Repositório RCAAP
A decência das garotas: o disciplinamento dos corpos e as linhas de fuga produzidas no cotidiano escolar
O presente trabalho busca compreender as linhas de fuga traçadas por meninas do quarto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Viçosa, Minas Gerais, para desenvolverem suas sexualidades frente ao poder disciplinar e à invisibilização do tema no contexto escolar. Para a realização desta pesquisa foram utilizadas observações e análise de documentos escolares, como o Projeto Político Pedagógico, o Regimento Interno e o Caderno de Ocorrências, a fim de compreender o trabalho de educação sexual que a escola pretendia desenvolver ou ocultar com os/as seus/suas alunos/as. Também foi utilizada a pesquisa cartográfica para o acompanhamento dessas meninas, seguindo pistas e utilizando da observação-participante. As observações foram importantes no sentido de acompanhar as redes de subjetividades produzidas pelas garotas pesquisadas, bem como o meio que estas encontram para escapar das normas escolares. Os momentos de disciplinamento se fazem presentes nos rituais religiosos que ainda existem no cotidiano da referida escola, nas conversas e nos silêncios. Em contrapartida, as linhas de fugas são criadas pelas garotas nos aplicativos, nas conversas, nos olhares e sorrisos. Nesse sentido, consideramos que os sujeitos são ativos na construção de suas identidades, implicando, portanto, numa necessária e urgente problematização do disciplinamento do corpo feminino no cotidiano escolar.
2016
Herneck, Heloisa Raimunda de Castro, Gabriela Rodrigues
Entre jogos e brincadeiras se produzem os homens do amanhã: reflexões sobre o processo de construção das masculinidades na Educação Infantil
Este artigo aborda alguns modos com os quais os alunos da educação infantil co-constroem e vivenciam por meio de jogos e brincadeiras suas masculinidades. Assim me aproprio do Estudo de Gênero, dos Estudos Culturais e dos Estudos Winnicottianos para discutir como os alunos de uma creche localizada em uma comunidade no 1º Distrito de Duque de Caxias constroem e revelam no cotidiano escolar suas masculinidades, apoiados neste discurso. Assim, apresento e discuto 3 interações cotidianas entre alunos/as. Defendo a sua importância deste estudo uma vez que a escola constitui um local privilegiado para que meninos e meninas aprendam as possibilidades de ser masculinos e femininos. Será nessas instituições que as relações de poder entre homens e mulheres, meninos e meninas se darão com grande intensidade, pelo discurso e por práticas de regulação de corpos e desejos. Dentre algumas conclusões pude verificar que nesta faixa etária os jogos e brincadeiras de faz de conta simulam situações reais, nas quais, por meio de personagens fictícios, as crianças criam um mundo imaginário sustentado por elementos reais. Com isso, por meio de jogos/brincadeiras os meninos buscam diversos caminhos para se construirem como homens.
2016
da Silva Júnior, Paulo Melgaço
“Estar juntos”: o cotidiano entre hospital, escolas e poética da diferença
Este ensaio constitui-se por fragmentos da pesquisa Ensaios para uma pesquisa entre dois: crônicas políticas e poéticas entre escolas e hospital. Dita pesquisa cartografa a produção poética de políticas públicas e práticas de educação especial e inclusão que se dão entre escolas e hospital como espaço legítimo de escolarização das pessoas com condições físicas deficientes e severas, em Itaboraí, Rio de Janeiro. Assim acompanha alguns movimentos da pesquisa, que propõe narrar por meio de crônicas – escritas e imagéticas -, a experiência de escolarização no hospital entre uma professora e um aluno, durante três anos, e seus desdobramentos e pensar a escola no hospital como escola outra, possível na potência do encontro e do “estar juntos”.
2016
Silveira, Vannina Ribetto, Anelice
Folclore na escola: uma pronúncia de mundo
A proposta deste artigo tem como ponto de partida o possível diálogo entre a vivência com a literatura e algumas tramas do tecido escolar: a linguagem, a memória e a narrativa. Isto objetivando mostrar o aluno e o professor como sujeitos das suas próprias histórias e autores/atores das suas palavras. Busca-se então uma postura pedagógica que propicie a inclusão da prática da linguagem e, sua consequente pluralidade de textos orais e escritos; traçando como objetivo enfatizar o direito do educador e do educando à leitura de mundo na escola. Proponho assim uma leitura literária dialogada, na qual narradores e leitores se alternem na guarda e na recuperação da narrativa e da memória individual e coletiva.
