RCAAP Repository

Ação do óxido nitroso no sistema nervoso central: estudo eletrofisiológico como agente único e como agente coadjuvante

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O óxido nitroso é o agente anestésico inalatório mais utilizado em todo o mundo. Seu mecanismo de ação é bastante discutido, com base em resultados experimentais e em evidências clínicas. O objetivo deste estudo é avaliar a ação eletrofisiológica deste fármaco no Sistema Nervoso Central através de monitorização específica. MÉTODO: Foram estudados vinte e cinco pacientes de ambos os sexos, com idades entre 6 e 25 anos, submetidos à cirurgia ortopédica ou plástica reparadora, os quais foram monitorizados com índice bispectral do eletroencefalograma (BIS) e potencial evocado somatossensitivo (PESS) durante a anestesia. Foram realizados registros basais do BIS e do PESS, bem como após o uso do óxido nitroso em fracionais alveolares (FA) de 30%, 50% e 66%. Em seguida o óxido nitroso era descontinuado e administrado aleatoriamente isoflurano ou desflurano em 0,5 CAM e 1 CAM. Mantinha-se 1 CAM do determinado agente e o óxido nitroso era novamente administrado nas mesmas concentrações anteriores. RESULTADOS: O óxido nitroso quando utilizado como agente único, produz uma redução no BIS que, embora seja estatisticamente significante, não expressa um estado de hipnose. Esta redução também ocorre quando utilizado como agente coadjuvante mas sem importância clínica. Como agente único, o óxido nitroso deprimiu significantemente a amplitude das ondas cerebrais, sem promover aumento na latência. O isoflurano e desflurano reduziram a amplitude e aumentaram a latência das ondas cerebrais. A associação do óxido nitroso a estes agentes, intensificou ainda mais estes efeitos nas ondas corticais. Não houve alteração significativa das ondas periférica e medular do PESS. CONCLUSÕES: O óxido nitroso tem uma pequena ação hipnótica, que não é captada completamente pelo BIS. Tem ação acentuada nas estruturas corticais, tanto como agente único como associado ao isoflurano e desflurano, o que pode explicar o seu bom efeito analgésico.

Year

2002

Creators

Costa,Verônica Vieira da Saraiva,Renato Ângelo

Método simplificado para manutenção da concentração sangüínea de propofol em nível aproximadamente constante, associado ao óxido nitroso no paciente pediátrico

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A manutenção de concentração sangüínea alvo-controlada em níveis aproximadamente constantes do propofol é uma técnica que pode ser empregada de modo simplificado na sala de cirurgia. A finalidade desta pesquisa é comparar clínica e laboratorialmente a infusão de propofol em crianças usando os atributos farmacocinéticos de Short e de Marsh. MÉTODO: Foram estudados 41 pacientes com a idade de 4 a 12 anos, de ambos os sexos, estado físico ASA I ou II, distribuídos em dois grupos S (20 pacientes) e M (21 pacientes). No Grupo S utilizaram-se os atributos farmacocinéticos de Short, e no Grupo M, os atributos farmacocinéticos de Marsh. A indução anestésica foi feita com bolus de alfentanil 30 µg.kg-1, propofol 3 mg.kg-1 e pancurônio, 0,08 mg.kg-1 por via venosa. Procedeu-se a intubação traqueal e a manutenção com N2O/O2 (60%) em ventilação controlada mecânica. No grupo S a infusão de propofol foi de 254 (30 min) seguido de 216 µg.kg-1.min-1 por mais 30 min. No grupo M a infusão de propofol foi de 208 (30 min) seguido de 170 µg.kg-1.min-1 por mais 30 min. Através do atributo farmacocinético específico a cada grupo a meta foi a obtenção da concentração-alvo de 4 µg.kg-1 de propofol. Foram colhidas três amostras sangüíneas (aos 20, 40 e 60 minutos) para a dosagem do propofol pelo método da Cromatografia Líquida de Alta Performance. RESULTADOS: Os Grupos S e M foram considerados similares quanto à idade, altura, peso e sexo (p > 0,05). Não houve diferença estatística significativa entre os dois grupos estudados para os parâmetros: PAS, PAD, FC, FiN2O, SpO2 da hemoglobina e P ET CO2 no final da expiração. A comparação entre grupos no número de bolus repetidos de alfentanil não foi estatisticamente significativa. O índice bispectral (BIS) não apresentou diferença estatisticamente significativa entre M0 (vigília) e os demais momentos em ambos os grupos. Os valores Medianos da Performance do Erro (MPE) e os valores Medianos Absolutos da Performance do Erro (MAPE) mostraram diferenças estatísticas significativas entre os grupos no momento 60. Valores medianos da concentração sangüínea de propofol (µg.kg-1) mostraram diferenças estatísticas significativas entre M e S no momento 60 e entre os momentos 40 e 60 no grupo S. CONCLUSÕES: A anestesia com propofol usando os atributos farmacocinéticos de Marsh (Grupo M) apresentou menor erro no cálculo da concentração-alvo de propofol de 4 µg.kg-1. Além disso, utiliza menor quantidade de propofol para obter resultados clínicos semelhantes. Por todas essas qualidades deve ser a preferida para uso em crianças ASA I e com idades entre 4 e 12 anos.

