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A recepção da literatura traduzida de ficção científica no Brasil: um recorte dos anos 1950 e 1960

A literatura de Ficção Científica (FC), conhecida por desafiar os limites entre a ficção e a realidade, enfrentou grandes obstáculos para se estabelecer no polissistema literário brasileiro e ser reconhecida como gênero relevante. Buscando entender melhor as circunstâncias que levaram a esse cenário e o impacto de sua classificação como literatura traduzida, este trabalho analisa, sob a ótica das refrações, algumas publicações que podem ter representado o primeiro contato do público brasileiro com esse gênero. Foram determinadas duas frentes investigação: a primeira se dedicou aos elementos paratextuais presentes nas primeiras coletâneas do gênero publicadas no país, Maravilhas da Ficção Cientifica (1958) e Antologia Brasileira de Ficção Científica (1961); e a segunda se concentrou em identificar, coletar e examinar notas jornalísticas que mencionassem os termos ficção científica e science fiction publicadas nas décadas de 1950 e 1960 período no qual o gênero começava a ser registrado pela grande mídia e explorado como proposta comercial. Os resultados encontrados revelam uma relação direta entre a influência estrangeira na formação do polissistema literário brasileiro e a postura das editoras e jornais do país, incentivadas pela ação marcante dos grupos de autores, editores e entusiastas do gênero.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Fernanda Libério Pereira

Para ler Van Gogh: tradução comentada da Carta 179 de Vincent van Gogh a seu irmão Theo

A presente dissertação apresenta a tradução comentada da Carta 179 (de acordo com a numeração do Museu Van Gogh) escrita por Vincent van Gogh a seu irmão Theo. Trata-se de uma tradução por via indireta da versão para o inglês feita pelo Museu. O trabalho baseou-se nas premissas do \"paradigma indiciário\", de Ginzburg (1999) utilizando como recurso complementar a transcrição do manuscrito em holandês para orientar escolhas tradutórias. O conceito de ritmo de Henri Meschonnic (2006) abriu possibilidades e lastreou os arremates. Da mesma forma, a \"letra\" e as tendências de Berman (2013) balizaram o caminho, que também levou em conta as modalidades de tradução de Francis Aubert (1998). Igualmente, busquei lançar alguma luz sobre o fato de que, injustamente, as cartas ainda são tratadas como ferramental para outros campos de estudo, atuando como auxiliares na reconstituição de biografias, na compreensão de momentos históricos ou como apêndice a obras literárias. No campo dos Estudos da Tradução, essa realidade também se reproduz. Neste sentido, esta dissertação objetiva contribuir para o estudo das cartas como o objeto em si. Van Gogh é o autor do texto traduzido, mas não é à sua biografia que esta tradução pretende servir, e sim à sua obra como epistológrafo. Seus comentários são precedidos por uma contextualização da relação intrínseca e milenar existente entre o pensamento sobre a escrita de cartas e o pensamento sobre tradução, no intuito de mostrar a influência que a carta tem na forma mesma de pensar e praticar filosofia, literatura e outras artes.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Naia Veneranda Gomes da Silveira

Será Huckleberry Finn mesmo um romance racista?: uma análise da obra, de algumas de suas traduções e do discurso racial no século XIX em narrativas sobre escravos sob a luz da Linguística de Corpus

