Repositório RCAAP
Leishmaniose tegumentar americana (LTA) no município de Bandeirantes - Paraná, entre 2000 e 2009
No estado do Paraná a leishmaniose tegumentar americana (LTA) é endêmica, ocorrendo em 276 dos seus 399 municípios. Dos 12.304 casos da doença registrados no Sul do Brasil de 1980 a 2003, 12.220 (99,3 por cento) ocorreram no Estado do Paraná, sendo notificados 123 casos autóctones no município de Bandeirantes de 2000 a 2009. Objetivos. 1) Descreve a ocorrência da LTA no município de Bandeirantes entre 2000 e 2009, segundo a distribuição espacial, temporal e atributos pessoais; 2) relatar aspectos das formas clínicas e terapêuticos da LTA; identificar: 3) as espécies de Leishmania circulante na população humana e 4) as espécies de flebotomíneos capturadas em ambiente de transmissão da doença no município, de modo a 5) apontar para as espécies vetoras. Métodos. Desenvolveu-se estudo epidemiológico retrospectivo e descritivo de base de dados secundária da LTA e ecológico do grupo dos insetos vetores de Leishmania. Foram utilizados dados das fichas de investigação epidemiológica de LTA notificados à Secretaria Municipal de Saúde de Bandeirantes. Para a identificação da Leishmania sp, foram utilizadas amostras de tecidos das feridas de pacientes com suspeita de LTA e submetidas à reação em cadeia da polimerase (PCR). Para a análise entomológica foram realizadas capturas com armadilhas automáticas luminosas tipo CDC, durante um ano, com periodicidade quinzenal em 11 pontos peridomiciliares da zona urbana, e mensal, em 12 pontos da zona rural, a maioria deles selecionados tendo como referência a presença de casos de LTA. Além destes, foram feitas coletas com armadilha Shannon modificada nas cores branca e preta em um ponto da zona rural, nas três estações do ano (primavera, verão e outono). Resultados. No período de estudo a evolução da doença evidenciou um momento epidêmico em 2007, quando o coeficiente de incidência representou 1,038 casos/1.000 habitantes/ano. A distribuição dos casos no espaço ocorreu de forma heterogênea, com maior concentração na zona urbana. Das 123 notificações de LTA, 76 (61,79 por cento) foram do sexo feminino e 47 (38,21 por cento) do masculino. A faixa etária predominante foi a de 60 anos, em ambos os sexos. Houve predomínio da atividade doméstica (40,65 por cento), da forma clínica cutânea (95,94 por cento) e o Antimonial Pentavalente foi a droga mais utilizada a (98,37 por cento). Leishmania (Viannia) braziliensis foi identificada por meio da PCR em três pacientes de LTA. Na pesquisa do grupo de vetores, nos 24 pontos amostrados com as armadilhas CDC e Shannon, capturou-se um total de 5.652 flebotomíneos (51,66 por cento machos e 48,33 por cento fêmeas) pertencentes a 17 espécies. Nyssomyia neivai predominou (47,36 por cento), seguida de Nyssomyia whitmani (35,77 por cento), Pintomyia pessoai (6,51 por cento), Brumptomyia brumpti (5,54 por cento) e Expapillata firmatoi (2,30 por cento). Na zona urbana foram capturados apenas 22 flebotomíneos pertencentes a seis espécies: Br. brumpti, Evandromyia cortelezzii, Ny. neivai, Ny. whitmani, Pi. pessoai e Sciopemyia sordellii. Na zona rural capturou-se com as CDC, 3.843 flebotomíneos pertencentes a 15 espécies: Ny. neivai, Ny. whitmani, Pi. pessoai, Pi. fischeri, Br. brumpti, Br. cunhai, Br. nitzulescui, Br. sp., Ev. correalimai, Ev. cortelezzii, Ex. firmatoi, Mg. migonei, Mi. ferreirana, Mi. longipennis e Sc. sordellii. A espécie mais abundante foi Ny. neivai, cujo valor do índice de abundância padronizado foi de 0,89, seguida por Ny. whitmani (0,85) e Pi. pessoai (0,69). Os maiores índices de diversidade (H) ocorreram em uma margem de mata (1,45) e chiqueiro (1,42) de um bairro rural, e num outro, a maior equitabilidade entre o número de exemplares coletados em domicílio (0,96) e galinheiro (0,92). No total de espécimes capturados, as médias mensais mais elevadas ocorreram nos meses de março (6,92) e dezembro (6,45), Ny. neivai apresentou a maior média nos meses de dezembro (4,28 insetos/ armadilha) e Ny. whitmani em março (4,34). Na armadilha Shannon modificada foram capturados 1.787 espécimes, destacando-se Ny. neivai (56,86 por cento) e Ny. whitmani (32,79 por cento). A média horária mais elevada para Ny. neivai ocorreu das 23:0024:00 horas e Ny. whitmani entre 20:00 e 21:00 horas. Conclusão. Os dados sócio-econômicos apresentados mostram a LTA afetando predominantemente mulheres, porém crianças também foram atingidas, sugerindo que a transmissão da Leishmania pelos principais prováveis vetores, Ny. neivai e Ny. whitmani, esteja ocorrendo em área domiciliar e peridomiciliar. Áreas estas, cuja atração aos flebotomíneos pode aumentar o risco de aquisição da doença pelos moradores
2010
Carolina Fordellone Rosa Cruz
Difusão do Método Ponseti para tratamento do pé torto no Brasil: o caminho para a adoção de uma tecnologia
Os temas pertinentes à introdução e à difusão do Método de Ponseti para o Tratamento do pé torto congênito no Brasil são discutidos. O Método Ponseti é baseado na confecção de gessos seriados de forma específica, tenotomia do Achillis, e manutenção da correção com órtese de abdução. Este tratamento era diferente do tratamento então vigente no país, baseado em maior tempo de confecção de gessos e realização de uma cirurgia extensa do pé. A difusão do Método Ponseti é analisada de forma cronológica, com ênfase na história de sua difusão no Brasil e no mundo a partir da Universidade de Iowa, na influência da Internet, e no Programa de treinamento de ortopedistas denominado Ponseti Brasil. Dados populacionais foram utilizados como avaliação da difusão do Método Ponseti antes do Programa de Treinamento. Quatro formas de avaliação direta do impacto do Programa de Treinamento são propostas: a reação dos participantes, o questionamento dos participantes sobre sua prática clínica após um ano do Programa, a avaliação dos participantes com relação ao tratamento do pé torto em duas cidades do Programa, São Luis e Teresina, e apresentações de casuísticas de nove serviços de ortopedia brasileira em um Painel Nacional no Curso Ponseti Avançado realizado dois anos após o Programa Ponseti Brasil. Para corroborar as informações sobre difusão, as publicações em países em desenvolvimento são discutidas, como ampliações da indicação do Método Ponseti. A tendência da literatura médica sobre pé torto congênito é analisada, por bases de dados em língua inglesa e bases de dados latino-americanas, e também são revisados os anais dos congressos nacionais da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (CBOT Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia) e Congresso Brasileiro de Ortopedia Pediátrica para observar a apresentação de trabalhos sobre tratamento pelo Método Ponseti e tratamento cirúrgico do pé torto. A difusão também é discutida em outros países, organizações não governamentais, com relação à visão dos pais e com relação aos custos do tratamento. A difusão do Método no Brasil é considerada na fase de expansão, e sua discussão pode trazer elementos que auxiliem a incorporação dessa tecnologia no Sistema Único de Saúde
2011
Monica Paschoal Nogueira
Mosquitos da Caatinga: biodiversidade, aspectos ecológicos e importância epidemiológica da fauna Culicidae do semiárido brasileiro
Em relação à fauna Culicidae, a Caatinga é um dos biomas mais desconhecidos do Brasil. Há carência de registro de ocorrência de culicídeos, bem como de estudos sobre as interações deles com o ambiente silvestre. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar biodiversidade e aspectos ecológicos e epidemiológicos da fauna Culicidae em áreas de conservação do bioma Caatinga. Para isso foram consideradas duas unidades de conservação da Caatinga e realizados 19 levantamentos entomológicos mensais e consecutivos. Foram realizadas coletas de formas imaturas de mosquitos em bromélias, ocos de árvore e criadouros de solo, além da coleta de mosquitos adultos de hábitos diurno, crepuscular e noturno. Ao todo, entre mosquitos adultos e imaturos associados a habitats fitotelmatas, foram coletados 11.456 culicídeos distribuídos em 28 espécies, das quais 11 eram desconhecidas para a ciência. A fauna de imaturos coletados em bromélias e ocos de árvore interferiu na composição da fauna de mosquitos adultos e houve variações na abundância e nos padrões de diversidade de acordo com fitofisionomia do ambiente. Temperatura e umidade foram os parâmetros ambientais mais fortemente associados à abundância de culicídeos. Foram registradas novas ocorrências de anofelinos, coletados em criadouros de solo, ampliando a distribuição das espécies para o semiárido brasileiro. Este é um estudo pioneiro acerca da biodiversidade da fauna Culicidae em áreas de conservação da Caatinga que apresenta uma rica e desconhecida fauna de culicídeos, inédita para a ciência.