Year

2002

Creators

Vianna,Pedro Thadeu Galvão Vilela,Elizabeth Pricoli Cordon,Francisco Carlos Obata Carvalho,Lídia Raquel de

Raquianestesia com a mistura enantiomérica de bupivacaína a 0,5% isobárica (S75-R25) em crianças com idades de 1 a 5 anos para cirurgia ambulatorial

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A bupivacaína comercialmente utilizada apresenta-se como mistura racêmica RS(±) bupivacaína. Embora o enantiômero levógiro S(-), levobupivacaína, seja menos tóxico para o sistema nervoso central e cardiovascular do que a R(+) bupivacaína, sua relativa eficácia ainda não foi determinada na raquianestesia em crianças. O objetivo deste estudo prospectivo foi avaliar a mistura enantiomérica de bupivacaína S75-R25 em 40 crianças, com idades entre 1 e 5 anos. MÉTODO: Participaram do estudo prospectivo 40 crianças com idades entre 1 e 5 anos, submetidas à raquianestesia com mistura enantiomérica de bupivacaína (S75-R25) a 0,5% isobárica na dose de 0,5 mg.kg-1. Foram avaliados os seguintes parâmetros: latência da analgesia, bloqueio motor, duração dos efeitos, dispersão cefálica da analgesia, alterações cardiovasculares, cefaléia e sintomas neurológicos transitórios. RESULTADOS: O tempo de latência foi de 2,29 ± 0,64 min. A duração da analgesia foi de 4,13 ± 0,89 h. O tempo de deambulação foi de 3,50 ± 0,81 h. O tempo de permanência na SRPA foi de 43,80 ± 31,34 min. A duração do bloqueio motor foi de 1,89 ± 0,78 h. O nível sensitivo de bloqueio variou entre T9 e T4 (Moda=T6). O início do bloqueio motor foi menor que dois minutos em todas as crianças. Todos apresentaram bloqueio motor grau 3 (escala modificada de Bromage) no início da cirurgia. Mais de 55% dos pacientes apresentaram bloqueio motor 1 ou ausência de bloqueio no final da cirurgia. Não foi observada dessaturação ou hipotensão arterial. Bradicardia foi observada em um paciente. Ocorreram duas falhas. Cefaléia e SNT não foram observados. CONCLUSÕES: A mistura enantiomérica da bupivacaína (S75-R25) a 0,5% isobárica produz uma anestesia segura em pacientes de 1 a 5 anos em regime ambulatorial, com alto índice de sucesso, bloqueio motor de curta duração de ação, relativa baixa incidência de efeitos colaterais e a um custo menor. Cefaléia pós-punção parece ser rara em pacientes abaixo de 5 anos quando se utilizam agulhas de fino calibre. Nossos resultados mostraram que a raquianestesia é segura e facilmente realizável em crianças de 1 a 5 anos em regime ambulatorial.

Year

2002

Creators

Imbelloni,Luiz Eduardo Vieira,Eneida Maria Beato,Lúcia Sperni,Francine

Farmacodinâmica do cisatracúrio no transplante renal

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A escolha do cisatracúrio, especialmente nos doentes com insuficiência orgânica, parece ser benéfica, devido a sua eliminação órgão independente de Hofmann e menor tendência a liberar histamina. Este trabalho tem como objetivo determinar, em doentes portadores de insuficiência renal crônica, a farmacodinâmica do cisatracúrio durante o transplante renal. MÉTODO: Foram estudados 30 pacientes divididos em dois grupos, 15 com função renal normal submetidos a cirurgia bucomaxilo-facial e 15 portadores de insuficiência renal crônica submetidos a transplante renal sob anestesia geral com etomidato, sufentanil e sevoflurano em concentrações entre 0,5 e 1% de fração expirada. Receberam dose venosa de 0,15 mg.kg-1 de cisatracúrio na indução e 0,05 mg.kg-1 todas as vezes que T1 recuperava 25%. A função neuromuscular foi monitorizada de forma contínua por aceleromiografia utilizando o padrão de estimulação seqüência de quatro estímulos, através da estimulação supramáxima do nervo ulnar. RESULTADOS: Os resultados referentes à farmacodinâmica do cisatracúrio mostram que o início de ação (4,1 e 4,9 min), a duração clínica (68,9 e 75,4 min) e o índice de recuperação (20,2 e 28 min) foram semelhantes entre os grupos normal e insuficiência renal, respectivamente. Os tempos para a relação T4/T1 atingir 0,7 (34,3 e 51,4 min) e 0,9 (49,7 e 68,6 min) a partir do último 25% de T1 apresentaram diferença estatisticamente significante entre os grupos, com os maiores valores no grupo insuficiência renal. A razão de acumulação foi igual a 1,08. CONCLUSÕES: O início de ação, a duração clínica e o índice de recuperação são semelhantes entre os dois grupos, o tempo para a relação T4/T1 atingir 0,7 ou 0,9 foi maior no grupo insuficiência renal do que no grupo normal e o cisatracúrio não apresentou efeito acumulativo no grupo insuficiência renal.

