Repositório RCAAP
Avaliação dos medicamentos homeopáticos Sulphur 30CH e Calcarea carbonica 30CH para tratamento de vacas com mastite subclínica
O uso de antibióticos para tratamento da mastite bovina subclínica durante a lactação apresenta restrições econômicas e a administração indiscriminada e inadequada destes medicamentos os torna potencialmente tóxicos aos animais e aos consumidores finais dos produtos lácteos. A utilização de medicamentos homeopáticos oferece menor custo, facilidade de administração, não há risco de resistência microbiana e não é necessário o descarte do leite dos animais em tratamento. Além disso, a homeopatia é reconhecida no Brasil como especialidade médica veterinária e aceita para uso no sistema de produção animal orgânico. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia de dois protocolos homeopáticos para tratamento da mastite bovina subclínica durante a lactação. O experimento foi realizado no período de seis meses e dividido em duas etapas. Na Etapa I, um grupo foi medicado com Sulphur 30CH, enquanto que o outro recebeu placebo. Na Etapa II, um grupo foi medicado com Calcarea carbonica 30CH e o outro grupo recebeu placebo. Os medicamentos foram administrados a cada trinta dias na Etapa I e a cada quinze dias na Etapa II. Em cada etapa foram coletadas amostras de leite antes, durante e após o tratamento. Para avaliar a eficácia dos protocolos, durante o experimento foram analisadas 138 amostras de leite na Etapa I e 72 amostras na Etapa II, realizando-se prova de Tamis, California Mastitis Test (CMT), contagem de células somáticas (CCS), quantificação de polimorfonucleares (PMN) e mononucleares (MN) por microscopia óptica, exame microbiológico e mensuração da produção leiteira. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software Graphpad Instat 1990-93. Os protocolos homeopáticos testados não diminuíram a celularidade do leite, pois não houve diferenças significativas nos resultados do CMT e da CCS no decorrer do experimento. Também não foi constatada nenhuma alteração significante na produção láctea. O microrganismo isolado com maior frequência no rebanho estudado foi o Corynebacterium bovis. Porém, não houve diferenças significativas em relação à frequência de isolamento deste microrganismo ao longo dos tratamentos, indicando a sua permanência nas glândulas mamárias. Além disso, observou-se durante todo o experimento o predomínio de células PMN em relação às MN. Sugere-se o estudo de novos protocolos homeopáticos com outros medicamentos, potência e frequência de administração, a fim de buscar alternativas para o tratamento de vacas com mastite subclínica
2010
Débora Tieko Parlato Sakiyama
Emprego de estirpes de leptospiras isoladas no Brasil, na microtécnica de soroaglutinação microscópica aplicada ao diagnóstico da leptospirose em rebanhos bovinos de oito estados brasileiros
A leptospirose bovina é uma das principais doenças reprodutivas que interfere diretamente nos índices de produção e produtividade da pecuária brasileira e mundial e por isso necessita de um aprimoramento do diagnóstico laboratorial. O objetivo do presente trabalho foi investigar a conveniência do emprego de estirpes de leptospiras autóctones isoladas no Brasil, na coleção de antígenos da microtécnica de soroaglutinação microscópica (SAM) aplicada a leptospirose. A coleção de antígenos de referência foi constituída pelos sorovares: Australis, Bratislava, Autumnalis, Butembo, Castellonis, Bataviae, Canicola, Whitcombi, Cynopteri, Grippotyphosa, Hebdomadis, Copenhageni, Icterohaemorrhagiae, Javanica, Panama, Pomona, Pyrogenes, Hardjo, Wolffi, Shermani, Tarassovi, Patoc e Sentot. As dez estirpes isoladas no Brasil incluíram os sorovares: Bananal (duas estirpes), Brasiliensis, Canicola (três estirpes), Copenhageni, Guaricura e Pomona (duas estirpes). Foram amostradas por conveniência, 109 propriedades e 9820 bovinos, fêmeas em idade de procriar, distribuídos em 84 municípios, dos Estados de: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Dos 9820 animais examinados, 5806 (59,12%) foram reagentes na SAM para qualquer sorovar com a coleção de 23 sorovares de referência. Com a coleção de antígenos de referência e dez estirpes autóctones houve 6400 (65,17%) reagentes, a diferença observada foi significante (p= 0,001). O único Estado em que não houve diferença significante no número de animais reatores para qualquer sorovar foi o de Santa Catarina (p=0,522). Das 109 propriedades trabalhadas, 106 foram consideradas positivas com pelo menos um animal reagente na SAM. Não houve diferença no número de propriedades positivas segundo a coleção de antígenos empregada. Os sorovares mais prováveis identificados com a coleção de antígenos de referência foram Hardjo (43,03 %), Shermani (20 %), Wolffi (9,96%), Grippothyphosa (5,42%) e Pomona (4,28%). Com a coleção ampliada por dez estirpes isoladas no Brasil, os sorovares mais prováveis foram Hardjo (31,00%), Guaricura - M4/84 (22,50%), Shermani (15,43%), Wolffi (4,76%), Grippothyphosa (3,71%) e Autumnalis (3,24%). O sorovar Guaricura, estirpe M4/84, isolada de bovinos e búfalos no Estado de São Paulo, foi o primeiro colocado como sorovar mais provável no Estado de Mato Grosso, diferença significante do valor obtido para o sorovar Hardjo (p= 0,0001). No Mato Grosso do Sul a despeito do valor absoluto ter sido superior para o sorovar Guaricura, a diferença observada com o sorovar Hardjo foi destituída de significado estatístico (p=.0,753). Em São Paulo o Guraricura foi o segundo colocado e em Minas Gerais Goiás ocupou a terceira posição. Esta mesma estirpe foi a mais provável em 27 propriedades das 109 trabalhadas (24,77%). A introdução de estirpes autóctones na coleção de antígenos da SAM propiciou a confirmação do diagnóstico de leptospirose em 594 animais (6,00%) classificados como não reagentes pela coleção de referência (p=0,001)