Adventures of Huckleberry Finn (1884) de Mark Twain (1835-1910) tem estado de modo frequente na berlinda. Em cada época, desde o seu lançamento, a proibição da obra, nas bibliotecas e escolas, foi motivada pelas temáticas tratadas, pelos dialetos criados ou pela reiteração da palavra nigger(s). No Brasil, as traduções da obra fazem parte do nosso Polissistema Literário de Tradução desde 1934 (Monteiro Lobato). Visto que a obra foi lançada há mais de cem anos, muitos têm se dedicado a ela, a fim de discutir suas principais controvérsias. Esta pesquisa visa a apresentar algo diferente na forma de analisar os dados da obra e de quatro de suas traduções. Para tanto, elegeu-se a Linguística de Corpus (LC) como metodologia e principal abordagem, pois a LC oferece a possibilidade de investigar uma grande quantidade de dados por meio eletrônico (WordSmith Tools, Scott, 2006), assegura precisão na apresentação das informações, e também mostra dados não detectados a olho nu pelo analista. Dessa forma, esta pesquisa apresenta um estudo dirigido pelo corpus embasado na lista de palavras-chave que detectou nigger(s) como a palavra mais relevante. A partir desse dado, delineou-se o objetivo geral do estudo que é verificar a importância que o termo nigger(s) assume na caracterização dos negros em Huckleberry Finn por meio do discurso racial, investigando o campo semântico racismo/escravidão. Para tanto, julgou-se necessário buscar na literatura de língua inglesa obras do século XIX (nove narrativas sobre escravos) que também empregaram o termo nigger(s), a fim de comparar as narrativas e a obra de Twain e verificar (des)semelhanças na construção do discurso racial. Por ser nigger um termo culturalmente marcado e os tradutores brasileiros o traduzirem por um vocábulo neutro (negro ou escravo), decidiu-se investigar obras brasileiras do século XIX (em número de seis) sobre a escravidão, a fim de entender a (não) existência de um vocábulo que se aproxime da carga semântica de nigger, com o intuito de confrontar os termos usados pelos autores brasileiros com aqueles usados pelos tradutores. Assim sendo, a tese a ser demonstrada é que Huckleberry Finn, embora use nigger(s) reiteradamente, caracteriza os negros de forma positiva, subvertendo o discurso racial, e emprega nigger(s) com o fim de mostrar como a sociedade estadunidense do século XIX tratava os negros de forma negativa. As obras brasileiras analisadas revelaram um termo para representar os negros, crioulo, cuja prosódia é negativa; porém os tradutores não fazem uso desse termo, possivelmente pelo fato de as normas do nosso Polissistema Literário, ligadas ao grau de aceitabilidade (TOURY, 1995) da tradução, imporem uma reescritura consoante com o discurso politicamente correto de nossos dias. Esta tese ainda tem o papel de mostrar a contribuição inestimável da LC para os estudos literários, uma vez que foi possível, por meio das linhas de concordância, apresentar análises impraticáveis de serem realizadas sem tal metodologia, em função da exiguidade do tempo da pesquisa (quatro anos), do número de obras analisadas (vinte) e do recorte escolhido, o campo semântico, difícil de ser investigado a olho nu.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Vera Lúcia Ramos

O conhecimento do outro por meio da imagem e da tradução

O presente trabalho analisa a formação de identidades culturais a partir da tradução das histórias em quadrinhos. Investigamos como se dá o processo de conhecimento do outro, ou seja, do estrangeiro, no original e na tradução, a partir da relação entre a imagem e o texto presentes na série de quadrinhos francesa Le photographe. A obra, que mescla texto, desenhos e fotografias, foi composta por três autores, a saber: Emmanuel Guibert, quadrinista responsável pelos desenhos, Didier Lefèvre, fotojornalista autor das fotografias, e Frédéric Lemercier, editor encarregado da diagramação das páginas. Dividida em três volumes, a série resulta do trabalho desenvolvido por Lefèvre junto à organização Médicos Sem Fronteiras, que o contratara para cobrir uma missão da instituição no Afeganistão em 1987, durante a guerra desse país contra a U.R.S.S. Publicados na França entre 2003 e 2006 e no Brasil de 2006 a 2010, respectivamente, Le photographe e O fotógrafo constituem um rico material para análise graças à simultaneidade de discursos: o documental e o quadrinístico, tendo em vista a representação da cultura do outro, isto é, do povo afegão, em dois contextos socioculturais distintos: o francês, no original, e o brasileiro, na tradução. Apresentamos algumas características acerca da composição da obra, em que o uso das fotografias em conjunção com os desenhos revela o desenvolvimento de um estilo inovador no contexto da linguagem dos quadrinhos. Isso fica evidente quando analisamos os trabalhos de teóricos que já investigaram a constituição da narrativa quadrinística, como os de Eco ([1965]2008) e McCloud (2005), trabalhos nos quais se destaca a questão da relação de continuidade entre os quadros e as páginas. Nosso trabalho, contudo, expande essas reflexões e propõe uma nova perspectiva de análise da enunciação das histórias em quadrinhos, pois observamos a constituição de uma unidade entre os signos no nível da leitura, que chamamos de unidade plurissemiótica, elemento que influencia o processo de tradução dessa forma de linguagem. Como a representação da cultura do outro se configura a partir da relação de complementaridade entre fotografia, desenho e texto, a análise da tradução dessa obra põe em relevo questões como a alteridade, a identidade, o contraste e a semelhança entre as três culturas envolvidas na criação e leitura da obra: a francesa, a afegã e a brasileira. Nesse sentido, exploramos as contribuições de diversos estudiosos que se dedicaram à investigação da representação cultural na tradução, dentre eles Venuti (1998) e Aubert (2006), para chegarmos à concepção das noções de marcador cultural verbal, icônico e verbo-icônico, tendo em vista a especificidade do processo de tradução dos quadrinhos. As análises realizadas partem da relação de complementaridade entre os códigos verbal e imagético e de como essa relação entre os signos constrói um conhecimento sobre o outro no original, que se transforma na tradução; dessa forma, o desenvolvimento de conceitos específicos relacionados a esse tipo específico de tradução, como a unidade plurissemiótica e os marcadores culturais verbais, icônicos e verboicônicos, coloca em relevo a sua singularidade.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Sabrina Moura Aragão