Year

2002

Creators

Cavalcanti,Ismar Lima Tardelli,Maria Angela Rodrigues,Rita de Cássia

Análise da redistribuição de calor com agentes inalatórios, em ratos submetidos a laparotomia e pneumoperitônio, através da termografia infravermelha

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A Anestesiologia envolve o manuseio de situações inerentes ao ato anestésico e operatório que cursam com o desequilíbrio da homeostase térmica do paciente, ocasionando efeitos fisiológicos deletérios. O presente estudo objetiva qualificar e quantificar os fenômenos de redistribuição térmica em ratos submetidos à anestesia inalatória, durante a indução, e em situações cirúrgicas de laparotomia e pneumoperitônio. MÉTODO: Foram utilizados 90 ratos, que foram submetidos à anestesia inalatória, distribuídos em três grupos, em que foram utilizados: halotano, isoflurano e sevoflurano. Em cada grupo houve divisão em outros três sub-grupos: I - controle, II - laparotomia mediana com exposição de alças intestinais; III - pneumoperitônio de 15 mmHg. A análise termodinâmica realizou-se de duas formas: através da temperatura central esofágica e da imagem digital térmica infravermelha. RESULTADOS: Não houve diferença significativa em relação aos anestésicos inalatórios entre os grupos I e II em relação a perda de calor. Em relação ao grupo III, houve diferença entre o isoflurano e o sevoflurano, sendo o isoflurano o anestésico responsável pela maior perda de temperatura no animal. CONCLUSÕES: O sevoflurano foi o agente anestésico inalatório que determinou menor perda de calor frente ao pneumoperitônio, em relação ao isoflurano e halotano.

Year

2002

Creators

Colman,Daniel Melo,Maria Célia Barbosa Fabrício de Brioschi,Marcos Leal Silveira,Fábio Cimbalista Júnior,Mário

Comparação entre raquianestesia, bloqueio combinado raqui-peridural e raquianestesia contínua para cirurgias de quadril em pacientes idosos: estudo retrospectivo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Diversas questões envolvem os estudos, as análises e o tamanho da amostra para que sejam demonstrados os benefícios da anestesia regional. Análise de dados geralmente custa menos e requer menos tempo quando comparado com amplo estudo aleatório controlado. Esta análise retrospectiva compara a raquianestesia contínua, o bloqueio combinado raqui-peridural e a raquianestesia simples para cirurgias de quadril em pacientes idosos durante quatro anos, para determinar as possíveis vantagens e desvantagens das três técnicas. MÉTODO: Foram avaliados 300 prontuários sendo que: 100 pacientes receberam raquianestesia simples (Grupo 1), 100 receberam bloqueio combinado raqui-peridural (Grupo 2) e 100 receberam raquianestesia contínua (Grupo 3) nos últimos quatro anos. Todos os bloqueios foram realizados em decúbito lateral esquerdo. Foram avaliados: sucesso de punção, nível da analgesia, bloqueio motor de membros inferiores, qualidade da anestesia, necessidade de complementação, incidência de falhas, parestesias, cefaléia pós-punção, alterações cardiovasculares, confusão mental e delírio, transfusão sangüínea e mortalidade. RESULTADOS: Não existiu diferença significativa entre os grupos em relação a idade, peso e sexo. Os pacientes do grupo 2 foram menores do que os do grupo 1 e 3. As doses utilizadas foram de 15,30 mg de bupivacaína no grupo 1; 23,68 mg no grupo 2 e 10,10 mg no grupo 3. Não foi encontrada diferença significativa (p < 0,01) entre os grupos, sendo menor com a raquianestesia contínua e maior com o BCRP. Existiu uma diferença significativa (p < 0,01) na dispersão cefálica entre os grupos 1 e 2, 1 e 3 e 2 e 3, sendo menor com a raquianestesia contínua e maior com o BCRP. Todos os pacientes apresentaram bloqueio motor completo. Não existiu diferença significativa em relação a hipotensão arterial, bradicardia, parestesia e necessidade de sangue. Dezenove pacientes apresentaram confusão mental no pós-operatório, sem diferença entre as técnicas utilizadas. Não há diferença significativa na incidência de óbitos na primeira semana e no primeiro mês de pós-operatório. CONCLUSÕES: Os estudos retrospectivos geralmente custam pouco e necessitam de menor tempo quando comparado com estudos controlados. Este estudo retrospectivo mostra que as técnicas de anestesia regional cursam com uma baixa incidência de mortalidade no primeiro mês e baixa incidência de complicações.