2010
Anna Maria Casagrande Sarmento
Clamidiose em calopsitas (Nymphicus hollandicus): perfil do proprietário e ensaio terapêutico
A prática popular de manutenção de aves como animais de estimação é um importante fator de risco à saúde pública. Não obstante o benefício gerado pelo convívio com o animal, as aves também podem albergar agentes de doenças transmissíveis para seres humanos. A Chlamydophila psittaci, ocupa uma posição de destaque dentre as zoonoses de origem aviária. O presente estudo, que teve como objetivo, em uma primeira etapa, determinar o nível de conhecimento dos proprietários de aves sobre manejo e zoonoses. No segundo momento, calopsitas (Nymphicus hollandicus), naturalmente infectadas com C. psittaci foram submetidas a um protocolo de tratamento com antibiótico durante quarenta e cinco dias consecutivos. Foram efetuadas biopsias hepáticas e swabs de cloaca, submetidos à técnica de PCR e cultura bacteriológica, para avaliar o impacto do tratamento no organismo do animal, microbióta bacteriana e o estado do portador. Concluiu-se que os proprietários precisam de uma orientação mais contundente e direcionada à prevenção e manejo de suas aves; o protocolo de tratamento utilizando a doxiciclina foi eficaz, eliminando a positividade das aves; as avaliações observadas nas biópsias hepáticas não mostraram alterações significativas que pudessem contribuir com o diagnóstico da clamidiose
Comparação entre a quantidade de unidades formadoras de colônias (UFC) e contagem de células somáticas (CCS) de leite proveniente de glândulas mamárias de bovinos com mastite subclínica e associadas à presença de Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. e a associação de ambos microrganismos
A mastite é uma doença complexa que pode ter diferentes causas, graus de intensidade e variações de duração e de conseqüências. Os processos inflamatórios na glândula mamária são especialmente freqüentes e importantes em bovinos leiteiros. A mastite infecciosa é a mais importante sob os pontos de vista econômico e de saúde pública. A forma subclínica é a mais onerosa e prevalente com um comprometimento mundial de 40% do rebanho leiteiro e perdas econômicas entre 5% e 25% da produção leiteira. No Brasil, a mastite subclínica caracteriza-se pela alta incidência, com índices variando de 44,88% a 97,0%, e a redução da produção leiteira situa-se entre 25,4% e 43,0%. Dentre os agentes etiológicos mais isolados em casos de mastite subclínica destacam-se os Staphylococcus spp., os Streptococcus spp. e o Corynebacterium bovis. A quantidade de UFC/mL no leite proveniente diretamente da glândula mamária bovina com infecção permitiria o conhecimento da quantidade de microrganismos associada a uma determinada intensidade de processo inflamatório na glândula. A comparação destas informações com a contagem de células somáticas na amostra avaliaria mais acuradamente a natureza do processo inflamatório e infeccioso na glândula. Importante seria o risco que representa a presença de microrganismos no leite, sobretudo se considerar o hábito do consumo de leite in natura, verificando em um estudo quantitativo desta natureza, a carga microbiana ingerida pelo homem. Foram examinadas 80 amostras de leite de vacas mestiças ou holandesas, primíparas e multíparas, em diferentes estágios de lactação de plantéis do Estado de São Paulo. Quatro grupos foram formados de 20 animais cada: grupos com crescimento negativo, de Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. em cultura pura e grupo com a associação de ambos microrganismos. O objetivo deste trabalho consistiu em avaliação comparativa da quantidade de UFC/mL de microrganismos e CCSs no leite proveniente de glândulas mamárias bovinas, associadas com a presença dos microrganismos Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. e infecções mistas ocorridas com a presença de ambos. Tanto Staphylococcus spp. (mediana = 4,772), quanto Streptococcus spp. em cultura pura (mediana = 5,933), não apresentam diferenças significativas na contagem de UFC com seus respectivos agentes em associação (Staphylococcus spp. com mediana da associação foi de 5,048 e mediana de Streptococcus spp. da associação foi de 5,792). Nas amostras em que houve crescimento de Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. associados, a quantidade de UFC de Streptococcus spp. foi estatisticamente maior. Comparados entre si (crescimento em cultura pura de Staphylococcus spp. com mediana = 5,765 e Streptococcus spp., mediana = 5,920), mesmo apresentando um maior número na CCSs no grupo de crescimento de Streptococcus spp., este aumento não foi significativo estatisticamente. Porém, quando associados (mediana = 5,673), comparados à cultura pura de Staphylococcus spp. (mediana = 5,765), este último teve aumento significativo. Tanto em cultura pura como em associação, a presença dos microrganismos quando comparados, não induziram a um aumento significativo na CCSs ou à contagem de UFCs em amostras de leite com sinais de mastite subclínica, porém Staphylococcus spp. induziu maior contagem de células somáticas
2010
Anna Catharina Maia Del Guercio Von Sydow
Evaluación de los especímenes clínicos preservados en FTA elute card Whatman ®, solución saturada de borato de sodio y refrigeradas para el diagnostico molecular de Mycobacterium bovis
