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ANÁLISE DOS MECANISMOS IDEOLÓGICOS QUE INTERFEREM NO EXERCÍCIO DA AUTONOMIA DOCENTE
O objetivo deste artigo é discutir os mecanismos que facilitam ou dificultam a práxis docente, no âmbito da autonomia, apresentando, como pano de fundo, as implicações ideológicas na formação de professores e as determinações postas por normas e regras no exercício da prática político-pedagógica. Para tanto, fez-se uso de pesquisa bibliográfica, com depoimentos e análise de conteúdo. Assim, aborda rapidamente o papel do Estado Moderno na conjuntura do capitalismo, bem como a racionalidade que orienta e rege esse Estado, sob os princípios neoliberais. Analisa, ainda, a influência dessa ideologia nas esferas econômica, política e educacional, bem como seus impactos na formação do educador (a) e a sua ação na prática político-pedagógica. Examina os mecanismos que podem facilitar a compreensão das contradições postas no espaço escolar, o que pode contribuir com a superação de uma escola, organizada à luz de políticas públicas e educacionais de cunho conservador, as quais podem interferir na formação do profissional, no planejamento, e na relação ensino-aprendizagem conformando uma visão social de mundo em prol de valores intelectuais e morais hegemônicos, dificultando dessa forma, a materialização de uma educação política e autônoma que cumpra o seu papel social, ético e transformador na democratização da gestão e do entorno escolar.
O PRAGMATISMO E OS PROGRAMAS DE ENSINO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Este artigo traz uma análise acerca do significado e dos fundamentos teóricos que amparam o currículo e os princípios que norteiam a sua estrutura na atualidade com o objetivo de evidenciar as finalidades objetivadas nos processos de formação dos indivíduos e as diretrizes estabelecidas para concretizá-las. Este estudo foi realizado a partir das análises dos programas de ensino organizados no período entre a década de 1940 e o ano de 2008, na rede estadual de ensino do Estado de São Paulo e no sistema municipal de ensino de São Bernardo do Campo e Diadema, nos quais foi possível identificar os princípios filosóficos que nortearam as suas elaborações. Os problemas educacionais vigentes também estão relacionados às propostas curriculares em pauta convergidas à conformação dos indivíduos à atual orgânica social.
HABILIDADES METALINGUÍSTICAS E PRÁTICAS DOCENTES: UM ESTUDO COM PROFESSORAS ALFABETIZADORAS
Esta pesquisa teve como objetivo conhecer as práticas de ensino da linguagem escrita que professoras alfabetizadoras consideram como geradoras de bons resultados na aprendizagem, bem como verificar em que medida essas práticas são consistentes com o enfoque metalinguístico da alfabetização. A análise das quatorze entrevistas realizadas foi feita por meio da criação de categorias e subcategorias de respostas. Os resultados encontrados apontaram relatos de atividades de sensibilização à linguagem escrita, de avaliação de etapas de aprendizagem e de ensino específico de habilidades de leitura e escrita. Concluiu-se que em relação à terceira categoria de atividades, aquelas relacionadas ao desenvolvimento da consciência fonológica foram as mais citadas pelas professoras. Também foram mencionadas atividades que estimulam a reflexão metalinguística lexical e sintática. O estudo aponta para a necessidade de realização de pesquisas mais sistemáticas que se aprofundem no conhecimento das práticas mais efetivas para o favorecimento da aprendizagem da leitura e da escrita.
2011
Kulnig, Rita de Cássia Mitle Feldberg, Sílvia Cristina de Freitas Vasconcelos, Elaine Cristina Oliveira, Liara Rodrigues de Siccherino, Luciene Aparecida Felipe Paludeto, Simone Maluf, Maria Regina
UTILIZAÇÃO DE ABORDAGEM FÔNICA PARA SANAR DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO NO CICLO II DO ENSINO FUNDAMENTAL
O presente estudo investigou o efeito de reforço escolar, baseado em metodologia fônica, direcionado a alunos do Ensino Fundamental – ciclo II, com graves dificuldades na alfabetização. Participaram do estudo cinco alunos da 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental, de uma escola pública. Inicialmente foi realizada uma avaliação diagnóstica coletiva das habilidades de leitura e escrita, com todos os alunos do Ciclo II da escola. Os que apresentaram dificuldades na alfabetização foram avaliados individualmente em provas de conhecimento de letras, consciência fonológica, leitura e escrita. Atividades de reforço escolar foram desenvolvidas em duas aulas semanais, de uma hora cada, durante todo o ano letivo. No final do ano, foi realizada nova avaliação, sendo que todos os participantes haviam aprendido a ler e escrever, concluindo-se que a abordagem fônica mostrou-se eficaz para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita de alunos vítimas de fracasso escolar.
ORTOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UM ESTUDO SOBRE AS DIFICULDADES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA
Faz parte do processo de ensino/aprendizagem da linguagem escrita o domínio da ortografia. Estudos recentes demonstram que a aprendizagem de regras ortográficas é um processo lento e gradual e necessita de um ensino explícito. Este estudo teve como objetivo investigar a competência ortográfica de alunos do Ensino Fundamental. Participaram 356 estudantes (3ª- 8ª séries) de duas escolas (pública e privada). Para avaliar suas performances em diferentes regras ortográficas elaborou-se um ditado. Os resultados demonstraram o efeito positivo do tempo de instrução na evolução da ortografia. Apesar da discrepância inicial no desempenho dos alunos das duas escolas, essa diferença diminui significativamente nas séries posteriores. Embora houvesse uma evolução na qualidade das escritas ao longo das séries, constatou-se que alguns alunos continuam cometendo erros elementares em séries avançadas. Além de demonstrar a evolução na competência ortográfica, este trabalho indica caminhos para propostas de intervenção escolar em pontos específicos da aprendizagem da ortografia.
COMPREENSÃO DO GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO POR ALUNAS DE PEDAGOGIA
Objetivou-se (i) analisar as condições e a compreensão de leitura de estudantes universitárias do curso de pedagogia; (ii) verificar a produção de inferências dessas estudantes na relação com o artigo de opinião; (iii) entender se a história de leitura interfere na produção dessas inferências. Participam deste estudo três alunas do curso de Pedagogia de uma instituição pública de Pernambuco. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada e sessão de compreensão envolvendo a leitura do gênero artigo de opinião. Verificou-se que houve compreensão e produção de inferências de base textual e pragmática durante a leitura do gênero textual em questão, como também se observou que a história de leitura do leitor interfere e contribui no processo de compreensão de leitura, gerando inferências de acordo com o contexto, e não apenas com o texto, já que o sujeito-leitor traz para a leitura uma série de experiências discursivas.
2011
Santos, Eline de Melo Ferreira, Sandra Patrícia Ataíde
AS PRÁTICAS DE MONITORIA COMO POSSIBILITADORAS DOS PROCESSOS DE AUTORREGULAÇÃO DAS APRENDIZAGENS DISCENTES
Este estudo tem como objeto a prática da monitoria e os processos de autorregulação[1] da aprendizagem no Ensino Superior. Nesse sentido, compreende-se por monitoria uma estratégia de apoio ao ensino em que estudantes mais adiantados nos programas auxiliam na instrução de seus colegas. Com base em pesquisa realizada a partir da experiência de monitoria em uma instituição de ensino superior da rede privada, optou-se por realizar uma investigação focada no quanto as práticas de monitoria possibilitam a vivência de processos de autorregulação das aprendizagens discentes, auxiliando os alunos a se apropriarem da regulação do seu próprio processo de aprender numa perspectiva que transcende aos aspectos puramente conceituais. Conclui-se que a monitoria contribui para a aprendizagem, ao mesmo tempo em que prepara e forma professores — profissionais qualificados — para assumirem o ensino.
2011
Frison, Lourdes Maria Bragagnolo Moraes, Márcia Amaral Corrêa de
TEORIAS COGNITIVAS DA MOTIVAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO ESCOLAR
Este trabalho tem como objetivo sintetizar as contribuições para o estudo da motivação oferecida por duas teorias cognitivas atuais – Teoria das Atribuições Causais e Teoria da Auto-Eficácia –, enfatizando suas implicações para a compreensão dos fatores envolvidos no desempenho escolar. Considera-se que o conhecimento dessas teorias pode auxiliar o professor na utilização de estratégias de ensino que aumentem a motivação e, consequentemente, o rendimento acadêmico dos alunos.