Year

2002

Creators

Imbelloni,Luiz Eduardo Beato,Lúcia

Anestesia peridural contínua para cesariana em paciente com arterite de Takayasu: relato de caso

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Anestesia peridural contínua com titulação das doses de anestésico local proporciona eficácia e segurança em pacientes que não toleram flutuações da pressão arterial. O objetivo deste relato é apresentar um caso em que foi utilizada com sucesso anestesia peridural contínua para cesariana em paciente com arterite de Takayasu. RELATO DO CASO: Paciente primigesta, 25 anos, 63 kg, portadora de arterite de Takayasu, com 34-35 semanas de gestação, apresentando sofrimento fetal agudo, PA de 155/85 mmHg, FC de 92 bpm, com ausência de pulsos carotídeos, assim como nos membros superiores e do membro inferior direito. Apresentava apenas pulso poplíteo esquerdo palpável. Foi realizado bloqueio peridural contínuo com doses fracionadas de 25 mg de bupivacaína a 0,5% com epinefrina (1:200.000), a intervalos de 5 em 5 minutos até um total de 100 mg, associando-se 2 mg de morfina e 100 µg de fentanil. CONCLUSÕES: A anestesia peridural contínua com doses tituladas de bupivacaína a 0,5% com epinefrina pode ser utilizada em pacientes com Arterite de Takayasu, tomando-se as medidas de precaução com portadoras dessa doença.

Year

2002

Creators

Buettel,Aloísio Cerqueira Castro,Roberto Monteiro de Chaves,Itagyba Martins Miranda Gonçalves,Luiz Henrique

Meningite após técnica combinada para analgesia de parto: relato de caso

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Meningite é uma complicação grave em anestesia regional, embora rara de ocorrer. O objetivo deste relato é mostrar um caso de uma paciente que evoluiu com meningite após realização de analgesia de parto pela técnica combinada (raqui-peridural) com dupla punção. RELATO DO CASO: Paciente com 25 anos, segunda gestação e cesariana anterior, em trabalho de parto. Foi realizada analgesia de parto pela técnica combinada (raqui-peridural) com dupla punção. Após 24 horas apresentou cefaléia em repouso, picos de hipertermia, calafrios discretos, que regrediram com medicação sintomática. No 5º dia a cefaléia piorou. No 10º dia surgiram vômitos e dor na nuca. No 13º dia os sintomas tornaram-se mais intensos. Foi realizada punção lombar. A história clínica e o exame do líquor foram compatíveis com meningite bacteriana. CONCLUSÕES: A técnica combinada (raqui-peridural) para analgesia do parto está próxima do ideal. Cuidados com a técnica de anti-sepsia são necessários para realização de bloqueios espinhais. A complicação apresentada ocorreu sem a aparente falha na realização da técnica, sendo uma questão que é inerente ao risco-benefício que a técnica proporciona.

Year

2002

Creators

Vásquez,Carlos Escobar Pereira,Raquel da Rocha Tomita,Tomio Bedin,Antonio Castro,Renato Almeida Couto de

Edema pulmonar assimétrico por pressão negativa pós-obstrução de via aérea superior: relato de caso