La tuberculosis bovina es una enfermedad causada por el agente Mycobacterium bovis, que es parte del complejo Mycobacterium tuberculosis (MTC). Bacterias del MTC infectan una gran variedad de mamíferos, incluyendo al hombre. Mejorar el diagnostico de esta enfermedad permite identificar brotes y formular acciones de control. El objetivo de este trabajo fue evaluar la sensibilidad y especificidad de dos métodos de extracción en diferentes tipos de preservación, analizando cuatro tipos de muestras de la misma lesión tuberculosa: impresiones de la lesión en FTA elute card Whatman ®, ii. Lesiones congeladas y iii. Lesiones almacenadas en borato de sodio durante 30 y 60 días. Para las muestras congeladas, impresiones en tarjetas FTA y preservadas en borato, fue realizada la extracción usando el protocolo descrito por BOOM et al., 1990. Además, para cada tipo de muestra se realizaron aislamientos en los medios de cultivo Stonebrink y Lowenstein-Jensen. Fue realizada la reacción en cadena de la polimerasa (PCR) utilizando los primers INS1-INS2 para identificar DNA de bacterias pertenecientes al MTC. Se encontró que las muestras congeladas tienen mejor sensibilidad, Fueron obtenidas colonias de Mycobacterium bovis de las tarjetas FTA. Estos resultados ayudan a mejorar el proceso de colecta y transporte de muestras del sistema de vigilancia en tuberculosis bovina
2016
Nicolas Cespedes Cardenas
Study of the role of GroEL protein from Leptospira spp. in the host-pathogen Interaction
Background: Leptospirosis is a zoonotic disease caused by infection with spirochetes from Leptospira genus. It has been classified into at least 17 pathogenic species, with more than 250 serologic variants. This wide distribution may be a result of leptospiral ability to colonize the renal tubules of mammalian hosts, including humans, wildlife, and many domesticated animals. Previous studies showed that the expression of proteins belonging to the microbial heat shock protein (HSP) family is upregulated during infection and also during various stress stimuli. Several proteins of this family are known to have important roles in the infectious processes in other bacteria, but the role of HSPs in Leptospira spp. is poorly understood. In this study, we have evaluated the capacity of the protein GroEL, a member of HSP family, of interacting with host proteins and of stimulating the production of cytokines by macrophages. Results: The binding experiments demonstrated that the recombinant GroEL protein showed interaction with several host components in a dose-dependent manner. It was also observed that GroEL is a surface protein, and it is secreted extracellularly. Moreover, two cytokines (tumor necrosis factor-α and interleukin-6) were produced when macrophages cells were stimulated with this protein. Conclusions: Our findings showed that GroEL protein may contribute to the adhesion of leptospires to host tissues and stimulate the production of proinflammatory cytokines during infection. These features might indicate an important role of GroEL in the pathogen-host interaction in the leptospirosis.
Situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado do Rio de Janeiro
Realizou-se um estudo para caracterizar a situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado do Rio de Janeiro. O Estado foi dividido em três circuitos produtores. Em cada circuito foram amostradas aleatoriamente cerca de 300 propriedades e, dentro dessas, foi escolhido, de forma aleatória, um número préestabelecido de animais, dos quais foi obtida uma amostra de sangue. No total foram amostrados 8239 animais, provenientes de 945 propriedades. Em cada propriedade amostrada foi aplicado um questionário epidemiológico para verificar o tipo de exploração e as práticas zootécnicas e sanitárias que poderiam estar associadas ao risco de infecção pela doença. O protocolo de testes utilizado foi o da triagem com o teste do antígeno acidificado tamponado e reteste dos positivos com o teste do 2- mercaptoetanol. O rebanho foi considerado positivo se pelo menos um animal foi reagente às duas provas sorológicas. Para o Estado, as prevalências de focos e de animais infectados foram, respectivamente, de 15,4% [12,9-17,9%] e de 4,1% [2,8-5,3%]. Para os circuitos, as prevalências de focos e de animais infectados foram, respectivamente: circuito 1, 13,8% [10,2-18,2%] e 3,0% [1,9-4,1%]; circuito 2, 15,7% [11,9-20,2%] e 2,3% [1,4-3,2%]; circuito 3, 19,6% [15,4-24,4%] e 9,3% [4,5-14,1%]. Os fatores de risco (odds ratio, OR) associados à condição de foco foram: ter mais que 30 fêmeas com idade de 24 meses ou acima (OR=2,33 [1,51-3,07]), compra de reprodutores (OR= 1,95 [1,13-2,45]) e prática de aluguel de pasto (OR= 1,74 [1,03-2,74]).
2010
Mônica Fagundes de Carvalho Klein-Gunnewiek
Diversidade de protozoários intestinais em aranha- armadeira (Phoneutria nigriventer, Keyserling 1981)
O filo Arthropoda compreende aproximadamente 85% das espécies animais já descritas. Dentro deste filo a classe Arachnida inclui invertebrados de grande importância, devido à transmissão de doenças e aos acidentes por envenenamento. Aranhas do gênero Phoneutria sp., popularmente conhecidas como aranha- amadeira, são aracnídeos de interesse médico pertencentes à família Ctenidae. Exemplares destas aranhas são recebidos, quarentenados e mantidos em cativeiro no Biotério de Artrópodes do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil, com o objetivo de extrair o seu veneno para posterior produção do soro antiaracnídico. Foram analisadas em microscopia ótica, amostras de fezes de 509 Phoneutria nigriventer, destas, 131 (25,73%) apresentaram infecção por protozoários. As amostras positivas ao exame parasitológico foram submetidas a extração de DNA e reações de amplificação (PCR), resultando em 80 amplificadas, purificadas e sequenciadas. 17 sequências foram obtidas e analisadas por BLAST. Cinco amostras foram identificadas como Colpoda steinii, uma como Colpoda aspera, uma apenas pelo gênero Colpoda sp. e uma identificada como “organismo ciliado”. Quatro amostras foram identificadas como Parabodo caudatus, duas como Urostipulosphaera sp., uma como Helkesimastix sp. e uma como um protozoário euglenóide. Uma amostra sequenciada foi identificada como uma alga pertencente ao gênero Laurencia sp. A presença de sinais clínicos e outros eventos foram observados em 17 aranhas, e então associados ao resultado do sequenciamento.
