RCAAP Repository

Externalidades da aglomeração: microfundamentação e evidências empíricas

Este trabalho realiza uma revisão da literatura pertinente à aglomeração urbana e sua explicação pela teoria econômica. Nele resgatamos os resultados teóricos que estabelecem a limitação dos pressupostos neoclássicos em entender o fenômeno econômico no espaço, concluindo pela viabilidade da inclusão de imperfeições de mercado para dar conta desses problemas. Um modelo de economia com dois setores é proposto com base nos modelos da New Economic Geography. A diferença desse modelo para o ora aqui desenvolvido está na modelagem de um setor com retornos crescentes à escala e outro setor com retornos decrescentes à escala. Uma determinada combinação desses setores pode ser responsável pelo resultado empírico de retornos constantes para o agregado da economia. Os coeficientes de escala dos setores estariam na base das forças de aglomeração de desaglomeração urbanas. Para verificar a validade desse modelo, testes empíricos são realizados, valendo-se de dados do Censo Demográfico para os municípios paulistas dos anos de 1980, 1991 e 2000 e onze setores que agregam as atividades econômicas. Testes para os dados médios também são incluídos. Dada a natureza dos dados utilizados, controles espaciais são realizados. Para isso, construímos modelos de regressão espacial para dados de painel com efeito fixo. Nossos resultados sugerem que os setores da indústria, construção civil, outras indústrias, transporte e comunicação, serviços técnicos e auxiliares da atividade econômica, social e outras atividades apresentam retornos crescentes à escala, sendo responsáveis pela força de aglomeração urbana, enquanto que os setores da agropecuária, prestação de serviços e administração pública são responsáveis pela força de desaglomeração urbana, pois apresentam deseconomias de escala. O setor do comércio apresentou retornos constantes à escala. No agregado, verificou-se um predomínio das forças de desaglomeração. Concluímos que o modelo proposto é corroborado pelas evidências aqui levantadas e sugerimos, ao final, possibilidades de estudos futuros.

Year

2004

Creators

André Luis Squarize Chagas

A indústria brasileira no limiar do século XXI: uma análise da sua evolução estrutural, comercial e tecnológica

A indústria de transformação, que havia liderado o crescimento econômico do Brasil nas cinco décadas precedentes a 1981 na fase de industrialização, perdeu dinamismo desde início dos anos oitenta. Desde 1981, o produto manufatureiro brasileiro cresceu pouco e abaixo da modesta taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Com isso, o setor manufatureiro tem contribuído cada vez menos para a formação do PIB brasileiro e encolhido bastante relativo a indústria global, desde 1981 até 2017. Esta pesquisa realiza uma avaliação da estrutura produtiva e tecnológica bem desagregada setorialmente da indústria de transformação brasileira, desse modo, ela oferece um diagnóstico mais detalhado da perda de dinamismo industrial. Esta pesquisa procurou responder as seguintes perguntas: i) os setores manufatureiros diminuíram participação no PIB de maneira uniforme ou foi concentrado setorialmente? ii) os setores intensivos em conhecimento e tecnologia seguem uma trajetória de desindustrialização normal ou prematura? (iii) o tecido industrial do país está mais oco ou rarefeito nos anos 2000? (iv) o país é um montador que faz pouca transformação industrial em algum segmento manufatureiro? (v) os segmentos industriais que mais importaram insumos e componentes são também aqueles que mais exportaram? Ou seja, o Brasil tem uma inserção ativa nas cadeias globais de valor (CGV)? (vi) os setores de serviços são relevantes na realização de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país de modo que a desindustrialização é irrelevante da perspectiva tecnológica? Para responder essas perguntas foram criadas sérias inéditas de longo prazo da participação dos setores manufatureiros no PIB. Também foi obtida uma tabulação especial do IBGE com informações para 258 subsetores industriais que permitiu avaliar o grau de adensamento produtivo deles. E por fim foram utilizados dados das Contas Nacionais do Brasil, das matrizes de insumo-produto e de investimento setor por setor para fazer um retrato setorial da produção e uso de P&D, através de técnicas de insumo-produto. Os resultados encontrados permitem concluir que o desenvolvimento industrial brasileiro está estagnado desde 1981 e a manufatura apresenta uma retração de longo prazo do produto manufatureiro real per capita. Esta pesquisa também apresentou uma abordagem setorial da desindustrialização pelo PIB de forma inédita, revelando que parte da desindustrialização brasileira é normal (ou esperada) e parte é prematura (e indesejada), dado o nível de desenvolvimento do Brasil. A desindustrialização prematura ocorreu nos setores intensivos em tecnologia, que também possuem baixo grau de adensamento produtivo ao importar parcela substantiva dos insumos e componentes intensivos em P&D. Também foi constatado que o Brasil se insere de forma passiva nas CGV, pois as classes industriais que mais importaram insumos e componentes não exportaram. Por fim, os setores de serviços - que ganharam bastante peso no PIB nas últimas décadas - conduzem no Brasil poucos investimentos em P&D e em menor magnitude que os setores manufatureiros. Portanto, da perspectiva tecnológica, a prematura mudança estrutural rumo aos serviços tem implicações relevantes quanto ao progresso tecnológico futuro do Brasil.