Regina Leite Garcia por ela mesma: narrativas que produzem redes de aprendizagens, afetos e sensibilidades
Foi em uma tarde como tantas outras que recebemos para uma conversa, na sala 12.038 do bloco F da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a professora e pesquisadora Regina Leite Garcia. A iniciativa foi de uma nós, Nilda Alves, amiga e parceira intelectual de Regina há muitos anos. O propósito era realizar uma entrevista visando à produção de um vídeo em homenagem à professora convidada para ser apresentado por ocasião do recebimento do título, a ela concedido, de Professor Emérito na Universidade Federal Fluminense, em fevereiro de 2011.
2016
Soares, Maria da Conceição Silva Alves, Nilda
O cotidiano escolar do coordenador pedagógico: diversidades, tensões e possibilidades
O texto é parte de duas pesquisas qualitativas que tratam do cotidiano do coordenador pedagógico e dos desafios enfrentados no decorrer de seu trabalho. Questões: O que é entendido como cotidiano escolar no entendimento do coordenador pedagógico? Como o coordenador pedagógico trabalha, de acordo com as suas atribuições, no cotidiano escolar? Quais são os desafios que o coordenador encontra em seu trabalho cotidiano? Objetivo: Apresentar diversidades, tensões e possibilidades existentes no cotidiano do coordenador pedagógico, analisando os depoimentos dos sujeitos no exercício de seus cotidianos. Nossos referenciais foram: André (2003) e Pais (2003) que tratam da organização do trabalho escolar e das “ritualidades” como conceitos de cotidiano. O coordenador enfrenta desafios vindos do cotidiano tendo em vista a falta de profissionais e ele necessita assumir tarefas que não são inerentes a sua atribuição. O coordenador, mesmo frente às dificuldades vindas da infraestrutura ele tenta manter a organização escolar.
Expediente
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Redes sociais: a interação para além da sala de aula
Este artigo aborda as relações de interação existentes no contexto das redes sociais, assim como, as mudanças no convívio entre professores e alunos seguindo o fluxo do advento das tecnologias digitais e da sua inserção no ambiente educacional. O surgimento das redes sociais proporciona novos espaços digitais para aprendizagem por meio da interatividade e de interações que vão além da sala de aula. Deste modo, apresenta as interações virtuais realizadas no grupo fechado do Facebook denominado Orientação PPG Educação Unilasalle. O grupo foi criado com o intuito de reunir orientandos e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade La Salle - UNILASALLE, vinculados à Linha de Pesquisa Culturas, Linguagens e Tecnologias na Educação, no contexto do Grupo de Pesquisa Convivência e Tecnologia Digital na Contemporaneidade (COTEDIC UNILASALLE/CNPq). Considera que o ciberespaço está entrelaçado no espaço geográfico e ambos se confundem nas relações. A Educação está no mesmo fluxo, no qual estudantes e professores compartilham informações cotidianamente por meio de tecnologias digitais. Conclui que as relações em ambiente digital virtual estão sendo configuradas e que as potencialidades das tecnologias digitais devem ser exploradas no meio educacional.
2018
Vaz, Douglas Py Tortelli Noronha, Fabrícia Menezes dos Reis, Juliani Backes, Luciana
Entre o compromisso profissional e o envolvimento emocional na gestão escolar revelados pela Teoria das Representações Sociais
O objetivo principal deste trabalho é revelar o processo identitário de gestores escolares acerca do termo indutor ‘SER DIRETOR DE ESCOLA’ e suas expectativas quanto à função que exercem. O aporte teórico baseia-se na Teoria das Representações Sociais. Nossos dados demonstraram uma centralidade na representação identitária de gestores de escolas de alto IDEB empenhada no compromisso com a sociabilidade e, para os gestores, de escolas de baixo IDEB a importância da competência emocional na realização da função. Em relação às expectativas, para os gestores que atuam em escolas de alto IDEB o discurso do sujeito coletivo direciona para uma prática de interação com a comunidade do entorno. Enquanto que, para os gestores de escolas de baixo IDEB, o discurso do sujeito coletivo informa uma preocupação com a aprendizagem.