Contribuição para o conhecimento de alguns aspectos da epidemiologia da difteria no município de Porto Alegre
O Autor procede ao estudo aos principais aspectos epidemiológicos da difteria, no Município de Porto Alegre, durante o período 1950-1969, detendo-se especialmente em questões relacionadas à morbidade, mortalidade, letalidade e distribuição, segundo alguns atributos.
1972
Walter Manoel da Silveira
Gestantes com sífilis: características epidemiológicas, fatores associados e sistemas de vigilância, regiões de Botucatu, Piracicaba e Sorocaba - SP, 2007 a 2010
INTRODUÇÃO: A transmissão vertical da sífilis pode ocasionar perdas gestacionais e doença congênita. Ocorre quando a sífilis materna não é diagnosticada ou tratada adequadamente. OBJETIVOS: Analisar as características de gestantes com sífilis tendo seus conceptos nascidos vivos, com ou sem sífilis congênita, investigar fatores associados à ocorrência de sífilis congênita e avaliar alguns indicadores de desempenho no sistema de vigilância na sífilis. MÉTODOS: Estudo descritivo e analítico com corte transversal, constituído por 540 gestantes com sífilis notificadas ao Sistema de Vigilância Epidemiológica (SVE) no período de 2007 a 2010. Base de Dados: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC). A investigação da relação entre a ocorrência de sífilis congênita entre as gestantes com sífilis e as possíveis variáveis explicativas foi realizada por regressão logística não condicional. Os sistemas de vigilância da sífilis gestante e congênita foram avaliados com base nos indicadores: utilidade, simplicidade, aceitabilidade, oportunidade e sensibilidade. RESULTADOS: Das 540 gestantes com sífilis, 115 (21,3%) tiveram seus filhos com sífilis congênita, 276 (51,1%) tinham entre 20 e 29 anos, 284 (52,2%), até oito anos de estudo, 342 (75,5%) eram solteiras e 342 (73,4%), donas de casa. As variáveis associadas à ocorrência de sífilis congênita foram notificações não realizadas pela atenção básica (OR de 5,83), realização de 1 a 3 consultas de pré-natal (OR de 2,56), residir em um município com valores mais baixos do Índice de Desenvolvimento Humano (OR de 2,98) e ser solteira (OR de 1,85). Na avaliação do Sistema de Vigilância, a magnitude dos eventos não tem sido estimada adequadamente, os sistemas são simples, têm baixa aceitabilidade, grande quantidade de informações ignoradas e não preenchidas, têm baixa sensibilidade e o diagnóstico de parte importante da sífilis gestante é realizado em momento não oportuno. CONCLUSÕES: O perfil encontrado nas gestantes com sífilis caracterizou-se como sendo de mulheres jovens, com baixa escolaridade, solteiras e donas de casa. A variável mais fortemente associada com a ocorrência de sífilis congênita, entre as gestantes com sífilis, foi a notificação não ter sido realizada pela atenção básica. A avaliação do Sistema de Vigilância mostrou que seus objetivos não foram atingidos.
2013
Joelma Alexandra Ruberti
Déficit de equilíbrio corporal: prevalência e fatores associados em idosos residentes no município de São Paulo - Estudo SABE
Introdução: O déficit de equilíbrio tem grande impacto na vida do indivíduo idoso, gera instabilidade, muitas vezes incapacitante, restrição de movimento, predisposição a quedas e fraturas. Tais fatores podem levar ao aumento da morbimortalidade, diminuição da independência e altos custos com tratamentos, internações e cuidados especiais, para as famílias e para a sociedade. Objetivo: Analisar a prevalência de alteração do equilíbrio corporal, investigar as características (demográficas, de saúde, antropométricas e de estilo de vida) e fatores associados ao déficit de equilíbrio, sua associação com o auto-relato de presença de tontura ou vertigem, bem como avaliar a influência do equilíbrio nos desfechos clínicos adversos e estimar a taxa de incidência no período 2006-2010. Material e método: Este estudo epidemiológico transversal, de base populacional domiciliar, desenvolvido no âmbito do Estudo SABE, na cidade de São Paulo, avaliou os idosos que em 2006 fizeram o Teste de Equilíbrio. Os dados obtidos foram analisados de forma descritiva e pelos modelos de regressão logística linear simples e múltiplo. Resultados: Entre os 1226 idosos avaliados, 83,7 por cento tiveram a pontuação máxima no teste. Idade, história de fratura, dificuldade em pelo menos uma mobilidade, declínio cognitivo, episódio de queda nos últimos 12 meses exerceram significativa influência no desempenho do equilíbrio e as associações foram estatisticamente significativa (p<0,05). A atividade física e o uso de bloqueadores de canal de cálcio mostraram-se como fatores que aumentam o desempenho no teste. O aumento de um ponto no Teste de Equilíbrio reduz em 27 por cento a chance do idoso ter sido internado no ano anterior, além de redução de 18 por cento de queda no mesmo período. Conclusão: Entre os idosos, medidas objetivas de desempenho no Teste de Equilíbrio foram superiores ao auto-relato de presença de tontura ou vertigem e podem fornecer informações sobre o estado funcional que não são obtidas a partir de medidas auto-referidas. As medidas de equilíbrio se mostraram preditivas de internação hospitalar - aqueles idosos que apresentam melhor equilíbrio têm menor probabilidade de serem internados.