Year

2018

Creators

Paulo César Morceiro

Crédito rural e produto agropecuário municipal: uma análise de causalidade

O objetivo deste trabalho é estudar a relação de causalidade entre crédito rural e produto agropecuário. Utilizando dados municipais do período 1999-2004, aplicou-se a metodologia de Granger e Huang (1997), que permite identificar o sentido da causalidade entre duas variáveis em um contexto de painel. Contrariamente à grande parte da literatura que estudou as relações de causalidade entre sistema financeiro e crescimento econômico, este trabalho não identificou a causalidade partindo da variável financeira para o produto. Em geral, os resultados apontaram causalidade unidirecional, partindo do Produto Interno Bruto da agropecuária para o crédito rural.

Year

2008

Creators

Isabel Machado Cavalcanti

Ensaios sobre a redução da pobreza no Brasil: mensuração e determinantes

Este trabalho analisa a pobreza no Brasil a partir dos micro-dados dos censos demográficos do IBGE dos períodos de 1991 e 2000. Na primeira parte, investiga a construção de uma Linha Híbrida de Pobreza para o Brasil, partindo da estimação empírica da elasticidade-renda da linha de pobreza. A criação desta linha permite contemplar os diferentes aspectos das linhas de pobreza absoluta e relativa, através de uma ponderação entre elas, onde os pesos relativos de cada uma dependem da elasticidade-renda estimada. Com as linhas absoluta e híbrida de pobreza, este trabalho verifica a alteração da incidência da pobreza no período analisado e, em seguida, a mudança dos determinantes desta incidência através de um modelo probit que considera os atributos determinantes da probabilidade de um indivíduo ser pobre. Na segunda parte, este trabalho examina de forma empírica a relação entre crescimento econômico, alteração na distribuição de renda e redução da incidência da pobreza. Além disto, assumindo a hipótese de log-normalidade da distribuição de renda no Brasil, calcula as elasticidades da incidência da pobreza com relação à renda e desigualdade. Por fim, estuda o efeito de variações na renda sobre a pobreza mensurada a partir de uma linha híbrida. Entre os principais resultados, constata-se que a elasticidade-renda da linha de pobreza é próxima de 0,60 e 0,70 para os anos 1991 e 2000, respectivamente. Verifica-se que o quadro de pobreza no Brasil apresenta uma redução tanto com a linha absoluta quanto com a híbrida. Contudo, com esta última, a redução da pobreza é menor. Destaca-se também o fato de que a diminuição da desigualdade de renda contribui para a redução da pobreza, assim como o crescimento da renda familiar per capita. Observa-se que municípios com baixo nível inicial de desenvolvimento e elevada desigualdade inicial de renda apresentam uma maior dificuldade para reduzir a pobreza. Há indícios de que a hipótese de distribuição log-normal da renda não é significante para o Brasil. Por fim, considerando a linha híbrida de pobreza, podemos constatar que um aumento na renda tem seu efeito sobre a mudança da pobreza reduzido pela metade, uma vez que também provoca um aumento desta linha.

Year

2006

Creators

Henrique Eduardo Ferreira Vinhais

O impacto de requerimentos de capital na oferta de crédito bancário no Brasil

O presente trabalho se inicia com a apresentação de evidências que indicam que, nos últimos dez anos, o sistema bancário brasileiro tem se mostrado estável, sob o ponto de vista da resistência a choques, e ineficiente, sob a ótica da concessão de crédito. Essa situação de estabilidade e ineficiência motivou a análise da relação entre um importante instrumento de regulação bancária que visa à higidez do sistema, o requerimento de capital, e a oferta de crédito bancário no Brasil. Se, por um lado, a literatura teórica demonstra que o requerimento de capital pode ser um instrumento apropriado ao objetivo a que se propõe, de adequar o risco das operações ativas dos bancos à capacidade de absorção de perdas decorrentes desses mesmos riscos, estudos empíricos, por outro, indicam que a sistemática internacional adotada para essa regulação, definida no Acordo de Basiléia, pode ter tido como efeito colateral a redução das operações de crédito ao setor privado. Considerando-se tais fatores, foi elaborado um modelo cuja hipótese principal é a incidência, em operações de crédito, de “custos de regulação", que seriam negativamente relacionados aos níveis de capital de um banco. Sendo válida essa hipótese, espera-se encontrar, ceteris paribus, uma relação positiva entre o índice de Basiléia e a oferta de crédito de bancos, sendo essa relação acentuada em bancos com índice de Basiléia inferior ao limite mínimo requerido. A hipótese foi testada pela estimação do modelo com a aplicação do método dos momentos generalizado, utilizando-se dados desagregados de bancos brasileiros. Os resultados obtidos evidenciaram a importância da regulamentação de capital na decisão de oferta de crédito dos bancos, no sentido previsto pelo modelo.

