Repositório RCAAP
Sinal de Bullhead na Síndrome SAPHO
O síndrome SAPHO – sinovite, acne, pustulose, hiperostose e osteíte – é uma entidade rara caracterizada por alterações osteoarticulares, frequentemente na parede torácica anterior, usualmente associadas a lesões dermatológicas. A variabilidade das manifestações clínicas dificulta o diagnóstico precoce, que é essencial para evitar procedimentos diagnósticos invasivos e terapêuticas desnecessárias. Apresentamos o caso de uma mulher de 41 anos de idade com queixas de dores osteoarticulares generalizadas, sobretudo na parede torácica ântero-superior, e lesões dermatológicas intermitentes. Uma TC torácica revelou alterações esternoclaviculares sugestivas de sequelas de osteomielite. Clinicamente não havia história de infecção. A dor osteoarticular constante e exames não conclusivos desencadearam a requisição de cintigrafia óssea, que revelou o sinal de bullhead, compatível com osteíte e hiperostose nas regiões esternoclaviculares. O sinal de bullhead na cintigrafia óssea é altamente específico de síndrome de SAPHO e foi essencial para estabelecer o diagnóstico final neste caso.
2022-11-18T14:08:20Z
Vieira, Tiago Pinto, Adriana Sá Oliveira, Ana Pereira, Jorge
Síndrome do pinçamento das Artérias Popliteias - Uma causa incomum de claudicação
A artéria popliteia está localizada na fossa popliteia do joelho e continua a artéria femoral superficial após passagem pelo hiato dos adutores, passando posteriormente ao femur e anteriormente à veia popliteia, normalmente localizada entre os músculos gémeos, por cima do músculo popliteo. A síndrome do pinçamento da artéria popliteia é uma anomalia do desenvolvimento que resulta de uma relação anormal entre esta artéria e o músculo gémeo – principalmente a porção interna – ou, raramente, uma banda fibrosa anômala ou o músculo popliteo. Os sintomas comumente são claudicação e, raramente, isquemia devido a trombose. Ao exame físico, podem apresentar pulsos normais que diminuem ou desaparecem com a flexão plantar ou dorso-flexão do pé. Os exames de imagem são frequentemente necessários para confirmar o diagnóstico da síndrome do pinçamento da artéria popliteia. Sem tratamento, a doença progride quase que invariavelmente para uma estenose permanente da artéria popliteia devido a microtraumas repetidos, com subsequente fibrose, tornando o vaso susceptível a fenómenos trombóticos e trombo-embólicos e à formação de aneurismas. O tratamento desta síndrome baseia-se na descompressão cirúrgica da artéria, geralmente por miomectomia, de forma a restabelecer o fluxo arterial para a extremidade.
2022-11-18T14:08:20Z
Duarte, Márcio Luís Dantas, Thaís Nogueira Nóbrega, Bruno Barcelos Scoppetta, Luiz Carlos
Editorial
Tive conhecimento há pouco tempo atrás que a técnica de Radiologia de Intervenção - embolização prostática no tratamento da hiperplasia benigna da próstata, teria sido alvo de criticas e contestação no seio da Ordem dos Médicos. por outras especialidades que não a Radiologia.
Pseudoangiomatous Stromal Hyperplasia in Pedia¬tric Age: A Case Report and Review of Literature
Pseudoangiomatous stromal hyperplasia (PASH) is a rare benign disease, characterized by abnormal proliferation of fibroglandular stroma. It was first described in 1986. The authors present a case of a twelve year-old girl with a history of kidney transplantation due to nephrotic syndrome with rapidly progressive and painful breast asymmetry with approximately six months duration. No lymphadenopathy or other signs or symptoms were associated. Ultrasound didn’t reveal specific findings. Breast magnetic resonance (MR) showed a massive heterogeneous nodular mass with regular contours and contrast enhancement. Given the degree of breast asymmetry as well as the patient’s symptoms, surgical excision of the tumor was preferred over core biopsy. Histopathological and immunohistochemical examination showed pseudoangiomatous stromal hyperplasia. The authors describe the clinical presentation, imaging and histological features as well as therapeutic approach in these patients
2022-11-18T14:08:20Z
Magalhães, Sara Pinto Moreno, Filipa Alves, Nuno Dias Preza, José Miguel Certo, Manuela Reis, Fernanda
Linfocintigrafia na Detecção de Quilotórax – A Propósito de um Caso Clínico
Mulher de 24 anos, com diagnóstico de quilotórax persistente à esquerda. Foi realizada linfocintigrafia e SPECT/CT, que mostrou hiperactividade no hemitórax esquerdo, com maior extensão basal posterior, que correspondeu à origem da fuga. Este caso clínico mostra que a linfocintigrafia SPECT/CT pode apontar para o local da fuga e volume da mesma, sendo uma mais-valia para a orientação terapêutica, nomeadamente a programação pré-operatória.