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Edema pulmonar por pressão negativa pós-obstrução de via aérea é atualmente uma entidade bem descrita, porém, provavelmente pouco diagnosticada e os casos pouco publicados. O objetivo deste relato é apresentar um caso de edema pulmonar por pressão negativa pós-obstrução de via aérea superior, cuja principal característica foi a assimetria do edema pulmonar, sendo muito mais acentuado no pulmão direito. RELATO DO CASO: Menino de 4 anos, 17 kg, estado físico ASA I, foi submetido a adenoamigdalectomia e cauterização de cornetos, sob anestesia geral com sevoflurano/óxido nitroso/O2. A cirurgia durou 1 hora e 30 minutos sem qualquer intercorrência. Com a superficialização da anestesia o paciente, ventilando espontaneamente, reagiu ao tubo traqueal, que foi retirado. Após isto, os esforços ventilatórios resultaram em retração da parede torácica, sem aparente movimento de ar, sendo impossível ventilá-lo com máscara facial, ocorrendo hipoxemia grave (SpO2 de 50%), necessitando ser reintubado. Neste momento foi verificado que o pulmão se encontrava mais duro e havia estertores bilateralmente, caracterizando edema pulmonar. Uma radiografia de tórax mostrou infiltrado pulmonar difuso bilateralmente, porém, com atelectasia do lobo superior direito, mostrando acentuada assimetria do edema pulmonar. O paciente teve que ser ventilado mecanicamente com PEEP durante 20 horas, quando foi extubado. Houve melhora progressiva do edema pulmonar, recebendo alta em 48 horas. CONCLUSÕES: O edema pulmonar por pressão negativa é uma entidade rara com alto grau de morbidade, pouco diagnosticada e exige do anestesiologista conhecimento atualizado e tratamento adequado. Costuma ser bilateral, raramente unilateral e excepcionalmente com expressiva assimetria como no nosso relato. A maioria dos casos é tratada com suporte ventilatório com PEEP ou CPAP, não necessitando de qualquer outra terapia. O prognóstico é bom, com melhora na maioria dos casos nas primeiras 24 horas.

Doença de Moyamoya e anestesia com sevoflurano fora do centro cirúrgico: relato de caso

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A doença de Moyamoya é uma desordem cerebrovascular progressiva que representa um desafio anestésico em virtude da precária circulação cerebral destes pacientes, constituindo-se numa importante causa de acidente vascular cerebral em indivíduos jovens. O objetivo deste relato é apresentar o caso de um paciente com doença de Moyamoya que foi submetido à anestesia geral com sevoflurano para procedimento diagnóstico fora do centro cirúrgico. RELATO DO CASO: Criança com 13 anos, estado físico ASA IV, portadora de doença de Moyamoya com seqüela neurológica após três acidentes vasculares cerebrais, insuficiência renal crônica e hipertensão arterial sistêmica, submetida à endoscopia digestiva alta. Em decúbito dorsal e após monitorização, realizou-se indução inalatória pela cânula de traqueostomia com sevoflurano (aumento gradual da concentração inspiratória até 6%) e mistura de oxigênio/óxido nitroso a 50%. Um cateter venoso foi inserido para infusão de solução glicosada a 5%. Foi realizada ventilação controlada manual, sendo a manutenção da anestesia feita com sevoflurano a 4% e mistura de oxigênio/óxido nitroso a 50%. Ao final do procedimento os agentes anestésicos foram descontinuados simultaneamente e foi administrado oxigênio a 100%. A anestesia foi satisfatória, com boa estabilidade hemodinâmica, sem ocorrência de complicações durante o procedimento e com despertar precoce. CONCLUSÕES: O sevoflurano pode oferecer novas perspectivas para a anestesia inalatória em pacientes com doença neurológica que realizam procedimento ambulatorial, já que permite boa estabilidade hemodinâmica e despertar precoce, preservando a fisiologia cerebral.

Year

2002

Creators

Machado,Sheila Braga Mendes,Florentino Fernandes Angelini,Adriana de Campos

Bases anatômicas para o bloqueio anestésico do plexo braquial por via infraclavicular

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Procuramos demonstrar neste estudo a presença constante da fossa infraclavicular, com a finalidade de sua utilização como via de acesso para o bloqueio anestésico do plexo braquial por via infraclavicular. Visando solucionar o ponto onde os fascículos do plexo braquial podem ser localizados no interior da fossa, propusemos medidas a partir da face anterior da clavícula e do ângulo formado pelo encontro do músculo deltóide com a clavícula (ângulo deltoclavicular). A primeira medida permite localizar em profundidade o local onde passa o plexo braquial. Já a segunda, determina a projeção dos fascículos dentro da fossa, o que corresponde ao ponto de entrada da agulha na superfície cutânea. MÉTODO: Foram efetuadas medidas entre a face anterior da clavícula e os fascículos do plexo braquial, e do ângulo deltoclavicular até a projeção superficial dos fascículos. Com base nos achados anatômicos foi proposta uma técnica de abordagem do plexo braquial por via infraclavicular. RESULTADOS: Foram analisadas 100 regiões infraclaviculares de cadáveres fixados. A fossa infraclavicular foi detectada em 96 casos. Nessas os fascículos do plexo braquial localiza-se totalmente ou parcialmente em 97,9%. A medida aferida entre a face anterior da clavícula e os fascículos do plexo, foi de 2,49 cm e do ângulo deltoclavicular até a projeção superficial dos fascículos estava em 2,21 cm. CONCLUSÕES: Os dados obtidos permitem a determinação precisa do ponto de introdução da agulha, a qual, dirigida perpendicular à pele, atinge o plexo braquial sem perigo de provocar pneumotórax ou lesão vascular, possibilitando uma segurança maior aos anestesiologistas, e permitindo a volta da prática do bloqueio do plexo abaixo da clavícula.