Year

2005

Creators

Denis Blum Ratis e Silva

Cooperação intermunicipal no âmbito do SUS.

Realizou-se um estudo das interações entre vários agentes que poderiam estar envolvidos com a estruturação de uma cooperação intermunicipal voltada à política pública de saúde. Pudemos observar que as estruturas formatadas ocorrem como uma combinação linear de plenamente espontânea, quando, então, há a interação dos personagens a nível municipal, a totalmente induzida, quando, então, a capacidade de coerção exercida pela União é suficiente para induzir os Municípios a adotarem uma postura de compartilhamento dos recursos a nível regional. De qualquer forma, o estudo verificou que interferem na formatação de uma estrutura de cooperação algumas variáveis tais como as externalidades, a motivação e incentivos, as instituições e suas alterações, a capacidade de coordenação e de solubilidade da assimetria informacional, entre outras. Assim sendo, desenhamos um arcabouço teórico apoiado nas teorias tradicional de finanças públicas, de escolha coletiva, de contratos e na institucional, a fim de esmiuçarmos dois exemplos diametralmente polarizados: a estruturação da cooperação na forma de uma coalizão por meio de um consórcio intermunicipal e a estruturação da cooperação na forma de convênios por meio da institucionalização de normas operacionais editadas pelo SUS.

Year

2003

Creators

Antonio Alves Rodrigues

Finanças comportamentais no Brasil.

Finanças Comportamentais são um programa de pesquisa que vem ganhando crescente reconhecimento no mundo acadêmico e fora dele. Seu traço distintivo é a incorporação de conceitos de outras áreas (como Psicologia e Sociologia) à Economia para explicar as decisões financeiras dos indivíduos. Este trabalho pretende analisar os avanços recentes deste novo campo de estudos e verificar em que medida esta linha de pesquisa pode trazer contribuições para um melhor entendimento do comportamento do mercado de ações brasileiro, uma vez que ainda é escassa a literatura nacional sobre esse tema. A primeira etapa consiste em caracterizar os principais conceitos das Finanças Comportamentais, mostrando em que aspectos aqueles diferem da hipótese de mercados eficientes. Em seguida, mostra-se que as evidências encontradas em outros países também são verificadas no mercado financeiro brasileiro. Para tanto, é realizado um estudo empírico com dados do mercado acionário local, mediante técnicas que já foram utilizadas para testar essas “anomalias" no mercado de capitais de outros paises. Por fim, pretende-se derivar dos avanços recentes na teoria de Finanças Comportamentais possíveis implicações sobre políticas econômicas, considerando como esses estudos podem ser relevantes para um melhor sistema de regulação e supervisão do mercado nacional de ações.

Year

2003

Creators

Daniel Yabe Milanez

Avaliação dos ganhos de eficiência e produtividade na indústria farmacêutica brasileira: 1996-2003

O presente estudo buscou avaliar, a partir de informações da Pesquisa Anual Industrial do IBGE, a evolução da Produtividade Total dos Fatores (PTF) para a indústria farmacêutica nacional, objetivando contribuir com o debate acerca dos reajustes de preços do setor no âmbito da resolução Nº 1, de 27 de Fevereiro de 2004 da CMED. Para tanto, foram estimadas as fronteiras de produção estocásticas segundo o modelo implementado em Battese e Coelli (1995) com o emprego da Forma Flexível de Fourrier. A partir da metodologia citada acima, calculou-se os índices PTF de Malmquist para o período compreendido entre 1996 e 2003. Foram construídos seis índices distintos de produtividade para avaliar o setor. Tal construção se deveu à necessidade de se atribuir exogenamente as taxas de depreciação para o cálculo do estoque de capital. Desta forma, três hipóteses distintas (8%, 9% e 10%, seguindo valores dentro do intervalo utilizado pela literatura de ciclos reais no Brasil) foram atribuídas com o objetivo de checar a robustez dos índices. A partir deste conjunto de três séries, foram calculados índices de média geométrica (seguindo a metodologia mais popular entre os autores da literatura de índices de Malmquist) e de média ponderada (cujo peso atribuído foi a participação do Valor da Transformação Industrial de cada empresa em relação ao total do mercado). Dentre os resultados obtidos, vale destacar que, no período investigado, o setor não apresentou variações tecnológicas significativas. Os coeficientes são, numericamente próximos a zero e os índices de variação técnica variam positivamente até 1999 e, posteriormente, apresentam variações negativas que compensam o efeito positivo do período anterior. O mesmo não pode ser dito ineficiência técnica. De acordo com as equações estimadas, a ineficiência não apenas está presente, como predomina a variância do erro idiossincrático. Sua variação não apresenta um padrão decrescente nítido como a tecnologia. Entretanto, quando avaliada de maneira acumulada, os resultados mostram que, em todos os índices elaborados, houve uma perda de eficiência. Os resultados finais dos índices, obtidos a partir da variação da eficiência técnica e da variação técnica, apontam para uma perda de produtividade acumulada nos dois grupos de índices, isto é, tomando como base o ano de 1996. Desta forma, o ano de 2003 apresentou uma perda média de 8% para a média ponderada e de aproximadamente 7% na média geométrica.