2022-11-18T14:08:20Z
Fernandes, Ana Rita Faria, Teresa Oliveira, Ana Pérez, Maria Berta Vieira, Tiago Alves, Victor Pinto, Adriana Boaventura, Rita Maciel, João Bastos, Pedro Pereira, Jorge
Síndrome de Parsonage-Turner – omalgia e perda de força com início súbito
Apresentamos o caso de um homem de 65 anos, com omalgia e diminuição da força do membro superior direito. O presente caso pretende ilustrar a importância dos estudos por Ressonância Magnética na avaliação de patologias dolorosas do ombro para a sua caracterização, sendo por vezes o Radiologista o primeiro a considerar algumas hipóteses diagnósticas menos frequentes.
2022-11-18T14:08:20Z
Moreira, Ana Sofia Linhares Castro, Miguel Oliveira
Editorial
Muitas mudanças surgiram na divulgação científica desde a data do 1º número da Acta Radiológica Portuguesa até hoje. O primeiro número da revista foi editado em janeiro-março de 1989 e resultou de uma série de iniciativas tomadas após a organização do “VI Congresso Europeu de Radiologia, ECR 87” organizado pela SPRMN. Iniciativas que incluíram a instalação de meios audio-visuais (programas de vídeo e slides) e a criação de uma biblioteca. Destas, a criação da Acta foi, a nosso ver, a iniciativa que mais retorno teve na formação e divulgação da Radiologia. Quis a Direção de então criar “um jornal periódico com características duma revista internacional.(…) uma alternativa para a publicação dos jovens radiologistas europeus. (…) pretende-se estimular a participação sem fronteiras, por outro, pretende-se atingir um nível qualitativo que assegure o interesse da divulgação internacional dos trabalhos.” [retirado do editorial do 1º número da autoria da Dr.ª Maria Emília Silvestre]
Caso Clínico ARP nº10: qual o seu diagnóstico?
Paciente do sexo feminino de 19 anos, assintomática. Sem antecedentes de relevo. Em análises de rotina revelou alterações inespecíficas da função hepática, nomeadamente aumento da GGT, ALT,AST e FA, sem alterações dos valores de bilirrubina. Marcadores tumorais com valores dentro da normalidade.
2022-11-18T14:08:20Z
Torres, Daniel Barbosa, Lígia Correia, Mariana Bilhim, Tiago Gomes, Filipe Veloso Coimbra, Élia
Caso Clínico ARP Nº9: Cardiomiopatia Hipertrofica e Cardiopatia Isquémica
Caso 1 / A 70 anos Ecg com alterações da repolarização ventricular Ecocardiograma com má janela. Queixas de precordialgia atípica. Cardiomiopatia hipertrofica apical com aneurisma apical (burn out ápex). A HCM apical é difícil de diagnosticas por ecocardiograma. Alterações da repolarização são frequentes. Caso 2 / B 55 anos Internamento há 2 meses com dor precordial, ligeiro aumento das troponinas e discinésia ventricular esquerda apical. Fez cateterismo com coronarias normais. Por ausência de recuperação da função 1 mês após o cateterismo, vem fazer RM. Cardiopatia isquémica caracterizada por sequela de enfarte no território habitual da DA. A ausência de doença coronária obstrutiva no cateterismo não exclui em definitivo o EAM, uma vez que em 7-10% dos EAM há reperfusão espontânea das coronárias. Neste caso a ausência de recuperação da função ventricular exclui a hipótese de takotsubo e aumenta a probabilidade de sequela de cardiopatia isquémica, que a RM confirmou.
As “terríveis” urgências
O Serviço de Urgência ou Banco (a sul do Rio Mondego) é para qualquer Radiologista um dos locais de trabalho mais stressante, tal como para as restantes especialidades médicas. Não só pelas constantes e imprevisíveis solicitações como pela especial responsabilidade dos exames efetuados, pois os diagnósticos são muitas vezes confirmados ou não nas horas seguintes nos casos em que os doentes são operados. Todos concordamos que o papel do Radiologista é fundamental no Serviço de Urgência pois permite uma correta avaliação e triagem dos doentes e a identificação dos doentes que necessitam de tratamento urgente ou emergente. Nestes casos a nossa Especialidade pode ser mesmo considerada como “life saving”. Importa ainda destacar o papel de primeira linha da Radiologia de Intervenção neste campo, particularmente na sua vertente terapêutica.