2021
Thiago Mathias Chiariello
Avaliação do tratamento alopático e homeopático de mastite bovina em animais inoculados com Staphylococcus aureus
A mastite bovina é considerada a doença que causa os maiores prejuízos à produção leiteira, reduzindo em quantidade e qualidade o leite e os derivados lácteos. Especialmente na mastite clínica, ocorre aumento no risco de resíduos de antimicrobianos no leite, portanto além do prejuízo diretamente relacionado ao processo inflamatório, acrescenta-se o custo com medicamentos, aumento do labor da mão-de-obra e tempo de descarte do leite após tratamento, até a total eliminação os resíduos de antibióticos utilizados. A expansão dos sistemas de produção pecuária orgânica aumenta a necessidade de utilizar métodos diferentes daqueles conhecidos convencionalmente.A homeopatia é uma terapêutica que tem sido cada vez mais utilizada em animais de produção com resultados bastante satisfatórios. No Brasil a produção orgânica é regulamentada pela Lei No10.831 de 23 de dezembro de 2003 e lá há orientação para o uso de medicamentos homeopáticos, assim como fitoterapia e acupuntura na terapêutica animal, em lugar dos medicamentos convencionais, que têm seu uso muito restrito e em certos casos proibido. Para realização deste trabalho foi feita uma inoculação intramamária experimental com estirpes de Staphylococcus aureus em 36 quartos mamários de 18 vacas mestiças de Holandesas e Gir pertencentes ao Campo Experimental de Coronel Pacheco/MG da Embrapa/CNPGL, com o objetivo de comparar o tratamento de animais acometidos com a utilização de medicamentos homeopáticos (Phytolacca decandra 6CH, Calcarea carbonica 6CH e Silicea terra 6CH) e com antibiótico (Cefoperazone Sódico), usando como parâmetros para este estudo: os sinais clínicos, a prova de CMT, as contagens de células somáticas , tanto eletrônicas quanto ópticas e culturas microbiológicas, além da avaliação do custo dos dois tratamentos. No presente estudo não houve diferença estatisticamente significante quanto à intensidade do processo inflamatório avaliados pelo CMT e contagens de células somáticas, quanto ao número de unidades formadoras de colônias isoladas do leite das glândulas mamárias inoculadas e entre período de convalescença dos dois tratamentos. O custo de aquisição dos medicamentos para o tratamento de mastite aguda utilizando homeopatia foi muito inferior ao mesmo tratamento realizado com antibiótico intramamário
2004
Leslie Avila do Brasil Almeida
Desenvolvimento de uma Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) para detecção de Brucella spp. em amostras de sangue de cães naturalmente infectados
Foram desenhados três pares de primers, sendo um deles dirigido ao gene que codifica uma proteína periplasmática da Brucella (BP26) e dois outros dirigidos para a região interespaçadora entre os gene 16S e 23S do RNA ribossômico (ITS). Com os primers acima, foram padronizadas três PCRs, potencialmente capazes de detectar qualquer espécie de Brucella e denominadas PCR-ITS1, PCR-ITS2 e PCR-BP26. Soluções de DNA de sangue de cão livre de Brucella foram contaminadas com quantidades decrescentes de DNA de B. canis (RM6/66) e, então, submetidas às PCRs descritas anteriormente. Para a avaliação das PCRs quanto à capacidade de detecção de Brucella spp. em sangue de animais naturalmente infectados, foram utilizadas 75 amostras de sangue de cães provenientes de canis comerciais onde foram registrados casos clínicos sugestivos de infecção por Brucella. As 75 amostras de sangue de cães foram colhidas com anti-coagulante (citrato de sódio) por punção da veia jugular. As amostras foram separadas em duas alíquotas, uma das quais (2 ml) foi submetida ao isolamento e identificação bacteriológica e a outra alíquota (1ml), às PCRs. O DNA total das amostras de sangue foi extraído por método baseado em digestão com proteinase K, SDS e CTAB seguido de purificação com fenol e clorofórmio. Considerando os resultados da PCR de melhor desempenho (PCR-ITS1), entre as 35 amostras positivas pelo isolamento bacteriano, 30 (85,71%) foram positivas pela técnica de PCR, enquanto entre as 40 amostras negativas pelo cultivo bacteriológico, 11 (27,5%) foram positivas pela PCR. A PCR-ITS1 foi capaz de detectar um mínimo de 3,78fg de DNA bacteriano misturado a 450ng de DNA de cão, o que representa, teoricamente, a massa genômica de 1,26 bactérias. Pela aparente superior capacidade de classificar animais positivos que o método de cultura bacteriológica, a PCR-ITS1 parece ser uma técnica promissora para o diagnóstico direto da brucelose em cães.
2004
Nanci do Rosário Vieira
Caracterização fenotípica e genotípica de amostras de Salmonella spp. isoladas de suínos
Entre os microrganismos relevantes para a segurança alimentar, bactérias do gênero Salmonella tem se destacado como causadoras de toxinfecções, sendo motivo de preocupação constante para a cadeia de produção de aves e suínos. Os objetivos deste trabalho foram estudar a ocorrência de Salmonella spp. em suínos sadios ao abate e em animais apresentando sinais clínicos de salmonelose, tipificação dos isolados através da sorotipagem, polimorfismo do comprimento de fragmentos amplificados (AFLP) e eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE). Foram examinados 50 animais com sintomatologia sugestiva de salmonelose de 12 granjas dos Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul e analisadas amostras de fezes, linfonodos e suabes de carcaças de 124 animais de quatro frigoríficos do Estado de São Paulo. Dos suínos com sintomatologia clínica, 38% dos animais foram positivos para o isolamento de Salmonella spp., sendo selecionadas 45 cepas, classificadas como S.Typhimurium (29/45), S. Choleraesuis (9/45), S. Infantis (3/45) e S. enterica subsp. enterica (4/45). Dos 124 suínos sadios, 16,12% foram positivos para o agente, sendo isoladas 39 cepas que foram classificadas como S. London (11/39), S. Anatum (11/39), S. Typhimurium (8/39), S. Agona (2/39), S. Enteritidis (2/39) e S. enterica subsp. enterica (5/39). Através do AFLP, a caracterização genética dos isolados revelou índice discriminatório igual a 0,85 e gerou 12 perfis distintos. O índice discriminatório do PFGE foi 0,96 apresentando 31 padrões distintos. Ambas as técnicas possibilitaram uma boa correlação entre isolados, seus sorotipos e locais de isolamento, sugerindo grande potencial para sua aplicação na genotipagem de Salmonella spp.