Year

2006

Creators

Igor Viveiros Souza

Teorias do imperialismo e da dependência: a atualização necessária ante a financeirização do capitalismo

Três eixos de discussão são propostos neste trabalho. O primeiro é o de que, especialmente a partir dos anos 1970-1980, dado o ganho de hegemonia da estratégia neoliberal de desenvolvimento, o capitalismo teria ingressado numa nova fase. Entre todas as teorias desenvolvidas a fim de defender esta proposta, destacam-se aquelas que dão especial atenção ao aspecto financeiro das transformações recentes na dinâmica capitalista, enfatizando a importância histórica assumida pela valorização fictícia do capital neste período. Daí emerge o segundo eixo, com a compreensão de que tal desenvolvimento do sistema capitalista - no sentido de processualidade e não de avanço - leva a uma redefinição/ampliação daqueles que seriam os traços essenciais do imperialismo contemporâneo, constituindo-se, por isso, uma nova fase do imperialismo. Neste sentido, estaríamos ainda sob as bases de um imperialismo capitalista, embora o \"imperialismo contemporâneo\" deva ser entendido como uma complexificação do \"imperialismo clássico\". Dito isto, insurge o terceiro eixo de discussão: entendendo a teoria da dependência como um complemento necessário às teses do imperialismo, se temos uma nova fase do capitalismo e uma nova fase do imperialismo, temos também, necessariamente, uma nova fase da dependência. A presente proposta de pesquisa tem como objeto, portanto, uma tentativa de perceber como a dependência, assumida na perspectiva da teoria marxista da dependência, se estabelece nos marcos dessa nova fase ou no interior da lógica de valorização capitalista atual.

Year

2012

Creators

Marisa Silva Amaral

Ensaios em história do pensamento econômico

A presente tese de doutoramento é composta de três ensaios independentes (ainda que complementares) sobre a História do Pensamento Econômico, mais especificamente, da Macroeconomia. O primeiro ensaio - \"Uma Breve História sobre a Abordagem de Desequilíbrio na Macroeconomia\" - é uma versão revista e ampliada do artigo apresentado no XXXVIII Encontro Nacional de Economia da ANPEC em 2010 (Uma Breve História sobre a Abordagem de Desequilíbrio na Economia). Nossa argumentação vai de encontro às interpretações de Romer (1989) e Mankiw (2005) sobre a compreensão histórica daquele episódio, como também a hipótese levantada por Backhouse & Boianovsky (2005) sobre o fracasso da Macroeconomia do Desequilíbrio. O segundo ensaio se chama \"Uma Análise Histórica (e Retórica) do Discurso Doutrinário de Robert E. Lucas Jr.\". Se no primeiro ensaio argumentamos que parte do \"fracasso\" da Abordagem de Desequilíbrio deveu-se ao surgimento de um método entendido como superior pela maior parte dos economistas (o método de Lucas), neste investigamos o conteúdo daqueles artigos em que Lucas busca convencer os leitores da superioridade do seu método não a partir da comparação dos resultados obtidos por seu modelo em comparação a uma estrutura alternativa, mas sim com uma retórica polemista, fazendo uso de uma série de estratagemas retóricos. Nossa intenção é checar a validade de algumas de suas teses históricas e teóricas, bem como fazer um escrutínio dos expedientes retóricos utilizados pelo autor. O terceiro ensaio - \"Tese da Ancestralidade, Reinvenção da Tradição ou Superação Positiva? Uma Investigação sobre a \"Macroeconomia\" anterior a Keynes e as Causas do Sucesso da Teoria Geral\" - é derivada do segundo ensaio. Partimos da contraposição de hipóteses históricas de dois grandes autores da Macroeconomia sobre o estado da teoria \"macroeconômica\" anterior a Keynes, e as causas do sucesso da Teoria Geral. De um lado, Robert Lucas trata a Macroeconomia fundada por Keynes como um desvio na tradição equilibrista das análises de flutuação, cujo sucesso foi um \'feliz acidente histórico\', provocado principalmente por fatores alheios as vontades e até as simpatias de Keynes. De outro, Olivier Blanchard argumenta que o que havia antes de Keynes era uma grande diversidade de métodos e ausência de um aparato hegemônico, e o sucesso de Keynes deveu-se exclusivamente aos avanços teóricos e metodológicos apresentados naquela obra.