2017
Gonzaga, Luciano Luz Lannes, Denise Rocha Corrêa
O ensino da capoeira no chão da escola: contribuições de uma oficina no programa mais educação na cidade de Salvador/BA
Este artigo apresenta algumas reflexões sobre as contribuições da oficina de capoeira desenvolvida no Programa Mais Educação em uma Escola Municipal na cidade de Salvador-BA. Tem por objetivo analisar as contribuições da oficina de capoeira no Programa Mais Educação na aprendizagem dos estudantes. A metodologia adotada foi a pesquisa qualitativa apoiado no referencial metodológico em Pimenta (2014), Lakatos e Marconi (2009), Álvaro Pinto (1979), Manzo (1971). A pesquisa fundamentou-se nos estudos de Paulo Freire (2014; 2007; 1997), Jaqueline Moll (2012), Chauí (2008), Hélio Campos (2001), Waldeloir Rego (1968). Os resultados evidenciam contribuições da oficina de capoeira para o desenvolvimento integral dos estudantes ao mesmo tempo em que valoriza a cultura afro-brasileira tencionando o currículo escolar.
2018
Marques, Alexsandro da Silva Jesus, Maria Fátima Moreira de Soares, Emanoel Luís Roque
Apresentação
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O cabelo de lelê: reflexões sobre educação, cultura e identidade
A partir da obra “Os cabelos de Lelê”, o presente trabalho busca refletir sobre os pressupostos educativos contidos na obra, focando-se no debate sobre a formação e descoberta de identidades e erotização infantil através do matrimônio. A ideia central é mostrar como as diferentes vontades de pedagogia funcionam na condução de sujeitos, utilizando-se do conceito foucaultiano de governamento, e, além disso, mostrar como essas diferentes vontades se articulam com a cultura contemporânea.
2017
Mesquita de Lima Junior, Agnaldo Tauchen, Gionara
Sumário
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O professor “subversivo” e seu controle: poder docente no cinema sob a óptica dos Estudos Culturais
O presente artigo analisa a representação docente nos seguintes filmes: A Onda e Sociedade dos Poetas Mortos. Assim, observamos a figura do professor e a forma como ele atua em sala de aula como subversivas, seja quando encoraja a transgressão ou, ainda, quando suas ações demandam certo disciplinamento da instituição escolar. Justifica-se tal temática devido aos debates que ocorrem na contemporaneidade com relação ao papel do professor e os intentos que buscam controlar a prática docente. Essa tarefa situa-se a partir dos Estudos Culturais e dos estudos foucaultianos das relações de poder.
2017
Katz, Elvis Patrik Santos, Keli Avila dos Mutz, Andresa Silva da Costa
Pedagogias culturais na revista Todateen: produzindo modos de ser feminina
Este trabalho tem por objetivo problematizar uma seção de uma revista disponibilizada na WEB, que se destina ao público adolescente feminino – a Revista Todateen, mais especificamente a sessão “Toda Diva”. A proposta é a de discutir as questões apresentadas pela revista voltadas a ensinar procedimentos para diversos fins assim como a linguagem usada nessas informações que têm o público adolescente como leitores. Muito mais do que seduzir a consumidora ou induzi-la a obter determinado produto, a publicidade que ali se apresenta comporta um tipo de pedagogia e de currículo culturais. Estes, entre outras coisas, produzem valores e saberes; regulam condutas e modos de ser; re-produzem identidades e representações; constituem certas relações de poder e ensinam modos de ser mulher e de ser homem, formas de feminilidade e de masculinidade. Palavras-chave: feminilidade, pedagogia, publicidade.
2017
de Almeida, Saionara Vitória Quadrado, Raquel Pereira
O troca de estilos fabricando jovens incansáveis mutantes: uma análise com os estudos culturais
A partir dos trechos extraídos do programa de televisão Troca de Estilos e das contribuições dos Estudos Culturais em Educação sob a perspectiva teórica pós-estruturalista, buscamos analisar o exercício de pedagogias culturais que atuam educando mulheres, regulando suas condutas e operando sobre seus corpos por meio de discursos veiculados nesse artefato cultural. Finalizamos o artigo com reflexões e questionamentos que possibilitam repensar algumas “verdades” naturalizadas e que podem ser desconstruídas e/ou ressignificadas de modo a instigar os sujeitos a pensarem sobre as diferenças para além do corpo e do estilo vigente da moda.