2008
Luciane Tieko Shinya Zucon
Transfecção de anticorpos como terapia anti-viral para a raiva
A raiva é uma zoonose conhecida desde a Mesopotâmia, temida por milênios em todo o mundo por seu rápido e progressivo número de casos fatais, e agora é endêmica em países em desenvolvimento, com uma estimativa de 6.000.000 de mortes humanas por ano. O pequeno número de pacientes que sobreviveram a raiva ainda é motivo de debate, em meio a tentativas de estabelecer um tratamento eficaz para pacientes humanos. O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade de tranfecção de anticorpos F (ab \') anti-RABV com uso de dois agentes de transfecção catiônicos (Pulsin / Bioporter) in vivo, bem como avaliar a eficácia deste método como terapia antiviral. Camundongos foram inoculados pela via intracerebral com 30 µl de um isolado de RABV (AgV2), contendo 10 LD50%. Após 48h, dois tratamentos foram realizados: Para o Tratamento-1, 180 µl de F (ab \') anti-RABV foram combinados com 360 µl de Hepes 20 mM pH 7,4 e adicionados 60 µl de Pulsin ® (Polyplus). Para o tratamento 2, o reagente Bioporter ® foi ressuspendido com a F (ab \') anti-RABV na concentração final de 250 µg / ml. Os grupos controles foram tratados com os agentes de transfecção sem anticorpos. As soluções foram então inoculadas por via intracerebral em volume de (30 µl) em cada um dos quinze animais. No tratamento-1, comparando os grupos tratado e controle, não houve diferença significativa (p = 1). No tratamento-2, a taxa de sobrevivência foi de 70% para o grupo tratado, enquanto a mortalidade nos animais do grupo controle foi de 90% (p <0,0198). De modo a diferenciar entre o efeito antiviral pela transfecção da F (ab \') anti-RABV e um possível efeito antiviral do próprio agente de transfecção Bioporter ®, os camundongos foram sujeitos a infecção com 30 µl do isolado RABV acima mencionado, contendo 10 LD50% . Após 48 horas, 30 µL de reagente Bioporter ressuspenso em Hepes 20 mM, pH 7, foram inoculados pela via intracerebral em 10 camundongos, enquanto para o grupo controle (n = 10), foi utilizado somente Hepes 20 mM, pH 7,4. Houve uma taxa de sobrevivência de 50 e 20%, para os grupos Bioporter e controle, respectivamente, sem diferença significativa (p = 0,4949), mostrando que o efeito antiviral observado no primeiro experimento foi devido ao anticorpo transfectado. A inibição da replicação de RABV pode ser obtida pela técnica de transfecção de anticorpos, uma ferramenta valiosa a ser adicionada como uma terapia antiviral para o tratamento da raiva em humanos.
2019
Washington Carlos Agostinho
Percepção dos manipuladores domésticos de alimentos em relação às cinco chaves para uma alimentação mais segura, segundo a OMS
O estudo teve como objetivo descrever a percepção dos manipuladores domésticos de alimentos, acerca das cinco chaves para uma alimentação mais segura preconizada pela OMS e avaliar a relação entre a percepção dos manipuladores domésticos de alimentos e algumas variáveis sociodemográficas. Para tal elaborou- se um formulário com questões abertas, estruturadas e semiestruturadas com questões sobre manipulação de alimentos no domicílio, de acordo com o conteúdo das cinco chaves para alimentação segura da OMS. Participaram do estudo 123 pessoas, entre homens e mulheres que preparam alimentos no domicílio. Obteve-se como resultados que os participantes da pesquisa atribuíram a responsabilidade sobre o alimento seguro principalmente a noções associadas as práticas rotineiras do cotidiano doméstico. Ao assumirem uma parcela da responsabilidade, tem-se um fator importante para reduzir as DTA a longo prazo, uma vez que a família é responsável por ensinar hábitos de higiene alimentar e garantir um alimento seguro depende de todos. Também foi atribuída a responsabilidade as indústrias alimentícias e produtores rurais, uma vez que os meios de comunicação divulgam surtos a partir de produtos industrializados, acarretando na falsa impressão que apenas esses alimentos podem causar algum dano à saúde. Não há clara noção sobre ‘ alimento seguro’ , sendo frequentemente associada a aspectos nutricionais e não boas práticas de higiene alimentar.