Um caso de malformação adenomatoide cistica tipo I sobreinfectada
A malformação adenomatoide cística é um defeito incomum do desenvolvimento pulmonar, diagnosticado habitualmente no período pré-natal ou neonatal, no contexto de stress respiratório. Raramente, pode ser detectada em idade mais tardia, durante o estudo de infecções respiratórias recorrentes. Os autores descrevem o caso de um jovem de 16 anos, sem antecedentes de relevo, que recorre ao SU por toracalgia de características pleuríticas, febre e tosse com três dias de evolução. Foi realizada TAC torácica, que revelou a presença de uma área heterogénea constituída por várias formações císticas, de paredes espessadas, compatível com malformação adenomatóide cística tipo I, sobreinfectada. Foi iniciada antibioterapia e, após resolução da infecção respiratória, o paciente foi submetido a segmentectomia.
Ressonância Magnética Cerebral Funcional: qual o Impacto e que Limites?
A ressonância magnética functional(RMf) é uma técnica ainda relativamente recente, tendo surgido no início dos anos 90 do século passado, quando Ogawa(Ogawa et al., 1992) e Bandettini (Bandettini et al., 1992) demonstraram que o sinal hemodinâmico BOLD, com origem no contraste de sinal T2*, se alterava de forma correspondente ao padrão de estimulação sensorial. Esta técnica permaneceu controversa desde o início, pois embora traduzisse padrões de neuroativação, só em 2001 Logothetis e colegas (Logothetis et al., 2001) demonstraram de forma direta que a modulação do sinal BOLD (dependente do nível de oxigenação sanguínea, do Inglês Blood-oxygen-level-dependent) refletia de facto a atividade neuronal.
2022-11-18T14:08:20Z
Castelo-Branco, Miguel Castelhano, João Duarte, Catarina Ferreira, Carlos
Embolização Percutânea da Artéria Epigástrica Superior no contexto de Hematoma dos Músculos Rectos do Abdómen: a Propósito de dois Casos Clínicos.
Os hematomas dos músculos rectos abdominais são uma complicação frequente em doentes anticoagulados. Apesar da maioria ser tratada de forma conservadora, podem por vezes evoluir de forma potencialmente fatal. O embolização percutânea transarterial surge como uma alternativa terapêutica eficaz nesses casos. Contudo, na sua maioria, estão descritos na literatura hematomas com origem na artéria epigástrica inferior. Com estes dois casos clínicos, a par da revisão da literatura, os autores pretendem alertar para a necessidade de estudar o território epigástrico superior em doentes com hematomas com extensão ao 1/3 superior da parede abdominal anterior ou sem resolução após embolização do território da artéria epigástrica inferior.
2022-11-18T14:08:20Z
Pereira, Pedro Bilhim, Tiago Gomes, Filipe Veloso Coimbra, Élia
Duodenal Hematoma after upper Gastrointestinal Endoscopy: Case Report and Literature Review
Duodenal hematoma is a rare complication of endoscopic duodenal biopsy, with just a few cases reported in children in the literature available. The authors present a case of a 13 year-old girl, with a history of Noonan Syndrome and neurofibromatosis type 1, who presented abdominal pain and vomiting after an endoscopic duodenal biopsy. In this article, we describe the clinical case, imaging findings, evolution and therapeutic approach. We briefly discuss the hematologic complications in patients with Noonan syndrome. A review of the literature and data from similar cases reported are briefly presented and discussed.
2022-11-18T14:08:20Z
Sousa, Marta Reis Vieira, Ana Catarina Rio, Gisela Moreira, Angela Noruegas, Maria José Sanches, Conceição
Caso Clínico ARP Nº10: Hemangioendotelioma Epitelioide
Paciente do sexo feminino de 19 anos, assintomática, sem antecedentes pessoais de relevo. Em análises de rotina foram identificadas alterações inespecíficas da função hepática, nomeadamente aumento da GGT, ALT, AST e FA, com bilirrubina normal. Restante avaliação laboratorial básica dentro dos parâmetros da normalidade.