Capital social, características do local de residência e autopercepção do estado de Saúde
Introdução. Capital social é definido como as características das associações e cooperações humanas que podem ter efeito na saúde. Estudos realizados na última década apontam para uma associação positiva entre maior capital social e melhores indicadores de saúde. Entretanto, algumas características da vizinhança de residência podem atuar como mediadores dessa associação, um tema ainda pouco analisado na literatura científica. Estudos nessa área podem ajudar a melhor entender o efeito do capital social em uma sociedade com altos índices de desigualdade e violência, como é o caso da brasileira. Objetivo. Analisar se as características da vizinhança atuam como mediadores da associação entre o capital social e a autopercepção de saúde. Metodologia. Foram usados os dados da linha de base (2008-2010) do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). O ELSA-Brasil é uma coorte multicêntrica, composta por 15.105 funcionários públicos, ativos e aposentados, de ambos os sexos e com idades entre 35-74 anos vinculados a seis diferentes instituições de ensino e pesquisa brasileiras. As variáveis independentes de interesse foram os domínios de apoio social e de prestígio e educação e de coesão social de vizinhança individual, todos analisados no nível individual. Para a análise dos efeitos da vizinhança foram considerados apenas os indivíduos residentes no mesmo endereço há pelo menos cinco anos. As características de vizinhança estudadas foram: ambiente para atividade física, disponibilidade de alimentos saudáveis, segurança, violência percebida e vitimização. Modelos regressão logísticos foram sequencialmente ajustados para cada uma das características de vizinhança de interesse. Resultados. Os modelos apontam para uma associação consistente entre indicadores mais elevados de apoio e coesão social de vizinhança e melhor autopercepção de saúde, mesmo após o ajuste pelas características do local de residência. Por outro lado, a dimensão referente a prestigio e educação não apresentou uma associação significativa com a situação de saúde em nenhum dos modelos. O apoio social apresentou, na maioria dos modelos, um odds ratio (OR) de 0,81 (95 por cento , IC: 0,69-0,95) em indivíduos com apoio social moderado e OR de 0,62 (95 por cento , IC: 0,52-0,74) em indivíduos com apoio social elevado, mesmo após o controle pelas características da vizinhança. A coesão social da vizinhança também não apresentou modificação em seus efeitos e manteve para a maioria dos modelos um OR de 0,76 (95 por cento , IC: 0,67 0,85) para os indivíduos com coesão social moderada e OR de 0,82 (95 por cento , IC: 0,72 0,93) para os indivíduos com coesão social elevada. Apesar de todas as características de vizinhança terem apresentado associação significativa com a autopercepção de saúde, nenhuma causou modificação significante na associação entre os domínios de capital social e autopercepção de saúde. Conclusão. As características de vizinhança não alteraram significativamente a associação entre capital social e autopercepção de saúde, o que aponta para um efeito do capital social na saúde independentemente das características do local de residência. Entretanto, novos estudos são necessários para que os detalhes dos mecanismos envolvidos, principalmente em relação à possibilidade de causalidade reversa e ao tempo de exposição à vizinhança, sejam plenamente elucidados
2017
Carla Graciane dos Santos
Investigação de possíveis grupos de risco para tuberculose humana por Mycobacterium bovis no estado de São Paulo
Objetivos: Identificar e comparar grupos de pacientes potencialmente de risco para tuberculose zoonótica (TBz), investigando a existência de fatores associados. Apresentar a distribuição espacial dos casos de tuberculose (TB) em bovinos e dos casos humanos. Método: Trata-se de estudo descritivo de casos confirmados de TB por todas as formas clínicas, residentes no estado de São Paulo, do período de 2006 a 2015. Definiram-se seis grupos potenciais de risco para TBz conforme critérios estabelecidos pela literatura. A análise descritiva foi realizada separadamente para pacientes menores de 15 anos e pacientes com 15 anos ou mais de idade, comparando os grupos identificados com a população de estudo por meio do teste do Qui-quadrado/Exato de Fisher. A existência de associação entre TB intestinal e/ou ganglionar (aceita como proxy de caso suspeito de TBz) e as exposições de interesse foi investigada pelas estimativas da odds ratio bruta e ajustada, com os respectivos intervalos de 95% de confiança, usando regressão logística. . A distribuição dos casos suspeitos foram apresentados em mapas temáticos. Resultados: Aplicados os critérios estabelecidos para o estudo, foram incluídos 190.368 casos de TB por todas as formas clínicas. Dentre estes: 134 tinham menos de 15 anos e residiam em municípios com até 20.000 habitantes (grupo A); os demais tinham 15 anos ou mais, sendo 1.238 trabalhadores rurais (grupo B); 201 magarefes (grupo C); 1.012 residiam em municípios com até 20.000 habitantes e com rebanhos infectados pela TB (grupo D); 2.776 imigrantes sul americanos (grupo E); e 160 imigrantes africanos (grupo F). Os grupos B e F foram os que mais apresentaram características semelhantes à TBz descrita na literatura, destacando-se no grupo B as maiores proporções de casos de residentes em municípios com caso de TB em bovinos e das formas intestinal e ganglionar periférica. Enquanto que no grupo F verificou-se maior proporção de casos com a forma clínica ganglionar periférica e de coinfecção HIV/TB. Os grupos A, C e D também apresentaram características distintas em relação ao total de casos de TB e associadas à TBz segundo a literatura, porém de maneira menos nítida. O grupo E não apresentou características relacionadas aos casos típicos da TBz. Dentre os pacientes menores de 15 anos de idade, após ajustes, destacaram-se como fatores associados à TB ganglionar e/ou intestinal, residir em município com menores índices de urbanização e com casos de TB em bovino conforme registro oficial. Entte os pacientes com 15 anos ou mais de idade, destacaram-se as associações com a ocupação de trabalhador rural e com a de magarefe. A distribuição dos tipos de rebanhos bovinos foi ampla sendo registrados casos da doença em animais em praticamente todas as regiões do estado. Conclusões: Os dados de vigilância da TB humana e animal, permitiram identificar grupos de pacientes com características associadas à TBz, salietando a importância da aplicação da proposta de Saúde Única, além de oferecerem subsídios para o desenvolvimento de um componente para TBz na vigilância da TB no estado de São Paulo, assim como, para pesquisas sobre o tema.
Aspectos morfológicos de ovos do gênero Rhodnius stal, 1859 (Heteroptera, Reduviidae) e sua importância na identificação específica
O presente trabalho consta do estudo da escultura exocorial de ovos de dez espécies do gênero Rhodnius (Heteroptera-Reduviidae) através de microscopia eletrônica de varredura e microscopia ótica, com vistas à classificação taxionômica. Concomitantemente são apresentados dados sobre os aspectos gerais das cascas e dos ovos, quanto à forma, mensuração e coloração, bem como as modificações que poderão ocorrer quanto à forma e coloração desses ovos durante o desenvolvimento embrionário pós-oviposição. Utilizando as características citadas são elaboradas chaves dicotômicas para a classificação destas espécies, baseadas na utilização de caracteres visíveis pela microscopia ótica e microscopia eletrônica de varredura.
1979
Jose Maria Soares Barata
Eficácia de três tipos de armadilhas para captura de culicídeos em área de Mata Atlântica no sudeste do Brasil
Introdução: Armadilhas entomológicas são ferramentas importantes nas atividades de vigilância e controle. Poucos estudos foram realizados para avaliar a eficácia de armadilhas contendo Lurex3 como ferramenta na pesquisa entomológica de culicídeos no Vale do Ribeira. Objetivo: Comparar a eficácia das armadilhas, CDC luminosa, CDC com CO2 mais lurex® e Mosquito Magnet® (MM) Independence com lurex® para a captura de culicídeos. Métodos: foram definidos três pontos próximos da mata, onde foram instaladas as armadilhas, sempre às 15:00 hs e removidas às 21:00 hs com revezamento diário, por três dias consecutivos ao mês, por um ano. Resultados: A armadilha CDC-luz capturou o menor número de mosquitos (1.368), seguida da CDC+CO2+lurex (2.284) e da MM (5.477). O teste de Tukey mostrou diferença significativa, indicando a armadilha MM superior, quando comparada com a CDC-luminosa (p < 0,01) e CDC-CO2-lurex (p < 0,03). Não houve diferença significante entre o total de mosquitos coletados na CDC-luminosa e na CDC-CO2- lurex. O número de espécies capturadas na armadilha MM (63 espécies) foi maior do que na CDC-luminosa (p < 0,001) e CDC-CO2-lurex (p < 0,03). Houve uma associação positiva (OR > 1) para as espécies Ae. scapularis, An. bellator, An. cruzii e Ps. ferox quando utilizada a MM e a CDC-CO2-lurex, não houve associação (OR = 1) para a espécie Ae. serratus e Cx. nigripalpus . Conclusões: O poder de captura da MM mostrou ser significativamente maior em comparação às outras duas. A associação entre as espécies antropofílicas, com interesse epidemiológico, foi maior com a MM
2012
Leonardo Suveges Moreira Chaves
Situação atual do controle biológico no manejo integrado de mosquitos (Diptera: Culicidae)
O controle de mosquitos à base de inseticidas químicos tem encontrado dificuldades crescentes de utilização, especialmente nos últimos anos. As razões são basicamente. o alto custo de desenvolvimento e comercial desses compostos sintéticos. a agressão ambiental devido a inespecificidade. persistência ambiental, os riscos operacionais e a crescente resistência a esses compostos. Essas razões tem levado a um grande esforço para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de alternativas eficazes e seguras, fatores que podem estar relacionados ao controle biológico. O controle biológico consiste na utilização de inimigos naturais diretamente ou através de metabólitos, estratégias encontradas freqüentemente na natureza, que foram deixadas de lado, com o surgimento do \"milagroso\" controle químico. Este trabalho tem por objetivo atualizar os conhecimentos sobre a importante questão da alternativa biológica no controle integrado de mosquitos (Diptera:Culicidae) de importância epidemiológica. Destacam-se as estratégias de predação, parasitismo e os agentes microbianos patogênicos como as formulações comerciais do gênero Bacillus. A potencialidade de uso de agentes diversos e a importância do referido biocontrole nos programas nacionais, bem como a produção e aplicação em massa desses agentes são abordados com detalhes nessa monografia.