Caracterização de isolados de Clostridium perfringens de ruminantes
C. perfringens é uma bactéria anaeróbia presente no intestino delgado do homem e animais em equilíbrio e, sob a ação de alguns fatores predisponentes como mudança brusca de alimentação ou super alimentação, stress no manejo ou alto parasitismo intestinal, há a proliferação do microrganismo com a consequente produção de potentes toxinas que provocam a morte do animal. Dentre as toxinas principais destaca-se a toxina alfa, importante fator de virulência, produzida por todos os tipos de C. perfringens, sendo os pertencentes ao tipo A os maiores produtores. A fim de caracterizar o microrganismo em suspeitas de enterotoxemia em ruminantes, trabalhamos com 61 amostras de intestino delgado de bovinos e 12 de ovinos como grupo estudo e no grupo controle composto de animais hígidos levados ao abate, 73 amostras de intestino delgado de bovinos e 24 de ovinos. Foram realizados procedimentos de isolamento e tipagem molecular de C. perfringens e quantificação celular, detecção molecular da toxina β2, além de avaliações moleculares qualitativa (PCR convencional) e quantitativa (PCR em tempo real) do gene da toxina alfa dos diferentes isolados. Em 29 amostras do grupo estudo bovino (47,54%) e em 4 (33,33%) do grupo estudo ovino isolou-se o microrganismo, em contrapartida no grupo controle bovino não houve isolamento do bacilo e 5 amostras do grupo controle ovino (20,83%) foram positivas. Houve diferença estatisticamente significante somente entre os grupos de bovinos (p<0,05). Todos os isolados (100%) foram classificados como tipo A, e os resultados das quantificações celulares de C. perfringens revelaram que todos os bovinos controle apresentaram <10 UFC/g de conteúdo enquanto que o grupo estudo apresentou mediana de 104 UFC/g com variações de <10 UFC/g até 108 UFC/g. Nos ovinos, a mediana no grupo controle foi 101 UFC/g assim como no grupo estudo, entretanto com clara separação de valores entre os grupos. Tanto na PCR convencional quanto na PCR em tempo real para detecção do RNAm da toxina alfa foi observado limiar de detecção de 102 cópias de cDNA por reação, porém provavelmente devido aos valores das amostras estarem próximos ao limite da sensibilidade analítica da reação, não foi observada boa reprodutibilidade da última. Já na reação molecular convencional, observou-se a presença de detecção de RNAm da toxina alfa em 60,52% dos isolados o que revela alguma diferença da presença do transcrito entre as culturas, já que nas cepas restantes não foi detectada a presença do RNAm em questão. A pesquisa do gene da toxina β2 revelou sua presença em 54,55% dos isolados de C. perfringens corroborando com a afirmativa de que o gene está amplamente distribuído entre os ruminantes. A metodologia aplicada para avaliação da expressão do gene da toxina alfa nos isolados mostrou que há diferenças dos níveis de transcrição porém não permitiu quantificar esses valores. A tipagem molecular corrobora com outros estudos quanto à importância epidemiológica do tipo A nos quadros de enterotoxemia em ruminantes, e os dados da quantificação celular permite-nos concluir que animais sadios possuem um nível basal de C. perfringens <10 UFC/g de conteúdo que não possibilita o seu isolamento.
Caracterização genotípica e fenotípica de cepas de Escherichia coli associadas à diarreia pós-desmame em suínos
A Escherichia coli é um dos principais agentes envolvidos na síndrome da diarreia pós-desmame em suínos, sendo a infecção de difícil controle devido à elevada capacidade deste agente em desenvolver e disseminar mecanismos de resistência aos antimicrobianos utilizados para o tratamento da doença. No presente estudo foi estabelecido o perfil de virulência de cepas de E. coli isoladas de 621 leitões com sintomas de diarreia na fase de creche (21 a 40 dias de vida), provenientes de 52 granjas de suínos no Brasil. Foram selecionadas 148 cepas de E. coli, positivas para fímbria F4 e /ou F18 e destas foi determinado o perfil de resistência à antimicrobianos por determinação da concentração inibitória mínima para os seguintes antimicrobianos: ampicilina, clindamicina, clortetraciclina, danofloxacina, enrofloxacina, florfenicol, gentamicina, neomicina, oxitetraciclina, sulfadimetoxina, espectinomicina, trimetoprima / sulfametoxazole, tiamulina, tilmicosina, tulatromicina, tilosina, ceftiofur e enrofloxacina. Dos 621 animais observados, 321 animais foram positivos para pelo menos um fator de virulência. Das cepas estudadas, todas as 148 foram resistentes a tilosina, clindamicina, tiamulina, tilmicosina e sulfadimetoxina. A frequência de cepas resistentes foi elevada também para o oxitetraciclina, clortetraciclina, danofloxacina, ampicilina e ao florfenicol. Considerando-se o fato de 100% das cepas terem apresentado resistência a mais de três classes de antimicrobianos pode-se concluir que todas as cepas de E.coli do presente estudo foram multirresistentes sendo frequente a resistência aos principais antimicrobianos utilizados na terapia da diarreia em leitões de creche
Estudo de micobactérias em animais silvestres mantidos em cativeiro
O gênero Mycobacterium compreende inúmeras espécies estudadas por sua capacidade de causar doenças. Surtos de tuberculose e micobacteriose em zoológicos, aquários, centros de pesquisa e criadouros evidenciaram a importância desses organismos em relação à saúde de animais silvestres mantidos em cativeiro. Duzentas e onze amostras, de 101 animais entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, foram submetidas à cultura. Foram isolados M. tuberculosis, M. bovis e 13 espécies de MNT associadas à doença. A natureza crônica dessas doenças, seu diagnóstico ante mortem limitado, juntamente com as características de interação social de cada espécie e o confinamento, favorecem a transmissão das micobactérias pelo contato com humanos ou outros animais infectados. Apesar de a presença de M. tuberculosis e M. bovis em instituições brasileiras já ter sido constatada, o presente estudo descreveu infecções em espécies animais utilizadas para consumo humano, e em espécies conhecidas pela suscetibilidade, mas que ainda não foram documentadas no Brasil. Doença causada por MNT foi relatada, mas sua importância deve ser considerada de acordo com a espécie animal acometida