Tradução e videogames: uma perspectiva histórico-descritiva sobre a localização de games no Brasil

Os videogames são hoje uma das formas de entretenimento mais populares em todo o mundo. Muito desse sucesso só foi possível graças à tradução, a qual, por meio de versões localizadas para os mais diversos idiomas, contribuiu decisivamente para que os videogames alcançassem um número cada vez maior de mercados e chegassem a milhões de lares ao redor do planeta. Esta dissertação, de caráter eminentemente historiográfico, tem por objetivo examinar a relação entre a tradução/localização e os videogames desde seu início até os dias de hoje. Além disso, pretende também, por meio da análise de alguns jogos, traçar um panorama acerca de como se dá esta relação sob o contexto brasileiro, abordando as características e especificidades que a localização de games tem apresentado no Brasil ao longo do tempo. A análise desses jogos está fundamentada sob duas perspectivas: a) uma perspectiva histórica, em que se buscará situar as épocas em que foram lançados às etapas de evolução dos videogames e sua relação com a tradução/localização em cada momento; e b) uma perspectiva descritiva, em que se realizará uma análise dos aspectos acerca da tradução/localização observados nesses jogos, fundamentada sob as bases teóricas utilizadas nesta dissertação: o conceito de domesticação/estrangeirização (Venuti, 1995), a teoria funcionalista do Skopos (Vermeer, 1986) e o conceito de Gameplay Experience (Souza, R.V.F., 2014).

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2022-12-06T14:53:37Z

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Ricardo Vinicius Ferraz de Souza

A tradução na espiral de posições enunciativas em Feux, de Marguerite Yourcenar, e Fires, por Dori Katz

Diferentemente das linhas adotadas por um bom número de trabalhos em Estudos da Tradução que têm por objetivo uma análise crítica de tradução ou uma tradução comentada, nosso projeto busca tratar a tradução, mais especificamente a tradução literária, não como um objeto em si, mas como parte integrante do processo de construção de uma obra. Para tanto, nosso pressuposto é a noção aristotélica de ato e potência. A nosso ver, a gênese da tradução literária, como potência, coincide com o início da escritura da obra, como ato, ou seja, a tradução literária é inerente à obra em estado virtual, como um ser em devir, podendo ou não vir a se materializar como obra traduzida. Sob essa ótica, acreditamos que toda e qualquer análise de tradução literária envolva um mergulho não apenas no contexto de sua produção e em seu produto final, mas também nos elementos que envolvem a produção da obra de partida. Baseando-nos nas noções de Dominique Maingueneu (2001) a respeito do contexto da obra literária e no alicerce linguístico em enunciação oferecido por Émile Benveniste (1976), pudemos associá-los a outras importantes contribuições, como os conceitos de posição tradutória, projeto de tradução e horizonte do tradutor propostos por Antoine Berman (1995) que, se observados relacionalmente dentro de cada espaço de negociação que constitui todo processo tradutório em suas diversas etapas, pressupõem necessariamente uma esfera ética. Ao adotarmos a noção proposta por Maurício Mendonça Cardozo (2007), baseando-se em Henrique C. de Lima Vaz (2015), que traz o conceito da palavra ética originalmente como lugar, podemos entendê-la como sendo a consciência da posição que se ocupa em uma dada relação o lugar de onde se fala e para quem se fala , oferecendo, assim, campo fértil para pensarmos efetivamente a ética da tradução como práxis e projetá-la em termos bermanianos. Sob esse arcabouço teórico, a questão das posições enunciativas emerge de maneira fundamentada para uma análise do caso específico da tradução Fires (1981), por Dori Katz, a partir da obra Feux (1936), de Marguerite Yourcenar, em que diversas são as variáveis, que não a relação isolada entre tradutor e texto de partida. Em Feux-Fires, aquilo que chamaremos de uma espiral de posições enunciativas compõe um quadro bastante particular em tradução literária.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Mônica de Meirelles Kalil Godoi

Uma tradução estrangeirizante comentada dos neologismos de dobretes no Tutunamayanlar de Oğuz Atay vistos sob o ponto de vista da Revolução Linguística Turca