Year

2002

Creators

Gusmão,Luiz Carlos Buarque de Lima,Jacqueline Silva Brito Prates,José Carlos

Implicações anestésicas do tabagismo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O fumo tem assumido grande importância em relação à morbidade anestésica. Apesar da divulgação acerca dos prejuízos à saúde, países reconhecidos como em desenvolvimento apresentam estatísticas crescentes quanto à população usuária de cigarros. O objetivo desta revisão é mostrar o modo de ação e efeitos do cigarro sobre os diversos órgãos e sistemas e seu impacto sobre a fisiologia do organismo, risco pré-operatório e o manuseio de pacientes fumantes durante a preparação pré-anestésica e complicações pós-operatórias. CONTEÚDO: Nesta revisão são apresentadas as diversas formas de ação do cigarro e seus componentes sobre órgãos e sistemas, repercussões orgânicas e a conduta anestésica para que haja redução da morbidade perioperatória nestes pacientes. CONCLUSÕES: A história do tabagismo na avaliação pré-anestésica deve ser enfaticamente valorizada e medidas preventivas em relação aos efeitos sistêmicos devem ser tomadas, minimizando assim os riscos dos procedimentos.

A farmacobotânica, ainda tem lugar na moderna anestesiologia?

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Recentemente, o uso de chás medicinais - infusões, decoctos, tisanas, tinturas - ou medicamentos de origem vegetal vem sendo retomado de maneira sistemática e crescente na profilaxia e tratamento das doenças, ao lado da terapêutica convencional, na maioria dos países ocidentais. A presente revisão objetiva analisar as principais plantas que serviram como base de progresso para a moderna terapêutica anestesiológica através de sua utilização como modelos moleculares para síntese orgânica na moderna química fina de ponta, bem como fornecer mais embasamento sobre benefícios, potenciais efeitos adversos, interações e risco de efeitos colaterais que possam afetar o ato anestésico no paciente cirúrgico usuário habitual de fitoterapia. CONTEÚDO: Considerações anestesiológicas selecionadas são discutidas focalizando uma pequena revisão sobre ervas medicinais mais populares que foram essenciais no desenvolvimento de uma farmacologia anestesiológica e, ainda, as potenciais interações de plantas medicinais usadas por pacientes para tratar suas doenças ou controlar seus sintomas com drogas sintéticas usadas na anestesia. CONCLUSÕES: Enquanto a Medicina especializada fascina-se cada vez mais com a tecnologia avançada de novos fármacos e de fantásticos monitores, cresce em vários países o número de pacientes que desejam uma abordagem mais holística com rejeição dos modernos métodos de tratamento, optando por chás, meditações, dietas vegetarianas, anti-oxidantes, entre outros. Cabe ao anestesiologista avaliar quanto o conhecimento de farmacognosia e de farmacobotânica pode ajudá-lo na prática anestésica e, principalmente, na segurança de seu paciente.

Remifentanil associado ao propofol ou sevoflurano para colecistectomia videolaparoscópica: estudo comparativo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Técnicas de anestesia venosa, inalatória ou combinadas têm sido utilizadas para colecistectomias por videolaparoscopia. O objetivo deste estudo foi comparar o emprego de remifentanil associado ao propofol ou sevoflurano em relação aos parâmetros hemodinâmicos, a recuperação da anestesia e aos efeitos colaterais. MÉTODO: Foram estudados 40 pacientes, divididos em 2 grupos: Grupo 1 (G1) - Indução com propofol em concentração plasmática alvo-controlada de 3 µg.ml-1 e remifentanil na dose de 0,3 µg.kg-1.min-1 em bomba de infusão. Atracúrio (0,5 mg.kg-1) foi administrado para a intubação traqueal. A anestesia foi mantida com propofol em infusão alvo-controlada de 2,5 a 3 µg.ml-1 e oxigênio a 100%, e remifentanil em infusão contínua (0,3 µg.kg-1.min-1). Grupo 2 (G2) - Indução com sevoflurano na concentração de 6% e oxigênio a 100% com fluxo de 4 L.min-1 e remifentanil na dose de 0,3 µg.kg-1.min-1, em bomba de infusão. Após a perda da consciência, a concentração de sevoflurano foi reduzida para 2% com fluxo de oxigênio de 2 L.min-1; da mesma forma que o G1, foi administrado atracúrio na dose de 0,5 mg.kg-1. A infusão de remifentanil foi mantida durante toda a cirurgia na dose de 0,3 µg.kg-1.min-1. A média da freqüência cardíaca (FC), e das pressões arteriais sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) foram medidas nos seguintes momentos: M1, antes da indução anestésica; M2, 1 minuto antes da IOT; M3, 1 minuto após IOT; M4, 5 minutos após IOT; M5, 5 minutos após a incisão cirúrgica; M6 e M7,10 e 30 minutos, respectivamente, após o pneumoperitônio. Após o término do procedimento foram analisados os tempos, em minutos, para abertura ocular, ventilação espontânea, extubação, fala do nome completo e o apertar de mão do anestesiologista, sob comando. Também foram estudadas a freqüência do uso de atropina e efedrina e a ocorrência de náuseas, vômitos e dor. RESULTADOS: As alterações hemodinâmicas (PAS, PAD, PAM e FC) e o despertar dos pacientes não tiveram diferenças significativas entre os grupos. O uso de efedrina e atropina foram semelhantes. Entre as complicações somente os vômitos tiveram maior incidência no Grupo 2. CONCLUSÕES: Ambas as técnicas promoveram diminuição da pressão arterial e da freqüência cardíaca. A recuperação anestésica é semelhante para as duas técnicas. A incidência de vômitos é maior quando o remifentanil foi associado ao sevoflurano.