2017
Zdradek, Ana Carolina Sampaio Beck, Dinah Quesada
O sujeito professor em charges brasileiras: discursos, representações e identidades
Este estudo fundamenta-se nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha francesa e tem como propósito investigar os efeitos de sentidos em charges que representam o professor a partir de um confronto entre “o ontem e o hoje”. Para tanto, serão analisadas as imagens – forma singular de representação do gênero em estudo – buscando responder ao seguinte questionamento: como se dá a representação de sujeito professor instaurada a partir de charges brasileiras? Diante disso, buscou-se refletir acerca da representação da identidade do sujeito professor pelo suposto modo despretensioso que a charge conduz o seu discurso, atentando para o fato de que, revestidos pelo humor, tais imagens sedimentam e naturalizam práticas de depreciação e exclusão em relação às identidades sociais. Percebeu-se, então, que paira sobre o sujeito professor determinados estereótipos que marcam-no como vítima; como um ser fraco e passivo não só diante de todo o maquinário sistémico-social, mas também da sua própria identificação enquanto profissional docente.
2017
Oliveira, Ataualpa Luiz de Silva, Rhuan Jonathan da
Mídia, governamento e meio ambiente: provocações sobre Educação Ambiental
O presente artigo segue sua linha da análise a partir do conceito de governamento presente nos estudos de Michel Foucault (2008). Como material empírico utiliza três propagandas circulantes na televisão brasileira e internet no primeiro trimestre de 2016. Campanhas de conscientização a favor da diminuição ou eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti. Tais artefatos midiáticos como produtores de saberes que ensinam e educam certos modos de agir, representar e relacionar-se com o meio ambiente. As considerações deste artigo enxergam no uso da estatística, dos saberes produzidos nos artefatos midiáticos legitimados pelo discurso científico, técnicas de governamento que incidem nas condutas e sentidos tomados como indispensáveis para a manutenção e bem-estar da população.
2017
Silva, Lorena Santos da Henning, Paula Corrêa
O impacto da formação de mídias na educação dos professores da educação básica
O artigo discute o impacto da formação em mídias na educação e no fazer pedagógico dos professores que realizaram estudos sobre a temática nos Municípios de Herval/RS e Jaguarão/RS, através de um curso de especialização de mídias na educação, oferecido pelo Instituto Federal Sul Riograndense (IFSUL). Os dados foram coletados através da interação dos participantes com um questionário online e analisados a partir da perspectiva dos impactos que provocavam a estes docentes. Constatou-se que o curso contribuiu para ressignificar as práticas que o contexto educacional apresenta. Foi uma oportunidade para refletir sobre o processo desta integração, com práticas emancipatórias, desenvolvidas com os educandos, através das novas tecnologias da comunicação e informação.
2018
Hammes, Lúcio Jorge Melgar Junior, Eduardo Garralaga
O conhecimento escolar como reimaginação da cultura: articulando diferenças a partir da escola
O conhecimento escolar como reimaginação da cultura constitui o objeto de estudo deste ensaio. Com ele busca-se articular o debate em torno do eixo: currículo, identidade e diversidade/diferença, entendendo a centralidade do conhecimento no jogo político na atualidade. A escola e o currículo, aqui, são entendidos como produtores de diferenças. O conceito de diferença é requerido como permanente mote de produção de subjetividades nos processos de enunciação da própria ação cultural (BHABHA, 2007). Assim, num primeiro momento conceitua-se o conhecimento escolar, entre o crítico e o pós-crítico, entendo que tais dimensões estão pautadas a partir da ideia da escola como produtora de diferença. Argumenta-se que o conhecimento escolar é (re)imaginação da cultura. No segundo momento, trabalha-se a partir da ideia de que a escola moderna está sob rasura e vem apresentando possibilidades analíticas importantes para repensarmos o papel do conhecimento num projeto de disputa de significação e hegemonias. À guisa de conclusão, assume-se que a reimaginação do conhecimento, e da própria escola, pode ser encarada como uma política de produção curricular.