Este trabalho discute os neologismos usados na obra modernista da literatura turca, Tutunamayanlar, de Oğuz Atay (1934-1977). Tais neologismos devem ser entendidos sob o pano de fundo da revolução linguística que teve início na década de 30 na Turquia, e que, em poucos anos, alterou substancialmente a língua turca. O autor faz uma crítica dos excessos dos reformadores turcos através da paródia de neologismos virtuais, não-dicionarizados. Após análise etimológica e morfológica do neologismo, além do cotejo com as duas traduções da obra turca existente, a saber, em holandês e alemão, sugeriremos um neologismo equivalente em português, com base nas técnicas de criação de palavras usadas por tradutores como Haroldo de Campos e Odorico Mendes, além de escritores como Guimarães Rosa. Dentre tais técnicas, demos ênfase à busca da etimologia, preconizada por Campos em suas traduções, como na do Qohélet, e o recurso ao latim e o grego clássico para cunhar palavras, e a diversidade dos neologismos criados por Rosa em suas obras. Os neologismos sugeridos pretendem reproduzir em língua portuguesa um impacto de estranheza semelhante ao causado no leitor turco, ou seja, a força motriz por detrás da criação dos neologismos é o estrangeirismo, que tem como objetivo fazer com que essas palavras atraiam atenção para si.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Marco Syrayama de Pinto

Direito das mulheres e injustiça dos homens: a tradução utópico-feminista de Nísia Floresta

Nísia Floresta foi a primeira escritora brasileira a dedicar-se aos estudos de gênero no Brasil. Ela publicou seu primeiro livro em 1832, supostamente realizando uma tradução livre de Vindication of the rights of woman (1790), de Mary Wollstonecraft, conforme apontam diversos artigos e livros sobre o assunto, inclusive o próprio livro que ela publicou. Essa informação foi posteriormente dada como errônea ao descobrir-se que ela realizou uma tradução de Woman not inferior to man (1738), de Sophia. Tendo essas questões em foco e por haver pouca literatura voltada às análises das questões de tradução envolvendo essa importante publicação, é que se justifica a realização desta pesquisa. Este trabalho teve como objetivo analisar, por meio das teorizações de análise do discurso de Norman Fairclough (2004) e de tradução de Christiane Nord (2016) a tradução de Nísia Floresta sob a ótica do movimento feminista. Como resultados, tentou-se encontrar justificativas para os fatos anteriormente citados, por meio de levantamento de hipóteses, acerca da publicação de Nísia Floresta, bem como contribuir com os estudos sobre feminismo no Brasil e pesquisas sobre a importância de Nísia Floresta para o referido movimento.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Catarina Alves Coelho

Don Juan de Lord Byron: tradução integral, comentário e notas

Esta tese descreve a experiência da primeira tradução integral poética e anotada de Don Juan de Byron à língua portuguesa ocorrida durante o período de 2009 a 2019. Encontram-se aqui, desse modo, original e tradução de cerca de dezesseis mil versos na mesma estrutura estrófica, e grande quantidade de notas enciclopédicas e tradutórias, o que demandou estudos sistemáticos também apresentados como mapeamento do caminho e procedimento adotados pelo tradutor, dando origem ao projeto tradutório, baseado em teorias de Walter Benjamin e Antoine Berman, de certo modo estrangeirizante e em diálogo com as perspectivas da tradução em contexto pós-colonial, sendo expostas em detalhe as nuances de seu processo, produto e função na cultura de chegada. Para serem estabelecidas tais diretrizes, foi necessário analisar as traduções do corpus efetuadas por outros dez tradutores, que serviram assim como arquétipos e protótipos, exigindo por sua vez um levantamento prévio dos principais aspectos do corpus, do original enquanto obra a ser traduzida, como do mito de Don Juan, das camadas semânticas e formais, da voz narrativa e do gênero da sátira menipeia, porém como o Romantismo testava inclusive os limites entre vida e obra, precisou-se ainda entender exatamente o contexto em que se deu a criação do corpus, bem como mapear com precisão a influência, geralmente através da tradução, da obra e mito byronianos na literatura brasileira.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Lucas de Lacerda Zaparolli de Agustini

\"What mouse, George? I ain\'t got no mouse.\": traduzindo marcas de oralidade em Of Mice and Men de John Steinbeck

A presente dissertação tem como objetivo apresentar uma proposta de tradução em português brasileiro para marcas de oralidade encontradas nas falas das personagens da novela de John Steinbeck Of Mice and Men. O corpus escolhido são as duas primeiras partes e a quarta parte, pois nelas estão as personagens. O aporte teórico está fundamentado na área de Estudos da Tradução, mais precisamente nas discussões propostas por Lawrence Venuti sobre estrangeirização, Antoine Berman sobre deformações e Umberto Eco com perdas e ganhos e negociação, além dos embasamentos de Hudinilson Urbano, Milton Azevedo e Gillian Lane-Mercier sobre socioleto literário e oralidade na literatura. Falas cotidianas das pessoas nas ruas serviram de inspiração para apresentarmos uma tradução de marcas de oralidade que não fosse muito caricata e visualmente poluída com sinais gráficos, e ao mesmo tempo para tentar manter a verossimilhança com o efeito de sentido no leitor ao ler um texto em que se possa reconhecer traços de discurso oral. Para isso recursos gráficos que representasse a fala foram utilizados, assim como outros recursos para tentar transpor o texto oral na forma escrita.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Ana Lúcia da Silva Kfouri