Year

2002

Creators

Estivalet,Fernanda Fischer Bagatini,Airton Gomes,Cláudio Roberto

Ocorrência de Auricula complexa (Bacillariophyceae) na plataforma continental de Pernambuco

Aurícula complexa (Gregory) Cleve (Auriculaceae, Bacülariophyceae) é assinalada pela primeira vez para as águas costeiras de Pernambuco, NE do Brasil. A espécie foi encontrada em amostras de plancton, coletadas durante o período de março/87 a fevereiro/88, em quatro estações, localizadas em um perfil perpendicular à costa. O trabalho fornece descrição, distribuição na área estudada e dados ecológicos da espécie, que esteve presente em nove das 48 amostras coletadas. Quantitativamente foi pouco representativa, com percentuais que não atingiram mais que 0,5% da população fitoplanctônica total.

Year

1989

Creators

Gomes,Núbia Abrantes Eskinazi-Leça,Enide Silva-Cunha,Maria da Glória Gonçalves da

Impactos ambientais sobre o manguezal de Suape - PE

A zona estuarina de Suape é formada pelos rios Massangana, Tatuoca, Ipojuca e Merepe, situando-se a cerca de 25km ao sul do Recife. A implantação um porto e da infra-estrutura para um complexo industrial acarretou em obras de aterros, dragagens e represamentos, alterando a hidrologia local e modificando drasticamente a paisagem. A partir de fotografias aéreas na escala 1:30.000 obtidas nos anos de 1974 e 1988, de imagens do sensor TM do satélite Landsat 5 de 1984 e com o auxílio de carta topográfica na escala 1:25.000 de 1971, foram realizadas a fotointerpretação e a reambulação, resultando em cartas de cobertura de vegetação de mangue de 1974 e 1988, assinalando-se as intervenções físicas ocorridas neste período. Dos 2874ha de manguezal existentes em 1974, restam em 1988 2276ha, com uma perda de 21% do total. Destes 214ha foram aterrados por aterro hidráulico ou material argiloso oriundo de outras áreas; 384ha foram alagados, em decorrência de dragagens e de inundações por represamento. Mais 27ha encontram-se em processo de degradação, devido a uma inundação temporária ocorrida, em consequência de obstrução de vazão do rio Ipojuca em sua foz, quando da construção do porto. Foram marcadas oito estações nas áreas preservadas e em regeneração para caracterização da estrutura do manguezal, formado pelas espécies Rhizophora mangle L., Avicennia germinam (L.) Stearn. Avicennia shaueriana Stapf. &amp; Lee chman, Laguncularia racemosa Gaertn.. além do Conocarpus erectus L. que ocorre periféricamente. Os bosques estudados nas áreas preservadas apresentam-se, com um bom desenvolvimento, maduros ou em amadurecimento, de acordo com os parâmetros evidenciados (densidade, área basal, altura média do bosque e diâmetro médio). Os bosques estudados nas áreas em regeneração apresentam-se bastante jo vens com uma densidade elevada indicando portanto que, se estas áreas forem pre servadas, tais bosques atingirão o seu equilibrio.

Year

1989

Creators

Braga,Ricardo Augusto Pessôa Uchoa,Terezinha Matilde de Menezes Duarte,Maria Tereza Menezes Bezerra

Os gêneros Rigidoporus Murr. e Flaviporus Murr. (Basiciomycetes) no Parque Nacional de Aparados da Serra, RS

Como parte do levantamento dos fungos xilófagos poliporóides da mata de Araucária do Parque Nacional de Aparados da Serra - RS, apresenta-se neste trabalho o estudo dos representantes de dois gêneros estreitamente relacionados, Rigidoporus e Flaviporus. Do gênero Rigidoporus foram identificados três espécies: R. lineatus (Pers.) Ryv, R. ulmarius (Sow. ex Fr.) Imazeki, R. umbonatipes Rajch., esta última constitui citação nova para o Brasil. O gênero Flaviporus também está representado por três espécies: F. subhydrophilus (Speg.) Rajch &amp; Wright, F. venustus David &amp; Rajch e Flaviporus sp. São apresentadas chaves para a identificação, descrições, comentários e ilustrações das espécies estudadas.