CARACTERIZAÇÃO DO JULGAMENTO MORAL NOS MILITARES DA MARINHA DO BRASIL: UM ESTUDO AVALIATIVO
Considerando a importância dos fatores que predominam na formação do indivíduo e que nele perduram durante toda a sua existência e eclodem em situações de interação, o presente estudo teve como objetivo geral verificar o nível de julgamento moral em militares da Marinha do Brasil nos últimos trinta anos. A amostra foi composta de 83 militares da Escola de Guerra Naval (EGN), de postos diferenciados (Oficiais, Suboficiais, Sargentos, Cabos e Marinheiros), com faixa etária entre 22 e 56 anos, de ambos os sexos. Desta forma, ressaltou-se a importância da análise dos dilemas morais no desenvolvimento sócio-cognitivo dos sujeitos. O instrumento utilizado foi a Medida Objetiva de Reflexão Sócio-Moral (SROM), de Gibbs (1984) adaptado para o português e população brasileira por Biaggio (1989). O coeficiente de variação do pós-teste apresentou uma resultante entre postos (Marinheiro = 3,8 + 0,40) e o posto intermediário (Cabo= 3,6 + 0,60) em relação aos demais (Oficiais Superiores = 3,5 + 0,57, Oficiais Subalternos = 3,5 + 0,44, Suboficial = 3,4 + 0,77, Sargentos = 3,6 + 0,40), permitindo constatar mínima diferença significativa. Entretanto, os oficiais não chegaram a atingir o nível pós-convencional, conforme se previa inicialmente.
2011
Andrade, Gerson Silva de Barreto, Márcia Simão Linhares
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PONTOS E CONTRAPONTOS
Resenha do livro: LEITE, Sérgio Antonio da Silva, COLELLO, Silvia M. Gasparian; ARANTES, Valéria Amorim (org.) Alfabetização e Letramento: Pontos e Contrapontos. São Paulo: Summus, 2010. 226 p.
2011
Barrera, Sylvia Domingos
CAMINHAR PARA SI PALAVRA CHAVE NA VIDA ESPIRITUAL, EXISTENCIAL E INTELECTUAL DA AUTORA MARIE-CHRISTINE JOSSO.
Resenha do livro: JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para si. Tradução Albino Pozzer, revisão Maria Helena Menna Barreto Abrahão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.
2011
Varella, Clarita Eveline Moraes
APRESENTAÇÃO
O Organizador do Dossiê faz a apresentação do mesmo.
2011
Silva, Sergio Pereira da
FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL: DILEMAS E PERSPECTIVAS
O autor descreve a realidade atual da educação e da formação de professores no Brasil. Aponta o expressivo aumento do número de alunos nas instituições, a manutenção da baixa qualidade do ensino e analisa os modelos e os dilemas do processo de formação docente. A partir destes e dos desafios por eles constituídos, o autor apresenta, à guisa de considerações finais, as atuais perspectivas educacionais, assim como as estratégias de enfrentamento dos desafios destacados.
FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: A ESCRITA COMO ALIADA DA PRÁTICA FORMATIVA E COMO INDICIADORA DOS SENTIDOS DO TRABALHO DOCENTE
Neste artigo, problematizo a prática de escrita no contexto da formação inicial de professores tendo em vista as apropriações dos estudantes em relação aos sentidos da profissão docente. Tomando como referência minha prática pedagógica como professora das disciplinas do eixo teórico-prático de um curso de Pedagogia, analiso as produções textuais de meus alunos a partir do enfoque das ciências da linguagem. O referencial teórico da pesquisa se volta à corrente histórico-cultural, assumindo, portanto, a centralidade da linguagem para a compreensão dos processos de constituição humana. Os excertos de textos dos estudantes são tomados como indiciadores dos sentidos que atribuem, ao longo da formação profissional no âmbito da educação superior, ao trabalho docente.
CULTURAS FORMATIVAS NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: REFLEXÕES SOBRE O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID)
As políticas governamentais voltadas para a formação de professores são constituídas e constituintes de culturas formativas produzidas em diferentes contextos históricos. Nas últimas duas décadas presenciamos na realidade brasileira proposições, projetos e planos para tal fim, mediante o pressuposto de uma estreita correspondência entre o êxito da formação docente e a qualidade da educação. Este artigo discute os fundamentos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), proposto pelo MEC/CAPES, e as percepções dos sujeitos que dele participam tendo, como referência, o conceito de praxis. Tais considerações acerca da praxis são importantes não apenas para avaliar as possibilidades de uma formação docente que pretenda se pautar na criatividade e na reflexividade, mas também para relacionar as propostas e práticas formativas recorrentes nas tradições históricas de formação de professores, em geral, e do pedagogo, em particular.