Um Bonde de Sucesso do Palco para a Tela: análise da transposição da peça Um Bonde Chamado Desejo para Filme

Este trabalho apresenta uma análise da transposição da peça Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams, para o filme homônimo dirigido por Elia Kazan em 1951. A pesquisa se baseou na teoria de adaptação apresentada por Linda Hutcheon em seu livro Theory of Adaptation (2006) e também nos conceitos de reescrita e patronagem apresentados por André Lefevere (1945-1996) em sua obra Translation, Rewriting and the Manipulation of Literary Fame (1992) além das diferenças entre cinema e teatro, apresentadas nos livros Film and Theater (1936), de Allardyce Nicoll (1894-1976), e Theater and Cinema (1971), de André Bazin (1918-1958). A comparação não visou encontrar fidelidade com o texto fonte, mas sim identificar equivalentes semióticos cinematográficos usados para transformar em imagens o conteúdo e a expressão do texto escrito, tratando texto e filme como produtos independentes. No fim, os ajustes, as distorções, acréscimos, exclusões resultantes do fenômeno tradutório são apresentados.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Augusto Cezar Alves dos Santos

Uma análise da linguagem da tradução presente em relatórios de sustentabilidade à luz dos estudos da tradução baseados em Corpus

Milhares de empresas ao redor do mundo publicam anualmente relatórios de sustentabilidade, documentos que divulgam o desempenho econômico, ambiental, social e de governança da organização. Segundo dados de 2014, do relatório Spotlight on corporate transparency: Insights from GLOBE 2014, da empresa de auditoria KPMG, mais de 5.000 empresas em 88 países elaboram esses relatórios seguindo as diretrizes GRI Global Reporting Initiative (KPMG, 2014, p. 4). Frequentemente, tais relatórios são elaborados na língua oficial do país em que as empresas estão instaladas (língua de partida) e traduzidos para o inglês (língua de chegada). O objetivo desta pesquisa é analisar a linguagem da tradução presente em relatórios de sustentabilidade que seguem o padrão GRI para identificar os principais traços típicos da tradução, tais como explicitação, simplificação e normalização, seguindo o arcabouço teórico de Baker (1993, 1995, 1996). Como objetivo secundário visamos identificar os principais termos e expressões desse modelo de relatório em português e seus equivalentes em inglês, para a compilação de uma proposta de glossário bilíngue na direção português-inglês. O estudo foi feito principalmente por meio dos Estudos da Tradução Baseados em Corpus e da Linguística de Corpus, utilizando um corpus paralelo, com 10 documentos coletados da internet em português com as respectivas traduções para o inglês, e dois corpora comparáveis bilíngues, com um total de 30 documentos em português e outros 30 escritos em inglês. Em relação ao objetivo principal, notamos que, embora os documentos originais e as traduções do corpus de estudo sejam bastante semelhantes, isto é, apresentem o mesmo número de páginas, o mesmo layout e, aparentemente, o mesmo conteúdo em cada página, foi possível notar traços de explicitação, simplificação e normalização na linguagem traduzida.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Vanessa Domingues Prata

Tradução de poesia infantil e sua recepção via Pensar Alto em Grupo: \"As meninas\" e \"O menino (azul)\", de Cecília Meireles