A polifarmácia em idosos no município de São Paulo - Estudo SABE - Saúde, Bem-estar e Envelhecimento
Introdução: O crescente aumento da população idosa faz aumentar a necessidade de recursos de saúde, entre eles o uso de medicamentos.Objetivo: Estudar os riscos de polifarmácia em idosos no município de São Paulo, Brasil. Métodos: Este estudo faz parte do projeto SABE Saúde,Bem-estar e Envelhecimento através de questionários por amostra em domicílios de 2143 idosos com 60 anos e mais composta por sorteio. Os dados finais foram ponderados e expandidos de modo que representem a população idosa no ano de 2000. A polifarmácia foi definida como o uso de quatro ou mais medicamentos, e utilizado o estudo de regressão logística por passos (IC 95%). Resultados: A média do número de medicamentos foi de 2,72 e a prevalência de polifarmácia de 31,5%. A polifarmácia foi mais prevalente em mulheres com 75 anos e mais (52,1%), religião espírita(51,2%), que declaram estado de saúde ruim (40,2%) e escolaridade acima de 12 anos (46,9%). Verificou-se que 71,1% adquirem medicamentos do próprio bolso, 15,95% se automedicam e a não adesão é devida ao custo (9,1%). Os riscos para polifarmácia foram mulheres (OR 2,2), idade acima de 75 anos (OR 1,5), consulta e internação em quatro meses (OR de 1,9 e 3,8) e problemas cardíacos (OR 3,8). Quanto ao medicamento impróprio a prevalência foi de 15,6%. Conclusão: Os riscos identificados na polifarmácia mostram uma necessidade de políticas públicas que visem promover o uso racional de medicamentos.
2007
Maristela Ferreira Catão Carvalho
Polimorfismos genéticos de invasão e metástase, inflamação e reparo de DNA e prognóstico de tumores de laringe
Introdução: O prognóstico dos carcinomas epidermóides de laringe é limitado e a taxa de sobrevida em cinco anos é menor que 70%. A relação de características clínicas e epidemiológicas tem sido investigada na sobrevida de pacientes com tumores de laringe, mas pouco se conhece sobre o efeito dos polimorfismos genéticos no prognóstico da doença. Objetivo: Estudar o papel dos polimorfismos genéticos de genes relacionados aos processos de invasão e metástase (MMP1 e MMP3), de inflamação (Interleucina 2, Interleucina 6, LTA) e reparo de DNA(XRCC1) no prognóstico do carcinoma epidermóide de laringe. Material e métodos: Coorte com 170 pacientes com carcinoma epidermóide de laringe,confirmados por exame anátomo-patológico. Os casos tiveram origem em estudo caso-controle conduzido em cinco hospitais de São Paulo, um hospital em Porto Alegre e outro em Goiânia. As informações sobre o status vital dos pacientes foram levantadas dos prontuários médicos e dos bancos de óbitos municipais e estaduais. A extração do DNA das amostras de sangue dos pacientes foi realizada pelo Instituto de Medicina Tropical da USP e a genotipagem dos polimorfismos genéticos pela Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto da Faculdade de Medicina da USP. Resultados: Os polimorfismos genéticos estudados (MMP1 1607, MMP1 -519,MMP3 -1171, IL2 -384, IL2 114, IL6 -174, LTA 252 e XRCC1) não apresentaram efeitos com significância estatística na sobrevida global ou específica pela doença quando analisados isoladamente. Para a sobrevida global, o consumo excessivo de álcool, em g/L/dia, reduziu a sobrevida dos pacientes (80-119 g/L/dia: hazard ratio(HR)=4,0 intervalos com 95% de confiança (IC95%)=1,10-14,53; _120 g/L/dia: HR=5,6 IC95%=1,71-18,24). No modelo de Cox múltiplo, quando ajustados pelo polimorfismo genético MMP3 -1171, a sobrevida piorou para esses pacientes (80-119 g/L/dia: HR=4,9 IC95%=1,07-22,91; _120 g/L/dia: HR=6,3 IC95%=1,49-26,84). Para a sobrevida específica pela doença, o estadiamento clínico IV reduziu a sobrevida dos pacientes (HR=3,5 IC95%=1,67-7,28). No modelo de Cox múltiplo,com ajuste pelos polimorfismos genéticos IL6 -174 e MMP1 1607, a sobrevidaespecífica pela doença piorou para esses pacientes (HR=4,7 IC95%=1,38-16,25).Conclusões: Na coorte examinada, somente três dos oito polimorfismos genéticos estudados relacionaram-se com a sobrevida global e específica pela doença, porém apenas alterando o efeito dos valores dos HR brutos dos fatores consumo de álcool e estadiamento clínico, respectivamente na sobrevida global e sobrevida específica pela doença. Isoladamente, nenhum polimorfismo genético estudado interferiu na sobrevida dos pacientes com câncer de laringe.
2007
Rossana Verónica Mendoza López
Ecologia de Culex quinquefasciatus e de Culex nigripalpus no Parque Ecológico do Tietê, São Paulo, Brasil
Introdução - Culex quinquefasciatus é um mosquito sinantrópico que causa incômodo à população humana e é relacionado com a transmissão de nematóides ou arbovírus em áreas endêmicas, respectivamente, do litoral brasileiro e da América Central ou do Norte. Culex nigripalpus é um mosquito hemi-sinantrópico que possui a capacidade de se dispersar para as áreas antrópicas e transmitir Saint Louis Virus e Equine Encephalitis Virus, respectivamente, na América do Norte e Venezuela. Objetivo - Caracterizar o hábito alimentar de Culex nigripalpus e a densidade, a sobrevivência e o hábito alimentar de Culex quinquefasciatus no Parque Ecológico do Tietê (PET), São Paulo. Métodos - O PET é uma Área de Preservação Ambiental com animais residentes ou migratórios. As amostras de mosquitos adultos foram coletadas, mensalmente, em quatro áreas no PET, durante um ano e por meio de aspirador à bateria. O método de ELISA indireto foi empregado para a identificação do hospedeiro que é fonte alimentar ao mosquito. A densidade da população de Cx. quinquefasciatus foi estimada pelo método de marcação, soltura e recaptura na vegetação da margem de um canal no PET. Amostras de fêmeas de Cx. quinquefasciatus desse local foram dissecadas ou acompanhadas em laboratório para estimativa da taxa de sobrevivência. Resultados A proporção de repastos sangüíneos de Cx. quinquefasciatus e de Cx. nigripalpus foi, respectivamente, 6,5 e 8,3% em humanos, 18,8 e 27,7% em cães, 7,4 e 2,3% em galinhas, 2,8 e 9,0% em ratos, 3,2 e 8,3% em múltiplos hospedeiros e 67,7 e 60,9% em hospedeiros não identificados. Human Blood Index para Cx. quinquefasciatus e Cx. nigripalpus foi, respectivamente, 0,20 e 0,17. Feeding Index entre os hospedeiros homem/cão, homem/galinha e homem/rato foi, respectivamente, 0,35, 0,63 e 2,65 para Cx. quinquefasciatus e 0,30, 2,56 e 1,05 para Cx. nigripalpus. A distribuição de repastos sangüíneos teve associação significante estatisticamente com as fêmeas de Cx. nigripalpus em estádio de Sella 2 coletadas em todas as áreas do PET. A densidade de Cx. quinquefasciatus para uma área de 2.520 m2 foi 7.262±1.537. A proporção de paridas, a duração do ciclo gonotrófico e a taxa de sobrevivência foram, respectivamente, igual a 0,48, 4,75 (CL 95% = 4,3-5,2) e 0,86, estimados para a população de Cx. quinquefasciatus. Conclusões Cães e galinhas foram hospedeiros importantes para Cx. quinquefasciatus, enquanto que cães foram hospedeiros importantes para Cx. nigripalpus. O repasto sangüíneo é mais bem detectado pelo ELISA indireto em fêmeas no estádio de Sella 2. A sobrevivência e a densidade de Cx. quinquefasciatus indicam que essa espécie é epidemiologicamente relevante na área do PET como espécies vetora ou peste urbana. Essa espécie deve ser objetivo do programa de controle de vetores no município de São Paulo.