Year

2012

Creators

Alexandre Flávio Silva Andrada

Experiments in the armchair: a history of microeconometrics and program evaluation at Princeton

This thesis joins the recent efforts of econometricians and historians to tell the history of microeconometrics. Because economists mostly do not have any control over the collection of the data they use in their applied analyses, econometrics became a tool of passive observations a concept that epitomizes the accountability of econometrics for nonexperimental data. In the thesis I add to that literature by connecting the rise of program evaluation in the US government with Princeton University. To do so, I discuss how, since the 1950s, economists knew that they cannot intervene in the data they analyze and have to be prepared to deal with any inherent problem of such data. Using biobliometric methods and secondary sources, I argue that microeconometrics emerged from a change in the understanding of passive observations as simultaneity to passive observations as omitted variables. Although this change may seem purely internal to econometrics, I argue that a micro history of US governmental institutions for program evaluation and Princetons Industrial Relations Section is necessary in the history of microeconometrics. I show how, in the 1970s, poverty was on the rise in the United States and economists and econometricians were more concerned with it than with the theoretical and philosophical aspect of passive observations. Within the government, program evaluation went from a qualitative topic in social sciences to a quantitative problem inside economics. In order to analyze this change, the thesis uses natural language processing methodologies, archives from the US government and oral histories of the members of the Office of Economic Opportunity. I then show how program evaluation traveled from the government to Princetons Industrial Relations Section. Looking at the grassroots of the department, I contrast the solutions of two Princeton young scholars to the problem of omitted variables, James Heckmans selection model and Orley Ashenfelters difference-in-differences estimator, to demonstrate that the clash between randomistas and structural modelers is an artifact created after those two solutions to the same problem. Evidence from bibliometrics (using the innovative methodology of related networks), primary and secondary sources demonstrates that the solutions were not concurrent in the early days of omitted variables, and that the present-day clash resulted from a change in the contexts of the two main authors. Finally, using nine interviews conducted with actors in the Industrial Relations Section of the 1970s and 1980s, the thesis analyzes how natural experiments developed gradually inside the department, without revolutions, turns or shifts. The thesis concludes showing how the ordinary business of the academic lives of Ashenfelter and his students ended up transforming economics at large.

Year

2021

Creators

Arthur Brackmann Netto

Padrão de especialização produtiva e crescimento econômico sob restrição externa: uma análise empírica

Esta dissertação procura contribuir para literatura empírica sobre crescimento econômico restrito pelo balanço de pagamentos através da investigação de como a mudança estrutural, identificada como alterações na composição setorial das exportações e importações, afeta a intensidade da restrição externa. Para tanto, são realizados dois exercícios empíricos. O primeiro fornece evidências para a validade da Lei de Thirlwall Multissetorial para um conjunto de 90 países no período 1965-1999, baseando-se na análise do erro de previsão e do desvio médio absoluto, assim como na aplicação de um teste de regressão. No segundo, apresentam-se evidências de que o crescimento econômico brasileiro no período 1962-2006 foi compatível tanto com a Lei de Thirlwall quanto com a Lei de Thirlwall Multissetorial. As implicações da Lei de Thirlwall Multissetorial foram utilizadas, então, para explorar a relação entre estrutura produtiva, mudança estrutural e restrição externa por meio da análise da evolução das elasticidades-renda ponderadas das exportações e importações. Dadas a natureza setorial deste exercício empírico e sua possível conexão com a literatura historiográfica sobre o II Plano Nacional de Desenvolvimento (1974-1979), os resultados do trabalho foram utilizados para avaliar a contribuição dos setores para a evolução das elasticidades-renda ponderadas das exportações e importações, subsidiando, assim, o debate existente acerca do ajustamento externo promovido entre 1974 e 1984. Os resultados sugerem que a interpretação de Castro (1985), mesmo quando avaliada sob uma métrica diferente daquela utilizada pelo autor, possui fundamento empírico. Porém, faz-se necessário ressaltar a qualificação de Fishlow (1986) de que a melhoria verificada na balança comercial nos anos 1983-1984 decorre em maior medida do comportamento das exportações do que das importações.