Centrado no campo dos Estudos da Tradução em confluência com o campo da Educação, este trabalho visou investigar, diretamente com as crianças leitoras, a recepção de poemas infantis traduzidos para o inglês, e contrastá-la à recepção dos respectivos poemas fonte, escritos em português, valendo-se, para a geração de dados, da prática de letramento Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 2014). Os poemas fonte, \"As meninas\" e \"O menino azul\", pertencem à coleção de poemas Ou isto ou aquilo (1964), de Cecília Meireles. As versões para o inglês foram elaboradas pela pesquisadora, e pela poeta e tradutora britânica Sarah Rebecca Kersley, aplicando critérios que privilegiam a correspondência de atributos poéticos entre poema fonte e traduzido (BRITTO, 2002; 2005; 2010). O contraste entre as recepções fez-se com base nas interpretações infantis: cada poema fonte foi \'pensado-alto\' por dois grupos de crianças brasileiras e cada poema traduzido por dois grupos de crianças estrangeiras. Do lado brasileiro, crianças de 9 a 11 anos, matriculadas na EMEF Vera Lúcia Fusco Borba (São Paulo); do lado estrangeiro, crianças da mesma idade, matriculadas no correspondente Y5 das escolas inglesas Thriplow Primary School (Cambridge) e King David Primary School (Birmingham). No que concerne à Educação, este estudo contribuiu para confirmar a aplicabilidade do PAG como instrumento para promover a leitura de poesia no Ensino Fundamental I. No que concerne aos Estudos da Tradução, este estudo permitiu afiançar o PAG como ferramenta de apoio a tradutores e a estudiosos da tradução, em especial aos de literatura infantil e/ou aqueles voltados à recepção. Ao comparar as interpretações, foi possível apontar convergências de leituras entre os diferentes grupos, sugerindo que o horizonte de expectativas das crianças, no que concerne os valores afetivos na esfera doméstico-familiar é muito semelhante dentro de uma mesma cultura e também entre diferentes culturas. Foi possível também apontar divergências entre as interpretações, e distingui-las em pelo menos dois tipos: 1) aquelas motivadas pela ancoragem linguístico-cultural, a saber, os diferentes ambientes histórico-geográficos, em conjunto com a história de vida dos participantes, seu conhecimento de mundo, além do \"horizonte de expectativas\" dos leitores em face de uma nova obra (JAUSS, 1994 [1967]); e 2) aquelas provocadas por interferências na tradução e que, mesmo quando aparentemente inofensivas, podem provocar o popular \"efeito borboleta\" (ASLANOV, 2015) descrito na Teoria do Caos. Assim, no plano específico, a par dos dados gerados pelo PAG, o tradutor pode fazer escolhas mais conscientes e éticas. E num plano mais amplo, o estudioso pode se deparar com resultados que comprovem teorias já existentes ou apontem para novas hipóteses, novos caminhos.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Telma Franco Diniz Abud

Tradução comentada da obra Le Petit Prince, de Antoine de Saint-Exupéry, do francês ao nheengatu

A língua geral amazônica (LGA), língua de base tupi, chamada em meados do século XIX de nheengatu (nheenga língua + katu bom, boa), foi mais falada que o português em toda a Amazônia até o término do século XIX. Após uma série de fatores que levaram ao seu enfraquecimento, hoje se concentra na região do Alto Rio Negro, onde é língua oficial do município de São Gabriel da Cachoeira AM. Por ser uma língua historicamente veiculada pela oralidade e pela ainda tímida elaboração de materiais para seu estudo e divulgação, iniciativas relacionadas à tradução ao nheengatu mostram-se como estratégias interessantes a favor da revitalização dessa língua e da contribuição para a consolidação de um registro escrito na mesma. Insere-se nesse contexto a tradução do livro Le Petit Prince, de Antoine de Saint-Exupéry, do francês ao nheengatu. O registro escrito adotado em minha proposta de tradução foi estabelecido com base nos textos em e sobre o nheengatu produzidos entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX e no confronto desse período com a língua em seu estado atual. Além de aumentar o número de materiais escritos na língua, utilizados principalmente no ambiente escolar amazônico, a tradução proposta nesta dissertação vem acompanhada de uma seção em que apresento comentários a respeito das escolhas tradutológicas adotadas por mim, que se relacionam a aspectos linguísticos e culturais envolvidos no processo tradutório. Com o propósito de contribuir não apenas para o fortalecimento do nheengatu, as discussões sobre questões teóricas e modalidades de tradução também podem se somar às contribuições no campo dos Estudos da Tradução.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Rodrigo Godinho Trevisan

Eis-me: tradução comentada do EIMI de E.E. Cummings

Nesta dissertação traduzimos e comentamos os quatro primeiros registros de diário (10- 14 de maio de 1932, 50 páginas) da obra EIMI de Edward Estlin Cummings (1894-1962). EIMI é um diário/romance experimental que relata a viagem de trinta e seis dias que Cummings realizou na Rússia soviética entre maio e junho de 1931. Justificamos a escolha de EIMI porque, além de entendermos que é um livro importante e pertinente no contexto do Modernismo literário do século XX, ele nunca foi traduzido. Com o intuito de respaldar nossa pioneira tradução realizamos uma pesquisa que pode ser dividida em duas esferas: estudos sobre a vida e a obra de Cummings; e estudos sobre o ato de traduzir, focados especificamente na exploração do livro Poétique du traduire de Henri Meschonnic. As investigações dentro da primeira esfera fundamentaram o Capítulo 1 do trabalho, onde apresentamos e problematizamos EIMI. As investigações da segunda esfera fundamentaram o Capítulo 2. Aqui, partimos do pressuposto que o sujeito e a língua são elementos necessários para que se faça literatura; mas que o fazer literário, por seu turno, é fundamental no processo de formação e compreensão do que é (ou se torna) a língua e o sujeito. Argumentamos, com Meschonnic, que mais importante do que traduzir a língua de uma obra é traduzir o modo como a obra negocia, através do uso específico da língua por um sujeito, uma nova língua e um novo sujeito. Posto de outro modo, argumentamos que não é a língua no sentido estrito que se traduz, mas o discursotal qual articulado em uma obra específica e implicado na subjetividade de um ser histórico. Testaremos as diretrizes de Meschonnic em nossa própria tradução e comentários, expostos no Capítulo 3.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Rafael Augusto Duarte Freire