Infecção experimental de equinos por Rickettsia rickettsii e avaliação da transmissão para carrapatos Amblyomma cajennense
Rickettsia rickettsii é uma bactéria intracelular obrigatória e agente etiológico da febre maculosa brasileira, uma grave enfermidade para humanos. Na América do Sul, o principal vetor para o agente é o carrapato Amblyomma cajennense. Alguns animais exercem um papel importante na manutenção da bactéria na natureza, uma vez que a mantêm em níveis altos na corrente sanguínea por alguns dias ou semanas, garantindo que novos carrapatos se infectem. Os equinos são um dos principais hospedeiros para A. cajennense, porém sua importância como hospedeiro amplificador de R. rickettsii ainda não havia sido estudada. Objetivou-se no presente trabalho detectar, em equinos experimentalmente infectados com R. rickettsii, possíveis alterações clínicas, ocorrência e duração de riquetsemia e ocorrência de transmissão da bactéria dos equinos para carrapatos A. cajennense, além de observar a curva de anticorpos IgG anti-R. rickettsii nestes animais. Para tanto, quatro equinos foram infectados com a amostra Taiaçu de R. rickettsii, sendo dois por meio de infestação com carrapatos A. cajennense infectados e dois por meio de inoculação intraperitoneal. Durante 30 dias, os animais foram examinados diariamente e amostras de sangue foram coletadas a cada dois dias para realização de hemograma, PCR em tempo real do sangue para detecção de Rickettsia e inoculação do sangue em cobaias. Adicionalmente, exames bioquímicos foram realizados a cada seis dias e RIFI para detecção de anticorpos IgG foi realizada até os animais se tornarem soronegativos. Para verificar a capacidade de transmissão para carrapatos, os equinos foram infestados com larvas, ninfas e adultos de A. cajennense não infectados. Após serem retirados dos equinos, estes carrapatos foram alimentados em coelhos e/ou testados pela PCR em tempo real e PCR convencional para detecção de Rickettsia. Os equinos não apresentaram sinais clínicos nem alterações significativas no hemograma e testes bioquímicos. Todas as amostras de sangue foram negativas na PCR em tempo real e nenhuma cobaia inoculada com sangue dos equinos apresentou sinais clínicos compatíveis com infecção por R. rickettsii, nem soroconversão. Os equinos apresentaram anticorpos detectáveis a partir de 10 ou 12 dias pós-inoculação ou infestação e permaneceram soropositivos por no mínimo 177 dias. Nenhum coelho infestado com carrapatos previamente alimentados nos equinos apresentou sinais clínicos ou soroconversão após 21 dias da infestação. Apenas um carrapato, originário de um equino infectado via carrapatos infectados, foi positivo concomitantemente na PCR em tempo real e PCR convencional. Conclui-se que equinos experimentalmente infectados com uma amostra brasileira de R. rickettsii não apresentam alterações clínicas nem bacteremia detectável e transmitem a bactéria para uma quantidade ínfima de carrapatos, porém desenvolvem boa resposta humoral. Pode-se inferir que, em condições naturais, equinos não são importantes como hospedeiros amplificadores para R. rickettsii.
2014
Tatiana Evelyn Hayama Ueno
Modelo híbrido estocástico aplicado no estudo de espalhamento de doenças infecciosas em redes dinâmicas de movimentação de animais
Objetivo. Desenvolvimento de uma estrutura para aplicação de simulação numérica estocástica no estudo de espalhamento de doenças em metapopulações de maneira que esta incorpore a topologia dinâmica de contatos entre as subpopulações, verificando as peculiaridades do modelo e aplicando este modelo às redes de movimentação de animais de Pernambuco para estudar o papel das feiras de animais. Método. Foi utilizado o paradigma de modelos híbridos para tratar do espalhamento de doenças nas metapopulações que, das nossas aplicações, resultou na união de duas estratégias de modelagem: Modelos Baseados no Indivíduo e o Algorítimo de Simulação Estocástica. Aplicamos os modelos híbridos em redes de movimentação de animais reais e fictícias para destacar as diferenças dos modelos híbridos com diferentes abordagens de migração (pendular e definitiva) e comparamos estes modelos com modelos clássicos de equações diferenciais. Ainda, através do pacote hybridModels, estudamos o papel das feiras de animais em cenários de epidemia de febre aftosa na rede de movimentação de animais de Pernambuco, introduzindo a doença numa feira de animais contida numa amostra da base de Guia de Trânsito Animal e calculamos a cadeia de infecção dos estabelecimentos. Resultados. Constatamos que no estudo de epidemias com o uso de modelo híbrido, a migração pendular, na média, subestima o número de animais infectados no cenário de comercialização de animais (migração defi nitiva), além de traduzir uma dinâmica de espalhamento enganosa, ignorando cenários mais complexo oferecido pela migração definitiva. Criamos o pacote hybridModels que generaliza os modelos híbridos com migração definitiva e com ele aplicamos um modelo híbrido SIR na rede de Pernambuco e verificamos que as feiras de animais de Pernambuco são potentes disseminadores de doenças transmissíveis. Conclusão. Apesar de custo computacional maior no estudo de espalhamento de doenças, a migração definitiva é o mais adequado tipo de conexão entre as subpopulações de animais de produção. Ainda, de acordo com as nossas analises, as feiras de animais estão entre os mais importantes nós na rede de movimentação de Pernambuco e devem ter lugar de destaque nas estratégias de controle e vigilância epidemiológica
2015
Fernando Silveira Marques
Análise das denúncias de cães e gatos na cidade de São Paulo, Brasil