Year

2010

Creators

Raphael Rocha Gouvêa

Aplicações da expansão de Edgeworth à precificação de derivativos financeiros

O Objetivo deste trabalho é usar uma ferramenta matemática conhecida como expansão de Edgeworth em conjunto com a moderna teoria de análise de derivativos financeiros que utilizam o método de precificação neutra ao risco. Tal expansão permite obter uma função densidade de probabilidade com assimetria e curtose arbitrárias a partir de uma densidade normal. Desta forma, podemos usar esta nova distribuição como a state price density do ativo-objeto procurando corrigir o sorriso da volatilidade através da definição de funções de probabilidade com assimetrias positivas ou negativas e curtose maior de que três. Além disso esperamos também chegar a uma nova maneira de realizar o delta hedge de uma carteira de replicação de modo mais eficiente do que a de Black-Scholes.

Year

2003

Creators

Ruy Gabriel Balieiro Filho

Comunicação em política monetária: uma abordagem ampliada e evidências para o Brasil

Nos últimos anos, a literatura vem destacando de forma crescente a interação entre bancos centrais (BCs) e mercados financeiros, o que é explicado principalmente pelo papel destes últimos como canal de transmissão da política monetária. Uma vez que o BC não tem controle direto sobre as variáveis financeiras que são relevantes para as decisões de consumo e de investimento do setor privado, os gestores de política têm de influenciar tais variáveis, em direção e magnitude compatíveis para que determinados objetivos sejam alcançados. Ao mesmo tempo, o BC necessita obter informações e compartilhar idéias com o setor privado. É sob esse contexto que a questão da comunicação em política monetária emerge como tema de relevância crescente. A comunicação, contudo, é um fenômeno humano e, como tal, está sujeita a limitações e à ocorrência de falhas, o que, para os propósitos da política monetária, pode gerar redução de efetividade. Esta dissertação tem como objetivo incorporar elementos da área de Comunicação, de modo que se possa avançar no entendimento dos fatores condicionantes do processo comunicacional entre BCs e mercados. Ao se avançar nessa área, os conceitos tradicionalmente utilizados para definir transparência de BCs devem ser ampliados. Um fator crucial para os resultados da comunicação é a percepção que cada parte envolvida tem em relação à outra parte e em relação à informação compartilhada. Mesmo um BC adepto das práticas comunicacionais mais modernas existentes está sujeito a resultados indesejados, caso as percepções privadas sejam distorcidas. Este estudo inova ao propor uma pesquisa de campo sob formato de questionário, cujo objetivo é captar, junto ao mercado financeiro brasileiro, sua percepção em relação à comunicação do Banco Central do Brasil (BCB). De um modo geral, não existe a percepção de que a comunicação do BCB apresenta grandes problemas. Entretanto, o questionário capta algumas informações relevantes que podem constituir sugestões de aperfeiçoamento da comunicação em política monetária no Brasil.

Year

2005

Creators

Robson Rodrigues Pereira

A estrutura de capital do setor bancário em mercados com contratos incompletos

O Acordo da Basiléia, originalmente criado em 1988 e posteriormente reformulado em 2004, estabelece critérios para a regulação do setor bancário com o intuito de garantir a estabilidade do sistema financeiro internacional. Para atingir estes objetivos, o seu principal instrumento é a requisição .de que os bancos internacionalmente ativos devem manter níveis mínimos de capital e relação aos seus ativos ajustados pelo risco. O objetivo do presente trabalho é analisar as motivações econômicas para esta requisição de capital do setor bancário, assim como analisar suas principais implicações. Iniciamos este trabalho com uma breve descrição histórica do Acordo da Basiléia e do papel da estrutura de capital do setor bancário neste Acordo. Em seguida, apresentamos uma descrição da teoria econômica dos contratos e as principais aplicações desta teoria para o estudo da estrutura de capital de uma firma em geral e do setor bancário em particular. Por fim, mostramos como os resultados obtidos pela teoria econômica justificam a estrutura geral do Acordo da Basiléia, e ressaltamos os principais desafios que serão enfrentados na pratica por seus formuladores.