2011
Bedin, Everton Lélis, Úrsula Adelaide de Souza, Vilma Aparecida de Silva, Maria Vieira da
CULTURAS FORMATIVAS, NA UFG-CAMPUS CATALÃO: A “EXCELÊNCIA” E A “REDENÇÃO SOCIAL”.
Este artigo analisa duas culturas formativas hegemônicas (para a excelência ou para redenção social), nas práticas de ensino da formação de professores na UFG-Campus Catalão. O autor apresenta o fenômeno cultural do “ressentimento”, caracterizado por Nietzsche na Genealogia da Moral e em outras obras nas quais ele também se utiliza do conceito de “crueldade”. O primeiro, para criticar a cultura formativa da facilitação e da comiseração; o segundo, para recuperar os valores do rigor, persistência e seriedade no estudo e no ensino, que foram satanizados por um paradigma pedagógico que o autor chama de “Pedagogia do Ressentimento”. À guisa de sustentação empírica, o texto traz uma análise, inspirada em informações de algumas pesquisas de campo sobre a “minimização do rigor na pesquisa e no ensino” nesta região. Além de Nietzsche, o autor dialoga com comentaristas desse filósofo, como Marton, Chamberlain e Safranski.
DEMOCRACIA E AUTONOMIA DA GESTÃO ESCOLAR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS FRENTE À CULTURA DA CENTRALIZAÇÃO
Este texto trata da cultura da organização escolar frente ao processo da gestão democrática, tendo como campo de pesquisa uma escola da rede municipal de Santa Maria/RS. O estudo realizou-se por meio de pesquisa documental, tendo no Projeto Político-Pedagógico da Escola e na organização do Conselho Escolar os espaços mais significativos de organização participativa. A análise versa sobre a superação do modelo de administração empresarial que caracteriza a gestão escolar frente ao processo de democratização da gestão. Observou-se que a escola em questão ainda se ressente de uma visão clara sobre gestão descentralizada, visto que anuncia sua proposta em acordo com o proposto na Lei Municipal da Gestão Democrática, mas em uma clara contradição, prevê, ao longo de sua organização, situações que caracterizam uma cultura de organização com base na centralização de poder, especialmente na dependência de decisões que não partem de um coletivo participativo na gestão da escola, indicando que a mesma não ocupa os espaços legais de autonomia.
2011
Arruda, Ana Paula Teixeira de Santana, Marcielen Vieira Keller, Priscilla Sanguineti Pereira, Sueli Menezes
A EDUCAÇÃO FRANCISCANA E A FORMAÇÃO DE EDUCADORAS PARA AS ESCOLAS PAROQUIAIS EM GOIÁS
Neste estudo evidenciamos os vestígios da ação educativa das Escolas Paroquiais Franciscanas no Sudeste Goiano no que diz respeito à formação das educadoras nos primeiros anos de criação e funcionamento destas instituições (1944-1963). A orientação didático-pedagógica, bem como a superação das dificuldades, estruturava-se por meio da constituição de uma metodologia própria, adaptada às circunstâncias e ao meio onde as ações educativas se realizavam. Dentre as iniciativas de formação empreendidas pelas Irmãs Franciscanas de Allegany está a criação do Instituto Franciscano de Professoras, que resultou na composição de um acervo de obras, fontes e instruções destinadas à preparação do quadro interno de educadoras e evangelizadoras em Goiás.
LICENCIATURA VERSUS BACHARELADO: A CULTURA DA POLARIZAÇÃO NA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES
A cultura da polarização entre licenciatura e bacharelado nas instituições responsáveis pela formação inicial dos professores é analisada a partir da revisão de literatura pertinente. O trabalho está organizado em torno de reflexões teóricas sobre a temática e busca problematizar os projetos pedagógicos dos cursos de formação de professores. Para os graduandos, o conflito entre ser bacharel ou ser licenciado fica acentuado pela oposição quase intransponível entre ser professor da educação básica e ser pesquisador na universidade — opção quase sempre reservada àqueles que se dedicam aos estudos em nível de bacharelado. Como conclusão, é proposta uma aproximação entre os dois campos de formação que produza a superação de antagonismos e favoreça o comprometimento da universidade com a sociedade no sentido de qualificar bacharéis e licenciados para responderem às demandas urgentes da população brasileira, manifestas na escola e fora dela.