A análise das denúncias recebidas pela prefeitura de São Paulo sobre os problemas relacionados aos animais pode ser um importante instrumento para compreender a ocorrência destes. O objetivo deste trabalho foi analisar as denúncias de cães e gatos na cidade, a fim de estudar padrões espaciais, temporais e fatores de risco que expliquem a ocorrência dos problemas relacionados a esses animais. Entre os anos de 2006 e 2013, foram coletadas 234 mil denúncias relativas a cães e gatos (agressores, que sofreram maus tratos e soltos em vias públicas), além de denúncias relacionadas à presença de carcaças de animais em vias públicas. No estudo do comportamento das denúncias, utilizaram-se as informações anteriores para realizar análises descritivas, espaciais (kernel), temporais (sazonalidade e tendência) e de fatores de risco (modelos de regressão binomial negativa), considerando diferentes divisões geográficas da cidade, como regiões (noroeste, nordeste, leste1, leste2, centro, centro-sul, oeste, sudeste e sul) e distritos (96 distritos) e divisões sociodemográficas (anéis central, interior, intermediário, exterior e periférico). Os resultados indicam que as denúncias relacionadas aos cães foram as mais frequentes, sendo sua ocorrência espacial mais concentrada nas periferias da cidade e, além disso, ao longo dos anos observou-se uma tendência de diminuição do relato dessas denúncias. As denúncias relacionadas aos gatos apresentaram a menor frequência, sendo que sua ocorrência espacial ficou distribuída no centro e nas periferias da cidade e, com relação à análise temporal, observaram-se tendências diferentes para cada região da cidade. As denúncias de carcaças de animais em vias públicas apresentaram um padrão espacial similar às denúncias de cães, especificamente com as de agressores e soltos em via pública, já o padrão temporal apresentou tendência constante na maioria das regiões da cidade. Através da análise de sazonalidade das denúncias de cães, gatos e carcaças em cada região da cidade, observaram-se regiões onde a sazonalidade foi significativa (p<0,05), contudo essas regiões não apresentaram um padrão semelhante entre si. Nos modelos de regressão, para cada tipo de denúncia, foram incluídas como variáveis explicativas aquelas que foram consideradas significativas (p<0,05). Destas, destacam-se as variáveis anéis da cidade e presença de lixo, por terem sido incluídas na maioria dos modelos, e a variável feiras-livres, por não constar em nenhum modelo. Espera-se que os resultados motivem a melhoria da qualidade da informação para aumentar a compreensão de possíveis limitantes deste tipo de estudo, como a subnotificação, a hipernotificação ou as falsas notificações; e que facilitem o desenvolvimento de outros estudos que dependam desses dados. Por fim, sugere-se que estratégias de controle e programas de desenvolvimento social de órgãos públicos, que visem diminuir os fatores de risco que possam influenciar a ocorrência de problemas relacionados a cães e gatos na cidade de São Paulo, devem ser intensificados nas regiões periféricas da cidade, com especial atenção à região leste.
2015
Jason Onell Ardila Galvis
Espécies sentinelas para a Mata Atlântica: as conseqüências epidemiológicas da fragmentação florestal no Pontal do Paranapanema, São Paulo
A conservação da biodiversidade e de ecossistemas saudáveis é extremamente necessária para a saúde dos indivíduos, das populações humanas e das demais espécies encontradas na natureza. Como conseqüência desses múltiplos estresses ambientais estão certas doenças emergentes, a desestabilização de cadeias tróficas e os efeitos deletérios na saúde de populações silvestres e na ecologia dos habitats fragmentados. O objetivo principal deste estudo foi estudar as conseqüências epidemiológicas da fragmentação florestal nas populações de animais domésticos, felinos silvestres e taiassuídeos presentes no Parque Estadual Morro do Diabo e fragmentos florestais próximos, intencionando determinar o padrão de ocorrência de doenças na população silvestre. Para isso foram capturados e tiveram amostras coletadas: 39 catetos (Tayassu tajacu), 61 queixadas (Tayassu peccari), 2 jaguatiricas (Leopardus pardalis), 2 onças pardas (Puma concolor), 8 onças pintadas (Panthera onca), e 100 Rattus rattus bem como os seguintes animais domésticos: 782 bovinos, 214 caninos, 193 eqüinos, 108 ovinos, 97 suínos e 17 gatos domésticos do entorno do PEMD e fragmentos florestais. Para os animais silvestres e domésticos amostrados, com exceção dos gatos domésticos foi realizado sorodiagnóstico para Leptospira spp (MAT) e Brucella spp. (rosa bengala e fixação de complemento) e tentativas de isolamento para Leptospira spp e Brucella spp. ; para os caninos domésticos, felídeos silvestres e taiassuídeos foi realizado sorodiagnóstico para cinomose (soroneutralização); para felídeos silvestres e felinos domésticos foi realizado sorodiagnóstico para imunodeficiência felina e leucemia felina (ELISA indireto). Dentre os felídeos selvagens e domésticos, nenhum animal foi reagente para imunodeficiência felina e leucemia felina; também não foi identificado animal reagente para cinomose entre os felídeos silvestres e taiassuídeos, porém os caninos domésticos 12 de 200 animais foram reagentes; para brucelose 7 queixadas, 1 cateto, 13 bovinos, 3 cães e 1 onça pintada foram reagentes, as outras espécies como ovinos, suínos e equinos não foram reagentes; para leptospirose 18 queixadas, 4 catetos, 1 onça pintada, 322 bovinos, 12 ovinos, 15 suínos e 64 equinos. As tentativas de isolamento para leptospirose e brucelose foram inconclusivas. Os resultados indicam que os animais silvestres e os animais domésticos do entorno das florestas foram expostos a alguns agentes pesquisados. É urgente um programa de extensionismo rural visando o incremento da saúde animal doméstica que vive no entorno do PEMD e fragmentos florestais. As altas prevalências de leptospirose em animais domésticos e silvestres, e outras doenças infecto contagiosas que possam estar presentes no estoque animal doméstico da região devem ser minimizadas com um trabalho de medicina preventiva nesta população. A presença de zoonoses como a leptospirose e brucelose nos animais domésticos são um risco de saúde pública para os proprietários rurais. Um programa de conscientização deve ser realizado na região perante os resultados desse estudo, envolvendo saúde pública, controle populacional de cães e gatos, e vacinação dos animais domésticos. Na elaboração dos planos de manejo das UCs deve ser incluído diagnóstico da fauna selvagem a patógenos, e conhecer o risco existente de doenças infectocontagiosas nos animais domésticos que vivem no entorno das UCs.
2008
Alessandra Ferreira Dales Nava