Causas de óbito entre pessoas com aids no município de São Paulo. 1991-2006
Introdução: A partir da introdução dos antirretrovirais altamente potentes (HAART), assistiu-se, nos países desenvolvidos, a mudanças nos padrões de morbimortalidade associado à aids. No entanto, no Brasil, tem-se poucos estudos analisando esta questão. Objetivo: Analisar as causas básicas e associadas de óbito entre pessoas com aids, residentes no município de São Paulo (MSP), nos períodos pré e pós a introdução da HAART e investigar possíveis disparidades, segundo a área de residência entre 2000 e 2006. Métodos: Estudo descritivo. Os dados foram analisados segundo três períodos: pré-HAART (1991-1996), pós-HAART precoce (1997-1999) e pós-HAART tardio (2000-2006). Fontes de dados: Base Integrada Paulista de Aids (BIPAIDS), do Programa Estadual de DST/Aids-SP e Fundação SEADE e Fundação SEADE para estimativas populacionais. A classificação das causas de óbito foi feita de acordo com a CID-9 (1991-1995) e CID-10 (1996-2006). Foram estimadas as taxas de mortalidade ajustadas por idade para as principais causas básicas de morte, para o período de 1996 a 2006 e efetuada análise descritiva dos óbitos, segundo causas básicas e associadas de morte (1991 a 2006). As causas básicas foram classificadas em: definidoras e não definidoras de aids. Variáveis de interesse: características sociodemográficas, categorias de exposições hierarquizadas e causas básicas e associadas de morte. Para a análise comparativa das variáveis categóricas utilizou-se o teste do qui-quadrado de Pearson, ou o exato de Fisher, e para as variáveis contínuas, o teste t-Student. Para a análise segundo a área de residência, os distritos administrativos foram classificados de acordo com o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social. Resultados: Após a HAART, comparando 1995 e 2005, houve declínio de 66,2% na mortalidade por aids no MSP. As causas básicas de morte por doenças não definidoras de aids aumentaram de 0,2% para 9,6% (p<0,001) entre o primeiro e terceiro períodos, respectivamente. As causas básicas de morte com maior aumento, no terceiro período, se comparado ao primeiro, foram: as doenças cardiovasculares, elevando-se de 0,01% para 1,7% (p<0,001), as pneumonias bacterianas/inespecíficas, de 0,01% para 1,6% (p<0,001) e as neoplasias não definidoras de aids, de 0,03% para 1,5% (p<0,001). As causas associadas de morte mais mencionadas no período pós-HAART tardio, se comparado ao préHAART, foram: pneumonias bacterianas/inespecíficas, elevando-se de 25,8% para 35,9%, as septicemias, de 14,5% para 33,5%, as doenças cardiovasculares, de 3,0% para 10,1% e as doenças do fígado, de 2,2% para 8,0%. No pós-HAART tardio, as causas básicas que se destacaram, além da aids, e se distribuíram de forma heterogênea, segundo local de residência, foram as neoplasias não definidoras de aids nas áreas predominantemente ricas, as doenças cardiovasculares nas áreas predominantemente de classe média e as agressões nas áreas predominantemente pobres. Conclusões: A HAART alterou o perfil da mortalidade associada à aids, refletindo, possivelmente, mudanças de igual importância nas características da morbidade, porém esse processo se mostrou heterogêneo, segundo área de residência. Será necessária a elaboração de políticas públicas para adequação dos serviços de saúde, frente a este novo cenário de morbimortalidade da infecção pelo HIV
2011
Carmen Silvia Bruniera Domingues
Associação entre o desempenho de Atividades Avançadas de Vida Diária e a incidência de declínio cognitivo: Estudo SABE
Introdução: O declínio cognitivo representa uma das principais causas de comprometimento funcional e da qualidade de vida do idoso. A busca por preditores de alterações cognitivas precoces ao diagnóstico de demência tem despertado cada vez mais o interesse dos pesquisadores. Tem-se como hipótese que menor desempenho de Atividades Avançadas de Vida Diária (AAVD) poderia ser marcador de declínio cognitivo futuro. As AAVD reúnem as atividades sociais, produtivas e de lazer, e estariam relacionadas ao topo da hierarquia da complexidade das atividades cotidianas, com melhores níveis funcionais e cognitivos. Objetivo: Analisar a associação entre o desempenho de atividades avançadas de vida diária por idosos paulistanos e a incidência de declínio cognitivo. Métodos: Estudo longitudinal com uma amostra de idosos não institucionalizados que participaram da segunda (2006) e terceira (2010) ondas do estudo de múltiplas coortes Saúde, Bem estar e Envelhecimento em São Paulo, Brasil. A amostra final contou com 819 idosos. O declínio cognitivo foi avaliado com o Miniexame do Estado mental abreviado. Foram consideradas 12 AAVD. Outras covariáveis abordaram as condições sociodemográficas, saúde, estilo de vida e incapacidade funcional dos participantes no início do seguimento. A análise estatística incluiu frequência, análises bivariadas e multivariadas, com o uso de Regressão Logística. O programa Stata 12.0 foi utilizado para a análise e a correção para os efeitos do desenho do estudo foi feita pelo comando survey para analisar os dados originados de uma amostra complexa. Resultados: Após quatro anos de seguimento a incidência de declínio cognitivo foi de 7.9 por cento . A análise múltipla evidenciou que os indivíduos com maior número de AAVD no início do estudo apresentavam menor risco de declínio cognitivo ao final do seguimento OR 0.83 [0.71; 0.96]. Outras características foram associadas à incidência de declínio cognitivo no modelo final: 75 anos e mais OR 4.54 [IC 2.52; 8.17], possuir dificuldades nas atividades instrumentais e básicas de vida diária OR 2.54 [1.32; 4.87]. Possuir 8 anos e mais de estudo mostrou-se como fator protetor ao declínio cognitivo OR 0.16 [IC 0.05; 0.52] Conclusões: O desempenho de maior número de AAVD mostrou-se como fator protetor à incidência de declínio cognitivo, independentemente de condições sociodemográficas, condições gerais de saúde, funcionalidade e estilo de vida.