Year

2006

Creators

Andre Ekman Schenberg

Medidas e determinantes da mobilidade dos rendimentos do trabalho no Brasil

Este estudo realiza uma análise da evolução da mobilidade dos rendimentos reais do trabalho no Brasil para o período de 1984 a 2001. A partir dos dados da PME, Pesquisa Mensal de Emprego, calcula-se a evolução temporal de cinco indicadores de mobilidade dos rendimentos reais do trabalho, destacando suas principais diferenças entre subgrupos da amostra (gênero, faixa etária, faixa de educação e região metropolitana). Através do Método de Efeitos Fixos, aplicado a indicadores de mobilidade calculados para células da amostra, compostas por indivíduos de características semelhantes, estima-se os determinantes econômicos e demográficos da mobilidade dos rendimentos reais do trabalho no Brasil. Dentre as variáveis econômicas, o rendimento médio real, a taxa básica de juros real e o salário mínimo real afetam positivamente a mobilidade dos rendimentos; a taxa inflação, quando controlada pelos outros fatores econômicos, apresenta apenas efeitos distributivos sobre os rendimentos, fato corroborado pelo efeito negativo do Plano Real sobre os indicadores de mobilidade baseados nas trocas entre os indivíduos; a taxa de desemprego também desempenha um papel importante na determinação da mobilidade, apresentando impactos diferentes, dependendo do conceito de mobilidade adotado. A importância das variáveis demográficas fica evidenciada tanto pelas diferenças nos níveis de mobilidade entre os diversos subgrupos da amostra como pelos resultados da análise econométrica. Os homens apresentam, em geral, mobilidade superior às mulheres, exceto para variação direcional per capita nos rendimentos reais. Grupos mais jovens também descrevem mobilidade direcional maior nos rendimentos quando comparados com indivíduos das faixas etárias superiores, mas apresentam menor mobilidade ocasionada por trocas relativas entre os mesmos. A educação parece contribuir para diminuir a mobilidade dos rendimentos daqueles que concluíram o nível superior.

Year

2005

Creators

Marcos Aurelio do Nascimento

Desigualdades sociais na utilização de cuidados de saúde no Brasil e seus determinantes

A equidade na utilização de cuidados de saúde deve ser considerada como questão central em qualquer política de saúde que pretenda contribuir para uma sociedade mais justa. Desse modo, o objetivo desta tese é analisar o desempenho da entrega de cuidados no Brasil em termos de equidade por meio de violações do princípio de equidade horizontal na utilização dos serviços de cuidados de saúde e da decomposição dos determinantes da desigualdade na utilização do cuidado relacionada à renda. A desigualdade na distribuição de cuidado médico pela renda é capturada por índices de iniquidade para a utilização de serviços de consultas médicas e internações hospitalares. Esses índices mostram se existem diferenças no uso de serviços de cuidados de saúde entre indivíduos com similares necessidades de saúde. Para explicar as causas da desigualdade, Wagstaff, van Doorslaer e Watanabe (2003) propõem que a medida do grau de desigualdade seja decomposta nas contribuições dos fatores explicativos do uso. A análise também considerou a perspectiva da desigualdade, o que permitiu observar não apenas desigualdades sociais mas também variações regionais na entrega de cuidados de saúde. Os resultados mostraram iniquidade horizontal pró-rico no uso de consultas médicas e pouca evidência de iniquidade no uso de internações. O padrão de iniquidade horizontal no uso se repetiu para todas as regiões, mas regiões menos desenvolvidas como, o Norte e o Nordeste, apresentaram maior grau de iniquidade. A decomposição da desigualdade mostra que contribuições de fatores de necessidades de saúde são principalmente pró-pobre, uma vez que pessoas mais pobres tendem a possuir maiores necessidades de cuidado. Por outro lado, as contribuições dos determinantes sociais foram bastante diversificadas. Renda e escolaridade contribuem para aumentar a distribuição pró-rico no uso de consultas e reduzir a contribuição pró-pobre no uso de internações hospitalares. A contribuição da condição de atividade foi, em geral, pró-pobre, podendo ser explicada pelo maior custo de oportunidade das pessoas ocupadas em procurar cuidados com a saúde. As contribuições dos plano de saúde e das desigualdades regionais são examinadas com maior atenção por serem alvo direto de políticas de saúde. Assim, contribuições pró-rico do plano de saúde e das desigualdades regionais poderiam ser reduzidas, por exemplo, por estratégias com foco em grupos de renda mais baixa e pela ampliação de recursos físicos e humanos das áreas menos desenvolvidas.