Hendíadis em análise nas traduções para o português de peças de W. Shakespeare

Esta pesquisa investiga o uso da hendíadis em 3 (três) peças de William Shakespeare (1564- 1616): Macbeth (1603-1606), Twelfth Night (1602), Julius Caesar (1599), e como foram traduzidas para o português por Carlos Alberto Nunes (1897-1990), Barbara Heliodora (1923- 2015) e Beatriz Viégas-Faria (1956-). Hendíadis é uma figura de linguagem cuja estrutura utiliza a conjunção e para conectar dois substantivos com cargas semânticas díspares que apresentam uma ideia única e complexa. Frequente na literatura latina e bíblica, é traço distintivo na linguagem de Shakespeare, sendo utilizada por exemplo no famoso solilóquio de Macbeth, ato 5, cena 5: sound and fury. Após compilação do corpus paralelo bilíngue, o material será analisado à luz das teorias da tradução, especificamente as proposições de Antoine Berman (1942-1991) sobre deformações atuantes nas traduções, de modo a entender como um elemento de difícil identificação e compreensão se comporta quando traduzido para o português. A proposta é evidenciar a estrutura na linguagem e organizar análise sobre essa característica na poética do autor, mais especificamente a apropriação e o modo que aplicava estruturas do latim para o inglês e como (e se) ela tem sido entendida nas traduções para o português no Brasil, onde a tradução da obra dramática de Shakespeare ocorre desde 1933. A pesquisa pretende também servir para a compreensão dos preceitos teóricos do campo a Traductologie desenvolvidos por Antoine Berman que incorporam a crítica de traduções. Ao tratar o tema padrão e quebra de padrão esta pesquisa busca entender como o elemento estranho e complexo é interpretado e assimilado, sem deixar de considerar fatores sociolinguísticos e históricos relativos à produção e à recepção dos textos.

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2022-12-06T14:53:37Z

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Melina Cardoso Valente

Traduzindo um país: um estudo da tradução de marcadores culturais a partir de corpora paralelos de textos português/inglês sobre o censo demográfico brasileiro

Este trabalho apresenta um estudo da tradução para a língua inglesa de textos dos tipos release jornalístico e questionário, relativos ao Censo Demográfico 2010 e disponibilizados no website do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com ênfase nas soluções tradutórias dadas aos vocábulos considerados marcadores culturais, pertencentes aos domínios da cultura ecológica, ideológica, material e social (AUBERT, 1981, 2006). Tomando como arcabouço teórico os Estudos da Tradução Baseados em Corpus (ETBC) (BAKER, 1993, 1995, 1996; CAMARGO, 2005, 2007), fundamentos da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2000, 2004), e fazendo uso do programa WordSmith Tools, foram analisadas as soluções adotadas, à luz das modalidades de tradução de Aubert (1998), e identificados traços característicos da linguagem da tradução (BAKER, 1996), a saber: explicitação, normalização e simplificação, no corpus traduzido. Também foram feitas comparações com corpora de mesma temática formados por textos originalmente escritos em inglês e obtidos dos websites dos institutos internacionais US Census Bureau e Statistics Canada. Os resultados apontam os domínios da cultura social e ideológica como os mais e os menos frequentes, respectivamente, nas traduções. Os marcadores de maior chavicidade foram indígenas, nos releases, e município, no questionário. Quanto às modalidades, as mais recorrentes nos textos analisados foram: omissão, tradução literal, modulação e transposição. Dada a reduzida presença das características da tradução no questionário, este aspecto foi analisado a partir de exemplos dos releases, apenas, sendo a explicitação a marca menos observada, e a normalização, a característica mais presente nos textos. A comparação com os corpora dos institutos internacionais supracitados evidenciou a existência de três palavras-chave coincidentes nos releases census, population e household(s) e de apenas uma palavra-chave no caso do questionário person(s). As opções tradutórias adotadas para os marcadores culturais no texto do IBGE não foram encontradas nos corpora comparáveis.