Padrões de atividade física e dislipidemia entre moradores de áreas urbana e rural no Brasil
Introdução São escassas as evidências do impacto dos padrões de atividade física (AF) e local de residência (rural e urbano) para a dislipidemia e ao perfil lipídio. Objetivos Avaliar a associação dos padrões de atividade física e local de residência (urbano e rural) com dislipidemia. Associar a correlação do gasto energético estimado em Mets e valores e frações de colesterol e triglicérides. Metodologia Estudo Transversal em coorte prospectiva, com 4551 indivíduos com idade entre 35 e 70 anos de áreas urbana e rural. A AF foi avaliada utilizando o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). Foi realizada regressão múltipla para a associação de AF e local de residência com o tipo de dislipidemia. A regressão linear foi realizada para avaliar o efeito da AF e local de residência nos valores e frações de colesterol e triglicérides. Resultados A prevalência de baixa AF no rural foi de 5,1 por cento (mulheres 4,3 por cento e homens 6,0 por cento ), urbano 11,2 por cento (7,9 por cento mulheres e 5,5 por cento homens), p<0,001. A dislipidemia ocorreu em 75,3 por cento do rural e 68 por cento do urbano (p<0,001). Em mulheres 80,6 por cento do rural e 65,7 por cento do urbano (p<0,001), homens 69,1 por cento do rural e 71 por cento do urbano (p=0,369). O perfil lipídico das mulheres em mediana foi: colesterol total (CT) rural 194,51 mg/dl, e urbano 201,5 mg/dl (p<0,001), HDL rural 44,5 mg/dl e urbano 50,1 mg/dl (p<0,001) LDL rural 120,3 mg/dl e urbano 122,6 mg/dl (p=0,35), triglicérides rural 127,1 mg/dl e urbano 117,8 (p<0,001). Em homens as medianas foram: CT rural 189,5 mg/dl e urbano 196,1 mg/dl (p=0,002), HDL rural 40,2 mg/dl e urbano 41,8 mg/dl (p<0,001), LDL rural 118,3 mg/dl e urbano 121,4 mg/dl (p=0,5), triglicérides rural 131,1 mg/dl l e urbano 147,0 mg/dl (p=0,001). A dislipidemia por HDL baixo foi a mais frequente. AF domiciliar, transporte e trabalho estão associados com a redução do risco de dislipidemia. Em mulheres, o efeito no HDL da AF domiciliar foi no rural 1,001 mg/dl (p=0,021) e no urbano 1,114 mg/dl (p<0,001). Em homens do grupo urbano, o efeito de AF de transporte foi -1,42 mg/dl (p<0,001) no LDL. O efeito da AF de trabalho no HDL foi no rural 1,002 mg/dl (p<0,001) e urbano 0,042 mg/dl (p=0,04) Conclusão Existem fortes indícios da interação da atividade física e local de residência com as dislipidemias e perfil lipídico. As associações encontradas entre as atividades físicas domiciliar, transporte e trabalho e dislipidemias sugerem caminhos complementares nas estratégias de prevenção de doenças cardiovasculares na população brasileira.
2014
Antonio José Cordeiro Mattos
Causas múltiplas de morte: formas de apresentação e métodos de análise
RESUMO As informações sobre a mortalidade são tradicionalmente uma importante fonte de dados para estudos epidemiológicos, demográficos e para o planejamento em saúde. As estatísticas de mortalidade por causa são usualmente apresentadas segundo a causa básica de morte; a cada óbito corresponde uma só causa. Este método tem sofrido criticas devido a algumas de suas limitações, principalmente em relação às doenças crônicas quando, geralmente, estão presentes várias causas no momento da morte e apenas a básica é selecionada. As estatísticas de mortalidade segundo as causas múltiplas de morte se apresentam como um método alternativo para o estudo das causas de morte. A introdução dos computadores permitiu o desenvolvimento nos Estados Unidos de um sistema automático para classificar além da causa básica todos os demais diagnósticos mencionados nos atestados de óbito. Esse sistema, denominado ACME (Automated Classification of Medical Entities) amplia muito as possibilidades do uso das estatísticas de mortalidade e desde 1983 vem sendo utilizado no processamento de dados sobre os óbitos ocorridos no Estado de São Paulo. O presente trabalho discute a potencialidade do uso das causas múltiplas de morte para o estudo da mortalidade e apresenta algumas formas para a tabulação e a análise destas estatísticas exemplificadas com o arquivo de dados sobre os óbitos ocorridos em 1983 no Estado de São Paulo. Por meio da análise do número de diagnósticos informados na declaração de óbito mostrou-se um número médio maior dos mesmos em relação aos achados em trabalhos acadêmicos realizados com óbitos de períodos anteriores. 0 estudo das menções de todos os diagnósticos permitiu evidenciar a importância relativa maior de certas causas selecionadas como causa básica menos frequentemente. A análise das associações das causas de morte mostrou a importância do inter-relacionamento das doenças na determinação de morte e sugeriu outros usos das causas múltiplas. A distribuição conjunta das causas externas de morte com os dados sobre a natureza da lesão e a análise desta última segundo o sexo e a idade apresentam-se como nova perspectiva para a compreensão das mortes violentas. O levantamento e a discussão de questões metodológicas sugerem novas áreas de investigação para o estudo das causas múltiplas de morte
Mortalidade precoce por doenças crônicas nas capitais de regiões metropolitanas do Brasil
INTRODUCÃO: As doenças crônicas representam desde a década de 60 a principal causa de mortalidade nas capitais brasileiras. As doenças crônicas são consideradas como decorrência do envelhecimento da população e um atributo do sexo masculino e das camadas sociais mais ricas. Várias linhas de pensamento, as classificam com causas inevitáveis de morte, ou seja impassíveis de qualquer tipo de intervenção. OBJETIVO: restringindo-se a faixa etária entre os 35 e os 64 anos para estudo da mortalidade precoce foram feitas as seguintes perguntas: 1. a mortalidade precoce pela doenças crônicas é maior no Brasil do que em outros países? 2. a força da mortalidade precoce por doenças crônicas no Brasil é a mesma para o sexo masculino e para o sexo feminino? 3. o cálculo do impacto da eliminação de cada causa na mortalidade geral pelo método do risco competitivo de Chiang é superior ao uso clássico dos coeficientes de mortalidade ajustados para a idade? 4. existem diferenças regionais significativas na magnitude e tendência temporal na mortalidade precoce pelas doenças crônicas? 5. qual a relação entre o padrão de mortalidade pelas doenças crônicas e os diversos indicadores sociais e econômicos de cada cidade? DELINEAMENTO: estudo ecológico com dados secundários DADOS: foram estudados os óbitos compilados pelo Ministério da Saúde de oito capitais de áreas metropolitanas: Belém (BE), Recife (RE), Salvador (SA), Belo Horizonte (BH), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (CT), Porto Alegre (PA) no período entre 1979 a 1989 com destaque no quadriênio 1984-87. As causas [entre parênteses o código CID-9] estudadas foram a mortalidade geral, todas as doenças do aparelho circulatório (390-459); doença isquêmica do coração (410-414); doenças do coração [agrupamento composto de doença isquêmica do coração (410-414), insuficiência cardíaca (428), hipertensão arterial (401-404)]; doenças cerebrovasculares (430-438}; todas as neoplasias (140-239); câncer da traquéia, dos brônquios, pulmão (162); câncer da mama feminina (174}; câncer do cólon e do reto (153-154); câncer de endométrio e ovário (182-183); câncer da próstata (185); todas as neoplasias, exceto câncer de pulmão; diabetes melito (250); doenças respiratórias obstrutivas [doença pulmonar obstrutiva crônica (490-496), incluindo a asma (493); cirrose hepática (571). A população foi a determinada nos Censos Demográficos de 1980 e 1991. Os anos intercensitários foram estimados por interpolação linear. Os indicadores sociais foram os obtidos no Censo de 1980 sendo escolhidos a proporção de analfabetos do sexo masculino, a proporção de analfabetos do sexo feminino, diferença entre a proporção de analfabetos do sexo masculino e a proporção de analfabetos do sexo feminino; a porcentagem de mulheres formalmente ocupadas; o salário mínimo médio; a cobertura de água encanada; a cobertura da rede de esgoto; a proporção de casas com mais de dois moradores por cômodo e a proporção da população com renda familiar superior a cinco salários mínimos. MÉTODOS: foram selecionadas para estudo as capitais de áreas metropolitanas: 1. para a comparação internacional foram calculados coeficientes de mortalidade com intervalos decenais na faixa etária dos 45 aos 64 anos, com ajuste de idade com população-padrão estipulada em estudo internacional para todas as causas; doenças do coração; doença isquêmica do coração; doença cerebrovascular; câncer de pulmão e por todas as neoplasias, exceto a de pulmão no quadriênio 1984-87. 