Year

1989

Creators

Silveira,Rosa Mara B. da Guerrero,Rosa T

Conhecimento e utilização da floresta pelos índios Waimiri-Atroari do Rio Camanau - Amazonas

Os índios Waimiri Atroari têm hábitos e costumes bastantes intactos e retiram da floresta, roça e rio os materiais necessários para a alimentação, utensílios e moradia. Este trabalho objetivou fazer um levantamento preliminar do conheciamento e utilização da floresta pelos índios. Foram inventariados todas as árvores com DAP > 6cm em cinco parcelas de 10 x 20m, localizadas 0,5km da aldeia, ao longo de um transecto abrangendo um gradiente de terra firme - baixio. Foram coletadas amostras para herbário e anotadas informações sobre uso e nome indígena. Em 0.1 hectare foram encontradas 135 árvores de 60 espécies, sendo as famílias mais comuns: Lecythidaceae, Leguminosae sensu latu, Burseraceae, Bombacaceae e Lauraceae. Noventa e cinco por cento dessas espécies eram identificadas com um nome específico na língua Waimiri Atroari e as demais receberam um nome genérico ("wiwe ') que quer dizer árvore. De uma amostra de 34 espécies sessenta e cinco por cento tinham algum uso específico. Estes dados demonstram um alto grau de conhecimento e utilização da floresta pelos Waimiri Atroari.

Year

1989

Creators

Miller,Robert P Wandelli,Elisa V Grenand,Pierre

Gêneros de poliporáceos xantocróicos

Chave para gêneros de poliporáceos xantocróicos. Os poliporáceos xantocróicos (sen. str.) são tipicamente castanho-amarelados, tornando-se permanentemente denegridos em KOH, possuem sistema hifálico monomítico ou dimítico, ansas e cistídios ausentes: hifas setiformes e/ou setas himeniais podem estar presentes, os esporos são Usos e de reação amilóide negativa; quando lignícolos, causam típica podridão branca na madeira. O grupo é carcterizado e cada gênero é descrito com lista de smônimos. Os gêneros aceitos são: Coltricia, Coltriciopsis, Fomitiporella, Inonotus, Phellinus e Phylloporia. Coltriciopsis é descrito como gênero novo.

Grau de hidrometria do córtex de seis espécies arbóreas da caatinga

O grau de hidrometria do córtex é um dos principais fatores que influenciam o estabelecimento de epífitas no tronco das árvores. Considerando a ausência de informações sobre o assunto na literatura para as espécies da caatinga, o grau de absorção de água pelo córtex de seis espécies típicas de região semi-árida (Salgueirc-PE) foi determinado. Oito amostras de 100cm², com três repetições de cada espécie, foram coletadas em árvores adultas e sadias; as amostras foram colocadas em estufa (100ºC) por três dias, para obtenção do peso seco, mantidas em seguida em atmosfera saturada (UR 90-100%) por quatro dias, pesadas, imersas em água por dois dias e pesadas, para determinar a capacidade de absorção de água. Para cada espécie, correspondendo ao peso (g/100cm²) de (1) córtex desidratado, (2) água absorvida em atmosfera saturada e (3) água absorvida após imersão, os seguintes valores foram obtidos: Schinopsis brasiliensis Engl. (braúna): (1) 43,15; (2) 7,75; (3) 27,77; Spondias tuberosa Arr. Cam. (umbuzeiro): (1) 17,98; (2) 3,50; (3) 20,97; Bumelia sartorum Mart. (quixabeira): (1) 30,80; (2) 7,17; (3) 46,40; Mimosa hostilis Benth. (jurema-preta): (1) 35,77; (2) 7,63; (3) 29,34; Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro): (1) 16,36; (2) 2,64; (3) 12,72; Croton sonderianus Muell. Arg. (marmeleiro): (1) 13,73; (2) 2,22; (3) 13,53. Considerando a água absorvida pelo córtex após imersão, as forófitas foram classificadas como: muito xéricas (pereiro e marmeleiro), xéricas (umbuzeiro, braúna, jurema-preta) e pouco xéricas (quixabeira).

Year

1989

Creators

Ferrari,Marilena Andrade,Laise de H. C Brito,Maria Cleoneide S Brito Jr,Silas C