Year

2012

Creators

Jacqueline Nogueira Cambota

Modelos multivariados com Markov Switching aplicados à política monetária brasileira

RESUMO No início de 1995 foi adotado no Brasil o Plano Real, tendo como um dos seus tripés de sustentação a busca pelo combate ao processo inflacionário crônico brasileiro que já se estendia por um longo período. Assim, a política monetária passou a ter um papel importante na determinação das variáveis macroeconômicas. Este trabalho busca analisar uma regra de política monetária que capte as variações ocorridas em todo o período do Plano Real, se estendendo até meados de 2005, bem como se deram as relações entre as variáveis econômicas neste período. A especificação proposta consiste na estimação de modelos não-lineares distintos dependendo do estado da economia (em crise ou fora de crise). Utilizamos um modelo com chaveamento Markoviano para a dinâmica da taxa de juros nominal onde a determinação de períodos de crise é feita por uma variável nãoobservada. Além disso, procuramos adotar dois algoritmos distintos de estimação, Expectation-Maximization (EM) e Monte Carlo Markov Chain (MCMC), concluindo que a análise para ambos é bastante próxima, sendo identificados os mesmos períodos entre regimes. Finalmente, motivamos a estimação através de modelos econômicos teóricos cujas dinâmicas são compatíveis com uma regra de fixação de juros não-linear, avaliando os padrões de resposta a impulso condicionados ao estado da economia (regimes de estabilidade e crise econômica).

Year

2006

Creators

Rafael Henrique Rodrigues Moreira

A segunda negação do processo de trabalho

Este trabalho busca analisar como se deu o processo de subordinação do trabalho ao capital desde o século XVI até os dias de hoje. O ponto de partida da análise é a cooperação simples e a manufatura. Nessa situação, o trabalhador é apenas formalmente subsumido ao capital. Isso se dá pelo prolongamento da jornada de trabalho e pela necessidade de manter certa produtividade de acordo com a lei da concorrência e com o processo global de produção. O segundo momento é o da grande indústria, que começou após a primeira revolução industrial. É nesse período em que ocorre a subordinação real do trabalho ao capital. Ou melhor, o trabalhador perde a subjetividade que possuía com o manuseamento de seus instrumentos de trabalho após a introdução da maquinaria no processo produtivo, é a primeira negação do processo de trabalho. Com a maquinaria, os instrumentos manuais dos trabalhadores são absorvidos pela máquina. Com isso, o trabalho é objetivado no capital decretando o modo de produção capitalista propriamente dito. A última fase desse processo de subordinação se dá nos dias de hoje, mas tem seu início com a crise no capitalismo no final dos anos sessenta. Trata-se da subordinação intelectual do trabalho ao capital em que o homem é colocado ao lado da máquina. Com as máquinas de controle programável e a produção contínua ocorre a segunda negação do processo de trabalho. Criam-se as condições para que o homem seja sujeito do processo de produção.

Year

2003

Creators

Mauricio Luperi

Três ensaios em inovação tecnológica e crescimento econômico

Esta tese tem como principal objetivo o estudo da relação existente entre crescimento econômico e inovação tecnológica, a partir da abordagem neokaleckiana de crescimento e distribuição de renda. Adicionalmente, discute-se a complementariedade existente entre capital humano e inovação. Para tanto, o trabalho foi divido em três ensaios. No primeiro ensaio é desenvolvido um modelo em que é explicitamente formalizada a interação estratégica entre a geração intencional de inovação tecnológica poupadora de mão de obra, por meio de pesquisa e desenvolvimento (P&D), e a qualidade do capital humano da economia. Argumenta-se que os dois fatores são complementares. Por um lado, a inovação necessita de elevada qualidade do capital humano; por outro lado, mudanças qualitativas no capital humano gerarão impacto sobre as variáveis macroeconômicas do sistema apenas no caso de a inovação tecnológica ocorrer. No ensaio II é desenvolvida uma extensão do modelo contido no ensaio I, via introdução de uma heterogeneidade comportamental entre as firmas no que diz respeito à inovação. Deste modo, a homogeneidade da firma representativa desaparece. Em seu lugar emerge um cenário de incerteza, em que as firmas deparam-se com duas estratégias disponíveis: inovar - via gastos com P&D -, ou não inovar. O benefício da inovação é a elevação da produtividade do trabalho; porém, devido aos custos envolvidos nesse processo, nem todas as firmas inovam. É utilizado um modelo de jogos evolucionários, com o objetivo de se avaliarem os impactos da heterogeneidade microeconômica sobre a dinâmica da economia, o grau de utilização da capacidade e o crescimento econômico. O terceiro ensaio investiga empiricamente a existência de uma relação de longo prazo, bem como a direção de causalidade existente, entre salários reais e produtividade do trabalho para o Brasil, durante o período compreendido entre 1955 e 2008. Para esse fim, realiza-se o teste de cointegração de Johansen e o teste de causalidade de Granger. Nos modelos teóricos, elaborados nos ensaios I e II, argumentou-se que variações no salário real médio precedem variações na produtividade do trabalho. No entanto, no teste para o caso do Brasil, verificou-se que a causalidade caminhou no sentido inverso, isto é, variações na produtividade do trabalho precederam variações nos salários reais durante o período analisado.

Year

2016

Creators

Júlia Mendonça da Costa