2. para o estudo de comparação por gênero, por cidade brasileira e para correlação de associação com os indicadores sociais e econômicos foram calculados por sexo, os coeficientes de mortalidade com intervalos qüinqüenais na faixa etária dos 35 aos 64 anos de idade. Foram calculados os coeficientes ajustados por idade utilizando a população brasileira do Censo de 1991 como padrão e o risco competitivo de cada causa de morte listada acima (exceto doenças do coração e outras neoplasias, exceto as de pulmão). O quadriênio 1984-87 foi utilizado para as principais comparações. Foi calculado o impacto da eliminação de cada causa básica na mortalidade geral na faixa etária estudada utilizando tábua de vida com cálculo de risco competitivo de Chiang 3. a tendência histórica dos coeficientes anuais de mortalidade foram plotados em gráfico com cálculo do alteração anual por intermédio de regressão linear simples. 4. para verificar a associação dos coeficientes de mortalidade e do impacto da eliminação da mortalidade com os indicadores sociais foi utilizado o teste de correlação por postos de Spearman. RESULTADOS: 1. a comparação internacional [entre parênteses, em ordem decrescente o(a)s cinco primeiro cidades/países] mostrou que a) mortalidade geral masculina (RJ, PA, RE, CT, BH) e feminina (RE, SA, CT, BH e RJ) das mais elevadas; b) a mortalidade proporcional da somatória \"cardiovascular+câncer\" foi sempre menor nas cidades brasileiras do que entre os países e, variou no sexo masculino de 62 por cento (PA) a 45 por cento (SA) e no sexo feminino de 69 por cento (RJ) a 56 por cento (BH, SA, SP). A doença cerebrovascular foi a entidade nosológica cuja participação relativa foi sempre maior nas cidades brasileiras; c) as doenças do coração apresenta no sexo masculino (HUNGRIA, RJ, FINLÂNDIA, PA E POLÔNIA) valores intermediários e no sexo feminino (RJ, CT, HUNGRIA, PA E INGLATERRA & GALES) em padrões elevados. d) as doenças isquêmicas apresentam o mesmo padrão das doenças do coração tanto no sexo masculino (FINLÂNDIA, HUNGRIA, INGLATERRA & GALES, PA, RJ) como no feminino (RJ, CT, HUNGRIA, PA, INGLATERRA & GALES). e) doença cerebrovascular apresenta valores elevados tanto para o sexo masculino (CT, BH, RJ, BE, HUNGRIA) f) o câncer do pulmão, da traquéia e do brônquios tem valores intermediários para baixos no sexo masculino (HUNGRIA, POLÔNIA, ITÁLIA, HOLANDA, EUA), embora PA apresenta coeficientes elevados para média brasileira e, para o sexo feminino valores baixos (DINAMARCA, EUA, CANADÁ, INGLATERRA & GALES, HUNGRIA) g) o conjunto de todas as neoplasias, exceto a de pulmão apresenta valores intermediários para elevados para o sexo masculino (FRANÇA, HUNGRIA, PA, POLÔNIA, CT) e para o feminino (DINAMARCA, INGLATERRA & GALES, HUNGRIA, RE, PA) 2. o cálculo do risco de morrer mostrou no sexo masculino (RE, RJ, PA, BH, CT, SA, SP, BE) e no feminino (RE, SA, BH, CT, RJ, BE, SP, PA) ordem diferenciada como a observada em SA e PA; somente a eliminação das doenças do aparelho circulatório alterariam significativamente o ordenamento do risco de morrer entre as cidades. 3. o impacto da eliminação de uma causa na mortalidade geral apresentou valores que variaram no caso a) das doenças do aparelho circulatório no sexo masculino de 39.9 por cento (CT) a 31,5 por cento (RE) e no feminino de 44,1 por cento (RJ) a 33,6 por cento ;b) para a doença isquêmica no sexo masculino de 17,0 por cento (CT) a 8,3 por cento (SA) e no feminino de 14,3 por cento (RJ) a 5,9 por cento (BH); c) para a doença cerebrovascular no sexo masculino de 12,0 por cento (CT) a 6,2 por cento (SP) e no feminino de 16,3 por cento (RJ) a 10,7 por cento (BH); d) para todas as neoplasias no sexo masculino de 16,9 por cento (PA) a 9,7 por cento (RE) e no feminino de 27,2 por cento (RJ) a 19,6 por cento (BH); e) para o câncer de estômago no sexo masculino de 3,7 por cento (BE) a 0,8 por cento (RE) e no feminino de 7,9 por cento (BE) a 1,1 por cento (PA); f) para o câncer de pulmão no sexo masculino de 4,9 por cento (PA) a 1,8 por cento (RE) e no feminino de por cento (PA) a 1,0 por cento (SA, BH, RE); g) para o conjunto câncer de próstata e cólon-reto de 3,6 por cento (CT) a 0,6 por cento (RE); h) para o conjunto câncer de mama/endométrio-ovário/ cólon-reto de 11,1 por cento (PA) a 2,4 por cento (BE); i) para as doenças respiratórias obstrutivas no sexo masculino de 3,6 por cento (PA) a 1,5 por cento (SA) e no feminino de 4,5 por cento (CT) a 1 ,4 por cento (RE); j) para o diabetes melito no sexo masculino de 2, 7 por cento (BH) a 1 ,3 por cento (BE) e no feminino de 6,4 por cento (SA) a 3,0 por cento (BE); k) para a cirrose hepática no sexo masculino de 9,1 por cento (RE) a 3,2 por cento (SA) e no feminino de 4,8 por cento (RE) a 1,8 por cento (SP); 4. a comparação entre o cálculo do impacto da redução de uma causa específica na mortalidade geral e os coeficientes ajustados por idade mostrou coeficientes de Spearman com significância estatística para a maioria das entidades nosológicas, exceto para as doenças do aparelho circulatório (masculino), as neoplasias (feminino), a doença isquêmica (ambos os sexos) e o câncer de estômago (ambos os sexos) apresentaram valores positivos, porém sem significância estatística. A doença cerebrovascular (ambos os sexos), o conjunto câncer de mama/endométrio-ovário/cólon-reto e o conjunto câncer da próstata e cólon-reto apresentaram coeficientes de correlação muito baixos. 5. A tendência da mortalidade por todas as causas no período 1979-89 variou a cada ano no sexo masculino de -0,84 por cento (CT) para +15 por cento (RJ) e no feminino de -0,96 por cento (CT) a -0,15 por cento (RJ); as doenças do aparelho circulatório variaram no sexo masculino de -0,84 por cento (CT) a +2,50 por cento (RE) e no feminino de -0,96 por cento (CT) a +0,33 por cento (RJ); doença isquêmica variou no sexo masculino de -0,88 por cento (BE) a +6,08 por cento (RJ) e no feminino de -0,88 por cento (BE) e +2,86 por cento (RJ); a doença cerebrovascular variou no sexo masculino de -0,74 por cento (CT) e +6,62 por cento (BH) e no feminino de -0,97 por cento (CT) e +5,15 por cento (RE); as neoplasias malignas variaram no sexo masculino entre -0,93 por cento (CT) e +0,49 por cento (RE) e no feminino -0,94 por cento (CT) a +1,60 por cento (PA); o câncer de pulmão variou no sexo masculino de -0,84 por cento (CT) a +2,88 por cento (RE) e no feminino de -0,85 por cento (CT) a 25,54 por cento (SA). O conjunto neoplasia maligna da próstata e cólon-reto variou de - 0,92 por cento (8E) a +4,52 por cento (SP); o conjunto neoplasia maligna da mama/endométrio-ovários/ cólon & do reto variou de -0,83 por cento (BE) a +1 ,01 por cento (PA); as doenças respiratórias obstrutivas variaram de -5,98 (PA) a +2,63 (RE) para o sexo masculino e no feminino entre -1,53 por cento (RE) +7,87 por cento (CT); o diabetes melito para o sexo masculino variou entre -6,27 por cento (CT) e +2,63 por cento (RE) e feminino entre -0,78 por cento (SP.) e +2,09 por cento (BH) e, a cirrose hepática variou no sexo masculino entre -0,73 por cento (BE) e +6,83 por cento (SA) e no feminino entre -0,97 por cento (BE) e +2,01 por cento (RJ). 