Year

2022-12-06T14:53:37Z

Creators

Aline Milani Romeiro Pereira

Tradução dos depoimentos dos Dez de Hollywood ao Comitê de Atividades Contra-Americanas

Em 1947, o House Un-American Activities Committee [Comitê de Atividades Contra-Americanas da Câmara] (HUAC), uma comissão parlamentar de inquérito, intimou dezenas de profissionais da indústria cinematográfica de Hollywood para prestarem depoimento sobre supostas inserções de propaganda comunista em filmes produzidos pelos estúdios hollywoodianos. Dez dos intimados, conhecidos a partir de então como os Hollywood Ten [os Dez de Hollywood], recusaram-se a cooperar com o comitê e por isso foram demitidos dos estúdios em que trabalhavam e presos por desacato ao Congresso. O objetivo deste trabalho foi produzir uma tradução dos depoimentos ao comitê, com o intuito de contribuir para o conhecimento desse episódio e do contexto histórico em que está inserido. Sua relevância reside no fato de tratar-se de um documento oficial e fonte primária, mais adequada para estudos historiográficos e jornalísticos, que raramente são traduzidos. Para isso, utilizamos o modelo de análise textual para tradução proposto por Christiane Nord (2005), identificando as características discursivas, textuais e linguísticas do corpus que fundamentaram as escolhas das estratégias de tradução, considerando o skopos proposto. Essa é uma tradução crítica, acompanhada por um prefácio, em que a posição da tradutora sobre os fatos é apresentada de forma explícita. Descrevemos os procedimentos tradutórios adotados também com o intuito de contribuir para a prática de outros tradutores e para a reflexão sobre o papel do tradutor (VENUTI, 2008).

Year

2022-12-06T14:53:37Z

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Rebeca Leite Camarotto

Refração e retradução em versões de canções de Bob Dylan gravadas no Brasil

Esta pesquisa tem como objetivo geral estudar e investigar processos de versão de canções populares, especificamente versões gravadas de quatro canções de Bob Dylan em que ocorrem refração e retradução: \"Mr. Tambourine Man\", \"Blowin\' in the Wind\", \"Men Gave Name to All the Animals\" e \"Knockin\' on Heaven\'s Door\". As canções foram selecionadas tendo como ponto de partida as gravações realizadas por Zé Ramalho no álbum Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando. Essas análises buscam detectar, à luz da trajetória de Bob Dylan e de Zé Ramalho, as circunstâncias e razões que possibilitaram a ocorrência de processos de refração e retradução para as canções do corpus de estudo. Para explicar a ocorrência desses processos nas canções estudadas será necessário apresentar as definições dos conceitos de refração e retradução e questões relativas à tradução de canções, apresentadas por autores que se dedicam a esse tema, destacadamente Peter Low, Johan Franzon e Ronnie Apter. Faz-se necessária também tratar de questões que permeiam a obra de Bob Dylan, como a sua importância como poeta e compositor no âmbito da música e da literatura norte-americana, sua influência na obra do cantor e compositor Zé Ramalho, além da importância da presença de sua obra em versões traduzidas em diferentes épocas no trabalho de artistas de estilos variados.

Year

2022-12-06T14:53:37Z

Creators

Maiaty Saraiva Ferraz

Tradução enquanto prática teórica (e um ensaio tradutório do poema Songs to Joannes, de Mina Loy)

Esta pesquisa de mestrado contempla o processo de tradução enquanto prática teórica, ou seja, uma atividade que se desenvolve por meio de relação dialética entre prática e teorização. A discussão das ideias que dão corpo a essa proposta é guarnecida de comentários à minha tradução da primeira parte do poema longo Songs to Joannes, da artista plástica, designer, inventora e escritora modernista angloamericana Mina Loy (1882-1966). A versão original do poema é a que consta na edição de 1996 de Roger Conover da obra de Loy, a que ele denominou The Lost Lunar Baedeker. As bases conceituais da proposta presente nesta dissertação são: a ideia de jogos de linguagem e formas de vida presente na obra Investigações Filosóficas de Ludwig Wittgenstein; os conceitos de ritmo e continuidade, além de outros do aparato teórico de Henri Meschonnic; considerações sobre metáforas constitutivas e teorias do referente apresentadas por Richard Boyd e outros. A ideia é contemplar o trabalho tradutório enquanto prática teórica e apresentar parte do processo de tradução de Songs to Joannes por meio de descrição e comentário usando o horizonte conceitual aqui proposto.

Year

2022-12-06T14:53:37Z

Creators

Maíra Mendes Galvão