2022-11-18T14:08:20Z
Torres, Daniel Barbosa, Lígia Correia, Mariana Bilhim, Tiago Gomes, Filipe Veloso Coimbra, Élia
Institucional Colegio Radiologia
como tal a capacidade de intervir sem aprovação central é muito limitada. O modo de funcionamento da OM dificulta processos rápidos, numa sociedade em que o “timing” é, infelizmente muitas vezes, quase tudo. Dispensa de tempo semanal para dedicar ao trabalho do Colégio deveria fazer parte das condições do orgão directivo, mas frequentemente as reuniões são efectuadas em tempo extra-laboral. Não há forma regular de divulgação do trabalho das direcções dos Colégios e nem o site da OM permite criação de conteúdos em tempo útil. Este tipo de organização da OM e dos Colégios é inadequado e ineficiente.
Intraarticular osteoid osteoma of the elbow – a challenging case
Osteoid osteoma is a common bone tumor, usually found in young patients. Intraarticular locations are rare, occurring in approximately 13% of cases. The most commonly involved joint is the hip, while the elbow is less commonly affected. Intraarticular osteoid osteoma may be associated with atypical clinical features and imaging findings often differ from the classical hallmarks of extraarticular lesions. Patients with osteoid osteoma of the elbow frequently present pain, chronic synovitis, joint effusion and limitation in range of motion, simulating inflammatory arthropathy. Additionally, in intraarticular lesions, reactive cortical thickening or sclerosis is minimal or absent giving a subtle radiographic appearance that often delays the diagnosis. Careful search for history data and extensive imaging procedures with computed tomography, bone scintigraphy and magnetic resonance can lead to the correct diagnosis. The case of a young male with an osteoid osteoma of the elbow is presented.
2022-11-18T14:08:20Z
Ferreira, Natália Duarte Costa, António Ferreira, Ana Isabel Duarte, Artur Santos, José Fonseca
Osteodistrofia hereditária de Albright: alterações radiográficas Albright’s hereditary osteodystrophy: radiographics findings
A osteodistrofia hereditária de Albright é uma entidade clínica que engloba um conjunto de de características fenotípicas, estando associada ao pseudohipoparatiroidismo e pseudopseudohipoparatiroidismo. Apesar dos achados radiográficos não serem patognomónicos, o diagnóstico desta entidade clínica pode ser sugerido pela peculiaridade das suas alterações radiográficas. Neste trabalho os autores descrevem 3 doentes da mesma família com osteodistrofia hereditária de Albright.
2022-11-18T14:08:20Z
Rodrigues, Márcio Cunha Correia, Ricardo Carvalho, André Portugal, Inês Rebelo, João Viamonte, Bárbara
Vólvulo do Cego: uma Causa Incomum de Isquémia Intestinal
O vólvulo do cego é definido como uma torção do cego, do cólon ascendente e, por vezes, do íleo terminal, em torno do seu próprio mesentério. É precipitado em casos de excesso de mobilidade e de fraca fixação do cego às estruturas do retroperitoneu. Trata-se de uma patologia de difícil diagnóstico clínico, assumindo a imagiologia um papel fundamental no seu diagnóstico. É descrito um caso de dor abdominal aguda associada a um caso de vólvulo cecal complicado por isquemia.
2022-11-18T14:08:20Z
Gomes, Fernanda Costeira, Filipa Vilaça, Sónia Falcão, Sobrinho Oliveira, Pedro
Editorial
Com o presente numero da ARP inicia-se uma nova época na vida da nossa publicação cientifica que passará a possuir um formato totalmente digital. Convirá explicar aos nossos membros os motivos próximos desta decisão. Em primeiro lugar este novo formato irá permitir uma maior aproximação aos nossos leitores expandindo o leque de conteúdos que se tornarão mais vivos e apelativos. Em segundo lugar, esperamos garantir a sua publicação regular, sem atrasos, quer dos numeros regulares trimestrais quer de eventuais suplementos que vierem a ser considerados. Em terceiro lugar, a necessidade há muito sentida de caminhar para a indexação da revista obriga ao preenchimento de muitos requisitos de gestão editorial que só serão realizáveis em ambiente de publicação electrónica. A ARP está firmemente empenhada nesse processo tendo lançado recentemente a sua candidatura a um projecto nacional que esperamos venha ser bem sucedido.Em quarto lugar a qualidade e quantidade de imagens admitidas bem como outros formatos de suporte podem agora ser considerados pelos autores o que estamos seguros irá aumentar a qualidade e riqueza científica da revista. Por ultimo, mas não menos importante, a desmaterialização da ARP vai permitir reduzir significativamente os custos fixos da SPRMN, libertando meios financeiros que irão permitir apoiar outros projectos sobretudo de índole educacional.