6. comparação com os indicadores sociais em análise bivariada usando correlação de Spearman: a) coeficientes-sexo masculino: a mortalidade geral não apresentou nenhuma correlação significativa; os cânceres apresentaram uma relação inversa com o analfabetismo e com a freqüência de casas com mais de dois moradores por cômodos e positiva com a cobertura de água; o câncer de pulmão, correlação negativa com o analfabetismo feminino e o diferencial de analfabetismo masculino-feminino; o câncer de próstata e cólon-reto com o analfabetismo feminino; o câncer de estômago não apresentou qualquer associação com significância estatística; as doenças do aparelho circulatório e a doença isquêmica tiveram associação negativa com a freqüência de casas com mais de dois moradores por cômodos; as demais causas não apresentaram associação significativamente estatística com os indicadores sociais. b) coeficientes- sexo feminino; o câncer de pulmão apresentou associação negativa com a proporção de homens e mulheres analfabetos; o câncer de mama e associados apresentou relação negativa com a freqüência de casas com mais de dois moradores por cômodos e positiva com a cobertura de água encanada. c) impacto da eliminação-sexo masculino; todos os cânceres tiveram associação negativa e a porcentagem de analfabetos homens e mulheres; o câncer de pulmão teve associação negativa com a porcentagem de mulheres analfabetas e o diferencial masculino-feminino de analfabetismo. d) impacto da eliminação-sexo feminino; os cânceres tiveram correlação negativa com o diferencial masculino-feminino do analfabetismo; o câncer de pulmão teve correlação negativa com o analfabetismo masculino e feminino e o diferencial masculino-feminino do analfabetismo. 7. a análise qualitativa a partir do sentido dos coeficientes de correlação para mostrar associação com indicadores de pobreza. a) sexo masculino- a mortalidade por todas as causas associação com o analfabetismo e a porcentagem de mulheres na força de trabalho; o diabetes melito apresentou o mesmo comportamento; a cirrose hepática mostrou correlação com todos indicadores da pobreza; a doença cerebrovascular também apresentou relação positiva com a pobreza, sem a mesma força que a cirrose; b) no sexo feminino - a mortalidade por todas as causas com a pobreza é mais nítida do que no masculino; as doenças do aparelho circulatório associam-se com o analfabetismo; as neoplasias associam-se com a maioria dos indicadores de pobreza; a cirrose hepática, o diabetes melito e a doença cerebrovascular pela ordem se destacam como causas associadas à pobreza. c) o impacto da eliminação e os indicadores sociais e econômicos mostraram associações diferente das encontrada entre os coeficientes; a cirrose hepática para ambos os sexos é a causa mais relacionada à pobreza; sucedida pelo câncer de estômago com os indicadores relacionados à renda e às condições hídricas; o diabetes melito apresenta a correlação com o analfabetismo e a doença lsquêmica associa-se negativamente com os indicadores econômicos (salário mínimo médio e renda familiar). CONCLUSÕES: 1. a comparação internacional dos coeficientes de mortalidade ajustados para a idade entre os 45 e 64 anos no quadriênio de 1984-87 mostrou que nas cidades brasileiras a importância das doenças crônicas é tão ou mais importante do que os Estados Unidos da América, o Canadá, a Austrália e os países europeus ocidentais. A maior semelhança nos padrões de mortalidade foram com os países do Leste europeu; as doenças cardiovasculares são o maior destaque entre as mulheres, principalmente a cerebrovascular. 2. apesar de existir correlação entre os coeficientes de mortalidade por gênero nas cidades, os coeficientes de mortalidade, o impacto da eliminação, as tendência temporais e os determinantes sociais são diferentes no sexo masculino e no feminino; a doença cerebrovascular é mais importante no sexo feminino com impacto da redução é maior entre as mulheres; a cirrose hepática e o câncer de pulmão é mais importante entre os homens; dos cânceres associados a dietas ricas em gorduras, o câncer de mama e associados é de importância maior do que o equivalente masculinos; o diabetes melito apresenta maiores coeficientes entre as mulheres; 3. o impacto da eliminação de uma causa básica na mortalidade geral mostrou ser um instrumento mais preciso do que os coeficientes e, discordou do posicionamento dos coeficientes: nas doenças do aparelho circulatório (masculino), todas as neoplasias (feminino), doença cerebrovascular (ambos os sexos), câncer de estômago (ambos os sexos), câncer de mama & associados e câncer de próstata e cólon-reto. 4. há diferenças entre as cidades na distribuição geográfica, não se obtendo o mesmo posicionamento por doenças entre duas cidades; as cidades - divididas entre as ao norte (BE, RE, SA, BH) e as ao sul (RJ, SP, CT, PA) tiveram o seguinte comportamento: a) ao sul, para o sexo masculino, as três principais causas são a doença isquêmica do coração, a cerebrovascular e a cirrose hepática e ao norte uma inversão entre a as duas primeiras causas, porém em Recife a doença isquêmica é a principal causa e a cirrose hepática a segunda e a doença cerebrovascular a terceira. b) o diabetes melito entre os homens das cidades ao norte ocupa um posicionamento mais elevado do que no sul, provavelmente pelo excesso de mortes em indivíduos do tipo insulina-dependente; c) entre as mulheres, não existe um padrão bem estabelecido norte-sul como entre os homens, embora a doença isquêmica do coração seja mais importante no sul do que norte. 5. as tendências de mortalidade são muito variáveis de cidade para cidade e de doença para doença e, devido ao pequeno tempo de estudo é difícil detectar um padrão específico de evolução temporal. No sexo masculino, PA e SP apresentam o mesmo comportamento, exceto o aumento da mortalidade geral nesta última cidade por causas externas; RE e RJ também apresentam comportamento parecido entre os homens, principalmente devido à doença Isquêmica e à cerebrovascular. 6. a questão da afluência ou da pobreza na relação com a mortalidade é complexa; somente a mortalidade por câncer de pulmão e o câncer de mama conseguiram estar nitidamente caracterizados como doenças da afluência; mostraram associação com a pobreza, a cirrose hepática, o diabetes melito e a doença cerebrovascular para ambos os sexos; as doenças do aparelho circulatório e todas as neoplasias no sexo feminino apresentaram relação com a pobreza.
Diferenciais da saúde em áreas urbanas e rurais: cárie dentária e condições gengivais em escolares no Estado de São Paulo
Objetivos: Estudar os diferenciais entre os indicadores de cárie dentária e alterações gengivais em escolares de áreas urbanas e rurais do Estado de São Paulo. Material e Métodos. Estudo de corte transversal analítico e ecológico foram os dois delineamentos utilizados. A população de estudo foram estudantes de escolas urbanas e rurais do Estado de São Paulo de 5 a 7 e de 10 a 12 anos; a fonte de informação foi o "Levantamento das Condições de Saúde Bucal - Estado de São Paulo, 1998". Foi estimada a prevalência de cárie dentária (índice ceo-d e CPO-D), do sangramento gengival durante a sondagem e de cálculo dental (índice CPI), para o estudo de associação com características sócio-demográficas dos escolares e indicador de desenvolvimento social (IDH-M) das cidades participantes do levantamento. Foram estimadas as odds ratios ajustadas e não ajustadas, por meio de análise de regressão logística de delineamento de modelos multivariados e multiníveis. O estudo de diferenciais de prevalência entre diferentes regiões do Estado empregou uma classificação de àreas rurais homogêneas pré-existentes. Resultados: Os indicadores de saúde bucal tiveram distibuição desigual entre os estratos, indicando pior condição para a população rural. Estudar em áreas rurais, em escolas públicas, ser negro ou pardo e ser do sexo masculino associaram com a manifestação de cárie não tratada e alterações gengivais, ao nível dos indivíduos. No modelo multinível, a presença de flúor na água de abastecimento público, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) e o Índice de Cuidado associaram com as condições de saúde bucal estudadas ao nível das cidades participantes do levantamento. Áreas rurais cujo sistema produtivo apresentava maior implementação da economia agro-industrial tiveram os melhores indicadores de saúde bucal. Conclusões: Os escolares de área rural mostraram-se mais vulneráveis para todas as condições de saúde bucal avaliadas
2006
Tatiana Ribeiro de Campos Mello