (\'X POT. 2\'=19,92 p=0,00001) quanto para 1989-1992 (\'X POT. 2\'=20,52 p=0,00001) e torna evidente a importância da intervenção médica para a maior homogeneidade da mortalidade por CICS entre as capitais (s=23,34 p=0,5576), bem como para declínio do nível de mortalidade: das sete capitais com RMP superior a esperada em 1979-1982, apenas Maceió (RMP=146 p=0,002), João Pessoa (RMP=156 p=0,002) e Aracaju (RMP=153 p=0,002) encontram-se nesta situação em 1989-1992. A intervenção médica não é igualmente efetiva (\'X POT. 2\'=70,42 p=O,OOOO) quando seu impacto sobre a mortalidade é interpretado pela freqüência de resultados significativos alcançados pelas diversas causas de óbito evitável. O componente mais expressivo da influência da intervenção médica sobre a mortalidade por CICS é sua contribuição para tendência exponencial de declínio da mortalidade por doenças infecciosas intestinais: é a segunda maior taxa de mortalidade estimada em 1992 (Y\'=82/\'10 POT. 5\' ), a intetvenção médica é efetiva em 100% das capitais e contribui com 83,8% da taxa de declínio (12,07% aa.) desta causa no conjunto das capitais. Conclusão: As causas de óbito evitável considerando a influência da intervenção médica na sua taxa de declínio e o nível de mortalidade existente, podem ser classificadas em quatro grupos de acordo com sua contribuição para o declínio global das CICS no conjunto das capitais: (1) Causas que mais contribuem: doenças infecciosas intestinais (\'X POT. 2\'=33,16 p=O,OOOOO) e septicemia (\'X POT. 2\'=6,58 p=0,01033); (2) Causas que menos contribuem: tumor maligno de útero não especificado (\'X POT. 2\'=4,63 p=0,03144), tumor maligno de colo de útero (\'X POT. 2\'=4,96 p=0,02591), doença pulmonar obstrutiva crônica (\'X POT. 2\'=3,88 p=0,04899) e nefrite e nefrose (\'X POT. 2\'=5,63 p=0,01765); (3) Causas que contribuem o esperado: tuberculose (\'X POT. 2\'=2,67 p=0,10253), diabetes melito (\'X POT. 2\'=0,5337 p=0,46506), meningite (\'X POT. 2\'=1,49 p=0,22250), hipertensão arterial (\'X POT. 2\'=0,0039 p=0,95027), doença cerebrovascular (\'X POT. 2\'=0, 70 p=0,40267), infecções respiratórias agudas (\'X POT. 2\'=0,2059 p=0,64997), pneumonia e gripe (\'X POT. 2\'=2,36 p=0,12473), complicações da gravidez, parto e puerpério (\'X POT. 2\'=3,58 p=0,05864) e sintomas, sinais e afecções mal definidas (\'X POT. 2\'=0,055 p=0,81453); e (4) Causas que não contribuem: melanoma maligno de pele, doença de Hodgkin, doença reumática crônica do coração, asma, úlcera gástrica, duodenal e jejunal, apendicite, hérnia abdominal, colelitíase e colecistite.
1997
Paulo Mauricio Campanha Lourenço
Biodiversidade de Culicidae e sua interação com arboviroses e malária na Mata Atlântica
Introdução - Interações complexas estão presentes entre a biodiversidade de mosquitos (Diptera, Culicidae) e as dinâmicas de transmissão de arbovírus e plasmódios que são agentes infecciosos que podem causar moléstias em humanos e outros animais. Objetivos - Aplicar método de distribuição potencial de habitats para mosquitos vetores de arbovírus e de plasmódios no Vale do Ribeira, sudeste do Estado de São Paulo, sub-região Serra do Mar da Mata Atlântica. Em escala local nessa região, relacionar a heterogeneidade espacial com a biodiversidade e esta com a dinâmica de transmissão de malária no Parque Estadual da Ilha do Cardoso. Métodos - Foram elaborados mapas de distribuição espacial dos vetores de arbovírus: Aedes serratus, Aedes scapularis e Psorophora ferox. Os mapas gerados para Anopheles cruzii, Anopheles bellator e Anopheles marajoara foram correlacionados com a distribuição espacial de malária. As correlações entre heterogeneidade espacial e biodiversidade de mosquitos foram estabelecidas com o emprego de modelos estatísticos de regressão. Foi elaborado modelo matemático para explicar o efeito da biodiversidade na transmissão de plasmódios. Resultados - As pessoas estão mais expostas às picadas de Ae. serratus, Ae. scapularis e Ps. ferox em áreas mais quentes e chuvosas. A correlação entre An. marajoara e o padrão espacial da malária foi positiva e significativa, enquanto que An. cruzii e An. bellator não foram importantes. Demonstrou-se que o aumento da heterogeneidade espacial está correlacionado, positivamente, com a biodiversidade de mosquitos. Níveis mais elevados de diversidade de mosquitos e de aves e mamíferos foram associados com risco menor de transmissão de plasmódios. Conclusões - A modelagem de distribuição potencial de habitats é uma ferramenta para a vigilância de vetores de arbovírus. Recomenda-se maior atenção ao An. marajoara que poderia ser vetor secundário de plasmódios em áreas abertas, naturais e desmatadas, da Mata Atlântica. A diversidade de plantas aumenta a heterogeneidade espacial e, esta pode ter efeito positivo à biodiversidade de mosquitos. Maiores diversidades de mosquitos, aves e mamíferos poderiam diminuir o número de picadas infectivas de An. cruzii. Pesquisas futuras sobre a epidemiologia dessas doenças deveriam incluir os seguintes temas: mudanças climáticas e arboviroses, heterogeneidade espacial e mosquitos, e biodiversidade e malária